UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA TEOREMA DE WEDDERBURN Disciplina: MA 673 – Elementos de Álgebra Professor :Fernando Torres Orihuela Aluno: Alan Henrique de Souza RA 072723 CAMPINAS 2015 Resumo O presente trabalho visa apresentar o teorema de Wedderburn, que afirma que todo anel com divisão finito é um corpo. Palavras chaves: Wedderburn, anel finito, anel com divisão, corpo. Definição: A=(A,+,*) é um anel se, e somente se: a) (A,+) é grupo abeliano e * é uma operação binária interna; b) a*(b+c)=a*b+a*c, para ∀a,b,c ∈A; c) (a+b)*c=a*c+b*c, para ∀a,b,c ∈A; Definição: Um conjunto A com uma operação binária + é um grupo abeliano, ou comutativo, se são satisfeitas as seguintes condições: i) a operação é associativa; ii) a operação tem elemento neutro; iii)todo elemento possui inverso; iv)a operação é comutativa. Para que (a,+) fosse um grupo bastaria que fossem satisfeitas as três primeiras condições, isto é, (a,+) não precisaria ser comutativo para ser um grupo( embora ,nesse caso, seria um grupo não-abeliano). Vamos adotar a seguinte notação: 0=neutro de (A,+). -a=inverso(aditivo) de a∈A. Definição: (A,+,*) é um anel de divisão se (A\{0},*) é um grupo. Definição: (K,+,*) é um corpo se, e somente se: a) (K,+,*) é um anel; b) (K\{0},*) é um grupo abeliano. Teorema de Wedderburn: Todo anel de divisão finito é um corpo. Prova: precisamos mostrar que sendo (A,+,*) é um anel de divisão então: A é finito⇒(A\{0},*) satisfaz a propriedade comutativa. Como sabemos, por hipótese, que (A\{0},*) é grupo então: a) b) c) d) ∃1∈ A\{0} tal que 1*a=a*1=a; 1 é diferente de 0, pois 0 não é elemento de A\{0}; Existe inverso multiplicativo para todo elemento de A\{0}; (A\{0},*) é associativa. Notações: Elemento neutro multiplicativo de (A\{0},*) := 1. Inverso multiplicativo de a := a-1. Vamos usar a*b=ab. o(H)= número de elementos de H. Vamos supor que (A\{0},*) não seja comutativo. Seja Z={z ∈ A | zx=xz, ∀ x ∈ A} seu centro. Logo, A é extensão de Z. Assim, se Z tiver q elementos, a terá q n elementos(n natural maior ou igual a 1). Queremos então mostrar Z=A, ou seja, n=1. Porém, por hipótese estamos considerando Z≠A, ou seja, n>1. Vamos mostrar que tal situação não é possível para A. Se a ∈ A, Seja N(a) = { x ∈ A | xa=ax} o normalizador de a em A. Então N(a) contém Z e N(a) é subanel de A. Logo, N(a) tem qn(a) elementos. Como N(a)\{0} com a operação * de A é um grupo. Então, pelo teorema de Lagrange, (qn(a)-1)|(qn-1) ⇒ n(a)|n. No grupo (A\{0}, *) temos que a é conjugado de b se a=x-1bx, para algum x≠0 em K. Vamos utilizar agora o teorema abaixo: Se G é grupo finito, então o número de elementos conjugados de a em G é o(G)/o(N(a)). Assim o número de elementos de A\{0} conjugados de é o(A)/o(N(a)). a ∈ Z ⇔n(a) = n. Portanto, (1) qn-1 = q-1+∑[( n-1)/(qn(a)-1)] n(a)|n n(a)≠n Temos que mostrar que (1) não tem solução inteira. Tentaremos encontrar um inteiro b tal que b divide [ (qn-1)/(qn(a)-1)] mas b não divide q-1. Sabemos que xn-1 tem n raízes distintas no corpo dos complexos. Um número complexo α é a n-ésima raiz primitivas de 1 se αn=1 mas αm≠1 para 1≤ < . Seja φn(x)=∏(x- α) o n-ésimo polinômio ciclotômico, onde o produto é estendido sobre todas as raízes primitivas de 1. Observe que xn-1=∏(x- λ) onde produto ocorre para λn=1, pode ser reagrupado de forma a obtermos: (2) xn-1=∏ φd(x) d|n Pode-se mostrar por indução que φn(x) é um polinômio mônico de coeficientes inteiros. Agora vamos mostrar que φn(x) divide [xn-1/xd-1], d|n e d≠n. Observe que xd-1=∏ φk(x). Note que k|d⇒k|n,. Portanto, reagrupando (2) , temos: k|d n d x -1= φn(x) (x -1)f(x) Onde f(x) = ∏ φk(x) tem coeficientes inteiros. k|n k+d Logo, φn(x) divide [xn-1/xd-1]. Aplicando esse fato em 1 temos: φn(q) divide [qn-1/qn(a)-1] e φn(q) divide qn-1. Observe que: |φn(q)|= ∏|q- α|>q-1. Logo φn(q) não divide q-1. Uma contradição. Portanto, n=1 ⇒ A=Z⇒(A\{0},*) é grupo comutativo. Portanto, (A,+,*) é corpo. Curiosidades: Este teorema homenageia Joseph Wedderburn(1882-1948) que em 1905 publicou a primeira prova do teorema, e posteriormente publicou provou o mesmo teorema de duas outras maneiras distintas. Porém, de acordo com a historiadora da matemática Karen Hunger Parshal em um artigo publicado em 1983, haveria um erro na prova original, o que significaria que a primeira prova correta do teorema deveria ser creditada ao matemático Leonard Eugene Dickson(18741954) já que sua demonstração é anterior as duas outras feitas por Wedderburn. Um aluno de Wedderburn chamado Nathan Jacobson(1910-1999) provou uma generalização do teorema de Wedderburn conhecido como teorema de Jacobson. Bibliografia I.N. Herstein. Topics in Algebra. John Wiley and Sons, 1975. https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_de_Wedderburn https://en.wikipedia.org/wiki/Wedderburn's_little_theorem