Palavras do Presidente do Banco Central, Dr. Henrique Meirelles

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Palavras do Presidente do Banco Central,
Dr. Henrique Meirelles, na Abertura do Seminário
“2004 em Perspectiva”, Promovido pela Febraban
As perspectivas para 2004 são muito melhores do que as do início de 2003. Em
menos de 12 meses, o governo Lula conseguiu debelar a ameaça da aceleração
inflacionária e a crise de confiança que pairavam sobre o país na virada do ano.
A inflação, que chegou no último trimestre de 2002 a uma taxa anualizada de
29%, está agora convergindo claramente para a trajetória de metas definida para
2004. O risco Brasil, que em setembro do ano passado superou os 2.400 pontos,
fechou ontem abaixo dos 500 pontos, o menor índice desde 1998.
A recuperação da confiança se deu através de um processo determinado de
ajuste doméstico e externo, baseado na responsabilidade fiscal e na manutenção
da estabilidade macroeconômica com o regime de metas de inflação.
A rápida reversão das expectativas abriu caminho para que a retomada da
atividade se iniciasse antes do que muitos imaginavam. As condições para isso
estão dadas. A economia brasileira reúne todas as condições para crescer de
forma sustentada em 2003 e nos anos seguintes.
Os fundamentos da economia brasileira são hoje muito mais sólidos do que eram
meses atrás. Há muitos anos o Brasil não reunia condições tão favoráveis para
sustentar um processo consistente de crescimento sem gerar, como no passado,
desequilíbrios nas contas externas ou pressões inflacionárias.
Senhoras e senhores,
As conquistas que obtivemos ao longo de 2003 não foram fruto do acaso. Ao
contrário, elas são o resultado de políticas macroeconômicas conscientemente
implementadas para colocar a economia brasileira na rota do crescimento
econômico sustentado.
Todos os indicadores da economia brasileira apresentaram melhora consistente:
a inflação sob controle, saldo comercial recorde de US$ 23 bilhões, superávit de
US$ 3,9 bilhões em conta corrente, a queda do risco-Brasil, a diminuição da
volatilidade do câmbio, a redução significativa da dívida indexada ao dólar e os
sinais antecedentes indicando recuperação da atividade. A melhora dos
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indicadores reflete em grande medida a recuperação da credibilidade da política
monetária. A percepção pelos agentes econômicos de que o combate à inflação
era para valer levou a uma redução sustentada das taxas de juros de mercado
desde o primeiro trimestre do ano, com efeitos diretos sobre o custo e a
disponibilidade do crédito em nossa economia. Com a implementação de uma
política monetária segura e cautelosa foi possível combinar a convergência da
inflação para a trajetória das metas com a retomada do crescimento na
economia.
Como sabemos, há defasagens importantes entre a implementação dos
instrumentos de política monetária e seus efeitos sobre a atividade e sobre a
inflação. Desde junho, a taxa Selic já foi reduzida em um total de 900 p.b.. E o
que é mais importante: essa redução foi acompanhada de reduções substanciais
nas taxas de juros reais de mercado, cujos efeitos em grande parte ainda não se
fizeram sentir. Temos a plena convicção de que essa queda dos juros reais é
compatível com a sustentação nos próximos meses da recuperação balanceada
da atividade econômica que hoje se espalha pelos diferentes setores da
economia.
É sempre oportuno lembrar que nosso arcabouço de política monetária é o
regime de metas de inflação. Não temos, nem poderíamos ter, metas para a taxa
de juros, seja ela real ou nominal. Nosso compromisso inequívoco é com a
convergência da inflação para as metas que nos foram determinadas pelo
Conselho Monetário Nacional. Temos certeza de que se garantirmos que essa
convergência continuará a ocorrer de forma ininterrupta, a percepção de risco
associada com nossa economia continuará a se reduzir e o espaço para juros
menores no futuro irá consolidar-se de forma natural.
Senhoras e senhores,
Estamos também conscientes de que a manutenção da estabilidade
macroeconômica, com a preservação da convergência da inflação para as suas
metas e a menor volatilidade possível no produto, depende fundamentalmente de
não nos precipitarmos no processo de flexibilização da política monetária.
A obtenção de taxas sustentáveis de crescimento, compatíveis com as
necessidades de nosso país, depende em última análise de continuarmos a
consolidar o que já estamos conquistando. Não há atalhos nesse processo. Nossa
experiência e a de outros países nos mostram que o custo do açodamento na
condução da política monetária costuma ser elevado.
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Senhoras e senhores,
Como sabemos, o futuro de um país é a soma do que foi ou não realizado no
presente e no passado. Alguém já disse que a história é um profeta com os olhos
voltados para trás. Fizemos muito em 2003. O sucesso das políticas adotadas
permite que vislumbremos um futuro muito melhor para 2004 e os anos
seguintes. Resta agora perseverar nesse esforço para garantir de forma segura
que esse futuro se torne presente. Muito obrigado.
São Paulo, 09 de dezembro de 2003.
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