AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL. Cristina Corcino da Rocha do Prado. Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo. CARLINDA/2014 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL. Cristina Corcino da Rocha do Prado. Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo. “Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do titulo de Especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil.” CARLINDA/2014 AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus por ter concedido saúde e paz força e amparo nos momentos de dificuldade durante essa jornada. Agradeço a minha família pelo apoio e a todos os professores que tive durante o curso, deixo aqui meu muito obrigado pela compreensão e dedicação. Enfim aos novos amigos que adquiri durante o curso, e a todos que direto ou indiretamente tenha contribuído para a conclusão desse trabalho, constarão sempre em minha vida. DEDICATÓRIA Dedico esta monografia primeiramente a Deus que me deu coragem, sabedoria, para continuar na busca do conhecimento e chegar à conclusão de mais um curso, aos meus pais que me deram muito apoio nos momentos mais difíceis da minha vida, a minha filha Lauane, por se constituir enquanto pessoa, bela e admirável, que é a luz que me ilumina durante todos os momentos, conduzindo-me da tristeza para a felicidade, sendo que muitas vezes abri mão do momento do convívio, sofrendo com a sua ausência, quando o dever do estudo me chamava e que agora vêem com alívio este fim de etapa, compartilhando comigo a felicidade existente neste momento. Ao meu esposo Élio Vieira do Prado que esteve ao meu lado, ajudando-me e apoiando-me, aos meus professores que me ensinaram que por mais que achamos que o nosso conhecimento já está pronto, estamos enganados, pois o conhecimento é algo que está sempre se renovando. Obrigado por tudo!” “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis." (José de Alencar) RESUMO Ao brincar e jogar, a criança imagina, cria e imita. E com isso vai reconstruindo tudo aquilo que já desenvolveu, ampliando o que brincou na realidade, aprofundando sua imaginação para além de seu próprio pensamento. As brincadeiras são importantes no processo de aprendizagem e torna a atividade pedagógica muito interessante e rica. Além de proporcionar prazer e alegria às crianças. O lúdico pode proporcionar também muito aprendizado, como valores, comportamentos, raciocínio lógico, inserção no meio social, cooperação, aprendizado com os erros, solução de problemas, entre outros. O ato de brincar além de resgatar o direito de a criança brincar constrói o seu desenvolvimento cognitivo e estimula valores. Brincando a criança pensa mais e cria novas brincadeiras. A presente pesquisa mostrou a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento global da criança, além de um amplo campo de reflexão para os profissionais que atuam na educação infantil. Os métodos de pesquisa utilizados para realização desta pesquisa são qualitativos e bibliográficos. Ao final da pesquisa pode-se perceber que para o professores o recurso lúdico é uma ferramenta educacional que contribui no desenvolvimento infantil. Verificou-se também, que para os pesquisados, o lúdico auxilia no desenvolvimento afetivo do aluno e as atividades lúdicas contribuem para a socialização do mesmo, além de o lúdico auxilia no desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Palavras-chave: lúdico, desenvolvimento cognitivo. brincadeiras, jogos, desenvolvimento afetivo, SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................... 07 CAPÍTULO I............................................................................................................ 08 1.0 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL...............................................08 1.1 Problematização.............................................................................................. 08 1.2 Justificativa...................................................................................................... 08 1.3 Objetivo geral................................................................................................... 09 1.4 Objetivo específico........................................................................................... 09 1.5 Resultados esperados..................................................................................... 09 CAPÍTULO II........................................................................................................... 11 2.0 A importância do lúdico no processo ensino e aprendizagem......................... 11 2.1 A influencia dos recursos lúdicos na aprendizagem........................................ 13 2.2 Definição de jogos e brincadeiras.................................................................... 16 2.3 O desenvolvimento do conhecimento.............................................................. 21 CAPITULO III.......................................................................................................... 24 3.0 Desenvolvimento motor................................................................................. 24 3.1 Importâncias das atividades lúdicas no desenvolvimento motor das crianças 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 34 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 36 INTRODUÇÃO Há uma grande preocupação dos profissionais que atuam com crianças quanto ao desenvolvimento motor das crianças, essa teoria que fundamenta o sentido e significado do movimento humano no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Estabelecendo assim princípios básicos pautados na ação pedagógica que proporcionam jogos e as brincadeiras para as crianças para auxiliar no aspecto cognitivo das crianças, pois através do mesmo podemos desenvolver inúmeras habilidades, neste contexto as atividades lúdicas pedagógicas tornam-se um dos meios para a prevenção de defasagem na aprendizagem é essencial que a escola tenha um profissional tenham esse conhecimento para proporcionar meios que as crianças possam desenvolver-se de forma adequada. No capítulo I segue a: problematização, justificativa, relevância da pesquisa, hipóteses, objetivo geral e específico referente ao tema. No capitulo II aborda as fontes bibliográficas para a fundamentação teórica da mesma, buscando verificar a importância os jogos e brincadeiras como no desenvolvimento cognitivo de criança. No capítulo III apresentam-se fundamentos teóricos que dão base para o desenvolvimento desta pesquisa e para o conhecimento de vários aspectos relacionados ao tema na formação de teorias estudadas por diversos autores, busca oferecer uma visão geral sobre diferentes aspectos referentes ao tema em estudo. CAPITULO I 1.0 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO Os jogos e brincadeiras proporcionarão o desenvolvimento psicomotor infantil? 1.2 JUSTIFICATIVA A escolha do tema deu-se por acreditar que é fundamental que os professores que trabalham com crianças tenham conhecimentos sobre a importância de trabalhar atividades lúdicas para desenvolver o aspecto motor das crianças. Optou-se por pesquisar as metodologias que os professores utilizam para desenvolver a motricidade dos alunos. Acredita-se que essa temática é primordial para todos os educadores, pois ambos necessitam saber que os aspectos motores coordenam todos os campos neuro-sensoriais da aprendizagem das pessoas. Para que as habilidades motoras sejam desenvolvidas é necessário que se dê à criança oportunidades de desempenhá-las. O movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, apreendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas. No caso específico da educação física, o profissional dessa área possui ferramentas valiosas para provocar estímulos que levem ao desenvolvimento de forma bastante prazerosa: as brincadeiras e os jogos. A partir da utilização da imaginação, a criança deixa de levar em conta as características reais do objeto, se detendo no significado determinado pela brincadeira. Esse impulso dado aos conceitos e processos de desenvolvimento deverá ser fornecido pela educação física ao propiciar jogos e brincadeiras que, intencionalmente, estimulem a imaginação e a criatividade. Além disso, o processo de desenvolvimento dos alunos tem relação direta com o seu ambiente sócio-cultural e eles não se desenvolveriam plenamente sem o suporte de outras pessoas. No desenvolvimento psicomotor a criança precisa ser vista na sua totalidade porque seu desenvolvimento global se dá através dos movimentos, das ações, das experiências e da criatividade, levan09do-a 09 conseguir a plena consciência de si mesma, da sua realidade corporal que sente, pensa, movimenta-se no espaço, bem como se encontram com os objetos e gradativamente distingue suas formas e se conscientiza das relações de si mesma com o espaço e o tempo, interiorizando, assim, a realidade e esse processo é de fundamental importância para sua aprendizagem evitando assim atrasos cognitivos nas demais disciplinas. Dessa forma, percebe-se que a escola, e neste caso específico, a educação física tem um papel fundamental no aprendizado e, consequentemente, no desenvolvimento dos alunos, trabalhando as funções psicomotoras que formarão a base e darão a sustentação para a correta aprendizagem, contribuindo assim, para o desenvolvimento global das crianças. 1.3 OBJETIVO GERAL Entender e analisar a importância dos jogos e brincadeiras no processo de desenvolvimento psicomotor infantil. 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Levantamento de bibliografia relacionado ao tema; • Sistematizar a bibliografia selecionada; • Compreender a importância dos jogos e brincadeiras no processo de desenvolvimento psicomotor infantil. • Conclusão do trabalho; 1.5 RESULTADOS ESPERADOS Este estudo mostrará o quanto é importante trabalhar atividades que favoreçam o desenvolvimento psicomotor de crianças nas séries iniciais mais especificamente, sendo de grande importância que a educação física deve ser trabalhada de maneira adequada contribuindo assim para o desenvolvimento psicomotor das crianças como um todo. A escola, no papel de educadora deve ter um trabalho interdisciplinar, contribuindo para o desenvolvimento integral do aluno e para sua formação como cidadão. 10 Através desta pesquisa e estudo, busca-se obter dados bibliográficos sobre a importância do trabalho em relação ao desenvolvimento motor das crianças. CAPÍTULO II 2.0 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM Ao utilizar o lúdico como ferramenta pedagógica em sala de aula estará incentivando a aprendizagem, e desenvolvendo o raciocínio. Motivação, afetividade e memória, auxiliando no interesse e participação da criança no processo de aprendizagem. As ações lúdicas proporcionam interação, criatividade, satisfação e aprendizagem, desenvolvimento cognitivo, compreendendo as necessidades relevantes e controle emocional, possibilitando que aprendizagem aconteça de forma adquirir confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafio desse modo não se pode ignorar a necessidade de brincar apresentada pelas crianças. De acordo com MALUF (2003), através dos jogos e brincadeiras a criança pode imaginar criar e imitar, com isso pouco a pouco vai reconstruindo tudo aquilo que já desenvolveu ampliando e aprofundando sua imaginação para além do seu próprio pensamento. O lúdico é importante na infância em primeira razão, para que se defenda em todas as instâncias da sociedade que a criança tenha tempo, espaço e liberdade para brincar, brincar faz parte das práticas culturais básicas da infância, possibilitando para a criança a formação de estruturas internas relacionadas a vários aspectos do desenvolvimento. KISHIMOTO (2009), distingue a construções de estruturas mentais na aquisição de conhecimento. A brincadeira é um processo assimilativo do conteúdo desenvolvendo a aprendizagem construindo resultado, fortalecendo a comunicação e a interação social. ...O brincar é o mais saudável caminho para canalizar energia construindose processo de sublimação saudáveis e identificadores. “A tarefa, pois, de uma boa educação infantil seria a de propiciar, através de brincadeiras, ou afeto e a associabilidade”. Dando voz aos sonhos infantis. (ANTUNES, 2003, p. 18). Segundo a autora OLIVEIRA (2000), ao brincar as crianças vão estabelecendo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que vive uma possibilidade de transformá-la por meio de sua imaginação. 12 Portanto, o lúdico permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos tema das brincadeiras, permitindo às crianças o reexame e internalizarão de regras de conduta implícitas nos atos sociais e as reguláveis culturais, desenvolvendo um sistema de valores que irá orientar seu comportamento, ou seja, a criança desenvolve a capacidade de internalização e aprende a lidar com o limite. Do ponto de vista do desenvolvimento da criança, segundo VYGOTSKY (1989), a brincadeira traz vantagens sociais cognitivas e afetivas, pois enquanto brincam, ao mesmo tempo desenvolvem sua imaginação e podem construir relações reais de interação entre seus pares. Nesse momento, podem também elaborar regras de organização e convivência, reiterando situações de sua realidade. Modificam-nas de acordo com suas necessidades. Já o jogo traz consigo vários benefícios importantes, como estimular a aprendizagem pelo erro e a capacidade de resolução de problemas. Além disso, PIAGET (1978) possibilita o aprendizado moral, inserindo a criança em um grupo social e familiarizando-a na convivência com regras. Estimulam-se também a reflexão, o interesse, a descoberta, entre outros. A aprendizagem, segundo BROUGERE (1998), é tão importante quanto o desenvolvimento social e o lúdico e constitui uma ferramenta pedagógica ao mesmo tempo promotora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento social. Assim, o professor, ao pensar no processo educativo como uma maneira de socialização do educando, não pode desprezar as brincadeiras como instrumentos metodológicos primordiais para o desenvolvimento e crescimento da criança. Especialmente nos aspectos sociais, culturais e até emocional da criança. Segundo ALTMAN (2007), despertando para o mundo que a cerca, a criança brinca. No começo a criança é seu próprio brinquedo, a mãe é seu brinquedo, o espaço que a cerca, tudo é brinquedo, tudo é brincadeira. Portanto, percebe-se que as brincadeiras contemporâneas, configuram uma nova expectativa do brincar, O brincar modificou-se ao longo do tempo e os instrumentos é que se transformaram para, possivelmente atender ao dinamismo do mundo globalizado. 13 Há de se mencionar que, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta. Isso já está mudando, pelo menos aqui no Brasil. Cada contexto social Constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de sua vida que se expressa por meio da linguagem. 2.1 A INFLUÊNCIA DOS RECURSOS LÚDICOS NA APRENDIZAGEM É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança e os avanços que a mesma adquire numa brincadeira. A criança adquire aquilo que vive e que concretiza na sua ação. Quando num contexto de jogo, o professor oferece materiais variados confeccionado junto com as crianças, elas vivenciam e têm consciência da realidade concreta, transformando o real em função de suas necessidades. É importante observar que, para VYGOTSKY (1984), o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da Zona de Desenvolvimento Proximal ele considera o brinquedo uma grande fonte de informação para o desenvolvimento. Afirma que apesar do brinquedo ser o aspecto predominante da infância ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento infantil. O termo brinquedo mencionado por VYGOTSKY (1984), se refere á atividade ao ato de brincar, em sua análise ele cita outras modalidades para o ato brincar como, por exemplo: os jogos esportivos ele dedica em especial ao jogo de papéis e as brincadeiras de “faz de conta”, pois essas atividades frisam a questão imaginação que funciona como um modo de funcionamento psicológico especialmente humano que não está presente nos animais nem nas crianças muito pequenas. De acordo com VYGOTSKY (1984), através do brinquedo a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. A criança poderá utilizar materiais que servirá para representar uma realidade ausente exemplo uma vareta de madeira como uma espada, um boneco como um filho na brincadeira de casinha etc. O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo e 14 suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. O ato de brincar oportuniza á criança organizar seu mundo seguindo seus próprios passos e utilizando melhor seus recursos. Brincar é uma necessidade do ser humano: quando brinca ele pode aprender de um modo mais profundo, pode flexibilizar pensamentos, pode criar e recriar seu tempo e espaço consegue adaptarse melhor às modificações na vida real podendo incorporar novos conhecimentos e atitudes. ...O jogo é, portanto. Sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1971, p.160). De acordo com a citação acima Piaget afirma que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo. E também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas. (WAJSKOP, 1995 p.210). Nessa citação, WAJSKOP, menciona sobre a importância do caráter emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização. Referindo-Se a faixa etária dos sete anos, demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos momentos de jogo. A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidade. Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda. Deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descobrisse por si mesma, permanecerá com ela. (PIAGET, 1971). 15 Para PIAGET (1971), a ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao executá-la Através da ludicidade a criança aprende a conviver, ganhar, perder e esperar sua vez, lidar com as frustrações. Conhecer e explorar o mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o professor. O lúdico se processa em torno do grupo e das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar e satisfazer o espírito estático do ser humano oferece ricas possibilidades culturais de aprendizagem. Piaget também deixa claro em sua visão que as atividades lúdicas têm um papel fundamental na estruturação do psiquismo da criança, é no ato de brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e da realidade, começa a distinguir o real do imaginário. É através da ludicidade que ela desenvolve não só a imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade, exploram habilidades e à medida que assumem múltiplos papéis, fecundam competências cognitivas e interativas em ambas as áreas de aprendizagem. Analisando esse contexto, segundo PASSERINO (1998) observa-se que as atividades lúdicas podem propiciar as crianças o desenvolvimento da memória visual, auditivo e sinestésico. Orientação temporal e espacial, coordenação motora viso-manual ampla e fina percepção auditiva, percepção visual tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade, complementação do raciocínio lógicomatemático, expressão lingüística (oral e escrita), planejamento e organização. Nesta perspectiva, os PCNs (BRASIL, 1997), o jogo e a brincadeira fazem parte do mundo da criança, sendo assim os professores precisam utilizar estratégias nas aulas de educação física como motivação, maneiras de explicar argumentos, como atividades constituem um importante fator educacional, favorecendo o desenvolvimento psicomotor e psíco-fisico-social da criança. Nada melhor para esta criança sentir a realidade do que lhe foi ou lhe será ensinado através daquilo que ela mais gosta de fazer. É essencial que os professores das series iniciais tenham esse conhecimento para planejarem suas aulas de educação física pautada nessa visão, pois esse caminho contribui com muitos alunos a desenvolverem o desenvolvimento motor. Ao se elaborar metodologias diversificadas, que procurem levar o sujeito a pensar, questionar e propor soluções para problemas da vida, através da inserção de jogos nas aulas de Educação Física, segundo TOMAZINHO (2003), constitui uma forma interessante de propor problemas, de modo atrativo e favorecer a criatividade 16 na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de soluções. O trabalho pedagógico com jogos propõe situações reais através das estratégias utilizadas pelos alunos nas jogadas fazendo com que ele reflita através das mais variadas situações do jogo. O lúdico facilita o aprendizado como meio de exploração e invenção e auxilia o professor a desenvolver com seus alunos as atividades prazerosas em sala de aula. Os recursos didáticos, segundo MACEDO (2000), têm um papel importante no processo de ensino aprendizagem como facilitador do aprendizado e os jogos pelo seu aspecto lúdico podem motivar e despertar o interesse do aluno, bem como comunicar suas idéias, buscando consensos e negociações. 2.2 DEFINIÇÃO DE JOGO E A BRINCADEIRA Jogar é definido pelo dicionário como: “Dizer ou fazer brincadeira. Executar as diversas combinações de um jogo” (MAUÉS, 2000, p. 526). A palavra jogar, como se vê, é extensivo tanto às definições do brincar, quanto a várias outras atividades como, por exemplo, os passatempos e divertimentos sujeitos a regras. Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. A palavra jogo segundo FERREIRO (2001), pode ser definida como atividade física ou mental por um sistema de regras que definem a perda ou ganho ou brinquedo, passatempo, divertimento, entre outras, portanto, pode ser entendida de modos diferentes. ...Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar histórias, brincar de mamãe e filhinha, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a mesma denominação, têm suas especificidades. Por exemplo, no faz-de-conta, há forte presença da situação imaginária: no jogo de xadrez, há regras padronizadas permitem a movimentação das peças (...). (...) Função lúdica: a brincadeira propicia diversão, prazer e até desprazer, usando escolhida voluntariamente. Função educativa: a brincadeira ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo (KISHIMOTO, 2009, p. 13-37). KISHIMOTO (2009), esclarece que, a compreensão das brincadeiras e a recuperação do sentido lúdico de cada povo dependem do modo de vida de cada agrupamento humano, em seu tempo e espaço. Daí emerge que se faz da criança, seus valores costumes e brincadeiras. Portanto, ao se pensar no processo educativo como uma maneira de socialização do educando, não pode de forma 17 alguma desprezar as brincadeiras e os jogos como metodológicos primordiais para o desenvolvimento e crescimento da criança, especialmente nos aspectos sociais, culturais e ate emocional da criança. Existem algumas considerações em relação às brincadeiras educativas e duas delas merecem ser citadas: Atualmente as escolas já estão dando o devido valor ao brincar. Estão levando cada vez mais as brincadeiras, os jogos e os brinquedos para as salas de aula. Os professores, aos poucos, estão buscando informações e enriquecendo suas experiências para entender o brincar e como utilizá-lo para auxiliar na construção do aprendizado da criança. ...Independente do tipo de vida que se leve, adultos, jovens e crianças, todos precisam da brincadeira e de alguma forma de jogo, sonho e fantasia para viver. A capacidade de brincar abre para toda uma possibilidade de decifrar enigmas que os rodeiam (MALUF, 2003, p. 29). Sabe-se que o brincar pode ser um elemento importante através do qual se aprende. Sendo sujeito ativo desta aprendizagem que tem na ludicidade o prazer de aprender. Portanto, o professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mais significativas para seus alunos, criando condições para que estas atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a importância de os alunos trabalharem na sala de aula, individualmente ou em grupos. As brincadeiras enriquecem o currículo, podendo ser propostas na própria disciplina, trabalhando assim o conteúdo de forma prática. Cabe ao professor em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e condições para desenvolver e facilitar este tipo de trabalho. O professor é quem cria oportunidades para que o brincar aconteça de uma maneira sempre educativa. Pode-se afirmar que o brincar, enquanto promotor da capacidade e da potencialidade da criança, deve ocupar um lugar especial na prática pedagógica, tendo com espaço privilegiado a sala de aula. Muitas dúvidas persistem entre os educadores ao associarem o jogo à educação: se há realmente diferença entre o jogo e o material pedagógico, se o jogo educativo utilizado em sala de aula é realmente jogo. Segundo KISHIMOTO (2009), o surgimento do jogo enquanto ferramenta educativa data do século XVI e os primeiros estudos sobre essa temática aconteceram provavelmente em Roma e na Grécia Antiga. Porém, desde a idade 18 média até os dias atuais o jogo tem sido estudado enquanto parte importante do processo de ensino e aprendizagem. De acordo com KISHIMOTO (1994), o interesse pelo jogo aparece nos escritos de Horácio e Quintiliano, se referem à presença de pequenas guloseimas em forma de letras. Mas o interesse pelo jogo decresceu com o advento do Cristianismo, quando a poderosa sociedade cristã que tomou posse do império desorganizado. Instituiu uma educação de disciplina rígida. Mas no século XVI um grande feito coloca em destaque o jogo educativo: o aparecimento da Companhia de Jesus. Na Idade Média. Surge com força o uso do jogo de baralho e, nesta época, o estatuto do jogo educativo passa pelas mãos dos padres franciscanos. Em tempos atuais, os estudiosos do assunto tentam equilibrar os dois paradoxos envolvidos jogos e educação. ...O equilíbrio entre as funções é o objetivo do jogo educativo. Entretanto, o desequilíbrio provoca duas situações: não há mais ensino, há apenas jogo, quando a função lúdica predomina ou. o contrário, quando a função educativa elimina todo hedonismo. resta apenas o ensino (KISHIMOTO. 1994. p. 19). Por exemplo, num jogo de amarelinha pode desenvolver na criança: orientação espacial. Noção matemática dos números. A coordenação motora através de saltos combinados, fazer com que aprenda a cooperar na brincadeira, esperando a vez do colega e aguardando a sua vez, tudo isso se consegue se houver atenção ao jogo e a seus objetivos. Atualmente é grande o número de autores que incorporam a função lúdica e educativa ao adotar o jogo na escola. Um deles é KISHIMOTO (1994), que sugere alguns critérios para a escolha adequada de brinquedos de uso escolar, garantindo assim a essência do jogo: O valor experimental: permiti a exploração e a manipulação: o valor da estruturação: dar suporte à construção da personalidade infantil: o valor da relação: colocar a criança em contato com seus pares e adultos, com objetos e com o ambiente em geral para propiciar o estabelecimento de relações: o valor lúdico: avaliar se os objetos possuem as qualidades que estimulam o desenvolvimento da ação lúdica, A proposta do uso dos jogos educativos na escola, não é um trabalho tão simples, exige todo um processo e metodologias para adotar em sala de aula este 19 método. Inventar jeitos próprios de organização ou recriação dessas práticas é formular novas formas de jogar. Segundo KAMII (1991), para empreender um processo educativo com criatividade e diferença é preciso de audácia e coragem. Deve-se considerar o local onde acontecem as aulas, a análise do perfil dos alunos envolvidos, o levantamento do material que estará à disposição, etc. Além do mais, é indispensável que se tenha em mente o porquê da adoção desta tática nas aulas. Alguns jogos e brincadeiras surgem da necessidade de participação de muitos alunos, outros já são desfavoráveis a grupos maiores, os quais devem se adequar também ao tamanho do espaço. Os jogos permitem reconhecer e compreender regras, além de propiciar a identificação dos contextos nos quais as regras estão em voga e inventar novas situações para a modificação das mesmas. Jogar, segundo VYGOTSKY (1984) é participar de um mundo de fantasia, é fazer de conta, doar-se ao incerto e enfrentar desafios em busca de entretenimento, o jogo internaliza um sujeito autônomo, criativo e original possibilitando a simulação e experimentação de contextos e situações áridas e controversas do dia a dia. Os educadores precisam ensinar o passado e as raízes do Brasil, mas, sobretudo, segundo MACEDO (2000), mostrar aos seus alunos que eles fazem parte dessa história, a partir de suas famílias, da sua cidade, de seu estado, e assim por diante. É uma maneira encontrada de apresentar às crianças a sua identidade e, ao mesmo tempo, fazer com que elas desenvolvam autonomia, cidadania e respeito. Dessa forma, percebe-se que a utilização do folclore no contexto escolar auxilia de forma positiva a aprendizagem. CÓRIA-SABINI, LUCENA (2004), mostram a importância de trabalhar esse assunto, que engloba diferentes áreas do conhecimento. Portanto, se tratadas com a devida seriedade e conhecimento de causa, as expressões de folclore poderão ser de grande importância como auxiliares dos procedimentos didáticos. Na escola, muitas ciências, disciplinas e artes estão intensamente ligadas ao folclore, e, assim, a escola pode e deve servir-se como excelente meio de transmissão dc conhecimento, ao mesmo tempo revelador da cultura do povo. 20 A sua maior aplicação será no setor de linguagem oral e escrita, com a amplitude dos contos nos objetivos éticos, morais e estéticos a serem por meio deles atingidos. A criança é conduzida a um mundo de fantasias, no qual o espírito repousa e se encanta. O conto é um veículo educativo, usado nas mais diversas civilizações e do mesmo modo entre os povos naturais, para realce dos feitos dos seus heróis e das virtudes de seus antepassados. ...Os provérbios, que representam uma condensação de sabedoria, as adivinhas, que são testes de conhecimentos, as parlendas, os jogos, os brinquedos, recreiam, estimulam as relações sociais e reafirmam a unidade grupa. (CERVO, 2002, p. 34). Segundo VYGOTSKY (1989), a relevância de brinquedos e brincadeiras é indispensável para a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário só se desenvolve quando se dispõe de experiências que se reorganizam. A riqueza dos contos, lendas e o acervo de brincadeiras constituirão o banco de dados de imagens culturais utilizados nas situações interativas. Dispor de tais imagens é fundamental para instrumentalizar a criança para a construção do conhecimento e sua socialização. Ao brincar, a criança movimenta-se em busca de parceria e na exploração de objetos; comunica-se com seus pares; se expressa através de múltiplas linguagens; descobre regras e toma decisões. É importante despertar nas crianças, sentimentos de emoção, de entusiasmo e de amor pelas coisas de nossa terra, preservando toda a poesia de ingenuidade e a pureza da sabedoria folclórica. Diante do exposto, percebe-se a grande importância e influência que os recursos lúdicos têm no processo de ensinoaprendizagem das crianças. Por meio do lúdico o aluno pode brincar espontaneamente. Avaliar hipóteses. Descobrir toda a sua criatividade. Através das brincadeiras a criança desenvolve formas de convivência social, ampliam o repertorio cultural, constrói e aprende regras. ...Brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo. Procurando aprende regras e conseguir uma participação satisfatória. (CÓRIA-SABINI, LUCENA 2004, p. 32). Segundo ANTUNES (1998), a aprendizagem é tão importante quanto o desenvolvimento social e o lúdico constitui uma ferramenta pedagógica ao mesmo tempo promotora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento social. 21 Portanto, as atividades com recursos lúdicos, funcionam como ferramentas para que o educador consiga por meio delas auxiliar o aluno a aprender a aprender, uma vez que estas agem como fator motivador para que os alunos se empenhem no processo de aprendizagem. Quando em sala os alunos realizam as atividades lúdicas, cria-se um processo de interação mútua entre alunos e professor, ou seja. É criado um clima diferenciado e ao mesmo tempo favorável à produção de conhecimento que tende a ser significativo e dinâmico para o aluno. A presença de atividades lúdicas na escola, segundo BROUGERE (1998), oferece amplas possibilidades para o constante desenvolvimento dos aspectos cognitivos e psicomotores da criança e os efeitos de sua utilização podem ser observados a médio e longo prazo, visto que a socialização e interação dela com os outros se revela como fator importante do desenvolvimento. O brincar é para a criança, um momento mágico, brincando ela alimenta sua vida interior, liberando assim, sua capacidade de criar e reinventar o mundo. Portanto, o brincar é tão importante que deveria ser alvo do planejamento, pois quando a criança brinca, ela reorganiza pensamentos e emoções. 2. 3 O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO Ao longo da história da filosofia como da psicologia exerceram grande influência nos procedimentos pedagógicos adotados pelas escolas. Buscando responder a seguinte questão como o homem chega ao conhecimento, em nosso trabalho buscamos alguns referenciais de Jean Piaget (1971) e Vygotsky (1988) que ambos descrevem como concebemos o conhecimento de maneira distinta. Sendo que não existe uma relação polarizada, tanto o aluno como o professor tem importância durante o processo pedagógico, estabelece uma relação de troca (Professor-Aluno) a preparação dos professores constitui realmente a questão primordial de todas as reformas pedagógicas é de forma a superar as perspectivas do conhecimento em construção. Jean Piaget (1978), em sua teoria contribuiu e contribui para a solidificação da formação docente ao tentar entender o processo do desenvolvimento da aprendizagem do educando. Sua pesquisa sempre demonstrou interesse pelo desenvolvimento da inteligência e pela construção do pensamento racional. 22 Baseada no desenvolvimento cognitivo assegura que a continuidade entre as formas biológicas e as formas de pensamento é constituída na interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Afirmando que o desenvolvimento e a aprendizagem se efetuam a partir de interações entre o biológico e o social. ...A construção do conhecimento depende das possibilidades genéticas do sujeito, bem como da interação desses com o objeto do conhecimento, tal qual ele é concebido pelo meio ambiente físico e social. O conhecimento apresenta três fontes diferenciadas, porém cooperantes. São elas: fonte exterior, interior e social. (ANDRADE, 2006, p. 24). Segundo PIAGET (1971) a aprendizagem só ocorre mediante a consolidação das estruturas de pensamento, portanto a aprendizagem sempre se dá após a consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma a passagem de um estágio a outro estaria dependente da consolidação e superação do anterior. Na perspectiva de Piaget, para que ocorra a construção de um novo conhecimento, é preciso que se estabeleça um desequilibrio nas estruturas mentais, isto é, os conceitos já assimilados necessitam passar por um processo de desorganização para que possam novamente, a partir de uma perturbação se reorganizarem, estabelecendo um novo conhecimento. Este mecanismo pode ser denominado de equilibração das estruturas mentais, ou seja, a transformação de um conhecimento prévio em um novo. ...Assimilação de nada no organismo ou seu funcionamento se uma acomodação correspondente [...]. Assimilação e acomodação não são duas funções separadas e sim pólos funcionais, dispostos em oposição um ao outro em forma de adaptação. Assim, somente por abstração é que se pode falar puramente de assimilação [...]. Mas devemos lembrar que não pode haver (PIAGET, 1971, apud VASCONCELLOS, 1998, p. 51). Nesse processo de assimilação e acomodação estão presentes também as abstrações empíricas e a reflexiva. Abstração empírica são as informações que retiramos do objeto de conhecimento. Nesse novo conhecimento posso refletir sobre as ações relacionadas sobre esse objeto de conhecimento, essa reflexão é chamada de abstração reflexiva. Desse modo a criança constrói e adapta conhecimentos existentes de ordem interna e externa, que interferem diretamente no processo de construção da inteligência. Segundo PIAGET (1971), o conhecimento apresenta três fontes diferenciadas: a hereditariedade, sobretudo o processo de maturação neurológica; o ambiente físico; a influência social e a equilibração. 23 RAPPAPORT (1981), explica que temos organismo que amadurece quando entramos em contato com o meio físico e social. Através dessa interação o organismo resulta estruturas cognitivas que irão funcionar de modo semelhante toda a vida do sujeito. O processo de adaptação ou equilibração se faz todo o momento que o ambiente físico e social nos coloca as situações que não temos respostas, rompendo com nosso estado de equilíbrio. Para SPITZ (1987), o equilíbrio é apresentado como tendência inerente ao organismo que luta para estabelecer um equilíbrio de forças constantemente móvel e estável no organismo e na psique. A assimilação e acomodação de acordo com PIAGET (1978), são duas funções juntas. A assimilação se dá quando tentamos resolver uma situação com base na estrutura mental já formada. E a acomodação é quando fazemos um ajustamento das estruturas antigas para resolver a situação-problema. Desse modo, na prática pedagogica PIAGET (1978), contribui na compreensão da dinãmica dos processos que acontecem no ato de ensinar e aprender enfatizando em sua teoria dos estágios do desenvolvimento cognitivo que demonstram como acontece o conhecimento. CAPITULO III 3.0 DESENVOLVIMENTO MOTOR Lateralidade, segundo os PCNs (BRASIL, 1997), é situar-se no espaço adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A O desenvolvimento motor proporciona á criança tomar consciência de seu corpo da educação psicomotora. E deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, prevenindo inadaptações difíceis de serem corrigidas quando já estruturadas. De acordo com AJURIAGUERRA (1983), a psicomotricidade define como sendo: ciência da saúde e educação, indiferente a diversas escolas psicológicas, condutivas, evolutivas, genéticas etc. e esse campo proporciona a expressão motora, através da utilização psíquica e mental da pessoa. Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade a psicomotricidade passou a ser uma ciência da educação visando à representação e a expressão motora, psíquica e mental das pessoas. O ato motor envolve pensamento, ação e emoção. Resumindo a psicomotricidade é o controle mental da expressão motora e a relação entre o pensamento, linguagem, ação e emoção. A criança que apresenta instabilidade psicomotora, segundo PINTO (2008), em dificuldades para desenvolver a área cognitiva mais do que qualquer outra criança. É essencial que desenvolva essa fase motora que a criança tenha espaço adequado para correr, pular e brincar podendo assim exercitar a motricidade global. As brincadeiras devem estar presentes em qualquer proposta de trabalho infantil, aliada inicialmente á movimentação do corpo. É importante mencionar que essas brincadeiras devem ser com objetivos para que se tenham resultados, com uma brincadeira pode-se desenvolver inúmeras habilidades. Todos esses requisitos devem ser trabalhados dentro das atividades que sejam interessantes para as crianças. Segundo os estudos apresentados por PINTO (2008), a ausência do trabalho com o esquema corporal pode provocar problemas como dificuldades nas orientações espaciais, temporal, equilíbrio, postura dificuldades de se locomover, num espaço ou escrever obedecendo aos limites de uma linha. Referente á lateralidade quando esta não é desenvolvida no aluno pode 25 causar disgrafia letra ilegível, má orientação espacial na folha de papel e posturas inadequadas na hora de escrever. Na ausência da orientação espacial pode ocorrer do aluno confundir letras de diferem quanto á organização espacial bem como: (b, d, q, p), ter dificuldades em respeitar as ordens nas palavras (brasa/barsa), apresentar dificuldades para organizar os materiais escolares, esbarrar com facilidades em objetos e pessoas. Já a ausência da orientação temporal pode prejudicar nas pronuncias das palavras (trocar ou inverter as letras). Diante dessa realidade podemos observar o quanto esse desenvolvimento é importante para as crianças. É essencial que todos os educadores sem exceções tenham esses conhecimentos da motricidade geral e sejam conscientes que é necessário trabalhar de maneira responsável a área psicomotora do educando em prol de seu desenvolvimento geral. O educador deve ofertar atividades motoras nas aulas de educação física, pois esse trabalho irá suplantar muitos obstáculos, e ás vezes numa única brincadeira os alunos se despertarão para habilidades motoras ampliando assim os conhecimentos cognitivos. Muitos professores reclamam que ensinam, mas os alunos não aprendem, essa defasagem apresentada pelo educando pode ser advinda da psicomotricidade que não foi trabalhada. Segundo os PCNs, (BRASIL, 2001), a Educação Física assume um papel extremamente significativo na educação, pois é através do brincar que a criança explora seu corpo, interage com outros corpos e desenvolve seu crescimento cognitivo e motor. ...A Educação Física escolar deve interagir com as demais disciplinas, em todas as iniciativas que oportunizem a produção e a socialização do conhecimento, a partir de interesses transformadores. Este caráter interdisciplinar está presente na citada Proposta Curricular, ao se referir aos pontos comuns com as demais disciplinas. (OLIVEIRA, 2001, p.96). O desenvolvimento motor deve ser incentivado desde os primeiros anos dentro da escola e o profissional de Educação Física deve estar ciente que seu papel vai além de promover atividades que desenvolvam o lado físico. Suas ações podem e devem desenvolver a criança de uma maneira integral favorecendo assim a aprendizagem em todas as outras disciplinas. ...O movimento ajuda a criança a construir conhecimento do mundo que a rodeia, pois é através das sensações e percepções que ela interage com a natureza. É através de sua ação no meio ambiente que a criança pode formular os primeiros conceitos lógicos matemáticos, pois o sentido de tempo e espaço é construído primeiramente no corpo, corpo este que media a aprendizagem. Assim, brincando com seu corpo a criança vai construindo diferentes noções. (OLIVEIRA, 1997, p. 34). 26 Desde o nascimento o ser humano vai passando por fases na busca de construção do conhecimento. Segundo ANTUNES (1998), a conquista do ser humano do símbolo passa por diferentes fases, tendo origem nos processos mais primitivos da infância. Como já dito anteriormente, a criança aprende pelo corpo, é através dele que se relaciona com o meio circundante. Ás vezes os adultos não compreendem essa fase vivenciada pela criança chegando até discriminar em algumas ocasiões, isso ocorre porque muitos desconhecem a importância dessa relação com o desenvolvimento humano. Assim a escola deve promover a ampliação desses conhecimentos, o professor deve criar situações que a criança busque a solução de um problema, seja na motricidade, na organização do espaço e do tempo, criando estratégias ou elaborando uma regra. Desse modo podemos concluir que as brincadeiras contribuem de forma gradativa para a construção da autoimagem positiva da criança. Pode-se superar e ressignificar diferentes objetos internalizados, assumindo novos papéis ou mesmo brincando com o já caracterizado. Ao brincar, por exemplo, de casinha a criança precisa conhecer como é uma casa, quem são seus personagens, interioriza modelos, desempenha certa função social, condutas, estabelece vínculos, exercita a sua autonomia, troca com seus pares, experimenta emoções, cria e recria, assume papéis, e seu corpo expressa a realidade externa, assume gestos e palavras da pessoa que representa. Vive intensamente a sua realidade interna. E enquanto seu cérebro passa por essas etapas a maturação orgânica auxilia no processo de aprendizagem como um todo. 3.1 IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DAS CRIANÇAS É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança e os avanços que a mesma adquire numa brincadeira a criança adquire aquilo que vive e que concretiza na sua ação. Quando num contexto de jogo, o professor oferece materiais variados confeccionado junto com as crianças, elas vivenciam e têm consciência da realidade concreta, transformando o real em função de suas necessidades. É importante observar que, para VYGOTSKY (1988), o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da Zona de 27 Desenvolvimento Proximal ele considera o brinquedo uma grande fonte de informação para o desenvolvimento. Afirma que apesar do brinquedo ser o aspecto predominante da infância ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento infantil. O termo brinquedo mencionado por VYGOTSKY (1984), se refere á atividade ao ato de brincar, em sua analise ele cita outras modalidades para o ato brincar como, por exemplo: os jogos esportivos ele dedica em especial ao jogo de papéis e as brincadeiras de “faz de conta”, pois essas atividades frisam a questão imaginação que funciona como um modo de funcionamento psicológico especialmente humano que não está presente nos animais nem nas crianças muito pequenas. De acordo com VYGOTSKY (1984), através do brinquedo a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. A criança poderá utilizar materiais que servirá para representar uma realidade ausente exemplo uma vareta de madeira como uma espada, um boneco como um filho na brincadeira de casinha etc. O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a segundo VYGOTSKY (1989) desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. O ato de brincar oportuniza á criança organizar seu mundo seguindo seus próprios passos e utilizando melhor seus recursos. Brincar, segundo KISHIMOTO, (1994), é uma necessidade do ser humano; quando brinca ele pode aprender de um modo mais profundo, pode flexibilizar pensamentos, pode criar e recriar seu tempo e espaço consegue adaptar-se melhor às modificações na vida real podendo incorporar novos conhecimentos e atitudes. ...O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160). De acordo com a citação acima, PIAGET afirma que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma 28 forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. ...A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas. (WALLON, 1979 p.210) Nessa citação WALLON menciona sobre a importância do caráter emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização. Referindo-se a faixa etária dos sete anos, WALLON, demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos momentos de jogo. A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidade. ...Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela. (PIAGET, 1976, p 162). Para PIAGET (1976), a ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, ganhar, perder e esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o professor. O lúdico se processa em torno do grupo e das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar e satisfazer o espírito estático do ser humano oferece ricas possibilidades culturais de aprendizagem. Piaget também deixa claro em sua visão que as atividades lúdicas têm um papel fundamental na estruturação do psiquismo da criança, é no ato de brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e da realidade, começa a distinguir o real do imaginário. É através da ludicidade que ela desenvolve não só a imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade, exploram habilidades e à medida que assumem múltiplos papéis, fecundam competências cognitivas e interativas em ambas as áreas de aprendizagem. Analisando esse contexto observa-se que as atividades lúdicas podem propiciar as crianças o desenvolvimento da memória visual, auditiva e sinestésica, orientação temporal e espacial, coordenação motora viso-manual ampla e fina percepção auditiva, percepção visual tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade, 29 complementação, raciocínio lógico-matemático, expressão linguística (oral e escrita), planejamento e organização. ...Existe uma relação direta entre brincadeiras corporais e a psicomotricidade. Nestes aspectos as brincadeiras são meio de aprimorar funções as neuropsicomotoras e fortalecer conexões neurais, pois brincar com o corpo necessita de um estado de atenção, requer controle corporal em situações de deslocamento no espaço, uma percepção de seu corpo, uma tonicidade muscular, uma organização espaço-temporal, um controle viso- manual. Além disso, quando a criança brinca em conjunto, isso vem a ser uma experiência de socialização rica, pois em contato com o outro a criança aprende a tomar conta de seus impulsos e respeitar o espaço do outro. (TOMAZINHO, 2003, p15). Nesta perspectiva o jogo e a brincadeira fazem parte do mundo da criança, sendo assim os professores precisam utilizar estratégias nas aulas de educação física como motivação, maneiras de explicar argumentos, como atividades constituem um importante fator educacional, favorecendo o desenvolvimento psicomotor e psíco-físico-social da criança. Nada melhor para esta criança sentir a realidade do que lhe foi ou lhe será ensinado através daquilo que ela mais gosta de fazer. É essencial que os professores das series iniciais tenham esse conhecimento para planejarem suas aulas de educação física pautada nessa visão, pois esse caminho contribui com muitos alunos a desenvolverem o desenvolvimento motor. Parafraseando os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), a Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. ...As situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e por prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato de o jogo constituir um momento de interação social bastante significativo, as questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o interesse pela atividade seja mantido. (BRASIL, 2001, p.29). Assim como rege nos PCNs é de suma importância que os professores se atentam para os objetivos e metodologias das aulas de Educação Física, ás vezes deparamos com uma realidade triste no contexto educacional, muitos professores não conhecem o real significado das atividades lúdicas e nem planejam as atividades simplesmente dá uma bola para o aluno e deixa-o á vontade, sem 30 perspectiva de aprendizagem. Enquanto essa concepção permanecer na metodologia de muitos educadores os objetivos não se cumprirá e os alunos ficarão prejudicados no processo de aprendizagem. Segundo os PCNs: ...Nesse momento da escolaridade, os alunos têm grande necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de períodos mais longos de concentração em atividades escolares. Entretanto, fora o horário de intervalo, a aula de Educação Física é, muitas vezes, a única situação em que têm essa oportunidade. Tal peculiaridade frequentemente gera uma situação ambivalente: por um lado, os alunos apreciam e anseiam por esse horário; por outro, ficam em um nível de excitação tão alto que torna difícil o andamento da aula. A capacidade dos alunos em se organizar é também objeto de ensino e aprendizagem; portanto, distribuir-se no espaço, organizar-se em grupos, ouvir o professor, arrumar materiais, entre outras coisas, é procedimentos que devem ser trabalhados para favorecer o desenvolvimento dessa capacidade. Tomar todas as decisões pelos alunos ou deixá-los totalmente livre para resolver tudo, dificilmente contribuirá para a construção dessa autonomia. (BRASIL, 1997, p.45). Neste sentido, se for o professor polivalente quem ministra as aulas de Educação Física abre-se a possibilidade de, além das aulas já planejadas na rotina semanal, programar atividades em momentos diferenciados, mas se o professor for quem faz as propostas e conduz o processo de ensino e aprendizagem, ele deve elaborar sua intervenção de modo que os alunos tenham escolhas a fazer, decisões a tomar, problemas a resolver, assim os alunos podem tornar-se cada vez mais independentes e responsáveis. Cabe á todos os professores ter uma visão ampla desse currículo para não prejudicar seus alunos. É preciso lembrar que eles estão em processos de desenvolvimento e como tal, precisam de muitos estímulos para não ter prejuízo na aprendizagem. ...Cabe ainda ressaltar que essas explorações e experiências devem ocorrer inclusive individualmente. Equivalem dizer que, no primeiro ciclo, é necessário que o aluno tenha acesso aos objetos como bolas, cordas, elásticos, bastões, colchões, alvos, em situações não competitivas, que garantam espaço e tempo para o trabalho individual. A inclusão de atividades em circuitos de obstáculos é favorável ao desenvolvimento de capacidades e habilidades individuais. (BRASIL, 1997, p. 49). No plano especificamente motor, segundo PCNs (1997) os conteúdos devem abordar a maior diversidade possível de possibilidades, ou seja, correr, saltar, arremessar, receber, equilibrar objetos, equilibrar-se, desequilibrar-se, pendurar-se, arrastar, rolar, escalar, quicar bolas, bater e rebater com diversas partes do corpo e com objetos, nas mais diferentes situações. E para que isso ocorra é primordial que a metodologia do professor esteja coerente. Ao elaborar o plano de aula o professor precisa estar ciente do que quer desenvolver em seus alunos com as atividades planejadas. As atividades lúdicas precisam estar em consonância com o 31 planejamento anual para que haja a interdisciplinaridade dentro da sala de aula, pois as áreas do conhecimento estão ligadas entre si uma complementa a outra. Para obter bons resultados os professores devem trabalhar em conjunto trocando assim conhecimento e praticas pedagógica. Contextualizando os PCN (BRASIL, 2001), as habilidades e capacidades podem receber um tratamento mais específico, na medida em que os alunos já reúnem condições de compreender determinados recortes que podem ser feitos ao analisar os tipos de movimento envolvidos em cada atividade. É possível sugerir brincadeiras e jogos em que algumas habilidades mais específicas sejam trabalhadas, dentro de contextos significativos. É possível ainda solicitar que as crianças criem brincadeiras com esse objetivo, o papel do professor seja qual for sua disciplina, é criar no aluno condições de desequilíbrio, apresentando para ele o novo, o inusitado, o desconhecido. Diante do novo a criança tende a assimilá-lo, a incorporá-lo a si usando, porém seus recursos motores e mentais conhecidos. A função do educador nesse impacto é saber lidar com o educando, provocar o desequilíbrio não é deixar a criança perdida num oceano de mistério, mas apresentar o problema de tal forma que possa ser solucionado com o instrumento existente, ou seja, conhecimento mental e motor. As contradições que seguem ao desequilíbrio só serão superadas se ela estabelecer uma ligação entre o conhecido e desconhecido, o velho e o novo, a situação atual e a anterior. Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta integracionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí, cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo, É por intermédio da atividade lúdica, segundo KISHIMOTO (2009), que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece para as crianças experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas. Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão interior, naturalidade e, 32 conseqüentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizálos pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a conseqüência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal. Através desse estudo bibliográfico tem mostrado a grande importância das atividades lúdicas na educação com crianças, tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver. É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. É sempre bom que se autoavaliem fazendo perguntas como: A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma relação de proximidade cultural e humana? Como estamos agindo diante das crianças? Elas são ouvidas? Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa. É competência de a educação infantil proporcionar aos seus educando um ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças. O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social. O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos tornar-se cidadã deste mundo, ser 33 capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades. É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de atividades; é, antes de tudo, uma 35 maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionarse com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será. Propomos, entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em trabalho pedagógico para que experimentem, como mediadores, o verdadeiro significado da aprendizagem com desejo e prazer. As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes. Portanto, cabem à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos. É preciso que o professor assuma o papel de artista e proporciona condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivomotor e cognitivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com esse embasamento teórico podemos afirmar que o lúdico é à base de toda a atividade da educação de infância, através de motivação para a criança, que dá origem a processos de aprendizagem importantes, fonte de descoberta e prazer. A ludicidade é uma forma de trabalhar, fazendo elo entre a comunicação entre a fantasia, o brincar e o real. O brincar é de suma importância no processo lúdico e na aprendizagem da criança. Desse modo o brincar faz parte da natureza da criança e deve ser utilizada pelo professor na mágica arte de ensinar. Tornar-se lúdico e utilizar o jogo ou a brincadeira e oferecer para a criança de forma espontânea, fomentando, de modo a fazer a criança avançar do ponto em que está na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento. O professor deve reconhecer o brincar como caminho para a construção da aprendizagem, que favorece ao aluno seu próprio desenvolvimento, construindo e adaptando ao ambiente e aprendendo de forma prazerosa. A utilização do lúdico em sala de aula proporciona a criança utilizar-se a fantasia e símbolos de sua imaginação. A importância do lúdico na ação pedagógica, como meio de aprendizagem, faz com que a criança vivencia o mundo, com o outro e consigo mesma, em uma construção criativa e espontânea de experiência de aprendizagem que evidenciam um processo e não apenas um produto. Como educadores temos o compromisso de recriar o trabalho educativo com as crianças, favorecendo uma motivação para a criança, representando significado que os objetos assumem dentro do contexto brincar. Nesse ato de brincar a criança assume papeis e objetos de forma improvisados. As brincadeiras constituem elos de comportamentos sociais, segurança emocional, ausência de tensão, oferecendo oportunidades para experimentar descoberta de regras e elementos para a aquisição da linguagem. Para PIAGET (1978), a criança é um agente ativo em seu próprio desenvolvimento construindo e adaptando suas habilidades cognitivas não só dependendo de pericia especifica, mas também do ambiente e maneiras que facilita o brincar. 35 Ao repetir as brincadeiras no contato interativo com adultos, a criança descobre a regra, ou seja, a seqüência de ações que compõem a modalidade do brincar e não só repete essas ações, mas toma iniciativa, alterando sua seqüência ou introduzindo novos elementos. Ao descobrir regras a criança aprende: a falar, tomar iniciativa e modificar regras já construídas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDELNUR, Regina. Resumo dos períodos do desenvolvimento humano. Notas de aula. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de Almeida, 2005. ANDRADE, J. C. S. O espaço cênico circense. São Paulo, 2006. (Dissertação de Mestrado, Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo. AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. São Paulo: Masson, 1983. ALTMAN, Raquel Z. Brincando na história. São Paulo: Contexto. 2007. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 10. ed. Petrópolis: Vozes. 1998. BLEGER, José. Temas de psicologia: entrevistas e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1991. BRASIL. Leis diretrizes e bases da educação nacionais, n° 9394/96, de 20 dez 1996. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: matemática. 3. ed. Brasília: A secretaria, 2001. BRASIL. Parâmetros curriculares transversais. 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