MARINA DE PÁDUA NOGUEIRA MENEZES ESTUDO DA VIA WNT NO ENDOMÉTRIO NORMAL E NO CÂNCER DE ENDOMÉTRIO, EM MULHERES APÓS A MENOPAUSA Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Titulo de Doutor em Ciências. SÃO PAULO 2011 MARINA DE PÁDUA NOGUEIRA MENEZES ESTUDO DA VIA WNT NO ENDOMÉTRIO NORMAL E NO CÂNCER DE ENDOMÉTRIO, EM MULHERES APÓS A MENOPAUSA Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Titulo de Doutor em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Wagner José Gonçalves Co-orientadores: Profa. Dra. Celina T. F. Oshima Prof. Dr. João Norberto Stávale SÃO PAULO 2011 Menezes, Marina de Pádua Nogueira Estudo da via Wnt no endométrio normal e no câncer de endométrio, em mulheres após a menopausa. / Marina de Pádua Nogueira Menezes. -- São Paulo, 2011. vii, 63f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ginecologia Oncológica. Título em inglês: The role of Wnt pathway in the normal endometrium and in the endometrial cancer the post menopause women. 1. Neoplasias do endométrio. 2. Proteinas Wnt. 3. Pós-menopausa. 4. Endométrio. 5. Mulheres. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA Chefe do Departamento: Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário Coordenador do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Manoel J. B. C. Girão i MARINA DE PÁDUA NOGUEIRA MENEZES ESTUDO DA VIA WNT NO ENDOMÉTRIO NORMAL E NO CÂNCER DE ENDOMÉTRIO, EM MULHERES APÓS A MENOPAUSA Presidente da banca: Prof. Dr. Wagner José Gonçalves BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Levon Badiglian Filho Prof. Dr. Sérgio Mancini Nicolau Prof. Dr. Roberto Euzébio dos Santos Prof. Dr. Paulo Kassab Prof. Dr. Robério de Sousa Damião Prof. Dr. João Norberto Stávale ii Dedicatória Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicionais! Pelas oportunidades que me proporcionaram e pelo incentivo e dedicação diários. Meu porto seguro, que estavam sempre juntos de mim, apesar da distância. Ao meu esposo, Marcos Vinícius, pelo amor, amizade e apoio. Por estar sempre ao meu lado, entendendo-me e respeitando-me todos os dias. A minha querida irmã e amiga, Adriana, pelo seu amor imensurável, fundamental em todos os momentos de minha vida! Às minhas sobrinhas, Maria Clara e Bruna, pelo amor único e verdadeiro, e por entenderem a minha ausência em algumas fases de nossas vidas! A minha avó Celina e ao meu avô Antônio (in memorian) pelo exemplo e pelo carinho que sempre me deram. iii Agradecimentos: À Deus, pela oportunidade de estar terminando mais esta etapa da minha formação pessoal e profissional. A meu tio querido Dr. Antônio Fortes de Pádua Filho, presente desde o início da minha formação, sempre com bons conselhos e orientações, um exemplo de dedicação, amizade e primor profissional. Ao Professor Doutor Wagner José Gonçalves pela colaboração e pela oportunidade de realizar esta tese. Por seus ensinamentos, paciência e dedicação sempre oferecidos, em todos os momentos necessários. Ao Professor Doutor Sérgio Mancini Nicolau que contribuiu enormemente com a sua amizade e dedicação, somando os seus ensinamentos muito importantes nesta etapa da minha formação. À Professora Doutora Celina Oshima pelo auxílio na confecção deste trabalho. Ao Doutor Levon Badiglian Filho por toda a amizade, paciência, dedicação e incentivo na realização desta tese e ainda pelo seu apoio científico imprescindível para a elaboração e revisão deste trabalho. Aos Doutores, Robério de Sousa Damião e Roney Signorini Filho por toda a amizade e companheirismo, e a toda equipe da Disciplina de Oncologia Ginecológica da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, pela participação e colaboração na realização desta tese. Às pacientes, colaboradoras fundamentais para a elaboração deste estudo. Aos meus familiares e amigos que sempre me apoiaram em todas as etapas da minha vida acadêmica. iv Sumário Dedicatória....................................................................................................................iii Agradecimentos..........................................................................................................iv Resumo.........................................................................................................................vi Abstract..............................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1 2. PROPOSIÇÕES.........................................................................................................8 3. METODOLOGIA.....................................................................................................10 4. RESULTADOS.........................................................................................................15 5. DISCUSSÃO............................................................................................................24 6. CONCLUSÕES........................................................................................................29 7. ANEXOS...................................................................................................................31 8. BIBLIOGRAFIAS.....................................................................................................52 9. FONTES CONSULTADAS.........................................................................................62 v Menezes MPN. Estudo da via Wnt no endométrio normal e no câncer de endométrio, em mulheres após a menopausa [tese]. São Paulo: “Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo”; 2010. 42p. Resumo A família de genes Wnt está envolvida na carcinogênese de diversos tecidos e na embriogênese. Para avaliar as vias Wnt canônica e não-canônica no endométrio atrófico e no câncer de endométrio, avaliamos a expressão imuno-histoquímica do Wnt1, Frizzled-1 (FZD1), Wnt5a, Frizzled-5 (FZD5) e β-catenina. O tecido endometrial foi retirado de peças cirúrgicas de pacientes operadas entre 1995 e 2005 na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP e foram divididas em dois grupos: grupo A, endométrio atrófico (n=15) e grupo B, adenocarcinoma de endométrio (n=45). A imunorreação do Wnt1, FZD1, Wnt5a, FZD5 and β-catenina foi analisada em escores em cada grupo, individualmente. A expressão do Wnt1, FZD1 e Wnt5a não teve associação significante entre os grupos. Associação significante foi observada entre os grupos para a expressão do FZD5 (p = 0,001). A proporção do FZD5 positivo foi significativamente maior no grupo A (80,0%) comparado ao grupo B (31,1%). Analisando a curva de sobrevida para o FZD5 no grupo B, não encontramos associação significante entre as mulheres positivas e negativas. A expressão da ßcatenina não foi significante, sendo a expressão para os grupos A e B 100% e 95.6%, respectivamente (p = 1,000). FZD5 tem menor expressão no adenocarcinoma de endométrio tipo I quando comparado ao endométrio atrófico. Palavras Chaves: 1. Neoplasias do endométrio 2. Proteinas Wnt 3. Pós-menopausa 4. Endométrio 5. Mulheres. vi Menezes MPN. The role Wnt pathway in the normal endometrium and in endometrial cancer in the post menopause women [tese]. São Paulo: “Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo”; 2010. 42p. Abstract The Wnt family is involved in tumorigenesis of several tissues as well in embriogenesis. In order to analize the canonical and noncanonical Wnt pathway in atrophic endometrium and endometrial adenocarcinoma, we evaluated the immunohistochemical expression of Wnt1, Frizzled-1 (FZD1), Wnt5a, Frizzled-5 (FZD5) and β-catenin. Endometrial specimens were obtained from surgeries performed between 1995 and 2005 and the patients were divided in two groups: Group A, atrophic endometrium (N = 15); Group B, endometrial adenocarcinoma (N = 45). Immunoreactivity for Wnt1, FZD1, Wnt5a, FZD5 and β-catenin was scored for each group. For the expression of Wnt1, FZD1 and Wnt5a, no significant association was observed between the groups. A significant association was observed between the groups for the FZD5 expression (p = 0.001). The proportion of FZD5 positive women was significantly higher for group A (80.0%) compared to group B (31.1%). Regarding the survival curve for FZD5 at group B, we found no significant association between positive and negative women. No significant association was observed between ß-catenin expression and the patient group since the expression for groups A and B were 100% and 95.6%, respectively (p = 1.000). FZD5 is downregulated in type I endometrial adenocarcinoma when compared to atrophic endometrium. Key-words: 1. Endometrial neoplasia 2. Wnt Protein 3. Postmenopause 4. Endometrium. 5. Woman vii 1 INTRODUÇÃO 2 Introdução O câncer de endométrio é a neoplasia genital mais freqüente em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos é a sétima neoplasia maligna mais comum, com incidência variando em cada região (1). A Sociedade Americana de Câncer estima que tenham ocorrido 43.470 novos casos de câncer de endométrio em 2010 (5). No Brasil, a distribuição de casos novos de câncer é desigual, sendo as maiores taxas nas regiões Sul e Sudeste. Na região Sudeste, o câncer de endométrio é o terceiro câncer ginecológico mais freqüente, perdendo, apenas, para o câncer de mama e o câncer de colo do útero (INCA) (4). Existem diversos fatores relacionados à ocorrência do câncer de endométrio, como maior longevidade, menor paridade, obesidade, uso abusivo do estrogênio no climatério, ovários policísticos, hipertensão arterial, diabetes melittus, sedentarismo, uso de tamoxifeno, antecedente pessoal de câncer de mama, e outros fatores ainda desconhecidos (1, 3, 4, 5). É uma neoplasia de maior incidência entre as sexta e sétima décadas e, em apenas 5 a 30% dos casos é detectada antes dos 50 anos (2, 4, 5). O câncer de endométrio é subdividido em dois tipos, baseado em um modelo dualista proposto, em 1983, por Bokhman. O adenocarcinoma endometrióide representa 70-80% dos carcinomas do endométrio, designado como carcinomas do tipo I. Outros subtipos histopatológicos, menos incidentes (10-20%) incluem adenoescamoso, adenoacantoma, seroso papilífero, secretor e células claras, também, chamados de carcinomas do tipo II (1,4, 5, 62). O carcinoma endometrióide (Tipo I) está relacionado à hiperplasia endometrial e ao hiperestrogenismo, sendo tipicamente tumores bem diferenciados, com bom prognóstico, e geralmente de baixo grau. Ao contrário, o tipo II é pouco diferenciado, não relacionado ao estrogênio e mais frequentemente do tipo seroso e de células claras, com curso clínico agressivo e prognóstico sombrio (1, 4, 5, 37, 38, 39, 40, 62). O diagnóstico ocorre em estadios iniciais em cerca de 90% dos casos pela precocidade dos sintomas, sendo o mais importante a hemorragia genital na pósmenopausa (1, 4, 5). O estadiamento é cirúrgico conforme determinação da Federação 3 Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), desde 1988 (82). Devem ser analisados o grau de invasão miometrial, a presença e o grau de comprometimento do colo, da vagina, dos anexos e dos paramétrios; o acometimento dos linfonodos, a citologia peritoneal, invasão de bexiga ou de reto e a presença de metástase à distância (1, 4, 5). A forma de tratamento mais importante para o câncer de endométrio é a cirurgia. O procedimento inclui lavado peritoneal, histerectomia total, anexectomia bilateral, omentectomia e a linfadenectomia pélvica e para-aórtica (1, 4, 5). A radioterapia adjuvante é realizada de acordo com os achados cirúrgicos e histopatológicos (1, 4, 5). A quimioterapia tem avançado no tratamento adjuvante do câncer de endométrio ou na recorrência, sendo, atualmente, as drogas mais usadas o Paclitaxel e a Cisplatina (1, 36). A sobrevida, em cinco anos, estabelecida, pela FIGO, é em torno de 85% para o estádio I; 75% para o II; 45% para o III e 25% para o IV (1, 82). Além do estadiamento, existem critérios que modificam a sobrevida, como o grau de invasão miometrial, tipo histológico, grau de diferenciação do tumor, idade, paridade e diagnóstico de diabetes (1). Atualmente, os carcinomas do endométrio tipos I e II são caracterizados por tipos distintos de receptores hormonais e dos oncogenes envolvidos (1, 62). Os receptores de estrogênio e de progesterona no tumor podem ser detectados pela técnica de imuno-histoquímica. A presença deles está relacionada com tipos histológicos bem diferenciados, menor invasão de profundidade, raras metástases regionais e à distância e maior sobrevida (11, 12). A relação entre a instabilidade microsatélite e o câncer de endométrio tem sido mostrada em muitos estudos. Esta ploidia do DNA é determinada por defeito no gene MMR que não corrige os erros durante a replicação do DNA, resultando em mutação do genoma humano e consequentemente o fenótipo da instabilidade microsatélite. Está presente em cerca de 25% dos tumores de endométrio, sendo mais freqüente nos tumores estrogênio-dependentes (20 a 35%) (11, 12, 35, 39,40, 62, 63). Também existem outros fatores relacionados, geneticamente, ao câncer de endométrio, como os oncogenes. (35). Existem alguns deles que estão 4 comprovadamente envolvidos na carcinogênese endometrial, como: p53, o PTEN e a β-catenina (1, 6, 7, 9, 37, 38, 39, 40). O gene supressor de tumor p53 encontra-se envolvido no câncer de humanos e é o mais bem estudado. Observa-se em torno de 10 a 25% dos casos de câncer de endométrio. Alguns estudos o relacionam a estadios avançados do câncer de endométrio, tumores pouco diferenciados e subtipos histológicos mais agressivos (6, 7, 9, 37, 62). O PTEN (Phosphatase and tension homolog) é outro gene supressor de tumor e consiste na alteração genética mais freqüente do câncer de endométrio, encontrada em 30 a 80 % dos casos. Também está presente em 15 a 55 % das hiperplasias endometriais com ou sem atipias, o que sugere relacionar-se a um evento precoce da carcinogênese endometrial, permitindo a evolução do endométrio normal para hiperplasia e, depois, ao carcinoma (1, 7, 37, 38, 39, 40, 63). A β-catenina é uma proteína codificada pelo gene CTNNB1 (Cadherin-associated protein, beta 1), localizado no cromossomo 3p21. Pode agir na membrana da célula, mantendo a polaridade da mesma, e, no citoplasma, interagindo com proteinas APC (Adenomatous polyposis coli protein), funciona como fator de transcrição (38, 39, 40). O acúmulo nuclear anormal de β-catenina pode ocorrer como resultado de mutações no gene CTNNB1 e nos genes relacionados à ativação da transcrição através da via LEF/ Tcf. As proteínas APC regulam a quantidade de β-catenina através da glicogênio sintase quinase- 3β (GSK-3β), induzindo a fosforilação dos resíduos da serina-treonina codificadas no exon 3 do gene CTNNB1 e é degradado pela via da ubiquitina. A ativação desta via está presente em diversos tumores humanos, estando presente em 14 a 44 % dos carcinomas endometriais relacionados ao estrogênio (24, 37, 39, 52, 53, 74, 75). Os tumores de endométrio associados a β-catenina são caracteristicamente tumores diagnosticados em estádios precoces e com prognóstico favorável (37,39, 43, 52, 62, 77). O gene Wnt relacionam-se à carcinogênese endometrial. Faz parte de uma grande família e foi descrito inicialmente em 1982 por Nusse e Varmus. O Int-1 (integration 1) foi o primeiro membro isolado, a partir da integração do vírus de tumor mamário em ratos (MMTV) ao DNA do hospedeiro (14, 18, 19, 20, 22, 27). Nusse et al, 5 em 1991, sugeriram a mudança do nome do gene Int-1 para Wnt1 por ele ser ao mesmo tempo um gene Int e homólogo do gene wingless da drosófila (15, 19). Em mamíferos, há muitos tipos de genes Wnt conhecidos como: Wnt1, Wnt2, Wnt2b/13, Wnt3, Wnt3a, Wnt4, Wnt5a, Wnt5b, Wnt6, Wnt7a, Wnt7b, Wnt8a, Wnt8b, Wnt9a, Wnt9b, Wnt10a, Wnt10b, Wnt11 e Wnt16 (41, 42). Podem-se isolar homólogos dos genes Wnt em diversas espécies como Drosophila, Xenopus, galinhas e humanos (21). No entanto, há diversas razões que dificultam o conhecimento sobre a via Wnt como a diversidade de tipos de genes e de frizzled, a difícil purificação do Wnt e a existência de muitas moléculas extracelulares e de superfície envolvidas nesta via (42, 44). Os genes Wnt regulam o processo de desenvolvimento, incluindo o crescimento, a proliferação, a diferenciação, a motilidade e a apoptose celulares, e relacionam-se a embriogênese, podendo estar envolvidos com diversos tipos de câncer (13, 17, 21, 23, 24, 34, 41, 45). Acredita-se que o Wnt tem diversas funções dependendo do receptor com o qual se liga (41, 42). Alguns tipos de câncer estão envolvidos com o Wnt, como o câncer de mama, de ovário, colorretal, renal e de pâncreas (10, 16, 54, 64). A via Wnt é bastante complexa, sendo dividida em três tipos: canônica, nãocanônica e Wnt-Ca2+ (Figura 1) (24, 26, 27, 61). Existe uma via inicial comum em que as glicoproteínas secretadas pelos genes Wnt ligam-se ao Frizzled (Fz-uma família de dez receptores da superfície celular), e a LRP-5 ou LRP-6(co-receptores das lipoproteínas de baixa densidade), localizados na superfície das células (13, 24, 26). Através desta interação, um sinal é enviado ao citoplasma da fosfoproteína Dishevelled (Dsh) que consiste na chave transmissora do sinal Wnt (13, 24, 26). Existem três proteínas Dsh nos mamíferos (Dsh-1, Dsh-2 e Dsh-3) que contém fortes domínios: o amino-terminal DIX (nomeado pelo Dsh e Axin), o central PDZ (nomeado pelo Postsynaptic density-95, Discs-large e Zonula) e o carboxi-terminal DEP (nomeado pelo Dsh, Egl-10 e Pleckstrin) (24, 28). A este nível, as vias separam-se, seguindo caminhos distintos, sendo que alguns autores descrevem a via não canônica e a via wnt-Ca2+ como única (24). Figura 1: Vias canônica e não canônica 6 Fonte: Journal of Biology Na via canônica, o sinal Wnt utiliza os domínios DIX e PDZ da Dsh para induzir a estabilização da β-catenina no citoplasma. A regulação da estabilidade da β-catenina é mediada pelo complexo de proteínas, incluindo Axina, glicogênio sintase quinase 3 (GSK3), proteína ligadora GSK-3 (GBP) e caseína quinase 1 (CK1). Quando não há o estímulo Wnt, a β-catenina é degradada pelo β-TrCP (β-transducin repeat containing protein). Porém, se ocorre o estímulo Wnt, a fosforilação da β-catenina pela GSK-3 é inibida. Consequentemente, a β-catenina não é degradada e se acumula no citoplasma e no núcleo, onde se liga aos fatores de transcrição TCF/LEF e a outros fatores (coativadores p300, creb-binding protein-CBP), levando à transcrição de genes alvos Wnt como o c-myc e cyclin D1 (24, 25, 26, 37, 39). A via não-canônica participa da polaridade celular, dos movimentos celulares durante a gastrulação e de outros processos por transdução através dos domínios PDZ e DEP da Dsh, levando à modificação do esqueleto da actina. A este nível, duas vias, independentes e paralelas, ativam pequenas GTPases, Rho e Rac (24). A ativação do Rho requer a proteína Daam1 que se liga ao domínio PDZ da Dsh, levando a ativação quinase Rho-associada ROCK, mediando a reorganização do citoesqueleto. A ativação do Rac é independente da proteína Daam1 e requer o domínio DEP da Dsh, simulando a ativação da Jun-N-terminal quinase (JNK) (24). 7 A via Wnt-Ca2+ é importante para a adesão celular e movimentos celulares durante a gastrulação e recebe influência das vias canônica e não-canônica. A sinalização ocorre através dos receptores Frizzled, levando ao acúmulo de cálcio intracelular, processo regulado pelas proteínas G heterotrimericas e outras numerosas moléculas, incluindo a fosfolipase C (PCL), cálcio-calmodulina-dependente quinase 2 (GamK2), proteína quinase (PKC), Jun-N-terminal quinase (JNK) (24, 26). Alguns genes Wnt podem ativar tanto uma via quanto a outra, como o Wnt3a. Já o Wnt5a ativa apenas a via não-canônica e os genes Wnt1 e 7a, a via canônica (24, 29, 30, 31, 55, 56). A expressão do gene Wnt no útero humano foi estudada pela primeira vez por Bui et al, em 1997, em Oxford (14). Ele observou forte expressão do gene Wnt7a no endométrio humano normal, principalmente na fase secretora do ciclo menstrual, e dos genes Wnt7a e 7b no câncer de endométrio (14,30). A partir daí, a expressão da via Wnt no endométrio passou a ser investigada por outros autores. Em 2003, Tulac et al. demonstraram que o gene Wnt7a no epitélio endometrial mantém a expressão do gene Wnt5a (13). Sabe-se que o gene Wnt5a contém cinco exons e está mapeado em 3p14.2-p21.1 (32). Diversos estudos apontamno como um importante regulador da proliferação e diferenciação celular (46, 47, 48, 49, 50) e, por esta razão, algumas evidências mostram que variações na sua expressão podem estar associadas a diversos tipos de cânceres, como os de fígado, mama, próstata e pâncreas (54, 64). No câncer de endométrio, o Wnt5a tem expressão diminuída e acredita-se que seja antagonista do Wnt1 (33, 57). O Wnt1 está localizado no cromossomo 12q13 (51) e consiste em um importante fator de transformação e tumorigênese celulares (33). A despeito de vários estudos indicarem o envolvimento dos genes Wnt na gênese do câncer de endométrio, estudos específicos sobre a participação dos tipos Wnt1 e Wnt5a na carcinogênese endometrial ainda são escassos na literatura. Por esta razão, motivamo-nos a pesquisar estas neoplasia maligna do endométrio. proteínas para averiguar a sua relação com a 8 PROPOSIÇÕES 9 Proposições Propõe-se no estudo: 1. Estudar a expressão das proteínas Wnt1, Frizzled1, Wnt5a, Frizzled5 e βcatenina em tecidos de endométrio atrófico e no câncer do endométrio de mulheres menopausadas, pela técnica de imuno-histoquímica. 2. Mostrar a relação da via Wnt com o endométrio atrófico e com o câncer do endométrio. 10 METODOLOGIA 11 Metodologia Pacientes Estudo retrospectivo de tecidos endometriais, blocados em parafina, de mulheres na pós-menopausa com diagnóstico histopatológico de endométrio atrófico ou adenocarcinoma endometrióide de endométrio, atendidas na Disciplina de Ginecologia Oncológica da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM), no período de 1993 a 2005. Os blocos e lâminas corados pela Hematoxilina-eosina (HE) pertinentes às casuísticas de interesse foram recuperados do Arquivo de Blocos do Departamento de Patologia da UNIFESP/EPM. A revisão histopatológica foi realizada e foram selecionadas as áreas de interesse ao estudo imuno-histoquímico. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da UNIFESP/EPM sob o número 0226/06. Foram formados dois grupos: A – endométrio atrófico (n=15) e B – câncer do endométrio (n=45). Critérios de Inclusão Foram incluídos os blocos de pacientes com diagnóstico de endométrio atrófico ou adenocarcinoma endometrióide de endométrio sem tratamento (quimioterápico ou radioterápico), pré-cirúrgico, maiores de 40 anos e nos quais o material histopatológico encontrava-se adequado para montagem do TMA (Tissue microarray). Critérios de Exclusão Pacientes com qualquer outro tipo histológico de câncer endometrial, menores de 40 anos, com tratamento pré-cirúrgico. Não foram utilizados blocos que apresentaram material inadequado para a confecção do TMA. Construção do Tissue Microarray (TMA) 12 Para a confecção do TMA os blocos com material embebido em parafina foram selecionados oriundos do arquivo do Departamento de Patologia da UNIFESP/EPM. Posteriormente, cortes histológicos foram efetuados e corados pelo HE. Foram analisados por patologista que selecionou e delimitou área representativa do tumor. A seguir, esta área foi delimitada no “bloco doador” com uma caneta de marcação permanente, que serviu de guia para a retirada dos fragmentos tumorais do local exato. Após marcação, o bloco doador foi puncionado e retirado fragmentos com 1.0 mm de diâmetro que foi transferido para o bloco receptor. Foi confeccionado o bloco receptor com imagem em espelho, sendo incluídos 220 cilindros de adenocarcinoma de endométrio e 30 cilindros de endométrio atrófico. Tecido hepático foi acrescentado no bloco para auxiliar na localização inicial de cada seqüência utilizada. Os blocos receptores foram colocados na estufa a 35° por 15 minutos, a fim de permitir a aderência entre a parafina do bloco e os cilindros. Após a aderência, os blocos receptores foram retirados da estufa e cortados com espessura de 4 µm. Foi colocada fita adesiva em cima do bloco antes de ser cortado, para auxiliar na aderência entre o corte e a lâmina. Para manter esta aderência, a lâmina foi submetida à luz ultravioleta por 15 minutos, depois em solução (TPC Solvent) novamente por 15 minutos. Para retirada da fita, a lâmina foi deixada em temperatura ambiente até secarem, e posteriormente, a fita foi retirada com o auxilio de uma pinça e a lâmina estocada no freezer. Por meio de planilha elaborada no programa Excel® (Windows® - Microsoft® Office) foi possível organizar e localizar cada caso nas lâminas do TMA. Imuno-Histoquímica O método imuno-histoquímico foi empregado para a detecção das proteínas Wnt1, Wnt5a, Frizzled1, Frizzled5 e β-catenina em um total de 60 amostras (45 de câncer do endométrio e 15 de endométrio atrófico). Foi utilizado o método da streptavidina-biotina-peroxidase, que utiliza três reagentes e baseia-se na capacidade da estreptavidina ligar-se na biotina. O primeiro reagente é representado pelo anticorpo primário específico para o antígeno a ser 13 localizado e o segundo pelo anticorpo conjugado à biotina com capacidade para ligarse especificamente ao anticorpo primário. O terceiro é o complexo peroxidase conjugado à biotina associada à estreptavidina. Por último, utilizou-se um substrato e agente cromogênico que permitiu visualizar o antígeno pela formação de precipitado marrom estável na região correspondente a membrana e citoplasma da célula. Como controle positivo, foi utilizado corte histológico de carcinoma de cólon comprovadamente positivo para as proteínas de interesse. Para o controle negativo o anticorpo primário foi substituído por PBS. A imuno-expressão correspondeu à coloração acastanhada do núcleo, da membrana ou do citoplasma, dependendo das características de cada proteína. Critérios de Avaliação Em relação às proteínas Wnt 1, Wnt 5a, Frizzled 1 e Frizzled 5, a interpretação dos resultados seguiu a seguinte padronização: - Pontuação 0: nenhuma coloração ou coloração de menos de 10% das células. Reação considerada negativa; - Pontuação 1+: fraca coloração em mais de 10% das células. Células coradas apenas em parte da membrana. Reação considerada negativa; - Pontuação 2+: Coloração de fraca a moderada. Membrana corada completamente em mais de 10% das células. Reação considerada positiva; - Pontuação 3+: Coloração forte e completa da membrana em mais de 10% das células. Reação considerada positiva. Já a interpretação da β-catenina foi feita conforme a seguinte pontuação: - Pontuação 1: Coloração de até 4% do núcleo e do citoplasma da célula. Reação considerada negativa; - Pontuação 2: Coloração de 5% a 29% do núcleo e do citoplasma da célula. Reação considerada fraca; 14 - Pontuação 3: Coloração de 30% a 49% do núcleo e do citoplasma da célula. Reação considerada moderada; - Pontuação 4: Coloração de mais de 50% do núcleo e do citoplasma da célula. Reação considerada forte. Análise estatística Neste teste, considerou-se duas hipóteses: - Hipótese da nulidade: As populações estudadas não diferem em relação à frequência com que ocorre uma característica (independente entre as variáveis). - Hipótese experimental: As diferenças amostrais refletem diferenças reais na população (dependência entre as variáveis). Se as diferenças entre as frequências obtidas e as esperadas forem suficientemente grandes, rejeita-se a hipótese de nulidade e afirma-se que há uma diferença real na população. O impacto de determinadas variáveis sobre o prognóstico foi medido analisandose a sobrevida global que é definida como o tempo, em dias, desde a data da cirurgia, ou da biópsia, até o óbito, ou a última informação objetiva do seguimento. No acompanhamento, considerou-se como perdida a paciente que não retornou à consulta, ou da qual não se obteve qualquer informação após o intervalo estipulado pelo médico para sua reavaliação. O cálculo dos estimadores de sobrevida foi realizado pela técnica de Kaplan-Meier. As comparações entre distribuições de sobrevida para as categorias de uma mesma variável foram realizadas pelo teste de Log-Rank, quando não houve cruzamento entre as curvas, ou pelo teste de Wilcoxon, quando houve cruzamento entre elas (KAPLAN & MEIER, 1958). A análise estatística foi feita através do teste qui-quadrado, comparando-se as médias, distribuições e porcentagens das amostras, segundo os critérios avaliados. O teste t Student´s foi usado para as amostras pequenas, em que as variâncias foram iguais. Os resultados foram considerados significativos com valores de p menores que 5%. 15 RESULTADOS 16 Resultados Os resultados foram avaliados nos dois grupos estudados: grupo A - endométrio atrófico e grupo B - câncer do endométrio. No grupo B, a média de idade foi 65,9 anos e a doença foi mais incidente na raça branca (88,9%) (tabela 1) e o estadiamento mais encontrado foi o IB e IC (tabela 2). Tabela 1: Média de Idade e Raça das Pacientes com Câncer de Endométrio Variáveis (n = 45) Idade (anos) média (dp) 65,9 (8,6) mediana mínimo – máximo 65 51 – 88 Raça – n (%) Branca 40 ( 88,9%) Negra 5 ( 11,1%) Tabela 2: Estadiamento Clínico das Pacientes com Câncer de Endométrio Estadio Clínico – n (%) n = 44 IB 13 ( 29,5%) IC 16 ( 36,4%) IIA 2( 4,5%) IIB 5 ( 11,4%) IIIA 5 ( 11,4%) IIIB 1( 2,3%) IIIC 2( 4,5%) 17 Em todos os casos, a expressão dos marcadores Wnt1, Wnt5a, Frizzled1, Frizzled 5 e β-catenina foi encontrada praticamente somente no citoplasma (figura 2). Figura 2: Expressão dos Marcadores das proteínas Wnt1, Wnt5a, Frizzled1, Frizzled 5 e β-catenina nos grupos A e B. 18 Nenhuma diferença significante foi observada na expressão da ß-catenina entre os grupos A e B, com positividade de 100% e 95.6%, respectivamente (p = 1.000) (tabela 3 e gráfico 1). Tabela 3 – Distribuição da Expressão da β-catenina e do sublocal nas pacientes segundo o grupo Grupo Escore de Beta catenina – n (%) Tumor (n = 45) Negativo 2( Positivo Atrófico (n = 15) 4,4%) 43 ( 95,6%) Comparação 0( 0,0%) 15 (100,0%) p = 1,000 Sublocal 0 2( 2 4,4%) 43 ( 95,6%) 0( 0,0%) 15 (100,0%) Porcentagem de pacientes Gráfico 1 – Distribuição da expressão de β-catenina nas pacientes segundo o grupo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 95,6 4,4 Tumor 0 Atrófico p = 1,000 Beta catenina negativo Beta catenina positivo 19 Com relação à expressão do Wnt1, FZD1 e Wnt5a, nenhuma diferença significante foi observada entre os grupos (tabelas 4, 5, 6 e gráficos 2, 3, 4). Tabela 4 – Distribuição da Expressão de Wnt 1 e do sublocal nas pacientes segundo o grupo Grupo Escore de Wnt 1 n (%) Tumor (n = 45) Negativo 2( Positivo Atrófico (n = 15) 4,4%) 43 ( 95,6%) Comparação 0( 0,0%) 15 (100,0%) p = 1,000 Sublocal 0 1( 2,2%) 0( 0,0%) 1 1( 2,2%) 0( 0,0%) 2 43 ( 95,6%) 15 (100,0%) Porcentagem de pacientes Gráfico 2 – Distribuição da expressão de Wnt 1 nas pacientes segundo o grupo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 4,4 Tumor p = 1,000 100,0 95,6 WNT 1 negativo 0,0 Atrófico WNT 1 positivo 20 Tabela 5 – Distribuição da Expressão de FZD1 e do sublocal nas pacientes segundo o grupo Grupo Escore de FZD1 – n (%) Maligno (n = 35) Negativo 1( Positivo Benigno (n = 21) 2,2%) 44 ( 97,8%) Comparação 0( 0,0%) 15 (100,0%) p = 1,000 Sublocal 2 45 (100,0%) 15 (100,0%) Porcentagem de pacientes Gráfico 3 – Distribuição da expressão de FZD1 nas pacientes segundo o grupo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2,2 Tumor p = 1,000 100,0 97,8 FZD 1 negativo 0,0 Atrófico FZD 1 positivo 21 Tabela 6 – Distribuição da Expressão de Wnt 5a e do sublocal nas pacientes segundo o grupo Grupo Escore de Wnt 5a – n (%) Tumor (n = 45) Negativo 0( Positivo Atrófico (n = 15) 0,0%) 0( 45 (100,0%) Comparação 0,0%) 15 (100,0%) p = --- Sublocal 2 45 (100,0%) 15 (100,0%) Gráfico 4 – Distribuição da expressão de Wnt 5a nas pacientes segundo o grupo Porcentagem de pacientes 100,0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,0 Tumor WNT 5a negativo 100,0 0,0 Atrófico WNT 5a positivo Em contrapartida, houve diferença significante entre os grupos com relação à expressão do FZD5 (p = 0.001). A proporção das mulheres FZD5 positivas foi maior no grupo A (80.0%) comparado ao grupo B (31.1%) (tabela 7 e gráfico 5). 22 Tabela 7 – Distribuição da Expressão de FZD5 nas pacientes segundo o grupo Grupo Escore de FZD5 – n (%) Tumor (n = 45) Atrófico (n = 15) Negativo 31 ( 68,9%) 3 ( 20,0%) Positivo 14 ( 31,1%) 12 ( 80,0%) Comparação p = 0,001 * Porcentagem de pacientes Gráfico 5 – Distribuição da expressão de FZD5 nas pacientes segundo o grupo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 80,0 68,9 31,1 20,0 Tumor Atrófico p = 0,001 * FZD 5 negativo FZD 5 positivo Quanto à curva de sobrevivência para FZD5, no grupo B, não se observou diferença entre mulheres positivas e negativas (p= 0,301) (gráfico 6). 23 Probabilidade de Sobrevida Gráfico 6 – Curva de Sobrevida FZD5 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 p = 0,301 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo de Seguimento (meses) FZD 5 negativo FZD 5 positivo 55 60 24 DISCUSSÃO 25 Discussão Via Canônica O adenocarcinoma endometrióide está relacionado ao câncer do endométrio tipo I, o qual está associado, diretamente, ao hiperestrogenismo (1). Portanto, a chave para entender o papel da via de sinalização Wnt no câncer do endométrio tipo I, é encontrar a ligação entre Wnts e a sinalização do estrogênio. Muitos autores sugerem que a mutação da β-catenina/CTNNB1 no endométrio levaria ao seu acúmulo no núcleo, resultando no câncer do endométrio (74, 75, 76). Pijnenborg et al encontraram o acúmulo nuclear de β-catenina em 38% dos cânceres do endométrio (43). Kariola et al encontraram 53% (17) e Schlosshauer et al, 47% (71). Em nosso trabalho, não encontramos diferença significante na expressão da βcatenina, quando comparamos o endométrio atrófico com o câncer do endométrio. Bansal et al (2009) pontuaram que a β-catenina tem menor associação com o câncer endometrial, embora significante, quando comparada a outras alterações genéticas (65). Segundo estes autores, a mais freqüente alteração genética do câncer do endométrio é o PTEN, conforme também demonstrado em outros trabalhos (1, 7, 8, 37, 38, 65, 72). Por outro lado, parece que as mutações do PTEN não causam acúmulo nuclear de β-catenina em carcinomas do endométrio, como foi demonstrado por Wappenschmidt et al (72). Assim, conjecturamos que, em nossa pesquisa, este pode ter sido o motivo de não termos achado diferença entre os grupos estudados. Além disso, a expressão da β-catenina pode estar envolvida com o desenvolvimento das lesões precursoras do câncer do endométrio, sendo menos importante para o desenvolvimento do câncer endometrial. Nei et al encontraram a βcatenina nuclear em 70% das amostras de hiperplasia endometrial e 56,7% das amostras do câncer do endométrio. Entretanto, eles também demostraram que existe acúmulo nuclear da β-catenina nas fases pré-proliferativa e pós-proliferativa, e na fase secretora inicial do endométrio normal durante o ciclo menstrual. Neste período, observaram que 12 dos 15 casos estudados (80,0%) apresentaram acúmulo nuclear da β-catenina (53). Em razão disto, nosso resultado pode ter sido semelhante para ambos os grupos, endométrio atrófico e câncer do endométrio, por a β-catenina está expressa desde o endométrio normal até o câncer. 26 Há relatos que correlacionam estrógenos com a via canônica Wnt, sugerindo que esta seja capaz de regular o crescimento celular uterino dependente do estrogênio, através da estabilização nuclear da β-catenina. Mostram, também, que o aumento do número de receptores estrogênicos promove a inibição do Wnt5 e Frizzled5, levando ao desenvolvimento do câncer (77,79). Os estudos realizados em células epiteliais mamárias e no câncer de mama revelaram que a baixa concentração da β-catenina em células com elevado nível de MTA1s (antígeno metastático do tumor) foi acompanhada por redução correspondente na expressão do gene Wnt1 (73). Assim, conforme exemplificado por Kumar et al, destaca-se que outros fatores podem coexistir, interferindo na sinalização da via Wnt. Em relação aos resultados encontrados para o Wnt1, observamos que os dois grupos estudados foram Wnt1 positivos (endométrio atrófico 100%; adenocarcinoma 95,6%), sem diferença estatística entre eles. Olson et al afirmaram que o Wnt1 está relacionado com a tumorigênese, enquanto o Wnt5a não (33, 78, 80, 81). Propuseram, ainda, que existe uma relação antagonista entre estes dois genes, podendo um suprimir o outro (13, 33, 57). Sugere-se então que em nosso estudo o Wnt5a pode ter inibido o Wnt1 no endométrio atrófico e não no adenocarcinoma do endométrio, conforme explicaremos a seguir. Por outro lado, Topol et al demonstraram que o Wnt1 pode também ser inibido por diversos mecanismos, incluindo a expressão de proteínas APC e Siah2 (Seven-in-Absentia Homolog 2) (54). Segundo os resultados da nossa pesquisa, o Frizzled1 foi positivo em ambos os grupos, não existindo diferença significante. O Frizzled1 constitui receptor da superfície celular, que se liga a diversos coreceptores, podendo ativar diferentes vias Wnt. É responsável pela diferenciação, proliferação e apoptose celular, e sua função depende do Wnt a que está ligado (59). Evidências sugerem que o Frizzled 1 pode ser estimulado a partir dos Wnt3a, Wnt3 e Wnt1 e, dessa forma, em nosso estudo, o Frizzled1 pode ter seguido várias alternativas, mostrando resultados semelhantes em ambos os grupos (58, 60). Sabe-se, também, que o Frizzled1 pode antagonizar a ação do Wnt1 (59). Assim, pode ter suprimido este gene no endométrio atrófico, e nele ter atuado sinergicamente com o Wnt5a. 27 Via Não-Canônica Em nosso estudo, encontramos o Wnt5a positivo (100%) em ambos os grupos. Entretanto, a expressão do FZD5 foi significativamente maior no grupo A – endométrio atrófico (80,0%), quando comparado ao grupo B – adenocarcinoma (31,1%). É possível que a semelhança entre os grupos em relação ao Wnt5a seja causada pela expressão natural do Wnt5a no endométrio normal e no câncer do endométrio. Pode-se conjecturar, ainda, que o mesmo padrão hormonal entre os dois grupos, levam a fenótipos parecidos, havendo interferência na expressão do Wnt e permitindo resultados iguais e positivos 100 % em ambos os grupos (13, 14). Infere-se dos estudos de Olson et al que o Wnt5a é inibido no câncer de endométrio e no câncer de mama, por regular o crescimento e a proliferação celular. Isto sugere que a diminuição da expressão do Wnt5a é importante na progressão dos eventos que levam ao desenvolvimento do câncer. Por outro lado, podemos, ainda, considerar o fato de que o Wnt5a se ligou ao FZD5. Dessa forma, acredita-se que, em nosso estudo, devido à baixa frequência do FZD5 no grupo do adenocarcinoma, a sinalização não-canônica pode não ter funcionado adequadamente, possibilitando o desenvolvimento do câncer, pela ação tumorigênica do Wnt1. Corroborando com as idéias explanadas, Ishitani et al e Topol et al propuseram que a sinalização não-canônica pode inibir a sinalização canônica através de diversos mecanismos (54, 66). Singleton et al descobriram que o Wnt5a e o FZD5 são inibidos pelo bisfenol-A (um antagonista do receptor de estrogênio) e pelo estradiol (67). Estas descobertas estão de acordo com a fisiopatologia do adenocarcinoma do endométrio do tipo I. Semelhante ao câncer de endométrio, o câncer de mama também é estimulado por estrogênios (67). Jonsson et al descobriram que a perda de expressão do Wnt5a foi significativamente associada à um alto grau histológico, recidivas da doença e morte (68). Semelhantes achados foram descritos por outros autores em seus estudos sobre o câncer de mama e a via Wnt (43, 68,69,70). Recentemente, o nosso serviço defendeu a idéia de que a via Wnt não-canônica tem papel importante no câncer de ovário, relacionado ao pior prognóstico. Em contrapartida, em relação à β-catenina, não se confirmou tal associação, exceto com o 28 carcinoma endometrióide do ovário. Esta neoplasia tem um padrão molecular semelhante ao adenocarcinoma do endométrio, no que concerne a via Wnt. Dessa forma, pode-se sugerir que a baixa atividade da via Wnt não-canônica, por não degradar a β-catenina, permitiria o desenvolvimento do adenocarcinoma do endométrio do tipo I. Isto reflete a complexidade da via Wnt, em que o conceito de genes supressores e promotores de tumores é inconstante (64). No presente estudo, não encontramos diferença entre os grupos referentes ao Wnt5a. No entanto, outras pesquisas acharam-no inibido em carcinomas do endométrio quando comparado ao tecido normal (14). Em relação à curva de sobrevida do FZD5, houve uma tendência de melhor prognóstico para as mulheres FZD5 positivas; entretanto, a associação não foi significante. Isto também reforça a idéia de uma função de "protetor" da via Wnt nãocanônica para o carcinoma endometrial. 29 CONCLUSÕES 30 Conclusões 1) Observou-se grande expressão do Wnt1, Frizzled1, Wnt5a e βcatenina, tanto no câncer do endométrio quanto no endométrio atrófico, não havendo diferença entre os grupos. Em contrapartida, verificou-se que a expressão do Frizzled5 foi maior no endométrio atrófico do que no câncer do endométrio. 2) A via Wnt está envolvida no tecido endometrial, podendo estar relacionada ao câncer do endométrio. 31 ANEXOS 32 Anexo 1: Aprovação Comitê de Ética 33 34 Anexo 2: Identificação das Pacientes com neoplasia do endométrio Caso n0 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Nome (Iniciais) EOV HF MCMS AZC DLRLP TA EMA EMT NR MA AJML ESP MFP PPP EMJP DAS GP AS IBO RAM RZGFP DAFA GAG SSD RNP WT CS MAC GNS MJM AAM IBP RMTF LAM RJR NCO TNL IVCS MFNSC EAA EPO DFB RFC MFRM MHF Identificação (RG – HSP) 817.086 825.219 840.454 415.180 674.443 860.632 901.106 889.383 903.933 916.948 937.128 943.134 939.872 722.129 935.374 966.405 850.066 434.048 334.851 1.004.840 1.012.705 951.933 893.799 1.134.962 1.113.914 1.116.275 648.097 1.164.898 818.247 684.434 10.022.817 847.374 1.100.903 10064489 772.992 356.909 902.480 10.020.491 1.051.409 10.040.681 1.201.218 601.299 1.062.508 10.020.893 741.065 Número da lâmina B93/8.625 B93/9.662 B93/11.278 B93/11.711 B94/4.636 B94/11.605 B95/10.045 B95/10.904 B95/12.993 B95/19.081 B96/12.867 B96/15.094 B96/16.992 B96/17.766 B97/656 B97/17.163 B98/1.022 B98/14.541 B98/17.246 B98/21.981 B99/5.228 B99/6881 B01-12530 B01-14369 B01-18651 B01-18816 B01-21662 B01-22453 B01-23356 B03-00987 B03-14689 B03-19803 B03-26792 B03-30535 B01-20544 B03-22720 B03-28421 B02-16746 B00-13456 B02-39361 B01-23352 B01-40704 B00-30897 B02-13071 B94/2.176 Idade (Anos) 58 62 56 66 53 63 69 61 68 75 57 79 71 78 62 70 64 83 69 72 59 62 78 72 63 53 56 63 59 69 70 78 54 55 69 64 66 70 56 70 65 63 73 51 55 Raça BRANCA BRANCA NEGRA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA NEGRA BRANCA BRANCA NEGRA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA NEGRA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA NEGRA BRANCA BRANCA BRANCA BRANCA 35 Anexo 3: Antecedentes Ginecológicos e Obstétricos: Idade da Menarca e da Menopausa , Tempo de Menopausa (Anos), Número de Gestações (G), Partos (P) e Abortamentos (A) das enfermas com neoplasia endometrial. Caso n0 Menarca Menopausa 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 13 13 11 14 11 14 14 13 11 12 13 15 12 14 12 13 12 11 11 12 13 13 13 13 14 12 15 12 12 12 18 12 17 11 11 16 14 12 13 13 11 16 14 14 12 54 52 52 50 46 54 50 46 45 53 50 45 50 51 52 53 50 55 45 45 40 57 48 48 53 47 45 48 49 48 36 53 52 49 50 52 43 50 47 50 48 55 53 53 42 Tempo de pósmenopausa 4 10 4 16 7 9 19 15 23 20 7 34 11 17 10 17 14 28 24 27 19 5 30 30 10 6 26 40 14 22 34 16 26 5 19 26 21 13 9 1 8 10 20 6 12 G P A 0 0 7 3 4 3 3 3 1 5 3 2 1 3 6 4 0 8 2 2 3 2 2 3 3 1 11 4 3 9 1 4 3 2 6 5 4 1 0 3 3 2 7 2 3 0 0 6 3 3 1 3 1 1 4 3 1 1 2 5 4 0 7 1 1 3 2 2 3 3 1 11 3 3 9 1 4 2 2 6 3 4 1 0 3 3 2 7 2 2 0 0 1 0 1 2 0 2 0 1 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 36 Anexo 4: Dados Clínicos: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Índice de Massa Corpórea (IMC) e o Valor da Glicemia de Jejum (mg/dl) das enfermas com câncer de endométrio. Caso No 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 HAS Ausente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente Ausente Ausente Presente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente Ausente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Ausente Presente Presente Presente Ausente Presente Ausente Presente Presente Ausente Ausente Ausente Presente Presente Ausente Ausente IMC 30,82 28,98 25,47 24,77 31,24 27,11 35,58 28,84 24,58 27,35 33,46 25,15 24,21 27,05 24,12 27,20 24,97 28,65 34,04 25,47 23,29 37,39 29,68 31,11 25,77 17,77 21,87 27,11 26,91 29,08 32,41 26,57 26,98 34,37 31,11 33,20 36,71 27,55 29,29 27,15 22,27 24,44 27,55 26,95 25,34 Glicemia de jejum 93 84 130 159 94 82 106 86 99 84 91 241 124 102 94 92 88 84 103 204 112 143 157 235 100 77 80 93 71 116 125 90 91 90 154 100 102 129 100 100 140 111 202 87 89 37 Anexo 5: Diagnóstico Anatomopatológico e Estadiamento Clínico-Cirúrgico das Pacientes com Adenocarcinoma de Endométrio. Caso No Número da lâmina 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 B93/8.625 B93/9.662 B93/11.278 B93/11.711 B94/4.636 B94/11.605 B95/10.045 B95/10.904 B95/12.993 B95/19.081 B96/12.867 B96/15.094 B96/16.992 B96/17.766 B97/656 B97/17.163 B98/1.022 B98/14.541 B98/17.246 B98/21.981 B99/5.228 B99/6881 B01-12530 B01-14369 B01-18651 B01-18816 B01-21662 B01-22453 B01-23356 B03-00987 B03-14689 B03-19803 B03-26792 B03-30535 B01-20544 B03-22720 B03-28421 B02-16746 B00-13456 B02-39361 B01-23352 B01-40704 B00-30897 B02-13071 B94/2.176 Diagnóstico Anatomopatológico Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma endometrióide Estadio Clínico IC G2 IIA G1 IB G1 IB G2 IB G2 IIIA G1 IC G1 IC G2 IIIC G1 IB G2 IC G1 IC G1 IC G1 IC G2 IC G1 IIA G1 IB G1 IB G2 IIB G2 IB G2 IB G2 IIB G3 IC G2 IC G1 IIIA G2 IB G2 IIB G2 IIIA G2 IIIA G3 IC G3 IC G1 IC G1 IB G1 IIIC G2 IC G2 IB G2 IC G1 IB G1 IC G1 IIIA G3 IIIB G3 IIB G2 IIB G3 IB G2 IB G1 Sobrevida (Meses) > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 60 60 >60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 50 > 60 15 > 60 > 60 38 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 > 60 60 > 60 24 > 60 > 60 38 Anexo 6: Técnica Imuno-histoquímica Para o método Imuno-histoquímico foram obtidos cortes histológicos de 4µm de espessura depositados em lâminas previamente tratadas com o adesivo 3aminopropyl-triethoxysilane (Sigma-USA) (Burns & Mcgee, 1988). As lâminas com os cortes foram levadas para a estufa a 60°C, por um período de 24 horas, para melhor adesão do tecido e desparafinização. Inicialmente realizamos a desparafinização em três banhos de xilol à temperatura ambiente por 5 minutos cada e passagem por três banhos de etanol absoluto por 1 minuto cada. As lâminas foram lavadas em água corrente por 5 minutos, e submetidas ao calor (recuperação antigênica) em panela a vapor, submersas em tampão citrato 10mM pH 6,0 por 30 minutos. Após resfriamento por 20 minutos à temperatura ambiente e posterior lavagem em água corrente por 5 minutos, foi realizado bloqueio da peroxidase endógena, utilizando-se solução de peróxido de hidrogênio a 3% em quatro banhos de 5 minutos cada. As lâminas novamente foram lavadas em água corrente por 5 minutos e posteriormente com tampão PBS pH 7,2 - 7,6, também por 5 minutos. A incubação com os anticorpos primários foi realizada em câmara úmida à temperatura de 4°C por um período mínimo de 16 a 18 horas (overnight). Foram utilizados os anticorpos primários: monoclonal mouse anti-human p53 protein (clone DO7-Dako) (1:100), monoclonal mouse anti-human p27kip1 protein (Clone SX53G8Dako) (1:100), monoclonal mouse anti-human p21wafi/cip1 protein (Clone SX118-Dako) (1:50). Após três lavagens em tampão PBS pH 7,2 - 7,6 foi realizada a incubação com o anticorpo secundário biotinilado (kit LSAB–Dako, Glostrup, Denmark) em câmara úmida, à temperatura ambiente, por 30 minutos. Posteriormente, após três lavagens em tampão PBS pH 7,2 - 7,6, foi realizada incubação com o complexo estreptavidina-biotina-peroxidase (kit LSABDako, Glostrup, Denmark) em câmara úmida à temperatura ambiente, por 30 minutos. Seguiram-se lavagens com tampão PBS pH 7,2 - 7,6 e revelação com 60 mg de Diaminobenzidina (DAB–Sigma, USA) diluído em 100 mL de PBS pH 7,2 - 7,6, 39 acrescido de 2 mL de peróxido de hidrogênio a 3% à temperatura ambiente, por 5 minutos. Após lavagem em água corrente por 3 minutos, realizou-se a contracoloração com hematoxilina de Harris por 1 minuto. As lâminas foram desidratadas em três banhos de etanol absoluto e três banhos de xilol e posteriormente montadas com lamínulas e resina Entellan (Sigma-USA) para análise em microscopia óptica comum. 40 Anexo 7: Declaração de aceite da revista São Paulo Medical Journal/Evidence for Health Care 41 Anexo 8: Artigo original PDF gerado em: 13/10/2010 as 15:52:47 Protocol: SPMJ000187/2010 (4th submission: January 31, 2011) Original article Canonical and noncanonical Wnt pathways: a comparison between endometrial cancer type I and atrophic endometrium in Brazil Vias Wnt canônica e não canônica: uma comparação entre o câncer endometrial tipo I e endométrio atrófico no Brasil Gynecological Oncology Sector, Department of Gynecology, Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil Autores Marina de Pádua Nogueira MenezesI, Celina Tizuko Fujiyama OshimaII, Levon Badiglian FilhoI, Thiago Simão GomesIII, Luis Fernando Mesias BarrezuetaIV, João Norberto StávaleII, Wagner José GonçalvesV I MD. Gynecologist and Gynecological and Obstetric Surgeon, Gynecological Oncology Sector, Department of Gynecology, Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil. MD, PhD. Adjunct Professor, Department of Pathology, Universidade Federal de São Paulo — II Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil. MSc. Biologist, Department of Pathology, Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de III Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil. IV MSc. Pathologist, Department of Pathology, Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil. V MD, PhD. Adjunct Professor, Head of the Gynecological Oncology Sector, Department of Gynecology, Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), São Paulo, Brazil. 42 KEY WORDS: Wnt proteins. Endometrial neoplasms. Women. Postmenopause. Endometrium. ABSTRACT CONTEXT AND OBJECTIVE: The Wnt pathway is involved in tumorigenesis of several tissues. For this reason, we proposed to evaluate Wnt gene expression in endometrial cancer type I. DESIGN AND SETTING: Cross-sectional study on materials gathered from the tissue bank of the Department of Pathology, Universidade Federal de São Paulo. METHODS: Endometrial specimens were obtained from surgeries performed between 1995 and 2005 at São Paulo Hospital, Universidade Federal de São Paulo. The material was divided in two groups according to tissue type: Group A, atrophic endometrium (n = 15); and Group B, endometrial adenocarcinoma (n = 45). We compared the immunohistochemical expression of Wnt1, Frizzled-1 (FZD1), Wnt5a, Frizzled-5 (FZD5) and beta-catenin between endometrial cancer type I and atrophic endometrium. RESULTS: Regarding Wnt1, FZD1 and Wnt5a expression, no significant association was observed between the groups. A significant association was observed between the groups in relation to FZD5 expression (P = 0.001). The proportion of FZD5-positive samples was significantly higher in group A (80.0%) than in group B (31.1%). Regarding the survival curve for FZD5 in group B, we did not find any significant association between atrophic endometrium and endometrial adenocarcinoma. We also did not find any significant association regarding beta-catenin expression (P = 1.000). CONCLUSION: FZD5 is downregulated in endometrial adenocarcinoma, in comparison with atrophic endometrium. PALAVRAS-CHAVE: Proteínas Wnt. Neoplasias do endométrio. Mulheres. 43 Pós-menopausa. Endométrio. RESUMO CONTEXTO E OBJETIVO: A via Wnt está envolvida na tumorigênese de diversos tipos de tecidos. Por esta razão, propusemo-nos a avaliar a expressão de genes da família Wnt no câncer endometrial tipo I. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal com coleta de materiais do banco de tecidos do Departamento de Patologia da Universidade Federal de São Paulo. MÉTODOS: Amostras endometriais foram obtidas de cirurgias que ocorreram entre 1995 e 2005 no Hospital São Paulo, Universidade Federal de São Paulo. Foram separados dois grupos segundo o tipo de tecido obtido: grupo A, com endométrio atrófico (n = 15); e grupo B, com adenocarcinoma endometrial (n = 45). Comparamos a expressão imunoistoquímica de Wnt 1, Frizzled-1 (FZD1), Wnt 5a, Frizzled-5 (FZD 5) e beta-catenina entre câncer endometrial tipo I e endométrio atrófico. RESULTADOS: Na expressão do Wnt1, FZD1 e Wnt5a, não observamos associação significante entre os grupos. Na expressão do FZD5, encontramos associação significante entre os grupos (P = 0,001). A proporção de positividade do FZD5 foi significantemente maior no grupo A comparado ao grupo B (31,1%). Em relação à curva de sobrevida para o FZD5 no grupo B, não tivemos associação significante entre endométrio atrófico e adenocarcinoma do endométrio. Também não observamos associação significante na expressão da beta-catenina (P = 1,000). CONCLUSÃO: FZD5 é downregulated no adenocarcinoma endometrial quando comparado ao endométrio atrófico. Corpo do texto INTRODUCTION The Wnt family has an important role in tumorigenesis and embryogenesis.1-5 Wnts are an evolutionarily highly conserved family of genes/proteins that act through three signaling pathways.6 The canonical pathway involves regulation of beta-catenin. Briefly, in the absence of Wnt signaling, a multiprotein complex, that includes adenomatous polyposis coli (APC), glycogen synthase kinase-3 (GSK3) and axin, ensures degradation of betacatenin, thereby limiting the free intracytoplasmic pool of beta-catenin. The presence of Wnt signaling through the Frizzled (FZD) receptor and the low-density lipoprotein receptorrelated protein 5 and 6 (LRP5/6) receptor complex inactivates GSK3 and causes its 44 dissociation from axin, thereby preventing phosphorylation of beta-catenin. The intracytoplasmic pool of beta-catenin thus increases, and it translocates to the nucleus, where it complexes with members of the T-cell factor/lymphocyte enhancement factor (LEF/TCF) family of transcription factors to mediate transcriptional induction of target genes such as cmyc, cyclin D, vascular endothelial growth factor (VEGF) and others.1-5 In noncanonical or planar cell polarity (PCP) signaling, Wn.t signaling is transduced through FZD, independent of LPR5/6. This pathway mediates cytoskeletal changes through activation of the small GTPases Rho and Rac. Another noncanonical Wnt signaling pathway is WntCa2+. Wnt signaling via FZD mediates activation of heterotrimeric G-proteins, which engage Dsh, phospholipase C calcium-calmodulin kinase 2 (CamK2) and protein kinase C (PKC). This pathway modulates cell adhesion and motility.7 A fourth Wnt signaling pathway can be envisaged, since Chen et al. demonstrated that adenylyl cyclase signaling via protein kinase A (PKA) and its target transcription factor cAMP-responsive element-binding protein (CREB) are required for Wnt-directed myogenic gene expression. They also showed that Wnt proteins can also stimulate CREB-mediated transcription.6,8 In relation to endometrial cancer, most of the studies that have linked Wnt signaling to this disease focused on the role of beta-catenin. However, other components of Wnt signaling have been highlighted in recent published papers. OBJECTIVE To investigate the role of the expression of the proteins Frizzled-1, Wnt5a, Frizzled-5 and beta-catenin on atrophic endometrial tissues and endometrial cancer, using immunohistochemical techniques on tissue microarrays obtained from postmenopause women. METHODS Endometrial specimens were obtained from some way operations performed between 1995 and 2005 in the Gynecological Oncology Sector of the Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp), from patients who underwent laparotomy to treat endometrial cancer or hysterectomy to treat benign disease. All tissue samples obtained in that period were included in the study (convenience sample limited by time). None of the patients had received any 45 preoperative therapy. We did not have any sample losses because this was a cross-sectional study. The patients were divided into two groups: Group A, atrophic endometrium (n = 15); and Group B, endometrial adenocarcinoma (n = 45). All the patients had menopausal status at the time of diagnosis. All the patients in group B had the endometrioid histological subtype of endometrial adenocarcinoma, of a variety of tumor grades. The cases of atrophic endometrium (group A) were compared with the endometrial cancer cases Group B, using parameters that avoided hormonal interference during the tissue analysis such as menopausal women. The clinical and surgical staging and histological typing were performed in accordance with the classification of the International Federation of Gynecology and Obstetrics.9 The study was approved by the Institutional Ethics Committee (Unifesp). RESULTS Most of the patients in group B were staged as IB and IC (Table 1). In all cases, expression of the markers was found practically only in the cytoplasm (Figure 1). Regarding Wnt1, FZD1 and Wnt5a expression, no significant association was observed between the groups. A significant association was observed between the groups in relation to FZD5 expression (P = 0.001). The proportion of FZD5-positive women was significantly higher in group A (80.0%) than in group B (31.1%). Regarding the survival curve for FZD5 in group B, we did not find any significant association between positive and negative women (Figure 2). No significant association was observed between beta-catenin expression and patient group, since the expressions for groups A and B were 100% and 95.6%, respectively (P = 1.000). DISCUSSION Canonical pathway Endometrioid endometrial adenocarcinoma is essentially connected with type I endometrial cancer, which in turn correlates with hyperestrogenism status. Hence, the key to understanding the role of Wnt signaling in type I endometrial cancer is to find the link between Wnts and estrogen signaling. Many authors have suggested that a mutation of beta- 46 catenin/CTNNB1 in the endometrium would lead to nuclear accumulation of beta-catenin and then result in uterine endometrioid cancer.1-3 Pijnenborg et al.3 found nuclear accumulation of beta-catenin in 38% of their endometrioid endometrial cancer cases, while Kariola et al. found 53% and Schlosshauer et al. found 47%.4,5 On the other hand, we found no difference in beta-catenin expression between cases of atrophic endometrium and endometrial cancer, since both groups stained almost equally in the cytoplasm. This may be explained by the fact that beta-catenin has a low level of association with endometrial cancer, compared with loss of PTEN (phosphatase and tensin homologue protein).6 Furthermore, it seems that PTEN mutations do not cause nuclear beta-catenin accumulation in endometrial carcinomas.7 It is possible that beta-catenin has a more important role in relation to precursor lesions than in uterine cancer itself. Hideyuki et al. found nuclear beta-catenin in 70% of their endometrial hyperplasia samples and 56.7% of their endometrial cancer samples. However, they also showed that nuclear staining of beta-catenin occurred in the midproliferative, late proliferative and early secretion phases of the normal endometrium during the menstrual cycle. Twelve out of 15 cases (80.0%) during these periods showed nuclear staining.8 All these findings are concordant with reports that correlate estrogens with the canonical Wnt pathway, thus suggesting that estrogens or estrogen receptors are capable of stimulating beta-catenin accumulation.10,11 Comparing lean and obese rats, Zhang et al. found that estrogen more strongly induced the antiproliferative genes retinaldehyde dehydrogenase-2 and secreted frizzledrelated protein-4 (a negative regulator of Wnt signaling) in lean rats, but had little or no effect on obese rats.12 Noncanonical pathway Both groups reached total staining for Wnt5a, and the proportion of FZD5-positive women was significantly higher in group A (80.0%) than in group B (31.1%). It is known that noncanonical signaling can inhibit canonical signaling through a variety of mechanisms.13 We suggest that because of the low proportion of FZD5 positivity in the adenocarcinoma group, the noncanonical signaling could not function properly and that this subsequently led to development of hyperplasia and cancer. Singleton et al. found that Wnt5a and FZD5 were downregulated by bisphenol-A (an 47 estrogen receptor agonist) and estradiol.14,15 These findings are concordant with the physiopathology of type I endometrial adenocarcinoma. Breast cancer is comparable with endometrial cancer in that it is also stimulated by estrogens. Jönsson et al. found that loss of Wnt5a protein expression was significantly associated with higher histological grade, recurrent disease, early relapse and death. 16 Similar findings have been reported by others.16-18 Recently, we advocated the idea that the noncanonical Wnt pathway has an important role in ovarian cancer and would lead to a worse prognosis. Furthermore, we advocated that beta-catenin would not play an important role in epithelial ovarian cancer.19 However, endometrioid ovarian cancer is an exception to this. This neoplasia has a molecular pattern similar to that of endometrial adenocarcinoma, with regard to the Wnt pathway. In fact, in this respect, we suggest that low activity of the noncanonical Wnt pathway would lead to type I endometrial adenocarcinoma. This would reflect the complexity of the Wnt pathway, in which the concepts of tumor suppressors and promoters are fickle. Although we did not find any difference between the groups regarding Wnt5a, others have found that it was downregulated in endometrial carcinomas, in comparison with normal tissue.20 Regarding the survival curve for FZD5, there was a tendency towards better prognosis for FZD5-positive women, but this association was not significant. This also strengthens the idea that the noncanonical Wnt pathway has a protective function in relation to endometrial carcinoma. The more we learn about the Wnt family and its interactions, the more we obtain new insights into old problems. CONCLUSION Wnts can produce different effects depending on the context. Here, we showed that FZD5 is downregulated in type I endometrial adenocarcinoma, compared with atrophic endometrium. REFERENCES 1. Fukuchi T, Sakamoto M, Tsuda H, et al. Beta-catenin mutation in carcinoma of the uterine endometrium. Cancer Res. 1998;58(16):3526-8. 2. Schlosshauer PW, Pirog EC, Levine RL, Ellenson LH. Mutational analysis of the CTNNB1 and APC genes in uterine endometrioid carcinoma. Mod Pathol. 48 2000;13(10):1066-71. 3. Pijnenborg JM, Kisters N, van Engeland M, et al. APC, beta-catenin, and E-cadherin and the development of recurrent endometrial carcinoma. Int J Gynecol Cancer. 2004;14(5):94756. 4. Kariola R, Abdel-Rahman WM, Ollikainen M, et al. APC and beta-catenin protein expression patterns in HNPCC-related endometrial and colorectal cancers. Fam Cancer. 2005;4(2):187-90. 5. Schlosshauer PW, Ellenson LH, Soslow RA. Beta-catenin and E-cadherin expression patterns in high-grade endometrial carcinoma are associated with histological subtype. Mod Pathol. 2002;15(10):1032-7. 6. Bansal N, Yendluri V, Wenham RM. The molecular biology of endometrial cancers and the implications for pathogenesis, classification, and targeted therapies. Cancer Control. 2009;16(1):8-13. 7. Wappenschmidt B, Wardelmann E, Gehrig A, et al. PTEN mutations do not cause nuclear beta-catenin accumulation in endometrial carcinomas. Hum Pathol. 2004;35(10):1260-5. 8. Nei H, Saito T, Yamasaki H, et al. Nuclear localization of beta-catenin in normal and carcinogenic endometrium. Mol Carcinog. 1999;25(3):207-18. 9. Pecorelli S, Ngan HYN, Hacker NF. Staging Classifications and Clinical Practice Guidelines for Gynaecological Cancers. Available from: http://www.figo.org/files/figocorp/docs/staging_booklet.pdf. Accessed in 2010 (Set10). 10. Hou X, Tan Y, Li M, Dey SK, Das SK. Canonical Wnt signaling is critical to estrogenmediated uterine growth. Mol Endocrinol. 2004;18(12):3035-49. 11. Kouzmenko AP, Takeyama K, Ito S, et al. Wnt/beta-catenin and estrogen signaling converge in vivo. J Biol Chem. 2004;279(39):40255-8. 49 12. Zhang Q, Shen Q, Celestino J, et al. Enhanced estrogen-induced proliferation in obese rat endometrium. Am J Obstet Gynecol. 2009;200(2):186.e1-8. 13. Ishitani T, Kishida S, Hyodo-Miura J, et al. 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Expression of the proteins Wnt1, Wnt5a, Frizzled-1 (FDZ1), Frizzled-5 (FDZ5) and beta-catenin in groups A and B. Figure 2. Survival curve for Frizzled-5 (FDZ5) in groups A and B. 52 BIBLIOGRAFIA 53 Bibliografia 1. Amant F, Moerman P, Neven P, Timmerman D, Van Limbergen E, Vergote I. Endometrial Cancer. Lancet. 2005; 366(9484): 491-505. 2. Soliman PT, OH JC, Schmeler KM, Sun CC, Slomovitz BM, Gershenson DM, Burke TW, Lu DH. Risk Factors for Young Premenopausal Women with Endometrial Cancer. 2005; 105(3): 575-580. 3. Kim SY, Suzuki N, Laxmi YRS, Shibutani S. Genotoxic Mechanism of Tamoxifeno in Developing Endometrial Cancer. Drug Metabolism Reviews. 2004, 36(2): 199-218. 4. Ministério da Saúde. Incidência do Câncer no Brasil. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2010/. Acessada em 10/09/2010. 5. Sociedade Americana do Câncer. Endometrial Cancer. Disponível em: http://www.cancer.org/Search/index?QueryText=endometrium. Acessada em 10/09/2010. 6. 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