Doença renal crónica A doença renal crónica (DRC) é frequente, progressiva, silenciosa até um estádio avançado, e está associada a um risco cardiovascular alto. Numa pequena percentagem de pessoas, pode evoluir para um estádio terminal, implicando o recurso à hemodiálise e/ou ao transplante renal, que acarretam custos muito elevados para o SNS e uma mortalidade importante. O diagnóstico de DRC é fácil e barato. Basta uma análise ao sangue para medir a creatinina e uma análise à urina para medir a relação albumina/creatinina (ou a microalbuminúria das 24 horas). O resultado deve ser confirmado por uma segunda análise pelo menos 3 meses depois. A função renal deve ser avaliada anualmente nos seguintes casos: Diabetes Hipertensão Doença cardiovascular (doença coronária, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular, doença arterial periférica) Doenças do trato urinário, hiperplasia da próstata Doenças autoimunes, como lúpus Antecedentes familiares de doenças renais hereditárias, como rins poliquísticos Deteção de sangue na urina em análises ocasionais Medicação prolongada tóxica para os rins, como anti-inflamatórios, ciclosporina, tacrolimus ou lítio A DRC é classificada em cinco estádios em função da taxa de filtração glomerular, a qual é calculada através de fórmulas que têm em conta a idade, o sexo e a taxa de creatinina no sangue. Estas fórmulas estão disponíveis nesta página, no separador “calculadoras”. A fórmula mais precisa é a EPI-CKD. Uma ecografia renal ou outros exames podem ser necessários em certos casos. O tratamento da DRC visa diminuir o risco cardiovascular (principal causa de morte na DRC), atrasar a progressão da doença, e em estádios mais avançados tratar as complicações, como a anemia, a carência de vitamina D e de cálcio, a osteoporose, o excesso de fósforo e de potássio e a acidose metabólica. Este tratamento inclui: Cessação do consumo de tabaco Atividade física regular (por exemplo, 150 minutos de marcha por semana) Normalização do peso Limitação do consumo de sal até 6 g por dia no máximo Limitação moderada do consumo de proteínas (por exemplo, comer carne, ovos ou peixe apenas uma vez por dia, dieta mediterrânica ou dieta DASH) Controlo adequado da hipertensão, privilegiando os IECA ou os ARA2, medicamentos que atrasam a evolução da doença Controlo adequado da diabetes, adaptando as doses dos medicamentos ao estádio da DRC Controlo da taxa de colesterol no sangue com recurso a estatinas, de modo a obter um colesterol LDL inferior a 70 mg/dl (como em todas as pessoas com alto risco cardiovascular) Evitar medicamentos tóxicos para os rins, como os anti-inflamatórios (ibuprofeno, diclofenac, nimesulida, naproxeno, etoricoxibe, celecoxibe, etc.) Adaptar as doses de todos os medicamentos ao estádio da DRC A partir do estádio 4, suplementação em ferro, cálcio, vitamina D, bicarbonato Vacinação contra a gripe, o pneumococo e a hepatite B. Os pacientes perto do estádio 5 devem ser referenciados à consulta hospitalar de nefrologia, para seguimento especializado e decisão relativa ao tratamento por hemodiálise, diálise peritoneal, transplante renal, ou simples tratamento paliativo, de acordo com as indicações do especialista, o aconselhamento do médico de família e as preferências do paciente.