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Interbio v.9 n.2, Jul-Dez, 2015 - ISSN 1981-3775
INTERFERÊNCIA DO SISTEMA GABAÉRGICO SOBRE OS EFEITOS
ANSIOLÍTICO E EXCITATÓRIO DO ETANOL EM CAMUNDONGOS
THE INTERFERENCE OF THE GABAERGIC SYSTEM ON THE ANSIOLITIC AND
EXCITATORY EFFECTS OF THE ETHANOL IN MICE
NASCIMENTO, Francielly Silva 1, OLIVEIRA, Ângela Midori Kuraoka2, SILVEIRA, Ana
Paula Stefanello da 2, BALARDIN, Nanci Nishiyama 2, VILLAS-BOAS, Gustavo Roberto 2
Resumo
A dependência à droga se devem às propriedades reforçadoras das drogas de abuso. Os reforços positivos do
etanol devem-se ao seu efeito estimulante, já o negativo pode ser consequente da isenção da síndrome de
abstinência alcoólica. Pesquisas mostram a relação da co-morbidade entre o abuso do álcool e transtornos de
ansiedade e utilizam o modelo de Pellow e demonstrando diferenças na resposta ansiolítica em ratos. A
necessidade pelo álcool e a falta de controle estariam sendo influenciadas pela sensibilização comportamental.
De acordo com a teoria de sensibilização, a exposição continuada a uma droga aumentaria a motivação e a
importância dos estímulos causados por ela, levando a compulsão e consumo. O objetivo deste trabalho foi
estudar a interferência do sistema gabaérgico sobre os efeitos reforçadores do etanol, efeito estimulante e efeito
ansiolítico, e a relação entre estas propriedades reforçadoras do etanol em modelos animais que avaliam
atividade locomotora e resposta de medo ou ansiedade em camundongos. Foram administradas doses de
50mg/kg e 100 mg/kg de gabapentina e 0.2 g/kg etanol 10%aos camundongos swiss e realizados os estudos
comportamentais de Labirinto em cruz elevado e Campo aberto para verificação da eficácia da gabapentina. Os
resultados demonstraram que gabapentina interferiu nos efeitos ansiolíticos do etanol, não sendo indicada para
tratamento agudo de abstinência alcoólica. Porém, pode-se sugerir, corroborando com estudos anteriores, o
possível uso da gabapentina como coadjuvante no tratamento.
Palavras-chave: abstinência, camundongos, comportamento, etanol, gabapentina.
Abstract
The dependence for drug are due to the reinforcement properties of drugs of abuse. The positive reinforce of the
ethanol are produced to its stimulant effect, the negative reinforce can be consequence of the isention of alcohol
withdraw syndrome. Researches show that alcohol abuse is in comorbidity to anxiety disorders, and make use of
de Pellow’s model and demonstrate difference in ansiolitic response of mice. The alcohol necessity and loss of
control are being influenciated by the behavioral sensibilization. According to sensibilization’s theory, a
continued drug exposition might increase motivation and the importance of the stimulus caused, inducing
compulsion and consumption. The main objective of this project was study the interference of the gabaergic
system on the reinforcing effects of the ethanol, excitatory and ansiolitic, and the relation between these
properties of ethanol in animal models which analyze locomotor activity and ansiolitic response in mice. Doses
of 50mg/kg and 100 mg/kg gabapentin and 0.2g/kg ethanol 10% were administrated to swiss mice and
performed behavioral studies of elevated plus maze and open field for checking the effectiveness of gabapentin.
A detailed statistical analysis showed that gabapentin interfere with the anxiolytic effects of ethanol, and it’s not
suitable for acute treatment of alcohol withdrawal. However, it is suggested, confirming previous studies, the
possible use of gabapentin as adjunctive treatment.
Keywords: behavior, ethanol. Gabapentin, mice, withdraw
1
Sem vinculo institucional.
Faculdade de Ciências da Saúde, Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados – MS, Brasil. E-mail:
[email protected]
NASCIMENTO, Francielly Silva, OLIVEIRA, Ângela Midori Kuraoka, SILVEIRA, Ana Paula Stefanello da,
BALARDIN, Nanci Nishiyama, VILLAS-BOAS, Gustavo Roberto
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Introdução
As propriedades reforçadoras das
drogas de abuso parecem ser as principais
responsáveis pelo comportamento de procura à droga e consequentemente pela dependência. O etanol apresenta propriedades
reforçadoras positivas e negativas. As primeiras são produzidas por doses baixas a
moderadas de álcool e podem ser resultantes
do seu efeito estimulante (WISE; BOUZARTH, 1987). O reforço negativo pode ser
produzido pela remoção de um evento desagradável (i.e. ansiedade ou estresse) ou por
evitar a síndrome de abstinência ao álcool
(CONGER, 1951; ECKARDT et al., 1998).
Estudos clínicos tem indicado um
alto grau de comorbidade entre abuso de
álcool e certos transtornos de ansiedade
(KUSHNER et al., 1990). A ocorrência do
consumo excessivo de álcool em pacientes
ansiosos,
provavelmente
devido
à
propriedade ansiolítica do etanol, tem
levado à hipótese de que a ansiedade pode
constituir um fator crítico na etiologia do
alcoolismo. No entanto, outros estudos são
contra esta hipótese (HIJZEN et al., 1995).
Desde que a Teoria Redutora da Tensão de
Conger (CONGER, 1951) foi proposta, uma
grande variedade de modelos foi estudada
para testar as propriedades ansiolíticas do
etanol. Um dos modelos de ansiedade mais
utilizados em animais tem sido o labirinto
em cruz elevado proposto inicialmente por
Pellow e colaboradores (1995) e que foi
validado farmacológica e etologicamente.
Este modelo demonstra diferenças na
resposta ansiolítica do etanol em ratos
selecionados geneticamente (RAMOS et al.,
1997) e também em ratos Wistar (BLATT;
TAKAHASHI, 1999). Outros dados usando
populações heterogêneas de ratos Wistar
demonstraram que altos níveis basais de
ansiedade experimental seriam preditivos de
alto consumo de etanol por autoadministração (SPANAGEL et al., 1995),
enquanto resultados contraditórios tem sido
descritos para ratos selecionados para
preferência pelo etanol (STEWART et al.,
1993).
A exposição crônica ao etanol pode
intensificar suas propriedades reforçadoras.
A perda do controle e a fissura poderiam
estar sendo influenciadas pela presença da
sensibilização comportamental, ou seja,
após a administração repetida do álcool
tanto as respostas comportamentais como as
neuroquímicas
são
progressivamente
aumentadas. Atualmente, segundo a teoria
da sensibilização, tem sido proposto um
papel central da sensibilização no processo
que desencadeia a dependência, sugerindo
que a exposição repetida a uma droga
aumentaria
“a
sua
característica
motivacional” e a importância dos estímulos
associados a ela. Este processo levaria ao
desejo (fissura ou craving) pela droga
promovendo a sua procura compulsiva e o
seu consumo (KOOB; BLOOM, 1988;
ROBINSON; BERRIDGE, 1993). A
sensibilização induzida por drogas de abuso
é caracterizada por um aumento na
transmissão neural em regiões especificas
do cérebro e pode ser avaliada através dos
efeitos dessas substâncias sobre a atividade
locomotora e, também, outras medidas
comportamentais de reforço, como a autoadministração, a preferência condicionada
de lugar e a auto-estimulação intracraniana
(KOTLINSKA et al., 2007).
A
sensibilização é persistente, podendo
perdurar por vários meses após a
administração, o que se assemelharia a
sensibilidade para as drogas observadas em
humanos adictos (SALOMON et al., 2006).
Em roedores, a atividade locomotora
tem sido frequentemente utilizada para
estudar sensibilização comportamental.
Além disto, o etanol estimula a atividade
locomotora e que a sensibilização é
desenvolvida
em
várias
linhagens
selecionadas de camundongos (e.g. FAST,
SS, DBA/2J) (ROBINSON; BERRIDGE,
2000).
A demonstração de tolerância ao efeito ansiolítico do etanol pode indicar uma
importante implicação deste efeito para o
abuso de álcool. A tolerância a este efeito do
etanol pode desencadear o aumento do consumo na tentativa de restabelecer a sua pro-
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priedade ansiolítica; entretanto, poucas evidências experimentais existem neste sentido
(KOOB et al., 1987). Quando o etanol é
administrado de maneira crônica em camundongos Swiss, o etanol causa ambos os
efeitos reforçadores, o estimulante e o ansiolítico, porém, não se instalaram concomitantemente. Além disto, os animais desenvolveram sensibilização ao efeito estimulante da
locomoção e da atividade exploratória e não
desenvolveram tolerância ao efeito ansiolítico (BOERNGEN-LACERDA; SOUZAFORMINGONI, 2000).
Embora
haja
indícios
do
envolvimento dos sistemas dopaminérgicos
centrais sobre o efeito estimulante agudo e
sobre o desenvolvimento da sensibilização a
várias drogas de abuso (STEWART;
BADIANI, 1993); existem poucos estudos
sobre os mecanismos neurais envolvidos na
sensibilização aos efeitos estimulantes do
etanol. Isto pode ser explicado, em parte,
pela grande variação nas respostas
comportamentais dependentes da dose,
espécie
ou
linhagem.
Estudos
farmacológicos recentes (RISINGER et al.,
1992) sugerem que os mecanismos neurais
envolvidos nos seus efeitos estimulantes
agudos
diferem
daqueles
crônicos
envolvidos na sensibilização e na aquisição
da preferência condicionada de lugar.
Broadbent et al., (1995), relataram que o
haloperidol impediu a estimulação da
atividade locomotora causada pelo etanol
agudamente, mas não bloqueou o
desenvolvimento
da
sensibilização,
sugerindo uma dissociação dos mecanismos
neurais envolvidos.
A sensibilização provocada pelo
etanol está associada à neuroadaptações que
envolvem direta ou indiretamente as vias
dopaminérgicas mesolímbicas, e tem papel
importante
no
desenvolvimento
do
comportamento compulsivo de procura pela
droga, pelo “craving” e possivelmente até
pela recaída (WEISS, 2000). Mudanças
neuroadaptativas
semelhantes
àquelas
observadas com a dopamina têm sido
observadas também no sistema gabaérgico
após a exposição crônica ao etanol. A
sensibilização comportamental à várias
drogas de abuso têm demonstrado alterar a
densidade dos espinhos dendríticos e a sua
morfologia dos neurônios do nucleus
accumbens, um efeito observado em todas
as classes de drogas (NONA et al., 2015).
Um mecanismo proposto pelo qual
o
sistema
gabaérgico
inibe
a
neurotransmissão
dopaminérgica
pode
envolver a estimulação dos receptores
GABAB localizados no corpo celular dos
neurônios de dopamina na Área Tegmental
Ventral (ATV) que se projetam para o
núcleus accumbens (LIANG et al., 2000).
Essa interação neuroquímica corrobora com
a ideia de que os agonistas do receptor
GABAB poderiam ter potencial terapêutico
contra a dependência, reduzindo a atividade
do sistema dopaminérgico mesolímbico
(VILLAS-BOAS
et
al.,
2012)
e,
consequentemente, reduzindo o craving e o
reforço positivo proporcionado pela droga.
A gabapentina integra a nova
geração de drogas anticonvulsivantes, foi
sintetizada como um análogo de GABA.
Também tem sido usada em desordens
ansiosas, doenças afetivas e síndromes
dolorosas crônicas. A gabapentina pode,
ainda, melhorar os sintomas de Síndrome de
Abstinência
Alcoólica
(SAA)
e
dependência, ser semelhante ao fenobarbital
e igual, ou melhor, que o benzodiazepínico
lorazepam na redução dos sintomas de SAA,
fissura e uso de álcool em curto prazo de
abstinência. O benefício da gabapentina é a
não metabolização no fígado, não se liga a
proteínas plasmáticas e não induz enzimas
hepáticas. Além disso, grande parte é
eliminada na sua forma não modificada
pelos rins, e não apresenta interações
significativas com outras classes principais
de drogas metabolizadas no fígado. Seu
mecanismo de ação é ainda é incerto, ela
pode promover a liberação não-vesicular de
GABA
por
mecanismos
pouco
compreendidos. Há evidências de que a
gabapentina
inibe
a
liberação
de
noradrenalina evocada pelo potássio através
da ativação de canais de potássio ATPase,
que estão provavelmente localizados nas
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terminações
noradrenérgicas
e
glutamatérgicas. Postula-se que também
exerça ação inibitória sobre o sistema
glutamatérgico (TAYLOR et al., 1998).
Outros estudos mostram que a Gabapentina
é bem tolerada juntamente com o etanol,
indicando boa resposta no tratamento da
SAA.
Estudos realizados corroboram com
dados encontrados na literatura em relação a
eficácia da gabapentina em reverter o
quadro de insônia de pacientes alcoolistas
pesados (ingestão de mais de 17 doses de
álcool diárias) e por ser uma droga bem
tolerada (BROWER et al., 2003). Sugere-se
que a gabapentina é eficaz na proteção da
hiperexcitabilidade, bem como no controle
da ansiedade e crises convulsivas
relacionadas à Síndrome de Abstinência
Alcoólica em doses que não causam ataxia
ou efeitos sedativos (WATSON; LITTLE,
1997). Roberto et al (2008) estudou a
habilidade da gabapentina na modulação da
transmissão de GABA na Amígdala Central,
uma região do cérebro conhecida por ser
responsável pela modulação da emoção e
uso de drogas (KOOB, 2009).
Os efeitos da gabapentinatambém
foram
demonstrados
em
alterações
comportamentais relacionadas ao etanol
usando modelos de animais. Este estudo
consistiu na sensibilização de ratos pelo
etanol que, sem a adição, demonstraram
uma transmissão GABAérgica normal,
através da mensuração da amplitude dos
Potenciais Pós Sinápticos Inibitórios (PPSIs)
na Amígdala Central (AC). Isto se reflete em
níveis normais de ansiedade e uso moderado
de álcool. Em ratos não adictos, a
gabapentina aumenta a transmissão de
GABA, mesmo que isso não seja um efeito
significante no comportamento. Em
contraste, ratos expostos continuamente ao
etanol (adictos) aumentaram os níveispadrão de transmissão de GABA, mostrando
níveis maiores de ansiedade, e consumo
maior de etanol durante a abstinência aguda.
Significantemente, o uso da gabapentina em
etanol-dependentes normaliza transmissão
de GABA (reduzindo PPSIs a níveis
similares aos de ratos não dependentes),
reduz o estado crítico de ansiedade e o
consumo de etanol durante a abstinência
(ROBERTO et al., 2008).
Dados
bioquímicos,
eletrofisiológicos
e
comportamentais
sugerem que o receptor GABAA é um
importante alvo para as ações in vivo do
etanol. Quando o etanol interage com o
receptor GABAérgico, ele facilita a inibição
gabaérgica. O resultado é um maior efeito
inibitório
no
cérebro,
ocasionando
relaxamento e sedação do organismo
(CAMPOS, 2003).
Quando o consumo de etanol se
torna crônico, é produzida tanto a
dependência quanto a tolerância a esses
efeitos, as quais podem ser relacionadas a
uma diminuição da atividade dos receptores
GABA (SANNA et al.,1993). Sugere-se que
na síndrome de abstinência provocada pela
retirada abrupta do etanol, sintomas como
ansiedade possam ser mediados em parte
pela redução da função dos receptores
GABAA no cérebro, caracterizada pela
hiperexcitabilidade do SNC instalada na
abstinência (DEVAUD et al., 1997).
Com base nesses dados, e vários
outros, encontrados na literatura, sobre o
envolvimento do sistema gabaérgico com o
consumo de etanol e, devido à
sensibilização possuir um papel central no
processo que desencadeia a dependência,
sugerindo que a exposição repetida a uma
droga aumentaria “a sua característica
motivacional” e a importância dos estímulos
associados a ela, sendo que este processo
levaria ao desejo (fissura) pela droga
promovendo a sua procura compulsiva e o
seu consumo (KOOB; BLOOM, 1988;
ROBINSON; BERRIDGE, 1993), torna-se
evidente a pesquisa envolvendo a
modulação do sistema de GABA durante o
processo
de
desenvolvimento
de
sensibilização.
O objetivo deste estudo foi avaliar
a interferência do sistema gabaérgico sobre
os efeitos reforçadores do etanol, a citar,
efeito estimulante e efeito ansiolítico e
estudar a relação entre estas propriedades
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reforçadoras do etanol (efeito estimulante e
ansiolítico) em modelos animais que
avaliam atividade locomotora e resposta de
medo ou “ansiedade” em camundongos.
Material e método
Animais
Foram utilizados 60 camundongos
machos Swiss adultos (20-30g; 45 dias de
idade ao início do experimento) e experimentalmente ingênuos, alojados (10 animais
por gaiola) em gaiolas-viveiro de plástico
(50 x 30 x 15 cm) com tampas de metal galvanizado. Os animais foram mantidos no
Biotério da Faculdade União das Américas,
com temperatura ambiente de 23  2 C, sob
um ciclo claro/escuro de 12hs e em condições ad libitum de alimento e água. Foram
utilizados 10 animais por tratamento.
Drogas
As drogas utilizadas foram etanola
10% na dose de 2 g kg ¹, e gabapentina 300
mg na das doses de
mg g ¹ e 100 mg
g ¹ (doses baseadas na literatura). As drogas foram diluídas em solução salina e administradas por via intraperitoneal (i.p.).
Estudos comportamentais
O Labirinto em cruz elevado é um
aparato construído em madeira e pintado
com tinta óleo cor cinza. O aparelho,
elevado do piso 50 cm, consiste em dois
braços abertos e opostos, medindo 20 X 5
cm cada, e cruzados perpendicularmente por
outros dois braços do mesmo tamanho,
porém fechados nas suas três faces externas
com paredes de 40 cm de altura. O centro da
cruz corresponde a uma área quadrada de 25
cm² delimitada pelos quatro braços. A
iluminação é feita por uma lâmpada
vermelha de 40 watts, colocada a 120 cm
acima do labirinto.
O Campo aberto é Construído em
madeira (piso) e aço escovado (paredes)
constitui uma arena circular (50 cm de
diâmetro) com o assoalho pintado de
branco, subdividido com linhas pretas
traçadas
através
de
dois
círculos
concêntricos e várias linhas radiais
formando figuras semelhantes a trapézios
com aproximadamente 100 cm² de área
cada. A arena é circundada por uma parede
de aço escovado de 50 cm de altura. A 1m
acima do assoalho há quatro lâmpadas de
100 watts cada.
Para realização do teste do
Labirinto em cruz elevado, no momento do
teste, cada camundongo foi colocado na área
central do aparelho, e observado durante 3
minutos. Foram registrados o número de
entradas e o tempo de permanência em cada
braço. Considera-se uma entrada quando há
a invasão de um dos braços pelas quatro
patas do camundongo. As medidas utilizadas
para a análise do comportamento de medo
foram: número de entradas nos braços
abertos (EA); número de entradas nos
braços fechados (EF); total de entradas
(TO=EA+EF); porcentagem de entradas nos
braços abertos (%EA=EA/TO); tempo de
permanência nos braços abertos (TA); tempo
de permanência nos braços fechados (TF);
porcentagem de tempo nos braços abertos
(%TA=TA/TA+TF); tempo de permanência
na área central (TM= 180-(TA+TF)); tempo
de latência no centro antes de escolher um
dos braços (LAT). Destas medidas, TA,
%TA e %EA com valores altos ou TM e TF
com valores baixos são interpretados como
nível baixo de medo ou “ansiedade”.
Para o teste de Campo aberto, cada
animal foi colocado no centro da arena e o
seu comportamento quantificado durante 3
minutos. Os parâmetros registrados foram os
seguintes: número de “áreas” invadidas na
região central (ambulação central – AMB
centro) e na periferia (ambulação na
periferia – AMB periferia) ; número de
vezes que o animal se apoiou nas patas
traseiras assumindo posição vertical
(elevação ou “rearing-up”- ELE); tempo no
qual o animal permaneceu parado sem
realizar qualquer outro comportamento
(imobilidade ou “freezing”- PAR); tempo
que o animal realiza auto-limpeza (AL);
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número de bolos fecais (defecação - D);
tempo de latência para o animal abandonar o
centro da arena (TLC). Considera-se que o
animal apresenta muito medo ou nível alto
de reação de “emocionalidade” quando as
medidas PAR, D e TLC têm valores altos,
ou AMB e ELE baixos.
Avaliação do efeito da gabapentina
Inicialmente os animais foram
submetidos a um procedimento de ambientação, sendo que receberam apenas água e
alimentação ad libitum por 15 dias sem passar por nenhum tipo de experimentação.
Logo após o término do processo de ambientação os animais foram submetidos a um
teste basal (sem receber tratamento algum)
para detecção de níveis basais de ansiedade
e locomoção. Sete dias após o procedimento
de avaliação basal, os animais passaram por
um teste agudo, onde receberam o tratamento prévio com as drogas e posteriormente
foram submetidos aos testes comportamentais. Os camundongos foram distribuídos
randomicamente para tratamento i.p diário
com salina (S), etanol (2 g g ¹) (E), gabapentina numa dose menor (50 mg g ¹) em
associação com salina (G1 + S), gabapentina
numa dose maior(100 mg g ¹) em associação com salina (G2 + S) ou a associação do
etanol com a gabapentina em ambas as doses, 50 mg g ¹ e 100 mg g ¹ (G1+E e
G2+E, respectivamente). Após o teste agudo, os animais foram avaliados quanto a
atividade locomotora e exploratória e sobre
reações de medo (Testes comportamentais)
no sétimo, décimo quarto e vigésimo primeiro dia de tratamento. Durante o tratamento, os animais foram injetados i.p. diariamente as 11h 30 min, sempre no mesmo
horário. Para os grupos (G1+E) e (G2+E),
agabapentina foi administrada 20 minutos
antes do etanol. Após 10 minutos da segunda injeção (para todos os grupos), os animais foram expostos aos testes. Ao término
do estudo, os animais foram sacrificados em
câmara de gás carbônico.
Análises estatísticas
Todas as medidas obtidas nos procedimentos experimentais foram testadas
quanto à homogeneidade da variância e
normalidade da distribuição, obedecendo
aos critérios para utilização de testes paramétricos. Como as variáveis apresentaram
distribuição normal e variância homogênea,
os dados foram analisados através de análises de variância (ANOVA) de uma ou duas
vias, conforme a situação envolvida. Em
seguida, as comparações entre os grupos ou
entre os tratamentos foram feitas através do
teste de Newman Keuls. O nível de significância a ser considerado foi 5% ou p<0,05.
Resultados e discussão
Uma
análise
de
variância
(ANOVA) de 2 vias realizada para a
porcentagem de permanência dos animais
no braço aberto do labirinto em cruz elevado
(LCE) (%TA) revelou que a coadministração de gabapentina com etanol,
em ambas as doses 50 mg g ¹ e 100 mg g ¹
(G1+E;
G2+E,
respectivamente),
agudamente não interferiu com efeitos
ansiolíticos do etanol, pois, quando
comparado com o grupo etanol, ambos os
grupos, (G1+E) e (G2+E), não diferiram
suas médias significativamente (F (15, 156)
= 1.17, p = 0,72; F (15, 156) = 1.17, p =
0,61, respectivamente), e resultados
semelhantes foram expressos para a menor e
maior dose de gabapentinaco-administrada
com
salina
(G1+S)
e
(G2+S),
respectivamente, (dados não mostrados)
(Figura 1).
A mesma análise realizada para o
teste do 7º dia, para o parâmetro %TA,
demonstrou que após 7 dias de aplicação de
(G1+S)
e
(G2+S)
diminuíram
significativamente a porcentagem de tempo
em que os animais permaneciam no braço
aberto do LCE (%TA) (FG1+S (15, 156) =
1.17, p <0.05; FG2+S (15, 156) = 1.17, p <
0.05) quando comparados com o grupo
etanol na ocasião do teste agudo e, da
mesma forma, a aplicação simultânea de
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G1+E (FG1+E (15, 156) = 1.17, p < 0.05;
diminuiu de forma significativa a %TA dos
animais quando comparados com o grupo
etanol na ocasião aguda
(Figura 1),
sugerindo, portanto, que após 7 dias de
administração de gabapentina tanto na
menor dose, 50 mg g ¹, quanto na maior
100 mg g ¹, diminuíram o efeito ansiolítico
do etanol e gabapentina na menor dose coadministrada com etanol (G1+E) reverteu o
efeito ansiolítico do etanol.
No teste do 21º dia, apenas as
aplicações de G1+S e G2+S mantiveram
uma diminuição significativa de %TA no
LCE dos camundongos (FG1+S (15, 156) =
1.24, p = 0.02; FG2+S (15, 156) = 3.77, p =
0.001) (Figura 1), sugerindo que
cronicamente a co-administração de G1+E e
G2+E não interferem com o efeito
ansiolítico do etanol.
Figura 1 - Porcentagem de tempo no braço aberto do Labirinto em Cruz Elevado (LCE) nas diferentes ocasiões.
As barras representam a média ± erro padrão da %TA no LCE. Os símbolos representam diferenças
significativas sendo: G1+S 7D – difere do grupo gabapentina menor dose no 7º dia de tratamento; G1+S 21D –
difere do grupo gabapentina menor dose no 21º dia de tratamento; G2+S 7D – difere do grupo gabapentina maior
dose no 7º dia de tratamento; G2+S 21D – difere do grupo gabapentina maior dose no 21º dia de tratamento;
G1+E 7D – difere do grupo gabapentina menor dose co-administrada com etanol no 7º dia de tratamento
(ANOVA para medidas multivariadas, p < 0.05).
Discussão
O mecanismo de ação da
gabapentina não está muito bem elucidado,
mas parece aumentar a liberação não
vesiculosa de GABA nas sinapses
gabaérgicas, modulando da atividade
neuronal dopaminérgica na Área Tegmental
Ventral. A ativação global dos receptores de
GABA diminuiria a liberação de dopamina
(DA) no núcleus accumbens (NAcc)
impedindo
o
desenvolvimento
da
sensibilização ao efeito estimulante do
etanol, porém sem interferir no seu efeito
ansiolítico.
O presente trabalho demonstrou
que
a
gabapentina
administrada
cronicamente (21 dias) não interfere no
efeito ansiolítico do etanol, ao contrário
mostrou-se coadjuvante para tal efeito.
Pesquisas em busca de tratamento
para o alcoolismo têm focado nas drogas
anticonvulsivantes, pois estudos pré-clínicos
demonstram a eficácia destes medicamentos
na redução de sintomas que compõem a
síndrome de abstinência alcoólica. Em
estudos com animais, crises convulsivas
foram notadas nas primeiras 36 horas após a
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retirada de etanol. Logo, o uso potencial dos
anticonvulsivantes se justifica devido à
correção dessas alterações neuroadaptativas
dos sistemas gabaérgico e glutamatérgico,
quer seja aumentando ou diminuindo
atividades inibitória e/ou excitatória dos
mesmos (LARANJEIRA et al., 2000).
Watson e Little (1997) relatou que
a gabapentina age seletivamente no
decréscimo dos sintomas ansiosos e
convulsivos na síndrome de abstinência
alcoólica. O estudo consistiu na avaliação
comportamental dos camundongos expostos
cronicamente ao etanol e tratados com
gabapentina nas doses 50, 100 e 200 mg g
¹. Nas doses 50 e 100 mg g ¹ houve
diminuição dos sinais de ansiedade, contudo
a dose maior não demonstrou nenhum efeito
na atividade de coordenação motora e
espontânea nos animais controle. Esses
dados contrariam os resultados da presente
pesquisa, onde a dose de 50 mg/kg, após 7
dias de injeção, diminui o efeito ansiolítico
do etanol, aumentando a ansiedade dos
animais, demonstrado pela diminuição
significativa dos animais do grupo G1+E na
porcentagem de tempo em que permaneciam
no braço aberto do LCE. Os dados
encontrados
em
pesquisas
recentes
demonstram os resultados da gabapentina
apenas
cronicamente.
Nos
nossos
experimentos, os animais foram avaliados
de
formal
basal,
agudamente,
subcronicamente e cronicamente.
Um estudo realizado por Roberto et
al. (2008) demonstrou que a gabapentina
reverte o aumento da ansiedade induzida
pelo etanol baseando-se no número de
entradas nos braços abertos do LCE, ou seja
os animais do grupo etanol que foram
tratados com gabapentina permaneceram por
mais tempo nos braços abertos, todavia, os
animais restritos ao etanol que receberam
gabapentina não mostraram diferença no
percentual de entradas.
Estudos prévios demonstraram que
a gabapentina é eficaz no decréscimo dos
aspectos convulsivos e ansiosos da síndrome
de abstinência alcoólica in vivo depois de
um tratamento crônico (WATSON; LITTLE,
1997). O sítio de ligação da gabapentina é
incerto, mas um discreto sítio de ligação foi
notado no SNC, que não corresponde a
qualquer outro sítio de ligação estabelecido.
Gee et al.(1996) sugerem que este sítio é
idêntico a subunidade α2γ do canal de
cálcio, sendo então a gabapentina o primeiro
agente farmacológico descrito a interagir
com a subunidade α2γ de canais de cálcio de
voltagem
dependente.
Neste
estudo
concluiu-se
também,
pelas
fatias
hipocampais dos camundongos que a
gabapentina diminui significantemente os
sinais de hiperexcitabilidade presentes na
abstinência.
Os resultados apresentados na
presente pesquisa demonstraram que a
gabapentina
interferiu
nos
efeitos
ansiolíticos do etanol, sendo desfavorável a
sua utilização em episódios agudos da
síndrome de abstinência ou para ser
utilizada como terapêutica farmacológica
principal em usuários dependentes de álcool.
Todavia, estudiosos sugerem que a coadministração da gabapentina é positiva no
tratamento. Segundo Anton et al.(2011) a
adição de gabapentina ao tratamento com
naltrexona aumenta o espaço de tempo entre
uma ingestão pesada de álcool e outra, e
diminui a sua ingestão comparado ao
tratamento restrito a naltrexona ou com
placebo, sugerindo que utilizada de forma
associada a outra medicação, a gabapentina
pode ser eficaz em diminuir o consumo
pesado de álcool em pacientes alcoolistas.
Um estudo recente relatou a
ineficiência da gabapentina administrada
agudamente, onde voluntários considerados
bebedores pesados foram tratados 4 horas
antes da ingestão de etanol, que foi dividida
em quatro doses a cada 20 minutos.
Concluiu-se que a gabapentina é bem
tolerada em combinação com o álcool, mas,
não alterou os efeitos do mesmo, e a
gabapentina, dose-dependente, aumentou a
taquicardia induzida pelo etanol (BISAGA;
EVANS, 2005).
Myrick et al. (2007) realizaram um
estudo clínico-laboratorial subagudo onde
35 alcoolistas sem tratamento anterior foram
NASCIMENTO, Francielly Silva, OLIVEIRA, Ângela Midori Kuraoka, SILVEIRA, Ana Paula Stefanello da,
BALARDIN, Nanci Nishiyama, VILLAS-BOAS, Gustavo Roberto
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Interbio v.9 n.2, Jul-Dez, 2015 - ISSN 1981-3775
submetidos a um experimento duplo-cego
que consistia no
tratamento
com
gabapentina em doses de 1,2gramas ou
placebo por 8 dias juntamente com o uso do
álcool. A segurança e tolerabilidade da
gabapentina foram monitorados durante os
primeiros cinco dias onde os pacientes eram
tratados medicamentosamente e no sétimo
dia onde ingeriam um valor limitado de
bebidas alcoólicas, não houveram diferenças
na embriaguez e intoxicação entre os
indivíduos tratados com gabapentina e
placebo. Verificou-se que a interação
gabapentina-álcool é bem tolerada, mas são
necessários mais estudos para determinação
do papel da gabapentina no tratamento do
alcoolismo.
Ambos
os
experimentos
demonstram a ineficácia da gabapentina no
tratamento agudo em interferir com os
efeitos do etanol. Porém, a gabapentina na
dose de 50 mgkg ¹, co-administrada com o
etanol (grupo G1+E) interferiu com os
efeitos ansiolíticos do etanol apenas no
sétimo dia de tratamento, tornando os
animais mais ansiosos. A demonstração de
tolerância ao efeito ansiolítico do etanol
poderia indicar uma importante implicação
deste efeito para o abuso de álcool. A
tolerância a este efeito do etanol poderia
desencadear o aumento do consumo na
tentativa de restabelecer a sua propriedade
ansiolítica. Porém, poucas evidências
experimentais existem neste sentido
(KOOB; BLOOM, 1987). Em contraste,
dados publicados recentemente demonstram
que ratos expostos continuamente ao etanol
(adictos) aumentaram os níveis-padrão de
transmissão de GABA, mostrando níveis
maiores de ansiedade, e consumo maior de
etanol durante a abstinência aguda.
Significantemente, o uso da gabapentina em
alcoolistas normaliza transmissão de GABA
(reduzindo PPSIs a níveis similares aos de
ratos não dependentes), reduz o estado
crítico de ansiedade e o consumo de etanol
durante a abstinência (ROBERTO et al.,
2008)
Bogusława; Czarnecka (2006) ao
analisarem os efeitos da combinação de
gabapentina e etanol pela atividade
eletroencefalográfica dos coelhos notou que
eles agem sinergicamente, e que a
gabapentina aumenta o efeito depressor
central do etanol. As alterações no
eletroencefalograma dos coelhos foram
mínimas durante a fase crônica do
tratamento indicando mudanças adaptativas
dos receptores. Doses repetidas de
gabapentina aumentaram a sensibilidade do
hipocampo aos efeitos do etanol.
Conclusão
A gabapentina interferiu com o
efeito ansiolítico do etanol após 7 dias de
tratamento, elevando o nível de ansiedade
dos animaise resultandona diminuição do
número de entradas nos braços abertos do
LCE, mostrando ineficácia no tratamento
agudo.
Mas, os estudos realizados até
agora apontam resultados positivos no uso
da gabapentina em longo prazo como
coadjuvante para o tratamento de crises de
abstinência, como o seu benefício
terapêutico nos distúrbios do sono presentes
na síndrome de abstinência alcoólica. As
pesquisas desenvolvidas nessa área até o
presente momento não possuem todas as
respostas necessárias para certificar sua
eficácia, assim como no presente estudo,
havendo a necessidade de novas pesquisas
para a compreensão do mecanismo de
adição
e,
consequentemente,
o
desenvolvimento de um tratamento clínico
efetivo para o alcoolismo.
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