F.3.1-Economia Houve Realmente Valorização do Salário Mínimo entre os Governos FHC, Lula? O que dizem os dados? 1 1 1 Marcus Vinicius S. de Souza ; Ana Carolina R. de Melo ; Stacyly Cristine Jesus dos Santos ; Kellyane P. dos Anjos 2* 3 Gonçalves ; André M. G. Lages . 1. Estudante de Economia da FEAC – UFAL. 2. Estudante de Pós graduação da UFSCar , SP. * [email protected] 3 Professor dos cursos de economia da FEAC –UFAL. Palavras Chave: salário mínimo, cesta básica, distribuição de renda. Introdução Os governos FHC e Lula foram tratados em algum momento como se tivessem a mesma política macroeconômica. Percebe-se, no entanto algumas diferenças; entre elas a questão da valorização do salário mínimo. Para atender a essa perspectiva, esse ensaio tem como objetivo geral mostrar o comportamento da relação entre salário mínimo e cesta básica para analisar se existem diferenças entre a postura dos dois governos. Por outro lado, a cesta básica nacional seria: “seria suficiente para o sustento e bem estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro cálcio e fósforo”. (DIEESE, 1993). Importa observar que nesse documento clássico constante no site do DIEESE a cesta básica é definida para três regiões. Claro deve estar que os dois governos de FHC (Fernando Henrique Cardoso) ocorreram entre 1995 e 2003. Enquanto o governo Lula (Luiz Inácio da Silva) aconteceu entre 2003 até 2010. Deve ser lembrado que durante o governo FHC um dos principais objetivos era garantir a estabilização da economia. O Plano Real, iniciado no governo Itamar Franco, se mostrou um sucesso nesse sentido, na medida em que conseguiu o controle da inflação perante as experiências fracassadas iniciadas com o Plano Cruzado em fevereiro de 1986 durante o Governo Sarney. Ocorreram problemas para viabilizar o Plano Real, entre eles a mudança de política cambial em 1999, passando a se trabalhar em um regime cambial do tipo dirty - floating, e deixando para trás o regime de bandas cambiais. Mas esse modelo parecia não agradar mais tanto o eleitorado que deu a vitória a um novo presidente; deixando (Lula) a filosofia do PSDB e abrindo espaço para crescimento do Partido dos Trabalhadores. Essa mudança significou na prática uma tentativa de manutenção dos principais elementos da política macroeconômica anterior; mas buscando também inovações no campo social. Por exemplo, o Imposto Territorial Rural tão valorizado no governo anterior como forma de desincentivar o uso especulativo da terra; fica “desfigurado” na politica agrária do novo governo. Existe ainda a difusão no governo Lula do Bolsa Família. Outro aspecto de destaque ainda é a preocupação em valorizar o salário mínimo. Essa mudança de perfil terá impacto na melhoria da distribuição de renda no país. E com isso será fortalecido o mercado interno. Em síntese, existe uma mudança de postura política e uma polarização nas eleições seguintes entre esses dois partidos, dividindo o eleitorado brasileiro. O ponto desse pequeno trabalho é verificar se de fato houve um ganho real do salário considerado em termos do comportamento da relação entre salário mínimo do período dividido pela cesta básica durante tais gestões. Segundo Decreto Lei N. 399 de 30 de abril de 1938 em seu artigo 2 define salário mínimo como Figura 1 - Comprometimento do Salário Mínimo a partir dos Gastos na Cesta Básica. Várias Capitais Brasileiras e Capital Federal. (1995-2010). Os dados já refletem tal condição e apresentam resultados claros. Observem que até o número dez no eixo horizontal diz respeito ao período FHC; enquanto de 11 até 17 abarca os dois governos Lula. Resultados e Discussão O gráfico mostra uma situação interessante. Com a queda da inflação a partir de 1995; o poder de compra aumentou de forma expressiva mesmo no governo FHC. Importa observar, lembrar, e destacar que os níveis de inflação antes do plano real estavam acima de 2000% a.a.. Já em 1996, aparecia com menos de dois dígitos anuais em termos de IGP-DI (cf. Conjuntura Econômica, 2012). O ganho de poder de compra não ocorre somente com aumento de salário nominal, mas também com a baixa dos preços. Conclusões Mais um aspecto une FHC e Lula, por caminhos diferentes. A queda de inflação levou a ganhos de poder compra no governo FHC. Durante o governo Lula, houve também uma preocupação maior com o aumento real do salário mínimo. “a remuneração mínima devida a todo trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço e capaz de satisfazer, em determinada época, na "região do país, as suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte” (DIEESE, 1993). 67ª Reunião Anual da SBPC