UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS CÂMPUS DE MARÍLIA As práticas morais e a construção da autonomia - um estudo com professores e alunos de Ensino Fundamental Marília 2016 As práticas morais e a construção da autonomia - um estudo com professores e alunos de Ensino Fundamental Linha 01 - Psicologia da Educação: Processos Educativos e Desenvolvimento Humano Projeto apresentado ao XVIII Seminário de Pesquisa da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho-Campus de Marília - FFC para o programa de PósGraduação em Educação Marília 2016 Resumo Esta pesquisa tem como objetivo analisar o ambiente escolar como um lugar onde podem ser desenvolvidas atividades que visem à construção da moralidade autônoma. Especificamente, pretende-se identificar qual é o entendimento dos educadores sobre a autonomia e sobre o papel de suas práticas cotidianas nesse desenvolvimento. O projeto propõe uma reflexão, com base na teoria de Piaget, sobre o desenvolvimento moral e as práticas utilizadas pelos professores para que o ambiente escolar se torne um espaço propício para o desenvolvimento da moralidade. Inicialmente, apresenta-se um quadro teórico que irá fundamentar a pesquisa e, em seguida, é apresentada a metodologia. O universo de sujeitos será composto por professores e alunos dos sétimos, oitavos e nonos anos e ainda contará com observações na escola onde será desenvolvida a pesquisa, que fica na cidade de São Paulo.A escola escolhida é pública e é uma escola democrática. A população incluirá os professores da escola selecionada e uma amostra de alunos de cada série mencionada. Como instrumentos serão utilizados entrevistas e observações do pesquisador nessa escola. Palavras-chave: moralidade, construção da autonomia, práticas morais, ambiente escolar Introdução Para esta pesquisa, pretende-se fazer um estudo sobre a importância das práticas morais que o professor lança mão para a formação de sujeitos autônomos. Este trabalho propõe uma reflexãosobre o desenvolvimento moral,como estudado por Jean Piaget, e as práticas morais, descritas por Jose Maria Puig, utilizadas pelos professores para que o ambiente escolar se torne um espaço propício para o desenvolvimento da moralidade e quais são as possíveis consequências se o ambiente que influencia a construção da autonomia não oferece estas condições. O tema da presente pesquisa é a construção da autonomia. Mais especificamente, pretende-se identificar se, na escola pesquisada os educadores lançam mão de práticas que propiciam o desenvolvimento moral, e assim conseguir responder a seguinte questão:Qual a consciência que os professores têm da importância de suas práticas e a importância de se trabalhar com práticas que conduzem a autonomia? Pretende-se analisar ainda, como a postura do professor e o ambiente escolar influenciam na construção da autonomia. E ainda identificar se as concepções dos professores são semelhantes às trabalhadas na escola ou são mais conservadoras e tradicionais. Justificativa e Fundamentação Teórica O interessem em pesquisar o desenvolvimento moral na escola e as práticas dos professores para que essa construção aconteça, surgiu a partir de estudos realizados nas disciplinas de psicologia do desenvolvimento, na graduação em pedagogia na UNESP de Marília. Concomitante a isso, foi iniciado uma atividade profissional em uma escola em que, um determinado professor desenvolvia seu trabalho de forma distinta aos outros professores, e conseguia contribuir de forma visível, para o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. Além disso, foi iniciada também a participação no grupo de estudos GEPEGE (Grupo de Estudos e Pesquisa em Epistemologia Genética e Educação) que colaborou com o enriquecimento da pesquisa de Iniciação Cientifica desenvolvida na graduação,cujo objetivo principal era identificar os tipos de práticas que os professores utilizavam em seu dia-a-dia na escola, e se essas práticas proporcionavam meios de construção da moral autônoma. Mantovani de Assis (1989) chamou a atenção para a importância da intervenção do educador com o objetivo de oferecer condições para que os alunos construam conhecimento. Piaget (1948/1978, p. 15), a esse propósito, afirma o seguinte: [...] o educador [é] indispensável, a título de animador, para criar situações e armar dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para organizar, em seguida, contraexemplos que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções demasiado apressadas: Outro motivo que nos levou a propor o presente estudo, refere-se ao fato de autores, como De Vries et al. (1998), considerarem que a escola, assim como a família e outras agências socializadoras, influencia no desenvolvimento moral. Nesse sentido, ela pode contribuir tanto para a construção de uma moral autônoma, quanto para a perpetuação dos sujeitos conforme a moral da heteronomia. A concepção de construção da autonomia parte do princípio de que ela não pode ser ensinada e nem tão pouco é inata no sujeito, ela é construída nas relações que o indivíduo estabelece com o meio, e essa construção dependerá da “qualidade das relações interpessoais estabelecidas entre o sujeito e a fonte dos valores na sua vida” (CARVALHO, 1999, p.44). A autonomia consiste em assumir uma capacidade de interpretar leis advindas das relações sociais e de cooperação. (LA TAILLE, 2007, p. 10). Segundo Menin (1996, p. 42) “a autonomia moral, diz Piaget, é uma conquista possível para seres humanos, mas para isto acontecer é preciso percorrer um longo caminho”. Os estudos sobre moralidade nos levam a entender a evolução pela qual o sujeito moral passa, desde a anomia até a autonomia moral. A criança em sua formação moral parte de um estado de anomia, ou seja, de ausência de conhecimento de regras. Progressivamente, vai entrando em contato com regras externas a ela que são seguidas por coação ou obediência ao mais velho, esse é o momento em que há o predomínio de uma tendência heterônoma e caminha gradativamente para a possibilidade de construir regras e seguir regras nas quais acredite, esse é o predomínio da tendência autônoma. É importante destacar que para Piaget (1932/1994) heteronomia e autonomia não são fases percorridas como os estágios cognitivos. São tendências que de certa forma coexistem ao longo da vida do indivíduo. Na anomia, natural na criança pequena, ainda não existe a compreensão das leis e regras, mas, na medida em que a criança cresce e tem contato com outras crianças maiores, ela vai percebendo que existem regras. Na moral heterônomaessas regras são transmitidas a elas por meio da autoridade, as regras são obedecidas por medo das sanções expiatórias, mas essas regras não são internalizadas pelas crianças, e na ausência da autoridade, as regras são esquecidas. Em oposição a este entendimento,o que pode acontecer quando o ambiente não oferece condições para que a criança desenvolva sua moralidade autônoma? Segundo Piaget a heteronomia é o que predominará. Quando, por exemplo, o professor é autoritário e não permite o desenvolvimento moral da criança pela cooperação, cria-se uma relação de respeito unilateral, que resulta na heteronomia. Esse respeito é a origem da obrigação moral e do sentimento do dever: toda ordem partindo de uma pessoa respeitada, é o ponto de partida de uma regra obrigatória... são ordens devidas ao adulto e aceitas pela criança. Por conseqüência, esta moral do dever, sob sua forma original, é essencialmente heterônoma. (PIAGET, 1932/1994, p.154). Os efeitos da autonomia e da heteronomia são bem diferentes do que diz respeito à personalidade. Enquanto a heteronomia conduz o sujeito à acomodação a submissão ao mais forte, a autonomia conduz a construção da personalidade critica. (PIAGET, 1996). É essencial que a escola discuta o tema da autonomia, considerando-a um objetivo a ser desenvolvido e aperfeiçoado junto aos alunos pelo coletivo docente. De Vries (1998) ressalta como deve ser a escola para que ela promova esta autonomia: “o ambiente mais desejável é aquele que promove, em termos ótimos, o desenvolvimento da criança- sócio, moral, afetivo e intelectual”. (DE VRIES, 1998, p.13). O professor deve propiciar junto ao ambiente escolar, possibilidades do exercício da cooperação, e consequentemente da construção as regras pelo grupo. Nas atividades grupais, ao contrário, a prática da cooperação torna-se necessária para o andamento dos trabalhos, e nos encontros e desencontros de interesses e desinteresses [...]as crianças são obrigadas pela convivência, a estruturar melhor suas relações, surgem por necessidade do grupo, suas próprias regras. (MENIN, 1996, p.92). É preciso salientar que ao falar de autonomia no ambiente escolar, isso não significa que o professor permitirá que os alunos façam o que bem entendam porque são autônomos, mas esses alunos vão construir juntos a autonomia por meio do respeito as regras feitas por eles mesmos em virtude da cooperação e do respeito mútuo. (MENIN, 1996, p.99). A escola, e também o professor dispõem de meios para muitas vezes, bloquear ou modificar a visão do aluno e oferecer formas para que ele tenha um olhar mais justo em relação a questões sociais e até mesmo políticas. Neste sentido, “o professor assume importância como cidadão que contribui de forma argumentativa e crítica da realidade social concreta para provocar rupturas na ordem social vigente rumo a uma democracia popular” (ZIENTARSKI, 2013 p.117). Na visão piagetiana os meios são tão importantes quanto os fins, para ele, não se pode ensinar cooperação sem práticas que encorajem a cooperação, não se pode ensinar justiça sem práticas que levem a reflexão dos meios de resolução de conflitos, não se pode ensinar tolerância sem a prática da conversa e o respeito à opinião do próximo (MENIN, 2002). Desta forma, por meio das práticas morais, os alunos e os professores passariam pelo processo de construção de valores e regras que permitiriam que eles fizessem trocas, refletindo e construindo sua autonomia por meio das relações de solidariedade, cooperação e respeito mútuo. Entende-se que o meio influencia o indivíduo, que por sua vez influencia o meio (SANTOS, 2012), dessa maneira, é fundamental conhecer os processos pelos quais os alunos passam para construir sua moralidade, princípios e valores. Desta forma, a educação na escola deve passar pela construção de valores morais, construção essa que só é possível através das relações de cooperação, diálogo, trocas. Para Piaget (1932/1994, p.154), as relações sociais de cooperação são essenciais para o desenvolvimento moral, e consequentemente influenciam na construção de valores,pois sem estas relações não há cooperação mútua, e sem esta não há respeito e reciprocidade. Piaget (1932/1994) ressalta que sem a interação não há aprendizado, não há construção de conhecimento, nem tão pouco construção de valores. Nessa perspectiva, a circunstância ideal para a criança aprenda os valores que tanto almejamos, depende das relações baseadas na cooperação e no respeito mútuo que elas estabeleceram entre si. E partindo desta hipótese, a escola é o local mais oportuno, pois as crianças podem se relacionar com outras de uma forma igualitária. Práticas Morais A partir dos estudos realizados sobre o ambiente escolar e a sua influência na construção da autonomia e dos valores morais, propõe-se uma reflexão sobre as práticas morais para construir a autonomia em um ambiente propício que é a escola, e uma análise de como essas práticas podem influenciar o desenvolvimento moral dos alunos. A autonomia moral pressupõe uma ativa participação dos indivíduos na elaboração das regras. Trata-se de uma construção a partir de uma reflexão dos sujeitos, sempre dispostos a criar novas regras, ou melhorá-las se necessário. Segundo Puig, “a educação moral é essencialmente um processo de construção de si mesmo”. (PUIG, 1998, p. 20). Para entender o conceito de práticas, Puig (2004) formulou duas questões relacionadas a elas: quem protagoniza as práticas sociais e como se constrói a mente no interior de uma prática social. Quando refletimos sobre as práticas na escola, pensamos em um conjunto de estruturas que se realizam e se evidenciam neste ambiente. A partir disso, nasce um questionamento, até que ponto os sujeitos são protagonistas e criadores de suas práticas ou daquilo que fazem, ou eles apenas seguem os padrões previamente estabelecidos? Segundo Puig (2004), as práticas morais são acontecimentos educacionais organizados e rotinizados que dão oportunidade aos participantes de refletirem sobre situações, exercitar o autocontrole e construir a autonomia moral. Segundo o autor, “as práticas escolares nos falam daquilo que os educadores e os alunos fazem em conjunto na escola” (PUIG, 2004, p.55).Assim, as práticas nos permitem rever conceitos que nos ajudam a entender o modo como acontece o processo de construção da moralidade em uma relaçãodo aluno com o meio. Puig (2004) apresenta diferentes tipos de práticas, que ele classifica como procedimentais e substantivas. As práticas procedimentais subdividem-se em prática de reflexividade e de deliberação, e as práticas substantivas em práticas de virtude e normativas. As práticas procedimentais podem ser práticas de reflexividade, que são aquelas que proporcionam ao sujeito “meios para o autoconhecimento, a auto-avaliação e a autoconstrução pessoal”(PUIG, 2004, p.94). Essa prática tem por objetivo dirigir o sujeito ao conhecimento de si, reconhecendo a autenticidade de se pôr em contato consigo. As práticas de deliberação são “todas aquelas situações que convidam ao diálogo, à compreensão e ao intercambio construtivo de razões” (PUIG, 2004, p.95). Essa prática tem por finalidade oferecer meios para que os sujeitos dialoguem, questionem, tomem decisões, diante de uma necessidade ou um conflito em busca de possíveis soluções. As práticas substantivas podem ser de virtude, que “englobam todos os cursos de acontecimentos que cristalizam valores em uma forma social estabelecida-” (PUIG, 2004, p.95). Essa prática tem o desígnio de transmitir aos alunos as qualidades consideradas moralmente desejáveis, que exijam do sujeito uma excelência pessoal. As práticas normativas “tem a ver com as múltiplas ações levadas a efeito numa escola para transmitir as normas básicas que regem seu funcionamento” (PUIG, 2004, p.95). Essa prática define o que podemos considerar como correto ou incorreto em um comportamento, maneira der ser ou pensar. As práticas morais têm como objetivo fazer com que os sujeitos expressem pela ação suas restrições sociais e por meio desta ação possam modificar seus pensamentos e sentimentos e assim reconstruí-los de uma forma mais crítica. Assim como diz Puig, Por meio das práticas, os sujeitos se formam e as estruturas sociais se reproduzem. Portanto, as práticas permitem superar o dilema entre o objetivismo e subjetivismo; elas são um espaço onde a ação expressa as restrições sociais, mas onde essa mesma ação reproduz e modifica tais condições.(PUIG, 2004, p.36). Os educadores são os planejadores de práticas e devem visar a construção de um meio que seja educativo, onde os alunos possam ter contato um ambiente construtivo que instrua e forme. Este meio deve possibilitar formas de aprendizagem desde o ler e escrever até resoluções de conflitos. Sendo as práticas morais acontecimentos humanos organizados, faz-se necessário que estas sejam de fato vividas pelos sujeitos em conjunto com o meio (PUIG,2004). Nota-se então que: As práticas como contextos formais ou informais exercem uma ação educativa sobre os seus participantes. Uma prática moral é um curso de acontecimento culturalmente estabelecido que permite enfrentar situações significativas, complexas ou conflitantes do ponto de vista moral. (MATTOS, 2012, p.109). Desta forma, as práticas morais buscam capacidade dos sujeitos de socializar, resolver conflitos e organizar regras por meio da cooperação alcançando a autonomia do grupo. As práticas existem pela ação humana. “As práticas morais levam o ser humano ao desenvolvimento de valores, virtudes, conceitos de valor, sentido de coletividade, identidade pessoal e ética” (MATTOS, 2012, p.109). Por fim Puig (2004) nos fala que a educação voltada para o desenvolvimento da moral por meio de práticas morais nos convida a ir além da educação tradicional, e superar ainda o entendimento que a educação é unicamente um processo individualista onde o sujeito é autônomo sozinho ou que é um processo unicamente coletivo onde as relações sociais moldam a moral. Ele ainda ressalta que, Pretendemos nos aproximar de um modelo de intervenção pedagógica coerente com o conceito de prática. Trata-se de entender a ação educacional como uma tarefa centrada, de forma prioritária, no planejamento de práticas morais e construção de meios com uma densa cultura moral [...] os educadores devem ser, talvez acima de tudo, planejadores de práticas morais e construtores de meios educativos com um claro conteúdo moral. (PUIG, 2004, introdução). Com isso pode-se concluir que a educação moral vai depender de uma forma significativa, da construção de um meio educacional em que aspráticas demonstrem valores morais que vão reger todos os alunos/sujeitos ao longo de suas vidas. Objetivos Principal Investigar e analisar as práticas morais utilizadas pelos professores no desenvolvimento da ação educativa com o objetivo de construir autonomia. Secundários 1 - Investigar a consciência que tais docentes têm a respeito dessas práticas. 2 - Verificar se eles desenvolvem práticas morais que contribuam para que os alunos se desenvolvam moralmente. 3 - Identificar os comportamentos morais dos alunos submetidos a tais práticas. Materiais e Método Pesquisa Bibliográfica Para a proposta de pesquisa apresentada, no primeiro momento foi desenvolvido levantamento bibliográfico inicial que será complementado apresentando ao final um estudo sobre pesquisas nos últimos cinco anos a respeito dos temas: construção da autonomia moral na escola e práticas morais. As bases da dados a serem utilizadas são: SAGE Journals e Scielo (Scientific Electronic Library Online). Pesquisa de Campo Delineamento da pesquisa Essa pesquisa é descritiva e qualitativa. Como estratégia de coleta de dados será feito um estudo de caso. Cada um desses termos exige uma explicação. A pesquisa é descritiva, pois trabalha com o registro e análise de dados obtidos por meio de questionário, observação e análise de documentos. A intenção é de contato com o objeto, compreensão para posteriores reflexões (CAMPOS, 2001). A pesquisa qualitativa uma vez que os dados não serão quantificados, mas analisados, interpretados e relacionadosde acordo com a base teórica (CAMPOS, 2001). A estratégia de coleta de dados será o estudo de caso. Como estratégia de pesquisa, utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados […] Em todas essas situações, a clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo e compreender fenômenos sociais complexos[...] Em resumo, o estudo de caso permite uma investigação para preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real. (YIN, 2005, p.20). Segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que tem como procedimento a observação e coleta de dados no ambiente ao qual o estudo será realizado, e análise se interpretação dos dados. Local e Participantes Esta pesquisa será realizada em uma escola de ensino fundamental na cidade de São Paulo vista como participativa e comparar o discurso educacional proposto pela escola com as práticas observadas e utilizadas pelos professores dessa respectiva escola. O estudo nos proporcionará uma visão mais ampla das práticas morais e possibilitará confrontar as ideias presentes nos discursos educacionais da escola e dos professores, mostrando suas possíveis semelhanças ou diferenças com base nas teorias citadas neste projeto, e ainda analisar os objetivos das escolas em seu projeto e no dia-a-dia da escola. Para tal estudo, todos os professores dos 7º, 8º e 9º anos serão convidados a participar da pesquisa respondendo a uma entrevista semi-estruturada. E os alunos serão observados em momentos na sala de aula (na presença do professor), e em momentos de atividades livres na hora do intervalo da aula (sem a presença do professor). Além disso, os alunos serão entrevistados com o objetivo de identificar suas concepções sobre a importância das atividades realizadas pelos professores e ainda diagnostico do juízo moral no que se refere aos temas: responsabilidade e justiça. Instrumentos e procedimentos Como instrumento será elaborado um roteiro aberto de entrevista a ser aplicado nos professores das séries acima citadas com questões relacionadas ao objetivo da pesquisa, ou seja: 1) Investigar as práticas morais utilizadas pelos professores; 2) Avaliar as concepções desses professores a respeito da influência de tais práticas no desenvolvimento da autonomia do aluno; Além do questionário serão realizadas análise dos documentos escolares (Projeto Político Pedagógico e planejamentos dos professores) visando identificar a previsão de práticas morais, e observações em sala, visando identificar se há práticas morais que tenham ou não sido apontadas pelos professores. Além do questionário com os professores, será elaborado um roteiro de observação de aula, e ainda um roteiro de observação das crianças e entrevistas tendo como base o roteiro de entrevista elaborado por Piaget em relação a responsabilidade e justiça (O juízo moral na criança). Será observado o relacionamento professor/aluno e aluno/aluno, seus conflitos e quais meios eles dispõem para solucioná-los. Os dados obtidos nas entrevistas, nas observações de aulas e na consulta ao projeto político pedagógico da escola, assim como as entrevistas com os alunos e observações de suas vivencias serão organizados contendo as seguintes categorias de analise: Como os alunos se relacionam e resolvem seus conflitos, Como é desenvolvido o trabalho dos professores e qual o seu papel no processo do desenvolvimento da moralidade autônoma. Como o projeto político pedagógico aborda a questão da autonomia e qual a importância que este da a ela de fato. Quais as práticas morais propostas intencionalmente pelos professores e quais outras práticas que podem ser identificadas na observação. Qual o nível de elaboração dos alunos com relação aos juízos morais referentes aos temas responsabilidade e justiça. Aspectos Éticos O contato inicial será estabelecido com a diretora da escola. Para iniciar a investigação, serão entregues o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantesexplicando-se como será realizado o estudo. O projeto será apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade deFilosofia e Ciências, Unesp, Campus de Marília, e só iniciaráa coleta de dados somente após o parecer favorável. Forma de Análise dos Dados A análise dos dados se dará da seguinte forma: As observações em sala serão transcritas e será realizada uma categorização temática a partir da identificação das práticas morais. Em seguida serão analisadas as entrevistas também identificando as práticas e a avaliação do professor em relação a sua eficácia no desenvolvimento da autonomia moral. Será analisado o Projeto Político pedagógico e as respostas dos alunos. Por fim os dados serão comparados visando relacionar as diversas fontes. Plano de Trabalho e Cronograma de Execução Meses Levantamento 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22, 2, 5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, 3 6 9 12 15 18 21 24 X x x X x x x x x x x x x X bibliográfico Elaboração dos instrumentos de coleta de dados Análise do projeto X político pedagógico Observação na escola Entrevistas com X os x professores Entrevista com os alunos Análise dos dados Elaboração final x x X Referências CARVALHO, J, S, F. [et al]. Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. CARVALHO, E, J, G. Novas perspectivas para os estudos comparativos em Educação.Universidade Estadual de Maringá. Paraná. 2008. DE VRIES, R. et al. 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