Brasília, 23 de Fevereiro de 2011 Discurso de Altamir Lopes indicado para o cargo de Diretor de Administração do Banco Central do Brasil na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal Excelentíssimo Senhor Senador Delcídio Amaral, Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. Excelentíssima Senhora Senadora Gleisi Hoffmann, Relatora da mensagem relativa à minha indicação. Excelentíssimas Senhoras Senadoras, Excelentíssimos Senhores Senadores, senhoras e senhores. É uma grande honra comparecer perante esta Comissão na qualidade de indicado para a Diretoria do Banco Central do Brasil. Gostaria, em primeiro lugar, de registrar meus mais sinceros agradecimentos à Excelentíssima Senhora Presidente da República, Dilma Rousseff, e ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Banco Central do Brasil, Ministro Alexandre Tombini, pela confiança em mim depositada para o desempenho de tão importante missão. Posso dizer que essa indicação culmina uma trajetória de 34 anos inteiramente dedicados a servir o Estado brasileiro, sempre como servidor do Banco Central do Brasil. Nesses anos, vivenciei diversos períodos de instabilidades econômicas e de severas recessões. Períodos nos quais crises externas restringiam o financiamento da economia brasileira e a escassez de reservas internacionais e de divisas levavam o país a instabilidades cambiais, desequilíbrios no balanço de pagamentos, moratórias e programas de assistência financeira com organismos internacionais. À época, como chefe da Divisão de Balanço de Pagamentos, tive a oportunidade de assessorar a equipe brasileira de negociação com credores externos, sentindo de perto a angústia de estar do lado do balcão que cabia aos países sem recursos, trabalhando em busca do melhor acordo possível e de contornar a escassez permanente de divisas. Nos últimos 16 anos, me orgulho de, como Chefe do Departamento Econômico do Banco Central, ter participado do processo de superação dessas dificuldades históricas. Vivenciei a construção da estabilidade econômica do país e a conquista paulatina dos sólidos fundamentos macroeconômicos atuais. Essa experiência me ensinou a importância do Banco Central do Brasil e o papel de relevo que lhe cabe na garantia e defesa da estabilidade econômica, condição indispensável ao crescimento do país. Tenho, portanto, profundo compromisso pessoal com a defesa dos princípios que norteiam a atuação do Banco Central do Brasil. Com a busca permanente do atingimento de suas missões institucionais de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e de assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente, absolutamente convencido de que essas missões são o alicerce para a estabilidade econômico-financeira, indispensável ao desenvolvimento sustentável. Compartilho dos valores organizacionais do Banco Central de atuação ética e transparente, da busca de excelência e de compromisso com a Instituição. Na qualidade de Diretor de Administração, caso esta Casa me honre com sua aprovação, terei o importante desafio de buscar o comprometimento cada vez maior dos servidores do Banco Central, o seu principal ativo, com as missões e os valores Institucionais. É imprescindível buscar, em todas as pessoas que compõem a Instituição, sem distinção de atribuições, cargos ou funções, o claro entendimento dessas missões e valores. Vinculado a essa tarefa, e não menos importante, é valorizar a integração funcional que tantos benefícios traz ao bom desenvolvimento das atividades. Com um corpo funcional de excelência, cabe à Diretoria Colegiada do Banco Central, e particularmente à sua Diretoria de Administração e aos Departamentos que a integram, a tarefa de manter e aprimorar a especialização dos analistas, técnicos e procuradores da Instituição. Isso pode ser alcançado com um sistema de planejamento e de gestão eficiente e com a valorização da educação corporativa. Especial ênfase, nesse aspecto, deve ser dada à permanente busca de maior presença internacional do Banco Central, com participação cada vez mais destacada em fóruns internacionais. Adicionalmente, o Banco Central do Brasil se une ao esforço governamental no uso mais racional de seus recursos. Essa busca incessante pela maior racionalidade na gestão dos recursos inclui o aproveitamento máximo das possibilidades da tecnologia de informação e o conhecimento e racionalização dos seus processos de trabalho. Não posso deixar de mencionar os cuidados da Instituição com os seus servidores aposentados e aposentandos. Nos últimos anos, na qualidade de membro do Conselho Deliberativo da Fundação Banco Central de Previdência Privada (Centrus), alguns dos quais presidindo aquele Conselho, aprofundei o meu respeito e a minha consideração por todos aqueles que tanto contribuíram para a construção da respeitabilidade do Banco Central nesses seus 46 anos. Por fim, a minha atuação e as minhas responsabilidades como Diretor incluirão, também, a participação nas discussões e decisões da Diretoria do Banco Central do Brasil, cuja atuação se dá de forma colegiada. Além disso, o conjunto dos seus membros, Presidente e Diretores, constitui o Comitê de Política Monetária, todos na condição de membros votantes. Comitê do qual, se me permitem dizer Vossas Excelências, muito me honra ter participado, como membro não votante, desde a sua criação. Para desempenhar essa elevada função tenho, como todos os membros da Diretoria Colegiada, o compromisso claro com o combate intransigente à inflação. Esse compromisso se traduz de forma objetiva na diretriz de cumprir as metas determinadas ao Banco Central pelo Conselho Monetário Nacional, buscando, sempre, a convergência da inflação à meta. Acredito que esse compromisso da Autoridade Monetária contribuiu de maneira decisiva para o processo de construção da estabilidade macroeconômica atual. Processo que se reforçou institucionalmente há mais de uma década, com a adoção de um conjunto harmônico de políticas macroeconômicas, compreendendo o regime de política monetária baseado em metas para a inflação; uma política fiscal centrada na obtenção de superávits primários e na redução da dívida líquida do setor público como percentual do Produto Interno Bruto; e na política de câmbio flutuante. Esse conjunto de políticas e a reação dos agentes econômicos brasileiros provocaram modificações inéditas na estrutura econômica do país. No setor externo, observou-se alteração estrutural no balanço de pagamentos, notadamente em sua estrutura de passivos, onde hoje predominam os investimentos estrangeiros, cuja remuneração tende a acompanhar os ciclos da economia, e não mais a dívida externa. Nesse mesmo sentido, o país passou de devedor a credor em moeda estrangeira, com importantes transformações na dinâmica da dívida pública, eliminando as crises fiscais que se seguiam às crises externas. O sucesso dessas políticas econômicas, associado à adoção de políticas complementares inovadoras, pode ser comprovado pelo efeito limitado, e já inteiramente superado, que a crise internacional de 2008 e 2009 teve sobre a economia brasileira. Espero, pois, contribuir para o fortalecimento do Banco Central do Brasil e para aprofundar o seu reconhecimento interno e internacional, condições necessárias para auxiliar na manutenção e, porque não dizer, permanente consolidação da estabilidade macroeconômica, passo indispensável para a continuidade do crescimento econômico sustentado, com estabilidade de preços, aumento dos investimentos, do emprego, da renda, redução das desigualdades sociais e eliminação da pobreza. Agradeço a atenção de Vossas Excelências e me coloco à disposição para os questionamentos. Muito obrigado.