ANOTAÇÕES EM FARMÁCIA CLÍNICA Aplicação clínica dos principais diuréticos no tratamento anti-hipertensivo hipertensiva ao IECA ou betabloqueadores superior àquela obtida com diurético. - o tratamento da hipertensão grave que não responde a 3 ou mais agentes pode necessitar de doses maiores de diuréticos tiazídicos (50 mg de hidroclorotiazida). Com efeito, os pacientes hipertensos podem tornar-se refratários a agentes que bloqueiam o sistema nervoso simpático ou a fármacos vasodilatadores, visto que esses fármacos produzem um estado em que a pressão arterial depende muito do volume. - O grau de perda de K+ esta relacionado com a quantidade de Na+ liberada no túbulo distal. A restrição dietética de Na+ pode minimizar o desenvolvimento de hipopotassemia e alcalose. A depleção de K+ é dose dependente, e pode causar arritmia ventricular, e fibrilação ventricular isquêmica com morte súbita. - a eficácia das tiazidas é progressivamente reduzida quando a taxa de filtração glomerular cai abaixo de 30 mL/min. - a maioria dos pacientes responde aos diuréticos tiazídicos com uma redução da PA em 2 - 4 semanas, porém uma minoria não consegue redução máxima da PA durante um período de até 12 semanas. Por isso, as doses não devem ser aumentadas mais frequentemente que a cada 2 - 4 semanas. - os diuréticos também têm a vantagem de reduzir a retenção de sal e de água comumente causada pelos vasodilatadores e por alguns simpaticolíticos. - os diuréticos tiazídicos são mais eficazes do que os de alça em pacientes com função renal normal, devido á curta duração de ação apresentada por esses últimos. - A indapamida é um derivado sulfamídico correlacioando aos diuréticos tiazídicos. Atua logo na primeira hora após ter sido administrada e possui ação prolongada por 24 horas. Sua posologia é de um comprimido de 1,5 mg ao dia, tomado pela manhã, com água e não devem ser mastigados ou partidos (formulação de liberação sustentada "SR"). O aumento da dose não aumenta a ação anti-hipertensiva da indapamida, enquanto que aumenta seus efeitos diurético e adversos. A indapamida apresenta certas vantagens em relação aos demais diuréticos tiazídicos tradicionais: - reduz a hipertrofia do ventrículo esquerdo; - não altera o metabolismo lipídico; e - não altera a tolerância à glicose em hipertensos diabéticos. Diuréticos na hipertensão arterial Principais classes: Tiazídicos e agentes relacionados Diuréticos de alça Diuréticos poupadores de potássio Mecanismo geral de ação - diminuição da volemia e redução da resistência vascular periférica. Os mecanismos potenciais para reduzir a RVP mediante uma redução persistente do Na+ corporal incluem a diminuição do volume de líquido instersticial; queda da concentração do Na+ do músculo liso, que pode reduzir secundariamente a concentração intracelular de Ca+, de modo que as células se tornam mais resistentes a estímulos contráteis; e alterações na afinidade e na resposta dos receptores de superfície celular a hormônios vasoconstritores. Aplicação clínica: Para uso como anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos tiazídicos e similares, em baixas doses. Os diuréticos de alça são reservados para situações de hipertensão associada à insuficiência renal com taxa de filtração glomerular menor que 30 mL/min e na insuficiência cardíaca com retenção de volume. A associação de diuréticos tiazídicos com diuréticos de alça pode ser benéfica para o controle do edema e da pressão arterial em pacientes com insuficiência cardíaca e renal. Os diuréticos poupadores de potássio apresentam pequena eficácia diurética, mas quando associados aos tiazídicos ou de alça são úteis na prevenção e no tratamento de hipopotassemia. Seu uso em pacientes com redução da função renal poderá acarretar hiperpotassemia. 1) Diuréticos Tiazídicos (Clortalidona, Hidroclorotiazida e Indapamida). Mecanismo de ação: bloqueio do simportador de Na+ Cl- nas membranas das células do túbulo contorcido distal. - a administração desses diuréticos no tratamento a longo prazo da hipertensão deve ser feita em conjunção com agente poupador de K+ (amilorida, espirolactona ou triantereno). - Os diuréticos tiazídicos promovem aumento na reabsorção transcelular de Ca+ no túbulo contorcido distal, tendo sido utilizado na perda de Ca+ por osteoporose em pacientes com hipercalciúria. - quando utilizados como monoterapia, a dose máxima diária dos tiazídicos não deve exceder a 25 mg de hidroclorotiazida ou clortalidona. Os estudos clínicos realizados até o momento indicam que, se não for obtida uma redução adequada da pressão arterial com dose diária de 25 mg, deve-se adicionar um segundo agente em vez de aumentar a dose do diurético. - os IECAS/ARA atenuam, até certo ponto, a perda de potássio induzida por diuréticos tiazídicos, devendo-se considerar essas abordagens se for necessário um segundo agente. - pacientes de origem caucasiana, idade menor que 65 anos e nível basal elevado ou normal de renina indicam uma resposta anti- Efeitos adversos dos diuréticos tiazídicos - a impotência sexual constitui o efeito colateral desagradável mais comum dos diuréticos tiazídicos. - a gota pode ser uma consequência da hiperuricemia induzida por esses fármacos. - cãibras musculares são dependentes da dose. - os diuréticos tiazídicos não devem ser administrados simultaneamente com fármacos passíveis de causar taquicardia ventricular polimórfica (torsades de points) - quinidina e sotalol. - os tiazídicos aumentam os níveis de lipoproteínas LDL e elevam a relação LDL/HDL. - Esses fármacos aumentam o nível de hemoglobina glicosilada em pacientes com diabetes melito. Esse achado, somado à evidências de que os IECA retardam a deterioração da função renal em diabéticos, sugere que os diuréticos tiazídicos não constituem os fármacos de primeira escolha na monoterpaia de 1 Marcelo A. Cabral ANOTAÇÕES EM FARMÁCIA CLÍNICA pacientes hipertensos com diabetes (exceto indapamida).. quanto à 2) Diuréticos de Alça (Furosemida, Bumetamida, Toresemida e ácido etacrínico) - a insuficência renal constitui uma contra indicação relativa para o uso de diuréticos poupadores de potássio. Mecanismo de ação: inibição reverssível e competitiva do cotransportador de Na+K+2Cl- no RAE da Alça de Henle, inibindo a reabsorção de sódio. - Esses fármacos são menos eficazes do que os tiazídicos; - os diuréticos de alça produzem natriurese rápida e profunda, o que cosntitui uma desvantagem potencial para o tratamento da hipertensão (sendo melhor utilizados em emergências hipertensivas). - Podem ser particularmente úteis para pacientes com azotemia e para aqueles com edema grave associado a um vasodilatador como o minoxidil, edema pulmonar ou periférico. - produzem hipercalciúria (ao contrário dos tiazídicos); - hipopotassemia também pode estar presente; - hipéruricemia; - intolerância à glicose; - hipomagnesemia; - ototoxicidade dose dependente - que pode ser garavada pelo uso de aminoglicosídios, devido à alteração dos eletrólitos da endolinfa. Principais Interações Farmacológicas associadas aos diuréticos: - Como os efeitos anti-hipertensivos dos diuréticos são frequentemente aditivos com os de outros anti-hipertensivos, é comum o uso de um diurético em combinação com outros fármacos. - a administração concomitante de diuréticos com quinidina e outros fármacos que causam taquicardia ventricular polimórfica aumenta acentuadamente o risco dessa arritmia. Os efeitos de depleção de K+ e de Mg+ dos diuréticos de alça e dos diuréticos semelhantes às tiazidas também podem potencializar as arritmias que surgem em decorrência da intoxicação por digitálicos. - os corticosteróides podem aumentar a hipopotassemia provocada pelos diuréticos. - todos os diuréticos podem reduzir a depuração de Li+, resultando em concentrações plasmáticas elevadas de Li+ e toxicidade potencial. - os antiinflamatórios não-esteroidais que inibem a síntese de prostaglandinas reduzem os efeitos anti-hipertensivos dos diuréticos. - os antiinflamatórios não-esteroidais, os antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos e os inibidores da enzima conversora de angiotensina reduzem as concentrações plasmáticas de aldosterona e podem potencializar os efeitos hiperpotassêmicos de um diurético poupador de K+. 3) Diuréticos Poupadores de Potássio (Espirolactona, Amilorida e Triantereno) Mecanismo de ação da espirolactona: inibe a ação da aldosterona através de sua ligação ao receptor de mineralcorticóide, impedindo a translocação nuclear. Mecanismo de ação da amilorida e triantereno - inibem competitivamente os canais de Na+ epiteliais. - esses fármacos são diuréticos leves; - a espirolactona pode ser particularmente útil para indivíduos com hiperuricemia clinicamente significativa, hipopotassemia ou intolerância à glicose, e constitui o agente de escolha para o tratamento do aldosteronismo primário. - a espirolactona não afeta as concentrações séricas de Ca+ ou de glicose. - os outros diuréticos poupadores de potássio (triantereno e amilorida) são utilizados primariamente para reduzir a caliurese e potencializar o efeito hipotensor da tiazida. - esses agentes devem ser utilizados com cautela, devendo-se efetuar determinações frequentes das concentrações de potássio em pacientes predispostos a hiperpotassemia. Posologia básica dos diuréticos Medicamento Clortalidona Hidroclorotiazida indapamida Indapamida Sr Bumetamida Furosemida Piretanida Amilorida Espirolactona Triantereno Mínima 12,5 mg 12,5 mg 2,5 mg 1,5 mg 0,5 mg 20 mg 6 mg 2,5 mg 25 mg 50 mg máxima 25 mg 25 mg 5 mg 5 mg Xx Xx 12 mg 10mg 100mg 100 mg tomadas 1 1 1 1 manhã 1-2 1-2 1 1 1-2 1 Referências Bibliográficas 1. GILMAN, A. G. As Bases farmacológicas da Terapêutica. 10 edição. Rio de Janeiro: Mc-Graw Hill, 2005. 2. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ЖЖЖЖЖЖ 2 Marcelo A. Cabral