ANO 9 | NÚMERO 57 | Dez 2015 / Jan 2016 SINDICATO DAS SEGURADORAS DE SÃO PAULO HOMENAGEM MARCAS QUE FICARAM Passados os momentos de angústia e sofrimento pelas perdas abruptas dos colegas e amigos, Marco Antônio Rossi e Lucio Flávio de Oliveira, venho, em nome da nossa diretoria e conselhos, prestar, através do “Notícias SindsegSP”, mais uma homenagem a esses dois grandes profissionais, líderes do setor de seguros do nosso país e que tanto contribuíram para o fortalecimento da instituição do Seguro e seus desdobramentos. Lembro-me que na Missa de Sétimo Dia, quando na homilia o celebrante falou da beleza e da importância, na vida terrena, das marcas que deixamos em nossa caminhada. Vimos que os dois colegas que partiram tão cedo desta vida terrena tiveram tempo suficiente, e o aproveitaram muito bem, para deixar marcas importantes por onde passaram; e no nosso setor, no Seguro, na Previdência e nas demais instituições a eles ligadas, essas marcas foram fortes, de intenso comprometimento, priorizando sempre o benefício coletivo. Lucio Flavio, cuja carreira nas Organizações Bradesco foi de raro brilhantismo, contribuiu de forma admirável com as nossa instituições, e seus últimos passos na Fenaprevi serão, sem dúvida, um legado que não se perderá no tempo. Do Rossi, podemos afirmar com certeza que suas marcas o fazem e o farão para sempre uma das maiores lideranças do Seguro no Brasil. Também com uma carreira de sucesso crescente no Bradesco, Rossi prestou uma enorme colaboração para o desenvolvimento do nosso setor. Homem de diálogo fácil, comprometido com o bem e após liderar diversos projetos, desempenhou com grande capacidade a liderança maior do nosso setor, ocupando as presidências da Fenaseg e da CNseg, tendo também desempenhado com igual sucesso a presidência da FIDES – Federação Interamericana de Seguros. Foram vidas dedicadas ao próximo, aos seus entes queridos, às suas empresas e as instituições a que pertenceram. Suas marcas aqui deixadas serão motivo de lembranças saudosas; mas também de muito orgulho para suas esposas, filhos, familiares e amigos em geral e também para todos nós, gente do Seguro Brasileiro, que tivemos a alegria de conviver e trabalhar com eles. Mauro Batista Presidente do Sindseg-SP ENTREVISTA MAURO BATISTA PRESIDENTE DO SINDSEGSP 2015: um ano de crescimento e de avanço institucional MAURO BATISTA A indústria do seguro, assim como os demais segmentos da economia brasileira, não permaneceu imune aos efeitos da combinação de crises econômica e política, cujo ápice se deu em 2015. Mas, NOTÍCIAS SINDSEGSP diferentemente de muitos segmentos, o setor de seguros deverá fechar 2015 com um crescimento de dois dígitos, conforme prevê Mauro Batista, presidente do Sindseg SP, o maior sindicato de seguradoras do país. A crise também não impediu que o Sindseg SP obtivesse conquistas no campo institucional, contribuindo para a sociedade – como ocorreu com a Lei dos Desmontes, em cuja elaboração teve participação decisiva. Para 2016, a meta é continuar a contribuir para a expansão da indústria dos seguros, conforme adianta Mauro Batista na entrevista a seguir: CONTINUAÇÃO DA ENTREVISTA COM MAURO BATISTA Notícias SindsegSP: Como foi, na sua visão, o ano de 2015 para a indústria dos seguros? Mauro Batista: O setor, que vinha experimentando uma curva de prosperidade bastante promissora, não deixou de sentir os reflexos da crise econômica e política. No momento em que a economia como um todo dá uma encolhida, os reflexos sempre são grandes. Vêm o desemprego e a falta de investimentos. Cessa a máquina propulsora do progresso, com perda de produtividade. No setor de seguros não foi diferente. Vende-se menos carro, faz-se menos seguro de carro. As pessoas perdem a fonte de receita e deixam de fazer o seu seguro, de se proteger melhor com coberturas mais adequadas. Mas ainda assim o setor de seguros cresceu muito além dos principais segmentos da economia. NS: Por quê? Mauro: Isso ocorreu em função de algumas situações muito claras para nós, da indústria. Sentindo a fragilidade do Estado no que tange à previdência social e assistência médica, as pessoas tomaram consciência de que precisam recorrer aos produtos da indústria do seguro: os planos de previdência complementar e os planos de saúde. Essa mudança de comportamento tem contribuído para que o setor avance mais. A expectativa era de que, se não tivesse o país literalmente capotado com a crise econômica e política, os resultados seriam alvissareiros. NS: Como a indústria do seguro se comportou diante da crise? Mauro: O setor amadureceu um pouco mais. A indústria do seguro desenvolveu produtos que produzem eficácia, voltados para novos riscos que surgiram com a modernidade do mundo. E aí cito o risco cibernético e outros, que estavam engatinhando e tomaram proporção maior, como a fiança locatícia. As seguradoras não cessaram seus investimentos, o que permitiu assegurar um atendimento adequado às necessidades do consumidor. Investiram em pessoal, treinamento, equipamentos e, sobretudo, em criatividade. Foram criados mecanismos de controle visando uma melhor seleção de risco e melhor precificação. O setor ficou muito atento às fraudes que continuaram a perseguir a indústria. E contou NOTÍCIAS SINDSEGSP também uma com resposta bastante positiva dos corretores de seguro, que não ficaram parados no tempo. Procuraram também investir em seus negócios, serem empreendedores e fazer com que o produto seguro chegue a tempo e a hora para o consumidor. NS: Como foi 2015 para o Sindseg SP? Quais foram as principais conquistas e desafios do sindicato? Mauro: Em linhas gerais, 2015 foi um ano proveitoso. O sindicato das seguradoras de São Paulo continuou em sua trilha de busca por eficiência. Procuramos obter uma interação grande com os corretores de seguros e com o Estado, principalmente com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nosso trabalho voltado a inibir a criminalidade foi decisivo, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública para a elaboração da Lei dos Desmanches, ou Lei dos Desmontes. Intensa foi também nossa preocupação com os acidentes de trânsito. Como a cidade de São Paulo tem trânsito intenso e indisciplinado, o número de vítimas cresceu, o que nos preocupou muito. Fomos às ruas da capital e do interior como parte de um processo de conscientização da sociedade em relação à necessidade de uma mudança comportamental de quem usa um veículo e também do pedestre. Também buscamos ser um sindicato proativo, demonstrando para a sociedade a positividade do seguro. Nesse sentido buscamos interação com outros segmentos da sociedade, como a própria associação comercial, atendendo a chamados para participarmos de projetos específicos daquela entidade. Por extensão também junto a outros setores. No setor, propiciamos, graças à estrutura das nossas novas instalações na Avenida Paulista, na capital, um apoio importante para que as reuniões de trabalho do setor, pelo sistema institucional, tivessem o apoio da casa. NS: Quais são as suas expectativas para 2016? Mauro: Em 2016, o sindicato quer continuar essa organização ativa. Queremos ser contributivos, mostrando à sociedade a positividade do seguro. Queremos desenvolver programas educativos, principalmente para crianças e adolescentes, que precisam entender que, independentemente de seu nível socioeconômico, têm de ser educados para serem previdentes. O seguro propicia isso. Essas campanhas educativas serão pertinentes e importantes. São um investimento que o sindicato não irá abrir mão. Queremos levar a positividade do seguro aos formadores de opinião. Entendemos que isso é vital para o futuro da indústria. Mostrar que o seguro também não é só para reparar perdas. O próprio mecanismo de funcionamento da indústria faz com ela propicie a formação de reserva de longo prazo, altamente contributiva para o desenvolvimento nacional. Devemos fechar 2015 com um montante de quase R$ 700 bilhões em reservas, aplicados em títulos do Tesouro e em outros investimentos. É um fato importante que a sociedade precisa entender. No momento em que contrata um seguro para cobrir o seu risco, que isso é a razão do seguro, também é contributiva a esse investimento. É um dinheiro que coloca na mão das operadoras que, caso tenha o infortúnio de um sinistro, venha a ser socorrida e esse dinheiro é fomentador de prosperidade para o país, em razão de que somente será utilizado quando realmente o sinistro ocorrer e se ocorrer. NS: NS – O senhor arrisca uma previsão de crescimento para esse ano? Mauro: Eu acho que o cenário atual não permite nada fora da realidade. Estamos no final do ano e temos muitas incertezas. Mas, em nosso setor, contamos com uma demanda reprimida considerável. Existem milhões de pessoas que não têm seguro saúde ou plano de cobertura para tratamento odontológico e milhões de veículos e de residências que não têm seguros. Há uma demanda grande que, mesmo considerando-se o encolhimento da economia, as pessoas, preocupadas em preservar o que conquistaram, podem tomar a decisão de ter sua primeira apólice de seguro. Então, há de se esperar que o setor venha a crescer menos, mas que não venha a se arrastar como está ocorrendo, infelizmente, com muitos setores da economia nacional. Citar números é um achismo ruim. Ainda assim acredito que deveremos crescer na faixa de dois dígitos. ENTREVISTA MAÍLSON DA NÓBREGA CONSULTOR ECONÔMICO ECONOMIA ENCOLHERÁ 3,8% EM 2015; RETOMADA SÓ NO FINAL DE 2016 MAÍLSON DA NÓBREGA M aílson da Nóbrega foi ministro da Fazenda no final do governo José Sarney, quando, indomável, o dragão da inflação alçou voos aos maiores patamares registrados na história. O batismo de fogo transformou-o em um dos mais argutos e mais respeitados observadores da cena econômica e política do Brasil. Foi com o seu olhar experiente que o ex-ministro abrilhantou, como palestrante, o Almoço de Confraternização do SindsegSP, realizado em 02 de dezembro. Na entrevista abaixo, Mailson reforça suas críticas à política econômica adotada em governos petistas, desde 2008/2009, apontada por ele como a raiz da recessão atual. E vê, com algum, otimismo a possibilidade de o atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vir a conseguir realizar a maior parte dos ajustes a que se propôs fazer. Notícias SindsegSP: Qual é a análise que o senhor faz do comportamento da economia em 2015? Maílson da Nóbrega: A economia brasileira deve experimentar uma contração de 3,8% em 2015, a maior dos últimos 25 anos. NS: É possível obter uma retomada do crescimento com a atual política de juros? Por outro lado, como controlar a inflação, que deverá ficar acima da meta inclusive no próximo ano, se os juros baixarem? Maílson da Nóbrega: Não é a política de juros a causa da recessão. Seu papel, neste momento, é contribuir para o controle da inflação e evitar que os reajustes corretivos de preços públicos contaminem os demais preços da economia. Não há crescimento permanente com inflação alta. A recuperação pode começar a acontecer no fim do segundo semestre de 2016, impulsionada pelos ganhos de comércio proporcionados pela depreciação do real. Tenderá a ser uma recuperação ainda medíocre, mas significará a reversão do ciclo recessivo.NS: O câmbio continuará a ser uma ameaça no próximo ano? Maílson da Nóbrega: O câmbio não é ameaça, mas solução para o início da recuperação da economia pelo lado do comércio exterior. Com a depreciação do real, os produtos brasileiros ficam mais competitivos, permitindo a exploração de oportunidades de vendas nos mercados externos e a substituição de importação por produção doméstica. Ambos os movimentos geram demanda interna e contribuem para a expansão da atividade econômica e do emprego. Os efeitos inflacionários da depreciação podem ser contidos com os níveis da taxa de juros estabelecidos pela política monetária. Creio que o câmbio tende a continuar depreciando-se em 2016, provavelmente atingindo R$ 4,20/ R$ 4,40 por dólar no fim do ano. NS: A economia brasileiro sentiu o impacto de uma possível mudança na política de juros nos EUA e da crise das bolsas chinesas. As crises externas continuarão sendo ameaças em 2016? Como poderemos blindar a economia brasileira? Maílson da Nóbrega: A mudança da política monetária americana constitui, a rigor, uma consequência da recuperação da economia americana, o que é favorável ao Brasil. O aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve deve acarretar depreciação do real, mas seus efeitos inflacionários podem ser contidos, como expliquei. O temor de fuga de capitais não deve materializar-se, mas, se for o caso, o Brasil tem um colchão robusto de reservas internacionais que lhe permite enfrentar a situação. Na verdade, a crise da economia mundial já foi debelada, restando apenas a recuperação da economia da zona do euro. A recessão do Brasil é um processo autoinfligido, consequência de erros clamorosos da política econômica praticada a partir de 2008/2009. Tem pouco a ver com crise mundial. Quanto às bolsas chinesas, seu efeito no Brasil é nulo ou desprezível. O mercado acionário chinês é relativamente pequeno e tem participação diminuta, talvez menor do que 2%, de investidores estrangeiros. Tem, por isso, nenhum ou limitado impacto na economia mundial. NS: Como o senhor vê a política econômica do ministro Joaquim Levy? Maílson da Nóbrega: O ministro restabeleceu a seriedade na política econômica, promovendo, com apoio da presidente Dilma, os ajustes necessários nos preços públicos e propostas de ajuste fiscal. Acontece que, neste último campo, o ajuste não depende dele, mas essencialmente da presidente Dilma, de quem se requer liderança e capacidade de articulação para aprovar as medidas no Congresso. Infelizmente, sua impopularidade acentua a fragilidade política e dificulta a aprovação das medidas. Creio, entretanto, que o ministro Levy conseguirá a aprovação das principais medidas que propôs, talvez mesmo até a CPMF, a qual, goste-se ou não, é fundamental para evitar um impasse fiscal e novos rebaixamentos da classificação de risco do Brasil. NOTÍCIAS SINDSEGSP ARTIGO ANTÔNIO PENTEADO MENDONÇA OTIMISMO MODERADO O ano de 2016, na visão de um dos grandes empresários brasileiros, será pior do que 2015. A razão é simples: o país não fez nada ao longo deste ano. Se falou muito, se prometeu mais ainda, se chantageou, se jogou sujo, se mexeu em caixa de marimbondo, mas fazer algo de concreto para tirar o Brasil da crise ficou para depois, com sorte, o ano que vem. Como não existe remédio doce, pelo menos para situações com a gravidade do quadro nacional, o resultado será um 2016 encrespado e travado, ou seja, com mais recessão, inflação, juros altos e desemprego fazendo parte do dia a dia. Não tem como ser diferente. E o problema é mais agudo na medida em que a grande crise que assola o país não é econômica, nem política, mas moral. A economia ir mal e a política pior ainda são apenas os sinais exteriores da doença que sufoca a capacidade do paciente, jogando a sociedade numa sinuca de bico complicada. Há saída? Com certeza, há. Mas ela é doída e custará caro para milhares de brasileiros que verão sua situação social cair de nível, por conta das medidas indispensáveis para a recuperação do paciente. Tanto faz o que um ex-Presidente da República diz, a verdade é que 12 anos de decisões equivocadas foram suficientes para jogar o Brasil para os mesmos patamares da metade da década de 1990. E não será a reinvenção do consumo artificial de bens e produtos que fará a nação reencontrar o caminho do desenvolvimento. É indispensável um forte ajuste em todas as áreas da vida brasileira. As primeiras medidas devem ser rapidamente implementadas no sentido de alterar radicalmente as regras para se fazer política. A introdução do voto distrital, recall, redução do número de partidos, cláusula de barreira e a revisão da representação com base na população são medidas a serem implantadas já. Na sequência há todo um rol de providências que se fazem necessárias, a começar pela redução do tamanho do Estado, reforma fiscal e tributária, incentivo à iniciativa privada. E é neste cenário pessimista que nasce a centelha da esperança e um otimismo moderado. Está ruim, vai piorar, mas, se fizermos a lição de casa, no final, o Brasil pode sair da crise um país melhor, mais maduro, justo e baseado num arcabouço moral sólido. É tudo o que o setor de seguros necessita para crescer em patamares elevados. Com a economia entrando nos eixos e a boa fé pautando de novo as relações socioeconômicas, em pouco tempo será possível viver numa nação com índice de proteção social muito mais elevado, puxado por milhões de segurados que terão seus patrimônios e capacidades de atuação garantidos pelas apólices das seguradoras. Feliz 2016! O ano será duro, mas, ainda que navegando na tempestade, lá no fundo do horizonte já dá para perceber os primeiros clarões da bonança. SINDSEG SP: AÇÕES CONTRA ACIDENTES DO TRÂNSITO EM 2015 Em 2015, o Sindseg SP participou de importantes iniciativas com o foco na redução do número de acidentes de trânsito e na conscientização sobre a importância da direção segura: a campanha Transitando Seguro e o Movimento Maio Amarelo. Os dados envolvendo acidentes de trânsito explicam, por si mesmos, a importância das iniciativas: somente no Brasil, são vítimas fatais de acidentes de trânsito mais de 50 mil brasileiros por ano. “O Brasil é reconhecidamente um dos recordistas mundiais de aciden- tes de trânsito”, lembra Mauro Batista, presidente do Sindseg SP. Em dezembro do ano passado, o SindsegSP deu início, em parceria com o Observatório Nacional de Segurança Viária, à campanha “Transitando Seguro”. A campanha envolveu vídeos educativos e dicas de trânsito. A campanha contou com o apoio do Sincor-SP e 10 patrocinadores: Alfa Seguradora, Bradesco Seguros, Mapfre, Chubb Seguros, HDI Seguros, Mitsui Sumitomo Seguros, Porto Se- guro, SulAmérica, Tokio Marine Seguradora e Yasuda Marítima. Em maio, o Sindseg SP apoiou o Movimento Maio Amarelo, em parceria com o Sincor-SP e a ONG Terapeutas do Trânsito, também destinada à conscientização sobre a importância do trânsito seguro. Ao longo do mês uma trupe de 6 clowns abordou cerca de 16 mil paulistanos nos principais cruzamentos e parques de São Paulo. Foram fornecidos folders e adesivos com dicas e informações sobre acidentes de trânsito. EXPEDIENTE Notícias Sindsegsp é uma publicação do Sindicato das Empresas de Seguros, Resseguros e Capitalização do Estado de São Paulo. Presidente: Mauro Batista Diretor Executivo: Fernando Simões Produção: Néctar Comunicação Corporativa Jornalista responsável: Eugênio Melloni (MTb 19.590) Redação e edição: Eugênio Melloni Fotos: Divulgação NOTÍCIAS SINDSEGSP ENTREVISTA ANA RITA PETRAROLI ADVOGADA ESPECIALIZADA EM SEGUROS DA PETRAROLI ADVOGADOS MASSIFICAÇÃO DE SEGUROS DEPENDE DE MAIOR CONHECIMENTO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE CUSTO E BENEFÍCIO ANA RITA PETRAROLI U ma pesquisa apresentada em um congresso internacional da área de seguros, em outubro, mostrou números que representam ao mesmo tempo oportunidade e desafio. Segundo a pesquisa, apresentada pela CNseg, apenas 35% dos brasileiros possuem algum tipo de seguro. Cerca de 185 milhões de pessoas não têm seguro de vida e 58 milhões de residências e 38 milhões de automóveis não contam com coberturas. Para a advogada Maria Rita Petraroli, da Petraroli Advogados, especializada em seguros, ainda é obstáculo para uma maior penetração do seguro na sociedade brasileira uma visão equivocada sobre a relação entre custo e benefício. Notícias SindsegSP: Dados da CNseg apresentados na XXXV Conferência Hemisférica de Seguros da FIDES revelaram que, atualmente, apenas 35% dos brasileiros possuem algum tipo de seguro. Além disso, 58 milhões de residências não têm cobertura, bem como 38 milhões de automóveis. Por que os produtos da indústria do seguro ainda contam com baixa penetração na população brasileira? Ana Rita Petraroli: Sobre a assimilação do seguro pela população brasileira, temos um problema muito sério, hoje, que é o risco. O risco está diretamente ligado à precificação. Quando falamos de automóvel, temos um risco enorme, que é a falta de peças. Muitos dos veículos que estão listados dentro desses 38 milhões são antigos e talvez as peças nem existam mais. As seguradoras enfrentam um problema muito sério diante do Judiciário, que obriga somente a utilização de peças fornecidas pelas montadoras originárias, tornando cada vez mais difícil a reposição. Quando as peças não chegam às oficinas, as seguradoras são condenadas em ações judiciais a pagar lucros cessantes ou danos morais, pois são elas que oferecem os serviços das oficinas, em última instância, ao segurado. Fora o número de roubo de veículos que cresce assustadoramente nas grandes capitais. Mesmo nas cidades do interior que eram mais tranquilas, o furto e roubo de veículos já alcançam níveis alarmantes. Tudo isso faz com que o seguro tenha um preço alto. O prêmio acaba sendo elevado não porque houve aumento de lucro ou falta de competência na organização administrativa das empresas, mas simplesmente por causa do risco. Com o prêmio elevado, as pessoas acabam se afastando da contratação do seguro. Em relação às residências, um dos problemas é o desconhecimento. As pessoas não sabem que o seguro para residências tem produtos extremamente elaborados, com uma série de coberturas e serviços oferecidos, que são extremamente sedutores. Até porque o custo do seguro residencial é muito baixo. Nesse levantamento, não sei que tipo de residências estão sendo consideradas. Pode ser que algumas residências não sejam aptas à contratação do seguro. Isso, porque, para que exista indenização é preciso que exista um mínimo de segurança. NS: Existem estratos da população mais refratários ao seguro? Ana Rita Petraroli: Acho que esses milhões de pessoas que são mencionados na pesquisa estão situados nos extremos da população: as camadas de baixíssima renda e as de altíssima renda. Hoje no Brasil temos um quadro interessantíssimo. As pessoas de altís- sima renda também estão deixando de fazer seguro porque elas próprias financiam o seu risco. Elas se sentem aptas a dar essa cobertura. Até porque muito dos bens não são controlados por nota fiscal. Como auferir o valor de um quadro para efeito de seguros? Esses dois extremos estão excluídos do mercado de seguros, mas não são o grosso da população. O grosso da população assegurada tem oferta, tem produto. Às vezes se assusta um pouco com o prêmio, mas talvez por falta de conhecimento do quanto ele vai estar coberto e quão grande é o risco dele. Então, ele acaba se retraindo. NS: – Apesar da expectativa de crescimento, há uma desaceleração do crescimento do segmento de seguros. Como você vê a influência da retração da economia sobre a busca pela massificação dos seguros? Ana Rita Petraroli: Acredito que essa questão esteja ligada ao que eu disse sobre o desconhecimento em relação ao seguro. Eu acredito que o seguro seja um meio de resguardar economicamente as pessoas, mas elas não se dão conta disso. Tenho a certeza de que quanto maior é a crise, mais necessário se torna o seguro. Imagine uma empresa em dificuldade, alguém que tem um financiamento e não consegue contrair um segundo, alguém que tem a escola do filho para pagar, que tem o risco da aposentadoria por meio da longevidade. Os nossos riscos têm sido cada vez maiores. Numa conjuntura econômica ruim, o risco fica maior ainda, porque você não tem mais dinheiro. Sua chance de se recuperar frente a um sinistro é menor. Só que as pessoas não entendem dessa maneira. Aí vejo uma grande importância da educação financeira. Um programa consciente. A Susep foi até a coordenadora do programa de educação financeira do governo federal. A educação financeira traria a consciência em relação à importância do seguro. NOTÍCIAS SINDSEGSP BOAS FESTAS! NOTÍCIAS SINDSEGSP