Climatização de Incubatórios

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Climatização de Incubatórios: Conceitos e aplicações
Thomas A. C. Calil
Gerente de Operações
Pas Reform do Brasil
Conceitos de Ventilação ou Climatização vem sendo largamente aplicados
nos incubatórios brasileiros, sobretudo nas condições em que os rendimentos de
incubação não são alcançados de forma satisfatória e as perdas são
representadas principalmente por mortalidade em fase final de desenvolvimento,
por volta de 19 a 21 dias de incubação.
Neste artigo discutiremos modelos de ventilação comumente
empregados, ressaltando suas vantagens e desvantagens, associando-as aos
princípios básicos de ventilação, como propriedades do ar e seu comportamento.
Mas, antes de qualquer discussão sobre possíveis influências da ventilação sobre
o desenvolvimento embrionário e qualidade dos pintos (tema para um capítulo a
parte), é importante categorizarmos os sistemas de acordo com a aplicação
pretendida, ou seja: climatização para equipamentos estágio múltiplo e para
equipamentos estágio único. Abaixo algumas características dos dois sistemas:
Vazão
média
necessária por
ovos
real*
1.000
Estágio Único
2,0m³/h
1,2 cfm
Estágio Múltiplo
10m³/h
6 cfm
* Valores nominais são mais altos
Obs.: Esse quadro referencia incubadoras, visto que todos os nascedouros são estágio único
Analisando-se a tabela acima é fácil entender que a climatização depende
severamente do sistema de incubação adotado, sendo mais onerosa e complexa
para sistemas de incubação estágio múltiplo. Essa tabela nos leva a refletir e
automaticamente formular a seguinte questão: “Porque as diferenças são tão
grandes se a ventilação deveria ter a mesma função já que ambas as máquinas
incubam os mesmos ovos?”
A resposta para essa intrigante pergunta pode ser solucionada com a
interpretação da tabela abaixo, que nada mais é do que um comparativo que
mostra as funções da ventilação e sua criticidade conforme o sistema de
incubação adotado, ou seja, quanto cada função da ventilação representa de
importância para a incubação:
Tabela 02. Criticidade de cada função da ventilação de acordo com o
sistema de ventilação.
Estágio Único
Estágio Múltiplo
Fornecimento de O2
3
2
Remoção de CO2
3
2
Pressão Ambiente
2
5
Distribuição de ar na máquina
1
5
Refrigeração
1
5
Total
1 = Não crítico;
5 = Muito Crítico
Por essa análise, mais uma vez, podemos perceber que a climatização para
sistemas de incubação estágio único não apresenta a mesma criticidade que a
climatização para sistemas estágio múltiplo, principalmente no que se refere á
refrigeração, pois, comumente, máquinas estágio múltiplo trabalham com
sistema de refrigeração total ou parcialmente dependente de renovação de ar, ou
seja, para tentar resfriar a carga de ovos incubada o equipamento faz uso da
substituição mais freqüente (mais trocas por minuto) de ar.
Resumindo e compreendendo os pontos mais importantes:
- Fornecimento de O2 e remoção de CO2: para estágio múltiplo é pouco
crítico em relação ao estágio único, pois no primeiro caso a idade média dos
embriões gira em torno de 9 a 11 dias, ao passo que no segundo caso esta chega
a 19 dias, período de maiores demandas desses gases. Nesse período, entretanto,
as máquinas estágio único têm capacidade de fornecimento de até 4 vezes a
necessidade embrionária, uma vez que tal necessidade é variável em função dos
constantes avanços genéticos do embrião de frango de corte.
Em muitos casos a importância do O2 é superestimada, levando á
diagnósticos imprecisos dos problemas comuns nos incubatórios brasileiros já
que o consumo de oxigênio pelos embriões é extremamente baixo. Existe um
procedimento simples de “tira-teima” em relação ao consumo de O2. Basta estar
munido de um medidor de CO2 na planta de incubação e medirmos o nível desse
gás no plenum de entrada de ar (corredor). Geralmente, depende da altitude e
das taxas de renovação da sala, encontraremos um valor entre 300-900ppm. Se
medirmos o mesmo ar na saída das máquinas, exatamente no plenum de
exaustão, encontraremos um valor maior, resultante da queima de O2 pelos
embriões. Entretanto esse valor dificilmente ultrapassará 2.500ppm, o que, do
ponto de vista incubação é um valor perfeitamente aceitável para o
desenvolvimento embrionário (lembramos que equipamentos estágio único com
controle de CO2 trabalham com níveis por volta de 4.000 a 5.000 em uma
máquina cheia de embriões com 19 dias. Obs: a utilização de um medidor de O2 é
até mais indicada, entretanto é um instrumento caro e pouco comum, por isso o
nível de CO2 é utilizado mais freqüentemente como uma inferência da taxa
metabólica, visto que em condições normais de incubação CO2 e O2 apresentam
níveis inversamente proporcionais (onde há muito de um, há pouco do outro, e
vice versa).
- Pressão ambiente: Por questões sanitárias, devemos obedecer ao fluxo de
ar das áreas mais limpas para as áreas mais sujas e isso se dá através do controle
da pressão estática diferencial. Entretanto, o controle de pressão para sistemas
estágio múltiplo desempenha um papel muito mais importante e crítico e, para
entender o porquê de se controlar essa variável, convém conceituarmos melhor
esse tema. A pressão que utilizamos em incubatórios é sempre obtida em
referência à algum outro ambiente e o mais comum é o ambiente atmosférico.
Portanto, quando identificamos em um painel de controle de pressão um valor de
10Pa (equivalente a 0,04pol col H2O) isso significa que a pressão neste ambiente
equivale à diferença indicada no painel em relação ao ambiente externo ou
adjacente, conforme a configuração do sistema. Por isso a mesma pressão
diferencial mostrada em painéis situados em diferentes altitudes não
necessariamente será a mesma pressão absoluta. A pressão usualmente utilizada
é a pressão estática, que é a força exercida pelo fluxo de ar em relação á
perpendicular das paredes do ambiente pressurizado (dutos, salas de incubação,
incubadoras, plenums etc). Sabendo disso, fica simples entender sua importância
no fornecimento de volume ar para as máquinas, pois, mantendo-se as pressões
controladas numa sala de incubação, a força que o ar faz para “entrar” em uma
máquina é constante, sendo a única variação a habilidade do equipamento de
“permitir” ou não a entrada
ada de mais ou menos volume de ar através dos dampers
(válvulas) de entrada.
Isso é importante, pois se não controlamos a pressão de uma sala e se
houver diferenças na abertura de dampers entre as máquinas dessa sala (e há
realmente) a força que o ar fará para entrar nas máquinas será variável,
conseqüentemente o volume de ar insuflado não corresponderá ao necessário
para a carga de ovos na máquina. Isso ocorre quando insuflamos determinado
volume fixo (sem controle de pressão) de ar em uma sala e em dado momento as
máquinas estão com uma abertura de damper e por uma razão ou outra as
máquinas alternam essa abertura, para mais ou para menos.
Os desenhos
os esquemáticos abaixo (cenário 01 e 02) explicam melhor a
importância do controle
ole de pressão para esses casos. Num primeiro momento
(cenário 01) a máquina 02 recebe uma pressão de entrada de ar e quando outras
máquinas do mesmo ambiente (maq 4 e 5) alternam
alternam a abertura de damper e
permitem maior passagem de ar para seu interior (cenário 02) haverá um volume
menor de ar na sala e conseqüentemente menor pressão. Isso fará com que a
oferta de ar para a máquina 02 (neste exemplo) varie independentemente de seu
funcionamento.
Concluindo, o controle de pressão deve sempre estar alinhado com
volumes variáveis de injeção de ar no ambiente.
Assim, conforme a tabela 02, o controle de pressão nos sistemas de
incubação estágio múltiplo
múltipl é mais crítico (criticidade 02 versus 05)
05 para garantir
a oferta uniforme e constante de ar para o equipamento, pois esses sistemas
trabalham com entrada forçada de ar. Isso porque, em outras palavras, o ar em
máquinas estágio múltiplo é empurrado para a máquina e nos casos de estágio
único ele é puxado (uma
uma vez que sistemas eficientes de estágio único trabalham
com pressão negativa no interior do gabinete).
- Distribuição de ar na máquina: Como vimos, é importante controlar
pressão estática, sobretudo para sistemas estágio múltiplo. Entretanto é
importante também não só manter o controle de pressão de modo que ela se
mantenha estável, mas sim sabermos quais os valores ideais para manutenção
da pressão estática, pois valores muito altos (mesmo estáveis e controlados)
promovem anomalias na distribuição de ar no interior do gabinete de incubação.
Em uma situação em que a pressão estática da sala de incubação é
elevada, haverá um volume exagerado de ar para entrar na máquina, que tem
suas dimensões de entrada de ar fixas e dimensionadas. Ou seja, como a secção
transversal dos dutos de entrada de ar é a mesma, havendo maior volume de ar, o
mesmo passará com uma velocidade mais elevada, comprometendo sua
distribuição no gabinete. O esquema abaixo ilustra esses acontecimentos:
acontecimentos
Quando a pressão exercida pelo ar para o interior da máquina é elevada o
ar passa com elevada velocidade para o interior do equipamento e isso faz com
que a rota de distribuição seja alterada, sendo que o ar cria “atalhos” onde
houver menor resistência à sua passagem, pois, como é sabido, o ar busca sempre
o caminho de menor resistência e isso é exponencialmente relacionado com a
velocidade que o mesmo passa por uma secção transversal de estrangulamento.
Dessa forma, não haverá o adequado
adequado fluxo de ar sobre os ovos, o que na maioria
das vezes causa problemas relacionados à temperatura de incubação e
mortalidade embrionária tardia (acima de 18 dias).
dias). Tais problemas são
erroneamente associados com falta de oxigenação como causa primária, mas
ma é
importante frisar que a causa primária é aumento de temperatura por má
circulação de ar, o que posteriormente leva á um aumento na demanda de
oxigênio pelo embrião, que neste momento já não consegue absorver e
transportar o volume necessário desse gás.
gás Casos assim apresentam como
problema clínico no incubatório o aumento da mortalidade embrionária tardia,
na maioria das vezes até o ponto de bicagem interna no nascedouro.
- Refrigeração:
Refrigeração Este item está diretamente relacionado ao anterior, o que
já nos leva
va a predizer que quanto mais volume de ar um equipamento exige mais
importante e complexo é o sistema de climatização do incubatório para prover as
máquinas e os embriões de refrigeração. Então, em termos de criticidade, já
sabemos que máquinas desprovidas de sistema de refrigeração por serpentina
(estágio múltiplo modelo prateleira) precisam de maiores cuidados em relação à
ventilação do que máquinas com circuitos de serpentina (estágio múltiplo
modelo carrinho e estágio único).
único
Dimensionamento
Dimensionamento do projeto de Ventilação:
Independentemente do modelo de incubação a ser utilizado, os critérios
para o dimensionamento do projeto devem ser o mesmo, variando apenas as
capacidades, que devem ser obtidas junto aos fabricantes de equipamentos de
incubação.
Primeiramente deve ser realizada uma análise geográfica da situação,
obtendo-se dados climáticos históricos como por exemplo:
- Média da temperatura máxima
- Média da temperatura mínima
- Média da umidade relativa máxima
- Média da umidade relativa mínima
- Ventos predominantes (especialmente para projetos novos)
- Altitude
Para isso basta consultar históricos climáticos disponíveis na internet, em
órgãos oficiais de meteorologia ou em programas de sistemas de ventilação, que
fornecem informações mais detalhadas das sazonalidades de cada região. A
figura abaixo mostra um exemplo de tais históricos.
De posse dessas informações é conveniente conversar com o cliente na
tentativa de obter dados mais regionais, caso estes não estejam completamente
disponíveis. Em conversa com o cliente para definição dos parâmetros adotados e
dos níveis de controle a serem utilizados, convém lembrá-lo dos parâmetros
exigidos pelos equipamentos de incubação no que se refere às tolerâncias
utilizadas. Isso porque o custo inicial de um projeto de ventilação está
primariamente relacionado á demanda de ar dos equipamentos de incubação
escolhidos bem como ás condições climáticas da região (amplitudes) e,
secundariamente, ao nível de tolerância exigida pelos equipamentos de
incubação.
Em outras palavras o custo do projeto obedecerá às variáveis em função
do sistema de incubação escolhido:
Variável
Demanda de ar
Tolerância
Estágio Múltiplo
Pas Reform
Alta
Baixa
Baixa
Alta
Dessa forma, projetos de ventilação estágio múltiplo, por demandarem
muito ar com pouca tolerância (estágio múltiplo utiliza, por exemplo
temperatura de 25°C + 2°C e estágio único utiliza 25°C + 5°C), são os projetos
mais complexos, mais caros e, conseqüentemente, de maior custo de operação.
Quanto às condições climáticas do local onde o projeto será executado o
fator umidade relativa não desempenha um papel importante no custo do
investimento, mas importantíssimo no funcionamento, o que será discutido mais
adiante, de acordo com o modelo de ventilação proposto. Já a temperatura
desempenha papel primordial no custo do projeto e, financeiramente, os projetos
em regiões frias são mais beneficiados do que os projetos em regiões quentes.
Resumindo: o investimento é menor no sistema de aquecimento do que no
sistema de refrigeração. Portanto, projetos em regiões frias e de baixa amplitude
térmica diária são os economicamente mais viáveis e tecnicamente mais estáveis.
Munido de todas essas informações, um estudo psicrométrico é
necessário, relacionando os parâmetros físicos a serem estudados. A figura
abaixo mostra um exemplo de como esse estudo psicrométrico é feito, visando o
correto dimensionamento do projeto, não o deixando sub nem super
dimensionado em relação á aquecimento e refrigeração.
Fonte: Diagrama de Mollier versão 3.38. Dados apenas para ilustração, não
caracterizando informações reais de qualquer localidade, nem dimensionamento real para
qualquer localidade.
Nos dois exemplos acima, um com temperatura inicial de 15°C e outro
35ºC as demandas de equipamentos e capacidades são calculadas para
aquecimento (figura da esquerda) e para refrigeração (figura da direita) pode-se
calcular as necessidades de aquecimento e refrigeração (considerando altitude de
700m acima do nível do mar e as respectivas pressões de trabalho dos
equipamentos de gerenciamento de ar). No exemplo, a refrigeração terá uma
entalpia negativa de 64,12kJ por kg de ar, ou seja, tiraremos essa quantidade de
energia do ar (numa mesma vazão estipulada para máquinas – 15.000m³/h). Para
o caso de aquecimento a entalpia positiva será de 24,05kJ por kg de ar,
considerando a umidade relativa estimada. Portanto há um maior custo
energético na refrigeração do que no aquecimento, o que se manifestará em
custos reais de operação.
Além das ilustrações acima, o cálculo do projeto de ventilação irá envolver
a quantidade de ambientes a se controlar pressão estática, umidade relativa e
temperatura, bem como o mecanismo pelo qual esses controles são realizados.
Isso é variável conforme o conceito e princípio de ventilação adotado, que será
discutido adiante, no final desse capítulo.
Pontos importantes para a escolha do projeto de Ventilação:
Um sistema de ventilação de incubatório deverá tranqüilizar o incubador
em relação ás variáveis físicas externas à máquina e, tal tranqüilidade, quando
quebrada, deve ser rastreada e associada á problemas decorrentes da incubação
propriamente dita. Ou seja, na eventualidade de um problema de ventilação, seus
possíveis reflexos devem ser fáceis de serem reconhecidos e isso é conseguido
quando se associa em um sistema centralizado de controle as informações de
funcionamento das máquinas, resultados de eclosão e qualidade bem como
histórico climático da planta em um módulo interno de Rastreabilidade.
Portanto, em uma situação ideal, o controle climático do incubatório deve
estar ligado ao controle zootécnico do mesmo (eclosão e qualidade) e aos
controles de manutenções (preventivas e corretivas) de modo a fornecer rápida e
eficientemente todas as informações necessárias de forma seguramente
relacionadas.
Desconsiderando a eventualidade de problemas, a interconexão entre os
sistemas acima auxiliará o incubador a gerenciar melhor o andamento de cada
processo da incubação e suas interações. O acesso centralizado trará facilidades
de manejo e gerenciamento de dados que a simples junção de folhas de leituras
com relatórios de anomalias por meios físicos jamais trarão.
Abaixo esquema ilustrando Sistema Central de Controle Climático.
Outra análise importante é a facilidade e entendimento do funcionamento
de cada sistema e para isso deve ser levado em consideração a quantidade de
equipamentos, de painéis e de controles a serem instalados. Isso poderá ser
elucidado avaliando os conceitos de projeto de ventilação disponíveis.
Convém também que o sistema de ventilação seja fornecido por empresas
especializadas em incubação, preferencialmente fornecedoras de sistemas de
incubação. Assim, o projeto de ventilação será otimizado e estará perfeitamente
ajustado ao sistema, não correndo riscos de sub ou super dimensionamento em
qualquer parâmetro físico controlado, sendo mais fácil administrar eventuais
problemas de qualidade e desempenho do incubatório. No caso de fornecedores
múltiplos (um para ventilação e um para incubação) a administração desses
eventuais problemas de qualidade e desempenho será complicada devido ao
constante “empurra-empurra” entre fornecedores onde cada um tentará
transferir responsabilidades ao outro sendo o cliente, por fim, o penalizado.
Conceitos de projeto de Ventilação:
Atualmente existem três conceitos de projeto de ventilação em uso, cada
qual com suas características, custos de instalação e de operação. Sistemas de
ventilação denominados “adiabáticos” comuns não foram considerados, pois se
mostram ineficientes e comumente não acompanham controle de pressão e
aquecimento adequados.
Abaixo podemos verificar dados dos mesmos, todos com exemplo básico
de lay out para uma planta com duas salas de incubação e duas de eclosão.
- Sistema HVAC individual
Este sistema se caracteriza basicamente pela utilização de um ou dois
aparelhos de ar condicionados denominados roof top para fazer o controle de
temperatura e auxiliar no controle de pressão estática, uma vez que alguns
modelos apresentam volume variável em função da presença de válvulas que
regulam entrada e retorno de ar. O sistema de aquecimento é normalmente
realizado por combustão, utilizando para isso gás GLP na maioria dos casos.
Fontes alternativas para aquecimento, como por exemplo, com água quente
ainda estão em fase de estudo.
Quando a demanda de ar está plenamente atendida, os equipamentos
com sistema de volume de ar variável acionam válvulas que promovem o retorno
desse ar, evitando assim re-trabalho com climatização de ar excedente. O
inconveniente desse sistema de retorno de ar é maior nas salas de nascedouros e
pintos dos sistemas convencionais de incubação (estágio múltiplo), pois o ar
retornado carrega consigo quantidade considerável de penugem, o que acarreta
em entupimento dos filtros e estrangulamento do sistema, trazendo maiores
custos com manutenção corretiva, bem como mão de obra para manutenção
preventiva, uma vez que se recomenda lavá-los a cada nascimento.
Para umidificação o sistema apresenta melhor funcionamento através da
utilização associada de vapor, gerado por um equipamento também à combustão
de gás. É possível utilizar-se de controle de umidade evaporativa (discos
centrífugos de umidade) que são mais baratos e evitam o consumo de gás e a
instalação de rede pressurizada para o gás. Entretanto, como grande
desvantagem da utilização de evaporação para umidificação, está a altíssima
capacidade de resfriamento pontual causada pela evaporação de água. Isso
significa que nos arredores do equipamento (onde a água sofre evaporação) a
temperatura tende a ser menor, formando uma zona de microclima na sala de
incubação ou nascimento.
Por exemplo: a evaporação de 1 ml de água para cada m³ de ar em um
determinado ponto da sala, promoverá uma redução local de temperatura de
2,7°C, caso a sala de incubação esteja em 25 °C (veja os círculos vermelhos e azuis
na imagem abaixo – Diagrama de Mollier 3.38) e promoverá um aumento
momentâneo na umidade relativa de cerca de 14% (de 50% para 64% no
exemplo).
Uma desvantagem desse sistema é a quantidade de equipamentos
instalados no incubatório, o que trará custos de instalação e manutenção, pois
algumas premissas básicas devem ser atendidas como a elaboração dos
seguintes sistemas: rede de água para condensação, rede de sensores
interligados, sistemas de tubos para controle de pressão, rede elétrica
interligando os dois equipamentos de cada sala. Isso fará com que na laje ou
forro da planta haja uma complexa malha interligando todos esses sistemas e
isso se apresenta caro na implantação e na operação, a qual normalmente é feita
por equipe terceirizada.
- Sistema Convencional
O sistema de climatização chamado convencional é caracterizado
principalmente por uma central de tratamento de ar que está interligada aos
vários ambientes a serem climatizados por meio de dutos. O agente de
climatização pode ser por via evaporativa (que eleva a umidade relativa)
associada à resistências elétricas ou então pode ser via serpentinas de
refrigeração associadas a resistências elétricas. É um sistema geralmente mais
barato que o anterior e atende aos requisitos de demanda de ar. Entretanto,
como desvantagens podemos destacar alguns pontos principais, como o próprio
sistema de dutos, os sistemas de controle de pressão estática e os sistemas de
controle de umidade relativa.
O sistema de dutos apresenta como complicador número 01 a questão
sanitária, uma vez que, na maioria dos casos, o mesmo apresenta pequenas
dimensões (uma tentativa de economia no projeto), dificultando assim o acesso
de pessoal para execução dos procedimentos de limpeza e desinfecção.
Outro agravante do sistema de dutos é a perda de carga, seja de
temperatura, seja de velocidade de ar (pressão). Em relação á temperatura, as
perdas chegam da ordem de 2 a 4 °C, ou seja, para se obter uma temperatura de
26°C em determinado ambiente, pode ser necessário injetar o ar no sistema de
dutos a uma temperatura de até 22°C. Esse delta de 4°C é traduzido em custo
para a operação do projeto, o que a longo prazo pode não justificar os valores
mais baixos inicialmente investidos.
As perdas de carga (pressão e velocidade de ar) mais importantes
produzidas nos dutos são principalmente decorrentes de variações na direção
e/ou na magnitude dos mesmos, por exemplo: encaixes, reduções, derivações,
cotovelos (principalmente menores que 90°). Essas perdas somam-se às perdas
causadas pelo atrito (fricção) do ar nas paredes ao longo do duto. O exemplo
abaixo (fonte: Multivac) mostra essas perdas em um duto com derivação em que a
velocidade do ar é 5,8m/s. Neste exemplo, apenas pela derivação do duto as
perdas em pressão na derivação (curva) em “V” chega a aproximadamente 1,44
Pa, havendo também, logicamente, perda na velocidade do ar da ordem de
0,8m/s considerando a derivação total com comprimento de duto de 1,4m.
O controle de umidade relativa se dá principalmente por evaporação, e
isso pode se tornar um agente complicador em casos de contaminação, pois a
rede de dutos fica constantemente umedecida, favorecendo a proliferação de
micro organismos (fungos) patogênicos aos pintos/embriões/ovos. No caso do
controle de umidade relativa ser localizado na sala de incubação/eclosão, a
criação de micro-clima pontual será conforme descrito no conceito anterior.
- Sistema HVAC com caixa de ventilação
Esse sistema se destaca por ser o mais barato e simples de operação, com
resultados eficientes no controle de Temperatura, Umidade Relativa e Pressão
Estática. Esse sistema se apresenta pela presença de equipamentos HVAC
normalmente aquecidos e refrigerados com água, o que interliga outros sistemas
do incubatório (incubadoras, nascedouros, máquinas de lavar, duchas) fazendo
dessa forma, com que os custos de sua implantação sejam diluídos. Esses
equipamentos, bem como discos rotacionais de umidade relativa se encontram
em um ambiente fechado, denominado “caixa de ventilação” com controle de
temperatura, umidade relativa e pressão estática. Uma caixa de ventilação
poderá climatizar até quatro ambientes ou mais (duas salas de incubação e duas
de eclosão, por exemplo) com pressão estática diferenciada, compartilhando set
points de temperatura e umidade relativa.
No interior da caixa, trabalha-se com a pressão estática elevada (cerca de
30Pa ou 0,12pol H2O) e para cada ambiente a ser climatizado há uma saída
controlada por válvulas ligadas aos pressostatos de tais ambientes. Com a
demanda de ar de um ambiente, sua válvula permitirá maior insuflamento de ar,
corrigindo as pressões. Isso ocorre de forma independente para tantos quantos
forem os ambientes a serem climatizados (cada ambiente tem um sistema de
válvulas e um painel de controle individual). Ou seja, a pressão interior elevada,
permitirá que os ambientes adjacentes sempre recebam volume de ar
climatizado adequadamente. Abaixo uma ilustração dos painéis de controle
climático e de incubatório com esse sistema, que não apresenta equipamentos
nem dutos nas lajes ou forros, permitindo fácil acesso e higienização.
Controle de Pressão
Controle de temperatura
Sistema integrado de Controle
Forro de incubatório com sistema de incubação estágio único e climatização modelo HVAC com
caixa de ventilação. Notar a ausência de malha hidráulica de condensação, de umidade, rede
elétrica, sensores e cabeamentos em geral, o que facilita biossegurança e torna o custo
operacional mais baixo do que os sistemas anteriormente descritos
Em relação à umidade relativa, o uso de discos rotacionais não acarretará
na criação dos microclimas citados em conceitos anteriores, pois a perda de calor
em função da evaporação se dará no interior da caixa de ventilação, fazendo com
que o sistema evaporativo na realidade auxilie o sistema de resfriamento,
poupando-o de trabalho sempre que houver evaporação. O ar, uma vez
umidificado e homogenizado à uma pressão de 30Pa será então disponibilizado
para cada ambiente, conforme a necessidade.
Nos casos em que a pressão estática está controlada na caixa de
ventilação e as salas (incubação e/ou eclosão) não necessitem volume de ar, o
painel de controle do equipamento HVAC acionará um inversor de freqüência,
fazendo com que o volume injetado na caixa seja variável em função da
necessidade, o que culmina com significativa economia de energia e atendimento
das necessidades do embrião incubado, pois o volume e as propriedades físicas
do ar estarão dentro dos padrões estabelecidos pelos equipamentos. Além do
sistema de inversão de freqüência o sistema acionará o retorno de ar da própria
caixa de ventilação, fazendo com que a renovação de ar externo seja diminuída e
maior volume de ar fresco (não externo) seja re-circulado, aumentando ainda
mais a eficiência da climatização, diminuindo o custo operacional. Como a recirculação ocorre dentro da caixa de ventilação, não há circulação de penugem
pelo sistema, não sendo necessária a mesma freqüência de manutenções
preventivas e corretivas do primeiro conceito exposto.
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