Infecção urinária Doença frequente que pode levar a lesões renais

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Infecção urinária
Doença frequente que pode levar a lesões renais, IRA e HAS, se não tratada. Requer acompanhamento
prolongado. A incidência no 1º ano de vida é maior nos homens (pp os não circuncisados), enquanto as meninas
predominam aos 2-3 anos (60-80% com recorrências).
ETIOLOGIA
 Via hematogênica (importante no período neonatal)
 Via ascendente – principal forma (colonização do períneo  uretra  bexiga  ureter  rim):
Enterobactérias (G- da flora normal): E.coli, Proteus (pp meninos), Klebsiella; Pseudômonas (G-),
Estafilococos (G+) e Enterococcos (G+).
 Cistite (inf. Bexiga) hemorrágica: adenovirus
 Cistite e uretrite na puberdade: Chlamydia e micoplasmas
FATORES PREDISPONENTES
 Meninas
 Sem circuncisão
 Refluxo vesico-ureteral
 Uropatia obstrutiva
 Constipação





Disfunção miccional
Higiene inadequada
Oxiuriase
Intercurso sexual
Instrumentação ureteral




Má formações
Fimose
Bexiga neurogênica
Gravidez
QUADRO CLÍNICO
A) Infecção urinária baixa
 Dor abdominal supra púbica
 Polaciúria
 Disúria
 Hematúria
 Incontinência urinária
 Urina fétida
 Sem lesão renal
B) Pielonefrite (inf. Rim)
 Febre
 Dor lombar ou abdominal
 Vômitos
 Pode ter lesão renal
C) Bacteriúria assintomática
 Cultura +
 Sem sintomas
 Sem lesão renal
De acordo com a idade (lactente e RN são mais inespecíficas)
a) Lactente: febre sem foco identificado, irritabilidade, anorexia, ganho de peso inadequado, vômitos/diarréia,
urina de odor fétido
b) Pré-escolar/Escolar: disúria, febre, dor lombar, vômitos, enurese noturna, urgência, incontinência,
polaciúria, calafrios, retenção urinária com urina fétida e turva
c) Adolescentes: polaciúria e disúria, dor lombar, febre, calafrios
EXAMES COMPLEMENTARES
EAS:
 Leucócitos ↑ (até 5/campo)





Piúria (não confirmatório e ausência não afasta) - > a5 (meninos) e >a10 (meninas)
Hematúria microscópica (pp cistite, pielonefrite)
Cilindros (não hemático – só hemático em hematúria glomerular)
Nitrito + (Proteus)
pH alcalino (Proteus)
CULTURA DE URINA: Diagnóstico de certeza para ITU. Opções para coleta
A) Saco coletor: Grande contaminação e falso + freqüente. Não deve ficar mais do que 30 minutos. Mais útil
quando negativo. Não pode administrar diuréticos ou muita água antes do exames, pelo risco de diluição da
urina e das colônias.
 Sintomas + EAS anormal + ≥100.000: ITU
B) Punção supra púbica: Em menores de 1 ano, infecções graves. Contra indicado em caso de fimose,
balanopostite vulvovaginal.
 Qualquer número de colônias, Gram negativo: ITU
C) Sonda vesical: Apresenta raras complicações. Ultrapassa a área que ocorre infecção
 ≥ 10.000: provável ITU
 1.000 < n < 10.000: suspeito
 <1.000: negativo
D) Jato médio: Se for menino, se colaborar, se a mãe tiver paciência
 >100.000 colônias de um único germe: ITU
 10.000 < n < 100.000: suspeito de ITU se for homem e tiver sintomas
 <10.000: colonização do TU
Cuidados na cultura:
assepsia para evitar colonização, colocação do material na geladeira (temperatura ambiente aumenta a
proliferação), evitar grande ingesta de líquidos antes, evitar a contaminação com anti-sépticos, trocar o saco coletor
a cada 30-40minutos.
HEMOCULTURA: casos graves
TRATAMENTO:
 Casos leves ou dúvida diagnóstica: espera resultado da cultura de urina
 Casos com febre, comprometimento do estado geral, lactente <3 meses: início imediato após obtenção de
amostra de urina (Via oral)
 Casos de comprometimento do estado geral ou vômitos freqüentes: início imediato após obtenção de
amostra de urina (Via parenteral – não absorção por V.O.)
 Avaliação de imagem: pode indicar má-formação do trato urinário
Tto por 7-14 dias, dependendo da gravidade (em média 10 dias):
a) Via oral:
 SMT + TMP
 Nitrofurantoína – QT bacteriostático
 Amoxicilina
 Cefalexina
 Cefixime
b) Via parenteral
 Ceftriaxone
 Aminoglicosídeos
 Perfil de sensibilidade dos germes na comunidade: ↑resistência da E. coli ao SMT-TMP e amoxicilina 
Cefalexina
 Quinolonas lesam cartilagem de crescimento
 Pode ser usada medicação antitérmica e analgésica
SEGUIMENTO:
 Boa resposta ao Tto: 72hs depois de ATB realiza urinocultura
 Resposta inadequada após 48h do início do tto: suspeita de má formação  nova urinocultura e USG
imediata
 Avaliação por imagem das vias urinárias: EM TODA CRIANÇA COM I.T.U.
 Identificar alterações estruturais ou funcionais: válvula de uretra posterior, estenose pielocalicial, refluxo
vesico-ureteral, cálculos, divertículos ureterais
 ITU com febre < 2 anos: USG, Uretrocistografia, cintigrafia renal com DMSA
 Uretrocistografia miccional 4-6 semanas após tto
QUIMIOPROFILAXIA:
 Após TTO da ITU e antes da UCM  SMT-TMP, nitrofurantoína, cefalexina: ¼ da dose diária, à noite, para
garantir que é estéril até o exame
OUTROS CUIDADOS:
 Aumentar ingesta hídrica
 Micções freqüentes e completas
 Tratar constipação
 Urinocultura seriada por 2 anos: para identificar recorrências assintomáticas (mensal nos 1os 3 meses e
trimestral nos 2 anos seguintes)
 Quimio para anomalias ou ITU recorrente
 Prostectomia em meninos com ITU freqüente
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