fundamentos históricos e filosóficos da educação

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA
UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA:
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E
FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS
DA EDUCAÇÃO
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação – Professor: Tibério
INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Os fundamentos históricos e filosóficos da educação podem nos oferecer a
compreensão do fenômeno educacional na sociedade moderna capitalista, mas
precisamente a escola como espaço formal. No entanto, isso não significa que a educação
esteja restrita ao espaço escolar tradicional. Do contrário, este fenômeno se manifesta
em quase todos os ambientes sociais existentes, desde a família até as instituições. Mas,
como professores e futuros professores, é importante compreender o papel que o
mesmo tem na sociedade moderna capitalista.
Na sociedade moderna capitalista, a educação tornou-se ferramenta de
apropriação da realidade, dando à escola o caráter oficial e moldador do ideal humano
estabelecido pela ordem social, econômica e política do sistema. Entretanto, as ideias
pedagógicas que permeiam este processo partem de como os seres humanos pensam
sobre si e sobre tudo, teorizando a sua própria existência.
Espera-se que a partir dessas bases teóricas, algumas reflexões importantes sejam
compreendidas, como:
 Entender que a educação não é neutra, ao contrário, possui uma intencionalidade;
 Identificar que existem diferentes conceitos de educação;
 Compreender que a educação não é uma prerrogativa apenas da escola, que ela
ocorre em diferentes espaços sociais.
A Filosofia
É natural do homem questionar tudo e todos. Alguns chegam mesmo a serem
chatos de tanto que questionam as coisas. A reflexão, porém, sempre esteve presente na
trajetória humana. Até o final do século VIII a.C., a mitologia era a principal explicação
para a realidade existente sobre a terra. A partir do momento em que o homem começou
a meditar sobre o funcionamento do universo, da vida e a buscar explicações racionais
para o mundo, damos os primeiros passos para o surgimento da filosofia.
Se antes a mitologia podia explicar o que acontecia no mundo, agora as
explicações da razão, a busca por caminhos e respostas lógicas e a indagação permanente
com a cultura e a sociedade em que vivem passa a fazer parte dos questionamentos
humanos.
A Filosofia é um estudo relacionado à existência, ao conhecimento, a verdade, aos
valores morais e estéticos, a mente e a linguagem. Seus métodos estão caracterizados
pela argumentação.
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Sua importância para a compreensão da sociedade e do mundo é para quebrar
barreiras para que o indivíduo através de seu esforço obtenha um estado pleno de
satisfação, ocasionando um momento de felicidade.
Através da argumentação podemos quebrar as barreiras dos nossos preconceitos,
ideias erradas, de nossa realidade que não queremos mudar. Melhoramos nossas ideias,
decisões e agimos melhor, já que nossas ações se baseiam naquilo que pensamos.
Já os problemas que a filosofia apresenta ajudam-nos a compreender melhor o
mundo, fazendo-nos ter uma atitude crítica em relação às respostas e soluções
apresentadas para os problemas da sociedade, com o objetivo de termos um mundo cada
vez melhor para todos.
Você já questionou o significado da palavra Filosofia? A palavra Filosofia provém
do grego e é resultado da junção de duas outras palavras: a “philia”, “philos” ou
“philiaque”, que significam amor fraterno ou amizade, respeito entre os iguais; e a
palavra “sophia”, quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Portanto, a
filosofia seria, em sentido literal, a amizade, o amor pelo saber ou o respeito pelo saber.
Logo, um filósofo não passa de alguém que busca sempre mais a sabedoria e que possui
amor pelo conhecimento e assim deseja saber.
O termo “Filosofia”, consequentemente, lembra um estado de espírito, o da
pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, procura e respeita. Assim, com
o auxílio da etimologia, podemos ver que a Filosofia não é puro logos, pura razão: ela é a
procura amorosa da verdade.
Pitágoras de Samos (um dos filósofos pré-socráticos que viveu no séc.VI a.C.) foi a
primeira pessoa a fazer uso da palavra Filosofia (philos-sophia). Pitágoras teria afirmado
que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem
desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
A Filosofia exige que nós retiremos de nossas relações mais ordinárias uma
reflexão criteriosa sobre as mesmas; é um modo de pensar que persegue o ser humano
em seu exercício de compreensão do mundo onde ocorrem essas relações, possibilitando
ação crítica, criativa e transformadora sobre a realidade.
A Filosofia compreende uma abordagem fundamentalmente teórica, isso não
significa que ela esteja à margem do mundo, nem que constitua um corpo de
ensinamentos ou saberes acabados, com o conteúdo determinado, onde não haja
flexibilidade e seja avesso a qualquer tipo de mudança. A Filosofia supõe uma constante
disponibilidade para a indagação. Por isso, segundo Platão, a primeira virtude do filósofo
é encontrar-se suscetível para surpreender-se diante do que é comum à vida. Essa é a
condição para problematizar; o que marca a Filosofia não como aquela que detém a
verdade, mas como aquela que subsiste em sua contínua busca. Ou seja, se o filósofo é
capaz de admirar-se com o óbvio e questionar as verdades dadas, ele recebe a dúvida
como despertadora desse processo abstracional.
Ante o exposto, podemos presumir que é atitude filosófica o refletir sobre a
realidade, na busca de desvelar os significados mais profundos e assim descobrir o que
está por trás daquilo que se mostra à primeira vista. Contudo, é imprescindível
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distinguirmos entre o rigor da reflexão filosófica e a reflexão que expressamos
comumente, de maneira desorganizada e não sistemática.
Não se pode pensar em nenhum ser humano que não seja também filósofo, que
não pense, precisamente porque pensar é próprio do ser humano como tal.
Portanto, a Filosofia é a possibilidade da transcendência humana, ou seja, a
capacidade de superar a situação dada e não-escolhida. Pela transcendência, a pessoa
surge como ser de projeto, capaz de ser livre e de construir o seu destino. O
distanciamento é justamente o que provoca a nossa aproximação maior com a vida. A
Filosofia recupera o processo perdido na aversão ao progresso das coisas feitas,
impedindo assim a estagnação.
A Filosofia possibilita a constante avaliação dos fundamentos dos atos humanos e
dos fins a que eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência moderna e
reconstrói na sua unidade; retoma a ação completa no tempo e procura compreendê-la.
Neste sentido, qual a importância da Filosofia para você?
O ser humano e o processo histórico de sua formação
Quando pensamos na nossa própria realidade, muitas vezes somos permeados por
ideais pré-concebidas na esfera do senso comum. Na maioria dos casos não buscamos
refletir profundamente e abusamos do pragmatismo para estabelecer certas concepções
que buscam explicar o que somos e como somos. Acreditamos que essas ideias são as
únicas e que nos resta apenas segui-las.
Dermeval Saviani, em seu livro Educação: do senso comum a consciência filosófica,
aponta a necessidade da superação desta forma de compreensão da realidade. Ele
propõe que o ser humano vá além da simples absorção das ideias dominantes e
alicerçadas pelo senso comum, e que busque por meio da reflexão filosófica a apreensão
de sua realidade, participando inclusive da construção do conhecimento que alicerce esta
reflexão. Isto é, que o mesmo torne-se sujeito de sua própria existência.
No entanto, para que isso aconteça, precisamos entender que o ser humano se
constrói a partir de sua própria existência ao longo da história. E essa história humana
não é apenas um amontoado de fatos de um passado distante, mas se configura
enquanto um processo em constante transformação, no qual o passado, o presente e o
porvir constituem-se como um contínuo infinito.
O ser humano é antes de tudo um ser social. Não vive e sobrevive no mundo
sozinho e isolado, sobrevivendo apenas em sua individualidade. Sob diversas formas, é
um ser que se interage com outros seres, de forma direta ou indireta, na busca por sua
sobrevivência. Desde as primeiras comunidades (de forma simples) até a atualidade (de
forma complexa) os homens se relacionam entre si na formação das condições que
garantam a sua existência material, mesmo que essa busca seja motivada por interesses
individuais. Estabelecem-se então relações econômico-sociais entre as partes, no qual o
trabalho é a principal – e única – fonte dos recursos materiais necessários para a
sobrevivência humana.
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Ao falar em educação é inevitável discutir seu papel socializador e seu aspecto
representativo da cultura. O que implica em analisar os fundamentos históricos e
filosóficos, já que a educação, em si, só é possível através da transmissão do
conhecimento ao longo do tempo, por meio do diálogo, do contato entre as pessoas. Sem
socialização, contextualizada no âmbito escolar, não existe educação. Sendo necessário,
portanto, discutir como e se a educação realmente sociabiliza e se este deve ser o seu
principal objetivo. Uma questão amplamente debatida e ainda não esgotada que originou
várias tendências pedagógicas, além de inúmeras propostas de direcionamento
educacional.
No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos,
costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração
seguinte. A educação vai se formando através de situações presenciadas e experiências
vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida.
O conceito de educação engloba o nível de cortesia, delicadeza e civilidade
demonstrada por um indivíduo e a sua capacidade de socialização.
De acordo com o filósofo teórico da área da pedagogia René Hubert, a educação é
um conjunto de ações e influências exercidas voluntariamente por um ser humano em
outro, normalmente de um adulto em um jovem. Essas ações pretendem alcançar um
determinado propósito no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função nos
contextos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade.
No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das
faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na
sociedade ou no seu próprio grupo.
Educação (do latim educations) no sentido formal é todo o processo contínuo de
formação e ensino aprendizagem que faz parte do currículo dos estabelecimentos
oficializados de ensino, sejam eles públicos ou privados.
No Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, a Educação divide-se em dois
níveis, a educação básica e o ensino superior. A educação básica compreende a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A educação nacional remete para o
grupo de órgãos que fazem a gestão do ensino público e fiscalização do ensino particular.
No processo educativo em estabelecimentos de ensino, os conhecimentos e
habilidades são transferidos para as crianças, jovens e adultos sempre com o objetivo
desenvolver o raciocínio dos alunos, ensinar a pensar sobre diferentes problemas, auxiliar
no crescimento intelectual e na formação de cidadãos capazes de gerar transformações
positivas na sociedade.
Antes de entrar nesta esfera, no entanto, é necessário debater o âmago do que
torna a educação possível, a socialização e sua relação com a educação.
A socialização pressupõe a interação social, a capacidade de integrar-se a um
grupo, assimilando padrões sociais. O que interfere na maneira como o sujeito percebe o
mundo, o outro e a si mesmo. O processo de interação e a socialização, inicia-se no
nascimento do sujeito e só se encerra com a sua morte, fazendo uso da linguagem para
interagir e integrar os indivíduos.
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Em sentido amplo, a linguagem, através da cultura, constrói significados, embora a
equação inversa também seja verdadeira. Podemos afirmar que o ser humano, neste
sentido, só se humaniza a partir da socialização e da assimilação da cultura.
Poderíamos definir a cultura como um conjunto de valores que une e dá
identidade a um grupo, espelhando o conhecimento acumulado por gerações.
Assim, sendo a educação a transmissão e assimilação de conhecimentos, cabe
perguntar qual é o papel da educação para que a integração entre as pessoas se efetive?
Responder esta questão conduz a outro tema correlato: o papel da educação em
sentido amplo e sua distinção dentro e fora do processo de escolarização
institucionalizado.
Educação formal e informal
Analisando-a de forma abstrata, deslocada das contradições e dos antagonismos
de classes, atribuem a ela um caráter redentor. Entretanto, existem "n" formas de
educação; não é possível para falar de educação abstratamente, nem desconsiderando a
história. Além disso, as finalidades com que se educa também não são as mesmas em
todas as épocas, em todos os lugares e em todas as sociedades.
Ora, se a educação é a forma como a sociedade educa seus membros para viverem
nela mesma, então, para compreender a educação precisamos compreender a sociedade.
Assim, na medida em que a compreendermos, também entenderemos aquela.
Para entender o papel da educação na socialização é necessário discutir a
transmissão da cultura dentro e fora da escola.
A educação, a transmissão do saber acumulado pela humanidade, não se
concretiza somente na escola, acontece também de maneira informal (sem norma ou
forma), não possuindo critérios, horários, hierarquia ou sistema de avaliação.
Neste sentido, a educação informal é produzida a partir das necessidades
imediatas da vida, configurando o conhecimento conforme as exigências requeridas para
a sobrevivência.
Pensando nesta concepção, o saber escolar muitas vezes se distancia da realidade,
impedindo a assimilação democrática do conhecimento e excluindo várias categorias
sociais, portanto, limitando o acesso ao saber que confere poder.
A escola é uma instituição, como tal possui normas e padrões, impostos por
aqueles que controlam o sistema educacional, visando organizar seu funcionamento.
Diferente da educação informal, o conhecimento escolar é sistematizado, transmitido a
partir de critérios e métodos, composto por um saber científico, dogmático. Embora a
ideia, teoricamente, seria a escola criar uma proximidade com a realidade concreta,
possibilitando uma flexibilidade de conteúdos.
O grande problema é que a educação formal, sendo hierarquizada, é fruto e
reflexo do fordismo, dividindo tarefas e limitando o processo de socialização.
O fordismo educacional transforma os professores em tarefeiros, semelhante ao
que ocorreu com operários em linhas de montagem, fazendo, por outro lado, o educando
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perder a noção do conjunto. No entanto, de certo modo, a educação formal contém em
si a informal, já que o educador não se limita a transmitir conteúdos.
Enquanto o professor exerce uma profissão eminentemente técnica, o educador
deveria ensinar e praticar a tolerância com o outro, a convivência pacífica, instigando a
curiosidade para conhecer as diferenças, ou seja, incentivando a socialização.
A socialização é o centro de duas visões distintas do que se entende como função
da escola, configurando duas abordagens clássicas: o paradigma do consenso e do
conflito.
A noção de paradigma envolve um modelo que serve de base a construção da
ciência. Ambos os paradigmas balizam a construção de teorias e tendências pedagógicas
e representam pontos de referência e lógicas de pensamento.
História da Educação
A história da educação é parte da história da cultura, que por sua vez faz parte da
história geral. Em cada tempo/espaço histórico, a educação atendeu a determinados
objetivos, que correspondiam a visões de homem e de mundo. Para compreender a
história da educação, é essencial situá-la na história geral.
Desde que o ensino e a aprendizagem passaram a ser planejados e formalizados,
eles sofreram muitas transformações. Para começar a nossa conversa, não há nada
melhor do que mergulhar no mar da história.
Dentre as principais fases da história da educação estão as seguintes:
 Educação primitiva
Embora não existam provas, historiadores inferem que a educação entre os grupos
primitivos ocorria de forma espontânea, ou seja, as crianças ou jovens aprendiam por
imitação, ao observarem os maiores em suas atividades elementares, que eram a pesca, a
caça, a agricultura, etc. A observação de fenômenos meteorológicos, alguns rituais
sagrados e a preparação para a guerra, com o passar dos séculos, passaram a fazer parte
da educação dos jovens, que para isso precisavam ser treinados.
Depois desta fase, entra-se (cerca de 8 ou 10 mil anos) na época do Neolítico, na
qual se assiste a uma verdadeira e própria revolução cultural. Nascem, as primeiras
civilizações agrícolas: os grupos humanos se tornam sedentários, cultivam os campos e
criam animais, aperfeiçoam e enriquecem as técnicas (para fabricar vasos, para tecer,
para arar), cria-se uma divisão do trabalho cada vez mais nítida entre homem e mulher e
um domínio sobre a mulher por parte do homem, depois de uma fase que exalta a
feminilidade no culto da Grande Mãe (findo com o advento do treinamento, visto como
“conquista masculina”).
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 Educação egípcia
Vamos voltar ao passado e, pela precisão, ao antigo Egito. Como toda sociedade
que produz riquezas a partir da exploração da maioria dos seus habitantes, percebemos
logo que o saber não é democratizado e que cada setor só tem acesso a um determinado
tipo de educação.
Em grandes linhas, podemos dizer que no antigo Egito existem quatro grupos de
pessoas que recebem um ensino diferenciado: o faraó e os senhores da corte, os escribas
e todos aqueles que se dedicam às funções administrativas, os artesãos e, por último, os
escravos. Cerca de 2.600 anos antes de Cristo, os filhos do faraó, seus futuros
conselheiros e os nobres do Egito são educados para dominar a arte da palavra.
Para comandar e pôr ordem na sociedade é imprescindível dominar a arte da
palavra. Não é pra menos. É indispensável saber falar em público tanto para intervir nos
conselhos restritos do poder, como para passar uma lábia na multidão, acalmar seus
ânimos, justificar a repressão dos descontentes e reafirmar os valores dominantes como
os únicos capazes de organizar a sociedade.
Mas a sociedade muda e força o ensino destinado aos faraós a adaptar-se às
mudanças. Lá pelo ano 2.000 antes de Cristo os nobres do Egito conquistam a
possibilidade de governar suas regiões num regime de maior autonomia em relação ao
poder do faraó. O país é dividido em feudos e começa um período de desordem e
agitação social. É neste contexto que o ensino destinado às elites incorpora uma
formação mais aprimorada do homem político e a educação física como parte da
preparação necessária para eventuais enfrentamentos nos campos de batalha.
É interessante reparar que o círculo dos nobres e da família do faraó não se
preocupa em ensinar a seus filhos a escrever. Acontece que, nesta época, a escrita é
apenas um instrumento que permite registrar os atos oficiais e administrativos. Por isso,
a tarefa de escrever é deixada aos escribas que, em geral, aprendem esta arte com os
pais. Além da escrita, as relações que se desenvolvem no interior dos círculos do poder
impõem que o ensino destinado a estas pessoas incorpore o aprendizado de um
profundo sentimento de obediência e submissão.
Você já deve ter percebido que no antigo Egito, como em toda sociedade dividida
em classes, os grupos dominantes usam o processo educativo como um meio para
moldar as várias camadas da população. Assim como o oleiro dá forma ao barro para que
ele se transforme num determinado objeto, as elites se preocupam em formar cada setor
da sociedade de acordo com a necessidade de garantir a exploração e a ordem que
proporciona a concretização de seus interesses. Em outras palavras, na civilização egípcia
já podemos visualizar uma característica que vai se manter constante ao longo da
história: há sempre uma relação direta entre o tipo de educação e a posição que o
indivíduo ocupa na pirâmide social.
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 Educação clássica
Em Roma antiga, as coisas não são muito diferentes. Lá, o primeiro educador é o
“pater familiae”. Desde a fundação da cidade, a autonomia da educação paterna é uma
lei do Estado pela qual o pai é dono e artífice de seus filhos. A antiga monarquia romana,
de fato, é uma república constituída pelos proprietários das terras e dos núcleos rurais
(familiae), dos quais fazem parte as mulheres, os filhos, os escravos, os animais e
qualquer outro bem. O pai-proprietário (pater) exerce sobre eles um poder soberano
que, entre outras coisas, lhe permite matar os filhos anormais, prender, flagelar,
condenar aos trabalhos agrícolas forçados, vender ou matar os filhos rebeldes, mesmo
quando, já adultos, estes ocupam cargos públicos.
A educação no seio dessa família visa, basicamente, o ensino das letras, do direito,
o domínio da retórica e das condições para desempenhar as atividades políticas, típicas
das classes dominantes.
Ainda que o desenvolvimento histórico imponha mudanças nos costumes e nas
instituições que se dedicam à educação dos jovens, a organização do Estado romano
impede o livre acesso do povo simples à arte da palavra. As poucas escolas existentes
tornam-se cada vez mais um meio para a capacitação de um grupo restrito de indivíduos,
como burocratas, no poder do Estado.
Neste contexto, feita exceção pela agricultura que é um aspecto e uma fonte de
domínio do pai-proprietário, todas as atividades produtivas são consideradas indignas de
um homem livre. Exercidas pelos escravos ou pelos estrangeiros que migram para Roma,
seu ensino é reservado aos membros dessas classes sociais. À diferença da situação que
encontramos no Egito, em Roma nos deparamos com a necessidade de fazer com que os
conhecimentos e as habilidades de algumas profissões sejam ensinados em escolas.
Trata-se de um costume que os patrões “mais empreendedores” praticam para melhor
explorar o trabalho servil. Além de formarem escravos mais qualificados para serem
empregados em suas propriedades, as “escolas profissionalizantes” da época permitiam
utilizar o ensino como investimento “de capital” na medida em que possibilitava vender
ou alugar os mesmos escravos a um preço bem mais alto.
Se é verdade que, ao longo dos séculos, as descobertas da ciência e da técnica
impõem mudanças aos processos de aprendizagem, é também verdade que cada passo
do desenvolvimento histórico impõe a necessidade de resolver o velho problema de
como e quanto instruir quem é destinado não aos círculos do poder e sim à produção.
 Educação medieval
Se desenvolve na época em que o cristianismo alcança toda a Europa (V – XV d. C.).
O caráter é essencialmente religioso, dogmático, predominando matérias abstratas,
literárias, com prejuízo a educação intelectual e científica. É empregado o uso do latim
como língua única. Da Igreja partiram os modelos educativos e as práticas de formação.
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Na era medieval, como havia um monopólio da cultura e do pensamento por parte
da Igreja Católica, a educação teve grande influência religiosa. Eram os integrantes da
Igreja que estabeleciam o que deveria ser estudado, os conteúdos e os objetivos da
educação. As escolas eram, portanto, associadas às instituições religiosas católicas.
Embora controlada pela Igreja, a educação não ficou apenas no campo religioso, abrindo
também espaço para o estudo das ciências, técnicas e habilidades.
Existiam nesse período medieval escolas que funcionavam anexas às catedrais ou a
escolas monásticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a
tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante
para o nosso legado educacional contemporâneo.
A escola no período medieval era dirigida por um cônego, ao qual se dava o nome
de scholarius ou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e
lecionavam as chamadas sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética,
geografia, astronomia e música, que mais tarde constituíram o curriculum de muitas
universidades.
Para acontecer o ensino precisava-se de uma autorização, essa era cedida pelos
bispos e pelos diretores das escolas eclesiásticas que, com medo de perderem a
influência, dificultavam ao máximo essa concessão. Reagindo contra essas limitações,
professores e alunos organizaram-se em associações denominadas universitas, que mais
tarde originou a palavra universidades. As universidades eram compostas por quatro
divisões ou faculdades. A faculdade de Artes era o lugar onde a educação acontecia de
forma mais geral, as faculdades de Direito, Medicina e Teologia trabalhavam o
conhecimento de forma mais específica. Os diretores das faculdades eram chamados de
decanos e eleitos pelos professores; o decano da Faculdade de Artes era o reitor e
representava oficialmente a universidade.
Grande parte dos estudantes da Idade Média vinha da nobreza, pois esta camada
social possuía recursos financeiros para manter os filhos nas escolas. Os nobres decidiam
quais filhos iriam para a área militar (formação de cavaleiros), para a formação técnica
(escolas formais) ou formação religiosa (escolas monásticas).
Já os camponeses e seus filhos, sem recursos financeiros e presos às obrigações
servis, não tinham acesso à educação escolar, ficando sem saber ler e escrever por toda
vida.
Nos séculos XIV e XV (final da Idade Média), com o surgimento da burguesia, as
escolas e universidades passaram a ter muitos estudantes oriundos desta nova camada
social. Os filhos dos burgueses iam para escolas e universidades que davam formação
mais ampla ou de caráter técnico. Os burgueses buscavam formar seus filhos em áreas
como Medicina, Artes, Direito, Filosofia e Arquitetura. Claro que muitos burgueses
também direcionavam os estudos dos filhos para que estes continuassem o negócio da
família nas áreas de comércio ou finanças.
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 Educação humanista
No século XIV e XV abrem-se novos horizontes geográficos que permitem uma
grande transformação cultural, social, política, religiosa e econômica, desencadeada pelas
relações comerciais da Europa com os povos do Oriente, de África, da Ásia e da América.
Este contexto proporcionou, não só uma entrada em larga escala de bens
alimentares e de consumo, mas também de outras formas de pensar, outros costumes e
valores, trazidos por outros povos.
Após o século XV, período da Renascença, é criada a educação humanista, uma
nova versão do conhecimento greco-romano. A disciplina e autoridade até então
predominantes deixam espaço ao desenvolvimento do pensamento livre e crítico. As
matérias cientificas retornam ao currículo, embora ainda em segundo plano. Surge o
colégio humanista (escola secundária), onde são estudados o latim e o grego. Os
exercícios físicos são valorizados.
Toda esta abundância, característica de uma nova sociedade baseada nos
princípios da civilização urbana e cosmopolita, veio precisamente originar uma forma de
pensar assente na valorização da “dignidade do homem”, colocando-o no centro do
universo, dando ênfase à sua forma de agir e de pensar, abrindo-lhe novos horizontes
para desenvolver a sua personalidade, conduzindo o seu pensamento a uma nova
perspectiva da vida.
Podemos então afirmar que a educação humanista surge no sentido de organizar a
sociedade em vários níveis.
 Educação cristã reformada
Resultado da Renascença, no século XVI surge a reforma religiosa, e como
resultado, uma educação cristã reformada, tanto católica, como protestante. A educação
católica pós renascença, foi marcada por um movimento conhecido por Contrarreforma.
A Companhia de Jesus, organização criada por Inácio de Loyola, foi a mais poderosa arma
contra os protestantes. As ordens religiosas, das quais se destaca a dos jesuítas, foram as
responsáveis por disseminar o cristianismo por meio da educação durante séculos. O
Ratio Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma educação inspirada
nas escolas humanistas.
 Educação realista
Com base na filosofia e nas ciências de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes, as
chamadas ciências novas, a educação realista dá início aos métodos da educação
moderno.
O século XVII marca o surgimento da educação realista que estabelece um
momento de transição entre a pedagogia do renascimento e a pedagogia iluminista do
século XVIII.
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A educação realista é fortemente influenciada pelo empirismo de Francis Bacon e
pelo racionalismo de Descartes. Também sofre a influência do movimento científico da
época, liderado por Galileu e Kepler, sem mencionar a profunda revolução causada pela
teoria heliocêntrica elaborada por Nicolau Copérnico, ainda no século XVI.
Ela busca substituir o conhecimento verbalista anterior pelo conhecimento das
coisas. Para tanto, procura criar uma nova didática. Segue reafirmando com mais ênfase
ainda a individualidade do educando e, na ordem social e moral, advoga o princípio da
tolerância, do respeito à personalidade e de fraternidade entre os homens.
 Educação Naturalista
Com base nas ideias de Jean-Jacques Rousseau, a educação naturalista teve
influência decisiva a educação moderna. Para Rousseau, são pressupostos para a
educação: a liberdade, a atividade pela experiência, a diferença entre a mente da criança
e do adulto (a criança deixou de ser vista como um adulto em miniatura, e passou a ser
vista como um ser em desenvolvimento), enfim, uma educação integral, que atenda aos
aspectos físicos, intelectuais e morais. No entanto, para Rousseau, para cada aluno
deveria haver apenas um educador. Suas ideias inspiraram pensadores e educadores, dos
quais se destacou Pestalozzi.
Ela está relaciona os métodos científicos (hipótese, observação, descrição,
previsão, controle...) afirmando que todos os seres do nosso universo são naturais e que
todo o conhecimento que se tem sobre o universo só é possível com investigações
científicas.
Essa educação naturalista, não significa retornar a uma vida selvagem, primitiva,
isolada, mas sim, afastada dos costumes da aristocracia da época, da vida artificial que
girava em torno das convenções sociais. A educação deveria levar homem a agir por
interesses naturais e não por imposição de regras exteriores e artificiais, pois só assim, o
homem poderia ser o dono de si próprio.
Rousseau trouxe novas ideias para combater aquelas que prevaleciam há muito
tempo em sua época, principalmente a de que a educação da criança deveria ser voltada
aos interesses do adulto e da vida adulta. Introduziu a concepção de que a criança era um
ser com características próprias em suas ideias e interesses, e desse modo não mais podia
ser vista como um adulto em miniatura.
Com suas ideias, ele derrubou as concepções vigentes que pregavam ser a
educação o processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, atitudes e
hábitos armazenados pela civilização, sem transformações.
Considerava cada fase da vida como tendo características próprias. Tanto o
homem como a sociedade se modificam, e a educação é elemento fundamental para a
necessária adaptação a essas modificações. Se cada fase da vida tem suas características
próprias, a educação inicial, não poderia mais ser considerada uma preparação para a
vida, da maneira que era concebida pelos educadores à época.
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Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança
no seu contato com a natureza. Ao contrário da rígida disciplina e excessivo uso da
memória vigentes então, propôs serem trabalhadas com a criança: o brinquedo, o
esporte, a agricultura e uso de instrumentos de variados ofícios, linguagem, canto,
aritmética e geometria.
Através dessas atividades a criança estaria medindo, contando, pesando; portanto,
estariam sendo desenvolvidas atividades relacionadas à vida e aos seus interesses.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Educação na Idade Média. Disponível em:
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