Disciplina: Ambientes Sociotécnicos para Ensino/Aprendizagem de

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Disciplina: Ambientes Sociotécnicos para Ensino/Aprendizagem de Línguas
Profa. Dra. Raquel Bambirra
Aluna: Luana Fabrícia Correia Silva
Resenha do Cap. 2 A rede interacional no ambiente digital de aprendizagem: PARREIRAS, V.
A. A sala de aula digital sob a perspectiva dos sistemas complexos: uma abordagem qualitativa.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade
Federal de Minas Gerais. 2005. 339p.
Esse capítulo está organizado em três seções, conforme indica Parreiras, em
introdução: (1) visão global de como a EAD evoluiu no Brasil e em outros países até o
momento atual, (2) revisão de trabalhos que focalizaram os desafios que essa
modalidade impõe aos professores como “designers” e gestores de ensino baseado em
tarefas e, (3) interação resultante da rede formada pelos aprendizes, em ambiente digital
de aprendizagem caracterizado pela complexidade. Segundo o autor, a interação é um
fator primordial no processo de ensino e aprendizagem de línguas e para fundamentar
essa discussão, Parreiras utiliza a teoria sócio-interacionista como será apresentado
adiante.
Parreiras apresenta conceitos de interação sob o ponto de vista de alguns autores
como Allwright (1984, p.156) que discute a interação como sendo o aspecto
fundamental da pedagogia e afirma que “tudo que acontece na sala de aula, acontece
através de um processo dinâmico de interação entre as pessoas”. Segundo este, o
sucesso de ensino e aprendizagem em qualquer disciplina está relacionado com o papel
do professor enquanto gerenciador das interações em sala de aula e facilitador da
construção da aprendizagem. Parreiras também menciona Ellis et al (1991), Ellis (1994;
1999), Figueiredo (2000), Freire (1983), Leffa (2003), Paiva (2002), Swain (1985;
1993; 1995), Tsui (1995), Vygotsky (1984), entre outros, que consideram a interação
como um dos fatores principais para a aprendizagem.
O autor cita Piaget (1974) cujo estudo entre sujeito e objeto possibilitou o
surgimento de uma teoria sobre a origem do conhecimento. Na perspectiva deste, o
conhecimento é resultado da interação do sujeito com o objeto sem que haja
predominância de um sobre o outro. Logo, considera que existe uma relação de
interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.
Quanto ao ponto de vista em relação ao desenvolvimento da aprendizagem,
Parreiras menciona Vygotsky que defendia que o desenvolvimento sucedia à
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aprendizagem. A questão central para este é a aquisição de conhecimento pela interação
do sujeito com o meio, ou seja, o desenvolvimento do indivíduo é resultado de um
processo construído historicamente. O mesmo construiu uma teoria para explicar como
os processos naturais, maturação, mecanismos sensoriais, respostas naturais, alteravamse de acordo com os processos culturais, isto é, a sua teoria focalizou o processo de
constituição do homem como ser biológico para ser histórico-cultural. Para Vygotsky
(1991), o meio interfere no processo de aprendizagem do sujeito e é internalizado pelo
aprendiz através da interação.
Em seguida, Parreiras trata do conceito Zona de Desenvolvimento Proximal ZDP proposto por Vygotsky que, reflete a combinação entre desenvolvimento e
aprendizagem, o conceito de input + 1 de Krashen (1985) e o conceito de limite do caos.
E dentro desse contexto, Paiva (2002) se apoiou na noção de sistema dinâmico para
propor um modelo de aquisição de línguas intitulado “Modelo Fractal de Aquisição de
Língua”. Adiante, outros pesquisadores são estudados e destaca-se que os
interacionistas acreditam na interação como principal meio para o processo de ensino e
aprendizagem de línguas, no caso, língua estrangeira. Dentre esses, vale ressaltar
Warschauer (1998) que examinou algumas peculiaridades de interações on-line.
Segundo ele, na aprendizagem mediada por computador, a interação pode ser vista
como socialização, atividade discursiva ou como aprendizagem. Após essas
contribuições, conclui-se nesse primeiro tópico que o ambiente digital, como meio
instrucional, é mais interativo que qualquer outro, e apresenta uma característica muito
peculiar de independência do aprendiz no que concerne ao tempo e ao espaço.
No segundo tópico, o autor faz considerações a respeito da interação sob as
perspectivas de Morin (1990), Castells (1999), Lévy (1999) e afirma que a interação nos
ambientes digitais de aprendizagem parece ocorrer a partir de uma integração de fatores
e o seu gerenciamento consiste, entre outros, em descentralizar o poder do professor. A
partir de um ponto de vista não-linear, Parreiras cita Leffa (2003) que discutiu a
interação que ocorreu em um ambiente virtual de aprendizagem com o objetivo de
descrever um sistema de autoria aplicado à EAD. Segundo este, a interação se baseia na
reciprocidade e pode ser definida “como um contato que produz mudança em cada um
dos participantes”. Ele defende que essa interação se dá em torno do conteúdo e que este
é que irá determinar a ação do professor e do aluno.
Por fim, outros autores são estudados com o intuito de compreender as
implicações da interação no processo de ensino e de aprendizagem. Por meio das
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perspectivas discutidas, Parreiras observou a necessidade de pensar em novas maneiras
de produzir e de organizar o conhecimento, substituindo sistemas conceituais fundados
nas idéias de hierarquia e linearidade por outros baseados nas noções de dinamicidade,
nós, links e redes.
Belo Horizonte, 26 de outubro de 2011.
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