Faculdade Santa Emília de Rodat QUESTÕES ATUAIS SOBRE IMUNIZAÇÃO EM CRIANÇAS INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: MITOS E VERDADES ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 ISSN 2177-9082 Saúde Sumário Informe 01 Artigo 01 QUESTÕES ATUAIS SOBRE IMUNIZAÇÃO EM CRIANÇAS PAG. 04 ANÁLISE DA PROFUNDIDADE DE DESGASTE NO ESMALTE NATURAL HUMANO APÓS TÉCNICA MICROABRASIVA COM DIFERENTES AGENTES PAG. 08 Artigo 02 CIRURGIA ORTOGNÁTICA NO TRATAMENTO DA APNÉIA DO SONO: DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR ROTAÇÃO DE PLANO OCLUSAL PAG. 15 Artigo 03 INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: MITOS E VERDADES PAG. 21 Editorial Direção Administrativa a Asaúde de todos inicia-se na boca, seja através dos alimentos, da bebida ou do ar, o cuidado com a saúde bucal determina a saúde orgânica. Assim o conhecimento acerca de procedimentos e medicamentos, bem como sua utilização pelo profissional de saúde, independentemente de sua área de atuação, é fundamental. Prof Maria da Glória Uchôa dos Santos Enfermagem Mestra em Administração Sanitária e Hospitalar (Suficiência Investigatória - UNEX Espanha) a Prof Ana Cristina de Oliveira Borba Paulino Administração Mestra em Administração Sanitária e Hospitalar (Suficiência Investigatória - UNEX Espanha) a Prof Maria Zilene Mendonça do Prado Enfermagem Mestra em Enfermagem – UFRJ Assim trazemos nesta edição artigos que buscam fornecer informações aos profissionais, estudantes e a população e m ge ra l s o b re p ro c e d i m e nto s e i nte ra çõ e s medicamentosas que podem vir a ser importantes. Coordenação Técnica Boa leitura e bom proveito. Prof Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho Zootecnia – Mestre o Corpo Editorial Prof Ms Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho Ana Flávia de Oliveira Borba Coutinho Cíntia Bezerra Almeida Elry Medeiros Vieira Neto Fernandes Antônio Brasileiro Rodrigues Glaydes Nely Sousa da Silva Gustavo Gomes Agripino Ideltônio José Feitosa Barbosa Isabela Albuquerque Passos Jaqueline Oliveira de Paiva Ferreira José Carlos da Silva Luciana Teles Carneiro Maria Carmen de Araújo Melo Jardim Maria Clemilde de Sousa Maria de Fátima Gabino Siqueira Maria de Fátima de Oliveira Coutinho Maria do Carmo Braga Alvariza Maria Eliane de Araújo Moreira Marinei Grotta Rovênia Maria de Oliveira Toscano Wilma Dias Fontes Projeto Gráfico Gleryston Farias Informe 01 QUESTÕES ATUAIS SOBRE IMUNIZAÇÃO EM CRIANÇAS CURRENT ISSUES IN IMMUNIZATION OF CHILDREN Maria de Fátima de Oliveira Coutinho Enfermeira, Mestre, Professora da UFPB A história das vacinações é um dos mais belos e bem sucedidos capítulos da medicina. A descoberta e o aperfeiçoamento das vacinas foram impulsionados por muitos fatores, destacando-se os de natureza econômica (prejuízos na agricultura e na veterinária) e de natureza psicossocial (temor das epidemias). Atualmente a imunização é entendida como um modificador no curso das doenças, devido ao acentuado decréscimo da morbidade e mortalidade causada pelas doenças infecciosas evitáveis por vacinação. Logo, esta passa a se configurar como o procedimento de melhor custo/efetividade com vistas à promoção e proteção da saúde dos indivíduos. Voltando ao passado, a história registra que desde a Idade Média, 45% das crianças morriam antes de completar um ano de idade, das que sobreviviam 15% morriam antes de se tornarem adultas. No século XX, os países mais pobres da África e Ásia apresentavam taxa de mortalidade acima de 10%, enquanto nos países europeus modernos essa taxa era em torno de 1%. A vacinação em massa foi um dos fatores que mais contribuíram para essa redução do número de mortes. A crescente prática da vacinação nas últimas décadas no Brasil levou o país a alcançar consideráveis índices de redução da morbimortalidade por doenças imunopreveníveis. Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a produção de vacinas como uma das intervenções de saúde pública com maior impacto na prevenção de doenças infecto-contagiosas e, portanto, na saúde mundial. Trata-se enfim de um processo fundamental para a prevenção de várias doenças transmissíveis em crianças, principalmente no primeiro ano de vida, e constitui importante fator associado à redução da taxa de mortalidade infantil. O termo vacinação, ou imunização, consiste em administrar antígenos, processados em laboratórios, no hospedeiro. Estas substâncias desencadeiam no organismo reações de imunidade, preparando as células para uma eventual invasão de microrganismos patogênicos. É importante esclarecer que "vacinar" é diferente de "imunizar". Vacinar consiste em induzir artificialmente o organismo a produzir anticorpos contra determinadas doenças, enquanto "imunizar" significa tornar imune, protegido, livre de adquirir doença Portanto, vacinas são imunobiológicos que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob diversas formas: bactérias, vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados quimicamente ou geneticamente. Além do agente imunizante, a vacina possui componentes que servem como conservantes, veículos, estabilizadores e outras assim discriminadas · Líquido de suspensão: constituído geralmente de água destilada ou solução salina fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes originários dos meios de cultura ou das células utilizadas no processo de produção das vacinas; 04 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 · Conservantes, estabilizadores e antibióticos: pequenas quantidades de substâncias antibióticas ou germicidas são incluídas na composição de vacinas para evitar crescimento de contaminantes (bactérias e fungos); estabilizadores (nutrientes) são adicionados a vacinas constituídas por agentes infecciosos vivos atenuados. Reações alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a algum desses componentes; · Adjuvantes: compostos contendo alumínio que são comumente utilizados para aumentar o poder imunogênico de algumas vacinas, amplificando o estímulo provocado por esses agentes imunizantes (toxóide tetânico e toxóide diftérico, por exemplo). O Programa Nacional de Imunizações (PNI), desenvolvido no Brasil, constitui peça importante no controle das doenças transmissíveis que podem ser prevenidas mediante a imunização, uma vez que o modelo tecnológico adotado no controle dessas doenças combina uma série de elementos: a vacinação de rotina, os dias nacionais de vacinação, as campanhas periódicas e a vigilância epidemiológica. A vacinação de rotina consiste no estabelecimento de um calendário nacional de vacinações que deve ser aplicado a cada indivíduo a partir de seu nascimento, visando garantir, no âmbito individual, a prevenção específica de doenças imunopreveníveis e, no âmbito coletivo, a indução da imunidade em massa, responsável pela interrupção da transmissão. Além do objetivo prioritário do PNI em contribuir para o controle ou erradicação da poliomielite, do sarampo, da difteria, do tétano e da coqueluche dentre outras doenças, e, subsidiariamente, da tuberculose, mediante a imunização sistemática da população exposta a essas doenças, este órgão coordena também, a utilização e o suprimento de alguns imunobiológicos indicados para situações ou para grupos populacionais específicos. Nesse aspecto, podemos inferir que a dinâmica que envolve a parte técnica desse programa, se estabelece primeiramente no âmbito internacional, onde o PNI é parte integrante do Programa Ampliado de Imunizações (PAI), da Organização Pan-Americana da Saúde, ajustando-se, assim, aos seus objetivos e diretrizes técnicas de atuação. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) participa também do Programa com apoio técnico, operacional e financeiro. No âmbito das unidades federadas, as Secretarias Estaduais de Saúde são responsáveis pela coordenação do Programa, executando a programação estadual, a operacionalização, a supervisão e a avaliação das atividades, em articulação com as Secretarias Municipais de Saúde e com as demais instituições envolvidas com as ações de imunização. O atendimento à saúde, no que diz respeito à vacinação, está dividido em Vacinação de Rotina e Vacinação de Campanha. A Vacinação de Rotina ocorre nas unidades de atendimento básico (Programa Saúde da Família), nestes, o próprio sistema oferece todos os subsídios e se concentra numa lista definida de vacinas a serem utilizadas conforme a idade do indivíduo. Já a vacinação de campanha, objetiva conter e erradicar doenças, tendo como alvo a saúde de uma camada da população ou um grupo específico (por exemplo, uma determinada faixa etária). Embora atinja os indivíduos, não é dirigida a pessoas, mas ao coletivo. O Calendário Básico de Vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério passou a ter 13 tipos de vacinas para proteger contra 19 doenças. Além disso, a oferta total do PNI, considerando as imunizações especiais, passa a ser de 28 tipos de vacinas (nacionais e importadas). O número é 30% maior que em 2002, quando eram oferecidos 18 tipos. O crescimento deve-se principalmente ao investimento do país para desenvolver novas vacinas e ao aumento da capacidade de produção nos últimos anos. Para se ter idéia, o investimento brasileiro em pesquisas para o desenvolvimento e aprimoramento de vacinas aumentou mais de 1.216% em cinco anos. Em 2003, o governo federal investiu R$ 1,6 bilhão em estudos na área. Esse número saltou para R$ 21 bilhões em 2008. São recursos do Ministério da Saúde, com contrapartida de órgãos do 05 governo de fomento à pesquisa como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), UNESCO e fundações estaduais de apoio à pesquisa. Atualmente, o Calendário Básico de Vacinação da Criança, no âmbito do Programa Nacional de Imunizações – PNI visa o controle, a eliminação e a erradicação das doenças imunopreveníveis, instituído no segundo semestre do ano corrente. Neste, de acordo com o quadro 1, podemos verificar as vacinas dirigidas às crianças. IDADE VACINA DOSE (1) Ao nascer 1 mês Dose única BCG-ID vacina BCG Hepatite B (2 ) vacina hepatite B (recombin ante) (2 ) Hepatite B vacina hepatite B (recombin ante) DOENÇAS EVITADAS Formas graves da tub erculos e (principalmente nas formas miliar meningea) 1ª dose Hepatite B 2ª dose Hepatite B (3 ) Tetravalente (DTP + Hib) vacina adsorvid a difteria, tétano, pertussis e Haemophilus influenzae b (conjugada) Difteria, tétano, coquelu che, meningite e outras infecções por Haemophilu s influenzae tipo b (4 ) 2 meses Vacina oral poliomielite (VOP) vacina poliomielite 1,2 e 3 (atenuada) 1ª dose Vacina Oral de Rota vírus Humano (VORH) (5) vacina rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) Diarréia por rotavírus Vacina pneumo cócica 1 0 (conjugada) (6 ) 3 meses Vacina Meningocócica C (conjugada) (7) vacina meningocócica C (conjugada) 1ª dose Tetravalente (DTP + Hib) (3 ) vacina adsorvid a difteria, tétano, pertussis e Haemophilus influenzae b (conjugada) 4 meses 5 meses Vacina oral poliomielite (VOP) (4) vacina poliomielite 1,2 e 3 (atenuada) Vacina oral de rotavírus humano (VORH) (5 ) vacina rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) Vacina pneumo cócica 1 0 (conjugada) (6 ) vacina pneu mocócica 10- valente (conjugada) Meningocócica C (conjugada) (7) vacina meningocócica C (conjugada) Poliomielite ou paralisia infan til Pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo Doença in vasiva causada por Neisseria men ingitidis do sorogrupo C Difteria, tétano, coquelu che, meningite e outras infecções por Haemophilus influenzae tipo b 2ª dose Poliomielite ou paralisia infan til Diarréia por rotavírus Pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pn eumococo 2ª dose (2 ) Doença in vasiva causada por Neisseria men ingitidis do sorogrupo C Hepatite B Hepatite B vacina hepatite B (recombin ante) (4) Vacina oral poliomielite (VOP) vacina poliomielite 1,2 e 3 (atenuada) 6 meses 9 meses (3 ) Tetravalente (DTP + Hib) vacina adsorvid a difteria, tétano, pertussis e Haemophilus influenzae b (conjugada) Vacina pneumo cócica 1 0 (conjugada) (6 ) vacina pneu mocócica 10-valente (conjugada) Febre amarela (8) vacina febre amarela (atenuada) Poliomielite ou paralisia infan til 3ª dose Difteria, tétano, coquelu che, meningite e outras infecções por Haemophilus influen zae tipo b. Pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pn eumococo. Dose inicial Febre amarela 1ª dose Sarampo, caxumba e rubéola Reforço Pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo (9 ) 12 meses 15 meses Tríplice viral (SCR) vacina sarampo, caxumba e rubéola (aten uada) (6 ) Vacina pneumo cócica 1 0 (conjugada) vacina pneu mocócica 10-valente (conjugada) Tríplice bacteriana (DTP) vacina adsorvid a difteria, tétano e pertussis Fonte: Ministério da Saúde (2010) 06 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 1 º reforço Difteria, tétano, coquelu che Constata-se de acordo com o quadro acima, que duas novas vacinas foram incluídas no calendário básico de vacinação disponível na rede pública de saúde: a pneumocócica 10-valente e a anti-meningococo C. A primeira, protege contra a bactéria pneumococo, causadora de meningites e pneumonias pneumocócicas, sinusite, inflamação no ouvido e bacteremia (presença de bactérias no sangue), entre outras doenças. A segunda imuniza contra a doença meningocócica. Diante dessa realidade, podemos inferir que a vacinação das crianças no primeiro ano de vida é fundamental para a prevenção de várias doenças transmissíveis e é um dos fatores associados com a redução da taxa de mortalidade infantil e que, as inclusões dessas novas vacinas são um grande avanço para a saúde pública brasileira, uma vez que os imunizantes irão proteger a população contra doenças graves e imunopreveníveis, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro. 07 Artigo 01 ANÁLISE DA PROFUNDIDADE DE DESGASTE NO ESMALTE NATURAL HUMANO APÓS TÉCNICA MICROABRASIVA COM DIFERENTES AGENTES Analysis of depth of erosion in natural human enamel after technical microabrasiva with different agents 3 3 2 3 LIMA, J.M.C 1; VIEIRA NETO, E.M. ; SOUSA, F.B. ; SALES, G.C.F. ; SANTOS, R.L. 1. 2. 3. Professor titular da UFPB Professor adjunto da UFPB Professor assistente da UFPB Resumo Avaliar a profundidade de desgaste do esmalte dentário resultante da técnica de microabrasão na superfície coronária original de dentes humanos. Método: 40 terceiros molares humanos extraídos foram divididos em 4 grupos, de 10 espécimes cada, de acordo com o material microabrasivo: AC - ácido clorídrico a 18% e pedra-pomes, AF - ácido fosfórico a 37% e pedra-pomes, OP - Opalustre® e WRM - Whiteness RM®. Cada elemento teve as laterais da face vestibular protegidas para que apenas a área central fosse exposta aos agentes microabrasivos. Após o procedimento de microabrasão, cortes transversais não desmineralizados foram preparados e submetidos à análise em Microscopia de Luz Polarizada. Para obter a profundidade de desgaste, traçou-se uma transversal sobre a superfície do esmalte microabrasionado e a 100 &#61549;m de distância do esmalte normal. Os dados foram analisados com o teste ANOVA (p < 0,05). Resultados: O grupo AC foi o mais agressivo, apresentando a maior profundidade de desgaste. O grupo OP, por outro lado, foi o menos agressivo, apresentando uma profundidade de desgaste menor em relação aos grupos AC (p < 0,01) e WRM (p < 0,01). Conclusão: Ao empregar diferentes agentes microabrasivos na superfície curva do esmalte dentário humano, os mesmos não se comportaram de maneira semelhante em relação a profundidade de desgaste. Mais estudos precisam ser realizados com o intuito de criar uma padronização metodológica, pois a medida da profundidade de desgaste em um ponto isolado na área de desgaste pode não ser representativo da média de profundidade. Descritores: Microabrasão, Esmalte dental, Erosão, Microscopia de Luz Polarizada Abstract Evaluate depth of erosion produced by microabrasion technique in original coronary surface of human teeth. Methods: 40 extracted human molars were randomly spited in four groups, with 10 specimens each, in accordance with the microabrasive treatment: AC- 18% hydrochloric acid and pumice, AF - 37% phosphoric acid and pumice, OP - Opalustre and WRM Whiteness RM. Each specimens had buccal surface´s laterals isolated so that the central area received the microabrasion treatment. After this procedure, transverse slices not demineralized were prepared and submitted to analysis in Polarized Light Microscope. The depth erosion which it happened had analyzed by transverses plotted at equidistant points of the limit enamel normalmicroabrasioned. The dates were analyzed with ANOVA test (p < 0.05). Results: The AC group was the most aggressive, with a greater depth of erosion. The OP group, on the other hand, was the less aggressive, presenting depth of erosion less than AC group (p < 0,01) and WRM group (p < 0,01). Conclusion: By employing different agents microabrasives about the surface originally curve of enamel tooth human, they didn´t behave similarly with respect to depth of erosion. More studies are needed in order to create a standardized procedure, because the measure of the depth of erosion in a secluded spot in the area of erosion may not be 08 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 representative of the average depth. Keywords: Microabrasion, Dental Enamel, Erosion, Polarized Light Microscopy Introdução A estética dental vem ganhando maior importância na vida das pessoas, aumentando consideravelmente a procura por tratamentos estéticos1-5. Problemas de alterações de cor nos dentes são uma das queixas estéticas mais freqüentes dos pacientes ao procurar o dentista. Essas alterações podem ser extrínsecas ou intrínsecas6. Para remoção de manchas superficiais do esmalte, existem diferentes técnicas, entre elas encontra-se a técnica de microabrasão, que consiste no uso de diferentes substâncias abrasivas associadas a soluções químicas. Geralmente, utiliza-se o ácido hidroclorídrico associado à pedra-pomes ou partículas de sílica aplicados sobre a superfície dentária, com taça de borracha em baixa rotação7. Durante o procedimento, a camada de esmalte com manchas é removida fisicamente pela ação de dois processos: abrasão e erosão ácida2,7. É uma técnica considerada segura, rápida, efetiva e 1,6-9 satisfatória . Por meio de pesquisas in vitro, tem sido relatado que o tratamento microabrasivo pode remover uma espessura 1,5,7,8,10-13 de esmalte superficial de 100 µm a 360 µm em dentes humanos . O conhecimento dos efeitos da técnica sobre o 14 esmalte dentário é fundamental para embasar a sua aplicação segura , porém, a maioria das pesquisas nesta área não 7,11,15 segue uma padronização metodológica, dificultando a comparação dos resultados . A espessura de esmalte removida pela microabrasão é um dos dados mais importantes, se não o principal, no que se refere aos efeitos da técnica nos dentes. Em meio ao arsenal de metodologias disponíveis para medir o esmalte 16 erosionado , a perfilometria é a técnica de eleição. Porém, pelo que se sabe, ela não é atualmente aplicável para as superfícies naturalmente curvas de esmalte hígido. Para contornar essa limitação, duas alternativas têm sido exploradas: trabalhar com superfícies planas, usando superfícies vestibulares de dentes bovinos ou mesmo induzindo 7,11,10,15 um aplanamento artificial em dentes de animais e humanos ; e/ou analisar a profundidade de desgaste nas 12,17 extremidades da área erosionada . Diante do exposto acima, existe uma lacuna na literatura no que concerne à profundidade de desgaste causada pela microabrasão no esmalte original em superfícies naturalmente curvas de dentes humanos. Com a finalidade de preencher esta lacuna na literatura, apresenta-se no presente estudo uma nova técnica de perfilometria, reproduzível, para avaliar os efeitos da microabrasão na superfície original do esmalte dentário humano. Preparo das amostras Foi realizado um estudo in vitro e cego com 40 terceiros molares permanentes hígidos e inclusos, extraídos por indicação ortodôntica. Após a limpeza, os dentes foram colocados em uma solução de azida sódica a 0,02% a fim de mantê-los hidratados e evitar o crescimento de fungos e bactérias. Cada elemento foi submetido a uma limpeza na superfície vestibular com pedra-pomes de granulação extrafina e água, utilizando taça de borracha montada em peça de mão em baixa velocidade. Na seqüência, após serem lavados e 09 secos, os espécimes foram divididos em quatro grupos, de acordo com o tipo de material utilizado para microabrasão, como se segue: 1. Grupo I (AC) (n=10) - aplicação de uma pasta composta por partes iguais, na proporção de 1:1, de ácido clorídrico a 18% (em solução) e pedra-pomes de granulação extrafina (SSWhite). 2. Grupo II (AF) (n=10) - aplicação de uma pasta composta por partes iguais, na proporção de 1:1, de ácido fosfórico a 37% (em gel) e pedra-pomes de granulação extrafina (SSWhite). 3. Grupo III (OP) (n=10) - aplicação do Opalustre (Ultradent Products, Inc.), pasta composta por ácido clorídrico a 6,6% e micropartículas de carbeto de silício. 4. Grupo IV (WRM) (n=10) - aplicação do Whiteness RM (FGM Produtos Odontológicos LTDA), pasta composta por ácido clorídrico a 6% e carbeto de silício. Todos os dentes, antes de serem divididos aleatoriamente nos grupos, tiveram a face vestibular dividida em três partes iguais no sentido mésio-distal, de modo a possibilitar a proteção dos dois terços laterais desta face para a obtenção de duas áreas controle. Em cada dente, as áreas controle foram protegidas com uma camada de selante de sulcos e cicatrículas fotoativado (Alpha Seal, DFL Indústria e Comércio S.A.) e por resina acrílica quimicamente ativada (Duralay). Tratamento microabrasivo Na área central e não-protegida da face vestibular, os dentes receberam 15 aplicações do material 5,18 correspondente ao seu grupo durante 5 segundos em cada aplicação . Em todos eles, foi utilizada taça de borracha adaptada em contra-ângulo em baixa rotação com velocidade reduzida de 10:1. Entre cada aplicação, os dentes foram 18 lavados com água por 20 segundos . Foi padronizada na face vestibular em cada dente uma linha a 2 mm da junção cemento-esmalte. Nesta linha os dentes foram seccionados transversalmente, com disco diamantado em baixa rotação e constante irrigação, de maneira a obter uma secção que abrangia a área experimental e as duas áreas controle. Após a secção, cada dente foi desgastado manualmente até uma espessura de aproximadamente 300 m com lixas d´água com diferentes granulações e um jig de lapidação. Determinação da profundidade de desgaste Para a análise da profundidade de desgaste, fotomicrografias digitais das extremidades de todas as amostras foram obtidas com Microscópio Óptico de Luz Polarizada, usando objetiva de 10x, filtro verde de interferência de 546 nm (largura de banda de 10 nm) e câmera digital de 5 mega pixels (Moticam 500). Uma fotomicrografia de uma retícula graduada também foi realizada para as análises morfométricas. Um software livre de processamento e análise de imagens digitais (ImageJ) foi utilizado para realizar os testes. A profundidade de desgaste em cada fotomicrografia foi medida, em ambas as extremidades, a uma distância de 100 m do esmalte normal. Em cada amostra obteve-se a profundidade média de desgaste. Por fim, obteve-se o valor médio da profundidade de desgaste em cada grupo. 10 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 Análise estatística Os dados obtidos foram processados no programa estatístico para comparar os grupos em relação aos diferentes parâmetros analisados através do teste ANOVA. O valor de significância foi de 0,05. Resultados Os dados de profundidade de desgaste estão descritos na Figura 1. O grupo AC foi o mais agressivo em termos de remoção de material do esmalte, apresentando a maior profundidade de desgaste (45,97 ± 25,69 m). O grupo OP, por outro lado, foi o menos agressivo. Os demais grupos apresentaram resultados intermediários para profundidade de desgaste. Ao comparar os grupos, a profundidade de desgaste foi menor no grupo OP em relação aos grupos AC e WRM com diferença estatisticamente significante (Tabela 1). Tabela 1 - Análise estatística entre os grupos para a profundidade de desgaste. Grupo s Grupos Profundidade de desgaste WRM OP AF AC Ns p < 0,01 Ns AF Ns Ns OP p < 0,01 AC Ns = não significante Discussão Na presente pesquisa, realizada em dentes humanos e com a superfície originalmente curva, observou-se uma profundidade de desgaste variando de 45 m a 21 m. Houve diferença significativa entre os grupos em que se utilizou o Opalustre e o Whiteness RM (p < 0,01), entre o Opalustre e o ácido clorídrico a 18% (p < 0,01). Sundfeld et al. (1990)5 encontraram profundidade de desgaste de 140 µm após 15 aplicações, de 5 segundos cada, de ácido clorídrico a 18% misturado com pedra-pomes. Ao avaliarem a profundidade de desgaste causada pelo Opalustre, Sundfeld, Briso e Mauro (2000)19 encontraram profundidades de 25 m a 200 µm correspondente a 1 e 10 11 aplicações de 1 minuto cada, respectivamente. Ao considerar que nesta pesquisa o Opalustre foi aplicado por 1 minuto e 15 segundos, os valores, proporcionalmente, assemelham-se. 13 Waggoner et al. (1989) observaram uma profundidade de desgaste de 250 µm após 10 aplicações de 5 segundos da mistura de ácido clorídrico a 18% com pedra-pomes. Tong et al. (1993)12 relataram que o ácido clorídrico a 18% misturado com pedra-pomes produziu profundidade de desgaste de 360 μm (± 130 μm), quando aplicado por 100 segundos (20 aplicações de 5 segundos cada). Esta mesma mistura aplicada por 10 vezes de 5 segundos provocou profundidade de desgaste de 160 µm (± 33 µm). Desta forma, a profundidade de desgaste foi maior nestas pesquisas, apesar do tempo de aplicação ter sido menor. Considerando que os dentes anteriores permanentes têm uma espessura média de esmalte de 0,5 mm20, uma remoção de quase 400 µm é extremamente agressiva, mas este dado só pode ser considerado se uma terminologia reproduzível for aplicada. Não existem pesquisas na literatura que quantifiquem a profundidade de desgaste provocada pelo Whiteness RM. Um problema comum em todos os estudos é a maneira como a análise da profundidade de desgaste foi realizada. A perfilometria só permite a análise da profundidade em superfícies retas e, quando superfícies naturais dos dentes, sem aplanamento, são estudadas, a mensuração da profundidade de desgaste é determinada pela média de valores encontrados nas extremidades. No entanto, sabe-se que as extremidades apresentam áreas sem paralelismo à superfície do esmalte que possuem diferentes profundidades até chegarem à área com paralelismo. A mensuração concentrada apenas nesta região pode fornecer resultados equivocados, já que não considera esta diferença. Portanto, não se deve desprezar nem a área sem paralelismo nem a área com paralelismo à superfície durante a mensuração da profundidade de desgaste após a microabrasão. Os dados mostram que grandes variações na profundidade de desgaste são características das áreas sem paralelismo, enquanto que uma menor variação é encontrada nas áreas com paralelismo, ainda que possam ser encontradas variações significativas nestas últimas. Assim, o resultado de medidas em um ponto isolado na área de desgaste pode não ser representativo da média de profundidade da mesma em cada amostra. Sabendo que a erosão é a principal alteração causada pela técnica de microabrasão no esmalte, é surpreendente que esta variável não tenha sido avaliada de maneira reproduzível e padronizada até então. Ao tentar comparar os resultados da literatura, pode-se apenas partir para especulações sobre em que ponto foi feita a medida de profundidade de desgaste. Mesmo quando 12 fotomicrografias da interface entre esmalte normal e microabrasionado são mostradas , a ausência da identificação das áreas sem e com paralelismo dificulta, ou mesmo impede, uma comparação razoável. Além disso, é preciso observar em que tipo de superfície (dente humano ou animal, com superfície aplanada ou natural) a microabrasão foi realizada nas pesquisas. O aplanamento da superfície do esmalte, que é naturalmente curva, pode remover camadas mais mineralizadas do esmalte, ou até mesmo toda a camada aprismática, e expor áreas que apresentam menos resistência à ação da microabrasão. Isto pode levar a uma progressão mais rápida da erosão, mas 21 não se aplica na situação real, in vivo . Conclusões Pode-se concluir que: Ao empregar diferentes agentes microabrasivos na superfície originalmente curva do esmalte dentário 12 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 humano, os mesmos não se comportaram de maneira semelhante com relação a profundidade de desgaste; A medida da profundidade de desgaste em um ponto isolado na área de desgaste pode não ser representativo da média de profundidade; A comparação dos resultados da literatura é difícil devido a falta de padronização metodológica; É necessário realizar mais estudos com o objetivo de propor uma metodologia padrão e reproduzível para a análise da profundidade de desgaste em dentes humanos naturalmente curvos. Referências 1. BENBACHIR, N.; ARDU, S.; KREJCI, I. Indications and limits of the microabrasion technique. Quintessence International, Berlin, v. 38, n. 10, p. 811-5, 2007. 2. CHAN, D.C.N. et al. The effect of microabrasion on restorative materials and tooth surface. Operative Dentistry, Seattle, v. 21, n. 2, p. 63-8, 1996. 3. 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Como se trata de um assunto escasso na literatura, esse trabalho tem como objetivo demonstrar a influência da cirurgia ortognática no tratamento da apnéia do sono. Tratando-se de cirurgia ortognática para correção de deformidades maxilo-mandibulares fundamentam-se seus objetivos em três pilares: estética facial, oclusão dentária e estabilidade pós-operatória. Além de excelência estética e oclusal citadas por Pascual, atualmente, se requer a manutenção ou o aumento do espaço da via respiratória com procedimentos de cirurgia ortognática. É bem conhecido que o comprometimento anatômico constitui-se em um dos determinantes primários para o fechamento das vias aéreas na síndrome da apnéia obstrutiva do sono. O uso da cirurgia ortognática para tratar a síndrome se iniciou no final dos anos 70, desde então, este procedimento tem se tornado amplamente aceito. O tratamento ortognático da síndrome pode envolver avanço da maxila, mandíbula e mento. Esses três procedimentos podem ser realizados em combinação, contudo o avanço da maxila e mandíbula, com ou sem genioplastia, é o procedimento mais comum. Descritores: Sono, Sindromes da apnéia do sono, Cirurgia ABSTRACT The syndrome of upper airway resistance syndrome and obstructive apnea and hypopnea Sleep are considered sleep disordered breathing that affects the general population with the capacity to fragment the sleep architecture. As this is a matter little in the literature, this work aims to demonstrate the influence of orthognathic surgery to treat sleep apnea. In the case of orthognathic surgery for correction of maxillo-mandibular deformities are based upon your goals on three pillars: facial aesthetics, dental occlusion and postoperative stability. In addition to aesthetic excellence and occlusal cited by Pascual, currently, requires maintaining or increasing the airway space with orthognathic surgery procedures. It is well known that the anatomic constitutes one of the primary determinants for the closing of the airways in the syndrome of obstructive sleep apnea. The use of orthognathic surgery to treat the syndrome began in the late '70s, since then, this procedure has become widely accepted. The orthognathic treatment of the syndrome may progress to involve the jaw, jaw and chin. These three procedures can be performed in combination, but the advancement of the maxilla and mandible, with or without genioplasty, is the most common procedure. Key-words: Sleep; Sleep Apnea Syndromes ; Surgery 15 Introdução O sono é definido como processo dinâmico e fisiológico de perda de consciência e inativação da musculatura voluntária, sendo reversível frente a estímulos (tátil, auditivo, somato-sensitivo). Ele é essencial para obeter-se a homeostasia, sendo por meio dele que todo o organismo, incluindo o sistema nervoso central, pode ter sua energia renovada(9). A Síndrome da Resistência das Vias Aéreas superiores (SRVAS) e a Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS) são consideradas transtornos respiratórios do sono que afetam a população geral com capacidade de fragmentar a arquitetura do sono, devido aos recorrentes microdespertares noturnos e às pausas respiratórias que, por (18) conseqüência, poderão acarretar alterações funcionais, neurocognitivas e psicossociais . Em se tratando de cirurgia ortognática para correção de deformidades maxilo-mandibulares fundamentam-se (13) seus objetivos em três pilares: estética facial, oclusão dentária e estabilidade pós-operatória . Além de excelência estética e oclusal citadas por Pascual, atualmente, se requer a manutenção ou o aumento do (2) espaço da via respiratória com procedimentos de cirurgia ortognática . As vias aéreas têm como função principal conduzir o ar entre o meio ambiente e os pulmões (alvéolos pulmonares), proporcionando a entrada de ar filtrado, aquecido e rico em oxigênio, assim como a saída de ar rico em dióxido de carbono do aparelho respiratório, participando assim do processo da respiração. Dividem-se em vias aéreas superiores (cavidade nasal, cavidade oral e faringe) e vias aéreas inferiores (laringe, traquéia, brônquios e pulmões). As vias aéreas superiores terminam e as inferiores têm início na laringe, com a epiglote, estrutura que protege a abertura das vias aéreas inferiores, obstruindo-a durante o reflexo de deglutição e abrindo-a para a passagem do ar. Seu acesso e (19) visualização dependem de procedimento médico denominado laringoscopia . Apnéia por obstrução das vias aéreas Sabemos que pequenas ou grandes alterações ósseas e ou dentárias podem interferir nas funções de mastigar, deglutir, falar e respirar. A saúde oral, a ATM e a digestão também podem estar comprometidas assim como a própria (11) aparência do indivíduo . É bem conhecido que o comprometimento anatômico constitui-se em um dos determinantes primários para o fechamento das vias aéreas na síndrome da apnéia obstrutiva do sono5. Diversos fatores relacionados a anatomia craniofacial, hipertrofia muscular, aumento dos tecidos moles por deposição de gordura podem predispor ao colapso das vias aéreas durante o sono10. Nas desproporções maxilo mandibulares, sabemos que a ortodontia sozinha, pode não resolver de forma satisfatória a problemática do paciente. Nestes casos, indicam-se cirurgias ortognáticas. Nestas cirurgias há a necessidade de trabalho muito próximo do cirurgião e do ortodontista. O ortodontista é responsável por (11) reposicionar os dentes e o cirurgião por reposicionar as bases ósseas maxila e mandíbula . A síndrome da apnéia obstrutiva do sono é caracterizada pela obstrução completa ou parcial recorrente das vias aéreas superiores durante o sono, resultando em períodos de apnéia, dessaturação de oxihemoglobina e despertares freqüentes com conseqüente sonolência diurna. Os episódios de obstrução e apnéia ocorrem em todos os estágios do sono, especialmente no estágio 2 do sono não-REM e durante o sono REM, quando as apnéias tendem a ser mais longas 16 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 e a dessaturação arterial mais acentuada. Os eventos respiratórios durante a noite, por definição, devem ter ao menos 10s de duração, e podem ser do tipo: 1) apnéia obstrutiva - evento caracterizado pela completa obstrução das vias aéreas superiores; o fluxo de ar é interrompido a despeito de esforços respiratórios contínuos; 2) apnéia central - evento caracterizado pela ausência completa de esforços respiratórios por alteração do estímulo proveniente do sistema nervoso central; 3) hipopnéia - evento caracterizado como uma redução transitória e incompleta do fluxo de ar em ao (4) menos 50% do fluxo aéreo basal. Pode ser central ou obstrutiva em sua natureza . Em decorrência da interrupção da respiração, pode ocorrer queda na saturação sanguínea de oxihemoglobina, arritmias cardíacas, hipertensão noturna, confusão durante a noite e comprometimento neuropsicológico. O diagnóstico de apnéia obstrutiva do sono pela polissonografia é definido pela presença de cinco ou mais episódios de apnéia e/ou hipopnéia por hora de sono. A polissonografia é a monitorização do sono do paciente em ambiente calmo e apropriado, monitorizados o eletroencefalograma, eletrooculograma, eletromiograma, saturação de oxigênio, fluxo de (6) ar, esforço respiratório e freqüência cardíaca . Tratamentos para Apnéia do Sono As modalidades de tratamento sempre buscam elevar a pressão na faringe acima da pressão obstrutiva, reduzir a pressão obstrutiva, aumentar a atividade muscular das vias aéreas superiores para ampliar o conduto faríngeo e (10) permitir uma ventilação adequada durante o sono. . As medidas terapêuticas a serem tomadas vão variar de caso para caso e irão depender da gravidade do transtorno diagnosticado, podendo variar desde: medidas comportamentais, utilização da máscara nasal – CPAP (Continuous Positive Airway Pressure = Pressão Positiva e Contínua nas Vias Aéreas superiores), utilização de Aparelhos (10) Intrabucais (AIOs), tratamento farmacológico, cirurgias terapias combinadas . As medidas comportamentais podem envolver a posição corporal, a relação da obesidade com a SAHOS, o uso de álcool e sedativos, e a higiene do sono, e buscam basicamente a reeducação comportamental com enfoque na (9) otimização da qualidade do sono . Existem alguns tipos de aparelhos de compressão de ar, tais como o CPAP, para tratar a SAHOS. Caracteriza-se por um método físico-mecânico de injeção de ar comprimido, utilizando máscara nasal, que tem por princípio manter a pressão positiva e contínua nas vias aéreas, desobstruindo a passagem de ar durante o sono. Apesar de eficiente, o CPAP (9) apresenta baixa adesão a longo prazo . Dispositivos intraorais promovem estabilização do queixo, língua e palato mole, resultando na abertura do espaço faríngeo e podem ser uma opção no tratamento da síndrome da apnéia do sono, principalmente nos casos leves (16) a moderados . Com relação a terapia farmacológica, sabe-se que a mesma tem um papel limitado no tratamento da síndrome da apnéia do sono. Embora diversos estudos tenham sido realizados, nenhum comprovou a eficácia de qualquer (7) medicamento no tratamento da síndrome da apnéia obstrutiva do sono . O tratamento cirúrgico da síndrome da apnéia do sono inclui: uvulopalatofaringoplastia, glossectomia a laser, (15) osteotomia mandibular inferior, entre outras . 17 O tratamento cirúrgico da apnéia do sono é baseado em alguns procedimentos cirúrgicos, os quais se destacam a traqueostomia, cirurgia Nasal, uvulopalatoplastia e Uvulopalatofaringoplastia, cirurgia Ortognática, osteotomia mandibular, e canalização da língua(9). Cirurgia Ortognática na correção da Apnéia do sono O uso da cirurgia ortognática para tratar a síndrome se iniciou no final dos anos 70, quando o avanço mandibular foi usado para reverter os sintomas da síndrome. Desde então, este procedimento tem se tornado amplamente aceito. O tratamento ortognático da síndrome pode envolver avanço da maxila, mandíbula e mento. Esses três procedimentos podem ser realizados em combinação, contudo o avanço da maxila e mandíbula, com ou sem genioplastia, é o procedimento mais comum(14). O avanço maxilomandibular é um método cirúrgico comumente usado no tratamento de pacientes acometidos pela Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) e portadores de anormalidades anatômicas identificáveis neste (14) complexo, que estreitam e/ou obstruem o espaço aéreo . DISCUSSÃO As modalidades de tratamento para apnéia sempre buscam reduzir a pressão obstrutiva, aumentar a atividade muscular das vias aéreas superiores para ampliar o conduto faríngeo e permitir uma ventilação adequada durante o (10) sono . Com a cirurgia ortognática essas modalidades são atingidas pois, com essa cirurgia se tem um avanço de maxila e/ou mandíbula o qual possibilita um aumento de espaço das vias aéreas superiores devido ao deslocamento vertical da musculatura da faringe, do genioglosso e do osso hióide, aumentando o conduto faríngeo e diminuindo a pressão (12,17) obstrutiva . O tratamento de escolha na síndrome da apnéia obstrutiva do sono é o uso de pressão positiva contínua (CPAP) administrado durante à noite por máscara, porém para ITO essa alternativa é pouco tolerada pelos pacientes e não é (5) capaz de normalizar a eficiência do sono . As terapias comportamentais bem como a utilização de CPAP ou aparelhos intrabucais são opções de tratamento de baixo custo e pouco invasivos para a apneia do sono, porém que demandam tempo e causa certo desconforto para o paciente, geralmente levando anos para um resultado definitivo e satisfatório. Para esses os principais sintomas clínicos relatados pelos pacientes são desconfortos dentário, articular e muscular, hipersalivação e xerostomia. Com relação aos aparelhos intrabucais os principais efeitos colaterais oclusais encontrados foram redução do overjet, redução do overbite, proclinação de incisivos inferiores, estabelecimento de mordida aberta lateral, porém (1) na maior parte das vezes sem gerar grandes incômodos aos pacientes . Segundo a literatura a cirurgia ortognática é encarada como sendo uma das ultimas opções de tratamento para a apneia do sono, usadas também em casos mais complexos, mas quando comparada com os demais tratamentos a cirurgia ortognática se mostra mais eficiente, atingindo os objetivos com confiabilidade e rapidez, demandando um baixo tempo de recuperação, tendo como efeitos adversos possível prejuízo ma sensibilidade facial e na mobilidade (20) mandibular . O objetivo desta cirurgia é avançar a mandíbula e/ou a maxila para se obter oclusão estável e perfil harmônico 18 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 em pacientes retrognatas. Entretanto, tal avanço possibilita o aumento do espaço posterior das vias aéreas superiores devido ao deslocamento ventral da musculatura da faringe, do genioglosso e do osso hióide. Essa modalidade cirúrgica apresenta bons resultados para casos de SAHOS grave (IAH>30) em que o sítio obstrutivo se localiza na hipofaringe. Devido a esse reposicionamento de tecidos moles no complexo bucomaxilofacial proveniente de cirurgia ortognática, se faz necessário um tratamento com terapia combinada, buscando uma melhor adequação do paciente ao novo quadro (12,17) fisiológico . CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização de CPAPs e AIOs são métodos de primeira escolha para o tratamento da apneia do sono, porém em casos que essa utilização seja inviável pelas condições do paciente, a cirurgia ortognática se mostra como uma opção eficaz de tratamento A cirurgia ortognática se mostra eficiente e segura no que se trata a correções de distúrbios dos espaços aéreos o que proporciona o combate à apneia do sono. É indicado o uso de uma terapia combinada para a utilização da cirurgia ortognática ao tratamento da apneia do sono, uma vez que esse tipo de tratamento traz uma mudança imediata no posicionamento de estruturas ósseas e tecidos moles, o que requer uma adequação para o paciente, podendo para tal, ser utilizado uma terapia comportamental. A utilização de fármacos para o combate da apneia do sono ainda não é indicado pois a literatura não mostra uma quantidade de estudos adequados nem resultados de pesquisas satisfatórios. REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, M. A. O.; TEIXEIRA, A. 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Resumo Interações medicamentosas são eventos clínicos em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Quando dois medicamentos são administrados, concomitantemente, a um paciente, eles podem agir de forma independente ou interagirem entre si, com aumento ou diminuição de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro. De acordo com o que foi descrito anteriormente, este trabalho teve como principal objetivo, identificar a partir da literatura alguns mitos e verdades relacionadas às interações medicamentosas. Tratou-se de um estudo, com caráter bibliográfico, baseado na literatura pertinente ao tema, desenvolvido no acervo bibliográfico da Faculdade Santa Emília de Rodat (FASER), bem como em outras fontes, tais como revistas e sites indexados da internet, fundamentados á luz da literatura pertinente ao tema. A referida literatura aborda o fato que o desfecho de uma interação medicamentosa pode ser perigoso quando promove aumento da toxicidade de um fármaco. Por exemplo, pacientes que fazem uso de varfarina podem ter sangramentos se passarem a usar um antiinflamatório não-esteróide (AINE) sem reduzir a dose do anticoagulante. A interação medicamentosa reduz a eficácia de um fármaco, podendo ser tão nociva quanto o aumento. Por exemplo, tetraciclina sofre quelação por antiácidos e alimentos lácteos, sendo excretada nas fezes, sem produzir o efeito antimicrobiano desejado ocorrendo o mesmo evento com a ingestão do álcool. É encontrada ainda redução da eficácia de um fármaco, na administração de anticoncepcionais juntamente com antibióticos, podendo promover o risco de gravidez indesejada. Dessa forma podemos concluir que uma grande variedade de mitos existentes na comunidade geral não condizem com a verdade científica, exigindo assim grande conhecimento dos profissionais de saúde para suprir dúvidas advindas destes mitos. Palavras chave: Interação medicamentosa, mitos e verdades Abstract Drugs interactions are clinical events in wich the drug effect are altered by the presence of another drug, food, drink or any enviroment chemical agent. When two drugs are administered concomitantly, to a patient, they may act independently or Interact with each other, increasing or decrasing the therapeutic effect of one or both drugs. According to what has been described previously, this study aimed to identify from the literature, some myths and realities about drug interaction. This was a bibliographical study based on literature relevant to the topic, developed on FAZER's(Faculdade Santa Emília de Rodat) library, as well as others sources such as magazines and web sites, based in the light of the literature concerning the topic. Such literature addresses the fact that the outcome of a drug interaction can be dangerous when it promotes increased toxicity of a drug. For example, patients taking warfarin may experience bleeding if they start to use a nonsteroidal anti-inflammatory drug (NSAID) without reducing the dose of anticoagulant. Drug interaction can also reduce the effectiveness of the drugs, and can be as harmful as the increasing. For example, tetracycline undergoes chelation by antacids and dairy foods and is excreted in faeces, without producing the desired antimicrobial effect, the same event occurring with the ingestion of alcohol.It is also found the reduce of the drug efficacy by the administration of contraceptives along with antibiotics, and may promote the risk of unwanted pregnancy. Thus we can conclude that a wide variety of myths in the community generally not consistent with scientific truth, thus requiring 21 extensive knowledge of health professionals to address concerns stemming from these myths. Keywords: Drugs Interactions, myths and truths Introdução Interação medicamentosa pode ser definida como a influência recíproca de um determinado medicamento sobre outro, Ou seja, quando um medicamento é administrado isoladamente, ele produz determinado efeito; porém, quando é associado a outro medicamento, a alimentos ou, ainda, a outras substâncias, ocorre um efeito diferente do 1,4, 5 esperado. Constitui causa comum de efeito adverso e são geralmente imprevistas e indesejáveis na farmacoterapia. . Os medicamentos podem interagir durante o preparo; no momento da absorção, distribuição, metabolização, eliminação ou na ligação ao receptor farmacológico. Desta forma, os mecanismos envolvidos no processo interativo são classificados de acordo com o tipo predominante de fase farmacológica em que ocorre farmacêutica farmacocinética e farmacodinâmica. As respostas decorrentes da interação podem acarretar potencialização do efeito terapêutico, redução da eficácia, aparecimento de reações adversas com distintos graus de gravidade ou ainda, não causar nenhuma modificação no efeito desejado do medicamento, portanto, a interação entre medicamentos pode ser útil (benéfica), causar respostas desfavoráveis não previstas no regime terapêutico (adversa), ou apresentar pequeno significado clinico 5. De acordo como que foi descrito anteriormente, este trabalho teve como principal objetivo, identificar a partir da literatura, alguns mitos e verdades relacionadas às interações medicamentosas. Metodologia Tratou-se de um estudo, com caráter bibliográfico, baseado na literatura pertinente ao tema, desenvolvido no acervo bibliográfico da Faculdade Santa Emília de Rodat (FASER), bem como em outras fontes, tais como revistas e sites indexados da internet, fundamentados á luz da literatura pertinente ao tema. Discussão Interações medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em que os efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração simultânea ou anterior de outros, ou através da administração concorrente com alimentos. As Interações podem causar efeitos benéficos para o organismo quando utilizadas para aumentar os efeitos terapêuticos ou reduzir a toxicidade de um determinado medicamento, ou podem causar efeitos nocivos, diminuindo ou eliminando a ação dos medicamentos e, em alguns casos, provocando doenças. Portanto, a interação entre medicamentos pode ser útil (benéfica), causar respostas desfavoráveis não previstas no regime terapêutico (adversa), ou apresentar pequeno significado clinico 1,5. O fenômeno das interações medicamentosas constitui na atualidade um dos temas mais importantes da farmacologia, para a prática clínica dos profissionais da saúde. O uso concomitante de vários medicamentos, enquanto estratégia terapêutica, e o crescente número destes agentes no mercado são alguns dos fatores que contribuem para ampliar os efeitos benéficos da terapia, mas que também possibilitam a interferência mútua de ações farmacológicas podendo resultar em alterações dos efeitos desejados. No mercado nacional existem atualmente cerca de 1.500 fármacos com aproximadamente 5.000 nomes comerciais, apresentados sob cerca de 20.000 formas farmacêuticas e embalagens diferentes. Neste universo, ao contrário do que se pensa, a utilização de vários e novos medicamentos não 22 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 garante maior benefício ao paciente, pois junto com as vantagens das possibilidades terapêuticas surge o risco dos 5 efeitos indesejados e das interações medicamentosas . Genericamente, as interações podem ser classificadas em: farmacêuticas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Interações farmacocinéticas são aquelas em que um fármaco altera a velocidade ou a extensão de absorção, distribuição, biotransformação ou excreção de outro fármaco. Isto é mais comumente mensurado por mudança em um ou mais parâmetros cinéticos, tais como concentração sérica máxima, área sob na curva, 4, 14 concentração-tempo, meia-vida, quantidade total do fármaco excretado na urina entre outros . Como diferentes representantes de mesmo grupo farmacológico possuem perfil farmacocinético diferente, as interações podem ocorrer com um fármaco e não obrigatoriamente com outro congênere. Interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos desejados se processam. O efeito resulta da ação dos fármacos envolvidos no mesmo receptor ou enzima. Um fármaco pode aumentar o efeito do agonista por estimular a receptividade de seu receptor celular ou inibir enzimas que o inativam no local de ação. A diminuição de efeito pode dever-se à competição pelo mesmo receptor, tendo o antagonista puro maior afinidade e nenhuma atividade intrínseca. Um exemplo de interação sinérgica no mecanismo de ação é o aumento do espectro bacteriano de trimetoprima e sulfametoxazol que atuam em etapas diferentes de mesma rota metabólica. Interações farmacêuticas, também chamadas de incompatibilidade medicamentosa, ocorrem in vitro, isto é, antes da administração dos fármacos no organismo, quando se misturam dois ou mais deles numa mesma seringa, equipo de soro ou outro recipiente 4, 14. O desfecho de uma interação medicamentosa pode ser perigoso quando promove aumento da toxicidade de um fármaco. Por exemplo, pacientes que fazem uso de varfarina podem ter sangramentos se passarem a usar um antiinflamatório não-esteróide (AINE) sem reduzir a dose do anticoagulante. Os efeitos de fármacos anticoagulantes, como a varfarina e a heparina são aumentados pelos AINES, podendo elevar o risco de hemorragias. Além disso, o ibuprofeno pode aumentar o risco de hemorragia gastrointestinal em pacientes que fazem terapia com fármacos antiagregantes plaquetários, como o clopidogrel. A associação de antiinflamatório COX-2 seletivos, tais como o celecoxibe, com a varfarina produz um aumento leve, mas não significante do sangramento gastrointestinal 4, 6, 8, 9. A dipirona pode interagir com algumas drogas. Esse analgésico pode potencializar a ação do álcool, não devendo, portanto, ser administrado concomitantemente com bebidas alcoólicas; pode reduzir a ação da ciclosporina, um imunossupressor utilizado em transplantes e indicado em doenças autoimunes resistentes aos corticosteróides ou outra terapia convencional e pode, ainda, provocar o aumento das reações adversas da clorpromazina, um antipsicótico, apresentando. Apresentando como principal efeito da interação a hipotermia, visão turva ou qualquer alteração na visão, movimentos de torção do corpo por efeitos parkinsonianos extrapiramidais distônicos, hipotensão, constipação, enjôos, sonolência, secura na boca e congestão nasal 6. A administração concomitante de metronidazol com o álcool promove o acúmulo de acetaldeído no sangue do paciente, podendo produzir, no organismo, uma reação conhecida como a reação tipo dissulfiram, que é caracterizada por sintomas, como: rubor, suor, palpitações, dispnéia, hiperventilação, aumento da freqüência cardíaca, falha na pressão sangüínea, naúsea, vômito e sonolência 6. Há interações que podem ser benéficas e muito úteis, como na co-prescrição deliberada de anti-hipertensivos e diuréticos, em que esses aumentam o efeito dos primeiros por diminuírem a pseudotolerância dos primeiros 4. 23 Algumas vezes, a interação medicamentosa reduz a eficácia de um fármaco, podendo ser tão nociva quanto o aumento. Por exemplo, tetraciclina sofre quelação por antiácidos e alimentos lácteos, sendo excretada nas fezes, sem produzir o efeito antimicrobiano desejado. Situação semelhante ocorre na ingestão do álcool com antibióticos. Esse mecanismo ocorre porque o álcool estimula diretamente as membranas do aparelho digestivo, promovendo maior produção de ácido clorídrico no estômago e também o aumento dos movimentos do intestino e do estômago, podendo provocar diarréia e vômitos. Estes dois efeitos promovem uma passagem mais rápida e uma menor absorção do medicamento pelo estômago e pelo intestino (especialmente o duodeno, onde a maioria dos fármacos é normalmente absorvida), Assim, a ação do álcool não ocorreria diretamente sobre a substância antibiótica, mas sim na sua absorção. Com uma absorção menor, o medicamento estaria em menor concentração na corrente circulatória, diminuindo sua 3, 4 ação . A pílula anticoncepcional é formada de estrógenos semi-sintéticos, como o etinilestradiol, e progesterona semisintética, como o levonorgestrel. Da mesma forma que os outros fármacos, os contraceptivos orais não são fármacos 6,10 100% efetivos, mas, se utilizados corretamente, diminuem o risco de gravidez para menos de 1% . Estudos clínicos entretanto, demonstraram que a rifampicina diminui os níveis sangüíneos do etinilestradiol e da progesterona. A rifampicina é um potente indutor das enzimas do citocromo P450 presentes no fígado, o que 6, 11 ocasiona em aumento do metabolismo de alguns fármacos, como os anticoncepcionais . Dados da literatura demonstraram que os níveis plasmáticos de contraceptivos orais esteróides não são modificados com a administração concomitante dos antibióticos, como: ampicilina, ciprofloxacina, claritromicina, doxiciclina, metronidazol, ofloxacina, roxitromicina e tetraciclina. No entanto, alguns autores alertam que tetraciclina, metronidazol, ampicilina e eritromicina podem reduzir a eficácia do contraceptivo oral, aumentando o risco de gravidez. Alguns mecanismos têm sido propostos para explicar a possibilidade de diminuição da eficácia do anticoncepcional com o uso dos antibióticos. Essas hipóteses incluem diminuição da circulação entero-hepática devido a uma redução na microbiota intestinal bacteriana, responsável pela manutenção dos níveis plasmáticos constantes do contraceptivo oral 6, 12, 13 e o aumento da sua degradação enzimática no fígado . A ingestão concomitante de anticoncepcionais com antibióticos, pode possivelmente diminuir a eficácia de contraceptivos, em virtude da ação de interação negativa que ocorre entre ambas as drogas, ocasionando para a mulher, uma gravidez fora de planejamento, ou seja, uma gravidez indesejada. O grande vilão da associação entre anticoncepcionais e antibióticos é a Rifampicina, um antibiótico usado contra tuberculose, hanseníase e na profilaxia da meningite. É o antibiótico que comprovadamente reduz a eficácia dos anticoncepcionais. Outras classes como as tetraciclinas, metronidazol e derivados da penicilina como amoxicilina e cefalosporinas também podem diminuir a concentração de estradiol. Esse efeito parece ocorrer apenas em um número reduzido de mulheres, mas como não há como saber de antemão quem será mais afetado, devem-se usar métodos contraceptivos não hormonais durante o seu período de uso. Ainda segundo Pinheiro, pode ocorre um aumento na taxa de hormônios na mulher quando a mesma utiliza anticoncepcional juntamente com álcool, pois o consumo regular de álcool (etanol) causa aumento dos níveis de 2 estradiol, potencializando os efeitos colaterais dos anticoncepcionais como neoplasia de mama . A aspirina é um medicamento rotineiramente utilizado devido ao seu efeito cardioprotetor. Esse fármaco reduz a formação de trombos pela inibição da agregação plaquetária, sendo utilizado na prevenção de eventos tromboembolíticos em pacientes com história de enfarto do miocárdio, angina instável ou trombose coronária. A associação dos AINES à aspirina poderia potencializar os efeitos irritantes sobre a mucosa gástrica e, provavelmente, a 24 ANO II - Nº 4 - OUTUBRO/2010 6, 7 inibição da agregação plaquetária . Conclusão Dessa forma podemos concluir que uma grande variedade de mitos existentes na comunidade geral não condizem com a verdade científica, exigindo assim grande conhecimento dos profissionais de saúde para suprir dúvidas advindas destes mitos. Referências 1. FERREIRA, J.O.P., Apostila didática de farmacologia, Fazer, 2010. 2. PINHEIRO, P. Anticoncepcionais x antibióticos. Disponível em: http://www.mdsaude.com/2008/12/interao-medicamentosaanticoncepcionais.html. Acesso em: 02/05/2010. 3 .C A R VA L H O, C . M . B . 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