REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO Uma reação de neutralização ocorre entre um ácido e uma base que se neutralizam mutuamente. Esta reação obedece normalmente ao seguinte esquema: Ácido + Base Sal + Água O sal formado nestas reações determina o caráter ácido, básico ou neutro da solução obtida, já que o mesmo pode, ou não, sofrer hidrólise. TITULAÇÕES ÁCIDO-BASE Estas titulações correspondem a técnicas de determinação da concentração de um ácido ou de uma base (titulado) a partir da concentração conhecida, respetivamente, de uma base ou ácido (titulante). A reação entre o titulante e o titulado corresponde a uma reação de neutralização. SOLUÇÕES TAMPÃO Chama-se solução tampão a uma solução que mantém o pH praticamente inalterável face à adição de pequenas quantidades de ácido ou de base. TAMPÕES ÁCIDOS Existem dois tipos: 1. Solução de ácido forte 2. Solução contendo um ácido fraco e um sal, sendo a base conjugada do ácido fraco igual ao anião do sal. TAMPÕES BÁSICOS Existem dois tipos: 1. Solução de base forte 2. Solução contendo uma base fraca e um sal, sendo o ácido conjugado da base fraca igual ao catião do sal. TITULAÇÃO DE UM ÁCIDO FORTE COM UMA BASE FORTE Nesta titulação, o titulante é uma base forte e o titulado é um ácido forte. A representação gráfica do pH em função do volume de titulante adicionado ao titulado é dada pela figura: P. E. – ponto de equivalência VE – volume de titulante no P. E. VT – volume de titulante VE VT No início da titulação, o pH permanece praticamente inalterável, porque o titulado é um tampão ácido do tipo 1. O pH no ponto de equivalência é igual a 7, porque o sal formado não sofre hidrólise. Após o ponto de equivalência, o pH volta a permanecer praticamente constante devido à existência de um tampão básico do tipo 1. TITULAÇÃO DE UMA BASE FORTE COM UM ÁCIDO FORTE Nesta titulação, o titulante é um ácido forte e o titulado é uma base forte. A representação gráfica do pH em função do volume de titulante adicionado ao titulado é dada pela figura: P. E. – ponto de equivalência VE – volume de titulante no P. E. VT – volume de titulante VE VT No início da titulação, o pH permanece praticamente inalterável, porque o titulado é um tampão básico do tipo 1. O pH no ponto de equivalência é igual a 7, porque o sal formado não sofre hidrólise. Após o ponto de equivalência, o pH volta a permanecer praticamente constante devido à existência de um tampão ácido do tipo 1. TITULAÇÃO DE UM ÁCIDO FRACO COM UMA BASE FORTE Nesta titulação, o titulante é uma base forte e o titulado é um ácido fraco. A representação gráfica do pH em função do volume de titulante adicionado ao titulado é dada pela figura: P. E. – ponto de equivalência VE – volume de titulante no P. E. VT – volume de titulante VE VT No início da titulação, o pH aumenta acentuadamente e, depois permanece praticamente inalterável, porque passa a existir um tampão ácido do tipo 2, devido à formação de um sal. O pH no ponto de equivalência é superior a 7, devido à hidrólise do sal formado. Após o ponto de equivalência, o pH volta a permanecer praticamente constante devido à existência de um tampão básico do tipo 1. TITULAÇÃO DE UMA BASE FRACA COM UM ÁCIDO FORTE Nesta titulação, o titulante é um ácido forte e o titulado é uma base fraca. A representação gráfica do pH em função do volume de titulante adicionado ao titulado é dada pela figura: P. E. – ponto de equivalência VE – volume de titulante no P. E. VT – volume de titulante VE VT No início da titulação, o pH diminui acentuadamente e, depois permanece praticamente inalterável, porque passa a existir um tampão básico do tipo 2, devido à formação de um sal. O pH no ponto de equivalência é inferior a 7, devido à hidrólise do sal formado. Após o ponto de equivalência, o pH volta a permanecer praticamente constante devido à existência de um tampão ácido do tipo 1. TITULAÇÕES DE ÁCIDOS POLIPRÓTICOS Neste caso, as curvas de titulação têm mais do que um ponto de inflexão, sendo o número de pontos de inflexão igual ao número de iões H+ que cada molécula de ácido pode ceder. Como exemplo deste tipo de titulação pode-se considerar a titulação do ácido carbónico (H2CO3), cuja representação gráfica do pH em função do volume de titulante adicionado ao titulado é dada pela figura: 0,5VE VE VT TITULAÇÕES DE BASES POLIPRÓTICAS Neste caso as curvas de titulação têm mais do que um ponto de inflexão, sendo esse número igual ao número de iões H+ que uma base pode receber. CÁLCULO DO pH DE UM TAMPÃO ÁCIDO DO TIPO 2 Para a dissolução de um ácido de fórmula genérica, HA, numa solução aquosa que contém um sal, cujo anião coincide com a base conjugada o ácido, tem-se: C / mol dm3 HA(aq) Equilíbrio CA + H 2 O() A - (aq) H 3O (aq) + x CS CA – Concentração do ácido na mistura; CS – Concentração do sal na mistura [A- ]e [H3O ]e C x K CA Ka Ka S x a [HA]e CA CS pH log[ H3O ]e pH log x pH log K a CA CS CÁLCULO DO pH DE UM TAMPÃO BÁSICO DO TIPO 2 Para a dissolução de uma base de fórmula genérica, B, numa solução aquosa que contém um sal, cujo catião coincide com o ácido conjugado da base, tem-se: C / mol dm3 B(aq) Equilíbrio CB + H 2 O() BH (aq) CS + OH (aq) x CB – Concentração da base na mistura; CS – Concentração do sal na mistura [BH ]e [OH ]e C x K CB Kb Kb S x b [B]e CB CS pOH log[ OH ]e pOH log x pOH log K b CB CS EFEITO TAMPÃO DO DIÓXIDO DE CARBONO NO SANGUE Dissolvido no plasma sanguíneo existe o dióxido de carbono, que origina as seguintes reações químicas: CO2 (g) H 2O() H 2CO3 (aq) H 2CO3 (aq) H (aq) HCO3- (aq) CO2 (g) H 2O() H (aq) HCO3- (aq) O par conjugado H 2 CO3 /HCO3- dá origem a uma solução tampão. Mas como o H2CO3 provem do CO2, pode referir-se que é o par CO 2 /HCO3- que origina a solução tampão. DEPENDÊNCIA DA HEMOGLOBINA DO pH DO MEIO O dióxido de carbono e a água originam H2CO3, um ácido fraco que se ioniza segundo a equação: H 2CO3 (aq) H (aq) HCO3- (aq) (1) A hemoglobina (Hb) pode estabelecer uma ligação covalente dativa com as espécies O2, CO2 e H+, havendo ligação preferencial de cada espécie, variável com os valores de pH: Hb O2 HbO2 H HbO2 (2) (3) HHb O2 A hemoglobina transporta assim O2 desde os pulmões aos tecidos e transporta também os produtos finais da respiração, H+ e CO2, desde os tecidos aos pulmões e aos rins que excretarão estes produtos. Os equilíbrios (1), (2) e (3) e a Lei de Le Châtelier a eles aplicada evidenciam que a absorção do oxigénio pela hemoglobina depende do pH do meio.