Página 2 Página 3 EDIÇÃO Nº 19 ANO 3 DEZEMBRO 2016 Jornal de distribuição gratuita. Venda proibida /Portalctb.org.br @PortalCTB Página 3 @PortalCTB L ula M arques / A gência PT De uma só vez, pacote de maldades do governo liquida salário, direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Págs. 2 e 3 Página 3 Página 3 2 OLHO NA POLÍTICA OLHO CRÍTICO www.jornalolhocritico.com.br BRASIL OLHO CRÍTICO www.jornalolhocritico.com.br 3 A rquivo CTB OLHO NA CONJUNTURA ,™¡ M ídia Ninja É o que promete ao país a reforma previdenciária do governo ilegítimo de Temer RENATO BAZAN [email protected] Adilson Araújo, presidente da CTB O projeto de mudanças no sistema previdenciário deste governo golpista é um retrocesso inaceitável para a classe trabalhadora e, por isto, é rejeitado pelo conjunto do movimento sindical brasileiro. Além de reduzir direitos e benefícios, sempre em detrimento dos mais pobres, e manter os privilégios dos militares, a reforma ameaça a economia de milhares de municípios, que dependem das aposentadorias e pensões, e abre caminho à privatização do setor, cobiçado pelo sistema financeiro. A idade mínima para aposentadoria aos 65 é particularmente perversa às mulheres e trabalhadore e trabalhadoras rurais. Outra novidade cruel é estabelecer em 49 anos o tempo de contribuição necessário para que o trabalhador tenha direito ao valor integral da aposentadoria. Mais uma vez, o ônus da crise recai sobre as camadas mais pobres da nossa sofrida classe trabalhadora. A CTB advoga a mais ampla unidade das centrais, dos sindicatos e dos movimentos sociais nesta empreitada e defende o fortalecimento de uma campanha de esclarecimento das bases com o objetivo de criar as condições para a deflagração de uma greve geral para barrar o retrocesso. É IMPROVÁVEL que algum outro projeto de Michel Temer tenha recebido uma reação pública tão negativa quanto a sua reforma da Previdência Social. A proposta de Temer é simples na aparência: a reforma acaba com todos os benefícios de caráter voluntário, restando somente a aposentadoria por idade, para todos, aos 65 anos. Todas as diferenciações são eliminadas, seja entre homem ou mulher, trabalhador urbano ou rural como se, subitamente, as condições enfrentadas por esses grupos fossem as mesmas. Além disso, o novo sistema exige um tempo mínimo de contribuição dez anos mais longo, de 25 anos (a regra vigente prevê 15 anos). Mas isso não daria acesso ao benefício integral, para conquistá-lo serão necessários 49 anos de contribuição - missão quase impossível. Como quase ninguém conseguiria cumprir os requisitos para receber o valor real das pensões, e como elas estariam desvinculadas de uma política de valorização real, o cenário de longo prazo seria de ressurgimento dos valores miseráveis, e com requisitos de admissão cada vez mais excludentes. PREVIDÊNCIA PRIVADA Diante desta realidade, quem vai querer contribuir para a Previdência pública? A tendência é de incremento dos planos pri- vados - que há tempos estão de olho neste mercado. Aniquila-se a Previdência Social para que os trabalhadores brasileiros, temerosos pelo próprio futuro, transfiram o dinheiro para os serviços de previdência privada oferecidos pelo mercado financeiro. Não há cenário em que essa reforma não aumente a incidência de miséria e instabilidade fiscal sobre o país. Assim como não há cenário em que a elite financeira não aumente seus lucros já explosivos. Apesar de representarem cerca de 45% do orçamento previdenciário do setor público, as Forças Armadas ficaram de fora da reforma que desmonta a Previdência. Não valerá para eles a nova regra que acaba com a pensão por morte integral - o valor pago à viúva passaria a ser de 50% mais 10% por dependente. Também não será possível acumular os benefícios. Uma mulher que recebe pensão por morte, quando se aposentar não poderá manter ambos benefícios. É bom lembrar que mais de 70% dos benefícios pagos nessa modalidade são para mulheres viúvas e que ganham até 3 mínimos. A mudança não afeta, naturalmente, as ricas aposentadorias das viúvas de militares. EXPEDIENTE OLHO CRÍTICO - FUNDADO EM JUNHO DE 2014 Olho Crítico é uma publicação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - Endereço: Avenida Liberdade, 113 Centro – São Paulo – SP | CEP: 01503-000 | Fone: (11) 3106.0700 | Site: www.portalctb.org.br | Email: [email protected] Presidente: Adilson Araújo | Secretária de Imprensa: Raimunda Gomes | Equipe: Cinthia Ribas, Danilo Ribeiro, Érika Ceconi, Joanne Mota, Láldert Castello Branco, Marcos Aurélio Ruy, Renato Bazan e Umberto Martins | Editora: Natália Rangel | Projeto Gráfico: Márcio Lima | Designer Gráfico: Danilo Ribeiro | Tiragem: 200 mil exemplares | Impressão: Bangraf Governo sanciona a PEC 55 e congela investimentos sociais por 20 anos - mínimo não terá mais aumento real O ANO chega ao fim com a trágica aprovação da medida que congela investimentos sociais por vinte anos (PEC 55). A medida foi aprovada no Senado no dia 13 de dezembro - mesma data em que foi promulgado o AI-5, na ditadura militar, e já está sendo chamada de “AI-5 dos direitos sociais”. Com ela, que agora é lei, perdemos uma importante conquista do movimento sindical para todos os trabalhadores brasileiros: a política de valorização do salário mínimo, lançada no governo Lula, em 2003. O novo regime fiscal permitirá apenas o reajuste pela inflação e não haverá mais reajuste real de salário - por 20 anos. Se esta nova lei estivesse em vigor desde 2003, o salário mínimo hoje seria de R$ 509 em vez dos atuais R$ 880, explica o analista político Antônio Augusto de Queiroz. Segundo estudo do Dieese, de 2003 até hoje os salários aumentaram 340%, enquanto a inflação do período foi de 148,34%. Ou seja, tivemos 77,18% de aumento real. Esta conta ilustra bem o tamanho do prejuízo que a nova regra vai causar no orçamento de todo os assalariados brasileiros. Com a economia em baixa, este governo ilegítimo segue pondo em prática o desmonte do estado, congelando investimentos em saúde, segurança e educação e gerando ainda mais desemprego. Se nada for feito, o país que já vive uma profunda recessão, assistirá a um radical aprofundamento das desigualdades sociais. A reforma da previdência é particularmente perversa em relação às mulheres. Elas terão de trabalhar ao menos 10 anos a mais. “É terrível, já que a nossa educação machista exige tarefas domésticas das meninas muito cedo”, diz Kátia Branco, da CTB-RJ. “Igualar a idade mínima para a aposentadoria aos 65 anos é uma irresponsabilidade. Ignoram que, além do mercado de tra- balho, elas têm que cuidar da casa e dos filhos”, diz Ivânia Pereira, da CTB nacional. As professoras, com o fim da aposentadoria especial, e as trabalhadoras rurais, com o maior tempo de trabalho e exigên- cia de contribuição individual, serão as maiores prejudicadas. “Ter o direito à aposentadoria apenas aos 65 torna estas mulheres praticamente escravas em pleno século 21”, diz Lenir Fanton, da CTB-RS. PORTAL CTB COM AGÊNCIAS [email protected] De acordo com dados do IBGE, 78,2% dos homens e 70,2% das mulheres da área rural começam a trabalhar antes dos 15 anos. Com a reforma da previdência proposta pelo governo, eles terão de trabalhar até dez anos a mais e passarão a contribuir individualmente. Atualmente, a contribuição é via produtividade - dada a sazonalidade do setor. “É um tiro de misericórdia nos trabalhadores do campo. Eles chegam a cumprir jornadas de 12 a 14 horas na lavoura. Com esta piora na qualidade de vida, os jovens migrarão para as cidades”, diz Sérgio de Miranda, secretário de Políticas Agrícolas da CTB. “Economicamente, é a pior coisa que poderia acontecer ao país”, diz o especialista em direito previdenciário, Sérgio “Pardal” Freudenthal, sobre a reforma previdenciária. “A função de redistribuição de renda da Previdência Social é certeira e secular. Movimenta a economia, faz transferência de renda e move municípios”. Ele afirma que a reforma necessária já foi feita, com alterações constitucionais e na legislação que atingiram todo o sistema brasileiro nos anos de 1998 e 2003, além da aprovação, em 2015, da fórmula 85/95, com progressividade, que atendeu ao aumento da expectativa de vida do brasileiro. 4 OLHO CRÍTICO www.jornalolhocritico.com.br