BC0209–Fenômenos Eletromagnéticos Terceiro quadrimestre de 2013 Prof. José Kenichi Mizukoshi Aula 11 (versão 12/12/2013) Interações magnéticas e polos magnéticos ■ Obs. 1: uma extremidade da agulha de magnetita (Fe3 O4 ) de uma bússola em qualquer localização sobre a Terra aponta aproximadamente em direção ao polo norte geográfico da Terra. Por convenção, esta extremidade é denominada polo norte do ı́mã. O oposto é denominado polo sul. S Polo norte geográfico N ◆ A bússola interage com o campo magnético da Polo sul geográfico Terra. ■ Obs. 2: a agulha de uma bússola também se orienta ao redor de uma barra imantada: polos iguais (NN e SS) se repelem e diferentes (NS) se atraem. S N ◆ A barra imantada produz campo magnético. Aula 11 2 / 18 Interações magnéticas e polos magnéticos ■ A experiência mostra que N e S não são “cargas” magnéticas (em analogia com cargas +q e −q), pois não há como separá-los: S N S N S N partindo a barra ao meio ➠ Até o presente não se observaram indı́cios de existência de monopolos magnéticos. ■ Obs. 3: a agulha de uma bússola também se orienta ao redor de um fio conduzindo corrente elétrica. I I ◆ A corrente elétrica (carga em movi- mento) gera um campo magnético. Aula 11 3 / 18 Eletrostática versus magnetismo Eletrostática carga elétrica q1 Magnetostática dq1 carga elétrica em movimento, I1 = dt ~1 q1 gera um campo elétrico E I1 gera um campo magnético B1 força sobre uma carga elétrica q2 força magnética sobre uma carga q2 dq2 em movimento, I2 = dt ~1 F~ = q2E F~B = ? Aula 11 4 / 18 Linhas de campo magnético ■ As linhas de campo magnético possuem as seguintes propriedades: ~ o campo magnético num determinado ponto (i) assim como as linhas de E, é tangente à linha nesse ponto e a sua intensidade está relacionada com o número de linhas por unidade de área. (ii) as linhas emergem do polo norte e convergem em direção ao polo sul; (iii) Devido a não existência de monopolos magnéticos, as linhas são fechadas; Aula 11 5 / 18 Linhas de campo magnético ■ Exemplos (a) fio infinito conduzindo uma corrente I (b) barra imantada (c) anel conduzindo uma corrente I I I Aula 11 6 / 18 Força magnética sobre uma carga em movimento ■ Considere uma carga q movendo-se com veloci~ dade ~v numa região com campo magnético B. Verifica-se empiricamente que a força magnética atuando na carga é dada por F~B ~ F~B = kq ~v × B ■ ~ B φ ~v No sistema internacional de unidades, k = 1 e a força é dada em newtons (N). Portanto, ~ F~B = q ~v × B ~ sen φ. Esta expressão A magnitude da força é dada por |F~B | = |q||~v ||B| ~ define a magnitude de B. N/C ◆ Unidade do campo magnético no SI: [B] = = tesla (T) m/s Aula 11 7 / 18 Força magnética sobre uma carga em movimento ■ Outra unidade comum (em CGS): [B] = gauss (G). Temos que 1 tesla = 104 gauss ■ Aula 11 Alguns valores tı́picos do campo magnético. Localização campo magnético (T) Próximo a um ı́mã supercondutor Na superfı́cie da Terra No espaço interestelar Sala blindada magneticamente 25 2,4 – 6,6 × 10−5 10−10 10−14 8 / 18 Força magnética sobre uma carga em movimento: exemplo Ex. 1 Um próton está se movendo em uma região onde existe um campo magnético ~ = (10 ı̂ − 20 ̂ + 30 k̂) mT. No instante t1 o próton possui uniforme dado por B velocidade dada por ~v = vx ı̂ + vy ̂ + (2, 0 km/s) k̂ e a força magnética que age sobre ele é F~B = (4,0 × 10−17 N) ı̂ + (2,0 × 10−17 N) ̂. Nesse instante, quais são os valores de vx e de vy ? Solução ■ A força magnética é dada por ⇒ ■ Aula 11 ı̂ ̂ k̂ ~ = q vx vy vz F~B = q~v × B Bx By Bz F~B = q[(vy Bz − vz By ) ı̂ + (vz Bx − vx Bz ) ̂ + (vx By − vy Bx ) k̂] Para o nosso problema, onde q = e, que é a carga do próton, h i F~B = e (30vy +20×2×103 )ı̂+(10×2×103 −30vx )̂+(−20vx −10vy )k̂ ×10−3 T 9 / 18 Força magnética sobre uma carga em movimento: exemplo ■ Comparando componente por componente com a força dada no problema, F~B = (4,0 × 10−17 N) ı̂ + (2,0 × 10−17 N) ̂ tem-se que e(30vy + 40 × 103 ) × 10−3 = 4,0 × 10−17 e(20 × 103 − 30vx ) × 10−3 = 2,0 × 10−17 e(−20vx − 10vy ) = 0 Utilizando e ≈ 1,6 × 10−19 C, obtemos à partir das duas primeiras equações acima que, vx = −3,5 × 103 m/s = −3,5 km/s vy = 7,0 × 103 m/s = 7,0 km/s Aula 11 10 / 18 Força magnética sobre uma carga em movimento: exemplo Qual o ângulo entre os vetores velocidade e campo magnético no instante t1 ? Solução Temos que ~v ~ = |~v ||B| ~ cos θ ~v · B θ q ~ B q vx2 + vy2 + vz2 Bx2 + By2 + Bz2 cos θ ⇒ vx Bx + vy By + vz Bz = ⇒ (−3.5 × 10) + 7, 0 × (−20) + 2, 0 × 30 = −0, 38049 cos θ = p √ 3, 52 + 7, 02 + 2, 02 102 + 202 + 302 Portanto, θ = 112◦ . Aula 11 11 / 18 Cargas em movimento circular ■ Considere uma partı́cula de massa m e carga elétrica q > 0, com velocidade inicial R ~v0 = v0 ı̂ ~ = movendo-se numa região com campo magnético B −B0 k̂ uniforme. ■ F~B y ~vi x q Num dado instante, a partı́cula terá velocidade ~v = vx ı̂ + vy ̂ e sentirá uma força dada por ~ F~B = q~v × B que é perpendicular a ~v e portanto radial. ■ Como essa força radial é a força resultante, ela é igual a força centrı́peta. ~ Em módulo, tem-se que (observando que ~v ⊥ B) 2 m|~ v | |F~B | = qB0 |~v | = |F~cp | = R Aula 11 ( ✻) 12 / 18 Cargas em movimento circular ■ Como a força resultante é radial e constante em módulo, a partı́cula vai se mover em uma trajetória circular de raio R, com módulo de velocidade |~v | = v0 constante, tal que da Eq. (✻) obtém-se mv0 R= qB ■ Relembre que no movimento circular tem-se que v0 = ωR, onde ω é a velocidade angular. No caso de um movimento circular uniforme, ela está relacionada com a frequência (inversa do perı́odo T ), que é dada por f= ■ ■ Aula 11 Temos que 1 ω = T 2π mv0 2πR = 2π f v0 = T qB ⇒ qB f= 2πm A frequência acima, que não depende da velocidade da partı́cula, é conhecida como frequência de cı́clotron. 13 / 18 Força de Lorentz ■ ~ e Se uma partı́cula de carga q e velocidade ~v sofrer uma ação dos campos E ~ simultaneamente, a força resultante agindo sobre ela é dada por B ~ + q~v × B ~ F~ = q E que é conhecida como a força de Lorentz. Aula 11 14 / 18 Aplicação da força de Lorentz: seletor de velocidade ■ ■ Considere uma partı́cula carregada positivamente, inicialmente com velocidade ~vi = v0 ̂, com v0 > 0, penetrando ~ = −E0 k̂ e numa região com campos E ~ = −B0 ı̂. Supondo-se que E0 , B0 > 0, B encontre o valor de v0 tal que a força eletromagnética se anule e a partı́cula se desloque com velocidade constante. ~ B Fonte ~v z y ~ E Fenda x A força resultante sobre a partı́cula é dada por ~ F~res = F~E + F~B = q(−E0 ) k̂ + q ~|v × B {z } ⇒ F~res = q(−E0 + v0 B0 ) k̂ = v0 B0 k̂ ■ Para que a força resultante sobre a partı́cula seja nula, −E0 + v0 B0 = 0 Aula 11 ⇒ E0 v0 = B0 15 / 18 Aplicação da força de Lorentz: experiência de J. J. Thomson ■ Experimento conduzido por J. J. Thomson em 1897 para medir a razão entre o módulo da carga do elétron e a sua massa. ~vf ■ ■ Considere um elétron (carga elétrica q = −e) com velocidade inicial ~vi = v0 ̂ entrando em uma região com campo elétrico constante ~ = −E0 k̂. E ~ E ∆z ~vi ℓ Conforme visto na aula 2, pp. 20-21 (atente para a diferença na definição do sistema de coordenadas e sentido do campo elétrico), o elétron deixa a região do campo elétrico com a velocidade e deflexão ~vf = v0 ̂ + eE0 ℓ k̂ mv0 e ∆z = eE0 2m ℓ v0 2 respectivamente. Aula 11 16 / 18 Aplicação da força de Lorentz: experiência de J. J. Thomson ■ ~ = −B0 k̂ é ligado e o valor de B0 é A seguir, um campo magnético B ajustado, tal que a deflexão seja nula. Pelo exemplo anterior com o seletor de velocidades, para que isto ocorra, tem-se que E0 v0 = B0 Temos que eE0 ∆z = 2m ℓ2 E0 2 B0 ⇒ e 2∆zE0 = 2 2 m ℓ B0 e = 1,7 × 1011 C/kg; ◆ Valor obtido por Thomson: m e = 1,758820174 × 1011 C/kg. ◆ Valor atual: m Aula 11 17 / 18 Referências Aula 11 ■ R. A. Serway, e J. W. Jewett Jr., Princı́pios de Fı́sica, Vol. 3, Cengage Learning; ■ D. Halliday, R. Resnick e K. S. Krane, Fı́sica, Vol. 3, LTC; ■ H. D. Young e R. A. Freedman – Sears e Zemansky, Fı́sica III: Eletromagnetismo, Pearson Addison Wesley. 18 / 18