Desequilíbrio Hidroeletrolítico Diógenes Trevizan Especialização Urgência e Emergência • Muitos pacientes que dão entrada na unidade de atendimento de urgência podem ter o equilíbrio hidroeletrolítico comprometido em função de diferentes agravos à saúde. Certas condições em que ocorre retenção excessiva de líquidos, como na insuficiência cardíaca ou renal, ou que levam a perdas exageradas, como em casos de diarreia e vômitos persistentes, pode haver desequilíbrio hidroeletrolítico. • A ação fundamental de enfermagem ao cliente, no caso, será o controle da volemia e dos eletrólitos. • Para o organismo sadio, a concentração de eletrólitos e a distribuição da água requerem processos contínuos, que mantêm o equilíbrio entre os meios intra e extracelulares • Dessa forma, o organismo é capaz de manter um “balanço zerado” entre a ingestão e a eliminação de água. • O líquido contido no espaço intracelular, isto é, dentro da célula, denomina-se líquido intracelular(LIC), sendo fundamental no metabolismo das células. O espaço extracelular, ou seja, fora da célula, está dividido em intersticial e intravascular, que corresponde à volemia do indivíduo (em torno de 5 litros). • O principal mecanismo para essa manutenção é feito por meio de regulação hormonal e mecanismo da sede. • O hormônio hipofisário antidiurético (ADH) atua nos rins aumentando a reabsorção de água e, consequentemente, diminui o volume urinário, tornando a urina mais concentrada. • A aldosterona, hormônio liberado pela suprarenal, aumenta a reabsorção de sódio nos túbulos renais e sua liberação é estimulada quando ocorre a diminuição da volemia, queda da pressão arterial ou diminuição do nível sérico de sódio. • Os eletrólitos são íons carregados de forma positiva ou negativa • que, distribuídos de maneira desigual, fazem parte da condução da eletricidade através das membranas celulares, mantêm a osmolaridade dos compartimentos dos líquidos corporais e auxiliam na regulação do equilíbrio ácido-básico. Os eletrólitos de maior relevância e que interferem na homeostase são potássio, cálcio, sódio, magnésio e fósforo. • A privação, o aumento ou a diminuição de água e/ou eletrólitos pode acarretar em desequilíbrios importantes detectados em diferentes agravos. • A hipervolemia é uma condição em que ocorre o excessivo ganho de líquidos pela disfunção dos mecanismos homeostáticos evidenciados na insuficiência cardíaca, renal ou hepática. As principais manifestações clínicas são edema, ingurgitamento jugular e taquicardia. Normalmente há aumento da pressão arterial, da pressão de pulso e da pressão venosa central. • O tratamento é direcionado à patologia de base e para a condição que desencadeou o agravo. As condutas incluem a restrição de volume e sódio, como também o uso de diuréticos. A realizaçã ode hemodiálise ou diálise peritoneal pode ser imperativa. • A hipovolemia é a diminuição do volume sanguíneo que ocorre na vigência de vômitos, diarreia, aspiração gastrintestinal, ingestão diminuída de líquidos, utilização de diuréticos de maneiraexagerada ou iatrogênica, transpiração excessiva, hemorragias e em grandes queimaduras. Ahipovolemia pode causar o choque hipovolêmico. • Quando há perdas em proporções iguais de água e soluto, denomina-se isotônica; quando a perda de solutos for maior do que a de água, denomina-se hipotônica. Para perdas em que a água for maior do que a de solutos, hipertônica. Desidratação • Associa-se ou não a perda de sódio. Dessa forma, a desidratação pode ser classificada em hipertônica ou hipernatrêmica quando ocorre a perda exclusiva de água; isotônica ou isonatrêmica, quando há perda de sódio e água de forma proporcional; e hiponatrêmica, quando ocorre a perda de sódio sem reposição de água. • Os sinais de desidratação começam a surgir quando a ingestão de líquido não for suficiente, mesmo após a tentativa de correção do organismo. Podemos distingui-la em leve, com perda de 3% do peso corpóreo; moderada, cerca de 5% a 8%; e grave, quando a perda atingir em torno de 10% do peso corpóreo. • A desidratação ocorre quando há perdas exageradas de fluido scorpóreos como líquidos gastrointestinais, em casos de diarreia e vômitos; perdas urinárias, em casos de doença de Addison, diabetes ou uso abusivo de diuréticos; e perdas por meio da pele em casos de queimaduras e sudorese profusa. • As principais manifestações clínicas são a sede, pele e mucosas secas,perda de peso, turgor cutâneo não elástico, taquicardia, hipotensão, taquipneia, letargia e oligúria. Em casos mais severos, obnubilação, febre e morte. Após o diagnóstico da causa básica que está ocasionando o desequilíbrio, o início do tratamento se faz com reposição volêmica. Nos casos de hiponatremia associada à correção do eletrólito, deve ser feita de maneira criteriosa para que não ocorra uma iatrogenia. • A hiponatremia pode estar associada ao aumento de líquido no espaço extravascular em que o paciente apresenta quadros de edema de membros inferiores e/ou anasarca e ascite, percebidos e associados a patologias como insuficiência cardíaca, hepática e renal. O mecanismo dessas ocorrências é a perda de volume para o espaço extra vascular diluindo a concentração de sódio. • Destacam-se como manifestações clínicas da hiponatremia a fadiga, vômitos, desidratação, hipotensão, sonolência e confusão mental, podendo evoluir para o coma. • O tratamento varia de acordo com a origem do distúrbio. Basicamente, é feita a reposição do sódio de forma criteriosa ou ainda a reposição de volume para quadros edematosos. • Na hipernatremia, o valor do sódio sérico é> que 145 mEq/L. A principal causa está relacionada à hiperosmolaridade, que provoca a desidratação das células. Normalmente é causada pela perda de água, ingestão inadequada de água ou ganho de sódio de forma iatrogênica. • Constitui maior risco para bebês, pacientes acamados e em coma. Pode ser pelo uso de medicamentos como diuréticos de alça, perdas gastrointestinais, nos vômitos e diarreia, perda através da pele como nos casos de queimaduras, e outras patologias como o diabetes . • As principais manifestações clínicas são agitação taquicardia, febre baixa, dispneia, hipertensão arterial, rubor cutâneo, mucosas secas, oligúria, espasmos musculares, fraqueza, inquietação, letargia e confusão mental. • A correção da hipernatremia é feita por meio da administração de volume. É importante participação do técnico de enfermagem no monitoramento da infusão venosa, pois, dependendo da velocidade em que é administrada, há possibilidade de ocasionar edema cerebral. • Alterações do potássio, acima ou abaixo da normalidade, podem levar o indivíduo a morte pela alteração da excitabilidade e condutividade miocárdica. Alteração acima do valor normal é denominada de hiperpotassemia ou hipercalemia, enquanto valor abaixo do normal é denominado hipopotassemia ou hipocalemia. • A hipocalemia é um distúrbio frequentemente detectado em pronto-socorro. Tem inúmeras causas, como a perda pelo trato gastrointestinal por meio de vômitos e diarreia; perdas renais pelo uso de diuréticos não poupadores de potássio; ingestão inadequada por uma nutrição deficitária, como nos casos de alcoolismo; distúrbios hormonais, como na Síndrome de Cushing; e distúrbios ácido-básicos, como ocorre na alcalose metabólica por determinados medicamentos como altas doses de penicilina e insulina, entre outras. • É importante que você atente para a manifestação mais relevante que é a possibilidade de arritmias e de PCR, uma vez que o miocárdio é extremamente sensível a alterações do potássio. • Além da dosagem sérica do potássio, o ECG é de fundamental importância para iniciar o tratamento adequado através da reposição de potássio. • A hipercalemia é definida como aumento de potássio sérico > 5 mEq/L. • Existem várias causas que levam ao quadro de hiperpotassemia, tais como uso de antiinflamatórios não esteroides, betabloqueadores ,entre outros. • As manifestações clínicas mais comuns são cólicas abdominais; diarreias; hipotensão; fraqueza muscular, principalmente em membros inferiores; acidose metabólica; e alterações de atividade elétrica miocárdica com potencial possibilidade de levar o paciente a óbito. O diagnóstico é feito por meio da dosagem plasmática de potássio e analise do ECG. • O tratamento baseia-se em diminuir o potássio plasmático, que pode ser feito pela administração de diuréticos de alça, uso de solução polarizante (insulina e glicose) para auxiliar na entrada de potássio novamente para dentro da célula, uso de sorcal e gluconato de cálcio. Quando o paciente apresenta acidose metabólica, a correção pode ser feita por meio da administração de bicarbonato de sódio. • O uso de sorcal pode provocar constipação e, portanto, deve ser administrado por via oral preferencialmente diluído com laxativo (Manitol). Fim!!!!