INFORMATIVO Ano 9 - Julho/Agosto de 2007 Reação rápida dos BCs minimizou crise dos subprimes BM&F entrega os primeiros selos do POQ A A BM&F entregou, em 9 de crise dos subprimes pôde atitudes certeiras das autoridades ser minimizada, evitando monetárias." Jorge Salgado ressalta um contágio da economia que a manutenção de consistentes real, graças à ação rápida dos políticas monetária e econômica bancos centrais europeus e do FED, preservou, até agora, o mercado avalia Jorge Salgado no artigo brasileiro de solavancos mais fortes, "Agilidade decisiva". "O temor de mas alerta que só as reformas dei- (custódia de posições); Execution interrupção de um ciclo histórico de xarão "o país ainda mais preparado Broker (trading profissional), Retail crescimento que já dura cinco anos para enfrentar as tormentas que ci- Broker (mercado corporativo) e (...) ainda é grande, mas foi sua- clicamente abalam a economia mun- Web Broker (serviços pela internet). vizado pela capacidade de reação e dial". (Página 2) (Mercado em Ação - Página 4) agosto, 75 selos do Programa de Qualificação O- peracional às primeiras corretoras que se habilitaram nas cinco categorias existentes, Agro Broker (foco no agronegócio); Carrying Broker Para Ney Castro Alves, ainda há espaço para IPOs E m entrevista ao Infor- necerá aberta. "O lançamento de mativo novas Sindicor-RJ, o empresas, iniciado em presidente da Adeval e da 2005, ganhou força em 2006 e, Fenadistri, Ney Castro Alves, co- agora em 2007, em oito meses as menta a crise dos subprimes, seus Ofertas Primárias e Secundárias efeitos sobre o país e conse- Registradas na CVM apresentaram qüências para o mercado. Alves o volume recorde de R$100,85 acredita na recuperação do mer- bilhões, mais de 80% do alcan- cado e que a janela de opor- çado em todo o ano passado", diz. tunidade para as IPOs perma- (Página 3) Alves: janela de oportunidade para IPOs permanecerá aberta Agilidade decisiva Jorge Salgado A ação rápida dos bancos dos ativos que centrais europeus e do mais se beneficia- FED, de injetar centenas de ram da expansão bilhões de dólares no mercado econômica nos úl- financeiro no primeiro momento da timos anos. A re- crise dos subprimes, somada à percussão sobre redução da taxa de redesconto ame- os demais ativos ricana, foram decisões cruciais que seria devolveram aos mercados mundiais num efeito domi- a tranqüilidade necessária para que nó extremamente a crise não avançasse descontro- pernicioso ladamente, contaminando a econo- todos. inevitável, para mia real. A posterior decisão de Ben Medidas para Bernanke, de reduzir os juros da evitar que esse economia americana pela primeira tipo de operação vez após quatro anos de altas, refor- de alavancagem de títulos volte a crise, em 16 de agosto, quando as çou a percepção do mercado de que acontecer certamente virão, pois é bolsas do mundo inteiro tiveram as autoridades monetárias interna- da natureza do mercado criar me- quedas históricas. Os resultados fa- cionais estão atentas e prontas para canismos de segurança cada vez que voráveis das empresas, atualmente intervir sempre que for necessário. algum fato novo exponha fra- mais capitalizadas e menos endi- O mundo financeiro ainda aguar- gilidades até então despercebidas. A vidadas; o alto nível das reservas bra- da com cautela os desdobramentos Sarbannes-Oxley nasceu assim, co- sileiras; o ajuste fiscal; o crescimento da crise que se abateu sobre o mo outros instrumentos criados para da economia; além da elevação da mercado de crédito imobiliário ameri- tornar o mercado mais seguro e nota do Brasil pela Mood's em plena cano, pois os Estados Unidos conti- transparente. crise ajudaram a resguardar o país. Jorge Salgado: "Decisões devolveram tranqüilidade ao mercado" nuam sendo o principal mercado No Brasil, a manutenção de polí- No entanto, é preciso que o Go- mundial e qualquer sinal de recessão ticas monetária e econômica consis- verno esteja atento e trabalhe com traria conseqüências muito negativas tentes preservou, até agora, o mer- agilidade para desimpedir os cami- para a economia como um todo. O cado de solavancos mais fortes. Ti- nhos que ainda travam o desen- temor de interrupção de um ciclo vemos uma natural volatilidade nos volvimento, e que a sociedade cobre histórico de crescimento que já dura primeiros dias da crise, pela aversão o avanço nas reformas, como a cinco anos, impulsionado pela queda ao risco do investidor estrangeiro, tributária, que darão sustentabi- de preços provocada pelo efeito mas que não chegou a provocar lidade ao crescimento. A hora é esta, China e o excesso de liquidez, ainda é pânico geral e o tão danoso efeito de em que o aumento da arrecadação grande, mas foi suavizado pela manada, que em outros tempos dá a folga necessária para desonerar capacidade de reação e atitudes comprometia drasticamente o de- a carga fiscal que sufoca a eco- certeiras das autoridades monetárias. sempenho da Bovespa. nomia. Dessa forma, o país estará Um desaquecimento abrupto Outros fatores contribuíram fa- ainda mais preparado para enfrentar traria conseqüências desastrosas so- voravelmente para que a Bovespa se as tormentas que ciclicamente aba- bre o preço das commodities, um recuperasse rapidamente do auge da lam a economia mundial. 2 Entrevista: Ney Castro Alves Momento de cautela A adoção de novos critérios regulatórios, de provisionamento e métodos de valoração dos ativos pelas agências de ratings é, na opinião de Ney Castro Alves, o caminho para blindar o mercado de crises como a dos subprimes. A receita, sugerida pelo Prêmio Nobel Edmund Phelps, seria capaz de tornar mais claras "operações que alavancam ativos em cima de outros ativos de forma tão intrincada que torna difícil conhecer o valor dos ativos nas diferentes etapas de negociação e a estrutura de distribuição de riscos entre elas", analisa Alves. Mas para o presidente da Associação das Empresas Corretoras de Valores (Adeval) e Federação Nacional das Empresas Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (Fenadistri), as providências tomadas pelo Federal Reserve (FED), as boas bases da economia brasileira e a atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) serão capazes de reduzir os efeitos da crise. A crise dos subprimes e a queda geral das bolsas pegaram os pequenos investidores brasileiros em plena luade-mel com a Bovespa. Que conseqüências isso poderá trazer para o mercado nacional? A conseqüência imediata é uma maior cautela com os investimentos e maior atenção quanto à volatilidade dos mercados. A crise dos subprimes, conforme afirmou o Prof. Edmund Phelps (Prêmio Nobel de Economia/2006), revelou que os instrumentos utilizados por agências de rating para avaliar os empréstimos de alto risco (subprime) do mercado hipotecário americano, estopim da atual turbulência, mostraram-se ineficientes, sugerindo que elas erraram muito em suas análises. Concordamos com ele quando diz que isso supõe a adoção de novos critérios regulatórios, de provisionamento e, em especial, de novos métodos de valoração dos ativos. A sofisticação do mercado financeiro tem deflagrado operações que alavancam ativos em cima de outros ativos de forma tão intrincada que se torna difícil conhecer o valor dos ativos nas diferentes etapas de negociação e a estrutura de distribuição de riscos entre elas. Em que este momento de crise difere de outros? O subprime em nível internacional criou um problema de restrição dos empréstimos pelas instituições financeiras; daí o socorro prestado pelo FED nos EUA, por exemplo, injetando bilhões nas instituições norte-americanas para evitar o efeito slowdown de crédito. Inclusive, para evitar uma maior retração, o FED reduziu, de uma só vez, 0,5% na taxa de juros prime, estimulando os mercados financeiro e de capitais. No caso do Brasil, a economia mostrou bases consolidadas e respeitável reserva em dólares. A volatilidade no mercado acionário deveu-se principalmente à natural retração inicial dos investidores estrangeiros. Paralelamente, a CVM, através da Deliberação 521 (de 27/06/2007) regulamentou as normas que criam o sistema de Supervisão Baseada em Risco (SBR), adotado por entidades reguladoras de diversos países. A norma cria o Comitê de Gestão de Riscos (CGR), que será responsável pela implementação de diversas etapas, e vai ajudar a CVM a orientar seu trabalho de regulação e fiscalização. O Plano Bienal será elaborado com base em um questionário, através do qual as áreas técnicas da CVM relatarão os eventos de risco em suas esferas de competência, sugerindo a adoção de prioridades, e deve ser aprovado até o final deste ano. Qual a sua expectativa em relação aos lançamentos de empresas no mercado de capitais daqui para a frente? Fechou-se a janela de oportunidade? De maneira nenhuma. O lançamento de novas empresas, iniciado em 2005, ganhou força em 2006 e, agora em 2007, em oito meses as Ofertas Primárias e Secundárias Registradas na CVM apresentaram o volume recorde de R$100,85 bilhões, mais de 80% do alcançado em todo o ano passado (R$ 124,96 bilhões). O mercado brasileiro de IPOs já representa 9,9% do volume global, segundo os dados da Thomson Financial; no mesmo período de 2006, representavam apenas 3%. Comparativamente, foram captados no Brasil US$ 17,34 bilhões por meio de IPOs nos sete primeiros meses do ano, um aumento de 328,7%. Na América Latina, foram US$ 18,10 bilhões (+199,9%). No mundo, foram US$ 175,85 bilhões (+32,6%). Por que demoram a chegar ao mercado brasileiro medidas de transparência, como a permissão do acesso aos pequenos investidores às apresentações feitas pelas empresas emissoras a grandes investidores, só agora aprovada pela CVM? Na verdade não demoram tanto, tendo em conta a dinâmica dos mercados. Nós que temos participado das reuniões da IOSCO - Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários, temos visto que a CVM não só está procurando atuar upto-date aos fatos, como tem transmitido a experiência, resultado do enorme crescimento do mercado de capitais brasileiro. continua na página 4 3 continuação da página 3 O que pode ser feito para ampliar o nível de informação e conscientização do acionista minoritário brasileiro, ainda muito aquém dos investidores americanos, europeus e asiáticos? É um trabalho que envolve diversas esferas: - as corretoras, que já fazem esse trabalho de informação junto aos seus clientes; - a Bovespa, que mantém o Serviço do Ombudsman, que atendeu 1.554 investidores pessoas-físicas em 2006, uma demanda 67,9% superior à verificada no ano anterior, quando foi procurado por 926 pessoas. O resultado reflete os aumentos de 41% da quantidade de pessoas físicas, que passou para 219.634, e de 17,5% do número de investidores de clubes de investimentos, que encerrou dezembro com 131.969 cotistas. Problemas de comunicação entre investidores e intermediários, funcionamento do homebroker, dificuldades de transferência de custódia, atendimento personalizado, execução de ordens e não-recebi- mento de extratos de custódia foram as principais reclamações registradas. - a própria CVM, que lançou recentemente na Internet o Portal do Investidor. O novo sítio visa à democratização e à simplificação do acesso dos investidores às informações relativas ao mercado de capitais brasileiro, e à educação do investidor. Dividido em quatro áreas: do Investidor; Acadêmica, Jurídica e para Estrangeiros, todas com acesso a ferramentas específicas, usando linguagem objetiva, didática e educativa. Mercado em Ação P Em 9 de agosto a BM&F entregou os selos do Programa de Qualificação Operacional às primeiras corretoras que se habilitaram. São cinco os grupos de posicionamento estratégico que as corretoras podem escolher para atuar: Agro Broker (foco no agronegócio); Carrying Broker (custódia de posições); Execution Broker (trading profissional), Retail Broker (mercado corporativo) e Web Broker (prestação de serviços pela internet). Maria Helena Santana, Presidente da CVM, participou do evento em que foram entregues 75 Selos de Qualificação às 35 Corretoras qualificadas. A Ativa CTVM recebeu selos de qualidade em todos os grupos nos quais se habilitou: Execution Broker, Retail Broker e Web Broker. As demais contempladas foram: Ágora, ABN Amro Real, Arkhe, Banespa, Banif, BES, Brascan, CM Capital, Coinvalores, Concórdia, Convenção, Cruzeiro do Sul, Distribuidora Intercap, Fator, Flow, Futura, Hedging Griffo, Hencorp Commcor, Indusval, Intra, Itaú, Link, Liquidez, Lopes Leon, Máxima, Pactual, Planner, Prosper, Renascença, Santander, Socopa, Theca, UBS e Votorantim. P Após quase cinco anos de criação do programa de popularização do mercado de ações "Bovespa vai até você", um balanço revela que foram atendidas 414 mil pessoas e formados 1.695 clubes de investimento, 334 só no primeiro semestre de 2007. Mais de 70 corretoras participaram do programa. Expediente P AGE realizada em 28/08 aprovou a reestruturação societária da Bovespa, que deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos para tornar-se uma sociedade por ações (S/A). A decisão consolida o processo de desmutualização, que permitirá que o acesso às negociações e demais serviços prestados pela Bolsa seja desvinculado da propriedade de ações. Até então, apenas corretoras proprietárias de títulos patrimoniais podiam negociar em Bolsa. Na última reunião antes da AGE, o presidente Raymundo Magliano homenageou os conselheiros pela contribuição ao desenvolvimento da Bovespa, criada há 40 anos como Bolsa Oficial de Valores, em 07/03/1967. P Em 16/08 a Bradesco S/A Corretora de Títulos e Valores Mobiliários comemorou 40 anos de atuação no mercado de capitais. Durante o evento, que contou com a participação do diretor da Bradesco CTVM, Aníbal César do Santos, do vice-presidente da Bovespa, Nelson Spinelli, e de importantes personalidades do mercado, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho cumprimentou a instituição por seu trabalho em prol do mercado de capitais. P Mauro Mello desligou-se da Geração Futuro Corretora de Valores. Sindicato das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários do Rio de Janeiro Presidente: Jorge Nuno Odone de Vicente da Silva Salgado (Ativa); Vice-presidente: Edgar da Silva Ramos (Ágora Senior); Tesoureiro: Mauro César Medeiros de Mello (Geração Futuro); Suplentes: Carlos Alberto Reis (Prime), Edson Figueiredo Menezes (Banco Prosper), Flavio Snell (Elite CCVM); Conselho fiscal: Marcos Albino Francisco (Positiva), Romeu Ricardo Vidali (Concórdia) (21) 2507-7171 l www.sindicorrj.com.br l [email protected] Periodicidade: Bimestral; Tiragem: 500 exemplares; Redação e Edição: Matilde Silveira; Projeto gráfico e Diagramação: Bruno Bastos 4