Henrique Jales Ribeiro (Professor associado com agregação) RELATÓRIO DE ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS E CIENTÍFICAS (2003-2008) ◊◊◊ Faculdade de Letras Universidade de Coimbra 2008 APRESENTAÇÃO Henrique Carlos Jales Ribeiro, Doutor em Filosofia pela Universidade de Coimbra e Professor associado com agregação do grupo de Filosofia da Faculdade de Letras da mesma Universidade, é filho de Abilio Henriques Ribeiro e de Maria Ivone Gonçalves Ferreira Jales, tendo nascido em 21 de Março de 1958 na freguesia e concelho de Pombal (distrito de Leiria). É portador do Bilhete de Identidade nº 4196298, do Cartão de Contribuinte Fiscal nº 179906542, e tem como morada postal o endereço: Urbanização Quinta da Várzea, Lote H, 1º F, P-3040-267 Coimbra Codex. O presente Relatório de Actividades Pedagógicas e Científicas foi elaborado pelo autor ao abrigo do Artigo 20º do Decreto Lei 448/79 de 13 de Novembro, do Estatuto da Carreira Docente Universitária, com as alterações introduzidas pela Lei nº 19/80 de 16 de Julho. O Relatório divide-se em três partes : 1-Actividades pedagógicas (docência). 2- Actividades científicas : 2.1.) Teses; 2.2.) Publicações; 2.3.) Comunicações orais; 2.4.) Orientação de dissertações; 2.5.) Participação em júris de doutoramento; 2.6.) Organização de Congressos; 2.7.) Investigação no âmbito da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). 3-Actividades académicas. 2 1. ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS Docência 2003-2004 Leccionação das cadeiras de História da Lógica e Lógica Simbólica (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia), e Teorias da Argumentação (opção transversal do 1º Ciclo). Leccionação do Seminário “Linguagem, Argumentação e Sociedade : Uma abordagem pluridisciplinar” no âmbito do Curso de Pós-graduação e Mestrado em Filosofia Contemporânea da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). •Conferência proferida no âmbito do seminário pelo Dr. João Paulo Moreira (Instituto de Estudos Anglo-Americanos da FLUC) no dia 24 de Janeiro de 2004, intitulada “Anos 70 nos EUA: Cultura, Política e Sociedade”). 2004-2005 Leccionação das cadeiras de História da Lógica e Lógica Simbólica (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia), e Teorias da Argumentação (opção transversal do 1º Ciclo). Designado membro do colégio de professores do “Master Erasmus Mundus : Europa, Siglo XXI : Filosofia y Ciencias Sociales”, organizado pela Universidade Complutense de Madrid. 2005-2006 Leccionação das cadeiras de História da Lógica e Lógica Simbólica (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia), e Teorias da Argumentação (opção transversal do 1º Ciclo). •Conferência intitulada “As origens do Tractatus Logico-Philosophicus” e proferida no dia 30 de Novembro de 2005 pelo Dr. Nuno Carlos Venturinha (Instituto de Filosofia da Linguagem da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) no âmbito das actividades da cadeira de História da Lógica. 3 Leccionação da cadeira de Lógica Simbólica da Licenciatura em Ciências da Informação da FLUC. Leccionação do seminário do Curso de Pós-Graduação e Mestrado em Filosofia Contemporânea, intitulado “A teoria da significação na filosofia analítica contemporânea”. Leccionação do Curso Livre “Argumentar para quê ? Da argumentação na sociedade portuguesa à argumentação no mundo contemporâneo (2º semestre, 45 horas). •Conferência proferida pelo Doutor António Marinho e Pinto (ex-Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados e actual Bastonário da mesma) no dia 23 de Fevereiro de 2005 e intitulada “Os tribunais e a comunicação social : Da mediatização da justiça à judicialização da informação”. •Colóquio sobre o tema “Protecção versus prevenção : Do abuso sexual e outros na infância” (10 de Maio de 2006), com conferências (seguidas de debates) proferidas por Armando Leandro (Juiz Conselheiro, Presidente da Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco), Maria Manuela Pereira (técnica da Direcção Regional de Educação do Centro) e Esperança do Rosário Jales Ribeiro (Prof.ª Coordenadora na Escola Superior de Educação de Viseu). •Comunicações proferidas pelos alunos do Curso livre numa sessão aberta ao público em 14 de Junho de 2006. •Louvor da Comissão Coordenadora do Conselho Científico da FLUC pela realização da sessão de abertura do Curso Livre “Argumentar para quê ?”, em que interveio, como conferencista, o Doutor António Marinho e Pinto. •Louvor da Comissão Coordenadora do Conselho Científico da FLUC pela realização do Colóquio “Protecção versus Prevenção : Do Abuso Sexual e outros na Infância” no âmbito do Curso Livre “Argumentar para quê ?” 2006-2007 Leccionação das cadeiras de História da Lógica e Lógica Simbólica (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia), e Teorias da Argumentação (opção transversal do 1º Ciclo). Leccionação da cadeira de Lógica Simbólica da Licenciatura em Ciências da Informação da FLUC. 2007-2008 Leccionação das cadeiras de História da Lógica, Lógica Simbólica, Teorias da Argumentação e Oficina da Argumentação (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia). 4 •Conferência intitulada “O modelo de argumentação de Stephen Toulmin” e proferida no dia 18 de Dezembro de 2007 pelo Mestre Rui Alexandre Grácio no âmbito das actividades da cadeira de Teorias da Argumentação. Leccionação da cadeira de Lógica Simbólica da Licenciatura em Ciências da Informação da FLUC. Leccionação da cadeira de opção condicionada no grupo (1º Ciclo, Licenciatura em Filosofia) intitulada “Leitura de Textos Filosóficos IV”. Seminário intitulado “Lógica das Ciências” no âmbito do Curso de Mestrado em Filosofia Contemporânea da FLUC. Curso Livre “Argumentar para quê ? Da argumentação na sociedade portuguesa à argumentação do mundo contemporâneo”. 2. ACTIVIDADES CIENTÍFICAS 2.1. TESES Agregação em Filosofia: 2007 Bertrand Russell e a história da filosofia analítica (Wittgenstein, o ‘Círculo de Viena’, Quine), Programa e relatório apresentado à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra no âmbito de provas para a agregação em Filosofia, Coimbra : Ed. do Autor. 2007a Bertrand Russell e a filosofia analítica no século XX, Lição de síntese proferida no âmbito anteriormente referido, Coimbra: Ed. do Autor. 2.2. PUBLICAÇÕES a) Novas direcções dos estudos sobre a filosofia em Portugal Desde o seu mestrado em Filosofia Contemporânea (Ribeiro, Henrique Jales 1991 Experiência e Filosofia em Leonardo Coimbra, Coimbra : Ed. do Autor), sempre teve o autor deste relatório um especial interesse pela filosofia em Portugal na época contemporânea. O interesse decorre não só dessa filosofia em si mesma mas, 5 sobretudo, da sua contextualização europeia e ocidental de maneira geral. Neste sentido publicámos já em 2001 um trabalho especializado intitulado “A ‘síntese leibniziana’ da teoria da ciência na segunda metade do século XIX : De Leonardo a Antero” (Revista Filosófica de Coimbra, nº 19, 2001, pp. 93-147), e a recensão, para a revista aludida (ibidem, nº 21, 2002, pp. 319-326), do livro do Prof. Fernando Catroga Antero de Quental: História, socialismo, política (Lisboa: Ed. Notícias, 2001). Essa orientação metodológica e epistemológica fundamental para o estudo da relação entre a filosofia no Portugal contemporâneo e o pensamento filosófico europeu é a única via, do nosso ponto de vista, de reabilitar e credibilizar actualmente a historiografia praticada na matéria. Nesse sentido, apontámos em algumas das nossas publicações, logo depois dos trabalhos citados, para a necessidade de uma reformulação radical do espírito e dos métodos da referida historiografia. O preconceito de que a filosofia em Portugal, particularmente ao longo do século XX, não terá, no seu conjunto, verdadeiro interesse filosófico é um legado infeliz da crença ideológica na chamada “filosofia portuguesa”, que importa desconstruir e desmistificar completamente. Essa crença, divorciando Portugal do resto da Europa, conduziu à completa desvalorização do interesse e alcance de toda a reflexão genuinamente filosófica feita no nosso país. Por outro lado, os estudos que efectuámos sobre o pensamento filosófico em Portugal vão ao encontro das nossas próprias convicções e interesses no que ao espírito e metodologia da investigação científica, de maneira geral, concerne. Foi o autor do presente relatório, no quadro das suas investigações especializadas sobre a filosofia de Bertrand Russell, que é suposto ser um dos fundadores da filosofia analítica, um dos primeiros universitários portugueses a procurar mostrar através de historiografia competente que a distinção entre duas tradições e/ou dois métodos filosóficos (o “continental” e o “analítico”) não se justifica mais actualmente. Interessou-nos, em particular, desconstruir profundamente do próprio ponto de vista histórico-filosófico os mitos e as ideologias associadas a essa distinção, analisando os meandros epistemológicos complexos que lhe estão subjacentes e, com ela, ao conceito de história da filosofia analítica ele mesmo. Estamos convictos de que é absolutamente imperativa uma tarefa similar no que à filosofia em Portugal, na época contemporânea, diz respeito. 6 ARTIGOS/LIVROS 2004 “Encontros, desencontros e reencontros entre o Ocidente e o Oriente : Notas sobre o budismo e o neo-budismo filosófico europeu e português”, in BIBLOS, Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, NS, II, pp. 219-246. Trata-se da primeira monografia em língua portuguesa dedicada à recepção do budismo e da sua problemática filosófica na Europa dos finais do século XIX pela filosofia em Portugal (Antero de Quental, Oliveira Martins e Leonardo Coimbra). “In this paper the author discusses the encounter between Occident and Orient in European philosophy in the second-half of the nineteenth-century and, especially, its philosophical meaning in that context. He takes as case studies Ch. Renouvier, and M. Guyau, in France, Ed. von Hartmann, in Germany, and A. Quental, O. Martins e L. Coimbra, in Portugal. He shows that we can find a sort of Bouddhism disseminated in several European circles at that time, mainly in German monism and pantheism, and in French spiritualism and neo-criticism. This came about as result of the interest in using philosophy to explain the relationship between the Individual and the Whole. He suggests that European philosophy didn’t actually have a clear view on what Buddhism means and what its implications are. Furthemore, he holds that, long before our contemporary globalization whose relevance until now can be reduced only to technological aspects there was a philosophical ans religious globalization, at that time, concerning both occidental (Christianity) and oriental religions (Brahmanism and Bouddhism), and that Buddhism was at its core.” (Ibidem, p. 219) Este trabalho aparece citado em Lopo, Rui 2007 “A leitura do budismo na obra de Dalila Pereira da Costa”, in Revista Lusófona de Ciência das Religiões, nº 11, pp. 199-210. 2005 “A filosofia portuguesa e o ‘Estado Novo’ : Das implicações ideológicas, política e outras da filosofia em Portugal no século XX”, in BIBLOS, Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, NS, III, pp. 129-153. Trata-se da primeira recolocação do problema da existência de uma ‘filosofia portuguesa’ na perspectiva da necessidade de uma profunda reformulação da metodologia da historiografia da filosofia em Portugal depois da edição da História 7 do Pensamento Filosófico Português (Direcção de P. Calafate, Lisboa: Editorial Caminho, 1999 e ss., 6 vol.s). “Philosophy, in Portugal, during the most part of the twentieth-century, has been dominated by two ideological and political paradigms: one, holding the existence and specificity of a kind of culture and philosophical thinking tipically Portuguese and essentially different from others national cultures and philosophies (the so-called ‘Portuguese philosophy’, according to his followers); and another, contending the opposite, that is to say, the supranational nature of Portuguese culture and philosophy, whose foundations would be the same democratic and universal values of other European and Occidental countries. The author studies the historical and philosophical origins of such paradigms in the context of the problem of the novelty and originality of the philosophical thinking produced in Portugal in the past, holding that that problem must be distinguished from a similar one concerning the identity of Portuguese culture; shows the limits of the concepts ‘Portuguese philosophy’ and ‘Portuguese philosophical thinking’; and suggests some alternative ways of the approach, nowadays, to the distinction between philosophy and culture, in Portugal, from an historiographical perspective.” (Ibidem, p. 129) 2008 Estudos sobre a filosofia em Portugal e na Europa do século XIX ao século XX : De Antero de Quental a Leonardo Coimbra, Coimbra: Pé de Página Editores (no prelo, 250 pp.). O livro, procurando romper decisivamente com a tradição historiográfica na matéria, apresenta-se como a primeira verdadeira investigação histórico-filosófica sistemática do contexto europeu da filosofia em Portugal no período que vai da segunda metade do século XIX ao primeiro quartel do século XX, estudando em especial, no âmbito desse contexto, as filosofias de Antero de Quental e Leonardo Coimbra. Está dividido nas seguintes partes principais : Prefácio : Historiografias e ideologias da filosofia em Portugal; Introdução : A ‘filosofia portuguesa’ e o ‘Estado Novo’ : Das implicações ideológicas políticas e outras da filosofia em Portugal no século XX; Primeira Parte : A ‘síntese leibniziana’ entre ciência e filosofia em Antero de Quental e na segunda metade do século XIX; Segunda Parte : A filosofia de Leonardo Coimbra no contexto europeu do seu tempo; Referências bibliográficas. 8 A introdução e a primeira parte deste livro já foram publicadas anteriormente, respectivamente em BIBLOS, Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (vol. III, 2ª série, 2005, pp. 129-154), e na Revista Filosófica de Coimbra (vol. 10, nº 19, Março de 2001, pp. 93-147). Foram revistas e muito ampliadas tendo em vista a presente edição. Mas o grosso desta, constituído por uma extensa “Segunda Parte”, sai à estampa pela primeira vez. “(…) As razões de fundo essenciais deste descrédito aparente da filosofia em Portugal e dos respectivos autores são complexas; algumas vêm do tempo da ‘filosofia portuguesa’, outras do contexto social, cultural e político português dos últimos decénios. Na primeira, incluirei desde logo e em primeiro plano a identificação ideológica da filosofia com a cultura, característica do ‘Estado Novo’, que conduziu preponderantemente ao uso de uma metodologia histórico-literária, ‘paroquial’ e ‘nacionalista’, de interpretação dos autores da filosofia em Portugal, a que Joaquim de Carvalho se referia, de forma muito crítica, já nos anos cinquenta do século passado. E, na segunda, dois preconceitos, muito comuns ainda hoje em dia: o filosófico, de acordo com o qual esses autores serão não só eclécticos mas, sobretudo, menores, para todos os efeitos, quando comparados com os estrangeiros, e, justamente porque seriam ‘menores’, não merecerão verdadeira credibilidade filosófica; e o político, segundo o qual o alcance ou significação da generalidade das filosofias produzidas no contexto do Estado Novo, como é o caso, sobretudo, das de Leonardo Coimbra e António Sérgio, se esgotarão historicamente nesse mesmo contexto, sendo certo que a primeira, como argumentam os seguidores da segunda, pecaria não só por ausência de qualidade mas também por omissão da contestação do sistema político da época. Ambos os preconceitos confluem, apesar de tudo, numa nova identificação ideológica da filosofia com a cultura, desta feita a contrario, e o que é mais importante do meu ponto de vista na incapacidade de ultrapassar, de vez, a metodologia histórico-literária de interpretação filosófica a que aludi acima.” “(…) A contextualização europeia da filosofia em Portugal que vai da segunda metade do século XX ao século XX produz resultados surpreendentes no que diz respeito à desmistificação dos preconceitos a que comecei por aludir sobre a importância do estudo da filosofia em Portugal. Mostra-se exaustivamente neste livro, desse ponto de vista, que o carácter ‘menor’ e ecléctico dos filósofos portugueses em apreço (Antero de Quental e Leonardo Coimbra, em especial) não é uma deficiência da parte deles, como se pensa vulgarmente, mas um traço constitucional da filosofia europeia do tempo a que pertencem. Talvez nenhuma outra época na história da filosofia ocidental tenha sido tão rica em matéria de eclectismo e de proliferação de autores ‘menores’ como esta de que me ocupo neste livro, quer dizer, os sessenta ou setenta anos que vão, grosso modo, da edição da Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Epítome, de Hegel, ou do Curso de Filosofia Positiva, de Comte, ao dealbar do século XX. Mas do que se trata, quando falamos de ‘eclectismo’ nessa época, é, para além dos inúmeros autores e das multiplas correntes ou tendências da mesma, de um amplo 9 movimento filosófico e/ou de um verdadeiro ‘programa em filosofia’ (como sugere Antero nas ‘Tendências’) corporizado em torno de um objectivo comum: oferecer uma nova síntese entre ciência e filosofia depois das grandes sínteses de Hegel e de Comte. A existência de um tal ‘programa’ na filosofia da segunda metade do século XIX é geralmente ignorada pela historiografia filosófica, portuguesa e estrangeira, que é do nosso conhecimento; e, se este livro tem algum interesse e mesmo originalidade, é justamente pelo facto de, na opinião do próprio autor, destacar e estudar com a atenção e detalhe possível a sua natureza e significação. Poucos dos filósofos desta nóvel síntese entre ciência e filosofia ficaram para a história da filosofia propriamente dita, no sentido em que esta é tradicionalmente concebida, quer dizer, como história dos ‘grandes autores’. Não é o caso apenas, pois, de Antero de Quental e de Leonardo Coimbra, mas de toda uma vasta plêiade europeia de filósofos considerados ‘menores’. A razão da ausência dessa memória histórica não tem a ver, à partida, com qualquer juízo de valor sobre a qualidade das suas obras, como se verá na primeira e segunda partes deste livro, mas, sobretudo, com o facto de que o paradigma amplamente partilhado que as orientou, na época, se ter esgotado historicamente sem alcançar os seus objectivos fundamentais. Foi destronado, de forma mais ou menos abrupta e revolucionária, pelas novas filosofias emergentes no primeiro quartel do século XX (fenomenologia, hermenêutica, lógica matemática); mas não sem que nestas se assumissem, indirectamente pelo menos, alguns compromissos inalienáveis (e pouco estudados) com ele.” (Ibidem, “Prefácio”) b) Investigações sobre a retórica e as teorias da argumentação 2005 “’Critical Thinking’, retórica e filosofia”, in Actas do 1º Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Românicas: Retórica (Proceedings of the 1st Virtual Congress of the Romance Literature Department: Rhetoric), Lisboa: CLEPUL (Ed. em CD-ROM). Trata-se de um dos primeiros trabalhos em língua portuguesa sobre os pressupostos histórico-filosóficos do movimento intitulado como “critical thinking’ e as suas relações com a retórica e as teorias da argumentação de modo geral. “Um dos acontecimentos mais marcantes do desenvolvimento da lógica e da retórica no último quarto do século passado foi o aparecimento da lógica informal e, na sequência desta, de um amplo movimento intelectual, social, cultural e político, sobretudo nos Estados Unidos, que dá pelo nome de ‘critical thinking’. Uma das particularidades deste movimento é que, em contraste, com o que acontecia com a retórica anteriormente, incluindo as 10 concepções daqueles que estiveram na origem da sua reabilitação contemporânea, como Stephen Toulmin e Chaïm Perelman, não pretende apenas constituir uma teoria da argumentação, no caso, uma teoria que vai buscar à lógica informal os seus pressupostos fundamentais, mas justamente um odelo de cidadania e racionalidade. Disso é testemunho o seu amplo impacto na sociedade americana (facilmente recensável na ‘Internet’) e o apoio notório que conseguiu obter por parte dos diferentes quadrantes da classe política. Um dos principais objectivos desta comunicação é procurar pôr em evidência as razões filosoficas que explicam a emergência e desenvolvimento do critical thinking a partir da lógica informal, e analisar as conexões de ambas as concepções quer com a lógica quer com a retórica, em particular, no que a esta última diz respeito, com as investigações dos dois autores acima referidos.” (Ibidem) c) Novas direcções dos estudos sobre Russell e a filosofia analítica contemporânea As nossas investigações sobre Russell e a filosofia analítica contemporânea no quinquénio 2003-2008 passaram fundamentalmente pelo desenvolvimento e especialização das teses já expostas em vários trabalhos publicamente conhecidos, como é o caso de Para compreender a história da filosofia analítica (Coimbra: MinervaCoimbra, 2001). Nesse livro, não foi apenas oferecida uma visão completamente nova de Russell e da própria história da filosofia analítica (do ponto de vista da epistemologia dessa história e da respectiva historiografia); foram sugeridas linhas de investigação especializadas sobre os diferentes temas e assuntos de que nele o autor se ocupou. O autor aprofundou e desenvolveu algumas dessas linhas em vários trabalhos (artigos, livros, comunicações orais) publicados até à presente data. Uma das nossas teses fundamentais, que levou à organização em 2002 de um congresso nacional sobre filosofia analítica (“1º Encontro Nacional de Filosofia Analítica”, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 17 e 18 de Maio) conjuntamente com outros docentes universitários portugueses, passa pela ideia de que não existem duas tradições filosoficamente distintas e divorciadas, que oporiam filósofos “analiticos” e “continentais” (cf. Ribeiro, Henrique Jales 2003 [Org.] Actas do 1º Encontro Nacional de Filosofia Analítica, Coimbra: Faculdade de Letras, “Apresentação”, pp. 7-12). A tese parece ser, hoje em dia, amplamente partilhada pela comunidade filosófica universitária, quer portuguesa quer estangeira. Alguns dos trabalhos publicados no quinquénio retomam-na e desenvolvem-na, apresentando 11 uma imagem completamente diferente da tradicional a respeito da história filosofia analítica. É particularmente o caso dos que se ocupam da recepção de Kant ou da de Locke ao longo dessa história e da vasta problemática histórica e filosófica que caracteriza o chamado “Círculo de Viena”. Entre as linhas de investigação especializadas a que começámos por nos referir elegemos uma : a do conceito russelliano de ‘linguagem logicamente perfeita’ e suas conexões com a filosofia do primeiro Carnap (cf., mais abaixo, 2005a e 2006). É um tema que não consideramos de forma alguma esgotado. Importa, em particular, aprofundar a sugestão que temos vindo a fazer, de acordo com a qual esse conceito tem como raizes históricas e filosóficas mais remotas a ampla problemática de uma “síntese leibniziana” entre ciência e filosofia na segunda metade do século XIX. Por esta via se cruzam as nossas investigações sobre a proto-história da filosofia analítica com aquelas que mais recentemente desenvolvemos sobre a filosofia em Portugal durante o referido período. ARTIGOS/LIVROS 2004 “Rejeição versus aceitação de Kant na filosofia analítica contemporânea”, in Revista Filosófica de Coimbra, nº 26, pp. 393-409. Trata-se da primeira monografia publicada em Portugal (e, na época, uma das primeiras a nível internacional) exclusivamente consagrada ao estudo da complexa recepção de Kant ao longo da história da filosofia analítica, mostrando-se a incontornável presença desse filósofo na mesma. “In this paper the author studies the place of Kant in contemporary analytical philosophy from Frege, Russell and the Viennese logical positivists to some more recent presentations of the Kantian problem on the distinction beteween the analytic and the synthetic, such as Quine’s concerning Carnap in the ‘Two Dogmas of Empiricism’, or Coffa’s in The Semantic Tradition from Kant to Carnap. He discusses the reasons of a return to Kant in analytical philosophy from the 1950s onwards, and, especially, what he calls the ‘rejection versus accpetance of Kant’s philosophy’. He shows that the focal point of this return to Kant was the debate on the impact of the abovementioned problem and its implications for analytical philosophy; and emphasizes the great relevance of that problem or contemporary analytical historiography. The author finishes his paper with the criticism of some 12 fundamental aspects of the analytical view on the history of philosophy which are at the basis of a return to Kant.” (Ibidem, p. 393) 2005 “Locke, a tradição do empirismo britânico e a filosofia analítica”, in Actas do Colóquio Internacional a ‘Herança de Locke’ (Proceedings of the International Colloquium ‘’Locke’s Legacy’), Lisboa : Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pp. 39-59. Trata-se até agora, tanto quanto sabemos, da única monografia consagrada exclusivamente à recepção de Locke na história da filosofia analítica, desde a chamada “tradição do empirismo britânico em filosofia” à actualidade. “O pano de fundo da recepção de Locke ao longo de todo o século XIX foi a sua integração no âmbito do chamado ‘empirismo britânico’, com Locke, Berkeley e Hume, e, de forma mais decisiva para os meus objectivos nesta comunicação, a sua integração e interpretação no amplo contexto da intitulada ‘tradição do empirismo britânico em filosofia’. Numa primeira parte desta comunicação, procurarei distinguir or dois conceitos em questão, sugerindo que, em contraste com o primeiro, o último é um constructo especificamente da filosofia analítica que está longe de ser inofensivo no que diz respeito à historiografia sobre Locke. É ele que informa, ainda hoje em dia, aquilo a que podemos chamar ‘a visão padrão’ ou a ‘imagem oficial’ dessa historiografia proveniente, sobretudo, da filosofia anglo-saxónica. Sugerirei que essa visão ou imagem própria da ‘tradição do empirismo britânico’, introduzida por Ayer em meados dos anos trinta do século XX, conduziu à instauração, poucos anos depois, do que poderemos chamar ‘o paradigma linguístico’ da hermenêutica lockeana, e analisarei as origens, extensão e implicações de um tal paradigma. A seguir, destacarei alguns limites e didiculdades do mesmo, sugerindo que a sua aplicação à filosofia de Locke nos remete para uma teoria da historiografia filosófica questionável quer nos seus pressupostos que, em particular, nas suas consequências. A esta luz, apontarei algumas razões que explicam a queda do paradigma limguístico de interpretação e emergência de um paradigma propriamente semântico, que aparece consagrado, de forma muito especial, no livro de A. Coffa, The Semantic Tradition from Kant to Carnap: To the Vienna Station , o qual implica, no fundo, o derrube da ideia de tradição de empirismo britânico ela mesma, e uma relativa deflacção contemporânea da historiografia analítica sobre Locke, sem que os pressupostos subjacentes a essa historiografia se tivessem alterado essencialmente. Exemplificando, e para terminar, analisarei em particular a interpretação que Rorty nos oferece de Locke em Philosophy and the Mirror of Nature.” (Ibidem, p. 41) 13 2005a “Russell, Wittgenstein e a ideia de uma ‘linguagem logicamente perfeita’”, in Revista Filosófica de Coimbra, nº 27, pp. 81-130. Trata-se da primeira monografia a nível internacional exclusivamente dedicada ao conceito russelliano de “linguagem logicamente perfeita”, mostrando, igualmente pela primeira vez, que o mesmo não se reduz a uma versão lógico-matemática, ou formal, como a que parece estar presente nos Principia Mathematica, mas tem também, desde as “Lições sobre a Filosofia do Atomismo Lógico” (1918), uma acepção onto-epistemológica, que irá ser desenvolvida por Rudolf Carnap em Der logische Aufbau der Welt. Este trabalho aparece na sequência do artigo do autor, intitulado “From Russell’s Logical Atomism to Carnap’s Aufbau: Reinterpreting the Classic and Modern Theories on the Subject” (in Rédei, M., e Stölzner, M. 2000 [Ed.s] John von Newman and the Foundations of Quantum Physics, Dordrecht/Boston/London: Kluwer Academic Publishers, pp. 305-318). “Russell’s idea of a ‘logically perfect language’ has been traditionallly interpreted, after Wittgenstein’s criticims, as if it was simply an artificial and symbolic one (like that, apparently, of the Principia Mathematica), whose purpose would be to eliminate the vagueness of ordinary language and to introduce in it ‘precision’ and ‘exactness’. The author, following his own research on the subject, holds provocatively that that interpretation cannot be accepted, because, in the first place, for Russell, has happens with Wittgenstein from another perspective, ordinary language is ‘in order, as it is’; he studies the historical and philosophical origins of the concept of such a language in both philosophers and especially in Russell’s reading of Wittgenstein’s ‘Notes dictated to G. Moore in Norway’; and shows that for Russell, contrary to the standard reading on the subject, the ‘logically perfect language’ it essentially has an onto-epistemological nature.” (Ibidem, pp. 8182) 2005b “A New Reading of Russell’s ‘Introduction’ to Wittgenstein’s Tractatus”, in Friedrich Stadler e outros (Ed.s), Time and History (Papers of the 28th International Wittgenstein Symposium), Kirchberg am Wechsel: Austrian Ludwig Wittgenstein Society, 2005, pp. 256-258. 14 Trata-se da apresentação pública resumida, em língua inglesa, da tese que o autor foi o primeiro a apresentar originalmente, a nível internacional, a respeito da ‘Introdução’ ao ‘Tractatus’, segundo a qual nesse texto não há evidência alguma de qualquer bancarrota da filosofia de Russell face ao impacto da de Wittgenstein, aí se lendo esta última à luz de conceitos completamente novos, até agora ignorados pela historiografia na matéria. “Contrary to the ‘standard reading’ on the subject (Eames 1989, Hylton 1990, Hacker 1996), the presupposition that Russell’s philosophy entered in ‘bankruptcy’ with the impact of the Tractatus Logico-Philosophicus has no historical and philosophical basis, be it at the time of Russell’s reading of the manuscript of that book, in 1919, or at its publishing date (1921), or later. The presuppostion wrongly identifies Russells views at the time of the ‘Introduction’ to that book with a naïve atomism, based on the confusion between logic, psychology and epistemology, to which he would have renounced in the face of a purified and most advantageous approach of logic than that of the Tractatus. From this perspective, this book would itself expose, in a sense an atomist view of logic, but, contrary to what appens with Russell’s, a perfectly consistent one. In this paper, I will try to show that the essential point of the ‘Introduction’ is that Russell, whose philosophy meantime had evolved to a view on the vagueness of ordinary language that I will designate as ‘partial semantic holism’, could not share Wittgenstein’s concept of logic, and, especially, a more or less radical holism that seems to characterize it, leading not only to mysticism, but, generally, to the idea of the impossibility of philosophy itself.” (Ibidem, p. 256) 2005c “Kant, os começos da filosofia analítica e o ‘Wiener Kreis’”, in Revista Portuguesa de Filosofia, vol. 62, pp. 873-889. Na sequência do trabalho intitulado ‘Rejeição ‘versus’ aceitação de Kant na filosofia analítica contemporânea”, mais acima citado, é o primeiro trabalho especializado em língua portuguesa sobre a recepção de Kant por parte do positivismo lógico vienense. Segue uma orientação metodológica, do ponto de vista historiográfico, avançada por outros autores a nível internacional (em especial Friedman, M. 1999 Reconsidering Logical Positivism, Cambridge: Cambridge University Press). “The present article claims that right from its foundations, with Frege, Russell and Wittgenstein, analytical philosophy set out from the 15 presupposition that Kant was its principal enemy throughout the history of philosophy. Once eliminated the fundamental role of the idea of a subject of knowledge and the psychologism that followed from it, and returned to its proper place, that is, stripped of illegitimate epistemological implications, the function of logic as a radical entreprise on the foundations of mathematics and of science in general, Kant was declared officially dead. The development of logic, even so, showed early on that the fundamental problems of analytical philosophy, against all expectations, continued, essentially, to be exactly those that occupied the philosopher from Königsberg in the Critic of Pure Reason, without any definitive or satisfying solution in sight. The author of the present article, following the most recent historiography and his own work on the subject, develops this perspective in regard to the Vienna Circle, showing that the anti-Kantian motivations of this movement and its origins in the beginnings of analytical philosophy, namely in Russell, do not preclude compromises and complicities with Kant’s philosophy, a fact that, according to him, was never confessed or admitted by the logical positivists.” (Ibidem, pp. 883-884) 2006 “Russell versus Quine : Sobre as origens filosóficas do conceito de epistemologia naturalizada”, in Sofia Miguéns e outros (Org.), Actas do 2º Encontro Nacional de Filosofia Analítica (Proceedings of the 2nd National Meeting for Analytic Philosophy), Porto : Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Trata-se da apresentação de uma teoria do autor a respeito da relação entre as filosofias de Russell e de Quine, que é original quer ao nível português quer ao internacional. A mesma foi apenas sugerida (independentemente do autor) na historiografia sobre Russell por dois especialistas (Lackey, D. 1975 “Russell’s Antecipation of Quine’s Criterion”, in Russell : The Journal of the Bertrand Russell Archives, nº 16, pp. 27-30, e O’Grady, P. 1995 “The Russellian Roots of Naturalized Epistemology”, in ibidem, NS, nº 15, pp. 53-63), e não tem qualquer eco nos estudos mais recentes dedicados exclusivamente a Quine (cf. Hylton, Peter 2007 Quine, London/New York: Routledge). A teoria, no trabalho em apreço, é uma aplicação e desenvolvimento de ideias do autor já apresentadas em “The Present Relevance of Bertrand Russell’s Criticism of Logical Positivism” (in Revista Portuguesa de Filosofia, tomo IV, nº 4, 1999, pp. 427-458), que por sua vez se baseou numa conferência em língua inglesa proferida no “XXVI Annual Meeting of the Bertrand Russell Society” (Monmouth University, West Long Branch, New Jersey, USA, 5 de Junho de 1999). 16 “Quine has been traditionally conceived as the first philosopher to introduce semantic holism and the cponcept of naturalized epistemology in contemporary analytical philosophy, against Russell, Carnap and others. The author, following his own research on the subject, shows provocatively the Russellian roots of Quine’s views.” (Ibidem, p. 368) “A pressuposição de que a filosofia de Russell estará na origem, directa ou indirectamente, do conceito quineano de epistemologia naturalizada é, à partida, paradoxal, ou, pelo menos, altamente questionável segundo a historiografia na matéria. Pois não foi em grande parte, justamente, contra uma epistemologia fundacionalista, como a de Russell, que esse conceito terá sido concebido ? Dizer que uma tal epistemologia estará de algum modo na rota, filosoficamente falando, do conceito de Quine parece ser, assim, uma contradictio in adjectum, quando não mesmo uma provocação. Vou sugerir, contudo, que, sendo certo que Russell não é um autor da ideia de epistemologia naturalizada, a sua própria concepção de epistemologia numa série de trabalhos numa série de trabalhos dos anos trinta e quarenta do século passado abriu o caminho, positivamente falando, para a de Quine, mesmo se, em última análise, os respectivos resultados só de forma mais ou menos remota foram incorporados por esta última. A minha teoria passa, desde logo, por não devermos aceitar uma parte substancial do que Quine ele mesmo nos diz, genericamente, quanto às origens da sua concepção e, de forma mais geal, por recusarmos subscrever o que a historiografia conhecida, ou aquilo a que podemos chamar a ‘versão oficial das origens do conceito de epistemologia naturalizada’ diz sobre a matéria. (…) Passa, em segundo lugar, por procurar contextualizar nos trabalhos da filosofia de Russell a que aludi a problemática da epistemologia naturalizada, sobretudo no que diz respeito à teoria da significação e à filosofia da linguagem de modo geral.” (Ibidem, p. 369) 2006a “Kant e o positivismo lógico vienenese : O manifesto do ‘Círculo de Viena’ como caso em estudo”, in Leonel Ribeiro dos Santos (Org.), Actas do Colóquio Internacional ‘Kant: Posteridade e actualidade’ (Proceedings of the International Colloquium ‘Kant: Actuality and Posterity’), Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, pp. 589-600. Trata-se de um trabalho breve mas especializado no que diz respeito ao estudo do manifesto do “Círculo de Viena” e da representação que aí é feita, por parte dos respectivos autores, das origens históricas e filosóficas do movimento que protagonizaram. Sugerimos originalmente, face às investigações internacionais na matéria, a presença nesse texto fundamental de três modelos da filosofia contrastantes entre si. 17 “(…) distinguimos basicamente três modelos de filosofia, que são, como já foi sugerido, três representações proto-históricas da génese do positivismo lógico vienense patente no manifesto : o modelo da filosofia do atomismo lógico, de Russell e de Wittgenstein, os quais, para os membros do Círculo, eram filosoficamente solidários no essencial: o modelo ‘empirista’ ou ‘positivista’, que é suposto aglutinar as contribuições diversas do ‘empirismo britânico’ de Locke, Berkeley e Hume, dos empirismos de Mill e de Mach, em, certa medida, as do próprio Wittgenstein no Tractatus ; e, finalmente, o modelo neo-hegeliano de Neurath, que parece ter sido, como dissemos, o principal redactor desse texto e cuja caneta é por demais evidente ao longo do mesmo. De todos estes modelos ou representações se segue uma rejeição clara da filosofia de Kant (…). Que os três modelos, apesar de tudo, transpirassem metafísica e se pudessem contradizer manifestamente entre si neste ou naquele ponto fundamental, não era importante para os positivistas vienenses (…) O essencial, para eles, passava pela contestação e rejeição do idealismo (…), pondo a ideia de eliminação da metafísica, como queria Neurath em especial, ao serviço de uma concepção da filosofia marcadamente interventiva no plano social, cultural e político.” (Ibidem, pp. 593-594) 2007 “Não há método nem métodos da filosofia analítica : Não há ‘filosofia analítica’”, in Diogo Ferrer (Org.), Actas do Colóquio ‘Método e métodos do pensamento filosófico’, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 119134. Este trabalho materializa pela primeira vez nas investigações do autor sobre a filosofia analítica, algo provocadoramente, a ideia fundamental que sempre lhes esteve subjacente: de que, de acordo com a própria historiografia analítica, não só não existem duas tradições filosóficas distintas e supostamente divorciadas entre si, a ‘continental’ e a ‘analítica’, como também de que não se pode caracterizar esta última como estando subordinada a qualquer método ou cânone que lhe seria inerente em contraste com um outro que seria próprio da primeira. “Gostaria de introduzir brevemente o tema da minha comunicação, dizendo, algo provocadoramente, que a tese fundamental a desenvolver e justificar na mesma é que não há qualquer método (ou métodos) característico(s) do que se supõe constituir a “filosofia analítica”, porque, de facto, esta não existe, substantivamente, enquanto modo de pensar e de filosofar essencialmente distinto do de outras supostas tradições filosóficas, como a chamada ‘tradição continental’, ou da filosofia de modo geral. Em ordem a ser tão preciso quanto o possível por agora, acrescentarei que, se é verdade que não há uma realidade que poderíamos designar por ‘filosofia analítica’ nem um método ou métodos próprios dessa filosofia, também o é, em parte pelas 18 mesmas razões, que não existe qualquer coisa a que possamos chamar ‘filosofia continental’ com um método ou métodos que lhe seriam inerentes. Mais adiante, deste ponto de vista, sugerirei, na linha das minhas investigações anteriores, que a existência desta última filosofia foi um mito introduzido na filosofia contemporânea, particularmente na última metade do século XX, pelos defensores da existência da primeira. Não ignoro, é claro, que, quer no passado quer actualmente muitos filósofos na Europa e no Ocidente no seu conjunto, em sentido oposto àquele que aqui vai ser argumentado, nos falam de ‘filosofia analítica’ e de ‘método da filosofia analítica’ in re, como se tais entidades se opusessem a outras próprias da dita ‘filosofia continental’. Esse facto não é completamente irrelevante para a defesa da minha tese, uma vez que procurarei argumentar que grande parte da legitimidade da pretensa ‘filosofia analítica’, em especial no passado ou na história da filosofia, é de natureza ideológica, assentando sobretudo em razões sociológicas de cariz institucional. Mas, filosoficamente falando (no sentido próprio da expressão), é despiciendo. A ‘filosofia analítica’ e a ‘filosofia continental’ existirão tanto, em certa medida, como, para Quine, existirão o cavalo de Pégaso ou os deuses do Olimpo da mitologia grega; com a enorme vantagem de que podem ser indiscutivelmente mais úteis para nós hoje em dia, desse ponto de vista ideológico-institucional a que aludi, do que essas hipotéticas entidades. Nesta perspectiva, que aqui desenvolverei, podemos seguramente falar da existência enquanto tal de uma filosofia propriamente analítica, que importará distinguir, em certa medida, da continental.” (Ibidem, pp. 119-120) 2007a Bertrand Russell e a filosofia analítica no século XX, Coimbra: Pé de Página Editores (80 pp.). Este livro, baseado na lição de síntese das provas de agregação do autor, constitui a expressão final das suas investigações desde o doutoramento em filosofia. As teses fundamentais aí apresentadas a respeito da filosofia de Bertrand Russell e do seu lugar na história da filosofia analítica são completamente originais, quando contrastadas com a historiografia conhecida e especializada na matéria quer em Portugal quer, sobretudo, nos países de língua oficial inglesa. O livro está divido em quatro partes: Introdução : Uma visão popperiana dos problemas filosóficos; Capítulo Primeiro : Actualidade e posteridade da filosofia de Russell; Capítulo Segundo : Desconstruindo as interpretações de Russell na história da filosofia analítica; Capítulo Terceiro : Russell ‘versus’ Wittgenstein e as saídas para o problema do holismo em filosofia; Capítulo Quarto: De Russell às teorias de Quine : Os perigos do holismo em filosofia; Referências bibliográficas. 19 “(…) É nesta ampla perspectiva sobre o holismo na filosofia contemporânea, e particularmente na de Russell, que se deve compreender uma das teses fundamentais do programa e relatório do seminário de lógica e filosofia analítica que submeti à V/ apreciação, a saber: que, na sequência da evolução da filosofia de Russell a partir dos anos vinte do século passado, independentemente de qualquer influência significativa da parte de Wittgenstein e do Tractatus em especial, para aquilo a que chamei um ‘holismo semântico parcial’, a nota mais distintiva das intervenções do filósofo inglês na evolução da filosofia analítica, quer com a formação e desenvolvimento do ‘Círculo de Viena’ no primeiro quartel do século passado, quer com a emergência da ‘filosofia inglesa da linguagem corrente’ dos anos quarenta em diante, quer, finalmente, com o aparecimento a partir dos anos cinquenta do que M. Dummett chama a ‘filosofia americana’ (com Quine e Putnam, sobretudo) [Dummett, M. 1978, pp. 437 e ss.], consistiu no posicionamento ‘avant-garde’ da problemática holismo versus atomismo, que só virá a fazer parte expressamente da agenda filosófica propriamente dita, como já observei, várias décadas depois. Na verdade, como de forma detalhada explico no relatório em questão, Russell estava convicto, depois de ter tirado as lições que havia a tirar da sua controvérsia com Wittgenstein a propósito do Tractatus, de que a evolução do movimento analítico com o positivismo lógico vienense e a chamada ‘filosofia inglesa da linguagem corrente’, tinha evoluído num sentido em que claramente denegava o objecto e finalidade próprias da análise em proveito da tese holista segundo a qual a linguagem constitui um domínio mais ou menos autónomo e auto-subsistente que não carece de fundações próprias no mundo da experiência. Uma tal fundação era essencial para ele, como se mostra, quase obcecadamente, em Uma Investigação sobre a Significação e a Verdade e, por último, em o Conhecimento Humano. Deste ponto de vista, as teses de Quine no início dos anos cinquenta, particularmente aquelas que são apresentadas em “Dois Dogmas do Empirismo” (que seguramente Russell conheceu), não vinham trazer nada de novo quanto à questão da necessidade dessa fundação e à problemática do holismo versus atomismo: em certo sentido, limitavam-se a desenvolver e aprofundar em novos termos o holismo subjacente ao desenvolvimento do movimento analítico desde o Tractatus de Wittgenstein. É, como se recorda, a impossibilidade da filosofia no sentido cartesiano, fundacionalista, do conceito, que Quine apregoa na ultima secção desse texto a que aludi. Nada de novo para Russell, depois do que se disse até agora. Talvez por isso mesmo, no último grande trabalho filosófico que publicou (O Meu Desenvolvimento Filosófico) Russell sugere o seu abandono da filosofia e da própria tradição filosófica que tinha inaugurado, de algum modo auspiciosamente, nos começos do século XX (Russell, B. 1959, p. 230).” “A segunda tese fundamental do programa e relatório que submeto à V/ apreciação é esta: bem considerada, ou considerada em contexto na história da filosofia analítica ao longo do século XX, a filosofia de Russell não é importante para nós hoje em dia apenas devido às contribuições essenciais que trouxe para a filosofia da lógica e, em especial, para as fundações da matemática; não é ainda importante para nós apenas devido às contribuições que implicou em matéria de filosofia da linguagem, com esse magnífico 20 testemunho filosófico que constitui a teoria das descrições. Tudo isso já foi expressamente admitido ao longo da história da filosofia analítica, incluindo por aqueles que, como Max Black e outros, logo no início dos anos quarenta do século passado, declaravam que, depois da primeira edição de os Principia Mathematica, quer dizer, depois de 1913, nada mais de filosoficamente interessante tinha Russell produzido (Black, M. 1989). Este funeral antecipado do pensamento do filósofo inglês é conhecido. Não; a filosofia de Russell pode ser relevante para nós e para as gerações futuras se a entendermos como uma tentativa de encontrar uma via alternativa entre o fundacionalismo em filosofia, que marcou a evolução do pensamento filosófico até aos começos do século XX e ao pragmatismo de William James e John Dewey em particular, e o puro relativismo, que conduz, de uma forma ou de outra, à completa negação do objecto próprio da filosofia e à sua transformação num mera ‘ciência humana’ entre outras, quer dizer, porque é disso de que se trata efectivamente hoje em dia, ao seu desaparecimento. Se a entendermos assim, como aliás o próprio Russell parece tê-la entendido dos anos quarenta em diante, se olharmos para o significado da obra do filósofo no seu conjunto e não para esta ou aquela teoria em especial, então talvez seja possível vir a reabilitá-la e a conferir-lhe o seu verdadeiro lugar na história da filosofia analítica contemporânea.” (Ibidem, pp. 27-29) Apesar de ter sido publicado em língua portuguesa mereceu uma referência em Russell: The Journal of the Bertrand Russell Studies, vol. 27, nº 2, 2007. Foi comentado em “Crítica na Rede (publicação electrónica dedicada à divulgação, ensino e investigação filosófica)” do seguinte modo: “Eis um livro refrescantemente original e muito bem fundamentado, que abre novas e promissoras perspectivas de interpretação das filosofias de Bertrand Russell, do Tractatus de Wittgenstein e da história da filosofia analítica do século XX em geral.” (http://criticanarede.com/html/his_jales.html) 2008 “Bertrand Russell e o problema da individuação na filosofia do atomismo lógico”, in Revista Filosófica de Coimbra, nº 32, pp. 309-331. O autor aplica e desenvolve a sua própria interpretação sobre a filosofia de Russell, em particular, a tese segundo a qual é a problemática holismo ‘versus’ atomismo que está cerne do desenvolvimento dessa filosofia desde os anos vinte do século passado. “A questão do complexo e da existência de elementos simples que o constituiriam é um dos problemas fundamentais da filosofia de Bertrand Russell e, particularmente, do período chamado ‘atomismo lógico’, com o 21 qual muitas vezes, de forma precipitada, quer ela no seu conjunto quer a filosofia do próprio Ludwig Wittgenstein no Tractatus Lógico-Philosophicus é confundida. Pode o ‘simples’, na acepção russelliana do conceito, quer dizer, como dado último do nosso conhecimento do mundo e sua base fundamental de sustentação, aparecer-nos como o ‘singular’ propriamente dito, isto é, como aquilo que é irredutível a esse conhecimento e, no fim de contas, não analisável ? Pode a filosofia, por outro lado, dispensar e finalmente evacuar este problema ao abrigo desta ou daquela versão de um holismo mais ou menos radical em matéria de teoria da significação, continuando a reclamar a sua legitimidade de direito, enquanto tal (filosofia), perante a ciência e o senso comum ? O autor deste artigo, na sequência das suas próprias investigações sobre Russell, Wittgenstein e a filosofia analítica de modo geral, levanta, tematiza e aprofunda estas questões desde o manuscrito do filósofo inglês, durante muito tempo inédito, intitulado Teoria do Conhecimento, e a ‘Introdução’ ao Tractatus, aos últimos trabalhos dele, argumentando que o desenvolvimento da filosofia de Russell, contra a corrente ao longo do século XX, passou essencialmente pela tentativa de encontrar uma via alternativa entre fundacionalismo e naturalismo que salvaguardasse de forma consistente o verdadeiro estatuto do singular. Conclui sugerindo que uma tal tentativa, embora esquecida ou ignorada geralmente hoje em dia, é do maior interesse e actualidade para a filosofia contemporânea.” (Ibidem, p. 309) d) Novas direcções dos estudos sobre a teoria das utopias 2008a “Utopia e filosofia : Para uma teoria das utopias filosóficas sobre a ciência”, in Maria de Lurdes Câncio Martins (Org.) Actas do Colóquio Internacional ‘Utopia e Ciência’ (Proceedings of the International Colloquium ‘Utopia and Science’), Lisboa: Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (no prelo). Este trabalho apresenta-se como um dos primeiros questionamentos, a nível internacional, a respeito da possibilidade de conceber uma teoria das utopias filosóficas, quer dizer, de uma teoria em que a própria filosofia (no caso, a filosofia da ciência) é pensada como intrinsecamente utópica. É essa a presunção do autor com base nas suas investigações, e foi esse o sentimento que colheu no fórum internacional onde apresentou as suas ideias. O desiderato de uma teoria filosófica das utopias, na perspectiva da qual a filosofia ela mesma possa ser pensada de algum modo como utópica, foi lançado por 22 P. Ricoeur em Lectures on Ideology and Utopia, New York/London, Columbia University Press, 1986. “Deixem-me começar por justificar o título e tema do presente trabalho. Falando de uma ‘teoria das utopias filosóficas’ posso parecer provocador para a generalidade dos filósofos (e sobretudo os profissionais), porque, na verdade, a utopia sempre foi considerada como um objecto da filosofia, não como qualquer coisa de que a própria filosofia seria objecto, ou que, de algum modo, fosse parte intrínseca e constitucional da própria filosofia. No primeiro sentido, aquele em que a utopia é objecto da filosofia, podemos falar, por exemplo, da utopia no pensamento de Ernst Bloch ou do modo como as filosofias de Foucault, Heidegger, Levinas, Derrida, Deleuze e outros, nos permitem pensar a problemática da utopia a partir deste ou daquele traço da existência humana. É também no contexto desse sentido que insiro o que Karl Mannheim e Paul Ricoeur nos disseram a respeito da relação entre utopia e ideologia na medida em que essa relação passa pela filosofia, porque, de facto, nem um nem outro se ocuparam da filosofia enquanto utopia. Não é portanto esse sentido que me interessa aqui embora o seu uso não seja de modo algum indiferente para o que vos vou dizer a respeito de uma teoria das utopias filosóficas sobre a ciência. É o último e mais radical sentido de utopia, aquele em que, repito, a filosofia ela mesma, como discurso, é considerada como utópica, que, em contraste com a literatura conhecida, está em questão na minha comunicação. Pouco, ou praticamente nada, se escreveu sobre ele (pelo menos expressa e directamente), sendo certo que, por outro lado e como salientarei mais adiante, certos pensadores, provenientes de áreas diversas, como é o caso (que já referi) da sociologia de Karl Mannheim logo nos anos trinta do século passado, ou, mais decisivamente, da história e sociologia da ciência de Thomas Kuhn, tenham recorrentemente andado à sua volta no que à crítica da filosofia da ciência diz respeito. A ‘utopia’ sempre significou desde o célebre livro de Thomas Moore, quer para o senso comum quer para a própria filosofia de maneira geral, um conceito contrário ao de racionalidade, que é suposto a filosofia incarnar; se, pois, agora a própria filosofia, como objecto, é considerada como utópica, do que estamos a falar quando falamos de ‘utopias filosóficas’ é de uma racionalidade que seria utópica; e isto parece uma contradictio in adjectum. Na realidade, não o é, e não o é em grande parte pelas razões que Mannheim apresentou, quanto à sociologia, logo em 1929.” “(…) Mais especificamente, o tema deste trabalho é a relação que é possível perspectivar entre filosofia e utopia na medida em que a filosofia se apresenta como um empreendimento mais ou menos sistemático que visa justificar e/ou fundar a ciência. É um tal empreendimento que correntemente se compreende por ‘filosofia da ciência’. Tomarei aqui a filosofia da ciência na história do pensamento ocidental a partir dos começos do pensamento moderno, com Galileu e Descartes, até à época contemporânea e, em particular, até à história e sociologia da ciência de Thomas Kuhn e certas ‘epistemologias naturalizadas’ como a de Willard V. O. Quine. Esta delimitação histórica é importante para os meus objectivos, porque, como se verá, vou argumentar que as filosofias da ciência, desde o século XVII, 23 foram essencialmente utópicas e que uma parte do trabalho das teorias sobre a ciência (filosóficas ou não) apresentadas na segunda metade do século XX, como é o caso da de Kuhn ou da de Quine consistiu em desconstruir a natureza utópica dessas filosofias sem, contudo, a rejeitar e eliminar completamente. A minha sugestão, tanto quanto é possível apresentá-la por agora abreviadamente, tem duas vertentes: a primeira é que a filosofias da ciência, através dessa pretensão de fundar o que em cada época se entende por ‘ciência’, são, por excelência, espaços de criação e instalação de utopias, as quais consistem, de facto, nas reconstruções mais ou menos racionais da ciência configuradas por esses espaços, ou, se se preferir, pelos ‘topos’, de onde nascem e emergem todos os ‘u-topos’ que é suposto filosoficamente, época a época, constituirem a ciência ou o conhecimento científico de maneira geral; a segunda, é que esses ‘topos’ de onde emergem as filosofias da ciência são eles próprios u-tópicos em certa medida, embora num sentido diferente daquele que está em questão quando digo que as respectivas reconstruções da ciência são essencialmente utópicas. A diferença tem a ver com a ‘ordem das razões’ não com a ‘ordem das coisas’: uma teoria das utopias filosóficas só é possível se se admitir que os referidos ‘topos’, como espaços teoréticos mais ou menos ideais das referidas re-construções, podem ser analisados e investigados por si mesmos. Era um tal análise que Ricoeur, cujo pensamento apesar de tudo estava muito distante do meu neste trabalho, tinha em mente quando aludia a uma “fenomenologia do pensamento utópico”. Que esses espaços existam e possam ser estudados, ‘fenomenologicamente’ ou de outro modo qualquer, está longe de ser evidente à primeira vista. Em todo o caso, é um dos objectivos centrais das reflexões que se seguem. É na ampla perspectiva que irei procurar analisar a problemática da relação entre utopia e ideologia levantada e tematizada por Karl Mannheim e Paul Ricouer entre outros, e sem a qual não é possível pensar hoje em dia a teoria da utopia e, em particular, a da filosófica.” (Ibidem, “Introdução”) 2.3. COMUNICAÇÕES ORAIS 2004 “Locke, a tradição do empirismo britânico e a filosofia analítica”, apresentada no “Colóquio Internacional: A Herança de Locke” (“International Congress: Locke’s Legacy”), realizado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 29 e 30 de Janeiro. 2004a “Russell and Wittgenstein on ‘A believes p’”, apresentada no “31st Annual Meeting of the Bertrand Russell Society”, realizado na Plymouth State University (New Hampshire, USA) de 18 a 20 de Junho. 2004b ”Russell versus Quine: Sobre as origens filosóficas do conceito de epistemologia naturalizada”, apresentada no “2º Encontro Nacional de Filosofia 24 Analítica (ENFA 2)”, realizado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos dias 7, 8 e 9 de Outubro. 2004c ”Kant e o positivismo lógico vienense: O manifesto do ‘Círculo de Viena’ como caso em estudo”, apresentada no “Colóquio Internacional: Kant: Actualidade e posteridade” (“International Colloquium: Kant: Actuality and Posterity”), organizado pelo Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e realizado nos dias 25, 26 e 27 de Novembro. 2004d ”’Critical Thinking’, retórica e filosofia”, apresentada “on line” no “1º Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Românicas: Retórica” (“1st Virtual Congress of the Romance Literature Department: Rhetoric”), realizado durante o mês de Março. 2005 ”A New Reading of Russell’s ‘Introduction’ to Wittgenstein’s Tractatus”, apresentada no “28th International Wittgenstein Symposium”, organizado pela Austrian Ludwig Wittgenstein Society e realizado de 7 a 13 de Agosto em Kirchberg am Wechsel (Áustria). 2005a ”Espaço público e argumentação no ‘Estado Novo’ em Portugal”, apresentada no Colóquio Internacional “Espaço público, poder e comunicação” (“International Colloquium: Public Space, Power and Communication”), organizado pela unidade I&D LIF/FCT e realizado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra nos dias 5 e 6 de Dezembro. 2006 ”On the History of the History of Analytic Philosophy”, apresentada no “International Congress of the British Society for the History of Philosophy: Philosophy and Historiography”, University of Cambridge (Robinson College), realizado 3, 4 e 5 de Abril. 2006a “A argumentação como novo paradigma de racionalidade no século XXI”, apresentada a convite da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos no dia 29 de Abril de 2006. 2006b “Música e filosofia: De Schönberg a Wittgenstein”, evento “Música 3DI Nova”, organizado pela licenciatura em Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e realizado de 17 a 19 de Maio. 2006c ”Bertrand Russell e o estatuto do singular na filosofia do atomismo lógico”, apresentada no Colóquio “O Estatuto do Singular: Estratégias e Perspectivas”, organizado pela Rede Interdisciplinar de Centros de Investigação 25 (RICI) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e realizado na Fundação C. Gulbenkian em 25 e 26 de Maio. 2007 “Utopia e filosofia: Para uma teoria das utopias filosóficas sobre a ciência”, apresentada no “Colóquio Internacional: Ciência e Utopia” (“International Colloquium: Science and Utopia”), organizado pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e realizado nos dias 26 e 27 de Novembro. 2.4. ORIENTAÇÃO DE DISSERTAÇÕES 2005 Co-orientação da dissertação de mestrado apresentada pela candidata Ana Paula de Deus Charruadas à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, com o título “Análise da noção de esquema em Kant e Piaget: Um estudo preliminar comparativo”, cuja defesa teve lugar em 15 de Abril nessa Faculdade (aprovação com “Muito Bom”). 2.5. PARTICIPAÇÃO EM JÚRIS DE DOUTORAMENTO 2004 Vogal do júri das provas de doutoramento do candidato António Luíz Fragoso Fernandes com a dissertação intitulada “Dedução transcendental kantiana: de 1781 a 1787”, e apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (provas realizadas em 13 de Fevereiro). 2006 Vogal do júri, na qualidade de arguente, das provas de doutoramento do candidato Nuno Carlos Venturinha, com a dissertação intitulada “Lógica, ética, gramática: Wittgenstein e o método da filosofia”, e apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (provas realizadas em 28 de Setembro). 2.6. ORGANIZAÇÃO DE CONGRESSOS INTERNACIONAIS 26 2004 Membro da Comissão Científica do “2º Encontro Nacional de Filosofia Analítica” (conjuntamente com os Doutores João Branquinho, João Sáàgua, Sofia Miguéns e José Manuel Curado), realizado nos dias 7, 8 e 9 de Outubro na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 2008 (em curso) Organizador do Colóquio Internacional “Retórica e argumentação no início do século XXI” (“International Colloquium: Rhetoric and Argumentation in the Beginning of the 21st Century”), promovido pelo grupo de investigação “Ensinando a lógica e a argumentação [Teaching Logic and Argumentation]” da Unidade I&D LIF/FCT, a realizar em 2, 3 e 4 de Outubro na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Os seguintes conferencistas já confirmaram a sua presença: Ruth Amossy (Universidade de Telavive, Israel), Anthony Blair (Universidade de Windsor, Canadá), Hermenegildo Borges (Universidade Nova de Lisboa), Manuel Maria Carrilho (Universidade Nova de Lisboa), Tito Cardoso e Cunha (Universidade da Beira Interior), Marianne Doury (Universidade de Paris III-Sorbonne Nouvelle, CNRS, França), Oswald Ducrot (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, Paris, CNRS, França), Frans Eemeren (Universidade de Amesterdão, Holanda), António Fidalgo (Universidade de Trás-os-Montes), Rui Grácio (FCT), Antonio López Eire (Universidade de Salamanca, Espanha), Francisca Enkemans (Universidade de Amesterdão, Holanda), Alan Gross (Universidade de Minnesota, USA), Guy Haarscher (Universidade de Bruxelas, Bélgica), Erik Krabbe (Universidade de Groningen, Holanda), Christian Plantin (Universidade de Lyon, CNRS, França), José Esteves Rei (Universidade de Trás-os-Montes), Henrique Jales Ribeiro (Universidade de Coimbra), Joaquim das Neves Vicente (Universidade de Coimbra), Douglas Walton (Universidade de Winnipeg, Canadá). 2.7. INVESTIGAÇÃO NO ÂMBITO DA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA (FCT) 2003-2007 Membro/investigador da Unidade I&D LIF/FCT. 2007-2010 Coordenador do grupo de investigação “Teaching Logic and Argumentation” (Unidade I&D LIF/FCT), que tem como colaboradores os Mestres Joaquim das Neves Vicente e Rui Alexandre Grácio. 27 3. ACTIVIDADES ACADÉMICAS 2003-2004 Membro da Assembleia da Universidade de Coimbra em representação dos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 2003-2004 Vice-Presidente da mesa da Assembleia de Representantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 2004-2006/2006-2008 Membro da Assembleia de Representantes da mesma Faculdade. Feito em Coimbra e entregue pelo autor ao secretariado do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra no dia 2 de Maio de 2008 ◊◊◊ 28