nos pacientes com insuficiência respiratória pulmonar

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Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA COM PRESSÃO POSITIVA EM
PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA.
Tadeu Coelho de Oliveira
Natália Bonifácio Del Frari
Rio de janeiro – RJ
Turma 2015
Orientador: Dr. Douglas Ferrari Carneiro
Co-orientador: DR. Luis Henrique André
RESUMO
Desde a introdução da assistência ventilatória invasiva até os dias de hoje,
observamos o crescente desenvolvimento da modalidade de ventilação não
invasiva por pressão positiva nas unidades de terapia intensiva bem como nas
emergências hospitalares. A Ventilação Não Invasiva (VNI) é definida como
uma técnica de ventilação na qual não é empregado qualquer tipo de prótese
traqueal (tubo orotraqueal, nasotraqueal ou cânula de traqueostomia), sendo a
conexão entre o ventilador e a via aérea feita por meio de uma máscara que
pode ser facial ou nasal. O conceito envolvido nesta modalidade consiste em
empurrar o ar nas vias aéreas por meio de uma máscara (facial ou nasal),
dentro de um circuito fechado; ou seja, alterando o princípio fisiológico da
ventilação de pressão negativa para positiva.
O objetivo do emprego desta técnica está bem estabelecido no que tange a
reversão do quadro da insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA) e na
redução das complicações oriundas da utilização de procedimentos invasivos.
Método e Material, trata-se de uma revisão bibliográfica na base de dados
livros didáticos pertinentes ao estudo, no período de 1981 a 2007. Os níveis de
evidências para a utilização segura da ventilação não invasiva por pressão
positiva em pacientes com insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA).
Conclusão: Em relação aos autores pesquisados neste consolidado, fica claro
a eficiência da ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) nos
pacientes com insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA).
Palavras-chave:
ventilação
não
invasiva
com
pressão
positiva,
insuficiência respiratória pulmonar aguda, unidade de terapia intensiva.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi verificar a eficácia e a segurança da VNIPP
nas diversas causas de insuficiência respiratória aguda, hipoxêmica e
hipercápnica, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica na base de dados livros didáticos
pertinentes ao estudo, no período de 1981 a 2007
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Pingleton SK 19881, a insuficiência respiratória aguda refere-se
à deterioração das trocas gasosas que, na falha do tratamento conservador,
através de medidas de correção da etiologia e da oferta de oxigênio por cateter
ou máscara, requer a instituição da ventilação mecânica para seu manejo. No
entanto, apesar de sua evidente necessidade, a ventilação mecânica e a
intubação traqueal estão associadas a complicações. Entre estas estão a
aspiração de conteúdo de cavidade oral ou estômago durante a intubação;
incapacidade de falar e deglutir; lesão de vias aéreas no ponto de contato da
mucosa com o tubo, resultando em edema, ulceração, hemorragia e potencial
estenose. Além disso, a presença, tanto da cânula orotraqueal quanto da
nasotraqueal, bem como a ventilação invasiva, está associada a maior
incidência de pneumonia PARKER JC, 19932. Segundo Keith Rl 19933,
Juntamente com o barotrauma e a lesão pulmonar induzida pelo ventilador, a
pneumonia pode prolongar a necessidade de ventilação mecânica.
Em razão da grande morbidade associada à ventilação mecânica invasiva,
muitas vezes esta é instituída tardiamente, permanecendo o paciente em
insuficiência respiratória sob os riscos inerentes a trabalho respiratório
aumentado: fadiga da musculatura respiratória, aumento do consumo de
oxigênio pela musculatura respiratória em detrimento da oxigenação de outros
órgãos PINSKY MR, 19874.
Com o objetivo de evitar as complicações da ventilação mecânica invasiva,
vários estudos têm proposto a administração de um suporte ventilatório sem a
presença de cânula traqueal. Nessa modalidade, denominada ventilação não
invasiva com pressão positiva (VNIPP), o ar é administrado através de uma
máscara acoplada ao nariz (máscara nasal) ou ao nariz e à boca (máscara
facial), sendo conectada a um respirador de pressão positiva. O recente
interesse pela VNIPP na insuficiência respiratória aguda surgiu a partir dos
bons resultados obtidos no tratamento da apnéia obstrutiva do sono com a
utilização de pressão positiva contínua em vias aéreas, ofertada por máscaras
SULLIVAN CE, 19815.
Segundo Meduri GU 19966, as vantagens da VNIPP são muitas. Ao evitar a
intubação traqueal, evita as complicações a ela associadas. Proporciona maior
conforto ao paciente, mantendo sua capacidade de comunicação e deglutição.
Está associada a menor incidência de pneumonia quando comparada com a
ventilação invasiva. Além disso, permite maior flexibilidade em sua instituição e
remoção, o que a torna um método atraente no tratamento de suporte precoce
da insuficiência respiratória aguda.
De acordo com Souza 20077, a atuação do fisioterapeuta dependerá de uma
criteriosa avaliação clínica e funcional das variadas formas de evolução da
insuficiência respiratória aguda, para que durante evolução da doença, o
fisioterapeuta intensivista possa agir de maneira correta e eficaz. O principal
objetivo do fisioterapeuta intensivista é combater a hipoxemia e a acidose, por
meio de técnicas que venham minimizar os desconfortos causados pela
instalação da insuficiência respiratória pulmonar aguda.
2- INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PULMONAR AGUDA.
Segundo Souza 20077, a insuficiência respiratória aguda (IRpA) caracteriza-se
pelo déficit ventilatório ou diminuição da oxigenação pulmonar, por falta de
capacidade do sistema respiratório de manter suas funções em perfeito
equilíbrio. Uma grande variedade de patologias intra e/ou extrapulmonares
estão relacionadas a esta disfunção. Esta quebra da homeostase do sistema
também é citada por Sarmento 20058, que diz trata-se de uma situação clínica
em que o sistema respiratório perde a capacidade de manter suas funções
adequadas. E de acordo com Silveira 20009, a insuficiência respiratória aguda
(IRpA) é uma doença de grande incidência dentro da unidade de terapia
intensiva (UTI), que acomete tanto os pacientes previamente sadios quantos os
pacientes com doenças prévias, podendo ser a causa primária de
complicações finais de doenças graves. Pode instalar-se de forma brusca
colocando em risco a vida dos doentes CORDEIRO, 199510.
Segundo Pádua et al 200311, A insuficiência respiratória (IR) pode ser
classificada quanto à velocidade de instalação, em aguda e crônica. Na IRpA
insuficiência respiratória pulmonar aguda, a rápida deterioração da função
respiratória leva ao surgimento de manifestações clínicas mais intensas, e as
alterações gasométricas do equilíbrio ácido base, alcalose ou acidose
respiratória, são comuns. Quando as alterações das trocas gasosas se
instalam de maneira progressiva ao longo de meses ou anos, estaremos diante
de casos de insuficiência respiratória crônica (IRC). Nessas situações, as
manifestações clínicas podem ser mais sutis e as alterações gasométricas do
equilíbrio ácido base, ausentes. Exemplos de tal condição é a doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), avançada. Vale salientar que quadros de
insuficiência respiratória aguda (IRA) podem instalar-se tanto em indivíduos
previamente sadios como, também, sobrepor-se à insuficiência respiratória
crônica (IRC), em pacientes com processos de longa data. Nessa última
situação, o uso do termo IR crônica, agudizada é aceitável. De IRpA está
relacionada à capacidade de manter níveis adequados de oxigênio e gás
carbônico, foram estabelecidos pontos de corte na gasometria arterial para sua
caracterização.
Em
um
paciente
respirando
ar
ambiente,
definimos
gasometricamente IRpA quando a PaO2 <60 mmHg (ou SpO2<90%), associado
ou não a PaCO2 >50 mmHg (exceto para pacientes retentores crônicos de gás
carbônico).
A IRpA ocorre quando há comprometimento em um ou mais mecanismos
responsáveis pelas trocas gasosas, ou seja, quando há hipoventilação,
alteração
na
difusão
ou
na
relação
ventilação/perfusão
(V/Q).
Na
hipoventilação não há renovação do ar alveolar, que vai reduzindo suas
concentrações de oxigênio e elevando as de gás carbônico. Como o consumo
de oxigênio e a produção de gás carbônico prosseguem, o indivíduo
desenvolve
hipoxemia
e
hipercapnia.
Com
a
alteração
da
relação
ventilação/perfusão (V/Q) O desequilíbrio na relação entre ventilação e
perfusão pode ocorrer nos dois sentidos, ou seja, baixa ventilação em relação a
perfusão (baixa V/Q) ou alta ventilação em relação a perfusão (alta V/Q). Na
baixa V/Q, o sangue passa por alvéolos pouco ventilados, sofrendo oxigenação
insuficiente. Pela facilidade de difusão do gás carbônico, não há hipercapnia,
exceto em fases muito avançadas. Como mecanismo de compensação, há
vasoconstrição na circulação para os alvéolos com baixa tensão de oxigênio
(vasoconstrição hipóxica), na tentativa de desviar o sangue para capilares
cujos alvéolos estão ventilados, melhorando a V/Q. Por outro lado, quando as
áreas não ventiladas são extensas, como na síndrome do desconforto
respiratório agudo, este mecanismo de compensação pode determinar
hipertensão pulmonar e comprometimento da função ventricular direita. Na alta
V/Q, áreas alveolares ventiladas adequadamente não são perfundidas. Quando
isso ocorre em grandes extensões, funciona como hipoventilação, pois a
ventilação alveolar está sendo "perdida" para áreas onde não há trocas
gasosas. Quando a baixa V/Q ocorre em sua apresentação máxima, ou seja,
parte do sangue passa por áreas sem qualquer ventilação, mantendo sua
composição venosa, ela é denominada shunt. Ao contrário, quando a alta V/Q
ocorre em sua extensão máxima, com área sem perfusão, denomina-se espaço
morto.
3-CLASSIFICAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PULMONAR
AGUDA
De acordo com Souza 20077, a Insuficiência Respiratória Pulmonar Aguda
(IRpA), é classificada para melhor compreensão em, tipo I e tipo II. E estas são
caracterizadas pela incapacidade do sistema respiratório de manter seu estado
de homeostase, acarretando em um déficit da ventilação ou da oxigenação.
Emmerich 200012, também afirma que IRpA pode ser dividida em dois tipos, I
(hipoxêmica) e tipo II (hipercápnica). Dentre as causas da IRpA hipercápnica
está a DPOC agudizada, caracterizada por dispnéia aguda necessitando-se de
pronto-atendimento, com PaO2 menor do que 50 mmHg (com FiO2 de 0,21),
PaCO2 maior do que 50 mmHg.
A classificação da insuficiência respiratória estará diretamente relacionada com
a patologia de base acometida pelo paciente. Patologias que apresentam um
característica de déficit de oxigênio ou restritiva é classificada como IRpA tipo I,
já patologias que tendem para uma característica de déficit ventilatório ou
obstrutiva é classificada como IRpA tipo II. SOUZA, 20077.
3.1 IRpA TIPO I
Segundo Souza 20077 a insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA) do
tipo I ou hipoxêmica, é caracterizada pela presença da hipoxicemia, evoluindo
com a alteração da relação ventilação-perfusão (V/Q), ou seja, tem como
principal distúrbio a diminuição da PaO2 devido à redução da capacidade
inspiratória, sem necessariamente evoluir com o aumento da PaCO 2. Os
principais sintomas decorrentes da hipoxemia estão relacionados aos sistemas
nervoso e cardiovascular. As alterações neurológicas iniciais são alterações da
consciência e instabilidade motora, mas à medida que o quadro se agrava
ocorre depressão do sensório, coma e, por fim, depressão do centro
respiratório, com parada respiratória. Em relação ao sistema cardiovascular,
inicialmente ocorrem taquicardia e hipertensão arterial. Com o tempo,
entretanto, desenvolvem-se bradicardia, depressão miocárdica e choque.
A cianose não é um sinal precoce na hipoxemia. Ocorre por espessamento da
membrana alvéolo-capilar, criando um bloqueio à difusão passiva de oxigênio e
gás carbônico. Como há grande reserva funcional na capacidade de difusão,
esses defeitos habitualmente não determinam insuficiência respiratória
isoladamente. Além disso, a difusão é muito mais fácil para o gás carbônico do
que para o oxigênio, fazendo com que seu comprometimento contribua para
hipoxemia.
3.2. IRpA TIPO II
A insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA) tipo II, a presença da
hipercapnia e/ou déficit ventilatório provocando a diminuição da ventilação
alveolar e por sua vez causando acumulo de CO 2, pela diminuição do fluxo
expiratório, aumento do espaço morto e com uma tendência à queda da PaO 2
SOUZA, 20077. Ainda segundo o autor, a IRpA tipo II tem uma maior presença
no paciente DPOC peal característica da doença, ele cita que a PaCO 2 estará
aumentada tanto quando o paciente estiver compensado como agudizado,
porém na nesta última estará ainda mais elevada devido à cronicidade e
alteração nos valores da PaO2 e do HCO3, devido o déficit ventilatório e dos
mecanismos de compensação. O HCO3 estará aumentado na IRpA tipo II
compensada quanto na agudizada, porém nesta última não o bastante para
compensar o pH sanguíneo.
Segundo, RODRIGUES JUNIOR, M 199913 a Insuficiência Respiratória
Aguda (IRpA) Hipercápnica ou tipo II como sendo a incapacidade do sistema
respiratório de manter a ventilação do paciente, tendo o seu início paroxístico.
O autor relata ainda que, devido ao fato do gás dióxido de carbono (CO2) ser
extremamente difusível e retirado do organismo através da ventilação alveolar,
na grande maioria das situações clínicas a pressão parcial do dióxido de
carbono (PCO2) alveolar e a arterial são muito próximas. Consequentemente, a
hipoventilação alveolar encontrada na IRpA hipercápnica ocasionará uma
retenção de CO2, assim como também a diminuição do O2.
Dentre as causas da ventilação inadequadas presentes na IRpA hipercápnica
estão: as disfunções do sistema nervoso central (trauma crânio encefálico,
intoxicação exógena por barbitúricos, acidente vascular cerebral); disfunção do
sistema neuromuscular (trauma cervical, poliomielite, miastenia gravis);
disfunção da caixa torácica (escoliose, trauma torácico); disfunções das vias
aéreas intra e extratorácicas (aspiração de corpo estranho, compressão por
tumor) e problemas pleurais e fibrose RODRIGUES JUNIOR, M, 199913. De
acordo com West 199614, os mecanismos de retenção do CO2 da IRpA
hipercápnica incluem além da hipoventilação alveolar, a desigualdade da
relação ventilação/perfusão devido à doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) grave e à doença intersticial de longa duração.
4-CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PULMONAR AGUDA
Várias são as patologias que podem desencadear uma insuficiência
respiratória aguda. Como exemplo podemos citar a síndrome do desconforto
respiratório agudo (SDRA) e o edema agudo de pulmão que da origem a uma
IRpA hipoxêmica. Ao contrário das patologias que cursam para diminuição do
drive respiratório central, as doenças neuromusculares periféricas ou qualquer
condição que provoque a obstrução do fluxo aéreo expiratório. SOUZA, 20077.
De acordo com Pinheiro e Oliveira 200015, as principais causas da IRpA
hipoxêmica são: Agudização de doença pulmonar obstrutiva crônica, asma
aguda
grave,
atelectasias,
doenças
intersticiais
pulmonares,
quase
afogamento, edema pulmonar (cardiogênio ou síndrome da angústia
respiratória aguda), embolia pulmonar, pneumonia e pneumotórax. Já IRpA
hipercárpnica vai depender do local de acometimento dos diferentes
componentes do sistema respiratório responsáveis pela ventilação.
 Sistema nervoso central
Lesões estruturais do SNC (neoplasia, infarto, hemorragia, infecção), drogas
depressoras do SNC, hipotireoidismo, alcalose metabólica, apneia do sono
central, doenças da medula: trauma raque-medular, neoplasia, infecção,
infarto, hemorragia, mielite transversa, Guillain-Barré, poliomielite e esclerose
lateral amiotrófica.
Sistema nervoso periférico
Doenças causadas por neurotoxinas: tétano, botulismo, difteria, miastenia
gravis, paralisia diafragmática bilateral, síndromes paraneoplásicas (síndrome
de
Eaton-Lambert),
intoxicação
por
organofosforado,
porfiria
aguda
intermitente.
4-2Disfunção musculatura respiratória
Distúrbios
eletrolíticos:
hipofosfatemia,
hipomagnesemia,
hipocalemia,
hipocalcemia, distrofias musculares, polimiosites, hipotiroidismo, miosite
infecciosa.
 Disfunção parede torácica e pleura
Cifoescoliose, espondilite anquilosante, obesidade, tórax instável (múltiplas
fraturas de costelas), fibrotórax, toracoplastia.
 Obstrução das vias aéreas superiores
Epiglotite, edema de laringe (traumático, anafilático), aspiração de corpo
estranho, paralisia de cordas vocais bilateralmente, estenose de traquéia,
traqueomalácia, tumores nas vias aéreas superiores, apneia do sono obstrutiva
5. SUPORTE VENTILATÓRIO NÃO INVASIVO COM PRESSÃO POSITIVA
De acordo com Souza 20077, são várias modalidades utilizadas através de
pressão positiva e negativa ou associadas às duas formas de pressão, sendo
que a de pressão negativa encontra-se praticamente em desuso. As
modalidades por pressão positiva são: o CPAP, RPPI, PSV, Bi-LEVEL e VAPS.
Ainda segundo Souza 20077, a ventilação não invasiva (VNIPP), é todo suporte
ventilatório oferecido ao paciente através da utilização de máscara facial ou
nasal. A ventilação não invasiva envolvem técnicas que proporcionam o
aumento da ventilação alveolar diminuindo o trabalho respiratório promovendo
uma melhora nos volumes pulmonares, e sem a necessidade de intubação
orotraqueal atuam na prevenção e correção do colapso alveolar.
O suporte ventilatório não invasivo é um método cada vez mais utilizado em
pacientes que apresentam insuficiência respiratória aguda e crônica.
Souza 20077, cita um levantamento com 691 casos consecutivos submetidos a
ventilação não invasiva em variadas causas, em 42 UTIs francesas e mostrou
que esse método foi aplicado em 16% dos e obteve um sucesso de 61%.
Segundo Meyer TJ, Hill NS 199416, no início dos anos oitentas, começou-se a
empregar pressão positiva nas vias aéreas por meio de máscaras naso ou
orofaciais em pacientes portadores de insuficiência respiratória aguda e crônica
agudizada, tendo-se obtido êxito em evitar a intubação traqueal e em diminuir o
número de episódios de agudização de insuficiência respiratória.
O uso de pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP), através de
máscaras nasofaciais, tem-se mostrado capaz de diminuir tanto o trabalho
inspiratório quanto o expiratório, melhorando a eficiência diafragmática e
evitando a estafa muscular O’DONNELL ET AL, 198817.
Se a estafa muscular já estiver instalada, há indicação de intubação traqueal e
ventilação mecânica invasiva. Nos pacientes com insuficiência respiratória
aguda (IRpA), a elevação progressiva da pressão arterial de CO2 (PaCO2)
ainda é, dentre os exames laboratoriais, o mais prático indicativo de insucesso
das medidas não agressivas de suporte ventilatório.
6. ANÁLISE DA VNIPP vs IRpA
Com o objetivo de proporcionar mais segurança e facilitar a eleição de qual
protocolo ou técnica a ser utilizada, diminuindo assim os riscos de insucesso na
abordagem terapêutica escolhida. Todavia, a abordagem para classificar o
nível de evidência dos estudos para decisões sobre o tratamento é hierárquica
e está amparada pela sua metodologia. Os níveis de evidência científica que
guiam os graus de recomendação de um determinado tratamento ou
procedimento: quanto maior o nível, mais forte a ideia de que pode ser adotado
com segurança e benefício do paciente. O grau de recomendação está
distribuído de A a D, em um modelo hierárquico, onde A possui o maior
valor.
A: Estudos
experimentais
ou
observacionais
de
maior
consistência
(metanálises ou ensaios clínicos randomizados).
B: Estudos experimentais ou observacionais de menos consistência (outros
ensaios clínicos não randomizados ou estudos observacionais ou estudos
caso-controle).
C: Relatos ou séries de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos
fisiológicos ou modelos animais.
A utilização do grau de recomendação associado à citação bibliográfica no
texto tem como objetivos principais: conferir transparência à procedência das
informações, estimular a busca de evidência científica de maior força, introduzir
uma forma didática e simples de auxiliar a avaliação crítica do leitor, que arca
com a responsabilidade da decisão frente ao paciente que orienta.
Segundo o III Consenso Brasileiro De Ventilação Mecânica 200618, a
utilização da ventilação não invasiva por pressão positiva (VNIPP) em
pacientes acometidos pela insuficiência respiratória pulmonar aguda, esta
classificada no grau de recomendação B, ou seja, na escala hierárquica dos
níveis de evidências esta localiza-se no segundo nível.
O uso da ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) para o
tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica
agudizada foi, certamente, um dos maiores avanços da ventilação mecânica
nas últimas duas décadas. Apesar de o seu uso ser relativamente recente, o
grande número de séries de casos, ensaios clínicos randomizados, metaanálises ou revisões sistemáticas, assim como conferências de consenso e
diretrizes publicadas até o presente momento, tornaram a aplicação dessa
técnica mais “baseada em evidências” do que provavelmente qualquer outra
medida de suporte ventilatório. Hoje não há dúvidas de que o uso da VNIPP
em grupos selecionados de pacientes, como, por exemplo, pacientes com
exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), é responsável
pela diminuição da necessidade de intubação, mortalidade e custos do
tratamento, motivo pelo qual o seu uso vem se tornando cada vez mais
frequente III CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECANICA, 2006 18.
Uso da VNIPP de acordo com III consenso brasileiro de ventilação mecânica
(2006) tem grau de recomendação B, e deve ser o tratamento de primeira
escolha em pacientes com insuficiência respiratória pulmonar aguda, em
especial naqueles com exacerbação grave que se caracteriza pela presença de
acidose respiratória com pH acima de 7.35 que mesmo submetida à
oxigênioterapia associada tratamento médico continua persistente. O uso de
VNIPP diminui a necessidade de intubação e reduz a mortalidade hospitalar
desses pacientes. Por esses motivos, essa intervenção deve estar disponível
nos hospitais que atendam pacientes com exacerbação de DPOC.
A ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) segundo Carvalho at.
al 200419 é um tipo de ventilação onde a força motriz do sistema respiratório
pode ser aplicada na região externa do tórax, colocando-se uma pressão
negativa, ou nas VA’s, através da aplicação de uma pressão positiva. Os
ventiladores de pressão positiva assistem à ventilação pela liberação
pressurizada de gás para as vias aéreas aumentando a pressão transpulmonar
e inflando os pulmões. A exalação ocorre pelo recolhimento elástico pulmonar
e alguma força ativa dos músculos expiratórios MEHTA & HILL, 200120.
A ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) consiste em uma
técnica de ventilação onde é usada uma máscara (nasal ou facial), uma
câmara aérea cefálica, ou dispositivo semelhante, como interface entre
paciente e o ventilador, a fim de substituir as próteses endotraqueais, que são
os tubos nasotraqueal e orotraqueal, ou a cânula de traqueostomia BARBAS et
al., 200321.
Duarte at al 200022 completa dizendo que a VNIPP integra a abordagem
terapêutica inicial em pacientes com IRpA, que apresentem iminência de
falência respiratória ou sinais de grande desconforto respiratório.
A ventilação mecânica é utilizada na IRpA a fim de manter as trocas gasosas
pulmonares, reduzir o trabalho respiratório, manter os volumes pulmonares e
diminuir a dispnéia. Com o aparecimento de complicações respiratórias pelo
tempo prolongado de IOT surgiu a VNIPP para ofertar um suporte ventilatório a
pacientes com IRA sem os riscos para complicações da VM. Vários trabalhos
foram surgindo relatando a eficácia da VNIPP em evitar a IOT, diminuir as
complicações devido à VM e o tempo de permanência na UTI, BARBAS et al.,
200321.
A aplicação da VNIPP é feita preferencialmente em pacientes com IRpA ou
crônica agudizada de várias etiologias, como: pneumonia, edema pulmonar
cardiogênico, DPOC agudizada, e asma brônquica. Pesquisas recentes
também têm mostrado os efeitos benéficos da VNIPP em pacientes com DPOC
agudizada. A VNIPP deve ser aplicada no estágio inicial da descompensação
respiratória, quando ainda há tempo de uma evolução clínica satisfatória,
EMMERICH, 200012.
Os fisioterapeutas estão envolvidos na aplicação da VNIPP desde a epidemia
de poliomielite na década de 1950. De meados até o final de 1980 os efeitos
benéficos potenciais da VNIPP começaram a ser explorados no manejo da IRA
crônica. Desde então, os fisioterapeutas estão envolvidos com sua aplicação e
pesquisas em diversas situações clínicas. Estes profissionais atuam na
aplicação da VNIPP como membros-chave e em diferentes níveis como:
avaliação do paciente; início da terapia, com a escolha do aparelho e
adaptação do paciente à máscara e à máquina; planejamento de um programa
de reabilitação em paralelo; plano de alta; e acompanhamento pós internação.
O uso da VNIPP deve ser visto como uma adição às técnicas de fisioterapia
respiratória fazendo parte de um programa de reabilitação global, ajudando a
aumentar a tolerância dos pacientes a outros procedimentos fisioterapêuticos,
PIPER at al., 200223.
7. CONCLUSÃO
Em relação aos autores pesquisados neste consolidado, fica claro a eficiência
da ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) nos pacientes com
insuficiência respiratória pulmonar aguda (IRpA) como atendimento inicial
visando a reversão do quadro agudo e a não necessidade de procedimento
ventilatório invasivo.
O III consenso de ventilação mecânica (200618), aponta a VNIPP como
procedimento para o tratamento da IRpA com o nível de evidência B.
Apesar de comprovada o sucesso de sua utilização, é necessário a
monitorização contínua do paciente, visando estabelecer maior segurança e
aplicabilidade do mesmo.
Sendo assim, a VNIPP é considerada uma técnica terapêutica eficaz e segura
durante o manejo de pacientes críticos.
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