UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL DOUGLAS NICARETTA A EVOLUÇÃO DO POSICIONAMENTO DO FIAT UNO DESDE 1984 ATRAVÉS DE ANÚNCIOS NA REVISTA QUATRO RODAS CAXIAS DO SUL 2015 DOUGLAS NICARETTA A EVOLUÇÃO DO POSICIONAMENTO DO FIAT UNO DESDE 1984 ATRAVÉS DE ANÚNCIOS NA REVISTA QUATRO RODAS Monografia do curso de Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito para a obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Eduardo Luiz Cardoso CAXIAS DO SUL 2015 DOUGLAS NICARETTA A EVOLUÇÃO DO POSICIONAMENTO DO FIAT UNO DESDE 1984 ATRAVÉS DE ANÚNCIOS NA REVISTA QUATRO RODAS Monografia do curso de Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito para a obtenção do título de Bacharel. Aprovado em: ___/___/___. Banca Examinadora _________________________________________ Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso Universidade de Caxias do Sul – UCS _________________________________________ Prof. Me. Maria Goréte do Amaral Gedoz Universidade de Caxias do Sul – UCS _________________________________________ Prof. Me. Ronei Teodoro da Silva Universidade de Caxias do Sul – UCS RESUMO O tema deste trabalho monográfico é o posicionamento de mercado do Fiat Uno de 1984 a 2014. O objetivo geral é avaliar a evolução do posicionamento do Uno ao longo dos 30 anos de presença do veículo no mercado automotivo brasileiro, através da pergunta “de que forma evoluiu o posicionamento de mercado do Fiat Uno no Brasil?”. O método para tal pesquisa é do tipo descritivo e de técnica documental. Para a sustentação dos resultados da pesquisa, foi utilizada a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de algumas informações e imagens disponibilizadas em meio eletrônico. Foram utilizados para a análise anúncios da revista Quatro Rodas, disponíveis em acervo digital da Editora Abril e físico na Biblioteca Central da Universidade de Caxias do Sul, coletados durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2015. Ao final deste trabalho, são apresentados os anúncios em quatro fases, dispostos assim para uma melhor análise dos mesmos, observando-se dois reposicionamentos ao longo da trajetória do Uno no Brasil; inicialmente, o veículo tinha por característica de posicionamento a funcionalidade, que passou a ser custobenefício e por fim descolado. Palavras-chaves: Posicionamento. Fiat. Uno. Reposicionamentos. ABSTRACT The theme of this monograph is the Fiat Uno positioning from 1984 to 2014. The general objective is to evaluate the evolution of the position of the 30 years of presence in the Brazilian automotive market through the question "how It evolved the market positioning of the Fiat Uno in Brazil?". The method for this research is descriptive and documentary technique. To support the results, was used bibliographic research and searched some information and images in electronic media. For its development, ads in the Quatro Rodas magazine were used, available in Editora Abril digital collection and physical in Biblioteca Central of Universidade de Caxias do Sul, collected during the months of January, February and March 2015. At the end of this work the ads appear in four phases for a better analysis, observing two repositioning along the Uno's trajectory in Brazil.; Initially, the vehicle had feature of functionality, which happened to be cost-effective and finally cool. Keywords: Positioning. Fiat. Uno. Repositioning. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Sistema simples de marketing..................................................................13 Figura 2 – Os sete “Ps” do marketing........................................................................17 Figura 3 – Hierarquia das necessidades....................................................... .............18 Figura 4 – Como o brand equity gera valor................................................................20 Figura 5 – Posição de marca..................................................................................... .28 Figura 6 – Diferenciação...................................................................... ........................30 Figura 7 – Explosão da concorrência........................................................................ .34 Figura 8 – Primeiro automóvel da Fiat: 3 ½ Hp........................................................ ..38 Figura 9 – Primeiro modelo do Fiat Uno................................................................... ...40 Figura 10 – Concorrentes do Fiat Uno das quatro grandes montadoras do Brasil de 1984 a 2014................................................................................................................42 Figura 11 – Novo Uno.................................................................................................43 Figura 12 – Ano de lançamento dos modelos Uno.....................................................44 Figura 13 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 1..................................................45 Figura 14 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 2..................................................46 Figura 15 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 3..................................................46 Figura 16 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 4..................................................47 Figura 17 – Anúncio Uno outubro de 1985.................................................................48 Figura 18 – Anúncio Uno fevereiro de 1989................................................................49 Figura 19 – Anúncio Uno dezembro de 1993............................................................ ..50 Figura 20 – Anúncio Uno agosto de 1995...................................................................51 Figura 21 – Anúncio Uno agosto de 1997 parte 1.......................................................52 Figura 22 – Anúncio Uno agosto de 1997 parte 2.......................................................52 Figura 23 – Anúncio Uno maio de 2000.................................................................... ..54 Figura 24 – Anúncio Uno junho de 2010................................................................... ..55 Figura 25 – Anúncio Uno maio de 2013......................................................................56 Figura 26 – Anúncio Uno outubro de 2014.................................................................57 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Posicionamento do Uno conforme as fases do estudo............................58 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9 2 POSICIONAMENTO............................................................................. ....................12 2.1 MARKETING.......................................................................................... ...............12 2.2 MARCA E BRAND EQUITY..................................................................................18 2.3 IDENTIDADE DE MARCA.............................................................. .......................21 2.3.1 Armadilhas de identidade de marca........................................................22 2.4 POSICIONAMENTO.............................................................................................23 2.4.1 Princípios de um posicionamento eficaz................................................26 2.5 REPOSICIONAMENTO........................................................................................31 2.5.1 Situações de reposicionamento..............................................................32 3 O FIAT UNO........................................................................................................... ..37 3.1 A FIAT............................................................................................................ ........37 3.2 O UNO..................................................................................................................39 4 ANÁLISE DAS PEÇAS PUBLICITÁRIAS DO FIAT UNO NA REVISTA QUATRO RODAS DE 1984 A 2014...........................................................................................45 4.1 PRIMEIRA FASE: 1984 A 1989................................................................. ............45 4.2 SEGUNDA FASE: 1990 A 1999.................................. ..........................................50 4.3 TERCEIRA FASE: 2000 A 2009............................ .................................................54 4.4 QUARTA FASE: 2010 A 2014...............................................................................55 5 CONCLUSÃO....................................................................................................... ...59 REFERÊNCIAS..........................................................................................................61 APÊNDICE.................................................................................................................64 ANEXOS.....................................................................................................................70 9 1 INTRODUÇÃO Ao falarmos da economia brasileira, a indústria automobilística é um dos primeiros setores que surge em nossa mente. Dada a sua importância e representatividade, tornam-se sempre interessantes estudos mais aprofundados sobre o setor, independente do assunto abordado na pesquisa. Neste ramo da indústria, são quatro as empresas mais destacadas, sendo estas as montadoras com maior participação de mercado de acordo com Bezerra (2013): Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford. A rivalidade que vem sendo fomentada entre estas quatro maiores empresas deve-se principalmente à disputa de market share1, onde seus modelos populares, conhecidos também como modelos de entrada ou hatches compactos2, contribuem massivamente para a elevação do número de vendas e a disputa pelo primeiro posto. O objeto de pesquisa em questão neste estudo é o Fiat Uno, veículo que completa três décadas de fabricação e venda no Brasil em 2014. Segundo o site da empresa, a Fiat é desde 2002 a montadora líder de venda de automóveis no país, e o Uno é um veículo de grande representatividade na história da empresa por ser fabricado há tanto tempo. Em toda a trajetória do Uno no Brasil, observa-se que o posicionamento do produto evoluiu com o passar dos anos, ficando mais evidente o recente reposicionamento, visto a evolução do design do veículo. A proposta de valor para os consumidores é hoje bem diferente do que era no princípio. O tema deste estudo é Posicionamento de mercado do produto Fiat Uno de 1984 a 2014. Inicialmente, será abordado de forma ampla o conceito de posicionamento e reposicionamento dentro das definições de marketing, bem como levantado um histórico da marca Fiat e do veículo. A partir disso, serão analisados os posicionamentos do Fiat Uno desde o início da sua fabricação no Brasil em 1984. Para tanto, serão utilizados anúncios impressos da revista Quatro Rodas. A revista foi escolhida por ser especializada no meio automotivo, além de serem encontrados com recorrência anúncios do Fiat Uno. O Fiat Uno é um dos veículos de maior tradição no mercado automobilístico nacional. Essa característica decorre do fato de o Uno estar em fabricação no país 1 2 Termo que se refere ao grau de participação de uma empresa no mercado. Hatches compactos são os chamados modelos de entrada, as opções mais simples e baratas do mercado automotivo. 10 desde 1984, sendo um dos veículos há mais tempo produzidos no Brasil e também o segundo veículo de maior venda da história do país, de acordo com informações do portal de notícias R7 (2013). Apenas o Volkswagen Gol tem maior número de unidades comercializadas que o modelo da Fiat, tendo mais de 6 milhões de unidades vendidas contra 3,2 milhões do Uno até 2013. Diante destes argumentos, e visto a recente remodelação do design do veículo, percebeu-se uma nova forma da Fiat comunicar o Uno com o passar dos anos. Outros estudos aprofundados deste tema e com este foco não existem, o que corrobora ainda mais com a necessidade deste trabalho. A questão norteadora deste trabalho é “De que forma evoluiu o posicionamento de mercado do Fiat Uno no Brasil?”. O objetivo geral deste é avaliar a evolução do posicionamento de mercado do Fiat Uno ao longo dos 30 anos de presença no Brasil, e os objetivos específicos são definir o que é posicionamento e reposicionamento a partir de conceitos de marketing, levantar histórico sobre a marca Fiat e o produto Uno e analisar as estratégias de posicionamento e reposicionamento adotadas pela Fiat em relação ao Fiat Uno ao longo dos últimos 30 anos através de anúncios da revista Quatro Rodas. Em questões metodológicas, o estudo terá um viés qualitativo, e se dará através de uma pesquisa bibliográfica descritiva e de técnica documental, a partir da coleta de anúncios da revista, disponíveis em meio digital e físico. A metodologia científica é conceituada por Barros e Lehfeld (2007) como um estudo e avaliação dos diversos métodos disponíveis para pesquisa. Ela corresponde a uma série de procedimentos que devem ser utilizados para a obtenção de um conhecimento específico. Em outras palavras, ela é “o estudo da melhor maneira de abordar determinados problemas no estado atual de nossos conhecimentos. Não procura soluções, mas escolhe maneiras de encontrá-las […]”. (BARROS E LEHFELD, 2007, p. 2) A pesquisa do presente estudo será do tipo descritiva. Conforme Cervo, Bervian e da Silva (2007, p. 61), uma pesquisa descritiva “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. De acordo com os autores, esse tipo de pesquisa é desenvolvido principalmente nas ciências sociais. São abordados problemas que merecem estudo, cujo registro não está documentado. Os dados necessitam ser coletados e registrados. Para tanto, a abordagem da pesquisa será qualitativa. 11 A técnica para a pesquisa será a documental, que segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007) caracteriza-se pela investigação de documentos com a finalidade de descrever e comparar diversas características. Através de um método de estudo de caso, serão levantados anúncios do Fiat Uno na revista Quatro Rodas desde 1984 com a finalidade de observar as mudanças de posicionamento do produto ao longo das três décadas de existência no Brasil. Trata-se de um estudo a partir de bases documentais para posterior análise dos mesmos documentos. 12 2 POSICIONAMENTO 2.1 MARKETING O uso do termo marketing, segundo Pinho (2001), teve seu início nos Estados Unidos, nos primórdios do século XX. Porém, o marketing teve um grande desenvolvimento a partir da década de 1930, onde foi fundada a American Marketing Association (AMA), dedicada a congregar os profissionais da área. Nesta mesma época, as universidades norte-americanas começaram a oferecer os primeiros cursos voltados ao marketing. Pinho (2001) indica que a partir da década de 1930, a capacidade produtiva das empresas aumentou, e em determinados setores, superou a demanda. Desta forma, muitos fabricantes passaram a enfrentar uma concorrência severa, exigindo deles uma forma mais agressiva de atingir os seus potenciais consumidores. O enfoque então da produção passou a ser orientado para as vendas, sendo o consumidor e os problemas de demanda participantes dos primeiros conceitos modernos de marketing. Souza (2007) cita brevemente a revolução do marketing no século XX, porém ele detém-se ao surgimento do marketing no Brasil, a partir da década de 1950, onde surge a primeira geração do marketing, segundo ele. Neste período, que vai até 1960, as empresas iniciaram a utilizar algumas ferramentas do marketing, como promoção, propaganda, venda e distribuição de uma forma desorganizada. As exceções eram subsidiárias de empresas norte-americanas, que já possuíam departamentos de marketing estruturados e os trouxeram consigo para o Brasil. Pinho (2001) também diz que o surgimento do marketing no Brasil data dos anos 50, trazido por multinacionais norte-americanas e europeias que já possuíam setor estruturado. Ele destaca que desde então não foi possível traduzir para a língua portuguesa o termo marketing, pois nenhuma palavra foi capaz de definir com abrangência e plenitude o que ele é. O marketing foi definido por Kotler e Keller (2012) como algo que tem como finalidade suprir necessidades humanas com a capacidade de gerar lucro. Porém, a definição de marketing é algo variável, já que se pode “estabelecer definições de marketing sob as perspectivas social e gerencial”. (KOTLER e KELLER, 2012, p. 3) Sob o aspecto gerencial, Kotler e Keller (2012) afirmam que muitos descrevem equivocadamente o marketing como uma arte para vender produtos, porém a parte mais importante não é a venda em si. O objetivo é tornar desnecessário o esforço de 13 venda, conhecendo o cliente de modo que o produto se adapte e se venda sozinho. As atividades de marketing são relativas a diversos tipos de produtos, como afirmam Kotler e Keller (2012). Podem ser relacionadas a bens, serviços, pessoas, experiências, lugares, organizações, propriedades, informações e ideias, porém a maior parte dos esforços e produção de marketing são constituídos pelos bens tangíveis. Estas atividades são realizadas pelo profissional de marketing, “que busca uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada cliente potencial (prospect)”. (KOTLER e KELLER, 2012, p. 5) Estes profissionais também tem a responsabilidade, segundo Kotler e Keller (2012), de gerenciar a demanda pelo produto da empresa, independente de qual for o interesse do consumidor pelo produto. Nesta relação entre o profissional e o prospect3, existe outro componente fundamental do marketing, o mercado. Segundo Kotler e Keller (2012), alguns economistas afirmam que mercado é um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações; ao mesmo tempo, os profissionais de marketing consideram como mercado os grupos de clientes, enquanto as empresas vendedoras formam o setor produtivo. A Figura 1 demonstra o relacionamento entre o setor produtivo e o mercado, ligados por quatro fluxos, em um modelo de troca. Os vendedores enviam a sua comunicação e os bens ou serviços ao mercado, recebendo dinheiro e informações. Figura 1 – Sistema simples de marketing. Fonte: KOTLER E KELLER, 2012, p.7. Em uma visão atualizada, a American Marketing Association (2013) define o marketing sendo a atividade e os processos de criação, comunicação, entrega e 3 Termo estrangeiro que designa possíveis clientes para um determinada empresa. 14 troca de ofertas de valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade. Pinho (2001) trabalha com um conceito moderno de marketing, onde o problema para os fabricantes é compatibilizar a produção com o consumo, sabendo quais são os mercados existentes e quais suas necessidades. O autor cita Gracioso (1971) para definir marketing, onde ele diz que Marketing é o planejamento e execução de todos os aspectos de um produto (ou serviço), em função do consumidor, visando sempre maximizar o consumo e minimizar os preços, tudo resultando em lucros contínuos e a longo prazo para a empresa. (GRACIOSO, 1971, p. 26) Pinho (2001) continua dizendo que a finalidade de toda empresa é “servir o consumidor, começando pela definição de seus gostos, desejos e necessidades e terminando por oferecer produtos e serviços que o satisfaçam do modo mais eficiente possível”. (PINHO, 2001, p. 23) Essa característica, segundo sua visão moderna, não é exclusiva de nenhum tipo de empresa, por decorrência do desenvolvimento tecnológico, do aumento da concorrência, da utilização crescente da publicidade, da instabilidade econômica e do papel mais crítico e consciente do consumidor. O autor destaca a diferenciação entre os conceitos de venda e de marketing, que são distintos e não devem ser confundidos. A venda, segundo Pinho (2001), tem seu foco nas necessidades do vendedor, enquanto o marketing está voltado para as necessidades do comprador. O objetivo da venda é que o vendedor gere dinheiro, e o do marketing é “satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e dos serviços que estão associados com a sua criação, distribuição e consumo final”. (PINHO, 2001, p. 24) Quanto aos ambientes de marketing, Pinho (2001) define-os como o conjunto das forças externas que envolvem a empresa, e que são influenciadores das decisões e atividades de marketing. Ele distingue os ambientes como microambiente, formado pelos fornecedores, intermediários, concorrência, clientela e a própria empresa, e macroambiente, que é constituído do ambiente legal e político, do ambiente tecnológico, do ambiente demográfico, do ambiente cultural e social, do ambiente econômico e do ambiente físico. Pinho (2001) detalha as atividades mercadológicas que formam o sistema de marketing, afirmando que o sistema tem por função agregar “uma quantidade de elementos (ou subsistemas), cada um deles devendo obrigatoriamente trabalhar em 15 conjunto com os demais elementos para a maximização da eficiência do sistema na consecução dos objetivos de marketing”. (PINHO, 2001, p. 29) Todavia, as decisões de marketing estão sujeitas à influência de diversas variáveis e situações que se alteram. As variáveis incontroláveis são externas à empresa, e fazem parte do macroambiente de marketing. Já as variáveis controláveis são controladas pelos gerentes de marketing, e são elas que formam o sistema de marketing exposto por Pinho (2001). Fazem parte das variáveis controláveis a pesquisa de marketing, o produto, as marcas registradas, a embalagem, o preço, os descontos, os fornecedores, os canais de distribuição, a distribuição física, a publicidade, a venda pessoal, a promoção de vendas, as relações públicas, os serviços e as garantias. Para a introdução do produto no mercado, a empresa utiliza um mix de marketing, que é uma combinação de algumas das variáveis controláveis dispostas, a fim de dar conhecimento e induzir os consumidores a dar preferência de compra ao seu produto. Dependendo das características do produto e dos consumidores, os instrumentos do mix são utilizados de maneiras e intensidades diferentes, cabendo ao profissional de marketing saber dosar cada um deles. Os componentes mais clássicos do mix de marketing são conhecidos como “quatro Ps”, que são o produto, o preço, a praça e a promoção. Já Souza (2007) cita Peter Drucker, que em 1954 deu uma das primeiras definições de marketing, que é “função única da empresa moderna, e que tem por objetivo conquistar e preservar clientes”. (DRUCKER apud SOUZA, 2007, p.11) Sendo assim, na visão de Souza (2007), o marketing envolve toda a empresa, e não apenas o departamento. Reichelt (2013) afirma que o marketing são todas as ações realizadas por uma organização com intuito de atrair e reter clientes, desenvolvendo e gerenciando produtos que satisfaçam os clientes, com responsabilidade de fazer o produto estar disponível no lugar certo, no tempo certo e a um preço aceitável. O objetivo é atender às necessidades de uma forma lucrativa, sendo imprescindível que exista uma pesquisa abrangente de todos os aspectos da vida do consumidor, identificando os seus hábitos, crenças e preferências, tornando assim as decisões de marketing mais seguras e eficientes. A autora ressalta que é necessário que todos da organização tenham uma visão apropriada do marketing da empresa, centrados no cliente com a consciência de mantê-lo satisfeito e fiel. Honorato (2004) define o marketing como uma atividade mercadológica que 16 visa a conquista e manutenção lucrativas dos clientes por meio de processos de troca que atendam as necessidades, desejos e expectativas, buscando conquistar a fidelidade do cliente para uma empresa, produto ou serviço. O autor afirma que a essência do marketing está no processo de troca, onde as empresas identificam as necessidades e desejos do cliente e buscam a satisfação dos mesmos. Em uma análise mercadológica, planeja-se, identifica-se e define-se quais são os mercados-alvo, criando as ofertas para atender as suas necessidades. Desta forma, subentende-se em um processo de troca que haja uma oferta de valor, com diferenciais que atendam as expectativas do possível comprador. Como colocado por Honorato (2004), a troca é uma das funções básicas do marketing, correspondente à compra e venda. Existem também a função de distribuição física, que envolve o transporte e armazenamento, e a função de facilitação, que engloba a graduação de produtos, o financiamento, as tomadas de risco por parte da empresa e a pesquisa de mercado. O consumidor não busca a compra de um produto, afirma Honorato (2004). Os consumidores ao adquirirem um produto buscam soluções para seus problemas. Desta forma, o marketing busca atender seus desejos e necessidades por meio de ações mercadológicas reunidas no chamado composto de marketing ou marketing mix, que constitui-se no conjunto de variáveis controláveis que a empresa pode utilizar para influenciar a resposta dos consumidores. (HONORATO, 2004, p. 6) Honorato (2004) ressalta a abordagem sistêmica do marketing, representando as variáveis pelos “Ps”. O autor não trata sendo apenas quatro, mas sim sete, com a inclusão de physical evidence (evidências físicas), process (processo) e people (pessoas) além do produto, praça (ponto), preço e promoção. O autor demonstra essa sistematização na Figura 2. 17 Figura 2 – Os sete “Ps” do marketing. Fonte: HONORATO, 2004, p. 6. Para ter sucesso na tentativa de atingir o consumidor, colocado como grande desafio do marketing por Honorato (2004), estas variáveis devem interagir entre si de uma forma sincronizada e organizada, identificando e definindo o grupo de pessoas e como o produto chegará até elas, paralelamente ao desenvolvimento de estratégias de estímulo de consumo, através das variáveis promoção e preço, ferramentas decisivas para o sucesso de venda. Quanto às necessidades sentidas pelos clientes, priorizadas pelo marketing, Honorato (2004) demonstra na Figura 3, através da Pirâmide de Maslow. Kotler e Keller (2012) afirmam que na teoria de Maslow, as necessidades humanas são dispostas em hierarquia de urgência. Uma vez satisfeita a mais necessária, o ser humano tende a buscar a próxima. 18 Figura 3 – Hierarquia das necessidades. Fonte: HONORATO, 2004, p. 9. Embora o marketing tenha como sua essência fins lucrativos, Honorato (2004) cita a ampliação do seu conceito para organizações que não visam o lucro. Esta ampliação dos horizontes do marketing datam da década de 1960, quando surgiu o marketing pessoal, o marketing de cidades, o marketing de causas sociais, o marketing institucional e o marketing turístico. 2.2 MARCA E BRAND EQUITY Segundo o que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, conhecido por INPI, define, uma marca é “todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas”. (INPI, 2014) Em outras palavras, marcas são sinais ou símbolos que levam quem a observa a se lembrarem do produto ou serviço; estas marcas diferenciam o vendedor ou produtor dos seus concorrentes. Aaker (2003) define marca como um símbolo e/ou nome diferenciado, que pode ser um logotipo, uma marca registrada ou desenho de embalagem, destinado a identificar e diferenciar bens e serviços de um ou mais vendedores de seus concorrentes. Desta forma, ela indica ao consumidor a origem de seu produto, ao mesmo tempo que a protege de concorrentes que queiram oferecer bens idênticos. Aaker (2003) lembra que uma das características do marketing moderno tem sido seu foco pela criação de marcas diferenciadas, buscando associações únicas 19 através dos atributos dos produtos, nomes, propaganda, embalagens e estratégias de distribuição. O autor complementa afirmando que o poder adquirido pelas marcas, somado às dificuldades e custos envolvidos para estabelecê-las, agregam mais valor monetário em possíveis aquisições, fusões ou outras negociações que porventura venham a ocorrer. O valor é estabelecido principalmente pela imensa dificuldade de construção de marca atualmente, primeiramente pelos custos de publicidade elevados, e também pela proliferação da concorrência. A partir da busca de diferenciação de marca, surgiu em meio ao marketing o conceito de brand equity, ou equidade de marca, que é inerente a existência de uma marca. Segundo Aaker (2001), a equidade de marca pode ser compreendida como um conjunto de recursos, chamados também de ativos e passivos, que se agregam ao valor proporcionado pelo produto para a empresa ou para os seus clientes. Estes recursos são agrupados em conscientização da marca, fidelidade à marca, qualidade percebida, associações relativas à marca e outros recursos patenteados da marca. Existe uma inter-relação entre esses recursos, e inevitavelmente eles devem estar ligados ao nome ou símbolo da marca, caso contrário eles poderão ser severamente afetados. Por se tratarem de recursos, existem alguns aspectos intrínsecos. Conforme Aaker (2001), o gerenciamento do brand equity envolve os investimentos necessários para a criação e o aperfeiçoamento dos recursos, a sensibilidade dos gestores para a forma que as marcas sólidas criam valor, o valor criado para os clientes em nível de infraestrutura, como varejistas, e a vinculação dos recursos ao nome e símbolo da marca. Estes são aspectos fundamentais para o bom gerenciamento do brand equity. Os ativos do brand equity, segundo Aaker (2003), são responsáveis por acrescentar ou subtrair valor para os seus clientes, podendo ajudá-los a acumular e interpretar informações ou afetar a confiança em relação à marca. Porém, o importante é saber que tanto a qualidade percebida quanto as associações da marca são os recursos capazes de potencializar a satisfação do consumidor. Além de adicionar valor aos consumidores, o brand equity pode acrescentar valor para a empresa, gerando fluxo de caixa, de seis formas distintas de acordo com Aaker (2003). Primeiro, pode destacar programas que atraiam novos consumidores ou reconquistem antigos. Segundo, pode haver um ressalto de lealdade à marca, através da qualidade percebida pelos clientes, as associações e a 20 conscientização da marca, que podem ser fatores de segurança de compra, reduzindo o incentivo à experimentação de outras marcas. A terceira forma de o brand equity gerar valor para a empresa é proporcionar maiores margens de lucro, já que com a equidade estabelecida a empresa pode praticar um preço maior e evitar o uso de promoções. A quarta forma é propiciar plataformas de extensão da marca; a quinta é dar impulso a canais de distribuição, já que com a marca estabelecida o comércio tende a se sentir mais seguro em relação à marca. Por fim, o brand equity proporciona vantagens competitivas para a empresa, podendo preencher lacunas antes da concorrência e impondo-lhes dessa forma diversas barreiras. A figura 4 demonstra de uma forma esquematizada como o brand equity gera valor. Figura 4 – Como o brand equity gera valor. Fonte: AAKER, 2001, p.19. 21 2.3 IDENTIDADE DE MARCA As primeiras preocupações com identidade de marca surgiram durante os anos 80, que foram chamados por Souza (2007) de Quarta Geração 4 do marketing. Conforme o autor coloca, neste período a principal preocupação do marketing passa a ser aferir o sentimento que seus públicos, interno e externo, tem em relação a empresa. Com esse conhecimento adquirido, tornou-se necessidade uma melhor organização e unidade de discurso. O empenho empresarial para difundir a identidade pretendida cresceu neste período, aprimorando ou construindo uma imagem na cabeça de seus clientes potenciais. Segundo Souza (2007), as empresas perceberam que o melhor seguro que elas podem fazer é investir em sua própria imagem. A identidade de uma marca, de acordo com Aaker (2001), proporciona finalidade, sentido e significado para a marca. Ela impulsiona uma das dimensões do brand equity, as associações, “que compõem o coração e espírito da marca”. (AAKER, 2001, p. 80) Desta forma, o desenvolvimento e a implementação da identidade da marca é um elemento fundamental para a construção de uma marca através do brand equity. Para Aaker (2001), a identidade da marca deve ser ativa e com perspectivas de futuro, espelhando as associações desejadas em relação à marca. Esta identidade deve ter uma característica totalmente estratégica, transmitindo a estratégia empresarial que conduza a uma vantagem competitiva. Ela deve também representar as características básicas da marca que persistirão ao longo do tempo. O conceito de identidade é reforçado por Aaker e Joachimsthaler (2002) como uma série de associações de marca que se aspiram criar ou manter. São associações que implicam uma promessa a clientes feita pelos membros da organização. Como a identidade de marca é utilizada para impulsionar todos os esforços de construção de marcas, deve possuir profundidade e riqueza; não é um bordão de propaganda nem sequer uma afirmação de posicionamento. (AAKER e JOACHIMSTHALER, 2002, p. 57) De acordo com os autores, a identidade deve contribuir para estabelecer um 4 Souza (2007) divide a história do marketing em onze gerações. Segundo o autor, a Quarta Geração compreende o período de tempo onde as empresas iniciaram a se preocupar com a sua identidade de marca, sendo o fato característico da Quarta Geração. 22 relacionamento entre a marca e seu cliente, oferecendo uma proposta de valor que envolva benefícios, sejam funcionais, emocionais ou auto-expressivos. 2.3.1 Armadilhas de identidade de marca Aaker (2001) é enfático ao dizer que existem quatro armadilhas que podem atrapalhar a identidade de uma marca, e que elas “representam abordagens excessivamente limitadoras ou táticas para criação de uma identidade, e que podem levar a estratégias de marcas ineficientes e frequentemente desastrosas”. (AAKER, 2001, p. 81) A primeira delas é a armadilha da imagem da marca, que é como os clientes e as demais pessoas percebem a marca. De acordo com Aaker (2001), a imagem da marca oferece informações úteis para o desenvolvimento da identidade, entretanto, por vezes, ela acaba se convertendo em identidade por falta de paciência, recursos ou experiência. Isso acaba permitindo que o cliente determine o que a marca deve ser. A criação da identidade da marca vai além do que os clientes dizem querer, é também o espelho do espírito e visão da marca. A segunda armadilha colocada por Aaker (2001) é a da posição da marca. Segundo ele, alguns elementos da identidade da marca não podem ser ativamente comunicados, enquanto outros perderão visibilidade com o passar do tempo. A armadilha então ocorre quando existe a necessidade prática de proporcionar objetivos a quem desenvolve o programa de comunicação. Assim, a busca passa a ser inconscientemente por um posicionamento e não por uma identidade. Esta armadilha dificulta a evolução da identidade pois elimina-se os aspectos que os estrategistas acham desnecessários comunicar, concentrando-se nos atributos do produto sem considerar a personalidade da marca, as associações organizacionais ou os símbolos da marca. A armadilha da perspectiva externa é a terceira dita por Aaker (2001). Ela ocorre a partir do momento que “as empresas deixam de reconhecer o papel que a identidade de marca pode desempenhar para ajudar uma organização a compreender seus valores e sua finalidade básica”. (AAKER, 2001, p. 84) Em outras palavras, o público interno torna-se incapaz de dizer o que a marca realmente pretende, sabendo apenas do que é comunicado externamente pelos meios de comunicação. A última armadilha e mais comum segundo Aaker (2001) é a fixação nos 23 atributos do produto. Ela acontece quando a gerência estratégica e tática da marca concentra-se apenas nos atributos do produto, levando a estratégias ineficientes e por vezes a asneiras que podem ser prejudiciais a marca. Este erro é baseado em parte na suposição que os atributos constituem a única base para as tomadas de decisão dos clientes. 2.4 POSICIONAMENTO O surgimento do conceito de posicionamento, segundo Ries e Trout (2002), data de 1972, quando os autores escreveram uma série de artigos intitulados A Era do Posicionamento, para a revista americana especializada Advertising Age. Este veículo de comunicação foi o maior responsável pela difusão do conceito de posicionamento. Desde então, de acordo com Ries e Trout (2002), o posicionamento tem mudado a forma de como as pessoas concebem a propaganda. Já conforme dito por Souza (2007), com as primeiras preocupações sobre a imagem empresarial no mercado no início da década de 80, e como consequência a aferição dos sentimentos que seus públicos tem em relação a ela, em 1982 iniciouse a “tomada de consciência da importância decisiva do Positioning”. (SOUZA, 2007, p.20) Neste período, que é chamado por Souza (2007) de Quarta Geração do Marketing, as empresas percebem a importância de se posicionar mediante a definição prévia de identidade de marca, de uma forma organizada e moderna, na mente de seus públicos. Elas “descobrem que o share of mind5 precede o share of market. Percebem ainda que o melhor seguro de vida que uma empresa pode fazer é investir em sua própria imagem”. (SOUZA, 2007, p. 20) Existe uma controvérsia entre os autores sobre o princípio do conceito de posicionamento. Enquanto que para Ries e Trout o posicionamento parte da década de 1970, para Souza o surgimento data da década de 1980. De acordo com Ries e Trout (2002), posicionamento não é algo que trata necessariamente de um produto; pode estar relacionado a um serviço, instituições ou pessoas. Segundo os autores, o posicionamento pode ser entendido como “aquilo que você provoca na mente do cliente potencial. Em outras palavras, você posiciona o produto na mente do cliente potencial”. (RIES e TROUT, 2002, p. 2) O posicionamento deve preencher lacunas no mercado, diferenciando-se da 5 Termo referido à participação de uma empresa na mente do público. 24 concorrência. A diferenciação é a palavra-chave para um bom posicionamento. Em uma sociedade com excesso de comunicação, como colocam Ries e Trout (2002), torna-se essencial um posicionamento adequado, evitando assim gastos desnecessários e abusivos com publicidade. Ainda segundo Ries e Trout (2002), a maneira mais fácil para criar um posicionamento eficaz é ser o primeiro em alguma coisa, em contrapartida de ser o segundo, que é a forma mais difícil. Os autores reafirmam que o primeiro produto a estabelecer uma posição leva uma enorme vantagem em relação à concorrência. Apesar de ser desejável na publicidade ter o melhor produto, para Ries e Trout (2002) é melhor ser o primeiro. Apesar disso, os autores destacam que a propaganda está em uma era onde a estratégia domina, por isso para se posicionar não é suficiente descobrir ou inventar algo. É necessário, no entanto, ser o primeiro a penetrar a mente do possível cliente. O posicionamento, segundo Aaker (2001), é uma “parcela da identidade e da proposta de valor da marca que deve ser ativamente comunicada ao público-alvo e apresenta uma vantagem em relação às marcas concorrentes”. (AAKER, 2001, p. 83) Portanto, trata-se de uma abstração menor do que é identidade de marca. Aaker (2001) lembra que essa proximidade entre posicionamento e identidade de marca pode se tornar uma armadilha para as marcas, quando a busca pela identidade se converte em busca pelo posicionamento, inibindo a evolução ou aprimoramento da identidade.O autor relaciona a definição da posição da marca a partir da determinação prévia da sua identidade e especificação de uma proposta de valor. Feito isso, devem ser traçados os objetivos de comunicação, e para isso, o ponto de partida é enunciar o posicionamento da marca. A definição de posicionamento de Hooley, Saunders e Piercy (2001) é semelhante à de Ries e Trout. De acordo com eles, posicionamento pode ser entendido “como os clientes percebem as ofertas alternativas no mercado, comparadas às outras”. (HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2001, p. 177) Seguindo o raciocínio, ambos dizem que as comparações são feitas levando em consideração o valor, a qualidade, o significado e a imagem. Hooley, Saunders e Piercy (2001) ainda afirmam que o fundamental para um posicionamento competitivo é estar preocupado em como os clientes percebem a concorrência, produtos, serviços e marcas. Os autores corroboram a afirmação de Kotler e Keller (2012), que afirmam que para criar uma diferenciação competitiva de posicionamento, o mesmo deve ter uma 25 proposição de valor e atender aos critérios de importância (ser valorizado por um número significativo de clientes), ser distinto dos demais, superior para a obtenção de benefícios, comunicável, acessível financeiramente pelos clientes-alvo e rentável. É necessário estar atento a estes critérios para evitar erros de posicionamento que acabem com a estratégia de marketing da empresa. Em suma, os autores reiteram a importância do posicionamento competitivo para o desenvolvimento de estratégias de marketing, e que ele “trata de entender como os clientes comparam ofertas alternativas no mercado e construir estratégias que descrevem aos clientes como as ofertas da empresa diferem de maneiras importantes daquelas de concorrentes existentes ou potenciais”. (HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2001, p. 181) Kotler e Keller (2012) definem posicionamento como a “ação de projetar a oferta e a imagem da empresa para que ela ocupe um lugar diferenciado na mente do público-alvo”. (KOTLER e KELLER, 2012, p. 294) O objetivo do posicionamento, segundo os autores, é aumentar a vantagem potencial da empresa, estabelecendo a sua posição na mente dos consumidores e diferenciando-se dos demais concorrentes. Ainda segundo eles, um bom posicionamento serve de orientação para as estratégias de marketing da empresa e, por esse motivo, todos na organização devem assimilá-lo e usá-lo para a tomada de decisões. Kotler e Keller (2012) continuam dizendo que um posicionamento eficaz deve ser um tanto ambicioso, para que tenha espaço para crescer, sem se distanciar da realidade atual. Ele deve ser equilibrado entre o que a marca é e o que poderia ser. Segundo eles, “o resultado do posicionamento é a criação bem-sucedida de uma proposição de valor focada no cliente, isto é, um motivo convincente pelo qual o mercado-alvo deve comprar determinado produto”. (KOTLER e KELLER, 2012, p. 294) As definições sobre posicionamento são semelhantes entre os autores. Todos concordam, em sua essência, que posicionamento é a imagem projetada da empresa na mente dos clientes-alvo. Porém, Ries e Trout (2002) dão ênfase a diferenciação e a ser o primeiro a penetrar a mente dos clientes, para construir assim um posicionamento mais fácil e mais eficaz. Já Hooley, Saunders e Piercy (2001) e Kotler e Keller (2012) tratam do assunto envolvendo o posicionamento em um contexto amplo de planejamento de marketing, onde existem outros pontos essenciais para o desenvolvimento de um posicionamento. 26 2.4.1 Princípios de um posicionamento eficaz Ries e Trout (2002) enfatizam o quanto ser o primeiro é importante para o posicionamento de uma marca. Em seu livro, os autores trazem seis pontos primordiais a serem pensados para o estabelecimento de um posicionamento, independente de qual posição a marca ou produto ocupa na mente do cliente potencial. Ao iniciar um programa de posicionamento, é necessário pensar a situação de forma organizada, sem pensar na solução antes do problema. Primeiramente, Ries e Trout (2002) afirmam que é necessário indagar qual posição é ocupada na mente do cliente potencial, pois a mudança de pensamento em relação à marca é uma tarefa extremamente complicada em meio ao excesso de comunicação. Desta forma, torna-se muito mais fácil partindo do que já existe. Em seguida, deve-se analisar a posição a qual a empresa pretende ocupar. Ries e Trout (2002) destacam que o termo ocupar é um elemento-chave nessa linha de pensamento, pois diversos programas de posicionamento pretender comunicar uma posição já ocupada por outra empresa. Outras vezes, a posição que a empresa deseja ocupar é muito ampla, que não pode ser estabelecida na mente do cliente potencial, sendo mais uma armadilha a ser evitada. O terceiro ponto abordado por Ries e Trout (2002) é saber quem são seus concorrentes. É inadequado querer um confrontamento com o líder de mercado, pela posição sólida que este já ocupa. Ries e Trout (2002) aconselham a buscar uma posição onde ninguém é dominante, pensando amplamente do ponto de vista da concorrência e do mercado. Aliado a isso, é fundamental saber se existem recursos suficientes para investir. Ries e Trout afirmam: Tentar atingir o impossível constitui um grande obstáculo para o posicionamento bem-sucedido. São necessários recursos para obter uma participação na mente dos clientes. São necessários recursos para estabelecer uma posição. São necessários recursos para manter uma posição após tê-la conquistado. (RIES e TROUT, 2002, p. 202) Outro ponto posto pelos autores é saber se é possível manter a posição depois de conquistada. Ries e Trout (2002) afirmam que uma empresa bemsucedida raramente altera algo que dá certo. Segundo eles, “uma companhia não 27 deve quase nunca alterar sua estratégia de posicionamento básico. Ela deve mudar somente suas táticas, aquelas manobras de curto prazo que têm por finalidade implementar uma estratégia de longo prazo”. (RIES e TROUT, 2002, p. 204) O segredo, para eles, é adotar a estratégia básica e aperfeiçoá-la, encontrando formas de ressaltá-la e evitando o fator tédio. Por fim, Ries e Trout (2002) ressaltam a necessidade de anunciar de acordo com a posição ocupada. Eles afirmam que o posicionamento limita a criatividade, portanto é preciso ter cuidado ao encarregar pessoas tidas como “criativas” pela comunicação. A comunicação do posicionamento deve ser de acordo com o que ele é, deixando a criatividade subjetiva dentro dos limites que o posicionamento propõem. Já para Aaker (2001), existem quatro características essenciais para o posicionamento de uma marca, comunicadas claramente na sua definição de posição de marca. Primeiramente, idealmente o posicionamento deve conter uma parcela da identidade da marca e/ou da proposta de valor, porém deve ser atentamente analisado qual parcela será comunicada. O posicionamento tem de comunicar apenas a parte que interessa à organização que seu público-alvo saiba, e esta deve ser a parte essencial da identidade da marca ou um grande benefício que impulsione o relacionamento e as vendas com os seus clientes. Na sequência, de acordo com Aaker (2001, p. 197), “a posição da marca deve visar a um público específico, que pode ser um subconjunto do segmento visado pela marca”. Da mesma forma, pode existir público-alvo primário e secundário, onde a empresa não pode ignorar os seus públicos secundários, pois estes podem ter alguma relevância para seus objetivos. A terceira característica destacada pelo autor é a comunicação ativa da posição que a marca ocupa. Segundo Aaker (2001), comunicar o posicionamento implica em comunicar objetivos de comunicação específicos, e estes devem ser acompanhados. Com o acompanhamento deles, é possível que a empresa estabeleça um comparativo entre a identidade da marca, que é algo que ela aspira ser perante o seu cliente-alvo, e a imagem da marca, que é a realidade atual percebida pelos clientes. Essa comparação poderá resultar em três esforços de comunicação diferentes, que poderão influenciar no enunciado do posicionamento da marca. Desta forma, a imagem da marca poderá ser (1) aumentada, se os esforços forem insuficientes para alcançar a identidade até então, (2) reforçada e 28 explorada se estiver de acordo com as expectativas, ou (3) diluída, se a imagem não for condizente com a identidade. Aaker (2001) ainda cita que a posição deverá demonstrar algo vantajoso em relação à concorrência. O posicionamento deve especificar um ponto de superioridade encontrado na proposta de valor, sendo assim o diferenciador da empresa no mercado. Este ponto deve ter ressonância junto aos clientes, tendo potencial para durar por muito tempo. As quatro características referidas por Aaker (2001) são demonstradas na Figura 5. Figura 5 – Posição de marca. Fonte: AAKER, 2001, p.202. Para Kotler e Keller (2012), o planejamento para um posicionamento eficaz parte da identificação dos seus concorrentes, determinando todos os participantes da categoria em questão. Neste aspecto, os autores chamam atenção para possíveis novos concorrentes, que podem se tornar os maiores desafios para o posicionamento de uma empresa, já que eles podem ser inesperados. Após isso, a empresa deve coletar informações sobre os pontos fortes e fracos da concorrência, reais e percebidos, além de verificar quais são as principais estratégias e metas destas empresas. Em seguida, a empresa deve buscar os seus pontos de diferença, que são associações exclusivas da marca que estão presentes favoravelmente na mente dos 29 consumidores. Em outras palavras, estas associações são os diferenciadores da marca. Também há a necessidade de reconhecer os pontos de paridade, que segundo Kotler e Keller (2012), são associações que não dizem respeito a apenas uma marca, mas que são compartilhadas com outras. Normalmente, estas associações são vistas como necessidade pelos consumidores em determinada categoria, portanto são indispensáveis para a empresa. Porém para a obtenção da vantagem competitiva, a marca então deve propiciar aos consumidores uma relevante diferenciação, onde o consumidor deve encontrar algo único e significativo em relação à marca ou produto. Kotler e Keller (2012) declaram que para afirmar a intenção do posicionamento de uma empresa, é válido que esta crie um mantra 6 para ela. Os autores afirmam que Um mantra para a marca é uma articulação do coração e da alma da marca, intimamente relacionada com outros conceitos de branding como “essência da marca” e “promessa principal da marca”. Mantras para a marca são frases curtas, compostas de três a cinco palavras, que capturam de modo irrefutável a essência ou o espírito do seu posicionamento. (KOTLER e KELLER, 2012, p. 302) O principal objetivo destes mantras é que a empresa comunique aos seus colaboradores e parceiros externos de marketing qual a essência do posicionamento que deve ser comunicado, e que assim possam ser feitos ajustes nas ações de acordo com o que for necessário. Já Hooley, Saunders e Piercy (2001) atem-se à busca pela diferenciação para a obtenção de um posicionamento competitivo. Os autores citam Kotler, que diz que as tentativas de diferenciar-se devem atender aos critérios de importância, onde o benefício deve ser altamente valorizado pelos clientes; distinção e disponibilidade, onde a diferença não pode ser melhor executada ou oferecida por concorrentes; superioridade para a obtenção de benefícios; ser comunicável e facilmente compreendido; ser acessível financeiramente para os clientes-alvo e rentável para a empresa. A diferenciação para Hooley, Saunders e Piercy (2001) pode ocorrer de cinco formas, como demonstra a Figura 6. 6 A definição de mantra se confunde com a definição de slogan. Aaker (2002) define o que é o slogan (ou bordão). Segundo ele, o bordão tem função de se comunicar com o público externo, em contraponto do mantra, que se comunica com o público interno e parceiros externos de marketing. 30 Figura 6 – Diferenciação. Fonte: HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2001, p.285. A (1) diferenciação de produto, segundo Hooley, Saunders e Piercy (2001), parte da busca por um aumento do valor do produto ou serviço para o cliente, ou seja, oferecer um benefício diferenciado ao seu público-alvo. A (2) diferenciação da distribuição trata do uso de pontos de venda diferentes, com a disposição de uma rede de distribuição ou uma cobertura de mercado diferenciada. A (3) diferenciação por preço é um item relativo. De acordo com Hooley, Saunders e Piercy (2001), um preço mais baixo só pode ser bem-sucedido para uma estratégia caso a empresa tenha uma vantagem de custo em relação aos concorrentes, ou existam barreiras restritivas a eles, possibilitando assim praticar um preço mais baixo. Os preços altos normalmente “só são possíveis quando o produto ou serviço apresenta vantagens efetivas ou percebidas para o cliente e, portanto, são frequentemente usados em conjunto com um produto diferenciado e para reforçá-lo”. (HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2001, p. 290) Já a (4) diferenciação de comunicação, chamada também de diferenciação de promoção pelos autores Hooley, Saunders e Piercy (2001), consiste no envolvimento do uso de várias ferramentas de comunicação diferentes da concorrência, com intensidade variada ou com conteúdo diferente. Por fim, a (5) diferenciação de marca é a forma como cada marca se distingue e a forma como cada cliente percebe as empresas concorrentes. Deste forma, como dizem Hooley, Saunders e Piercy (2001), o posicionamento acaba por colocar o consumidor no centro da construção de uma posição de mercado sustentável. 31 2.5 REPOSICIONAMENTO Rivkin e Trout (2011, p. 22) definem o reposicionamento como “a maneira como a empresa ajusta percepções, sejam elas sobre a empresa ou sobre seu concorrente”. Para a compreensão do reposicionamento, os autores lembram que é fundamental estar ciente das bases do que é posicionamento. Os autores ainda informam que o surgimento do posicionamento data da década de 1970, mas a busca e o estudo da reposição de uma marca é bem mais recente. De acordo com Rivkin e Trout (2011), existem três razões para que uma empresa busque um reposicionamento: a concorrência, a mudança e a crise. A comunicação que já era excessiva na década de 1970 ganhou proporções muito maiores no novo século, mudando o modo de comunicar às pessoas e influenciá-las. Rivkin e Trout (2011) destacam que a mente humana não suporta tanta informação, o que acaba causando uma confusão mental prejudicial à comunicação das marcas. A melhor forma para penetrar estas mentes confusas, segundo Rivkin e Trout (2011), é tornar a mensagem o mais simples possível, onde o objetivo é “focar em uma forte ideia diferenciadora e direcioná-la para a mente de seu cliente potencial”. (RIVKIN e TROUT, 2011, p. 25) Para exemplificar, os autores citam empresas com posicionamento forte e que se utilizam de apenas uma palavra para expressá-lo: Volvo – segurança e BMW – dirigibilidade. Por estas serem marcas de luxo, o “status” encontra-se implícito em seus posicionamentos, o que as diferem são a segurança e a dirigibilidade respectivamente. Reposicionar, para Rivkin e Trout (2011), não consiste em alterar o pensamento das pessoas. Trata-se de um ajuste na percepção mental delas. Os autores dizem ser inútil tentar uma mudança de mentalidade no mercado, uma vez que uma marca já é reconhecida pelo que se prestava a fazer. Marcas como a CocaCola e a Xerox já tentaram isso, e o resultado foi a perda de milhões de dólares, sem conseguir a mudança de mentalidade esperada. A New Coke e os computadores Xerox foram verdadeiros fracassos, destacam Rivkin e Trout (2011). Quando o mercado está decidido sobre um produto, não existe como mudar a sua mente. Reposicionamento é definido por Telles (2004) como uma ação de redefinir os elementos de identidade de uma marca a serem ativamente comunicados para o público que se deseja atingir. Para ele, o posicionamento é algo que deve estar 32 sempre sob análise do departamento de marketing empresarial, observando atentamente as evoluções mercadológicas. O reposicionamento segundo Telles (2004) pode servir para o estabelecimento de vantagens competitivas, defesa de posição de mercado ou revitalização da imagem da marca, porém o autor destaca que o uso da estratégia de reposição é envolta de um alto grau de incerteza, custos significativos e riscos elevados. Telles (2004) afirma que é extremamente difícil mudar a imagem que existe em relação à marca, principalmente as que tem bases mais sólidas de posicionamento. Isso porque “uma dada percepção, particularmente aquela reiteradamente comunicada tende a estabelecer um vínculo entre ente e qualidade, que funciona como um eixo de orientação e caracterização para quem é receptor da mensagem [...]”. (TELLES, 2004, p. 76) 2.5.1 Situações de reposicionamento Para Telles (2004), as ações de reposicionamento de uma empresa deriva de quatro situações distintas. O reposicionamento pode ser ocasionado pela (1) perda de valor de mercado, exigindo uma reação à perda por parte da empresa; pelo (2) aproveitamento de uma oportunidade de mercado, onde deve ser feita uma proposição de uma nova posição; pela (3) ineficácia mercadológica do posicionamento atual, requerendo uma correção de posicionamento; e pela (4) ausência de relevância de atributos no posicionamento, sendo necessária uma adaptação do posicionamento comunicado ao mercado. As estratégias para o reposicionamento, segundo Telles (2004), podem então ser classificadas de quatro formas diferentes. O reposicionamento reativo é a primeira delas, onde a ação é feita a partir de mudanças ambientais que enfraquecem as associações da marca que fazem parte do posicionamento. Estas mudanças são de ordem tecnológica, de comportamento do consumidor, a entrada de novos concorrentes no mercado ou o envelhecimento da marca. O reposicionamento propositivo para Telles (2004) é a ação para a melhoria de desempenho do negócio ou para oportunidades mercadológicas identificadas. Estas são oportunidades de inovação, extensão da linha ou ampliação de acesso aos produtos. O reposicionamento corretivo pode ser entendido como a ação “decorrente da 33 ineficácia da configuração de posicionamento adotado em relação aos objetivos pretendidos pela marca [...]”. (TELLES, 2004, p. 79) Essa necessidade de reposicionamento é causada pela indiferença ou do pouco valor percebido pelo público em relação à marca. Por fim, existe também o reposicionamento adaptativo, onde segundo Telles (2004) são feitas alterações na comunicação do posicionamento devido à ineficiência percebida. Os atributos comunicados tem valor potencial perante o público-alvo, mas não são efetivamente percebidos e associados à marca. Já na abordagem de Rivkin e Trout (2011) sobre reposicionamento, ele é adequado em três situações distintas, como já fora dito anteriormente. São elas: a concorrência, a mudança e a crise. Quanto ao (1) reposicionamento pela concorrência, Rivkin e Trout (2011, p. 32) iniciam argumentando que qualquer “programa de reposicionamento precisa começar com a concorrência em mente. Não é o que você quer fazer; é o que seu concorrente lhe deixará fazer”. E caso a empresa não tenha algo absolutamente novo a oferecer, ou seja um monopólio, qualquer concorrente estará disponível para tentar tomar a posição por esta ocupada. Com o crescente número de concorrentes, as decisões de compra tornam-se mais diluídas; o leque de opções disponíveis para um mesmo produto acaba exigindo por vezes algo distinto do que já existe, que se tornou obsoleto ou similar a diversos outros. Rivkin e Trout (2011) demonstram a explosão da concorrência entre o início da década de 1970 e o final da década de 1990 na Figura 7, onde observase o aumento expressivo dos números, inclusive em itens relativos a automóveis. 34 Figura 7 – Explosão da concorrência. Fonte: RIVKIN e TROUT, 2011, p.38. As inúmeras opções disponíveis para produtos do mesmo segmento, segundo Rivkin e Trout (2011), acabam por confundir a mente do consumidor, sendo mais um entrave surgido com o aumento da concorrência. O excesso de opções leva as pessoas a adiarem decisões. Os autores alertam para que a empresa não fique na sombra de seus concorrentes e estabeleça suas diferenças no mercado, caso contrário, o seu negócio se tornará cada vez mais fraco. Ao lidar com a necessidade de reposicionamento, os autores salientam que a alternativa é reposicionar a concorrência. Primeiramente, é necessário ter cuidado 35 ao atacar um concorrente, pois este pode ter argumentos que possam atacar quem o acusa. Além disso, deve-se encontrar a fraqueza adequada do concorrente para atacar, que possa se converter em benefício para quem busca o reposicionamento. Este ataque deve fazer sentido rapidamente para o cliente potencial. Para isso os autores afirmam que é necessário fazer o questionamento “se a ideia 'explode' na mente. Quando você apresentou sua ideia, seu cliente potencial deveria concordar quase instantaneamente, sem mais explicação ou argumento”. (RIVKIN e TROUT, 2011, p. 48) Finalizando o pensamento, os autores afirmam que o propósito de atribuir algo negativo aos concorrentes é criar uma ideia positiva a si próprio, para assim estabelecer o posicionamento desejado sem desvios. Além do aumento expressivo da concorrência, segundo Rivkin e Trout (2011) o maior problema da vida empresarial tem sido a aceleração da mudança, impulsionada pela tecnologia. A evolução, e o acompanhamento dela, é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa. Assim, se faz necessário o (2) reposicionamento por mudança. Para Rivkin e Trout (2011), a mudança pode ocorrer de algumas maneiras, e a mais comum é a utilização de novas ideias para evoluir a marca, até mesmo encontrando novos usos para produtos existentes. A mudança também pode se caracterizar pela evolução do nome da empresa ou produto, casos comuns quando se tratam de produtos antigos e obsoletos. Ao perceber a evolução do mercado, a decisão-chave a ser tomada para o reposicionamento é se a empresa continua com sua marca, lança uma submarca ou cria uma nova. Em muitas vezes, a decisão depende de como o mercado deseja que a empresa evolua. Rivkin e Trout (2011) trazem algumas orientações para a evolução, e salientam que todas as medidas tomadas devem ser fundadas em um estudo do mercado para saber o que ele demanda. Uma possibilidade é de a empresa visar um setor de menor prestígio, que é ignorado pela maioria das organizações, podendo ser a melhor forma de reposicionar o negócio ou construir uma nova marca. O inverso também pode ser feito, mas tentar um setor de maior prestígio para se reposicionar é mais complicado. Outra possibilidade é a ampliação da distribuição, mas desde que não afete as maneiras já existentes de distribuição, e nem a imagem da marca. Agregar funções e utilidades a um produto, chamado de convergência pelos autores, também é possível. Porém toda decisão depende do 36 tipo de produto, a que ele se presta a fazer e qual a necessidade do mercado. Um grande problema apontado por Rivkin e Trout (2011) é o pensamento interno de algumas empresas. Uma organização que não observa como evolui o mercado, não percebe as ameaças da concorrência e não compreende as novas necessidades dos clientes, inevitavelmente perderá oportunidades de mercado. Esse problema, segundo eles, são mais comuns em empreendimentos que foram bem-sucedidos durante muito tempo, e por este motivo são levados a um excesso de confiança perigoso a eles. Quando se faz necessário um reposicionamento, essas empresas demoram a perceber a necessidade. Os autores destacam que “o sucesso do reposicionamento deve vir do pensamento de fora. É aí que está o mercado”. (RIVKIN e TROUT, 2011, p. 79) Por fim, os autores falam do (3) reposicionamento devido à crise. A crise, segundo Rivkin e Trout (2011), pode ser macro, quando corresponde a um setor inteiro da economia, ou micro, quando diz respeito a uma empresa específica. Os autores criticam o modelo inflexível adotado por algumas empresas de planejamento e previsão a longo prazo. Pelo simples fato de não ser possível prever o futuro, Rivkin e Trout (2011) destacam que esta é uma armadilha para as organizações entrarem em crise, por vezes irrecuperáveis. O fundamental, para eles, é manter a flexibilidade no planejamento estratégico e aproveitar as oportunidades que aparecerem. 37 3 O FIAT UNO 3.1 A FIAT A Fiat é uma montadora de origem italiana, fundada em 11 de julho de 1899 na cidade de Turim, sob o nome Fabbrica Italiana di Automobili Torino, por um grupo de empresários, entre eles Giovanni Agnelli, Lodovico Scarfiottie, Conde Bricherasio di Cocherano, entre outros. De acordo com Clark (2012), o surgimento ocorreu no antigo Café Burello, em Turim, que era ponto de encontro de empresários na época, motivados pelo crescente interesse por carruagens sem cavalos 7. Na época, ter um veículo era artigo de luxo, e não havia a ideia de ser produzido em massa, pois o interesse maior dos engenheiros era produzir peças únicas e artesanais. Clark (2012, p. 63) afirma que “ao contrário dos futuros sócios, Agnelli percebeu que o automóvel deveria ser produzido em série e não um a um, como Michele Lanza, empresário de Turim, estava fazendo”. Assim, foram lançadas as bases para o que é a Fiat atualmente. Após a fundação, Giovanni Agnelli supervisionou a construção da fábrica, iniciada ainda em 1899, destacando-se de seus sócios por seu ímpeto empresarial. Clark (2012) acrescenta que ele também foi responsável por sugerir a compra de outras fábricas de automóveis que já existiam em Turim, passando a dominar os concorrentes locais. Porém, a intenção era fazer concorrência com a indústria francesa e alemã de automóveis, em um mercado pobre que era a Itália até então. Segundo o Mundo das Marcas (2011), o primeiro veículo fabricado pela empresa foi o modelo 3 ½ Hp, de 679cc, que atingia 35 km/h, representado na Figura 8. 7 Carruagem sem cavalos era a maneira como os primeiros veículos eram conhecidos na cidade de Turim, Itália. 38 Figura 8 – Primeiro automóvel da Fiat: 3 ½ Hp. Fonte: FIAT..., [S.d.]. Disponível em: <http://www.autoevolution.com/cars/fiat-3-12-hp1899.html#aeng_fiat-3-12-hp-1899-07>. Acesso em: 3 Maio 2015. Em 1901, Agnelli assumiu a diretoria da Fiat, fazendo com que a empresa começasse a gerar lucros. De acordo com Clark (2012), 1902 foi o ano em que a empresa começou a lucrar. Então, a empresa também passou a fabricar motores de barcos e de caminhões, e em 1903 passou a ser listada na bolsa de valores, tendo suas ações rapidamente disparadas. Em 1906, a Fiat inaugurou uma concessionária em Nova York, nos Estados Unidos. Lá, Giovanni Agnelli aproximou-se de Henry Ford, dando início a uma longa amizade, e conheceu a linha de montagem da Ford, que seria copiada em 1912, se tornando a primeira linha de montagem da Fiat. A partir de então, a empresa passou a aperfeiçoar cada vez mais a sua linha, usufruindo de métodos recentes oriundos dos Estados Unidos, visando o mercado de carros pequenos e eficientes. Após a morte de Giovanni Agnelli em 1945, a direção da empresa foi cargo de Vittorio Valleta, homem de confiança de Agnelli, que a comandou até 1966, quando a direção da companhia voltou a ser da família Agnelli, com o neto de Giovanni, Gianni Agnelli. Em meados da década de 1970, a Fiat lançou sua filial no Brasil na cidade de Betim, em Minas Gerais. Segundo Micaelo (2003), o objetivo principal das negociações para trazer a fábrica italiana para o Brasil era incentivar a indústria 39 automobilística da Itália a realizar investimentos em um polo industrial emergente. A inauguração da Fiat Automóveis S.A. foi no dia 9 de julho de 1976, onde no mesmo dia foram iniciadas a fabricação do modelo 147, o primeiro carro brasileiro da empresa. Em 1983, a Fiat lançou o modelo Uno, seu primeiro carro mundial, que se tornaria um sucesso de vendas da montadora. No ano seguinte o modelo começou a ser fabricado no Brasil, sucedendo o modelo 147 fabricado desde o início da instalação da empresa no país. Nos anos seguintes, a Fiat ficou marcada pela compra de tradicionais montadoras mundiais, de acordo com o Mundo das Marcas (2011). Em 1986, adquiriu a tradicional Alfa Romeo e, em 1993, comprou a montadora de carros esportivos Maserati, contribuindo para que a empresa se tornasse uma marca global. Durante as décadas, a Fiat passou por algumas crises financeiras, porém a mais severa delas ocorreu entre 2001 e 2004, onde a empresa perdeu bilhões de euros. Clark (2012) salienta que a empresa voltou a lucrar em 2005, sendo o lucro líquido obtido em torno de 1,4 bilhão de euros. Em 2008, a Fiat adquiriu a americana Chrysler, agregando-a a um grupo denominado FCA (Fiat-Chrysler Automobile). Isso resultou em ganho de força no maior mercado consumidor do planeta, os Estados Unidos, compartilhando tecnologia com as marcas do grupo americano, a Chrysler, a Dodge e a Jeep. No Brasil, a empresa vem demonstrando níveis ascendentes de crescimento. Segundo informações do site da montadora, a empresa fechou o ano de 2014 como líder de vendas no mercado nacional, posição ocupada pelo décimo terceiro ano consecutivo. 3.2 O UNO O Fiat Uno, segundo informações de Matsubara (2010a) em seu artigo no site da revista Quatro Rodas, começou a ser projetado pelo italiano Giorgetto Giugiaro no final da década de 1970, com o objetivo de aposentar o modelo 127 italiano, base do 147 brasileiro. A produção em série iniciou-se em 1982, na Itália, chegando ao Brasil em 1984. O modelo foi apresentado oficialmente pela montadora italiana em 1983 na base de lançamentos de foguetes de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, 40 sendo este o primeiro carro mundial da Fiat. Conforme Micaelo (2003), o modelo projetado e vendido na Itália buscava reverter uma imagem negativa que o 147 deixara no Brasil. O modelo do Uno lançado no Brasil, segundo Matsubara (2010a), era praticamente igual ao italiano, com pequenas mudanças no capô para comportar o estepe e na suspensão para suportar as condições adversas das estradas brasileiras. Em seu lançamento, o produto atendeu as expectativas de mercado, ganhando prêmios como o “carro do ano”, porém dividindo opiniões quanto ao seu design diferente. O primeiro modelo do Uno é demonstrado na Figura 9. Figura 9 – Primeiro modelo do Fiat Uno. Fonte: MATSUBARA, 2010a. Disponível em: <http://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/historiauno-556159.shtml#galeria>. Acesso em: 10 Maio 2015. O desenho de linhas retas do veículo, de acordo com Matsubara (2010a), impressionava pela modernidade transparecida, diferenciando o carro dos concorrentes da época. Alguns detalhes pontuais chamavam atenção, como o único braço de para-brisa e a maçaneta da porta embutida. O interior era funcional, com acesso fácil aos comandos, e o espaço interno avantajado, devido ao teto elevado que dava sensação de amplitude. No ano de 1986, segundo Micaelo (2003), apresentava-se uma tendência de queda nas vendas e indícios de problemas de qualidade do produto, tendo a marca 41 sido rejeitada por 70% dos consumidores em pesquisas. Para resolver o problema, em 1988 a Fiat reuniu seus fornecedores e a rede de concessionárias para resolver os problemas de qualidade. O mesmo índice de rejeição caiu de 70% para 40%, com tendência de queda maior. O veículo evoluiu com o passar dos anos. Inicialmente, o veículo era oferecido nas versões S e CS, com motores de 52cv e 58,2cv na versão a gasolina, podendo chegar a 59,7cv na versão a álcool. Após isso, a Fiat lançou outras versões do Uno, como o SX (1985) e o 1.5 R (1987). Na década de 1990, a Fiat lançou o Uno Mille, o primeiro carro nacional de 1000cc, que desenvolvia 48cv e possuía uma lista de opcionais escassa. Como coloca Micaelo (2003), a empresa foi motivada por um decreto que reduzia a alíquota de 40% para 20% para carros de até 1000cc, fato que ajudaria a alavancar as vendas do produto em um mercado que se encontrava em um quadro econômico recessivo, vista a alta inflação do período, que estava tentando ser controlada pelo então Presidente da República Fernando Collor de Mello. Nos seus últimos anos de fabricação, o modelo era conhecido também apenas por Mille. Após o sucesso de vendas do Uno Mille, a Fiat também lançou a versão 1.6 R (1993) e Turbo (1994). Em 1995, o modelo Mille ganhou injeção eletrônica, conforme informações de Matsubara (2010a), elevando sua potência para 58cv. Mesmo com a chegada do Palio no ano seguinte, a Fiat não deixou de produzir o Uno. As versões mais potentes foram descontinuadas, mas o Mille continuou a ser fabricado em opção mais acessível ao Palio. Dentre outras versões lançadas após 1996, em 2001 a Fiat lançou o Uno com o moderno motor Fire 1.0, caracterizado pela sua economia de combustível. Em 2005 o motor passou a ser flex, movido a álcool e gasolina, e em 2008 foi lançada a versão Fire Economy, sendo esta 10% mais econômica que o restante dos motores Fire. Quanto à concorrência, o Fiat Uno está encaixado na categoria de hatches compactos, também conhecidos por modelos de entrada. São carros populares, de preço mais baixo e com motores mais econômicos e de menor potência. No ano de lançamento no Brasil, o Uno tinha como concorrentes de categoria o Fusca e o Gol, da Volkswagen, e o Chevette da Chevrolet. Após a virada da década, no início dos anos de 1990, com o impulso dos motores 1.0 e o sucesso do Fiat Uno, a Volkswagen e a Chevrolet passaram a oferecer também versões mais despojadas 42 dos seus modelos, segundo Matsubara (2010a). Em 1993 a Chevrolet aposentou o Chevette e no ano seguinte lançou o Corsa, novo concorrente do Uno. Em 1995 foi a Ford que entrou no segmento de carros populares, com o Ka e o Fiesta. Além do Palio, da própria Fiat, e o Celta, da Chevrolet, não houve novos concorrentes de segmento por parte das quatro grandes montadoras de automóveis do Brasil por cerca de uma década. Micaelo (2003) lembra que a partir da década de 1990 iniciouse a vinda de montadoras estrangeiras para o país, ou por importação ou por estabelecimento em território nacional. Desde então, existiram outras opções de veículos populares no mercado, porém sem alcançar os níveis de venda das quatro grandes marcas. A Figura 10 demonstra a concorrência enfrentada pelo Fiat Uno desde sua entrada no Brasil, em 1984, considerando apenas as quatro principais montadoras. Além deles, destacam-se também o Renault Twingo e Clio, o Peugeot 206 e 207 e o Hyundai HB20. Figura 10 – Concorrentes do Fiat Uno das quatro grandes montadoras do Brasil de 1984 a 2014. Fonte: elaborado pelo autor. Em maio de 2010 a montadora italiana lançou o novo Uno, veículo com um design e conceito totalmente diferente do seu antecessor, como demonstrado na Figura 11, e disponibilizado com o motor Fire 1.0 de 73cv a gasolina e Fire 1.4 de 85cv a gasolina, nas versões Vivace, Way, Attractive e Sporting. A produção do Uno e do Novo Uno foram simultâneas até 2013, quando a Fiat foi obrigada a abandonar o modelo antigo por determinações legais que obrigaram todos os carros produzidos no Brasil a partir de 2014 a ter freios ABS e airbag duplo, segundo informações de 43 Matsubara (2010a), o que tornara inviável a continuidade do modelo antigo. A posição de carro de entrada da Fiat é ocupada atualmente pelo Palio e o novo Uno, porém o Palio é a versão mais simples enquanto o Uno alternativa. Figura 11 – Novo Uno. Fonte: MATSUBARA, 2010b. Disponível em: <http://quatrorodas.abril.com.br/carros/lancamentos/novo-fiat-uno-556006.shtml#galeria>. Acesso em: 11 Maio 2015. As versões do Uno com seus respectivos anos de lançamento são representados na Figura 12. 44 Figura 12 – Ano de lançamento dos modelos Uno. Fonte: elaborado pelo autor. 45 4 ANÁLISE DAS PEÇAS PUBLICITÁRIAS DO FIAT UNO NA REVISTA QUATRO RODAS DE 1984 A 2014 Para a análise do posicionamento do Fiat Uno, os anúncios foram filtrados através do acervo digital da revista Quatro Rodas, e divididos em quatro épocas: de 1984 a 1989, de 1990 a 1999, de 2000 a 2009 e de 2010 a 2014. Em cada uma dessas fases, foram selecionados três anúncios para a efetivação da análise, com exceção de 2000 a 2009. Devido à grande quantidade de anúncios em algumas das fases, a seleção dos mesmos foi feita através da observação de diferenças perceptíveis entre eles, ignorando anúncios extremamente parecidos, além da busca por anúncios em anos diferentes um do outro. 4.1 PRIMEIRA FASE: 1984 A 1989 O primeiro anúncio do Uno encontrado na Quatro Rodas é de setembro de 1984, logo após o seu lançamento. O anúncio contém sete páginas consecutivas, como pode ser visto na Figura 13, na Figura 14, na Figura 15 e Figura 16. Os textos legíveis encontram-se no Apêndice A. Figura 13 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 1. Fonte: QUATRO RODAS, Set 1984. 46 Figura 14 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 2. Fonte: QUATRO RODAS, Set 1984. Figura 15 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 3. Fonte: QUATRO RODAS, Set 1984. 47 Figura 16 – Anúncio Uno setembro de 1984 parte 4. Fonte: QUATRO RODAS, Set 1984. O Uno é apresentado no anúncio com enfoque em seus opcionais e diferenciais, com detalhes do painel, dos bancos, e imagens traseira e frontal do veículo. É destacado o design ousado do veículo, a sua economia e seu espaço interno, como características principais. Assim como outros dos primeiros anúncios do Uno, é utilizada a palavra gênio. O posicionamento percebido é que o Uno é um produto inovador, diferenciado dos demais concorrentes de categoria e genial para o consumidor por seus opcionais e características oferecidas. Concordando com o que afirma Aaker (2001), percebe-se claramente a intenção de diferenciar e apresentar vantagens em relação aos concorrentes. 48 Figura 17 – Anúncio Uno outubro de 1985. Fonte: QUATRO RODAS, Out 1985. Na Figura 17, o carro é apresentado numa vista lateral, sobre um fundo que é o interior do próprio veículo. Neste anúncio, o Uno está colocado como um carro futurista, pelo seu design, espaço interno, aerodinâmica, facilidade de direção e relação potência x economia. Desta forma, percebe-se também neste anúncio diversos fatores de diferenciação, buscando estabelecer o posicionamento de que o Uno é um carro avançado tecnologicamente, que prima pela agilidade, economia e inovação em seu segmento de hatches compactos. O texto legível encontra-se no Apêndice B. 49 Figura 18 – Anúncio Uno fevereiro de 1989. Fonte: QUATRO RODAS, Fev 1989. Na Figura 18, o carro novamente é apresentado numa vista lateral, sobre um fundo azul-escuro, destacando as suas linhas. O anúncio induz o leitor a pensar nas características do Uno, reforçando as características apresentadas nos anúncios anteriores. Ao interpretar, percebe-se que é um carro ágil e inteligente, com excelente espaço interno e praticidade de direção, ideal para transitar nas cidades com eficiência, economia e conforto, sem deixar de ser útil em viagens mais longas. O texto legível encontra-se no Apêndice C. Ao final desta primeira fase, percebe-se que o posicionamento do Uno é ser um veículo funcional e inovador no mercado para o consumidor que busca um carro popular, demonstrando as suas vantagens e diferenciais em relação aos concorrentes da categoria. 50 4.2 SEGUNDA FASE: 1990 A 1999 Figura 19 – Anúncio Uno dezembro de 1993. Fonte: QUATRO RODAS, Dez 1993. A Figura 19 apresenta o Uno em um anúncio de rodapé de duas páginas, posicionado em um ângulo diagonal, ressaltando apenas o seu design. No anúncio o leitor é induzido através da chamada a pensar qual o seu carro para o ano de 1994. Novamente percebe-se o posicionamento do Uno como um carro popular inteligente, com novos opcionais (2 e 4 portas, ar-condicionado e injeção eletrônica), além do reforço das qualidades de economia, espaço interno e projeto avançado. Por fim, a frase Compare antes de comprar reforça a tese de o Uno ser o melhor e mais vantajoso de sua categoria de automóveis. O texto legível encontra-se no Apêndice D. 51 Figura 20 – Anúncio Uno agosto de 1995. Fonte: QUATRO RODAS, Ago 1995. A partir deste anúncio, representado na Figura 20, percebe-se uma linha de comunicação diferente da Fiat. O anúncio possui mais cores e ilustrações, passando a associar o carro a um público mais jovem. O carro está subindo uma rampa, dando a entender que possui um melhor desempenho por ser power8. Neste anúncio nota-se que o Uno busca se associar a um público distinto, sem esquecer de todas as características que o fizeram um sucesso até então. Percebe-se uma iniciativa de rejuvenescer o produto, porém sem deixar de destacar as características que marcaram o produto até então, com destaque especial para o motor mais potente. O texto legível encontra-se no Apêndice E. 8 Substantivo da língua inglesa que significa “poder”. 52 Figura 21 – Anúncio Uno agosto de 1997 parte 1. Fonte: QUATRO RODAS, Ago 1997. Figura 22 – Anúncio Uno agosto de 1997 parte 2. Fonte: QUATRO RODAS, Ago 1997. 53 Neste anúncio de três páginas, visto na Figura 21 e na Figura 22, a comunicação da Fiat continua na linha do anúncio anterior, abandonando os anúncios que apresentavam apenas as características do carro da forma tradicional. O Uno está colocado em uma diagonal de costas na imagem. A partir deste anúncio, a Fiat passa a focar o quesito preço nos seus anúncios do Uno. O período coincide com a entrada de novos concorrentes da categoria no mercado, como demonstrado anteriormente na Figura 10. A nova concorrência passou a existir a partir da própria Fiat, com o lançamento do Palio no ano anterior, um carro com opcionais e tecnologia avançada em relação ao Uno. Além do Palio, houve o lançamento do Ka e do Fiesta pela Ford em 1995 e do Corsa em 1994 pela Chevrolet. A partir de então, o Uno passou a ser comunicado na revista Quatro Rodas como a opção mais viável do mercado, com um excelente custo-benefício. O texto legível da Figura 22 encontra-se no Apêndice F. Nesta segunda fase, a comunicação da Fiat em relação ao Uno inicia-se da mesma forma que a fase anterior. Porém, evidencia-se o primeiro reposicionamento do Fiat Uno, em 1997, onde o carro passa a ser demonstrado como a opção mais econômica do mercado. De acordo com Rivkin e Trout (2011), trata-se de um reposicionamento pois foi um ajuste de percepções em relação ao produto. Este reposicionamento, ainda segundo a teoria dos autores, se deve pela concorrência, pois coincide com a época dos anos 90 onde surgiram novos veículos na categoria, com muito mais tecnologia e mais benefícios, tornando o Uno um produto em obsolência mercadológica. Existe uma nova diferenciação, que segundo Kotler (2000), define-se por uma nova forma de desenvolver diferenças significativas em relação à concorrência. O benefício comunicado a partir de então é o preço, buscando a mudança da percepção do cliente para um carro com excelente custobenefício. Essa diferenciação, segundo o autor, deve atender aos critérios de importância, destaque, superioridade, exclusividade, acessibilidade e lucratividade para se tornar de fato um posicionamento. De acordo com os conceitos de posicionamento de Kotler e Keller (2012), este é então um novo posicionamento do Fiat Uno, pois há uma nova proposição de valor evidenciada, atendendo aos critérios de diferenciação. 54 4.3 TERCEIRA FASE: 2000 A 2009 Figura 23 – Anúncio Uno maio de 2000. Fonte: QUATRO RODAS, Maio 2000. Na Figura 23, destaca-se as vantagens agregadas oferecidas na compra do Uno, com uma imagem simples do carro em tons azulados. Neste anúncio da virada da década também fica evidenciada a questão do preço, percebendo então que o posicionamento almejado é ser uma opção acessível, oferecendo vantagens (IPVA, seguro total, combustível, emplacamento e despachante grátis) que supram os possíveis diferenciais que não sejam mais eficientes. Após o ano 2000, a Fiat não anunciou mais o Uno até 2010, quando então lançou o Novo Uno. Neste período, observou-se na coleta de dados na Revista Quatro Rodas que a empresa destinou os seus anúncios a veículos de categorias superiores, geralmente em ocasiões de lançamentos. Os textos legíveis encontram-se no Apêndice G. Com a ausência de mais anúncios nesse período, torna-se impossível uma análise mais aprofundada do posicionamento nestes 10 anos compreendidos entre 2000 e 2009. Contudo, o posicionamento identificado mantém-se da fase passada. 55 O veículo é diferenciado pelo fator preço, com valores agregados que corroboram o custo-benefício. 4.4 QUARTA FASE: 2010 A 2014 Figura 24 – Anúncio Uno junho de 2010. Fonte: QUATRO RODAS, Jun 2010. A Figura 24 é o primeiro anúncio do Novo Uno, modelo redesenhado do seu antecessor, porém com poucas semelhanças de design. O anúncio é de contracapa, pois desde abril de 2008, em virtude de contrato, os anúncios da Fiat estão alocados na última página; assim, faz-se necessário girar a revista para a leitura do mesmo. O carro é apresentado de frente, em uma cor diferente dos anúncios anteriores, que intensifica o seu posicionamento pretendido. O posicionamento percebido a partir de então é que o veículo passou a ser uma opção diferente no mercado, tornando-se personalizável e totalmente voltado a um público jovem, que busca fugir do convencional. O Uno deixa de ser identificado pela questão de preço, e passa a ter um fator diferenciador único no mercado, a personalização. O principal fator que ocasionou esta mudança de posicionamento foi 56 a obrigação legal de que carros novos, a partir de 2014, deveriam sair de fábrica com freios ABS e airbag duplo, segundo Matsubara (2010a), o que dificultaria a produção do antigo modelo por questões estruturais do veículo. Figura 25 – Anúncio Uno maio de 2013. Fonte: QUATRO RODAS, Maio 2013. Na Figura 25, observa-se que o anúncio continua sendo colorido, demonstrando a jovialidade do carro. O veículo de lado na foto deixa evidente as linhas ousadas do novo modelo. No anúncio fica clara a posição de um carro alternativo e de destaque, sendo personalizável e ideal para quem busca ter um carro ao seu gosto. Está destacado que existem mais de nove milhões de combinações diferentes de personalização, através de molduras para faróis de neblina, spoilers dianteiros, ponteiras de escapamento, saias aerodinâmicas traseiras, aerofólios, molduras e adesivos, segundo Matsubara (2010b). 57 Figura 26 – Anúncio Uno outubro de 2014. Fonte: QUATRO RODAS, Out 2014. A Figura 26 é o último anúncio do Uno no período que compreende este estudo. No anúncio o carro está no centro de um ambiente preto decorado com mosaicos que indicam personalidades distintas. Percebe-se ainda o posicionamento dos dois anúncios anteriores, porém com as novidades do modelo destacadas. A palavra-chave do posicionamento do Novo Uno fica evidenciada neste anúncio, que é descolado9. O Uno remodelado busca ser uma opção adaptável, personalizável para o público que busca ser descolado, os jovens. A partir desta quarta fase percebe-se o segundo reposicionamento do Uno. De acordo com Rivkin e Trout (2011), trata-se de um reposicionamento por mudança, em virtude da obrigação da legislação. Assim, a Fiat optou pelo total reposicionamento do Uno, deixando de ser a opção mais econômica para se tornar um veículo único e personalizável para quem deseja um carro fora do que é convencional. O posicionamento de acordo com cada período pode ser simplificado de acordo com a Tabela 1. 9 Descolado é uma gíria que tem diversos significados, como sociável, sofisticado e moderno. 58 Tabela 1 – Posicionamento do Uno conforme as fases do estudo. Fase Posicionamento 1ª Carro popular funcional e inovador. 2ª Mudança de funcional e inovador para melhor custo-benefício do mercado. 3ª Melhor custo-benefício do mercado. 4ª Carro descolado. Fonte: elaborado pelo autor. 59 5 CONCLUSÃO Ao final deste estudo, observou-se em um panorama a trajetória do Fiat Uno no Brasil desde o ano de 1984. A sua história se confunde com a história da Fiat em território nacional, tamanha a sua importância para o desenvolvimento da empresa no país. O Uno teve ao longo das três décadas de fabricação no Brasil três posicionamentos diferentes, evidenciados neste estudo, quando observado nos anúncios de 1997 que deixou de ser funcional e inovador para ser a opção com melhor custo-benefício, e a partir de 2010, quando passou a ser a opção descolada do mercado. Inicialmente, com o intuito de agregar opções funcionais e diferenciadas em um modelo popular, a Fiat procurou estabelecer em seus primeiros anúncios do Uno na revista Quatro Rodas o posicionamento de um carro inovador e funcional. Este posicionamento fica evidente por mais de uma década de anúncios na revista, onde todos os atributos relacionados a essas duas características são comunicados massivamente. A partir de meados dos anos de 1990, novas opções de hatches compactos começam a ingressar no mercado nacional, intensificando a concorrência nesta categoria de automóveis. A própria Fiat, com o lançamento do modelo Palio em 1996, acaba dispondo aos consumidores mais uma opção de carro popular. A partir de então, percebe-se nos anúncios da Quatro Rodas que o Uno é comunicado com um novo diferencial, o custo-benefício. Assim, de acordo com as teorias estudadas, caracteriza-se como um novo posicionamento do veículo, onde a Fiat alinha a sua comunicação para um novo foco sobre o Fiat Uno. No ano de 2010, foi introduzido no mercado pela montadora o Novo Uno, um carro com design bem diferente do modelo anterior. Incentivada pela lei brasileira que obrigaria a partir de 2014 todos os carros novos a terem freios ABS e airbag duplo, a Fiat reposicionou totalmente o seu modelo popular. Neste último período da história do Uno, observou-se que o carro passou a ser a opção descolada e customizável do mercado, com a comunicação direcionada ao público jovem que busca um veículo ao seu jeito, diferentemente do que era comunicado anteriormente. A produção do novo modelo foi concomitante com o modelo antigo até o ano de 2013, quando foi enfim aposentado o chassi tradicional do Uno. 60 Observou-se que este segundo reposicionamento do Uno foi mais impactante na comunicação do que o primeiro, que ocorreu de uma forma mais sutil. Com a elaboração do trabalho e obtenção destes resultados, foi possível atingir todos os objetivos propostos anteriormente. Pôde ser feita uma avaliação excelente do posicionamento nos 30 anos em que compreende a pesquisa, com o adendo de que houve um período de 10 anos sem anúncios na revista, entre 2000 e 2010, que atrapalhou a obtenção do resultado deste trabalho. Os objetivos específicos também foram alcançados, porém a pesquisa esbarrou na pequena quantidade de autores que tratam do tema posicionamento e também na pequena quantidade de fontes e informações que falam da Fiat e do Fiat Uno. O estudo contribui primeiramente para ser um histórico e uma fonte de informações sobre o Fiat Uno, visto a escassez de informações encontradas sobre este assunto. Além disto, o trabalho auxilia no conhecimento sobre as teorias de posicionamento e reposicionamento, aplicadas e demonstradas com o objeto de pesquisa, o Uno. O Uno é o automóvel fabricado pela Fiat com maior número de unidades vendidas, ultrapassando os 3,2 milhões ainda no ano 2013, o que o fazem também o 2º modelo mais vendido da história do país. Estes fatos corroboraram a necessidade de uma análise aprofundada sobre a evolução do seu posicionamento de mercado ao longo das três décadas de fabricação no Brasil. Novos trabalhos desta característica podem e devem ser produzidos, com a escolha de outro veículo para estudo, como por exemplo o Volkswagen Gol, que também é um veículo de longa trajetória no Brasil e que é passivo de uma abordagem monográfica como esta. Isso propiciaria um comparativo entre ambos os modelos, além de distinguir de que forma cada montadora tratou de posicionar o seu veículo em cada momento da sua história no Brasil. 61 REFERÊNCIAS AAKER, David A. Criando e Administrando Marcas de Sucesso. São Paulo: Editora Futura, 2001. AAKER, David A.; JOACHIMSTHALER, Erich. Como Construir Marcas Líderes. 2. ed. São Paulo: Editora Futura, 2002. AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. 8. ed. São Paulo: Elsiever Editora, 2003. AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing. 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Repare o seu perfil ousado, a grande distância entre eixos que garante mais estabilidade. Note a linha descendente do capô, o ângulo agudo em forma de cunha formado na frente. São princípios também empregados com sucesso na fórmula 1, para que haja o mínimo de resistência ao ar. O Fiat Uno tem portas envolventes, com os vidros rentes à carroceria, maçanetas embutidas. É um sem número de detalhes minuciosamente testados. Tudo isso resulta na mais avançada aerodinâmica e significa também um consumo de combustível muito menor. Porque no Uno o estilo está a serviço da estética e funcionalidade. FIGURA 14 Você nunca dirigiu um carro tão econômico no Brasil. 20 km por litro! E por falar em recordes, saiba que este carro tem o menor coeficiente de penetração aerodinâmica do mundo na sua categoria: cx 0,35. É mais uma razão para o seu incrível baixo consumo. Não pense porém que esta obra genial de economia é menos genial em desempenho. O motor do Fiat Uno foi concebido para que você ganhando de um lado não perca de outro. Confira agora na tabela ao lado as 3 versões do Fiat Uno e suas características. 65 FIGURA 15 Apenas duas coisas ocupam o espaço interno do Fiat Uno: inteligência e conforto. Porque o uno foi concebido “de dentro para fora”, razão da sua fantástica comodidade, da sua perfeita integração com a anatomia humana. A primeira vista o Fiat Uno parece um carro compacto. Mas ao entrar você se sente num carro médio para grande porque dentro do uno ninguém faz cerimônia, todos esticam as pernas e se descontraem. O acesso ao banco traseiro é extremamente facilitado: o banco dianteiro desliza e inclina-se para a frente, isto é uma das muitas exclusividades do Uno! O banco traseiro tem duas posições e pode ser rebatido facilmente, como fechar um livro para ampliar mais ainda o espaço do porta-malas. O motorista também é um privilegiado. Ele tem os comandos tão próximos que parecem extensões dos seus dedos. Para isso o Fiat Uno é dotado de “satélites” laterais. Sem tirar as mãos do volante, o motorista controla: faróis, lanternas, luzes de emergência, limpador e lavador de para-brisa etc. O câmbio é macio, a direção suave (ela permite um raio mínimo de curva surpreendente: 4,70 m ou 2 ½ voltas). A visibilidade é total, graças à inclinação do capô e do próprio pára-brisa. Neste, um limpador único com uma área de varredura ocupando quase todo o párabrisa. Mas ninguém pode se sentir confortável se não se sentir seguro. Por isso, o Fiat Uno oferece toda a estabilidade possível. É um carro de 4 marchas ou 5 marchas (opcional), tração dianteira com suspensão de alto conforto. Incorpora: duplo circuito hidráulico, freios a disco e tambor, com correção de frenagem. Mas o Fiat Uno tem muito mais para lhe mostrar. Por isso, vá conhecê-lo numa concessionária. Nem um gênio poderá entender e sentir todas as suas vantagens sem vê-lo de perto. FIGURA 16 Comado satélite: tudo ao alcance dos dedos. Facilita o manuseio dos controles. Os bancos dianteiros deslizam e inclinam-se para frente, facilitando o acesso. 66 Cinzeiro móvel sobre o painel. Acessível ao motorista e ao passageiro ao lado. Maior praticidade. Garantia diamante: 4 anos contra a ferrugem, havendo necessidade de uma revisão anual de carroceria. E troca de óleo a cada 15.000 km com os lubrificantes Tutela/Agip. O porta-malas é aberto por comando interno. Limpador traseiro e vidro térmico. Limpador de pára-brisa único. Maior área de varredura. APÊNDICE B TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 17 Você pode esperar sentado pelo futuro. Ou sentar-se nele hoje mesmo. No Fiat Uno 86 você já dá a partida desfrutando de uma concepção mais avançada, de uma tecnologia de vanguarda. Muitos anos vão passar antes que outro carro possa chegar perto da economia que o Uno oferece. Ele é um carro que corre à frente do tempo: compacto por fora e com muito espaço e conforto por dentro. Afinal, a era espacial está ai. Repare no seu perfil ousado, na linha do capô formando um ângulo agudo com o chassi, na distância entre-eixos. Uma aerodinâmica avançada a serviço do desempenho, da economia, da estabilidade, da sua segurança. Agora sente-se no Fiat Uno e veja como ele é fácil dirigir. Sem tirar as mãos do volante você tem todos os controles ao seu alcance em dois satélites exclusivos. Para outros carros, satélite ainda é coisa de science fiction. Em mecânica, o Fiat Uno também está na frente: motor transversal, diferencial e câmbio em um só bloco. Essa perfeita integração consegue compatibilizar mais potência com menos consumo. O Uno lhe dá quatro anos de garantia contra ferrugem. Não existe nada parecido no país. Quando irá surgir um outro carro como o Uno? Ponto de interrogação. 67 Fique com ele. É o único que já vem com ponto de exclamação. APÊNDICE C TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 18 Pense grande: o Uno tem espaço interno maior que o de muitos carros médios e até grandes e o conforto é ainda maior que o espaço. Pense pequeno: com todo esse espaço, o Uno quase não ocupa espaço. Ele é fácil de estacionar, prático, gostoso de dirigir, rápido nas respostas e ágil no trânsito como nenhum outro. Pense grande: se o Uno não falta carro, muito menos falta motor. Ele tem uma perfeita relação peso-potência para você se sentir absolutamente seguro nas ultrapassagens e tranquilo nas viagens longas. Pense pequeno: o Uno é econômico em tudo o que se deve esperar que um carro seja econômico, no consumo de combustível, na manutenção, na durabilidade das peças, na concepção mecânica. A única coisa que o Uno realmente não economiza é inteligência. Pensando bem, pense no Uno. APÊNDICE D TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 19 Seu lugar é na linha mais completa e atualizada do mercado • Motor 1.0 – ignição eletrônica digital mapeada • Ar condicionado “inteligente” - opcional • Versão 2 e 4 portas • Projeto avançado • Grande espaço interno • Economia – durabilidade Compare antes de comprar 68 APÊNDICE E TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 20 Imagine um peso-leve com a força de um peso-pesado. É o novo Mille EP Extra Power com injeção eletrônica. É o mais potente motor do mundo de 1000 cilindradas e 8 válvulas, 58 cavalos de força com punch para vencer qualquer ladeira. Um motor tecnologicamente ultra-avançado para oferecer maior torque e maior potência com o menor consumo. Mas o Mille EP não é power só no motor. Ele tem 2 ou 4 portas, maior conforto interno e ainda a sofisticação do ar-condicionado inteligente, que não rouba a potência do carro. Além do alarme com acionamento à distância, vidros elétricos, vidros verdes, toca-fitas, bancos reclináveis, lanternas fumê e rodas em liga leve. Novo Mille EP. O mais forte da sua categoria. APÊNDICE F TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 22 Seu sonho é ter um zero km? Então coloque logo a mão num Mille SX 98 que não vai doer nada. Ele é o melhor custo-benefício do Brasil. Nenhum outro oferece tanto espaço interno e de porta-malas, com tanta economia de combustível por tão pouco: apenas R$ 10.566,00*. Isso sem contar que você escolhe sua versão duas ou quatro portas, a cor e os opcionais que quiser para o seu Mille SX 98 ficar com a sua cara. Está esperando o que para se dar esse gostinho? Passe logo numa Concessionária Fiat e sinta-se zero km num Mille SX 98. APÊNDICE G TEXTO ILEGÍVEL DA FIGURA 23 Novo interior, novas calotas exclusivas, nova grade, novo quadro de instrumentos. A Fiat paga o IPVA, o seguro total, o combustível, o emplacamento e as 69 despesas com o despachante. Resumindo: você economiza R$ 1.200* na hora de comprar o novo Mille Smart. 70 ANEXOS ANEXO A – Projeto Monografia I 71 Universidade de Caxias do Sul Douglas Nicaretta As estratégias de posicionamento do Fiat Uno desde 1984 através de anúncios na revista Quatro Rodas Caxias do Sul 2014 72 Universidade de Caxias do Sul Douglas Nicaretta As estratégias de posicionamento do Fiat Uno desde 1984 através de anúncios na revista Quatro Rodas Projeto de trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador: Eduardo Luiz Cardoso Caxias do Sul 2014 73 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: Sistema simples de marketing.................................................................12 FIGURA 2: Como o brand equity gera valor...............................................................13 74 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................5 2 TEMA........................................................................................................................6 2.1 Delimitação do tema..................................................................................6 3 JUSTIFICATIVA........................................................................................................7 4 QUESTÃO NORTEADORA......................................................................................8 5 OBJETIVOS..............................................................................................................9 5.1 Objetivo geral.............................................................................................9 5.2 Objetivos específicos................................................................................9 6 METODOLOGIA.....................................................................................................10 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................11 7.1 Marketing..................................................................................................11 7.1.1 Marca e brand equity............................................................................12 7.1.2 Identidade de marca.............................................................................13 7.1.3 Posicionamento....................................................................................14 7.1.4 Reposicionamento................................................................................15 7.2 A Fiat.........................................................................................................16 7.2.1 O Fiat Uno..............................................................................................16 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS..................................................................................18 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................19 10 CRONOGRAMA....................................................................................................21 75 1 INTRODUÇÃO A indústria automobilística brasileira é um dos setores da economia nacional mais representativos. Dada a sua importância, tornam-se sempre interessantes estudos mais aprofundados sobre o setor, independente do assunto abordado na pesquisa. Neste setor da indústria, são quatro as empresas mais destacadas, sendo estas as líderes de venda no país: Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford. A rivalidade que vem sendo fomentada entre estas quatro maiores empresas deve-se principalmente à disputa de market share, onde seus modelos populares, conhecidos também como modelos de entrada, contribuem massivamente para a elevação do número de vendas e a disputa pelo primeiro posto. O objeto de pesquisa em questão neste estudo é o Fiat Uno, veículo que completa três décadas de fabricação e venda no Brasil em 2014. A Fiat é há 13 anos, contando o ano atual, a montadora líder de venda de automóveis no país, e o Uno é o que mais teve representatividade na história da empresa. Ao longo da história da indústria automotiva brasileira, o Fiat Uno é o segundo carro com maior número de unidades vendidas, o que reforça a proposição de um estudo mais aprofundado acerca disso. Em toda a trajetória do Uno no Brasil, observa-se que o posicionamento do produto evoluiu com o passar dos anos, ficando mais evidente o recente reposicionamento atrelado com a evolução do design do veículo. A proposta de valor para os consumidores é hoje bem diferente do que era no princípio. Este estudo se propõem a analisar profundamente a evolução do posicionamento do produto ao longo das últimas três décadas, a partir de anúncios publicados na revista Quatro Rodas. A revista foi escolhida por ser especializada no meio automotivo, além de serem encontrados com recorrência anúncios do Fiat Uno. O estudo terá um viés qualitativo, e se dará através de uma pesquisa bibliográfica descritiva e de técnica documental, a partir da coleta de anúncios da revista, disponíveis em meio digital e físico. 76 2 TEMA Posicionamento de mercado do produto Fiat Uno de 1984 a 2014. 2.1 Delimitação do tema Inicialmente, será abordado de forma ampla o conceito de posicionamento e reposicionamento dentro das definições de marketing, bem como levantado um histórico da marca Fiat e do veículo Uno. A partir disso, serão analisados os posicionamentos do Fiat Uno desde o início da sua fabricação no Brasil em 1984. Para tanto, serão utilizados anúncios impressos, da revista Quatro Rodas, onde desde o princípio observam-se anúncios do automóvel. 77 3 JUSTIFICATIVA O Fiat Uno é um dos veículos de maior tradição no mercado automobilístico nacional. Essa característica decorre do fato de o Uno estar em fabricação no país desde 1984, sendo o quarto veículo a mais tempo fabricado no Brasil, apenas atrás de três modelos da Volkswagen. Além disso, é o segundo veículo de maior venda da história do país, sendo que apenas o Gol tem maior número de unidades comercializadas que o modelo da Fiat. Diante destes argumentos, e visto a recente remodelação do design do veículo, percebeu-se uma nova forma da Fiat comunicar o Uno com o passar dos anos, desde o início de sua fabricação no Brasil em 1984. Outros estudos aprofundados deste tema e com este foco não existem, o que corrobora ainda mais com a necessidade deste trabalho. 78 4 QUESTÃO NORTEADORA De que forma evoluiu o posicionamento de mercado do Fiat Uno no Brasil? 79 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo Geral Avaliar a evolução do posicionamento de mercado do Fiat Uno ao longo dos 30 anos de presença no Brasil. 5.2 Objetivos específicos 1. Definir o que é posicionamento e reposicionamento a partir de conceitos de marketing. 2. Levantar histórico sobre a marca Fiat e o produto Uno. 3. Analisar as estratégias de posicionamento e reposicionamento adotadas pela Fiat em relação ao Fiat Uno ao longo dos últimos 30 anos através de anúncios da revista Quatro Rodas. 80 6 METODOLOGIA A metodologia científica é conceituada por Barros e Lehfeld (2007) como um estudo e avaliação dos diversos métodos disponíveis para pesquisa. Ela corresponde a uma série de procedimentos que devem ser utilizados para a obtenção de um conhecimento específico. Em outras palavras, ela é “o estudo da melhor maneira de abordar determinados problemas no estado atual de nossos conhecimentos. Não procura soluções, mas escolhe maneiras de encontrá-las […]” (BARROS E LEHFELD, 2007, p. 2). A pesquisa do presente estudo será do tipo descritiva. Conforme Cervo, Bervian e da Silva (2007, p. 61), uma pesquisa descritiva “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. De acordo com os autores, esse tipo de pesquisa é desenvolvido principalmente nas ciências sociais. São abordados problemas que merecem estudo, cujo registro não está documentado. Os dados necessitam ser coletados e registrados. Para tanto, a abordagem da pesquisa será qualitativa. A técnica para a pesquisa será a documental, que segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007) caracteriza-se pela investigação de documentos com a finalidade de descrever e comparar diversas características. Através de um método de estudo de caso, serão levantados anúncios do Fiat Uno na revista Quatro Rodas desde 1984 com a finalidade de observar as mudanças de posicionamento do produto ao longo das três décadas de existência no Brasil. Trata-se de um estudo a partir de bases documentais para posterior análise dos mesmos documentos. 81 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7.1 Marketing O marketing é definido por Kotler e Keller (2012) como algo que tem como finalidade suprir necessidades humanas com a capacidade de gerar lucro. Porém, a definição de marketing é algo variável, já que se pode “estabelecer definições de marketing sob as perspectivas social e gerencial” (KOTLER e KELLER, 2012, p. 3). Souza (2007) cita Peter Drucker, que em 1954 deu uma das primeiras definições de marketing, que é “função única da empresa moderna, e que tem por objetivo conquistar e preservar clientes” (DRUCKER apud Souza, 2007, p.11). Sendo assim, na visão de Souza (2007), o marketing envolve toda a empresa, e não apenas o departamento. Em uma visão mais atual, a American Marketing Association (2013) define o marketing sendo a atividade e os processos de criação, comunicação, entrega e troca de ofertas de valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade. Sob o aspecto gerencial, Kotler e Keller (2012) afirmam que muitos descrevem equivocadamente o marketing como uma arte para vender produtos, porém a parte mais importante não é a venda em si. O objetivo é tornar desnecessário o esforço de venda, conhecendo o cliente de modo que o produto se adapte e se venda sozinho. As atividades de marketing são relativas a diversos tipos de produtos, como afirmam Kotler e Keller (2012). Podem ser relacionadas a bens, serviços, pessoas, experiências, lugares, organizações, propriedades, informações e ideias, porém a maior parte dos esforços e produção de marketing são constituídos pelos bens tangíveis. Estas atividades são realizadas pelo profissional de marketing, “que busca uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada cliente potencial (prospect)” (KOTLER e KELLER, 2012, p. 5). Estes profissionais também tem a responsabilidade, segundo Kotler e Keller (2012), de gerenciar a demanda pelo produto da empresa, independente de qual for o interesse do consumidor pelo produto. Nesta relação entre o profissional e o prospect, existe outro componente fundamental do marketing, o mercado. Segundo Kotler e Keller (2012), alguns economistas afirmam que mercado é um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações; ao mesmo tempo, os profissionais de marketing 82 consideram como mercado os grupos de clientes, enquanto as empresas vendedoras formam o setor produtivo. A Figura 1 demonstra o relacionamento entre o setor produtivo e o mercado, ligados por quatro fluxos, em um modelo de troca. Os vendedores enviam a sua comunicação e os bens ou serviços ao mercado, recebendo dinheiro e informações. Figura 1 – Sistema simples de marketing. Fonte: KOTLER E KELLER, 2012, p.7 7.1.1 Marca e brand equity Segundo o que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, conhecido por INPI, define, uma marca é “todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas” (INPI, 2014). Em outras palavras, marcas são sinais ou símbolos que levam quem a observa a se lembrarem do produto ou serviço; estas marcas diferenciam o vendedor ou produtor dos seus concorrentes. Inerente a existência de uma marca, existe o brand equity, ou equidade de marca. Segundo Aaker (2001), a equidade de marca pode ser compreendida como um conjunto de recursos que se agregam ao valor proporcionado pelo produto para a empresa ou para os seus clientes. Estes recursos são a conscientização da marca, a fidelidade à marca, a qualidade percebida, as associações relativas à marca e os outros recursos patenteados da marca. Por se tratarem de recursos, existem alguns aspectos intrínsecos. Conforme Aaker (2001), o gerenciamento do brand equity envolve os investimentos necessários para a criação e o aperfeiçoamento dos recursos, a sensibilidade dos gestores para a forma que as 83 marcas sólidas criam valor, o valor criado para os clientes em nível de infraestrutura, como varejistas, e a vinculação dos recursos ao nome e símbolo da marca. Estes são aspectos fundamentais para o bom gerenciamento do brand equity. A figura 2 demonstra como o brand equity gera valor. Figura 2 – Como o brand equity gera valor Fonte: AAKER, 2001, p.19 7.1.2 Identidade de marca A identidade de uma marca, de acordo com Aaker (2001), proporciona finalidade, sentido e significado para a marca. Ela impulsiona uma das dimensões do brand equity, as associações, “que compõem o coração e espírito da marca” (AAKER, 2001, p. 80). 84 As primeiras preocupações com identidade de marca surgiram durante os anos 80, que foram chamados por Souza (2007) de Quarta Geração do marketing. Conforme o autor coloca, neste período a principal preocupação do marketing passa a ser aferir o sentimento que seus públicos, interno e externo, tem em relação a empresa. Com esse conhecimento adquirido, tornou-se necessidade uma melhor organização e unidade de discurso. O empenho empresarial para difundir a identidade pretendida cresceu neste período, aprimorando ou construindo uma imagem na cabeça de seus clientes potenciais. Segundo Souza (2007), as empresas perceberam que o melhor seguro que elas podem fazer é investir em sua própria imagem. O conceito de identidade é colocado por Aaker e Joachimsthaler (2002) como uma série de associações de marca que se aspiram criar ou manter. São associações que […] implicam uma promessa a clientes feita pelos membros da organização. Como a identidade de marca é utilizada para impulsionar todos os esforços de construção de marcas, deve possuir profundidade e riqueza; não é um bordão de propaganda nem sequer uma afirmação de posicionamento. (AAKER e JOACHIMSTHALER, 2002, p. 57) De acordo com os autores, a identidade deve contribuir para estabelecer um relacionamento entre a marca e seu cliente, oferecendo uma proposta de valor que envolva benefícios, sejam funcionais, emocionais ou auto-expressivos. 7.1.3 Posicionamento O posicionamento, segundo Aaker (2001), é uma “parcela da identidade e da proposta de valor da marca que deve ser ativamente comunicada ao público-alvo e apresenta uma vantagem em relação às marcas concorrentes” (AAKER, 2001, p. 83). Portanto, trata-se de uma abstração menor do que é identidade de marca. Ainda segundo Aaker (2001), essa proximidade entre posicionamento e identidade de marca pode se tornar uma armadilha para as marcas, quando a busca pela identidade se converte em busca pelo posicionamento, inibindo a evolução ou aprimoramento da identidade. O entendimento de posicionamento é mais antigo do que o de identidade, 85 apesar de serem diretamente ligados. Segundo Ries e Trout (2002) o conceito parte de 1972, quando ambos escreveram uma série de artigos intitulados A Era do Posicionamento. Em seu livro, os autores definem posicionamento como algo que não diz necessariamente respeito a uma marca, mas também a produtos, serviços, instituições ou até mesmo pessoas. Posicionamento, segundo Ries e Trout (2002), é algo provocado na mente dos consumidores, posicionando a marca ou o produto nas suas mentes; é algo que preenche lacunas no mercado, diferenciando-se da concorrência. Ries e Trout afirmam que devido ao excesso de comunicação na sociedade, a “única possibilidade de obter bons resultados é por meio da seletividade, da concentração em alvos restritos, da prática da segmentação. Em uma palavra, do 'posicionamento'” (RIES e TROUT, 2002, p. 6). Ainda segundo eles, a maneira mais fácil para construir um posicionamento é ser o primeiro em alguma categoria, em contrapartida dos concorrentes da mesma categoria, que terão uma tarefa mais complicada para se posicionarem, pois nem sempre encontram uma lacuna no mercado. 7.1.4 Reposicionamento Rivkin e Trout (2011, p. 22) definem o reposicionamento como “a maneira como a empresa ajusta percepções, sejam elas sobre a empresa ou sobre seu concorrente”. Para que isso funcione, faz-se necessária a compreensão da mente humana e seu modo de pensar. Ainda segundo os autores, as estratégias para o reposicionamento devem ser adotadas em situações que necessitem lidar com a concorrência, quando há mudanças, principalmente de ordem tecnológica, e quando há crise. Já o reposicionamento de produto, segundo Rosa (1998), é o desenvolvimento de um posicionamento diferente do anterior, com uma nova imagem, buscando uma posição competitiva novamente. Ainda segundo a autora, o reposicionamento pode gerar um produto diferenciado ou especializado em relação ao anterior. Para tal estratégia, a empresa deve assegurar-se da necessidade de reposicionamento, seja pela obsolência ou pelo fim do ciclo de vida do produto, e decidir quais serão as diferenças e como serão mostradas ao consumidor. 86 7.2 A Fiat A Fiat é uma montadora de origem italiana, fundada em 11 de julho de 1899 na cidade de Turim, sob o nome Fabbrica Italiana di Automobili Torino, por um grupo de empresários, entre eles Giovanni Agnelli, Lodovico Scarfiotti e o Conde Brecherasio di Cocherano. Segundo informações do blog Mundo das Marcas (2011), a intenção era fazer concorrência com a indústria francesa de automóveis, além de desenvolver inovações para carros de corrida. Entretanto, Giovanni Agnelli era interessado em uma linha de produção em massa, lançando assim as bases para o grande complexo industrial que é a Fiat atualmente. Ainda segundo o Mundo das Marcas (2011), o primeiro veículo da empresa foi o modelo três 1/2hp, de 679cc, que atingia 35 km/h. Em meados da década de 1970, a Fiat lançou sua filial no Brasil na cidade de Betim, em Minas Gerais. Segundo Micaelo (2003), o objetivo principal das negociações para trazer a fábrica italiana para o Brasil era incentivar a indústria automobilística da Itália a realizar investimentos em um polo industrial emergente. A inauguração da Fiat Automóveis S.A. foi no dia 9 de julho de 1976, onde no mesmo dia foram iniciadas a fabricação do modelo 147, o primeiro carro brasileiro da empresa. Segundo informações do site da montadora, a empresa fechou o ano de 2013 como líder de vendas no mercado nacional, posição ocupada pelo décimo segundo ano consecutivo. 7.2.1 O Fiat Uno Em 1984, a Fiat lançou o modelo Uno. Conforme Micaelo (2003), o modelo já havia sido projetado e estava a venda na Itália, e buscava reverter uma imagem negativa que o 147 deixara no Brasil. Em seu lançamento o produto atendeu as expectativas, ganhando prêmios como o “carro do ano”. No ano de 1986, ainda segundo Micaelo (2003), apresentava-se uma tendência de queda nas vendas e indícios de problemas de qualidade do produto, tendo a marca sido rejeitada por 70% dos consumidores em pesquisas. Para resolver o problema, em 1988 a Fiat reuniu seus fornecedores e a rede de concessionárias para resolver os problemas de qualidade. O mesmo índice de rejeição caiu de 70% para 40%, com tendência de queda maior. 87 O veículo evoluiu com o passar dos anos. Na década de 1990, a Fiat lançou o Uno Mille, o primeiro carro nacional de 1000cc. Como coloca Micaelo (2003), a empresa foi motivada por um decreto que reduzia a alíquota de 40% para 20% para carros de até 1000cc, fato que ajudaria a alavancar as vendas do produto em um mercado que se encontrava em um quadro econômico recessivo, vista a alta inflação do período, que estava tentando ser controlada pelo então Presidente da República Fernando Collor de Mello. Nos seus últimos anos de fabricação, o modelo era conhecido também apenas por Mille. Em maio de 2010 a montadora italiana lançou o Novo Uno, veículo com um design e conceito totalmente diferente do seu antecessor. A produção do Uno e do Novo Uno foram simultâneas até 2013, quando a Fiat abandonou o modelo antigo. A posição de carro de entrada agora da empresa é do Palio. 88 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS O assunto deste estudo será dividido em cinco capítulos, de acordo com a necessidade percebida para a obtenção dos resultados desejados. A divisão dos mesmos é a seguinte: 1 INTRODUÇÃO 2 POSICIONAMENTO 2.1 Marketing 2.2 Marca e brand equity 2.3 Identidade de marca 2.4 Posicionamento 2.5 Reposicionamento 3 O FIAT UNO 3.1 A Fiat 3.2 O Fiat Uno 4 ANÁLISE DAS PEÇAS PUBLICITÁRIAS DO FIAT UNO NA REVISTA QUATRO RODAS DE 1984 A 2014 4.1 Características dos anúncios 4.2 Posicionamento percebido nos anúncios ao longo dos anos 5 CONCLUSÃO 89 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, David A. Criando e Administrando Marcas de Sucesso. São Paulo: Editora Futura, 2001. AAKER, David A.; JOACHIMSTHALER, Erich. Como Construir Marcas Líderes. 2. ed. São Paulo: Editora Futura, 2002. AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing. Chicago, 2013. Disponível em: <https://www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definition-of-Marketing.aspx >. Acesso em: 18 Out 2014. BARROS, Aidil J. S.; LEHFELD, Neide A. S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; DA SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FIAT. [S.l], 2011. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06 /fiat-movidos-pela-paixo.html>. Acesso em: 25 Out 2014. FIAT é líder de mercado pela décima segunda vez. [S.l.], 2014. Disponível em: <http://www.fiat.com.br/novidades-fiat/mercado/fiat-e-lider-pela-decima-segundavez.html>. Acesso em: 25 Out 2014. INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 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Reposicionamento de produtos. Porto Alegre: SEBRAE/RS, 1998. SOUZA, Francisco A. M. O Grande Livro do Marketing. São Paulo: M. Books, 2007. 90 10 CRONOGRAMA Atividades Coleta de dados 2º capítulo 3º capítulo 4º capítulo Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul X X X X X X X X X X Conclusão X Apresentação versão final X Revisão e impressão Apresentação para a banca X X