classificação clínica da insufic

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CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA E
QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES PRATICANTES DE EXERCÍCIO
FÍSICO
PEREIRA, Thaise Cristina (UNITRI, [email protected]).
CARDOSO FILHO, Gerado Magela (UNITRI, [email protected]).
MAGAZONI. Valéria Sachi, (Unitri, correspondência: [email protected])
RESUMO
Introdução: A insuficiência Venosa Crônica (IVC) caracteriza-se pela
obstrução do fluxo venoso e o seu refluxo através das válvulas incompetentes,
podendo causar um impacto negativo na qualidade na vida. Para classificação
clínica da IVC é usado o CEAP (classificação clinica, etiológica, anatômica e
patofisiológica), que quantifica e qualifica a gravidade da doença. Objetivo:
Estabelecer a associação entre IVC e qualidade de vida em mulheres jovens
que praticavam exercício físico do curso de Fisioterapia do Centro Universitário
do Triângulo em Uberlândia - MG. Metodologia: Trata-se de um estudo de
abordagem quantitativa do qual participaram do trabalho 50 indivíduos do sexo
feminino. A coleta de dados foi realizada no mês de abril de 2015, utilizando
para a avaliação clinica da IVC o CEAP e para a qualidade de vida o
questionário The Medical OutcomesStudy 36-Item Short Form Helth Survery
(SF36). Resultados: Foram encontrados níveis iniciais de CEAP, ou seja, 0,1 e
3, sendo o CEAP 1 o mais observado. Ao analisar os domínios do questionário
SF-36 foram visto que os maiores scores estavam presentes no CEAP 1 e os
valores menores no CEAP 3. Conclusão: Os achados deste estudo mostraram
que a IVC nos níveis encontrados não interferiu de forma significativa na
qualidade de vida dessa amostra, mas mostrou que quanto maior o grau de
IVC pior é a qualidade de vida nas mulheres praticantes de exercício físico.
Palavras – chave: insuficiência venosa, IVC, qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
A insuficiência venosa crônica (IVC) é uma doença comum na pratica
clínica, caracteriza-se pela incapacidade em manter o equilíbrio entre o fluxo
sanguíneo que chega ao membro inferior e o seu retorno. Dois mecanismos
são fundamentais para que essa doença ocorra: obstrução mecânica ao fluxo
venoso e refluxo do sangue venoso através de válvulas incompetentes. É
muitas vezes uma doença incapacitante e de difícil tratamento, podendo afetar
o sistema venoso superficial, o sistema venoso profundo ou ambos.
(BARCELOS, et. al., 2014).
Morais e Ferreira (2014) relatam que a IVC é um tipo de doença que
seus sinais e sintomas podem ir desde um simples aspecto de veias dilatadas
na superfície da pele, até a formação de úlceras graves. Existem alguns
sintomas que caracterizam a doença como: dores nas pernas, edema, podendo
em alguns casos ocorrer sangramento e descamação que sem tratamento,
pode evoluir para dermatite ocre e lipodermatoesclerose. Segundo Seidel et.
al., (2011) vários fatores de risco têm sido associados ao desenvolvimento da
insuficiência venosa, tais como obesidade, idade, sexo, estilo de vida, trabalho,
dieta, uso de hormônios, gravidez, historia familiar e muitos outros.
Morais e Ferreira, (2014) relatam que o sexo feminino, a idade e o
número de gestações são fatores importantes para o desenvolvimento da
doença venosa, já que a gravidez aumenta a produção de hormônio e a
quantidade de sangue circulante no corpo podendo causar sobrecargas das
veias. Para Macedo et. al., (2013), mulheres apresentam maior frequência de
IVC, os resultados são concordantes com a maioria das pesquisas sobre o
tema e que pode ser explicado pela utilização de hormônios.
Na Europa, 15% dos adultos entre 30 a 70 anos apresentam a doença e
1% apresenta úlceras; no Brasil, foi constatada uma prevalência de 35,5% e
1,5% respectivamente. Nas suas fases mais graves, é a décima quarta causa
de afastamento do trabalho. Constitui grave problema de saúde pública, por
sua alta prevalência e pelo impacto socioeconômico. (ROSSI et. al., 2015).
Para classificar a IVC, é utilizado o CEAP (classificação clínica,
etiológica, anatômica e patofisiológica). Sua parte clínica estabelece: C0 sinais de doença não visíveis e não palpáveis; C1 - para telengiectasias e/ou
veias reticulares; C2 - para veias varicosas; C3 - para edema; C4 - para
alterações da pele, como hiperpigmentação e lipodermatoesclerose; C5 - para
úlcera cicatrizada, e C6 - para úlcera ativa, segundo MELO et.al., (2015).
Apesar da alta prevalência e da gravidade da doença, pouco se sabe
sobre a intensidade dos sintomas e da sua influência na qualidade de vida, e
ainda poucos estudos correlacionam a gravidade dos sinais clínicos e a
progressão da doença com as alterações nos sintomas e a qualidade de vida
do individuo acometido (ROSSI et. al.,2015). Segundo Macedo et. al., (2013) a
IVC pode acarretar comprometimentos no desempenho funcional e alterações
psicológicas podendo suscitar um impacto negativo na qualidade de vida,
tornando necessária a utilização de instrumentos para a realização de uma
avaliação integral, que aborde alterações nas atividades da vida diária,
funcionais, ocupacionais, psicológicas e na percepção do estado de saúde
global.
Inúmeros instrumentos podem ser utilizados para estudos de qualidade
de vida. O SF-36 (MedicalOutcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey)
é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, de fácil
administração e compreensão (SALICIO et. al., 2013).
O questionário de qualidade de vida SF-36 que é um questionário
multidimensional formado por 36 itens, englobados em 8 escalas ou
componentes: capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (4 itens), dor (2
itens), estado geral de saúde (5 itens), vitalidade (4 itens), aspectos sociais (2
itens), aspectos emocionais (3 itens), saúde mental (5 itens) que avalia tanto
aspectos negativos de saúde (doença ou enfermidade), como aspectos
positivos (bem- estar). O questionário de qualidade de vida foi desenvolvido
com o objetivo de estudar a qualidade de vida de pessoas com mais de uma
condição ou de refletir o impacto de uma doença sobre a vida de pacientes em
diversas populações e de avaliar de forma restrita, determinados aspectos da
qualidade de vida. (SILVA et. al.,2015).
A adoção de um estilo de vida ativo, ou seja, a pratica regular de
exercícios físicos proporciona inúmeros benefícios para seus praticantes, tanto
em relação à saúde como na qualidade de vida, reduzindo a possibilidade de
desenvolvimento da maior parte das doenças crônico-degenerativas. (SILVA et.
al., 2010).
O exercício físico é um grande aliado no tratamento das doenças
vasculares periféricas. Os benefícios da atividade física estão principalmente
relacionados na melhora do metabolismo no músculo, favorecendo uma maior
aderência das pessoas a pratica supervisionada da atividade física que
aumenta o tônus muscular dos membros inferiores e, consequentemente, pode
melhorar sua ação no sistema venoso, com diminuição na pressão de
deambulação e melhora do retorno venoso. (PENA; MACEDO, 2011).
Esse trabalho teve o intuito de conhecer as repercussões dos sinais
clínicos da IVC sob a qualidade de vida mesmo em mulheres praticantes de
exercício físico, uma vez que já se sabe-se que o exercício pode repercutir de
forma positiva na qualidade de vida.
O objetivo desse estudo foi estabelecer a associação entre a IVC e
qualidade de vida em mulheres jovens que praticavam exercício físico do curso
de Fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia – MG.
METODOLOGIA
Casuística
Foi realizado um estudo transversal de característica experimental com
abordagem quantitativa. A amostra probabilística, determinadas por métodos
estatísticos foi composta por 50 jovens universitárias, maiores de 18 anos, do
sexo feminino, estudantes do curso de Fisioterapia do Centro Universitário do
Triangulo – UNITRI, situados no município de Uberlândia/MG. Para isso a
denominação jovem foi utilizada de acordo com a proposta de emenda a
constituição (PEC) da juventude aprovada pelo Congresso em Setembro de
2010, onde diz que é jovem no Brasil todo cidadão que compreende a idade
entre 13 e 29 anos.
Todos os alunos receberam e assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido para a realização da pesquisa. Fizeram parte dos critérios de
inclusão: jovens do sexo feminino, acima de 18 anos que praticavam exercício
físico regular por um período de no mínimo seis meses e com frequência igual
ou maior que duas vezes na semana e que aceitaram participar da pesquisa. E
como critérios de exclusão: jovens que não responderam corretamente o
questionário e que não assinassem o termo de consentimento.
Métodos
A coleta de dados foi realizada no mês de abril de 2015, com o prévio
consentimento dos professores e da supervisora. Durante a abordagem foram
apresentados os objetivos da pesquisa, assim como foi realizado os
esclarecimentos devidos acerca do critério de sigilo, assim como da liberdade
de não participar, uma vez que as participantes poderiam sentir-se
constrangidas pelo uso do short para a avaliação de membros inferiores, bem
como a condição de assinar o termo de consentimento livre esclarecido.
Os alunos foram abordados em todas as salas de aula do curso de
fisioterapia do 1º ao 8º período, onde foram convidados verbalmente a
participar da pesquisa havendo a pergunta referente ao tempo em que
praticavam exercício físico, e alunas maiores de 18 anos e que fizessem
exercício regular por seis meses e frequência igual ou maior que duas vezes na
semana foram incluídas na pesquisa. A coleta de dados aconteceu em sala de
aula, em horários previamente acordados entre as participantes.
Para a inspeção visual as alunas estavam vestindo um short próprio ou
um short dados a elas para melhor avaliação dos membros inferiores que foi
realizada somente pela pesquisadora, as alunas permaneceram em posição
ortostática durante 1 minuto e para classificação clinica da IVC foi utilizado o
CEAP.
De acordo com esta, os sinais clínicos foram divididos em: C0 (sem
sinais de doença venosa), C1 (teleangiectasias e ou veias reticulares), C2
(veias varicosas), C3 (edema), C4 (alterações subcutâneas, subdivide-se em
C4a – alterações na pigmentação e eczema e C4b- lipodermatoesclerose e
atrofia branca), C5 (ulcera de estase cicatrizada) e C6 (ulcera de estase
aberta).
Após a avaliação dos sinais clínicos da IVC as alunas responderam ao
questionário genérico de qualidade de vida The Medical OutcomesStudy 36Item Short FormHelthSurvery (SF-36), versão brasileira. Ele é composto por 11
questões e 36 itens que englobam oito domínios, representados por
capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (4 itens), dor (2 itens), estado
geral de saúde (5 itens), vitalidade (4 itens), aspectos sociais (2 itens),
aspectos emocionais (3 itens), saúde mental (5 itens) que avalia tanto aspectos
negativos de saúde (doença ou enfermidade), como aspectos positivos (bemestar). Este apresenta um score final que varia de 0 a 100, onde zero significa
pior estado geral de saúde e 100 uma melhor percepção em relação a sua
qualidade de vida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram dessa pesquisa um total de 50 indivíduos jovens do sexo
feminino com idades variando entre 18 a 27 anos com uma média de 21,7
anos. Durante a coleta de dados não houve perda amostral, todas as alunas
convidadas aceitaram a participar da pesquisa, e durante a coleta de dados
não houve intercorrências para serem excluídas. Estão demonstrados na
Tabela 1, os resultados relacionados com os graus de CEAP.
Tabela 1 – Distribuição de frequências e porcentagens
quanto aos valores de CEAP e resultados totais.
CEAP
Frequência
Porcentagem
CEAP 0
21
42%
CEAP 1
27
54%
CEAP 3
02
4%
Total
50
100%
CEAP – classificação clínica, etiológica, anatômica e patofisiológica.
A tabela 1 mostra a distribuição dos participantes quanto à classificação
de CEAP, esses jovens passaram por uma avaliação clinica, onde eram
avaliados os sinais clínicos de IVC nos quais foram: edema, dermatite ocre,
lipodermatoesclerose, varizes e úlcera. 42% delas apresentaram CEAP 0 não
tendo nenhum sinal clinico da doença, 54% foram classificadas com CEAP 1
apresentando varizes teleangctasias e/ou reticulares e 4% apresentou CEAP 3
tendo além de varizes tronculares a presença de edema em MMII. Os graus de
CEAP mais frequentes no presente estudo, foram 0, 1 e 3. Macedo et. al.(2013)
quando realizaram um trabalho com universitários com media de idade de 26,5
que praticavam atividade laboral, também encontraram valores de CEAP em
níveis iniciais da doença com CEAP 1, 2 e 3 corroborando com o presente
estudo que também foi encontrado CEAP em níveis inicias, podendo esse
achado ser justificado pela característica jovem da amostra.
Pena & Macedo (2011) relatam que a partir da puberdade já existe
aumento progressivo da frequência de varizes, isso concorda com o presente
estudo, pois foram encontradas varizes na maioria das jovens que é um sinal
clinico da IVC.
Alberti et., al., (2010) em seu estudo verificaram a associação entre a
insuficiência venosa crônica e a pratica de exercício físico, estudaram 100
pessoas de ambos os sexos, maiores de 50 anos, onde dividiram o grupo que
praticavam exercício físico por mais de 2 anos e o grupo que não praticavam
exercício físico, não constaram diferença entre a existência de sinais clínicos
da IVC em membro inferior entre o grupo que praticavam exercício físico e o
grupo de sedentários, o que corrobora com a presente pesquisa, pois foi
encontrado níveis iniciais da IVC mesmo em mulheres praticantes de exercício
físico.
Por estar claro na literatura que exercício físico repercuti de forma
positiva na qualidade de vida, foi verificado na tabela 2, somente a interferência
dos sinais clínicos da IVC em relação à qualidade de vida, uma vez que todas
as participantes eram praticantes de exercício físico. Nesta tabela observam-se
os oito domínios do questionário de qualidade de vida- SF36, no qual é
classificado de 0 a 100, onde 0 significa pior qualidade de vida e 100 melhor
qualidade de vida.
Tabela 2: Scores obtidos nos oito domínios do questionário de qualidade
de vida -SF36, correlacionando com o CEAP.
CEAP
CF LAF
DOR EGS
VIT
AS
LAE
SM
CEAP 0
100
100
62
77
80
100
100
80
CEAP 1
95
100
57
62
60
100
100
76
CEAP 3
80
75
51
50
55
87,5
100
64
(*) CF- capacidade funcional, LAF-limitação por aspectos físicos,EGS- estado geral de saúde,
VIT-vitalidade, AS-aspectos físicos, LAE-limitação por aspectos emocionais, SM-saúde mental.
Verificou-se que as qualidades de vida dos jovens em geral sofreram
pouca repercussão por estar distantes do escore 0 nos oito domínios do
questionário. Os melhores valores foram encontrados nas jovens com
classificação de CEAP 0, que não tem sinais clínicos de IVC e
consequentemente uma melhor qualidade de vida por não ter interferências
dos sinais clínicos da doença. Já no grupo de CEAP 3 foi encontrado valores
menores nos 8 domínios quando comparado ao grupo de CEAP 0 E 1,
somente LAE (limitação por aspectos emocionais) teve valor iguais em todos
os CEAP por ainda estar em níveis iniciais da doença não afetando o
emocional dessas jovens.
Embora não tão recente, Santos et.al. (2009) concorda com esse
resultado, pois em seu trabalho foi verificado que a qualidade de vida nos
pacientes com doença venosa crônica leve e grave é diferente, pois os
indivíduos que apresentaram a forma mais grave da doença tiveram menores
índices nos escores do SF-36. Itens como dor, aspectos físicos, aspectos
sociais e emocionais, vitalidade, saúde mental e capacidade funcional
mostraram-se significativamente mais afetados em indivíduos com estágio mais
avançado da doença.
Quando comparando os oito domínios em todos os CEAP, a dor foi o
quesito que apresentou menores valores, ou seja, mais repercussão, isso
porque a dor é uma sensação desagradável passando a ser o que mais
incomoda o individuo, concordando com esse resultado, Rossi et.al., (2015),
quando estudaram a relação entre a gravidade dos sinais e sintomas e da
qualidade de vida em pacientes portadores de doença venosa crônica,
encontraram a dor como a principal queixa em 49 membros de 59 que foram
avaliados , estando a dor presente na maioria dos indivíduos.
Macedo et.al. (2013) também mostrou em seu trabalho realizado com
universitários que indivíduos com maiores graus de IVC apresentaram piora em
todos os índices de qualidade de vida sendo avaliados através do questionário
SF-36 e os graus de IVC através do CEAP.
Morais & Ferreira (2014) aplicaram dois questionários exclusivamente
com
mulheres,
sendo
um
sociodemográfico
e
outro
especialmente
desenvolvido e validado para avaliar a qualidade de vida em pacientes
portadores de doença venosa por meio da dimensão física, social e
psicológica, abrangendo assim todos os fatores relevantes na percepção de
saúde dessas mulheres de acordo com a gravidade clínica da doença, e
observaram que a qualidade de vida foi ruim em pessoas que tinham presença
de sinais clínicos de IVC.
Corroborando Moura et. al. (2010), em sua pesquisa associaram a
qualidade de vida com IVC e viram como resultado uma associação negativa e
significativa para aqueles acometidos com CEAP 4, 5 e 6, o que não é o caso
da presente pesquisa, pois não foram encontrados níveis mais graves de
CEAP como 4,5 e 6, mas que pelos CEAP encontrados podemos verificar que
quanto maior o grau de IVC, maior é a associação negativa com a qualidade de
vida.
CONCLUSÃO:
Os resultados nos permitem concluir que os níveis encontrados de CEAP
não interferiram de forma significativa na qualidade de vida, embora, quanto
maior o grau de IVC maior a repercussão sobre a qualidade de vida nas
mulheres jovens praticantes de exercício físico.
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