DISLEXIA LETYCIA VICENTE ROCHA ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR

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DISLEXIA
LETYCIA VICENTE ROCHA
ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR COM A DIDÁTICA E A DISLEXIA
O processo de alfabetização requer do educador uma didática, certamente quando
falamos em didática, logo pensamos em livros, mas na verdade didática quer dizer o
meio que utilizaremos para alcançar tal objetivo, aqui podemos dizer que o objetivo de
um educador é que seus educandos saiam de uma sala de aula sabendo ler e
escrever, ou seja, saiam alfabetizados, então ele deverá utilizar o que chamamos de
didática para atingir tal objetivo.
Alfabetizar no Brasil não é tarefa fácil, visto que muitas escolas sequer dão suporte
aos professores, ou seja, oferecem condições para isso, mas também não podemos
nos delimitar somente ao papel falho do Estado – provedor – devemos lembrar
também de sua falha na distribuição de renda, onde poucos tem acesso a escola, e os
que tem encontram dificuldades até mesmo de locomoção a ela. O Brasil é sem
dúvidas um país desigual, porém esse não é nosso tema de estudo, veremos aqui a
importância da alfabetização.
Antunes Faz uma metáfora bastante interessante quando falamos em suporte e boas
condições para ensino:
A aprendizagem tal como uma cirurgia de risco pode ocorrer
em qualquer ambiente, mas a possibilidade de sucesso
depende não somente da capacidade de quem a promove,
mas das circunstâncias ambientais. È comum em paises como
o Brasil, marcado pela agressão infinita das desigualdades,
descobrir-se médicos operando com canivetes, em catres
imundos empilhados em corredores abarrotados, mas o
sucesso desse empreendimento seria certamente melhor em
uma sala cirúrgica completa, com circunstancias anti-sépticas
indiscutíveis. A metáfora vale para o ensino. O professor é
imprescindível, mas sua competência, mesmo que revelandose extraordinária em salas de aula sem qualquer recurso, será
ainda mais nítida quando puder prover sua ação de apoios e
suportes essenciais, espaços favoráveis, meios de
organização e estrutura para sua classe, campos para
selecionar informações, meios para organizar as atividades
dos alunos em minigrupos e em grupos maiores, linguagens
diferentes para apresentar seus conteúdos, materiais de
consulta e pesquisa sempre a mão [...]. Parece importante
ressaltar que essas condições ajudam bastante, sua falta ou
presença incompleta pode limitar a meta procurada, jamais
inviabilizá-la totalmente (2002, p. 26).
Certamente nosso tema de estudo não se limita à estrutura e suporte que as
instituições dão aos educadores, mas ao processo de alfabetização, firme nessa
premissa, citamos a afirmação de Ferreiro e Teberosky (1985, p. 39) sobre
alfabetização no processo de leitura
Quando apresentamos às crianças diferentes textos escritos
em cartões e lhes pedimos que nos dissessem se todos esses
cartões “servem para ler” ou se existe alguns que “não
servem”, observamos dois critérios primordiais utilizados; que
exista uma quantidade suficiente de letras, e que haja
variedade de caracteres. Em outras palavras, a presença das
letras por si só não é condição suficiente ara que algo possa
ser lido; se há poucas letras, ou se há um número suficiente,
porém da mesma letra repetida, tampouco se pode ler. E isso
ocorre antes que a criança seja capaz de ler adequadamente
os textos apresentados.
Acabamos de ver que para que o processo de leitura seja eficiente há a necessidade
que haja caracteres variáveis, pois o processo de leitura para uma criança no início
não é tarefa fácil, o que nos mostra a necessidade de didática por parte do educador
para que uma criança possa aprender a ler e sucessivamente escrever.
A autora Luria afirma;
No começo, a criança relaciona-se com coisas escritas, sem
compreender o significado da escrita: no primeiro estágio
escrever não é um meio de registrar algum conteúdo
específico, mas um processo autocontido, que envolve a
imitação de uma atividade do adulto, mas que não possui, em
si mesmo, um significado funcional. Esta fase é caracterizada
por rabiscos não diferenciados: a criança registra qualquer
idéia com exatamente os mesmos rabiscos. Mais tarde – e
vimos como se desenvolve – começa a diferenciação: o
símbolo adquire um significado funcional e começa
graficamente a refletir o conteúdo que a criança deve anotar.
(LURIA, 1988, p. 181)
Segundo Gontijo ressalta que:
É preciso acentuar que o ensino da linguagem escrita, na fase
inicial de alfabetização deve articular os dois planos de
linguagem; sonoro e semântico, pois esses são seus
constituintes essenciais. È necessário ter em mente que a
função do signo, da linguagem escrita, é significar. As
significações só existem no terreno interlocutivo. Dessa
maneira, é fundamental que a escrita esteja dirigida as
pessoas, possibilitando o diálogo e a interação entre os
indivíduos. Só assim será incorporado pelas crianças, como
atividade social, resultado da vida social das gerações
passadas como produção humana (GONTIJO, 2003, p. 148 e
149).
Para Soares:
Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita
denomina-se letramento, que implica habilidades várias, tais
como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes
objetivos – para informar ou informar-se, para interagir com
outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar
conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir se, para
orientar-se, para apoio à memória, para catarse [...];
habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros
de textos; habilidades de orientar-se pelos protocolos de
leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses
protocolos, ao escrever, atitudes de inserção efetiva no mundo
da escrita, tendo interesse e prazer em ler e escrever,
sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer
informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma
diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o
interlocutor [...] (SOARES, 2003, p. 91-92)
E aí perguntamos: mas como ir além da alfabetização na escola ou nos programas de
alfabetização de adultos?
“Alfabetizar letrando” é a resposta de Soares:
Assim teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas,
mas não inseparáveis, [...] ensinar a ler e escrever no contexto
das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o
indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e
letrado. (SOARES, 1998, p. 47).
O mesmo autor nos traz uma afirmação muito interessante, Soares (1998) aponta
duas condições: que haja escolarização de qualidade e que a alfabetização seja
efetiva e ainda que exista disponibilidade de material de leitura, ou seja, condições que
facilitem o acesso ao mundo letrado, para que dê continuidade nas práticas que
busquem a efetivação do ensino da leitura e escrita, que este, seja para além do
período de escolarização.
Segundo Gontijo (2003, p. 18) “dessa forma, é por meio da linguagem que medeia às
relações entre as crianças e o mundo humano e as relações das crianças e das outras
pessoas que as apropriações se efetivam”. Assim, portanto, podemos novamente
afirmar que a escola prepara a criança para vida, através da alfabetização insere a
criança no meio social, também podemos ressaltar que indiretamente o professor
passa a inserir a criança no mundo letrado, bem como no meio social.
Libâneo (1994) afirma que:
A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática
entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino.
Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo
processo. O professo planeja, dirige e controla o processo de
ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria
dos alunos para a aprendizagem. (p. 81)
Com base nesta afirmação de Libaneo, nós poderemos aqui afirmar que
existem no meio educacional as crianças que são dislexas, como trabalhar e
desenvolver estas crianças enquanto educador?
Segundo Aliende e Cobdenmarin a dificuldade de aprendizagem relacionada
com a linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser inicial e informalmente
(um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolingüista)
diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação na área de
Letras e com habilitação em Pedagogia , que pode observar a velocidade da
leitura da criança.
Cabe aqui descrever o que é a dislexia, sendo um distúrbio de leitura, onde a
criança demonstra imensas e inumeras dificuldades com a identificação dos
símbolos gráficos no início da sua alfabetização, muitas crianças dislexas
apresentam dificuldades em amarrar sapatos, fazer cálculos sem usar as
mãos, são atrasadas na leitura e na escrita, possuem dificuldade de realizar
tarefas de casa sozinhas, o que torna o papel do educador mais complexo, pois
atuar com uma criança dislexa em sala de aula, é debruçar-se sobre a
necessidade do indivíduo transformando o saber em lazer e diversão, pois o
processo de aprendizado desta criança torna-se e necessita ser diferenciado
Libaneo afirma minha escrita acima quando acrescenta que
[...] o processo didático está centrado na relação fundamental
entre o ensino e a aprendizagem, orientado para a
confrontação ativa do aluno com matéria sob a mediação do
professor. Com isso, podemos identificar entre os seus
elementos constitutivos: os conteúdos das matérias que
devem ser assimilados pelos alunos de um determinado grau;
a ação de ensinar em que o professor atua como mediador
entre o aluno e as matérias; a ação de aprender em que o
aluno assimila consciente e ativamente as matérias e
desenvolve suas capacidades e habilidades. (p. 56)
Ferreiro e Teberosky (1985, p. 26) afirmam que:
O sujeito que conhecemos através da teoria de Piaget é um
sujeito que procura ativamente compreender o mundo que o
rodeia, e trata de resolver as interrogações que esse mundo
provoca. Não é um sujeito que espera que alguém que possui
um conhecimento o transmita a ele por um ato de
benevolência. È um sujeito que aprende através de suas
próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói
suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo em
que organiza seu mundo.
As autoras permanecem explicitando a teoria de Piaget com tais afirmações:
Compreender a teoria de Piaget dessa maneira não supõe que
ela seja aceita como dogma, mas sim, precisamente, como
teoria científica, e uma das maneiras de provar sua validade
geral é tratar de aplicá-la em domínios ainda inexplorados a
partir dessa perspectiva, tendo bastante cuidado em
diferenciar o que significa utilizar esse marco teórico para
engendrar novas hipóteses (...) A teoria de Piaget nos permite
– como já dissemos – introduzir a escrita enquanto objeto de
conhecimento, e o sujeito da aprendizagem, enquanto sujeito
cognoscente.
Segundo Rubinstein (2003, p.52) “A aprendizagem é uma forma de discurso
entendido como o conjunto de enunciados e de mensagens que regem o modo
como se organiza a sociedade pelo laço social. Por meio da aprendizagem
uma criança discrimina o que deve e o que não deve fazer e o que o outro
espera dela.” A música também pode contribuir para tornar o ambiente escolar
mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja
vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os
esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por
uma alegria que possa ser vivida no momento presente” (SNYDERS, 1992, p.
14).
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