III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO DA QUALIDADE DO AR EM AMBIENTES DOMÉSTICOS DE DOIS VIZINHOS - PR Adrielly Buratto Machado*¹,Daniela Betine¹, Jeferson Luis Aquino Daniel¹ e Cleverson Busso1 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Comunidade São Cristóvão, Caixa Postal 135, CEP 85660-000, Dois vizinhos, Paraná, Brasil – E-mail: [email protected] RESUMO O ar constitui uma forma de disseminação de inúmeras doenças e a presença de microrganismos pode afetar a qualidade de vida de seus usuários. A existência de bactérias e fungos patogênicos podem desencadear doenças graves, como a tuberculose, pneumonia e até mesmo asma. O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade do ar no ambiente doméstico (quartos) de alunos da UTFPR-DV. O Método utilizado foi a sedimentação em placa, nesta técnica placas contendo ágar Sabouraud e ágar Nutriente para crescimento e isolamento de fungos e bactérias respectivamente, foram expostas nestes ambientes e posteriormente incubadas em estufas apropriadas para o crescimento e contagem dos microrganismos. O estudo realizado demonstrou diferença do número de colônias existentes entre os ambientes, possivelmente provocada pela concentração de pessoas em circulação, ventilação e circulação de ar, mobílias, forração, entre outros fatores que podem afetar a dissipação de fungos e bactérias no ar. Palavras-chave: Contaminação do ar, higienização, fungos e bactérias INTRODUÇÃO Embora o ar não ofereça condições para o crescimento microbiano, este é um excelente mecanismo de dispersão, contribuindo para a contaminação de ambientes, sobretudo aqueles fechados, como as residências. A taxa de ocupação e ventilação, presença de poeira bem como a natureza e atividade das pessoas que ocupam o local são fatores determinantes da contaminação do ar. A transmissão dos microrganismos pode ocorrer através de gotículas em suspensão que geralmente carregam células ou fragmentos celulares, combinados com subprodutos do metabolismo celular. Estes bioaerossóis, como são conhecidos, podem transportar vírus, fungos e bactérias (BOECHAT; RIOS, 2011; MEDEIROS et al., 2012). Estudos sugerem que o ambiente interno pode conter até 100.000 vezes mais microrganismos do que o ambiente externo (LACERDA et al., 2003) e muita vezes este aumento está associado a transmissão oriunda do meio externo. Estudos realizados por Rizzo et al (1999) encontraram como fatores de transmissão a precariedade do sistema de tratamento de esgoto brasileiro, o que favorece o despejo diário de grande quantidade de bactérias gram negativas nas ruas, estas por sua vez, acabam sendo transportadas até nossas residências através da sola dos sapatos, roupas e até mesmo pelas mãos. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança – Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900 Ciências Biológicas 232 III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR O grande interesse em se estudar a qualidade do ar de interiores surgiu a partir do momento em que o homem começou a construir edifícios selados, Gioda (2003) destaca que a construção desses edifícios selados se da por razões de redução de ruídos, climatização e até mesmo estética, e obteve como resultado o aumentou os índices de doenças respiratórias associadas com ambientes fechados. Como consequência das doenças respiratórias causadas principalmente por microrganismos, há uma grande perda de produtividade, além disso, um aumento mundial na prevalência de asma. A resolução nº. 09, de 16 de janeiro de 2003 expedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), determina os padrões referenciais de qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo. Embora tenha ocorrido um grande avanço na criação de uma legislação competente, esta norma apenas define regras para ambientes climatizados e públicos, além disso, não há uma definição concreta sobre os valores para contaminação de bactérias. O limite aceitável para contagem total fungos é de 750 UFC/m3 (Unidades Formadoras de Colônias por metro cúbico), acima disto é considerado um ambiente impróprio para saúde humana. Assim, uma avaliação das condições microbiológicas do ar em residências é suma importância, uma vez que é neste ambiente em que vivemos maior parte do tempo de nossas vidas. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a qualidade do ar em ambiente domestico, assim como, analisar se a mesma está dentro do limite aceitável proposto pela ANVISA. MATERIAL E MÉTODOS Para avaliação da presença no ar de fungos leveduriformes e bolores foi preparado o Ágar Sabouraud (Isofar - Micromed) utilizando-se 6,75g do pó e adicionando-se em 143,25ml de água destilada. Já para a análise de mesófilos aeróbios (bactérias), utilizou-se o Ágar Nutriente (Himedia) adicionando-se 4,2g do pó em 145,8ml de água destilada. O material foi acondicionado, autoclavado a 121º C durante 15 minutos. Após a esterilização na autoclave o meio de cultura foi transferido para as placas de Petri de 90mm de diâmetro em cabine de segurança biológica, a fim de evitar a contaminação. As placas foram acondicionadas em papel Kraft e distribuídas aos alunos da UTFPR-DV para que fizessem as análises do ambiente do quarto de suas residências. As placas foram dispostas a 1 metro de qualquer obstáculo e abertas por 20 min e em seguida transportadas imediatamente para o laboratório de microbiologia da UTFPR, sendo que as placas para contagem bacteriana foram incubadas a 37º C por 48h e as placas para crescimento fúngico incubadas a 25º C por 7 dias. Após o crescimento, as colônias foram contadas e determinado o valor em UFC/m3 seguindo a formulação de Friberb (FRIBERG e BURMAN, 1999), onde corresponde a relação do número do produto da contagem de UFC depositadas em uma superfície por um determinado tempo, com a área exposta sobre a média de ar na superfície. Foi atribuída uma proporção de 23:1 para média de ara na superfície por ser um processo de sedimentação espontânea. RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados apresentados na tabela 1 indicam a presença de fungos no ar com o maior valor de 559 UFC/m3 no ambiente 1 e de 179 UFC/m3 o menor valor no ambiente 3, com média geral de 430 UFC/m3 nas três residências avaliadas. É possível observar a diferença do número de colônias existentes entre os ambientes, provavelmente provocada pela diferença de circulação de pessoas, ventilação e circulação de ar, mobílias, forração, entre outros fatores que podem afetar a dissipação de fungos e bactérias no ar. Embora a legislação não forneça valores limítrofes para bactérias, utilizamos os mesmos limites estabelecidos para fungos (MEDEIROS et Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança – Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900 Ciências Biológicas 233 III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR al., 2012). Na tabela 1 observa-se que a contagem bacteriana também variou muito, com resultados muito próximos daqueles observados na contagem de bolores e leveduras. O destaque é a maior presença de bactérias no ambiente 1 com contagem de 614 UFC/m3 de ar. Embora a presença de bactérias patogênicas no ar não seja comum, a presença de esporos de Mycobacterium tuberculosis, agente causador da tuberculose e de Legionella pneumophila (pneumonia) pode ser encarado como problema sério. Tabela 1. Número de colônias de fungos (Ágar Sabouraud) e bactérias mesófilas aeróbias (Ágar Nutriente) observadas em ambiente doméstico (quarto) de alunos da UTFPR -DV. AMBIENTE AMBIENTE 1 AMBIENTE 2 AMBIENTE 3 MEIO DE CULTURA Nº DE COLÔNIAS UFC/m3 DE AR Ágar Sabouraud 81 559 Ágar Nutriente 89 614 Ágar Sabouraud Ágar Nutriente Ágar Sabouraud 80 68 26 552 469 179 Ágar Nutriente 24 165 CONCLUSÕES Nas avaliações dos microrganismos do ar nos diferentes ambientes observados é possível concluir que a qualidade do ar se encontra em níveis considerados satisfatórios, pois os índices observados estão abaixo de 750 UFC/m3.REFERÊNCIAS BOECHAT, J. L.; RIOS, J. L. Poluição de ambientes internos. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, v. 34, n.3, p.83-89, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003. Orientação técnica sobre padrões referenciais de qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 20 jan. 2003. FRIBERG, B.; FRIBERG, S.; BURMAN, L. G. Inconsistent Correlation between aerobic bacterial surface and air counts in operating rooms with ultra clean laminar air flows: proposal of a new bacteriological standard for surface contamination, The Journal of Hospital Infection, Londres, v. 42, p. 287-293, 1999. LACERDA, R. A.; MARTON, E.S.; SANTOS, M. C. L. Controle de infecção em centro cirúrgico: fatos, mitos e controvérsias. Porto Alegre: Atheneu, 2003, 542p. MEDEIROS, M. A. S.; LIMA, J. S.; FERREIRA, N. S.; VITORINO, L. C.; SOARES, M. P. 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