HEPATITE A

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HEPATITE A
Descrição - Doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas, desde
formas subclínicas, oligossintomáticas e até fulminantes (menos que 1% dos casos). Os
sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das transaminases.
A freqüência de quadros ictéricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em
menores de 6 anos, chegando a 70 a 80% nos adultos. O quadro clínico é mais intenso à
medida que aumenta a idade do paciente. No decurso de uma hepatite típica, temos
vários períodos:
a) incubação;
b) prodrômico ou pré-ictérico - com duração em média de 7 dias, caracterizado
por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia, náuseas,
vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôndrio direito, aversão a alguns
alimentos e a fumaça de cigarro;
c) ictérico - com intensidade variável e duração geralmente 4 a 6 semanas. É
precedido por dois a três dias de colúria. Pode ocorrer hipocolia fecal, prurido, hepato ou
hepatoesplenomegalia. A febre, artralgia e cefaléia vão desaparecendo nesta fase;
d) convalescença - retorno da sensação de bem-estar: gradativamente, a
icterícia regride e as fezes e urina voltam à coloração normal.
Agente etiológico - Vírus da hepatite A (HAV). Vírus RNA, família
Picornaviridae.
Reservatório - O homem, principalmente. Também primatas, como chimpanzés
e sagüis.
Modo de transmissão - Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato
intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmissão
percutânea (inoculação acidental) e parenteral (transfusão) são muito raras, devido ao
curto período de viremia.
Período de incubação - De 15 a 45 dias, com média de 30 dias.
Período de transmissibilidade - Desde a 2ª semana antes do início dos
sintomas até o final da 2ª semana de doença.
Complicações - As formas prolongadas ou recorrentes são raras e caracterizamse pela manutenção das transaminases em níveis elevados por meses ou até mesmo
um ano. A forma fulminante apresenta letalidade elevada (superior a 80%). Ocorre
necrose maciça ou submaciça do fígado, levando rapidamente à insuficiência hepática
aguda (10 a 30 dias). A toxemia, sonolência e confusão mental (coma hepático) podem
estar acompanhadas de manifestações hemorrágicas. A sepse é rara.
Diagnóstico - Pode ser clínico-laboratorial, clínico-epidemiológico e laboratorial.
Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico, sendo
necessária à realização de exames sorológicos.
Entretanto, podemos confirmar clinicamente os casos secundários em um surto,
onde o caso-índice teve sorologia confirmada (anti-HAVIgM).
Os exames específicos são feitos pela identificação dos marcadores sorológicos.
Na infecção aguda temos o anti-HAV IgM positivo (desde o início da sintomatologia e
que normalmente desaparece após 3-6 meses do quadro clínico). Na infecção passada e
na vacinação temos anti-HAV/IgG positivo (detectado uma semana após o início dos
sintomas e que se mantém ao longo da vida).
Diagnóstico diferencial - Hepatite por vírus B, C, D ou E; infecções como:
leptospirose, febre amarela, malária, dengue, sepse, citomegalovírus e mononucleose;
doenças hemolíticas; obstruções biliares; uso abusivo de álcool e uso de alguns
medicamentos e substâncias químicas.
Tratamento - Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se
necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral,
recomenda-se repouso relativo até praticamente a normalização das aminotransferases.
Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se
recomendar que o próprio paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e
aceitação alimentar. A única restrição relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser
suspensa por seis meses, no mínimo; e, preferencialmente, por um ano. Medicamentos
não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano
hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos
vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico.
Características epidemiológicas - A hepatite A tem distribuição universal e
apresenta-se de forma esporádica ou de surto. Têm maior prevalência em áreas com
más condições sanitárias e higiênicas. É freqüente em instituições fechadas. Nos países
subdesenvolvidos, acomete com mais freqüência crianças e adultos jovens; nos
desenvolvidos, os adultos. A mortalidade e letalidade são baixas e essa última tende a
aumentar com a idade do paciente.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Conhecer a magnitude, tendência e distribuição por faixa etária e
áreas geográficas. Detectar, prevenir e controlar surtos, adotando e avaliando o impacto
das medidas de controle.
Notificação - Todos os casos suspeitos ou confirmados e os surtos devem ser
notificados e investigados.
Definição de caso
Suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de
transaminases igual ou maior que três vezes o valor normal e/ou história de contato com
paciente com hepatite A confirmada.
Confirmado - Indivíduo que preenche as condições de suspeito com marcador
anti-HAV IgM positivo ou indivíduo que preenche as condições de suspeito mais um
vínculo epidemiológico com caso confirmado por sorologia de hepatite A.
MEDIDAS DE CONTROLE
As medidas de controle incluem a notificação de surtos e os cuidados com o
paciente. A notificação é importante para que se desencadeie a investigação das fontes
comuns e o controle da transmissão através de medidas preventivas. Os cuidados com o
paciente incluem o afastamento do mesmo das atividades normais (se criança,
isolamento e afastamento da creche, pré-escola ou escola) durante as primeiras duas
semanas da doença e a máxima higiene com desinfecção de objetos, limpeza de
bancadas, chão, etc, utilizando cloro ou água sanitária.
As medidas preventivas incluem: educação da população quanto às boas práticas
de higiene, com ênfase na lavagem das mãos após o uso do banheiro, quando da
preparação de alimentos e antes de se alimentar; disposição sanitária de fezes, etc.;
medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto; orientação das creches, préescolas e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene, tais
como lavagem das mãos ao efetuar trocas de fraldas, preparar dos alimentos e antes de
comer, além da desinfecção de objetos, bancadas, chão, etc.; cozimento adequado para
mariscos, frutos do mar e desinfecção (uso de cloro) para alimentos crus. A vacina
contra a hepatite A está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais (Crie), indicada apenas para pessoas com hepatopatias crônicas suscetíveis
para a hepatite A; receptores de transplantes alogênicos ou autólogos, após transplante
de medula óssea em receptores de transplantes alogênicos ou autólogos; candidatos a
receber transplantes autólogos de medula óssea e doadores de transplante alogênico de
medula óssea.
Situação do agravo no município: Em 2007 tivemos 5 notificações de casos
suspeitos de Hepatite A, que posteriormente foram descartados com exames
laboratoriais.
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