Empresas Conflitantes com o Meio Ambiente: Como os funcionários lidam com a Dissonância Cognitiva acerca do tema de Sustentabilidade NATALIA NOGUEIRA Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-Rio [email protected] ANDREA CHERMAN Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RIo [email protected] Empresas Conflitantes com o Meio Ambiente: Como os funcionários lidam com a Dissonância Cognitiva acerca do tema de Sustentabilidade. Resumo: Esse estudo pretendeu investigar de que forma os funcionários de empresas que tem impactos maiores com o ambiente socioambiental percebem as ações de suas empresas a par da responsabilidade corporativa. Pretendeu-se também analisar de que forma esses funcionários lidam e pensam sobre esses impactos na sociedade. Foi utilizado uma pesquisa qualitativa e descritiva, na qual foram entrevistados em total nove funcionários de três organizações distintas. Concluiu-se que em empresas que permitem duvidar de seus processos e estão abertas à mudança, os funcionários possuem dissonância cognitiva; enquanto que em empresas que não tem essa abertura, os funcionários, em sua maioria, não possuem dissonância. Além disso, foi concluído que dissonância cognitiva não é uma característica totalmente ruim, pois é um catalisador de mudanças no ambiente. Palavras-chave: Sustentabilidade, Corporativa, Triple bottom line. Dissonância Cognitiva, Responsabilidade Social Abstract: This study investigated the way that employees of companies that have direct impact on the ecosystem perceive the actions of their respective company in regards to corporate sustainability. It was intended to also analyze in which ways the employees cope with the impacts that their respective company create in society. It was used a qualitative and descriptive research, in which, nine employees were interviewed from three different companies. It was concluded that employees in companies that are in constant questioning about their own process e are open to change are more susceptible to having cognitive dissonance; while in companies that are not that open, employees don’t have dissonance. Furthermore, it was concluded that having cognitive dissonance isn’t a bad characteristic, since it stimulates change. Keywords: Sustainability, Cognitive Dissonance, Corporate Social Responsibility, Triple bottom line. XVI ENGEMA 2014 1. INTRODUÇÃO Ao longo da História, a utilização de recursos naturais, que de acordo com a OMC é definido como “estoques de materiais existentes em ambiente natural que são escassos e economicamente úteis” (BARROS, 2013), tem crescido exponencialmente gerando uma crise mundial. A Conferência das Nações Unidas em 1972 foi um marco para o início da inclusão nas pautas de países desenvolvidos a relação e debate a respeito de desenvolvimento e o meio ambiente (SOBRINHO, 2008). No entanto, o conceito mais formal de “Desenvolvimento Sustentável” só aparece 15 anos mais tarde com o Relatório de Brundtland, este que tinha como objetivo principal dar uma nova perspectiva à ideia de desenvolvimento (SOBRINHO, 2008). As recomendações realizadas por esse relatório levaram o assunto de sustentabilidade para a pauta das agendas públicas não saindo mais até os dias atuais (ONUBR, 2013). A questão do desenvolvimento sustentável abrangeu não somente a questão ambiental mas também a questão da continuidade dos recursos naturais e colocou a sobrevivência de setores e empresas em risco. Com a sobrevivência em risco, empresas passaram a incorporar o conceito de sustentabilidade em seus negócios, surgindo, então o conceito de sustentabilidade corporativa. Esse conceito de acordo com Lins e Zylbersztajn (2010, p.15), “parte da constatação de que as atividades produtivas ou prestadoras de serviços geram externalidades, positivas e negativas.” As externalidades positivas são qualquer ação que tenha uma consequência positiva em relação ao desenvolvimento econômico e social de uma certa localidade. Em contrapartida, as negativas são todas as consequências que causem algum impacto degradante ao ambiente. (LINS e ZYLBERSZTAJN, 2010) A sustentabilidade corporativa expandiu o conceito de sustentabilidade, portanto, para dentro das empresas, fazendo com que as mesmas passassem a ter uma preocupação maior com o ambiente em que estão atuando e seus impactos, não somente pela a imagem que transparece para o mundo globalizado, mas também para assegurar a continuidade de suas respectivas atividades. Dentro do mundo empresarial, existem setores que suas atividades entram em maior conflito com o ambiente do que outros. Dentro dos setores possíveis, podemos citar o de mineração, o de petróleo e gás e o de fumo como principais setores conflitantes com práticas sustentáveis. Foram escolhidas empresas dentro desses três setores, tendo todas as três atuações global. Para diminuir esses impactos que elas mesmas causam ao ambiente devido ao seu processo produtivo conflitante, as empresas desenvolvem ações voltadas para a sustentabilidade em diversos níveis. No entanto, nem sempre o que é apresentado em seus relatórios é compatível com a realidade e indivíduos continuam a trabalhar e a sustentar as empresas que tecnicamente estão degradando o meio ambiente e acabando com os recursos mundiais de forma mais acelerada. Assim, deseja-se avaliar como os funcionários enxergam as ações tomadas por essas organizações e percebem a empresa como sendo responsavelmente socioambiental. Deseja-se também analisar se a atitude dos funcionários está de acordo com seus comportamentos e se existe alguma forma de dissonância entre essas variáveis quando o assunto é a sustentabilidade corporativa de suas respectivas empresas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Origem da Sustentabilidade A mesma se deu por volta dos anos 70 com a conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente. Essa conferência teve como principal ação mostrar ao mundo uma perspectiva global para a preservação e continuidade do ambiente e da raça humana (UN, 1972). A conferência tinha o intuito também de alertar os governos para que os mesmos pudessem colocar seus esforços na preservação e melhoria do ambiente para que as respectivas XVI ENGEMA 2014 populações pudessem se beneficiar. No entanto, só foi quinze anos depois que esse discurso foi ser adotado na esfera pública. O Tratado de Brudntland, desenvolvido em 1987, teve como principal característica abordar a questão de desenvolvimento sustentável para a esfera do discurso público. De acordo com a comissão o termo desenvolvimento sustentável é definido como “o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” (ONUBR, 2013). Essa conferência adotou a “Agenda 21”, na qual foi desenvolvido um programa de ação detalhado para “afastar o mundo do atual modelo insustentável de crescimento econômico” (ONUBR, 2013), e leválo em direção de atividades que protejam esses recursos ambientais que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das nações. A Conferência das Nações Unidas na década de 70 e o Relatório de Brundtland na de 80 colocaram em pautas tanto dos governos, como também introduziu o assunto de Sustentabilidade para as organizações, levando a adoção de medidas para um futuro com meta no desenvolvimento e medidas sustentáveis. 2.2 Responsabilidade Social Corporativa – Triple Bottom Line A responsabilidade social corporativa, ou governança corporativa, surgiu a partir das preocupações globais com o desenvolvimento sustentável e já pode-se afirmar que hoje em dia é “uma tendência mundial no mundo dos negócios [...] sobrevive a crises, por tratar-se de compromisso inexorável” (LINS, 2010, p.16). Hoje em dia, não basta somente ter foco nos resultados econômicos para se avaliar o desempenho de uma empresa, , precisa-se olhar também a questão de como a mesma lida e impacta os demais agentes de sua cadeia produtiva, ou seja, os stakeholders da organização. Com isto, surgiu a expressão criada por John Elkington do triple bottom line ou tripé da sustentabilidade, que expande a questão de sustentabilidade para o nível corporativo. Sendo mais específico, o triple bottom line diz respeito às pessoas, ao planeta e ao lucro, e implica mudanças nas culturas das organizações. Elkington (2004) afirma que para se atingir o objetivo do triple bottom line, é necessário uma mudança que englobe sete diferentes revoluções: os mercados, os valores, a transparência, o ciclo de vida do produto, as parcerias, o tempo e por último a governança corporativa. A primeira revolução, que está relacionada com o mercado, no qual os mesmos se revolucionarão para um ambiente de competição intensa, no qual as empresas serão desafiadas constantemente pelos seus consumidores a respeito do assunto de triple bottom line e o comprometimento da mesma com esse ideal. Com isso, pode-se relacionar a segunda revolução que trata dos valores, que são provenientes das pessoas em si e é algo que depende muito das situações e circunstâncias vividas pelos indivíduos. Os valores mudam a cada geração e por causa desse fator empresas são afetadas e aquelas que estavam em “chão sólido”, encontram-se desestabilizadas (ELKINGTON, 2004). A quinta revolução tem ligação com essa questão da desestabilização das corporações, no sentido de que as parcerias podem surgir entre empresas que antes nunca poderiam imaginar fazendo negócios juntas, mas que devido às mudanças acabam percebendo que é a melhor solução, pelo menos naquele momento. A terceira e quarta revoluções são interligadas, no qual a transparência irá ser influenciada imensamente pela globalização e com a rapidez com a qual a informação é transmitida em questão de segundos após o fato ter acontecido. Dessa maneira, stakeholders de todo lugar são capazes de analisar e demandar informações das corporações e também de realizar comparações com demais organizações. Um exemplo dessa revolução a respeito da transparência é o Global Reporting Initiative (GRI), que tem como base as empresas divulgarem seus resultados baseados no triple bottom line (ELKINGTON, 2004). A quarta revolução, que diz respeito ao ciclo de vida de seus produtos, está diretamente ligada à XVI ENGEMA 2014 transparência, pois cada vez mais as corporações precisam se preocupar com as tecnologias que utilizam na fabricação de seus produtos, pois estarão sendo analisadas pelos seus consumidores. Esse ciclo de vida diz respeito desde a matéria-prima até a destinação final e reciclagem dos produtos acabados. Por último, tem-se a sexta revolução, a do tempo, que é bastante contraditória e talvez a mais complicada de se conseguir ultrapassar. Em um século no qual a filosofia que cada vez mais estamos sem tempo e o tempo de ciclo de vida dos produtos está cada vez mais curto, o conceito do triple bottom line enfoca justamente no contrário, de que as organizações precisam atentar na duração de forma a atender ao longo prazo também. As organizações precisam atender o conceito de just in time, o qual é o cenário atual, porém precisam também ter em sus agendas objetivos de como ser sustentável por um prazo maior do que somente 2 ou 3 anos, não afetando gerações futuras. (ELKINGTON, 2004). Com as 7 revoluções em mente as organizações conseguirão chegar ao capitalismo sustentável. E de acordo com Elkington, para que as organizações possam adotar todos os itens do conceito de triple bottom line é necessário implementar essas questões exemplificadas nas revoluções no DNA das mesmas. (ELKINGTON, 2004). 2.3. Teoria dos Stakeholders A teoria dos stakeholders começou a ser discutida a partir de 1994 com o artigo de Edward Freeman “The politics of stakeholders theory: some future directions”. Essa teoria emergiu em contraposição com a teoria dos stockholders, cujo seu grande defensor é o economista Milton Friedman. A teoria de Friedman tem como visão a de que os gestores das organizações têm como objetivo final somente incrementar o retorno dos acionistas e sócios das mesmas e para tal devem somente agir com as forças “impessoais do mercado, que demanda eficiência e lucro” (MACHADO FILHO, 2011, p.3). Para Friedman as atividades de aumento de lucro das empresas estão condizentes com os direitos de propriedade dos acionistas e dessa maneira promove o bem estar social. Se os administradores passarem a se preocuparem com outros fatores além da geração de lucro para os acionistas, os mesmo podem entrar em conflito com os interesses da empresa, gerando um problema de agência, ou seja, um conflito entre o acionista (principal) e o gestor (agente). (MACHADO FILHO, 2011). Em contrapartida, a teoria dos stakeholders inclui outros agentes que são afetados pelo desempenho da empresa além dos acionistas e sócios, estes que são considerados como stakeholders primários nessa teoria. Os secundários envolvem a comunidade, consumidores, governo, funcionário, e todos os outros que tenham relação com a organização. A teoria dos stakeholders rejeita a teoria da separação, a qual assume que a parte econômica e ética de uma organização são completamente separadas e não tem envolvimento algum. A teoria defendida por Freeman (2004) parte do princípio que os valores de uma organização são uma parte do negócio e a forma como o mesmo é direcionado. A teoria de Freeman alega que qualquer que seja o objetivo final das corporações, os gestores das mesmas devem levar em consideração os interesses daqueles indivíduos que podem afetar e serem afetados por suas atividades. O modelo dos stakeholders vem crescendo mais nas organizações pois o lucro hoje em dia é um dos fatores para se medir o sucesso de uma empresa. As mesmas vêm adotando medidas para serem avaliadas em relação a aspetos sociais também além do econômico, como por exemplo, a participação no índice de sustentabilidade de Dow Jones (AGENCIA, 2013), no qual ter participação é fator de grande prestígio. 2.4. Comportamento Organizacional e Dissonância Cognitiva De acordo com Robbins (2010), comportamento organizacional pode ser definido como “um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura XVI ENGEMA 2014 organizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações” para que se possa realizar melhorias dentro dessa mesma organização. Esse estudo ao qual se faz referência é a respeito de o que as pessoas fazem nas organizações e qual a medida que essas ações dentro da empresa afetam o desempenho da mesma. (ROBBINS, 2010). Dentro da teoria de comportamento organizacional é possível identificar alguns aspectos para justificar determinadas atitudes e comportamentos; como por exemplo, a dissonância cognitiva. Robbins (2010, p.66) aborda o tema de dissonância cognitiva a partir da definição de atitude, na qual a mesma é definida como “afirmações avaliadoras, as quais refletem uma predisposição individual com relação a alguma situação ou fenômeno”. As atitudes possuem três componentes, a cognição, o afeto e o comportamento. O comportamento é o que se encontra diretamente ligado com a dissonância cognitiva; pois a mesma é a reflexão da incompatibilidade entre o a atitude e o comportamento. Um dos primeiros pontos abordados por Festinger (1957) é que normalmente existem consistências entre as atitudes e seus comportamentos. No entanto, muitas vezes acontecem inconsistências e os comportamentos não condizem com o pensamento dos indivíduos sobre determinado assunto (atitude), e então surge a dissonância cognitiva. Ele traduz a dissonância como “a existência de relações que não se encaixam umas com as outras” (1957, p. 203), no qual a dissonância cognitiva é uma condição antecedente que leva às ações para a diminuição da contradição em si. Festinger (1957) aponta duas maneiras pelas quais a dissonância pode diminuir, ou seja, ser reduzida pelos indivíduos. A primeira acontece quando o indivíduo muda de opinião (atitude) para que a mesma passe a entrar em acordo com o que fez (comportamento) ou disse (atitude), ou seja, uma busca de alinhamento entre esses dois fatores. A segunda forma ocorre quando a recompensa ou punição que foi dada ao indivíduo para que fizesse ou falasse algo contrário à sua opinião se tornasse maior, ou seja, quanto maior for esse fator de recompensa ou punição, menor será a magnitude da dissonância (FESTINGER, 1957). Robbins (2010), ainda à luz da abordagem realizada por Festinger (1957), explica que os indivíduos tendem a reduzir essas incompatibilidades e ter a maior congruência possível entre suas atitudes e comportamentos. Essa forma de diminuição da dissonância pode ocorrer através de: Justificativas dadas pelos os indivíduos para determinadas atitudes diferirem de seu pensamento; Racionalização, onde o indivíduo com o objetivo de diminuir a dissonância realiza uma análise entre os benefícios e malefícios de suas atitudes. Entrando um pouco mais na relação da atitude-comportamento dentro do ambiente organizacional, é possível focar em três aspectos principais; satisfação com o trabalho, envolvimento com o mesmo e comprometimento organizacional. O aspecto de satisfação no trabalho é possível afirmar que a maioria das pessoas que se dizem satisfeitas com seu trabalho, tem oportunidades de treinamento, variedade, independência e controle, além de ter um ambiente de trabalho agradável e boa interação com seus colegas (ROBBINS, 2010). Em relação ao envolvimento com o trabalho, pode-se afirmar que quanto maior a pessoa se identifica com seu trabalho e o considera importante para o seu desenvolvimento, maior será sua atitude positiva a respeito do mesmo (ROBBINS, 2010). Por último, o comprometimento organizacional é “o grau de identificação que o trabalhador tem com uma empresa e seus objetivos e o desejo de manter-se como parte dela” (ROBBINS, 2010, p. 70). Pode ser avaliada de três maneiras diferentes: afetivo, instrumental e normativo. O afetivo é quando se tem uma relação emocional com a empresa e acredita nos valores que a mesma prega. O instrumental é quando se tem a percepção de que a permanência na organização tem um impacto econômico maior do que deixa-la. E a instrumental reflete a permanência em uma XVI ENGEMA 2014 empresa devido a sentimentos fortes morais e éticos de que permanecer é o comportamento correto, pois se a deixar, estaria deixando a mesma em desvantagem (ROBBINS, 2010). É possível afirmar que a relação da atitude e comportamento tem alta relevância não somente na esfera pessoal mas também organizacional. 3. METODOLOGIA Essa pesquisa possui natureza qualitativa, descritiva, para analisar as três empresas que operam com produtos polêmicos e chegar a uma conclusão referente às consequências das práticas socioambientais sobre os indivíduos no trabalho. Foi utilizado o critério de intencionalidade, pois as empresas escolhidas têm claramente procedimentos ou produtos finais conflitantes com o ambiente socioambiental e fornecem discursos e recursos para evitar que sua imagem fique ruim perante seus stakeholders, sendo que essas ações fazem com que os funcionários continuem a trabalhar nessas empresas. Os sujeitos da pesquisa foram os funcionários das empresas em questão, com cargos e perfis distintos, conforme quadro 1. A primeira fase de pesquisa foi feita por meio de fontes bibliográficas e documentais e a segunda foi a realização de pesquisa documental, visando levantar e analisar as políticas e práticas de sustentabilidade das empresas. Com base nos conteúdos dessas duas etapas, foi desenvolvido o roteiro de entrevista semiestruturada. As entrevistas foram gravadas e transcritas para posterior análise de conteúdo. Elas foram realizadas no ambiente de trabalho dos entrevistados e tiveram duração média de doze minutos. Foram também anotadas observações após o final da gravação, acerca de questões que entrevistados mencionaram. Após a transcrição, foram geradas trinta e quatro páginas de conteúdo para análise. Quadro 1: Sujeitos da Pesquisa Fonte: Desenvolvido pelos autores Sujeitos P1 P2 P3 P4 M1 M2 T1 T2 T3 Cargo Formação Senior Buyer Engenharia de Produção Manager Latam C&P Administração Relacionamento com ONGs Engenharia Elétrica In Country CP Lead Engenharia Mecânica Buyer Administração Buyer Engenharia de Produção Finanças Engenharia de Produção Planejamento Financeiro Economia Diretora RH Psicologia Sexo Idade Tempo de Empresa Feminino 28 7 Feminino 32 13 Masculino 47 23 Masculino 45 21 Feminino 36 7 Feminino 35 2 Masculino 28 4 Masculino 28 3 Feminino 45 2 4. ANÁLISE 4.1. Petroleira S.A Um dos primeiros elementos para se analisar nos entrevistados da Petroleira S.A é a definição de sustentabilidade corporativa para eles. Em geral, a definição dos quatro entra em consonância com parte da definição do termo triple bottom line de Elkington (2004). Todos os entrevistados comentaram em algum momento a importância da organização encontrar meios para devolver algo para a sociedade ao mesmo tempo que busca o retorno financeiro. Abaixo um dos entrevistados resume o que os outros três mencionaram em suas próprias definições: “[...] Eu vejo a sustentabilidade um pouco mais ampla, a capacidade de você fazer o seu negócio, tocá-lo, […] com o menor impacto possível e pensando em como você agrega àquele ambiente coisa positiva.” (P4) O segundo elemento que pôde-se observar foi que todos se possuem uma relação afetiva com a empresa, ou seja, todos os participantes têm uma relação emocional com a empresa. XVI ENGEMA 2014 Podemos chegar a essa conclusão através do tempo de empresa que cada entrevistado tem, chegando até 23 anos, tendo todos começado na empresa como estagiários. “A transparência da Petroleira S.A é uma coisa que me agrada – nunca ninguém me disse o que eu teria que dizer – então não posso dizer que nos 23 anos que estive aqui que alguma vez me senti mal” (P4) Outro fator possível identificar foi que todos os entrevistados possuem dissonância cognitiva, ou seja, seus pensamentos diferem de suas atitudes: “[...] Mas é, não me sinto bem, eu estou nesse negócio não é para você poluir o meio ambiente, é para trazer energia e contribuir para o desenvolvimento mesmo da nossa sociedade, não é para trazer esse tipo de impacto” (P1) “Eu por exemplo, tenho um filho de 5 anos, imaginar que mundo é esse quando ele for adulto e os filhos dele, então assim eu tenho uma crença pessoal que buscar uma forma mais sustentável no modelo de vida, não só na Petroleira S.Aé o caminho certo.” (P2) No entanto, a maneira como lidam com a dissonância difere. Dois dos quatro entrevistados utilizam a forma de justificativa para tentarem diminuir a dissonância, como podemos perceber através das afirmativas abaixo: “[...] A única coisa que me conforta é que tudo o que está dentro do meu alcance aqui eu faço, mas existem esses impactos muitos maiores que eu não posso fazer nada daqui.” (P1) “[...] uma empresa de óleo e gás, e combustível fóssil da maior parte, não é uma coisa que possa se dizer sustentável, mas dento de suas operações, ela busca melhorar os seus processos para que os seus impactos sejam cada vez menores [...]” (P4) Os outros dois entrevistados também tiveram aspectos de justificativa, porém a maneira que mais se pôde observar para lidar com a dissonância foi através da racionalização, ou seja, a análise entre os benefícios percebidos da empresa e seus malefícios para se conseguir diminuir a dissonância existente. Abaixo seguem afirmações onde pode-se observar essa racionalização: “[...] Eu acho que riscos são inerentes a qualquer coisa que o ser humano faça." [...] Incidentes ocorrem. Uma coisa que eu tenho muito orgulho é HSSE [Health, Safety, Security, Environment]. Ela tem isso como uma bíblia em tudo o que a gente faz, seja no escritório, dentro de uma planta, exploração em aguas profundas. [...] Quando acontece (acidentes) é ruim mas não é só ruim para mim como funcionária Petroleira S.A, mas para qualquer ser humano que vê um impacto na natureza ou qualquer outro incidente." (P2) “[...]A Petroleira não é uma empresa perfeita, como nenhuma é, mas corporativamente ela tem no DNA a parte de HSSE*. [...] Então eu acho que existe evidentemente dentro da área de óleo e gás um pouco de sensacionalismo de eventuais acidentes que possam acontecer." (P3) “Analogia com paciente com câncer: o paciente é submetido a um tratamento pesado que ira danificar seu organismo mas no final é para um bem maior. Petroleira S.A tira do ambiente mas o que devolve é mais do que tira.“(P3 – nota tomada após a gravação) Com base nessas quatro entrevistas é possível concluir que os funcionários da empresa Petroleira S.A estão a par da questão de sustentabilidade corporativa, como também sabem dar exemplos concretos de ações que a empresa, como um todo, toma e que entram em concordância com o discurso praticado pela a mesma em seu relatório de sustentabilidade. Todos vivem com a dissonância e encontram maneiras diferentes de viver com a mesma, pois existe um comprometimento organizacional afetivo. Foi possível perceber também uma sinergia entre o discurso dos funcionários entrevistados e aquele praticado no relatório de sustentabilidade da mesma, como podemos identificar através dos trechos retirados do relatório a seguir: “A Petroleira S.A trabalha para ajudar a atender à crescente demanda por XVI ENGEMA 2014 energia de forma responsável. Isso significa operar com segurança, minimizando o impacto sobre o meio ambiente” (PETROLEIRA, 2012, p.3) 4.2. Tabagista S.A. Dentre os entrevistados da Tabagista S.A. foi possível perceber que predominantemente existe um laço instrumental com a empresa, pois os três afirmaram que escolheram a empresa por oferecer vantagens diferenciadas do que outras empresas no mercado. Todos também apresentaram a mesma característica de não saber definir o que é sustentabilidade corporativa, tendo suas respostas variado em “empresa ser responsável e coerente com o que está propondo” (P1) e “empresa ser resiliente e conseguir atravessar barreiras de mercado e conseguir de forma sustentável, com o meio ambiente e a sociedade, se manter a longo prazo” (P2). Esta última, é a que mais se aproxima daquela do triple bottom line, no qual a sociedade é um dos tripés e de importante função para a sustentabilidade. Em relação à dissonância, foi possível identificar que dois dos três entrevistados não possuem dissonância, ou seja, os respectivos discursos são coerentes com seus comportamentos. Os dois entrevistados não vivem a dissonância, pois não veem problema em trabalhar em uma empresa no qual o produto final é maléfico para a saúde dos consumidores e da sociedade de maneira indireta. Acreditam que a empresa tem práticas sustentáveis e que seu produto é como qualquer outro produto que a sociedade deseja, não se deixando incomodar por seus malefícios. Através das afirmações abaixo é possível perceber e comprovar a análise supracitada: “[...]Então as pessoas que estão de fato cientes de tudo, se elas optam por fumar, nos estamos aqui para oferecer o melhor produto possível, melhor qualidade e que tenha níveis de emissões controlados de elementos, substâncias e controle de qualidade para quem esta ciente do o que quer fazer. [...]” (T2) “[...]Eu sou bastante pragmático nessas questões. Acho o seguinte, eu avisei, [...] ao ponto que avisei que o fumo sim, pode trazer mal as pessoas - Eu não posso fazer propaganda, eu trabalho no ponto de venda, tem no pack a questão do alerta... então, fuma quem quer. Acho que é uma proposta justa para a sociedade [vender cigarro] [...] É uma empresa como outra qualquer e até com práticas mais interessantes para a sociedade do que outras.” (T1) Foi identificado que na terceira pessoa entrevistada a dissonância está presente em seu discurso, pois não pareceu completamente confortável com o produto final e sabe de suas implicações. No entanto, consegue encontrar justificativas para continuar a trabalhar na organização, sendo essa a maneira predominante da mesma diminuir a distância entre sua atitude e comportamento. Abaixo é possível perceber a justificação: “Se eu comparar esse produto com produtos de outras empresas que já trabalhei, ele não é um produto que você vá brigar por ele no mercado, mas a Coca-Cola também não é, o McDonalds também não é, a bebida alcoólica também não é. O que eu acho é: a gente traz hoje... é que tentamos regulamentar para que esse produto não ofereça um dano maior à saúde.” (T2) A partir das três entrevistas com os funcionários da Tabagista S.A. e de uma análise em seu relatório de sustentabilidade, é possível concluir que os discursos entre funcionários e empresa estão alinhados, já que os funcionários foram capazes de dar exemplos concretos de ações realizadas pela a sua empresa, sendo esses exemplos os mesmos citados no relatório “Nós estamos comprometidos em realizar o negócio de uma maneira que atenda às expectativas da sociedade atual, mantendo os altos padrões de conduta corporativa e sendo honestos e transparentes com nossos stakeholders. Nós apoiamos evidências baseadas na regulação com claros objetivos voltados para a saúde pública, algo que também é alvo de consequências não planejadas.” (TABAGISTA S.A, 2012, p.10). Além disso, foi possível identificar que dois dos entrevistados não possuem a dissonância cognitiva em seu dia-a-dia e podemos inferir que o motivo disso é pela a empresa XVI ENGEMA 2014 Tabagista S.A dar razões aos seus funcionários acerca do tema controverso. Em seu relatório foi encontrado um trecho que exemplifica bem essa ação da Tabagista S.A; “Nós sabemos que fumar causa divisão de opiniões e sabemos também que muitas pessoas, ainda assim, escolhem continuar fumando. Nós queremos oferecer para essas pessoas alternativas significantemente menos arriscadas à saúde do que os cigarros convencionais.” (TABAGISTA S.A, 2013, p.11). Pode-se concluir que a empresa Tabagista S.A., em seu relatório de sustentabilidade, dá aos seus funcionários as respostas para as questões polêmicas de seu negócio, inferindo-se que aqueles que entraram mais cedo na empresa, como estagiários e trainees, não possuem dissonância. Porém, a terceira pessoa entrevistada, mesmo possuindo dissonância, por não pensar que a atividade de sua empresa seja sustentável, acredita nos valores da Tabagista S.A e tem o discurso também alinhado com o da empresa em outras questões além das já mencionadas acima. 4.3. Mineradora S.A. Através das entrevistas junto aos funcionários da Mineradora S.A. foi possível perceber que o comprometimento organizacional foi predominantemente instrumental. No primeiro caso, o motivo escolhido para selecionar a empresa foi a proximidade com a residência. A motivação de continuar na mesma encontra-se no “enquanto a empresa tiver algo a ensinar”. No segundo caso, o motivo de escolher a Mineradora S.A. foi pela fato da mesma ser uma grande organização, onde a entrevistada teria maior chances de crescimento. Outra observação importante a ser feita a respeito de ambas entrevistas é que nenhuma das entrevistadas soube definir o termo sustentabilidade corporativa. A primeira não definiu o termo e a segunda definiu como “fazer com que seu negócio ande de uma maneira onde os ciclos se completem sem que você tenha desperdício” (M2), distanciando-se bastante da definição de Elkington (2004) a respeito do termo de triple bottom line. Um terceiro fator analisado foi que ambas as entrevistadas não possuem dissonância cognitiva. Foi possível chegar-se a essa conclusão porque foi perceptível que as ações que as mesmas tomam em seu dia-a-dia são feitas devido à legislação existente que a empresa precisa cumprir. Outro fato para se chegar à essa conclusão é que uma das entrevistadas afirmou não querer que aconteça nenhum desastre ou acidente para que não o tenha associado a sua imagem profissional, por trabalhar na empresa e como consequência tornar-se parte do evento: “[ ...] quando você vê alguma coisa negativa associada a sua empresa é ruim, você acaba absorvendo aquilo como se você fosse parte também. [...] eles procuram controlar um pouco mais as questões do meio ambiente em si até porque a legislação é muito forte” (M2). Outro exemplo da não existência dissonância foi ambas não demonstrarem incômodo sobre a questão da empresa exaurir o meio ambiente e criar comunidades carentes após o término de suas atividades, conforme segue afirmação abaixo. “Eu conheço alguns lugares que, quando acabar a exploração de minério, vai virar comunidade carente. Por um lado é o jogo né, por outro a gente tenta fazer com que as pessoas que moram ali não sejam tão dependentes. [...] Faz parte do jogo. Todo negócio tem seus prós e contras. O petróleo explora, o cigarro mata [...]” (M1) Além de identificar que as duas entrevistadas da Mineradora S.A. não possuem dissonância e que não entendem acerca do assunto de sustentabilidade corporativa, foi perceptível que nenhuma conseguiu dar nenhum exemplo concreto de ações que a empresa realiza em torno do tema. Mencionaram de forma bastante geral o que a empresa realiza e esse discurso entra em consonância com o percebido no relatório de sustentabilidade da Mineradora S.A. Como podemos ver na frase a seguir, o seu discurso é feito de maneira bastante ampla, sem nenhum exemplo concreto das ações mencionadas: “influenciar sua XVI ENGEMA 2014 cadeia de valor na promoção dos direitos humanos, com a finalidade de estreitar o relacionamento com as comunidades, entendendo suas necessidades e diversidade cultural, entre outras características. Nosso foco está de acordo com o compromisso da empresa de deixar um legado positivo à sociedade e de dedicar esforços para obter e manter sua licença social para operar. Isso se dá pela busca constante das melhores práticas de gestão socioambiental, passando pela governança, ética e relacionamento com as partes interessadas” (MINERADORA S.A., 2012, p. 11). Esta conclusão é similar a de Turano (2012), em sua monografia e artigo acerca do discurso de sustentabilidade da Mineradora S.A. No quadro 2, encontra-se de forma consolidada as principais conclusões analisadas a partir das entrevistas. Os sujeitos da Petroleira foram classificados como P1, P2, P3 e P4; os da Tabagista de T1, T2 e T3; e os da Mineradora como M1 e M2. 4.4. Sustentabilidade, Comportamento Organizacional e Dissonância De acordo com Robbins (2004), a definição de comportamento organizacional e como os funcionários são impactados e impactam a organização encontra alinhamento com a questão da sustentabilidade e do comportamento dos indivíduos por meio da dissonância cognitiva. São os indivíduos que compõe a organização e tem grande influência na forma como ela é vista por seus stakeholders. Dentre as diferentes relações que os funcionários podem ter com a organização, as duas maneiras predominantes entre os entrevistados foi a relação de comprometimento afetivo e a instrumental. Propõe-se que, a partir da análise feita da relação entre comprometimento e dissonância cognitiva, quanto mais instrumental é a relação do funcionário com a empresa maior é a chance desse indivíduo não possuir dissonância cognitiva. Como exemplo, podemos citar M1 e T1: “É uma empresa que eu tenho muito a aprender ainda, então enquanto eu tiver o que aprender vou ficar sim” (M1). “Eu acho que é uma empresa como outra qualquer e até com práticas mais interessantes para a sociedade do que outras” (T1). Por outro lado, quanto maior o comprometimento do funcionário for afetivo, maior as chances dos indivíduos possuírem dissonância cognitiva. Um exemplo dessa relação de afeto está na seguinte frase da entrevistada da Petroleira S.A: “Hoje em dia para eu considerar uma mudança de carreira, ou seja, sair da Petroleira S.A tem que ser uma proposta que me encante muito. A Petroleira S.A em todos os sentido é uma empresa que me emociona.” (P2) Outro aspecto que podemos observar em relação à sustentabilidade e à dissonância é que as empresas, através de suas comunicações tanto internas quanto externas, influenciam seus funcionários sobre suas práticas. Através dos respectivos relatórios de sustentabilidade foi perceptível o posicionamento de cada empresa em relação ao tema. E pelas narrativas, vemos que seus funcionários seguem a mesma linha de pensamento e de discurso. Por exemplo, os funcionários da Petroleira S.A todos possuem dissonância, pois a mesma tem um posicionamento de não ser sustentável e de admitir que seu negócio possui riscos que impactam o meio ambiente de forma negativa; e por se posicionarem dessa maneira, seus funcionários acabam também adotando o mesmo discurso e não sentem problema em admitir que não se sentem confortáveis com o impacto da atividade no meio ambiente como um todo, mas que sempre buscam melhorar suas práticas no alcance de suas decisões. A Tabagista S.A, por outro lado, em seu relatório de sustentabilidade transmite a ideia de que seu produto final é danoso, porém melhor do que seus concorrentes, por conter menor XVI ENGEMA 2014 Definição Sustentabilidade Narrativa de Dissonância Empresa cumprindo papel em P1 Justificativa manter mundo sustentável. Modelo de trabalho onde todas suas práticas, comportamentos e diretrizes são fundamentadas em P2 estar buscando soluções que vão dar Racionalização o menor impacto no ambiente e na sociedade na qual você está inserido. Sustentabilidade sob o ponto de vista técnico da minha visão, trabalha de uma maneira que você tem que ter investimentos P3 suficientes para que você descubra Racionalização as maneiras mais eficientes para que você faça com que a alteração que você causa no meio ambiente seja a menor danosa possível. Eu vejo a sustentabilidade um pouco mais ampla, a capacidade de você fazer o seu negócio, tocá-lo, P4 seja industrial, seja de serviço com Justificativa o menor impacto possível e pensando em como você agrega àquele ambiente coisa positiva. Comprometimento Organizacional Afetivo Petroleira SA "A única coisa que me conforta é que tudo o que esta dentro do meu alcance aqui eu faço, mas existem esses impactos muitos maiores que eu não posso fazer nada daqui. Afetivo "Eu acho que riscos são inerentes a qualquer coisa que o ser humano faça." "Incidentes ocorrem. Uma coisa que eu tenho muito orgulho da Petroleira S.A, é HSSE. Ela tem isso como uma bíblia em tudo o que a gente faz, seja no escritório, dentro de uma planta, exploração em aguas profundas, então para evitar qualquer derrame, qualquer incidente maior." "Quando acontece é ruim mas não é só ruim para mim como funcionária Shell mas para qualquer ser humano que vê um impacto na natureza ou qualquer outro incidente." Afetivo " quando eu vejo ela envolvida em alguma questão ambiental, eu me sinto mal, constrangido, e penso sempre na forma como eu poderia fazer para tentar auxiliar de alguma maneira, não só para reverter o acidente propriamente dito, mas no curto espaço de tempo reverter a imagem negativa que isso gera." "A Petroleira não é uma empresa perfeita, como nenhuma é, mas corporativamente ela tem no DNA a parte de HSSE." "Então eu acho que existe evidentemente dentro da área de óleo e gás um pouco de sensacionalismo de eventuais acidentes que possam acontecer. A imprensa tem que ser livre para publicar, mas existe desconhecimento em relação como as coisas funcionam." Analogia com paciente com câncer: o paciente é submetido a um tratamento pesado que ira danificar seu organismo mas no final é para um bem maior. Petroleira tira do ambiente mas o que devolve é mais do que tira. Afetivo uma empresa de óleo e gás, e combustível fóssil da maior parte, não é uma coisa que possa se dizer sustentável, mas dento de suas operações, ela busca melhorar os seus processos para que os seus impactos sejam cada vez menores [...] o produto que ela traz ainda é impactante, mas a atividade dela não é impactante Acho que é a empresa ser responsável e ser realmente T1 coerente com o que ela esta propondo não possui dissonância Instrumental Sustentabilidade é a empresa ser T2 resiliente, conseguir atravessar variações de mercados, conseguir não possui dissonância Instrumental XVI ENGEMA 2014 Citação Tabagista SA Eu sou bastante pragmático nessas questões. Acho o seguinte, eu avisei, ao ponto que avisei que o fumo sim, pode trazer mal as pessoas. Eu não posso fazer propaganda, eu trabalho no ponto de venda, tem no pack a questão do alertam então assim, fuma quem quer. Acho que é uma proposta justa para a sociedade (vender cigarro) / acho que é uma empresa como outra qualquer e até com práticas mais interessantes para a sociedade do que outras. Então as pessoas que estão de fato ciente de tudo, se elas optam por fumar, nós estamos aqui para oferecer o melhor produto possível, melhor qualidade e que tenha níveis de emissões controlados de elementos, substancias e controle de qualidade para quem está ciente do o que de forma sustentável com o meio ambiente e a sociedade se manter a longo prazo. Hoje passa por essa questão de regulamentação do tabaco, é basicamente uma questão polemica para a sociedade e que nos estamos T3 justificativa sofrendo alguns ataques da mídia, do governo sem, eu acho, eles entenderem um pouco o outro lado da moeda. M1 não definiu Não possui dissonância Sustentabilidade a gente entende como fazer com que seu negocio Não possui M2 ande de uma maneira onde os ciclos dissonância se completem sem que você tenha desperdício Quadro 2: Síntese da Análise Fonte: Desenvolvido pelos autores XVI ENGEMA 2014 Instrumental Instrumental Instrumental quer fazer. / Não nenhuma. E eu tive na família uma pessoa que morreu com AVC e já tinha sofrido aneurisma quando criança e o medico disse para ela que uma das coisas que enrijecem o vaso sanguíneo é fumar e ela continuou fumando. E da para falar que a companhia é culpada? Não da, são as pessoas, são as opções de vida. Eu quando entrei aqui olhei muito mais os valores da organização, o respeito que ela tem e a ética [...]Se eu comparar esse produto com produtos de outras empresas que já trabalhei, ele não é um produto que você vá brigar por ele no mercado, mas a Coca-Cola também não é, o McDonalds também não é, a bebida alcoólicatambémnão é. O que eu acho é a gente traz hoje é que tentamos regulamentar para que esse produto não ofereça um dano maior à saúde. / A escolha de fumar é do consumidor, o que a gente faz é tentar colocar o melhor produto na linha de frente para ele. E ao mesmo tempo, deixar que algumas famílias que vivem disso, da plantação de tabaco consigam sobreviver, pois o tabaco é como se fosse agricultura. O produto final pode ser o cigarro, mas a planta tabaco é um agricultor que esta cultivando e sobrevivendo daquilo como se ele fosse plantar batata, cenoura... / Mineradora SA Não vou te dizer que a Mineradora S.A sempre foi super sustentável, mas em suprimentos buscamos ter empresas locais, fomentar o desenvolvimento dessas empresas. / A gente tem essa preocupação, de não ter empresas que dependam 100% da gente, pois já quebramos algumas empresas no passado. / Eu conheço alguns lugares que quando acabar a exploração de minério vai virar comunidade carente, por um lado é o jogo né, por outro a gente tenta fazer com que as pessoas que mora ali não sejam tão dependentes. / Faz parte do jogo. Todo negócio tem seus prós e contras. O petróleo explora, o cigarro mata... / Eu me sinto fazendo o mais correto que eu posso, mas é obvio que as vezes acontece, é o Brasil, a gente e um pais subdesenvolvido e esta crescendo em uma região super complicada e tem que entender que o jogo é esse. É muito ruim ne, assim, eu tenho 7 anos de Vale, difícil não criar uma identidade, então quando você vê alguma coisa negativa associada a sua empresa é ruim, você acaba absorvendo aquilo como se você fosse parte também. / eles procuram controlar um pouco mais as questões do meio ambiente em si até porque a legislação é muito forte. porcentagem de substâncias prejudiciais à saúde. Também propõe que está oferecendo ao mercado o que ele deseja, o que se alinha com o discurso de seus funcionários de que ‘a decisão de fumar é do cliente’. Já Mineradora S.A difere ainda mais das empresas mencionadas, no sentido de seu relatório ser bastante amplo, não exemplificando de maneira concreta suas práticas voltadas para a sustentabilidade corporativa. Também tem um posicionamento forte de ser uma empresa que se preocupa com os aspectos relacionados à sustentabilidade e ao conceito de triple bottom line, no entanto, isso não condiz com o discurso de seus funcionários que admitem saber de práticas que vão contra a ideia de sustentabilidade. A forma como a empresa se posiciona em relação ao tema de sustentabilidade tem forte influência sob seus funcionários e na maneira como os mesmos se posicionam sobre o tema, entrando em concordância com o discurso empresarial. Quando a organização não vive a dissonância, seus funcionários tendem a não viver a dissonância, como é o caso da Tabagista S.A e Mineradora S.A, onde as mesmas não estão abertas a questionamentos. Por outro lado, quando a organização é mais aberta e mais disposta a repensar o que está fazendo, a mesma se permite ter dissonância e como consequência permite que seus funcionários tenham ambiguidade em seus discursos também; este que é o caso da Petroleira S.A. Como conclusão, ter dissonância cognitiva não é algo negativo, pois quando se permite questionamento a respeito das práticas que não estão de acordo com o pensamento, se abre caminho para gerar e aceitar as mudanças vindas do ambiente. 5. CONCLUSÃO Uma primeira conclusão acerca do trabalho realizado foi que a maioria dos entrevistados não sabem o significado de sustentabilidade corporativa e toda sua abrangência. O termo ainda se encontra muito mais conectado com o meio ambiente em si, do que com os outros dois elementos que compõem o triple bottom line. As empresas que já utilizam esse conceito em seu negócio deveriam ter uma maneira melhor de transmitir isso para junto de seus stakeholders, não somente com o relatório de sustentabilidade que é divulgado somente uma vez ao ano, mas possivelmente através de ações ao longo do ano. Um segundo resultado foi que as empresas transmitem um determinado discurso para seus funcionários. Essa característica foi visível nas três empresas analisadas, já que o discurso dos funcionários entrava em concordância com o discurso praticado pela a empresa em seus respectivos relatórios de sustentabilidade. Foi possível também concluir de que empresas que tem um comprometimento mais afetivo junto a seus funcionários, os mesmos tendem a admitir em não se sentirem confortável completamente com alguns aspectos da empresa; por ela aceitar as diferenças, fica mais fácil de admitir os erros, já que a própria organização também os assume. Por outro lado, nas empresas cujo os funcionários têm um comprometimento mais instrumental, os mesmos tendem a não fugirem da linha de pensamento da empresa, e não se sentem completamente confortáveis falando de assuntos controversos a respeito de sua respectiva empresa. Um aprendizado importante foi que a dissonância não é necessariamente ruim, pois leva as empresas a repensarem as ambuiguidades de seus negócios e suas práticas. Sem que exista a dissonância cognitiva, seja na empresa ou em seus funcionários, não poderá nunca existir uma mudança significativa no ambiente. À academia sugere-se novos estudos os quais contemplem diferentes empresas acerca do assunto de sustentabilidade e como seus funcionários lidam com a dissonância (se houver). Sugere-se também aumentar o número de entrevistados. E por último, sugere-se realizar esse mesmo estudo com empresas que são sustentáveis para identificar se a dissonância só acontece mesmo com funcionários que trabalham em empresas conflitantes com o tema se sustentabilidade corporativa. XVI ENGEMA 2014 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, C.R; BONILAURI, A.R.C; BUFFARA, P.S.A; FAUSTINO, C.S; RODRIGUES, R.A.R. Sustentabilidade: conceito e desdobramentos nas organizações. 2010. BARROS, D; GRECO, A. Esgotamento dos Recursos Naturais. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/esgotamento-recursos-naturais-686354.shtml> Acesso em: 18 de Setembro de 2013. DA CONCEIÇÃO, M. G. Sustentabilidade, cultura e comunicacao: triplo desafio para as organizações. Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia 17.2 (2010): 98+. AcademicOneFile. Web. 3 Oct. 2013. ELKINGTON, John. "Enter the triple bottom line." The triple bottom line: Does it alladdup (2004): 1-16. FESTINGER, L. A TheoryofCognitveDissonance. Stanford University Press, 1957. FREEMAN, R.E; PARMAR, B; WICKS, A.C. StakeholderTheoryand “The Corporate Objective Revisited”. Organization Science, 2004. LINS, C; ZYLBERSZTAJN, D. Sustentabilidade e Geração de Valor. A Transição para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010. MACHADO FILHO, C. P. Responsabilidade Social e Governança Corporativa: o debate e as implicações. 1a Ed, São Paulo: Cenage Learning, 2011. MINERADORA S.A.: Relatório de Sustentabilidade 2012. Disponível em: <http://www.mineradora.com/PT/aboutmineradora/sustainability/links/LinksDownloadsDocu ments/relatorio-de-sustentabilidade-2012.pdf> Acesso em: 10 abril 2014. ONUBR, Nações Unidas no Brasil. A ONU e o meio ambiente. Disponível em: ≤http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-meio-ambiente/≥ Acesso em: 25 de setembro de 2013. PETROLEIRA S.A.: Relatório de Sustentabilidade 2012. Disponível em: <http://s02.staticpetoleira.com/content/dam/petroleira-new/local/country/bra/downloads/pdf/petroleirasumario-de-sustentabilidade-2012-pt.pdf> Acesso em: 15 abril 2014 ROBBINS, S.P. Comportamento Organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14a Ed, São Paulo: Editora Pearson, 2010. SOBRINHO, C.A. Desenvolvimento sustentável: uma análise a partir do Relatório Brundtland. Marília, 2008. Dissertação para obtenção de Título de Mestre. TABAGISTA S.A: Relatório de Sustentabilidade 2012 e 2013. Disponível em: <http://www.tabagista.com.br/group/sites/SOU_7UVF24.nsf/vwPagesWebLive/DO7V9PWB ?opendocument> Acesso em: 09 abril 2014 TURANO, L. M. Sustentabilidade em uma grande corporação: uma análise da discrepância entre discurso e prática. Rio de Janeiro, 2012 UNEP, United Nations Environment Programee. Declarationofthe United NationsConferenceontheHuman Environment. Disponível em: <http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=97&ArticleID=150 3&l=en>Acesso em: 02 de outubro de 2013. XVI ENGEMA 2014