hepatite b: situação vacinal de internos do sistema

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
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HEPATITE B: SITUAÇÃO VACINAL DE INTERNOS DO SISTEMA PRISIONAL DE
TERESINA
Andressa da Silva Torres (bolsista do PIBIC/UFPI), Telma Maria Evangelista de Araújo
(Orientador, Departamento de Enfermagem – UFPI)
INTRODUÇÃO: A população privada de liberdade é considerada altamente vulnerável à
infecção pelo vírus da hepatite B podendo disseminá-lo com muita facilidade, principalmente
pela heterogeneidade da população confinada no mesmo espaço, pelo grande contingente
de usuários de drogas e pela promiscuidade sexual, tendo como consequência maior
exposição não somente a riscos físicos, psicológicos, mas também de transmissão de
doenças infecciosas. Nesse sentido, entende-se a importância da realização de estudos que
identifiquem a situação vacinal dessa população, para que sejam elaboradas e
implementadas ações específicas de proteção, por meio da vacinação. OBJETIVO: Avaliar
a cobertura vacinal contra hepatite B e fatores associados em internos do sistema prisional
de Teresina. METODOLOGIA: Estudo transversal, realizado em três unidades prisionais de
Teresina. A população da pesquisa foi composta pelos internos das unidades prisionais com
regime fechado ou semiaberto (n=1.258). As variáveis estudadas foram: idade, sexo, cor,
escolaridade, profissão, renda individual e familiar, estado civil, informações sobre a hepatite
B, sobre a vacina contra hepatite B e sobre a sua situação vacinal. Os dados foram
coletados no período de outubro a dezembro de 2014 e foram digitados em banco editado e
analisados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social Science (SPSS),
versão 19.0. Foram respeitados todos os preceitos éticos contidos na Resolução nº 466 do
Conselho Nacional de Saúde e teve aprovação do Comitê de Ética da UFPI (Parecer
335.963). RESULTADOS E DISCUSSÃO: No presente estudo, predominou internos do
sistema prisional do sexo masculino (83,8%), A idade média da amostra foi de 29,9 anos. O
fato de a maioria ser solteira pode está relacionado com da dificuldade da população em
manter relacionamento estável. Predominaram detentos que não frequentaram o sistema
educacional (91,7%), e dos que frequentaram, 98,7% possuem até 5 anos de estudo.
Verificou-se a predominância de internos que não possuem informações sobre a hepatite B
(70,9%), que afirmam não saber a sua forma de transmissão (89,6%) e que possuem
conhecimento acerca da existência da vacina contra Hepatite B (62,6%). São necessárias,
portanto, o fortalecimento de ações preventivas e de educação em saúde relacionadas à
citada infecção e outras DST, efetivando, assim, o Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário (PNSSP). Somente 6,4% dos detentos referem ter recebido a 3ª dose da
vacina. Esse dado está de acordo com o que estima o Ministério da Saúde, o qual detectou
uma cobertura vacinal nessa população muito baixa. O PNSSP objetiva imunizar 100% dos
detentos do sistema prisional. Para isso, é necessário completar o esquema de três doses
em todos os detentos de acordo com o histórico vacinal. De fato, as primeiras doses
induzem uma produção de anticorpos em torno de 70% dos indivíduos, entretanto, uma
série completa de três ou quatro doses do imunobiológico promove uma resposta de
proteção em mais de 90% dos adultos e 95% das crianças e adolescentes saudáveis. Com
relação ao cruzamento das variáveis numéricas independentes (idade, anos de estudo,
renda pessoal e familiar) com a situação vacinal contra Hepatite B, verificou-se que
nenhuma delas foi estatisticamente associada.
Não foi verificada nenhuma associação
estatisticamente significativa entre a situação vacinal contra hepatite B dos internos do
estudo e a unidade prisional, sexo, situação conjugal, escolaridade e informações sobre
hepatite B. Assim, sugere-se que para a efetivação do PNSSP devem ser priorizadas ações
de promoção e de educação em saúde sobre a Hepatite B e outras DST/ HIV/Aids, assim
como, ações de imunização e acesso de diagnóstico e tratamento para a população
carcerária na tentativa de reduzir as vulnerabilidades específicas a esse grupo.
CONCLUSÃO: Os resultados apresentados neste estudo apontam para a necessidade
urgente de políticas públicas voltadas para assistência à saúde dos detentos do sistema
prisional e de pesquisas científicas voltadas para as especificidades e vulnerabilidades
dessa população. Para isso, é necessária articulação efetiva entre as esferas
governamentais, entre a gestão de saúde e de justiça, com a elaboração de estratégias que
comtemplam o que é preconizado Programa Nacional de Imunização, Programa Nacional de
HIV/AIDS e Hepatites Virais e, especialmente, o Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário.
Palavras-chave: Penitenciária. Vulnerabilidade Social. Hepatite B.
Apoio: Universidade Federal do Piauí e Secretaria de Estado da Saúde do Piauí.
REFERÊNCIAS
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