Exames de Função Renal: conhecimento no Dia Mundial do Rim

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Exames de Função Renal: conhecimento no Dia Mundial do
Rim
Aline Scharr Rodrigues (Universidade Estadual de Ponta Grossa) [email protected]
Renata Lais Delezuk (Universidade Estadual de Ponta Grossa [email protected]
Carlyne Lopata (Universidade Estadual de Ponta Grossa) [email protected]
Marlene Harger Zimmermann (Universidade Estadual de Ponta Grossa ) [email protected]
Lilian Mie Mukai Cintho (Universidade Estadual de Ponta Grossa) [email protected]
Resumo:
No Brasil, a Doença Renal Crônica (DRC) acomete 91.000 pessoas (2011) sendo esta, considerada
problema de saúde pública. Tendo a DRC como patologias de base mais influentes o Diabete mellitus (DM)e
a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) perfazendo 26% e 36% dos diagnósticos primários,
respectivamente; salienta-se a importância do diagnóstico precoce da população. Pesquisa de abordagem
quantitativa, descritiva e de campo cujo objetivo foi desvelar o conhecimento do exame de creatinina sérica
e sua realização, bem como a execução do parcial de urina, dos participantes na ação do Dia Mundial do
Rim (DMR). Coleta de dados deu-se no mês de março de 2012 em um hipermercado do município de Ponta
Grossa, PR. Amostra de caráter não intencional, sendo inclusos todos os que tiveram interesse em
participar da ação proposta. Análise deu-se quantitativamente por meio de porcentagens simples.
Resultados encontrados: participaram 281 pessoas, sendo 167(59,43%) mulheres,114 (40,56%) homens, 60
(21,35%) com histórico de problemas renais, 28(10%) diabéticos e 53(19%) hipertensos. Em relação ao
conhecimento e realização dos exames, 193(68,44%) não conheciam e nunca haviam realizado o exame de
creatinina e 54(19,15%) conheciam e já realizaram o referido exame. Quanto ao parcial de urina,
142(50,35%) participantes realizavam e 139(49,29%) não realizavam exame de urina com frequência.
Conclui-se que os participantes, em especial os portadores de DM e HAS, possuem conhecimento a desejar
relativos a exames da função renal, salientando-se a importância da educação em saúde a esta população,
bem como orientações pertinentes aos exames de rotina para detecção de agravo ao pleno funcionamento
renal.
Palavras chave: Educação, Doença Renal Crônica, Creatinina.
Renal Function Tests: knowledge in the World Kidney Day
Abstract
Chronic Kidney Disease (CKD) affects 91,000 people in Brazil and it is considered a public health problem. Since the
CKD as a base pathologies most influential Diabetes mellitus and Hypertension, comprising 26% and 36% of primary
diagnoses, respectively, underlines the importance of early diagnosis of the population. The purpose is through this
study reveal the knowledge of respondents in the action of World Kidney Day on routine tests of urine creatinine and
partial; standard for detection of injury to the full functioning kidney. Through a quantitative approach, the field in a
hypermarket in the city of Ponta Grossa, PR, 281 people were interviewed, being 167 (59.43) women, 114 (40.56) men,
60 (21.35) with a history of problems kidney, 28 (10%) diabetics and 53 (19%) were hypertensive. In relation to
knowledge and examinations results were: 193 (68.44%) did not know and had never performed the examination of
creatinine, against 54 (19.15%) already knew and creatinine and were examined in relation the partial examination of
urine was greater parity, with 142 (50.35%) who perform against 139 (49.29%) who do not perform urinalysis often. In
conclusion, we have shown the importance of health education in guidance on routine screening, demonstrated by the
low adherence to tests and knowledge about the examinations.
Key-words:Education, Chronic Kidney Disease, Creatinine.
1 Introdução
O binômio saúde/educação faz parte do cotidiano dos indivíduos portadores de doenças
crônicas não transmissíveis no que concerne à prevenção de agravos à saúde destes. No início a
educação e sua relação com a saúde era representava por ações limitadas a panfletos, catálogos em
empresas e escolas, mas estas eram ineficazes em atingir todas as camadas sociais. A partir do
advento da criação do SUS (Sistema Único de Saúde), esta modalidade de “tratamento em saúde”,
ganhou outros olhares e dinâmicas, passando a agir de forma a auxiliar no aprendizado
individualizado do paciente/ cliente, frente a sua história e necessidade (QUEIROZ, 2008;
MACHADO,2003).
Este aprendizado individualizado contribui para adesão do auto-cuidado duradouro cujo
binômio educação/saúde se fazem presentes de maneira entrelaçada, como se pode notar nas ações
educacionais desenvolvidas à prevenção da Doença Renal Crônica (DRC) no Dia Mundial do Rim
(DMR).
Criado pela Sociedade Internacional de Nefrologia, o DMR é realizado em mais de cem
países, na segunda quinta–feira do mês de março, com objetivo de alertar pessoas com risco a DRC,
visando prevení-las. Tema selecionado para o ano de 2012 foi “Rins em defesa da Vida”,
elencando assim a importância de políticas preventivas para salvaguardar o pleno funcionamento
dos rins (SBN, 2012). A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) é a responsável nacional, a qual
promove ações preventivas sobre educação visando saúde renal, disponibilizando materiais
educativos e camisetas.
Em Ponta Grossa, PR, em março de 2012, a ação realizou-se em um hipermercado do
município e contou com a participação de discentes e docentes dos cursos de Enfermagem e
Farmácia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que por meio do Projeto de Extensão
“Prevenção à Doença Renal”, do Departamento de Enfermagem e Saúde Publica levou à
comunidade informações sobre o Diabetes Mellitus (DM), a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS),
bem como cuidados preventivos da DRC. Fez-se presente nesta interação com a comunidade, troca
de saberes cujo conhecimento foi partilhado de ambas as partes.
Os rins são considerados órgãos nobres do nosso organismo que desempenham funções
secretórias e excretórias. Quando acometidos por patologias que interferem em sua atuação, vão
apresentar alterações orgânicas sistêmicas levando a realização do tratamento renal substitutivo
(TRS) para manteres os indivíduos vivos.
No Brasil em 2007 registrou-se 26.177 novos casos, entre a população nacional de pacientes
em TRS, sendo o Sudeste responsável por cerca de 57,4% (REMBOLD,2009). O processo de
tratamento da DRC encarece o sistema de saúde do SUS, o qual cobre 93,8% dos tratamentos, cujos
89,4% estão na modalidade de Hemodiálise. No ano de 2010, após o novo reajuste, a sessão de
hemodiálise realizada uma a três vezes na semana, passou a custar R$155 e para portadores de HIV
passou a R$229,79,.(ANVISA,2010) .Com a aprovação da resolução n° 387 de 7 de março de 2012,
fica estabelecido o recurso de R$ 181.680.913,34 (cento e oitenta e um milhões, seiscentos e oitenta
mil, novecentos e treze reais e trinta e quatro centavos), a serem adicionados ao limite financeiro
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinados ao custeio da Nefrologia, demostrando
monetariamente a necessidade da prevenção da doença antes de chegar nessa fase.
A DRC, patologia crônica, progressiva e irreversível da função renal, possui elevada
mortalidade e morbidade anual, aumentando em proporções epidêmicas no Brasil em torno de 91
mil pessoas, sendo considerada problema de saúde pública (SBN,2012,CHERCHIGLIA
2010,REMBOLD 2009). Segundo Bastos (2011), é uma doença de sintomatologia silenciosa, a qual
manifesta-se quando já há ocorrência de comprometimento funcional nefrológico. Nesse período a
sintomatologia apresentada é decorrida em inúmeras morbidades, dificultando o diagnóstico
precoce.
A incidência de doenças crônico-degenerativas não transmissíveis vem crescendo
alarmantemente em nosso meio, conforme a média de sobrevida da população aumenta. (MAGRO
2007; GOMES, 2011; CHERCHIGLEA, 2010.)
O indivíduo acometido por esta enfermidade passa por vários estágios até ser considerado
Doente Renal em Estágio Terminal (DRET). No evoluir destes estágios percebe-se a diminuição da
taxa de filtração glomerular (TFG) e debilidade nas regulações hormonais exercidas pelos rins,
prejudicando assim o equilíbrio do indivíduo e gerando manifestações clínicas claras. Neste pensar,
Magro (2007) contribui afirmando que se evidencia a DRC quando constatadas alterações em
exames laboratoriais de rotina, como exames que contenham os biomarcadores e apresentem as
concentrações sanguíneas de ureia e creatinina sérica.
Os rins, considerados como principais órgãos secretores do corpo humano, desempenham
funções de relevância para o equilíbrio físico-químico do organismo. Dentre as eliminações renais
encontram-se substratos como creatinina, fosfatos, sulfatos, ácido úrico e ureia no sangue, os quais
acumulados tornam-se tóxicos. Quando o indivíduo é portador da DRC essas eliminações tornam-se
deficitárias gerando o quadro de síndrome urêmica, caracterizado por imunossupressão, presença de
náuseas e vômitos, fadiga, confusão e estupor. Esta debilidade eliminatória prejudica a estabilidade
eletrolítica e o bom funcionamento de vários órgãos e sistemas (QUEIROZ, 2008).
Concomitante a debilidade eliminatória, verifica-se presença de fatores como predisposição
genética e alterações morfológicas, incluindo o histórico de doenças de bases, que os indivíduos
apresentam como diagnóstico primário. Entre as causas principais desse quadro estão às doenças
crônicas degenerativas como HAS e DM, com incidência de 36% e 26% respectivamente, além das
glomerulopatias. No Brasil ocorrem 850 mil mortes anuais correlacionadas à doença renal. Este
achado vem ao encontro da importância de ações educativas e políticas de prevenção à doença renal
(REMBOLD, 2009; QUEIROZ 2008).
No enfoque das patologias que mais influenciam a doença renal (HAS e DM), há grande
taxa de absenteísmo da população em prosseguir com o tratamento medicamentoso aliado a hábitos
saudáveis. Isso acarreta ao paciente progressão pelos estágios da DRC, facilitando a entrada do
mesmo na TRS e dificultando a confecção de um acesso vascular adequado (BASTOS, 2011).
A progressão da DRC pode ser interrompida com ações de controle rigoroso dos valores da
pressão arterial e emprego de medicamentos que estabilizem os seus valores. Nos Estados Unidos
aproximadamente 13% da população adulta está em estágio 1 a 4. No Brasil a prevalência e a
incidência está em cerca de 405 e 144/ milhão na população adulta, respectivamente (BASTOS,
2011).
A HAS corresponde a 36% dos diagnósticos primários da DRC e é reconhecida pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia quando o indivíduo apresenta pressão sistólica igual ou maior
que 140 mmHg e pressão diastólica igual a superior a 90 mmHg (BASTOS, 2011; NASCIMENTO
2010; REEMBOL, 2009). O índice de HAS no Brasil chega a 17 milhões de portadores; sendo uma
doença crônica não transmissível de caráter epidemiológico que requer atenção do portador, da
família e dos profissionais da saúde.(BASTOS,2011)
Segundo a International Diabetes Federation, no ano de 2010 haviam cerca de 140 milhões
de diabéticos no mundo, sendo estimado que no ano de 2025 esse valor supere 300 milhões. No
Brasil encontramos 5 milhões de portadores de diabetes que possuem 30 a 69 anos. Em ambos os
tipos de DM (Tipo1 e 2) as manifestações podem ser evidenciadas após anos da presença da doença
no organismo, sendo caracterizada principalmente pelo surgimento de sintomas como poliúria,
polidipisia, polifagia, fadiga, irritabilidade, feridas cutâneas que demoram a cicatrizar, turvação
visual, formigamento nas mãos e nos pés e alterações visuais súbitas (OLIVEIRA,2010).
Avaliando a prevalência dos 26% de casos, dos pacientes com falência renal, que
apresentaram em sua etiologia o DM como fator de agravo, vemos a ocorrência da Nefropatia
Diabética. Tomando por base a Associação Americana de Diabetes e a Sociedade Brasileira de
Diabetes, os valores normais atribuídos para glicemia de jejum é entre 70 mg/dl e 99 mg/dl e
inferior a 140mg/dl 2 horas após sobrecarga de glicose (RIBEIRO,2007).
O paciente quando apresenta HAS e/ou DM é considerado doente renal em estágio I.
Visando que estes estágios não progridam, a adesão ao tratamento deve aumentar. Juntamente com a
SBN, projetos do governo como HIPERDIA trabalham no incentivo a prevenir estas doenças, como
também suas consequências (QUEIROZ,2008).
Ações educativas englobam exames de rotina como ureia, glicemia, creatinina e colesterol
séricos. Exames estes fornecidos pela rede pública que auxiliam na promoção e prevenção da saúde
renal comunitária. A realização destes é baixa e a falta do conhecimento do que o resultado
significa, atinge a grande parte dos que realizam tanto de caráter rotineiro e/ ou por solicitação
médica (MAGRO, 2007;QUEIROZ 2008; BASTABLE 2010).’
A creatinina é um indicador da função renal, demonstrada por coleta de sangue, ou no exame
de urina de 24 horas. Ela é produto do metabolismo da creatina e da fosfocreatinina, no músculo
esquelético. Está correlacionada à massa muscular que o individuo apresenta e é livremente filtrada
nos glomérulos. Pela sua característica de filtração, com o exame da sua concentração sanguínea, a
eficácia da função renal pode ser avaliada. Os valores normais de creatinina sérica apresentam-se na
faixa de 0,6-1,5 mg/dL (MAGRO,2007).
Já no exame de ureia, evidencia-se a presença de infecção e/ou proteinúria; concentrados
celulares que sinalizam alterações no sistema urinário. Estudos comprovam que a reincidência de
infecções urinárias prejudica a função renal, devido lesões repetitiva decorrentes no sistema
urinário. A proteinúria, principalmente a eliminação de albumina na urina, é fator de indicador de
lesão parenquimatosa renal, e fator de doenças cardiovasculares. A eliminação de albumina a
valores superiores a 150mg/ dL representa lesão renal (CHERCHIGLIA,2010; BERNE E LEVY,
2009).
Em sintonia com o aumento progressivo dos casos de doenças crônicas (DM/ HAS), surge a
figura do enfermeiro na equipe multiprofissional de saúde que busca auxiliar o portador de DRC e
suas necessidades individuais, com intuito de melhorar a qualidade de vida. Levanta diagnóstico,
traça planos de cuidados e métodos de avaliação, visando se estes estão sendo eficazes no processo
de prevenção, manutenção e recuperação dos agravos às instabilidades (QUEIROZ 2008;
REMBOLD 2009).
Diante do exposto, este trabalho tem por objetivos desvelar o conhecimento do exame de
creatinina sérica e sua realização, bem como a execução do parcial de urina, dos participantes na ação do
Dia Mundial do Rim.
2 Desenvolvimento
Estudo de natureza quantitativa, descritiva e de campo, cujo cenário foi um Hipermercado
no município de Ponta Grossa, PR. A amostra foi de caráter não intencional, sendo inclusos todos os
que tiveram interesse em participar da ação do DMR.
Previamente ao evento, no dia 27 de março de 2012, no laboratório de enfermagem (UEPG)
foi realizada capacitação teórica e prática de discentes dos cursos de Enfermagem e Farmácia
envolvidos na atuação do DMR. Realizada calibração de técnicas como aferição da Pressão Arterial,
Hemoglicoteste (HGT), verificação de peso e altura e circunferência abdominal.
A coleta de dados deu-se no DMR a 31 de março de 2012, utilizando-se ficha com
perguntas fechadas, verificação de glicemia capilar, pressão arterial, peso e circunferência
abdominal. Ficha esta desenvolvida pelos acadêmicos de Enfermagem da UEPG, baseado no
modelo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, sendo acrescentadas informações mais detalhadas
sobre exames e hábitos de saúde, além de perguntas sobre padrão da DRC conforme a SBN.
Obteve-se como resultado perfil sócio-demográfico, histórico de doença renal na família e histórico
clínico do entrevistado.
Cinco estações compuseram a ação dos discentes, sob supervisão dos docentes, no DMR.
Na primeira estação, atendeu-se os participantes para o preenchimento de questionário sóciodemográfico; na segunda, aferiu-se a PAS. Na terceira, verificou-se a circunferência abdominal, o
peso e a altura; na quarta estação, verificou-se a glicemia capilar e na quinta, os participantes foram
orientados sobre a prevenção da doença renal recebendo material informativo.
Na ficha, foi registrado dados relativos à idade, sexo, escolaridade, raça, ocupação, presença
de HAS e/ou DM na família, problemas renais, tabagismo, exercício físico, informações sobre os
exames de urina e creatinina, prática de ingesta hídrica, média de micção diária e noctúria. Os
participantes levavam consigo a ficha de uma estação a outra em que foram anotadas a PAS,
glicemia, peso, altura e circunferência abdominal.
Na segunda estação, verificou-se a PAS pela técnica padronizada pela Sociedade Brasileira
de Cardiologia, com o uso de esfigmomanômetro e estetoscópio. Foram considerados indivíduos
com risco aqueles que apresentaram pressão sistólica igual e ou superior a 140 mmHg, e pressão
diastólica igual ou superior a 90 mmHg.
Na terceira estação mediu-se a circunferência abdominal, o peso e a altura. Parâmetros
estes que influenciam no metabolismo do indivíduo e podem repercutir em agravos à função renal
quando correlacionadas a problemas cardiovasculares e o DM. Por meio da medida do Índice de
Massa Corporal (IMC) e medida da circunferência abdominal, constatou-se os que apresentavam
quadro de Obesidade. Foram considerados indivíduos obesos aqueles com IMC maiores que 25
kg/m2, conforme (autor).
A quarta estação destinou-se à realização de hemoglicoteste (HGT). As lancetas e o
glicosímetro foram doados por empresa do ramo farmacêutico do município. Ressaltando que os
indivíduos não estavam em jejum, foi considerada como índice elevado de glicemia capilar pós
prandial maior que 140mg/ dl. No momento da coleta de sangue para identificação dos valores de
glicemia capilar, foi utilizada técnica asséptica com o uso de equipamento de proteção individual.
Os resíduos sólidos com contaminantes biológicos foram descartados em recipiente específicos,
conforme normas de bio-segurança, e foram posteriormente encaminhados ao serviço de
gerenciamento de resíduos de saúde da UEPG.
Na quinta estação , com o preenchimento da ficha em mãos, os participantes receberam
orientações pelos acadêmicos sobre os fatores de riscos individuais identificados, fatores
agravantes à saúde e em especial à doença renal. Folhetos doados pela SBN auxiliaram no processo
de educação à comunidade, sendo fornecidas informações referentes às funções principais dos rins,
cuidados com a saúde, processo saúde-doença, hábitos saudáveis e realização de exames de rotina.
Em relação aos exames, abordou-se a importância da realização da creatinina sérica e do parcial de
urina. Sobre a creatinina verificou-se que eles possuíam o conhecimento sobre o exame e a
importância da realização do mesmo, enquanto o exame de urina fora identificado sua
periodicidade de realização.
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
Estação 1- Aplicação do questionário
Estação 2-Aferição de Pressão Arterial
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
Estação 3 e 4- Verificação de glicemia capilarPeso, altura e circunferência abdominal
Estação 5- Orientação sobre a Doença Renal
3- Apresentação e Análise dos dados
O número de participantes no DMR foi de 281 pessoas. Alguns resultados encontrados
encontram-se a seguir:
Categorias
Resultados
Masculino: 40,56% (114)
Gênero:
Feminino: 59,43% (156)
41 e 60 anos
Faixa etária
Média: 49,11%
Litíase, Infecção Urinária e
Dor Lombar: 21, 35% (60)
Problemas renais
Doença relacionada
Urinário
ao
Aparelho
Prevalência de HAS e DM
Tabagismo
Infecção urinária e cálculo renal: 21,35% (60)
HAS: 19% (53) e DM: 10% (28)
13,8% (39)
Atividade Física
31,67% (89)
Sem conhecimento de DM
3, 5% (10 %)
Fonte: Os autores
Tabela 1 – Dados levantados dos participantes no Dia Mundial do RIM, 2012. :
O gênero feminino predominou-se na referida ação, com um total de 40,56%. A média
predominante da idade ficou entre as pessoas com 41 a 60 anos, perfazendo 49,11% dos
participantes. Dentre os problemas renais 21,35% (60) referiram ter em seu histórico a presença de
litíase, infecções urinárias ou dores lombares, sendo que estas afecções influenciam diretamente no
funcionamento renal, principalmente quando associadas à HAS e o DM.
Quanto à prevalência das doenças crônicas, a presente pesquisa configurou que 19% (53)
são hipertensos e 10% (28) diabéticos. Em 2009, 24,4% da população possuíam alterações
pressóricas e o estudo de Cavagioni (2011) apresentou 20,1% (31) portadores de histórico de HAS.
Estes dados confirmam que a HAS vem assumindo proporções preocupantes, motivo de alerta para
ações preventivas, que ressaltem agravos relativos à qualidade de vida e a influência do mesmo na
DRC e na mortalidade por doenças coronarianas (MORAES 2009, SIQUEIRA 2009; CAVAGIONI
2011).
Ambas as doenças causam alterações sistêmicas e a nível renal nefroesclerose e
glomeruloesclerose, respectivamente. A Hipertensão lesiona os vasos que ao serem reparados pelos
fibroblastos tornam-se esclerosados com diminuição do fluxo sanguíneo, levando à nefroesclerose.
Por conseguinte, a presença de hiperglicemia afeta o metabolismo orgânico, agredindo os
néfrons e prejudicando a microcirculação, forçando a hiperfiltração renal. Contribui também para a
glomeruloesclerose e consequentemente como fator de entrada nos estágios da DRC
(REMBOLD,2009; RIBEIRO,2007)
Há um desconhecimento da população quanto a ser ou não portador de DM. A pesquisa
desvelou que 3,5% (10) dos participantes com valores glicêmicos alterados não tinham
conhecimento do diagnóstico. Dados encontrados por Schaan (2004) confirmam este achado; 12,4%
(123) eram diabéticos e 7,4% (74) desconheciam tal diagnóstico dentre os 992 participantes da sua
amostra. Daí a importância de se investir na busca ativa dos que não realizam avaliação glicêmica
esporadicamente.
Em relação aos fatores correlacionados aos hábitos de saúde verificou-se a presença de
13,8% (39) de tabagistas e 31,6% (89) que realizavam atividade física com frequência. Sobre o
tabagismo, o estudo de Costa (2009) mostrou que 11,5% de sua amostra eram fumantes. O
tabagismo associado ao DM e principalmente à HAS, acelera a progressão da doença renal. O fumo
com sua ação vasoconstritora e tromboembolítica, associada à presença da HAS, influenciam no
aumento dos níveis de creatinina, principalmente em idosos. Daí a importância de ações e de
orientação sobre a diminuição e cessação do hábito de fumar.
A presença do tabagismo acarreta ao organismo danos cumulativos e irreversíveis como a
broncoconstrição a qual a longo prazo, influencia no aumento da pressão arterial que prejudica o
coração e facilita a ocorrência de HAS. Já a prática do exercício físico presente nas metas
governamentais de incentivo à saúde, em nossa população, a realidade é contrastada aqui pelo
baixo hábito de exercitar da amostra da população do nosso município (BASTOS, 2011; LOPES
2007; GOMES 2011).
O resultado apresentado neste estudo em relação à atividade física, é extremamente positivo
devendo ser estimulado e copiado por todos, pois é reconhecida mundialmente como prática
saudável. Por meio dela, melhorias na qualidade de vida são geradas com redução da adiposidade
corporal, da PA, aumento dos gastos energéticos da massa e da força muscular, melhora na
capacidade cardiorespiratória, flexibilidade e equilíbrio corporal, bem como, melhora no perfil
lipídico e sensibilidade à insulina. Sua prática é um grande fator de proteção cardiovascular, porém,
deve ser acompanhada em ritmo e em intensidade principalmente se o indivíduo apresentar doenças
de base, pois o exagero pode prejudicar a estabilidade das doenças como HAS e gerar problemas
vasculares, circulatórios em diabéticos. (COELHO 2009; SIQUEIRA 2009; SANTOS 2012).
Referente à porcentagem de realização do exame parcial de urina, os dados obtidos são
apresentados na tabela 02.
Urina
Sim
Não
Realizam exame de
urina
142
50,35%
Não realizam exame
139
49,29%
de urina
Total
281
100%
Fonte: Os autores
Tabela 02 – Realização do exame de urina
Sobre conhecimento e realização de exame de creatinina sérica, as respostas obtidas estão
apresentadas na tabela 03 abaixo:
Creatinina
Quantidade
Percentual
193
68,44%
Não conhecem e fizeram:
27
9,57%
Conhecem e não fizeram:
7
2,48%
Conhecem e fizeram:
54
19,15%
Total
281
100%
Não conhecem e não
fizeram:
Fonte: Os autores
Tabela 03- Conhecimento e realização do exame de creatinina
Nota-se pelos resultados obtidos que 68,44% dos participantes do DMR desconhecem e não
realizam o exame da creatinina. No evento, foi amplamente reforçada a importância da realização
por todos, e em especial aos portadores de DM e HAS que possuem fatores de risco à DRC.
O exame de creatinina sérica é um dos mais importantes a ser realizado entre os portadores
de DRC na avaliação do funcionamento renal. Por ser indicador de metabolismo muscular e sendo
proporcional à massa muscular do indivíduo, seu valor pode ser influenciado pelo consumo de
carne cozida e estar alterado quando já há lesão renal. Por ser um método menos invasivo que a
biópsia renal, é de maior prática e aceitação. Outro exame de rotina que complementa as
informações da creatinina sérica é a albuminúria, presença da proteína albumina na urina.
Concentração superior a 150 mg/dL, indica lesão glomerular (BERNE E LEVY, 2010).
A albuminúria quando presente, é indicador de lesão parenquimatosa renal, a qual auxilia na
detecção de qual estágio da DRC o paciente encontra-se (MAGRO, 2007; BASTOS, 2011;
KERSTAJN, 2011).
A dosagem de creatinina pela qual se estima a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), e a
identificação de albuminúria são os principais indicadores no diagnóstico e evolução da DRC.
Mundialmente é padronizada a realização do teste de creatinina para avaliar a TFG. A creatinina,
indicador metabólico, apresenta alteração quantitativa quando há perda de 50% da eficácia da
filtração corporal. O paciente encontra-se em estágio 4 da DRC, o qual já apresenta sintomas e as
lesões causam prováveis danos irreversíveis (MAGRO, 2007).
No DMR, na quinta estação, na qual as informações eram repassadas aos participantes,
foram identificados déficits de conhecimentos sobre as funções renais, hábitos saudáveis, adesão
aos tratamentos e rotina de realização de exames, salientando assim a importância de ações
educativas na comunidade. Sobre a adesão ao tratamento, evidenciou-se a presença de um
participante do gênero masculino, submetido a transplante renal que havia realizado terapia renal
substitutiva, por meio da hemodiálise, por ser portador de HAS sem adesão ao tratamento
conservador. O mesmo relatou que ao tomar conhecimento pela mídia, sobre o evento, compareceu
até ao local, com intuito de transmitir sua experiência, contribuindo com os discentes e a
comunidade quanto à importância do auto cuidado e adesão ao tratamento, evitando-se maiores
agravos a nível renal.
4 Conclusão
Sendo a DRC caracterizada como problema de saúde pública, imperativo se faz desenvolver
ações preventivas que venham ao encontro desta problemática, principalmente aos portadores de
diabetes mellitus e hipertensão arterial. Torna-se essencial que a comunidade tenha conhecimento
sobre as doenças e os indicadores de funcionamento renal, bem como, a atuação de profissionais
focados no cuidado de qualidade de saúde.
A pesquisa desvelou que há um desconhecimento da população quanto a ser ou não portador
de DM salientando a relevância da ação do DMR quanto à busca ativa dos que não realizam
avaliação glicêmica esporadicamente.
Os participantes, em especial os portadores de DM e HAS, possuem conhecimento a desejar
relativos a exames da função renal. Estes são de grande importância auxiliando na prevenção, na manutenção
da saúde e minimizando custos.
Levando-se em consideração que a DRC trás mudanças drásticas na rotina de toda a família
salienta-se a importância da educação para à saúde como agente de mudança desta realidade, com
orientações pertinentes aos exames de rotina para detecção de agravo ao pleno funcionamento renal.
Neste pensar, a atuação dos acadêmicos de enfermagem e outras áreas da saúde assumem
relevância, pois por meio de trabalho interdisciplinar, atuam em todos os estágios da DRC,
realizando ações educativas à comunidade no esclarecimento e nas orientações para que o autocuidado se torne realidade no cotidiano dos que possuem prevalência de agravos renais. Unem-se
forças para que a qualidade de vida seja alcançada no decorrer da vida.
Em função da importância que a educação assume na prevenção de agravos à saúde, esperase que o presente estudo tenha contribuído e sirva como motivação para estudos futuros.
5-Referências
BASTABLE, Susan B. O enfermeiro como educador: princípios de ensino-aprendizagem para prática de enfermagem;
tradução Aline Capelli Vargar-3.ed.-Porto Alegre:Artmed,2010.
BASTOS, Marcus Gomes; ANDRIOLO, Adagmar and KIRSZTAJN, Gianna Mastroianni. Dia Mundial do Rim 2011
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