Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP . CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA EDIÇÃO Nº1246 – Ano 29; 3 ª Semana Julho 2015. De Los Angeles a Pequim José Martins . . Fantástica revelação dos indicadores da OCDE: o gatilho da explosão do período atual de expansão pode ser acionado simultaneamente pelos EUA e China coloca perspectivas inéditas de crise desde os anos 1920. O relatório mensal da OCDE sobre indicadores antecedentes (OECD Composite Leading Composite), divulgado nesta quarta-feira, é para marxista nenhum botar defeito. A referência é aos antigos marxistas que só tratavam das coisas terrenas. Da cínica economia politica, por exemplo. Pelas frestas do relatório, chama a atenção o que seus números estão a mostrar: a lei do valor e da exploração capitalista não agia com tanta desenvoltura e abrangência desde os anos 1920. Desnuda-se a totalidade do ciclo e das ricas possibilidades de uma verdadeira explosão de superprodução – duas economias muito especiais do Pacífico norte apresentam tendência que pode determinar uma derrocada global nos próximos trimestres. Veja como isso aparece neste gráfico, apresentado à parte do relatório. Pode-se dizer que essas curvas retratam espectros moleculares do capital, através da “amplitude ajustada de longo prazo”, quer dizer, uma regressão sobre a média 100 dos últimos doze meses (Janeiro 2014-Abril 2015). Isso é capaz de revelar uma tendência mais precisa que a indicada apenas no último mês. Mostra então que a média da OCDE 1 (linha verde) ainda se situa em uma posição relativamente positiva, acima da tendência 100. Ainda em crescimento, embora com tendência declinante. A zona do Euro (19 países, linha azul) apresenta surpreendente “firme tendência de crescimento”. Não será a Grécia que interromperá essa lua de mel com súbito surto de sobrevida da Alemanha, Itália, França, etc.. Os ventos virão de outros mares. Geograficamente, há muito tempo o epicentro da economia mundial não está mais no Atlântico e muito menos no Mediterrâneo – mas no Pacífico. Um oceano muito especial. Marx afirma que a era do Pacífico é a do capital plenamente realizado. Além da Europa e Japão, no resto do mundo os indicadores são de desaceleração do crescimento na Inglaterra, Canadá e Brasil. Este último estranho país é um dos que já apresentam a mais forte desaceleração dentre todos os elencados no relatório. Resultado da política econômica do seu invertebrado governo, que faz tudo para a economia exploda antes mesmo do choque global. Mas existem coisas mais importantes a serem observadas no relatório. Como a clara indicação de forte derrocada na maior economia do planeta (Estados Unidos) e no grande chão de fábrica do mundo (China). Derrocada simultânea da maior economia produtora e da maior montadora. Essa explosiva tendência revela muita coisa que está a se passar neste primeiro semestre na economia mundial. Nos EUA, forte elevação da produtividade do trabalho (taxa de exploração) acompanhada de deflação dos preços e tendência à queda da taxa de lucro. Isso abala as colunas do mercado mundial e abafa as possibilidades econômicas de amplas áreas e continentes dominados – América Latina, África, Ásia, Leste Europeu, etc. Não conseguem produzir com a taxa de lucro exigida pelo mercado. Qualquer tentativa de reverter o quadro eleva a temperatura social e leva à ingovernabilidade política. Japão e eurozona, economias dominantes, são os únicas, como demonstra o relatório, que ainda se mantém à tona, com “firme tendência de crescimento”. Essa pressão da economia reguladora sobre a taxa geral de lucro das mais variadas áreas do mercado mundial aparece de forma bastante explosiva na tendência da economia chinesa. No atual período de expansão, a China não foi mais capaz de produzir uma taxa de lucro média que valorize o capital global instalado em suas Zonas Econômicas Especiais e plataformas de exportação em geral. Agora o resultado desta impotência aparece. Como se verifica na curva acima, a derrocada econômica da China já está em plena realização. A derrocada da bolsa de Shangai nas últimas semanas pode ser melhor entendida através dessa catastrófica perda de pressão da economia real chinesa. Como não têm a mínima ideia do que seja o duplo caráter do trabalho contido nas mercadorias, os capitalistas e seus economistas procuram entender as razões da súbita “explosão da bolha chinesa”, sem chegar a nenhuma explicação plausível. Não vão além das platitudes dos Krugmans e Pikettys da vida. O que interessa é que essa fantástica revelação dos indicadores da OCDE de que o gatilho da grande explosão do período atual de expansão – iniciado no 2º trimestre de 2009 – poderá ser acionado pelos EUA e China, coloca perspectivas absolutamente inéditas de crise desde os anos 1920. Outra coisa importante: esse desfecho pode ocorrer entre o 3º trimestre de 2015 e o 2º trimestre de 2016. A se verificar com mais cuidado. Se isso for efetivamente realizado, a economia já terá adentrado neste terreno minado de 2 superprodução de capital e de ação fulminante da lei do valor trabalho na dinâmica e limites do modo de produção capitalista. Glória a Marx nas alturas e guerra na terra aos homens de boa vontade! Em 2015, estamos completando 28 ANOS DE VIDA. Vinte e oito anos informando e educando a classe trabalhadora! ASSINE AGORA A CRÍTICA ENTRE EM CONTATO CONOSCO NO NOSSO SITE www.criticadaeconomia.com.br e saiba as condições para a assinatura! 3