ajes - instituto superior de educação do vale do juruena

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL.
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL.
Cristina Corcino da Rocha do Prado.
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.
CARLINDA/2014
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL.
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL.
Cristina Corcino da Rocha do Prado.
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para obtenção do titulo de
Especialização em Psicopedagogia e
Educação Infantil.”
CARLINDA/2014
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter concedido saúde e paz força e
amparo nos momentos de dificuldade durante essa jornada. Agradeço a minha
família pelo apoio e a todos os professores que tive durante o curso, deixo aqui meu
muito obrigado pela compreensão e dedicação.
Enfim aos novos amigos que adquiri durante o curso, e a todos que direto ou
indiretamente tenha contribuído para a conclusão desse trabalho, constarão sempre
em minha vida.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia primeiramente a Deus que me deu coragem,
sabedoria, para continuar na busca do conhecimento e chegar à conclusão de mais
um curso, aos meus pais que me deram muito apoio nos momentos mais difíceis da
minha vida, a minha filha Lauane, por se constituir enquanto pessoa, bela e
admirável, que é a luz que me ilumina durante todos os momentos, conduzindo-me
da tristeza para a felicidade, sendo que muitas vezes abri mão do momento do
convívio, sofrendo com a sua ausência, quando o dever do estudo me chamava e
que agora vêem com alívio este fim de etapa, compartilhando comigo a felicidade
existente neste momento. Ao meu esposo Élio Vieira do Prado que esteve ao meu
lado, ajudando-me e apoiando-me, aos meus professores que me ensinaram que
por mais que achamos que o nosso conhecimento já está pronto, estamos
enganados, pois o conhecimento é algo que está sempre se renovando. Obrigado
por tudo!”
“O sucesso nasce do querer, da
determinação e persistência em se
chegar a um objetivo. Mesmo não
atingindo o alvo, quem busca e vence
obstáculos, no mínimo fará coisas
admiráveis."
(José de Alencar)
RESUMO
Ao brincar e jogar, a criança imagina, cria e imita. E com isso vai
reconstruindo tudo aquilo que já desenvolveu, ampliando o que brincou na realidade,
aprofundando sua imaginação para além de seu próprio pensamento. As
brincadeiras são importantes no processo de aprendizagem e torna a atividade
pedagógica muito interessante e rica. Além de proporcionar prazer e alegria às
crianças. O lúdico pode proporcionar também muito aprendizado, como valores,
comportamentos,
raciocínio
lógico,
inserção
no
meio
social,
cooperação,
aprendizado com os erros, solução de problemas, entre outros. O ato de brincar
além de resgatar o direito de a criança brincar constrói o seu desenvolvimento
cognitivo e estimula valores. Brincando a criança pensa mais e cria novas
brincadeiras. A presente pesquisa mostrou a importância dos jogos e brincadeiras
no desenvolvimento global da criança, além de um amplo campo de reflexão para os
profissionais que atuam na educação infantil. Os métodos de pesquisa utilizados
para realização desta pesquisa são qualitativos e bibliográficos. Ao final da pesquisa
pode-se perceber que para o professores o recurso lúdico é uma ferramenta
educacional que contribui no desenvolvimento infantil. Verificou-se também, que
para os pesquisados, o lúdico auxilia no desenvolvimento afetivo do aluno e as
atividades lúdicas contribuem para a socialização do mesmo, além de o lúdico
auxilia no desenvolvimento cognitivo e motor da criança.
Palavras-chave:
lúdico,
desenvolvimento cognitivo.
brincadeiras,
jogos,
desenvolvimento
afetivo,
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................
07
CAPÍTULO I............................................................................................................ 08
1.0 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL...............................................08
1.1 Problematização..............................................................................................
08
1.2 Justificativa......................................................................................................
08
1.3 Objetivo geral...................................................................................................
09
1.4 Objetivo específico........................................................................................... 09
1.5 Resultados esperados.....................................................................................
09
CAPÍTULO II........................................................................................................... 11
2.0 A importância do lúdico no processo ensino e aprendizagem......................... 11
2.1 A influencia dos recursos lúdicos na aprendizagem........................................ 13
2.2 Definição de jogos e brincadeiras.................................................................... 16
2.3 O desenvolvimento do conhecimento.............................................................. 21
CAPITULO III.......................................................................................................... 24
3.0 Desenvolvimento motor.................................................................................
24
3.1 Importâncias das atividades lúdicas no desenvolvimento motor das crianças 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................
34
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 36
INTRODUÇÃO
Há uma grande preocupação dos profissionais que atuam com crianças
quanto ao desenvolvimento motor das crianças, essa teoria que fundamenta o
sentido e significado do movimento humano no processo de desenvolvimento e
aprendizagem. Estabelecendo assim princípios básicos pautados na ação
pedagógica que proporcionam jogos e as brincadeiras para as crianças para auxiliar
no aspecto cognitivo das crianças, pois através do mesmo podemos desenvolver
inúmeras habilidades, neste contexto as atividades lúdicas pedagógicas tornam-se
um dos meios para a prevenção de defasagem na aprendizagem é essencial que a
escola tenha um profissional tenham esse conhecimento para proporcionar meios
que as crianças possam desenvolver-se de forma adequada.
No capítulo I segue a: problematização, justificativa, relevância da pesquisa,
hipóteses, objetivo geral e específico referente ao tema.
No capitulo II aborda as fontes bibliográficas para a fundamentação teórica
da mesma, buscando verificar a importância os jogos e brincadeiras como no
desenvolvimento cognitivo de criança.
No capítulo III apresentam-se fundamentos teóricos que dão base para o
desenvolvimento desta pesquisa e para o conhecimento de vários aspectos
relacionados ao tema na formação de teorias estudadas por diversos autores, busca
oferecer uma visão geral sobre diferentes aspectos referentes ao tema em estudo.
CAPITULO I
1.0 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR INFANTIL
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Os jogos e brincadeiras proporcionarão o desenvolvimento psicomotor
infantil?
1.2 JUSTIFICATIVA
A escolha do tema deu-se por acreditar que é fundamental que os
professores que trabalham com crianças tenham conhecimentos sobre a importância
de trabalhar atividades lúdicas para desenvolver o aspecto motor das crianças.
Optou-se por pesquisar as metodologias que os professores utilizam para
desenvolver a motricidade dos alunos. Acredita-se que essa temática é primordial
para todos os educadores, pois ambos necessitam saber que os aspectos motores
coordenam todos os campos neuro-sensoriais da aprendizagem das pessoas.
Para que as habilidades motoras sejam desenvolvidas é necessário que se
dê à criança oportunidades de desempenhá-las. O movimentar-se é de grande
importância biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos
movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com
os outros, apreendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando
problemas. No caso específico da educação física, o profissional dessa área possui
ferramentas valiosas para provocar estímulos que levem ao desenvolvimento de
forma bastante prazerosa: as brincadeiras e os jogos. A partir da utilização da
imaginação, a criança deixa de levar em conta as características reais do objeto, se
detendo no significado determinado pela brincadeira. Esse impulso dado aos
conceitos e processos de desenvolvimento deverá ser fornecido pela educação
física ao propiciar jogos e brincadeiras que, intencionalmente, estimulem a
imaginação e a criatividade. Além disso, o processo de desenvolvimento dos alunos
tem relação direta com o seu ambiente sócio-cultural e eles não se desenvolveriam
plenamente sem o suporte de outras pessoas. No desenvolvimento psicomotor a
criança precisa ser vista na sua totalidade porque seu desenvolvimento global se dá
através dos movimentos, das ações, das experiências e da criatividade, levan09do-a
09
conseguir a plena consciência de si mesma, da sua realidade corporal que sente,
pensa, movimenta-se no espaço, bem como se encontram com os objetos e
gradativamente distingue suas formas e se conscientiza das relações de si mesma
com o espaço e o tempo, interiorizando, assim, a realidade e esse processo é de
fundamental importância para sua aprendizagem evitando assim atrasos cognitivos
nas demais disciplinas. Dessa forma, percebe-se que a escola, e neste caso
específico, a educação física tem um papel fundamental no aprendizado e,
consequentemente, no desenvolvimento dos alunos, trabalhando as funções
psicomotoras que formarão a base e darão a sustentação para a correta
aprendizagem, contribuindo assim, para o desenvolvimento global das crianças.
1.3 OBJETIVO GERAL
Entender e analisar a importância dos jogos e brincadeiras no processo de
desenvolvimento psicomotor infantil.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•
Levantamento de bibliografia relacionado ao tema;
•
Sistematizar a bibliografia selecionada;
•
Compreender a importância dos jogos e brincadeiras no processo de
desenvolvimento psicomotor infantil.
•
Conclusão do trabalho;
1.5 RESULTADOS ESPERADOS
Este estudo mostrará o quanto é importante trabalhar atividades que
favoreçam o desenvolvimento psicomotor de crianças nas séries iniciais mais
especificamente, sendo de grande importância que a educação física deve ser
trabalhada de maneira adequada contribuindo assim para o desenvolvimento
psicomotor das crianças como um todo. A escola, no papel de educadora deve ter
um trabalho interdisciplinar, contribuindo para o desenvolvimento integral do aluno e
para sua formação como cidadão.
10
Através desta pesquisa e estudo, busca-se obter dados bibliográficos sobre
a importância do trabalho em relação ao desenvolvimento motor das crianças.
CAPÍTULO II
2.0 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM
Ao utilizar o lúdico como ferramenta pedagógica em sala de aula estará
incentivando a aprendizagem, e desenvolvendo o raciocínio. Motivação, afetividade
e memória, auxiliando no interesse e participação da criança no processo de
aprendizagem.
As ações lúdicas proporcionam interação, criatividade, satisfação e
aprendizagem,
desenvolvimento
cognitivo,
compreendendo
as
necessidades
relevantes e controle emocional, possibilitando que aprendizagem aconteça de
forma adquirir confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafio
desse modo não se pode ignorar a necessidade de brincar apresentada pelas
crianças. De acordo com MALUF (2003), através dos jogos e brincadeiras a criança
pode imaginar criar e imitar, com isso pouco a pouco vai reconstruindo tudo aquilo
que já desenvolveu ampliando e aprofundando sua imaginação para além do seu
próprio pensamento.
O lúdico é importante na infância em primeira razão, para que se defenda
em todas as instâncias da sociedade que a criança tenha tempo, espaço e liberdade
para brincar, brincar faz parte das práticas culturais básicas da infância,
possibilitando para a criança a formação de estruturas internas relacionadas a vários
aspectos do desenvolvimento.
KISHIMOTO (2009), distingue a construções de estruturas mentais na
aquisição de conhecimento. A brincadeira é um processo assimilativo do conteúdo
desenvolvendo a aprendizagem construindo resultado, fortalecendo a comunicação
e a interação social.
...O brincar é o mais saudável caminho para canalizar energia construindose processo de sublimação saudáveis e identificadores. “A tarefa, pois, de
uma boa educação infantil seria a de propiciar, através de brincadeiras, ou
afeto e a associabilidade”. Dando voz aos sonhos infantis. (ANTUNES,
2003, p. 18).
Segundo a autora OLIVEIRA (2000), ao brincar as crianças vão
estabelecendo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que vive uma
possibilidade de transformá-la por meio de sua imaginação.
12
Portanto, o lúdico permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão
de regras implícitas que se materializam nos tema das brincadeiras, permitindo às
crianças o reexame e internalizarão de regras de conduta implícitas nos atos sociais
e as reguláveis culturais, desenvolvendo um sistema de valores que irá orientar seu
comportamento, ou seja, a criança desenvolve a capacidade de internalização e
aprende a lidar com o limite.
Do ponto de vista do desenvolvimento da criança, segundo VYGOTSKY
(1989), a brincadeira traz vantagens sociais cognitivas e afetivas, pois enquanto
brincam, ao mesmo tempo desenvolvem sua imaginação e podem construir relações
reais de interação entre seus pares. Nesse momento, podem também elaborar
regras de organização e convivência, reiterando situações de sua realidade.
Modificam-nas de acordo com suas necessidades.
Já o jogo traz consigo vários benefícios importantes, como estimular a
aprendizagem pelo erro e a capacidade de resolução de problemas. Além disso,
PIAGET (1978) possibilita o aprendizado moral, inserindo a criança em um grupo
social e familiarizando-a na convivência com regras. Estimulam-se também a
reflexão, o interesse, a descoberta, entre outros.
A aprendizagem, segundo BROUGERE (1998), é tão importante quanto o
desenvolvimento social e o lúdico e constitui uma ferramenta pedagógica ao mesmo
tempo promotora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento social. Assim,
o professor, ao pensar no processo educativo como uma maneira de socialização do
educando, não pode desprezar as brincadeiras como instrumentos metodológicos
primordiais para o desenvolvimento e crescimento da criança. Especialmente nos
aspectos sociais, culturais e até emocional da criança.
Segundo ALTMAN (2007), despertando para o mundo que a cerca, a criança
brinca. No começo a criança é seu próprio brinquedo, a mãe é seu brinquedo, o
espaço que a cerca, tudo é brinquedo, tudo é brincadeira.
Portanto, percebe-se que as brincadeiras contemporâneas, configuram uma
nova expectativa do brincar, O brincar modificou-se ao longo do tempo e os
instrumentos é que se transformaram para, possivelmente atender ao dinamismo do
mundo globalizado.
13
Há de se mencionar que, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda
são empregados de forma indistinta. Isso já está mudando, pelo menos aqui no
Brasil. Cada contexto social Constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e
modo de sua vida que se expressa por meio da linguagem.
2.1 A INFLUÊNCIA DOS RECURSOS LÚDICOS NA APRENDIZAGEM
É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança e os
avanços que a mesma adquire numa brincadeira. A criança adquire aquilo que vive
e que concretiza na sua ação. Quando num contexto de jogo, o professor oferece
materiais variados confeccionado junto com as crianças, elas vivenciam e têm
consciência da realidade concreta, transformando o real em função de suas
necessidades.
É importante observar que, para VYGOTSKY (1984), o ensino sistemático
não é o único fator responsável por alargar os horizontes da Zona de
Desenvolvimento Proximal ele considera o brinquedo uma grande fonte de
informação para o desenvolvimento. Afirma que apesar do brinquedo ser o aspecto
predominante da infância ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento
infantil.
O termo brinquedo mencionado por VYGOTSKY (1984), se refere á
atividade ao ato de brincar, em sua análise ele cita outras modalidades para o ato
brincar como, por exemplo: os jogos esportivos ele dedica em especial ao jogo de
papéis e as brincadeiras de “faz de conta”, pois essas atividades frisam a questão
imaginação
que
funciona
como
um
modo
de
funcionamento
psicológico
especialmente humano que não está presente nos animais nem nas crianças muito
pequenas.
De acordo com VYGOTSKY (1984), através do brinquedo a criança aprende
a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. A criança
poderá utilizar materiais que servirá para representar uma realidade ausente
exemplo uma vareta de madeira como uma espada, um boneco como um filho na
brincadeira de casinha etc. O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos.
Ensina-a desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo e
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suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são
conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de
ação real e moralidade.
O ato de brincar oportuniza á criança organizar seu mundo seguindo seus
próprios passos e utilizando melhor seus recursos. Brincar é uma necessidade do
ser humano: quando brinca ele pode aprender de um modo mais profundo, pode
flexibilizar pensamentos, pode criar e recriar seu tempo e espaço consegue adaptarse melhor às modificações na vida real podendo incorporar novos conhecimentos e
atitudes.
...O jogo é, portanto. Sob as suas duas formas essenciais de exercício
sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade
própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real
em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos
de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um
material conveniente, a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as
realidades intelectuais que sem isso, permanecem exteriores à inteligência
infantil. (PIAGET, 1971, p.160).
De acordo com a citação acima Piaget afirma que a atividade lúdica é o
berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma
forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar
dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo. E
também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde
existem duas equipes antagônicas. (WAJSKOP, 1995 p.210).
Nessa citação, WAJSKOP, menciona sobre a importância do caráter
emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à
socialização. Referindo-Se a faixa etária dos sete anos, demonstra seu interesse
pelas relações sociais infantis nos momentos de jogo. A brincadeira contribui para o
processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar
atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de
aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidade.
Os
professores
podem
guiá-las
proporcionando-lhes
os
materiais
apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda. Deve construir
ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos
impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos
que descobrisse por si mesma, permanecerá com ela. (PIAGET, 1971).
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Para PIAGET (1971), a ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao
executá-la Através da ludicidade a criança aprende a conviver, ganhar, perder e
esperar sua vez, lidar com as frustrações. Conhecer e explorar o mundo. Ela facilita
a convivência entre a criança e o professor. O lúdico se processa em torno do grupo
e das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar e satisfazer o
espírito estático do ser humano oferece ricas possibilidades culturais de
aprendizagem. Piaget também deixa claro em sua visão que as atividades lúdicas
têm um papel fundamental na estruturação do psiquismo da criança, é no ato de
brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e da realidade, começa a
distinguir o real do imaginário. É através da ludicidade que ela desenvolve não só a
imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade,
exploram habilidades e à medida que assumem múltiplos papéis, fecundam
competências cognitivas e interativas em ambas as áreas de aprendizagem.
Analisando esse contexto, segundo PASSERINO (1998) observa-se que as
atividades lúdicas podem propiciar as crianças o desenvolvimento da memória
visual, auditivo e sinestésico. Orientação temporal e espacial, coordenação motora
viso-manual ampla e fina percepção auditiva, percepção visual tamanho, cor,
detalhes, forma, posição, lateralidade, complementação do raciocínio lógicomatemático, expressão lingüística (oral e escrita), planejamento e organização.
Nesta perspectiva, os PCNs (BRASIL, 1997), o jogo e a brincadeira fazem
parte do mundo da criança, sendo assim os professores precisam utilizar estratégias
nas aulas de educação física como motivação, maneiras de explicar argumentos,
como atividades constituem um importante fator educacional, favorecendo o
desenvolvimento psicomotor e psíco-fisico-social da criança. Nada melhor para esta
criança sentir a realidade do que lhe foi ou lhe será ensinado através daquilo que ela
mais gosta de fazer. É essencial que os professores das series iniciais tenham esse
conhecimento para planejarem suas aulas de educação física pautada nessa visão,
pois esse caminho contribui com muitos alunos a desenvolverem o desenvolvimento
motor.
Ao se elaborar metodologias diversificadas, que procurem levar o sujeito a
pensar, questionar e propor soluções para problemas da vida, através da inserção
de jogos nas aulas de Educação Física, segundo TOMAZINHO (2003), constitui uma
forma interessante de propor problemas, de modo atrativo e favorecer a criatividade
16
na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de soluções. O
trabalho pedagógico com jogos propõe situações reais através das estratégias
utilizadas pelos alunos nas jogadas fazendo com que ele reflita através das mais
variadas situações do jogo.
O lúdico facilita o aprendizado como meio de exploração e invenção e auxilia
o professor a desenvolver com seus alunos as atividades prazerosas em sala de
aula. Os recursos didáticos, segundo MACEDO (2000), têm um papel importante no
processo de ensino aprendizagem como facilitador do aprendizado e os jogos pelo
seu aspecto lúdico podem motivar e despertar o interesse do aluno, bem como
comunicar suas idéias, buscando consensos e negociações.
2.2 DEFINIÇÃO DE JOGO E A BRINCADEIRA
Jogar é definido pelo dicionário como: “Dizer ou fazer brincadeira. Executar
as diversas combinações de um jogo” (MAUÉS, 2000, p. 526). A palavra jogar,
como se vê, é extensivo tanto às definições do brincar, quanto a várias outras
atividades como, por exemplo, os passatempos e divertimentos sujeitos a regras.
Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. A palavra jogo segundo FERREIRO
(2001), pode ser definida como atividade física ou mental por um sistema de regras
que definem a perda ou ganho ou brinquedo, passatempo, divertimento, entre
outras, portanto, pode ser entendida de modos diferentes.
...Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou
amarelinha, xadrez, adivinhas, contar histórias, brincar de mamãe e filhinha,
futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma
infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a mesma denominação,
têm suas especificidades. Por exemplo, no faz-de-conta, há forte presença
da situação imaginária: no jogo de xadrez, há regras padronizadas
permitem a movimentação das peças (...). (...) Função lúdica: a brincadeira
propicia diversão, prazer e até desprazer, usando escolhida
voluntariamente. Função educativa: a brincadeira ensina qualquer coisa que
complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão
do mundo (KISHIMOTO, 2009, p. 13-37).
KISHIMOTO (2009), esclarece que, a compreensão das brincadeiras e a
recuperação do sentido lúdico de cada povo dependem do modo de vida de cada
agrupamento humano, em seu tempo e espaço. Daí emerge que se faz da criança,
seus valores costumes e brincadeiras.
Portanto, ao se pensar no processo
educativo como uma maneira de socialização do educando, não pode de forma
17
alguma desprezar as brincadeiras e os jogos como metodológicos primordiais para o
desenvolvimento e crescimento da criança, especialmente nos aspectos sociais,
culturais e ate emocional da criança.
Existem algumas considerações em relação às brincadeiras educativas e
duas delas merecem ser citadas:
Atualmente as escolas já estão dando o devido valor ao brincar. Estão
levando cada vez mais as brincadeiras, os jogos e os brinquedos para as salas de
aula. Os professores, aos poucos, estão buscando informações e enriquecendo
suas experiências para entender o brincar e como utilizá-lo para auxiliar na
construção do aprendizado da criança.
...Independente do tipo de vida que se leve, adultos, jovens e crianças,
todos precisam da brincadeira e de alguma forma de jogo, sonho e fantasia
para viver. A capacidade de brincar abre para toda uma possibilidade de
decifrar enigmas que os rodeiam (MALUF, 2003, p. 29).
Sabe-se que o brincar pode ser um elemento importante através do qual se
aprende. Sendo sujeito ativo desta aprendizagem que tem na ludicidade o prazer de
aprender. Portanto, o professor deve organizar suas atividades, selecionando
aquelas mais significativas para seus alunos, criando condições para que estas
atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a importância de os alunos
trabalharem na sala de aula, individualmente ou em grupos. As brincadeiras
enriquecem o currículo, podendo ser propostas na própria disciplina, trabalhando
assim o conteúdo de forma prática.
Cabe ao professor em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e
condições para desenvolver e facilitar este tipo de trabalho. O professor é quem cria
oportunidades para que o brincar aconteça de uma maneira sempre educativa.
Pode-se afirmar que o brincar, enquanto promotor da capacidade e da
potencialidade da criança, deve ocupar um lugar especial na prática pedagógica,
tendo com espaço privilegiado a sala de aula. Muitas dúvidas persistem entre os
educadores ao associarem o jogo à educação: se há realmente diferença entre o
jogo e o material pedagógico, se o jogo educativo utilizado em sala de aula é
realmente jogo.
Segundo KISHIMOTO (2009), o surgimento do jogo enquanto ferramenta
educativa data do século XVI e os primeiros estudos sobre essa temática
aconteceram provavelmente em Roma e na Grécia Antiga. Porém, desde a idade
18
média até os dias atuais o jogo tem sido estudado enquanto parte importante do
processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com KISHIMOTO (1994), o interesse pelo jogo aparece nos
escritos de Horácio e Quintiliano, se referem à presença de pequenas guloseimas
em forma de letras. Mas o interesse pelo jogo decresceu com o advento do
Cristianismo, quando a poderosa sociedade cristã que tomou posse do império
desorganizado. Instituiu uma educação de disciplina rígida. Mas no século XVI um
grande feito coloca em destaque o jogo educativo: o aparecimento da Companhia de
Jesus. Na Idade Média. Surge com força o uso do jogo de baralho e, nesta época, o
estatuto do jogo educativo passa pelas mãos dos padres franciscanos. Em tempos
atuais, os estudiosos do assunto tentam equilibrar os dois paradoxos envolvidos
jogos e educação.
...O equilíbrio entre as funções é o objetivo do jogo educativo. Entretanto, o
desequilíbrio provoca duas situações: não há mais ensino, há apenas jogo,
quando a função lúdica predomina ou. o contrário, quando a função
educativa elimina todo hedonismo. resta apenas o ensino (KISHIMOTO.
1994. p. 19).
Por exemplo, num jogo de amarelinha pode desenvolver na criança:
orientação espacial. Noção matemática dos números. A coordenação motora
através de saltos combinados, fazer com que aprenda a cooperar na brincadeira,
esperando a vez do colega e aguardando a sua vez, tudo isso se consegue se
houver atenção ao jogo e a seus objetivos.
Atualmente é grande o número de autores que incorporam a função lúdica e
educativa ao adotar o jogo na escola. Um deles é KISHIMOTO (1994), que sugere
alguns critérios para a escolha adequada de brinquedos de uso escolar, garantindo
assim a essência do jogo: O valor experimental: permiti a exploração e a
manipulação: o valor da estruturação: dar suporte à construção da personalidade
infantil: o valor da relação: colocar a criança em contato com seus pares e adultos,
com objetos e com o ambiente em geral para propiciar o estabelecimento de
relações: o valor lúdico: avaliar se os objetos possuem as qualidades que estimulam
o desenvolvimento da ação lúdica,
A proposta do uso dos jogos educativos na escola, não é um trabalho tão
simples, exige todo um processo e metodologias para adotar em sala de aula este
19
método. Inventar jeitos próprios de organização ou recriação dessas práticas é
formular novas formas de jogar.
Segundo KAMII (1991), para empreender um processo educativo com
criatividade e diferença é preciso de audácia e coragem. Deve-se considerar o local
onde acontecem as aulas, a análise do perfil dos alunos envolvidos, o levantamento
do material que estará à disposição, etc. Além do mais, é indispensável que se
tenha em mente o porquê da adoção desta tática nas aulas. Alguns jogos e
brincadeiras surgem da necessidade de participação de muitos alunos, outros já são
desfavoráveis a grupos maiores, os quais devem se adequar também ao tamanho
do espaço.
Os jogos permitem reconhecer e compreender regras, além de propiciar a
identificação dos contextos nos quais as regras estão em voga e inventar novas
situações para a modificação das mesmas. Jogar, segundo VYGOTSKY (1984)
é participar de um mundo de fantasia, é fazer de conta, doar-se ao incerto e
enfrentar desafios em busca de entretenimento, o jogo internaliza um sujeito
autônomo, criativo e original possibilitando a simulação e experimentação de
contextos e situações áridas e controversas do dia a dia.
Os educadores precisam ensinar o passado e as raízes do Brasil, mas,
sobretudo, segundo MACEDO (2000), mostrar aos seus alunos que eles fazem parte
dessa história, a partir de suas famílias, da sua cidade, de seu estado, e assim por
diante. É uma maneira encontrada de apresentar às crianças a sua identidade e, ao
mesmo tempo, fazer com que elas desenvolvam autonomia, cidadania e respeito.
Dessa forma, percebe-se que a utilização do folclore no contexto escolar
auxilia de forma positiva a aprendizagem. CÓRIA-SABINI, LUCENA (2004), mostram
a importância de trabalhar esse assunto, que engloba diferentes áreas do
conhecimento. Portanto, se tratadas com a devida seriedade e conhecimento de
causa, as expressões de folclore poderão ser de grande importância como auxiliares
dos procedimentos didáticos.
Na escola, muitas ciências, disciplinas e artes estão intensamente ligadas ao
folclore, e, assim, a escola pode e deve servir-se como excelente meio de
transmissão dc conhecimento, ao mesmo tempo revelador da cultura do povo.
20
A sua maior aplicação será no setor de linguagem oral e escrita, com a
amplitude dos contos nos objetivos éticos, morais e estéticos a serem por meio
deles atingidos. A criança é conduzida a um mundo de fantasias, no qual o espírito
repousa e se encanta. O conto é um veículo educativo, usado nas mais diversas
civilizações e do mesmo modo entre os povos naturais, para realce dos feitos dos
seus heróis e das virtudes de seus antepassados.
...Os provérbios, que representam uma condensação de sabedoria, as
adivinhas, que são testes de conhecimentos, as parlendas, os jogos, os
brinquedos, recreiam, estimulam as relações sociais e reafirmam a unidade
grupa. (CERVO, 2002, p. 34).
Segundo VYGOTSKY (1989), a relevância de brinquedos e brincadeiras é
indispensável para a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário só se
desenvolve quando se dispõe de experiências que se reorganizam. A riqueza dos
contos, lendas e o acervo de brincadeiras constituirão o banco de dados de imagens
culturais utilizados nas situações interativas. Dispor de tais imagens é fundamental
para instrumentalizar a criança para a construção do conhecimento e sua
socialização.
Ao brincar, a criança movimenta-se em busca de parceria e na exploração
de objetos; comunica-se com seus pares; se expressa através de múltiplas
linguagens; descobre regras e toma decisões.
É importante despertar nas crianças, sentimentos de emoção, de
entusiasmo e de amor pelas coisas de nossa terra, preservando toda a poesia de
ingenuidade e a pureza da sabedoria folclórica. Diante do exposto, percebe-se a
grande importância e influência que os recursos lúdicos têm no processo de ensinoaprendizagem
das
crianças.
Por meio
do
lúdico
o
aluno
pode
brincar
espontaneamente. Avaliar hipóteses. Descobrir toda a sua criatividade.
Através das brincadeiras a criança desenvolve formas de convivência social,
ampliam o repertorio cultural, constrói e aprende regras.
...Brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando
com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo. Procurando
aprende regras e conseguir uma participação satisfatória. (CÓRIA-SABINI,
LUCENA 2004, p. 32).
Segundo ANTUNES (1998), a aprendizagem é tão importante quanto o
desenvolvimento social e o lúdico constitui uma ferramenta pedagógica ao mesmo
tempo promotora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento social.
21
Portanto, as atividades com recursos lúdicos, funcionam como ferramentas
para que o educador consiga por meio delas auxiliar o aluno a aprender a aprender,
uma vez que estas agem como fator motivador para que os alunos se empenhem no
processo de aprendizagem. Quando em sala os alunos realizam as atividades
lúdicas, cria-se um processo de interação mútua entre alunos e professor, ou seja. É
criado um clima diferenciado e ao mesmo tempo favorável à produção de
conhecimento que tende a ser significativo e dinâmico para o aluno.
A presença de atividades lúdicas na escola, segundo BROUGERE (1998),
oferece amplas possibilidades para o constante desenvolvimento dos aspectos
cognitivos e psicomotores da criança e os efeitos de sua utilização podem ser
observados a médio e longo prazo, visto que a socialização e interação dela com os
outros se revela como fator importante do desenvolvimento. O brincar é para a
criança, um momento mágico, brincando ela alimenta sua vida interior, liberando
assim, sua capacidade de criar e reinventar o mundo. Portanto, o brincar é tão
importante que deveria ser alvo do planejamento, pois quando a criança brinca, ela
reorganiza pensamentos e emoções.
2. 3 O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO
Ao longo da história da filosofia como da psicologia exerceram grande
influência nos procedimentos pedagógicos adotados pelas escolas. Buscando
responder a seguinte questão como o homem chega ao conhecimento, em nosso
trabalho buscamos alguns referenciais de Jean Piaget (1971) e Vygotsky (1988) que
ambos descrevem como concebemos o conhecimento de maneira distinta. Sendo
que não existe uma relação polarizada, tanto o aluno como o professor tem
importância durante o processo pedagógico, estabelece uma relação de troca
(Professor-Aluno) a preparação dos professores constitui realmente a questão
primordial de todas as reformas pedagógicas é de forma a superar as perspectivas
do conhecimento em construção.
Jean Piaget (1978), em sua teoria contribuiu e contribui para a solidificação
da formação docente ao tentar entender o processo do desenvolvimento da
aprendizagem do educando. Sua pesquisa sempre demonstrou interesse pelo
desenvolvimento da inteligência e pela construção do pensamento racional.
22
Baseada no desenvolvimento cognitivo assegura que a continuidade entre as formas
biológicas e as formas de pensamento é constituída na interação entre o sujeito e o
objeto do conhecimento. Afirmando que o desenvolvimento e a aprendizagem se
efetuam a partir de interações entre o biológico e o social.
...A construção do conhecimento depende das possibilidades genéticas do
sujeito, bem como da interação desses com o objeto do conhecimento, tal
qual ele é concebido pelo meio ambiente físico e social. O conhecimento
apresenta três fontes diferenciadas, porém cooperantes. São elas: fonte
exterior, interior e social. (ANDRADE, 2006, p. 24).
Segundo
PIAGET
(1971)
a
aprendizagem
só
ocorre
mediante
a
consolidação das estruturas de pensamento, portanto a aprendizagem sempre se dá
após a consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma a passagem de
um estágio a outro estaria dependente da consolidação e superação do anterior. Na
perspectiva de Piaget, para que ocorra a construção de um novo conhecimento, é
preciso que se estabeleça um desequilibrio nas estruturas mentais, isto é, os
conceitos já assimilados necessitam passar por um processo de desorganização
para que possam novamente, a partir de uma perturbação se reorganizarem,
estabelecendo um novo conhecimento. Este mecanismo pode ser denominado de
equilibração das estruturas mentais, ou seja, a transformação de um conhecimento
prévio em um novo.
...Assimilação de nada no organismo ou seu funcionamento se uma
acomodação correspondente [...]. Assimilação e acomodação não são duas
funções separadas e sim pólos funcionais, dispostos em oposição um ao
outro em forma de adaptação. Assim, somente por abstração é que se pode
falar puramente de assimilação [...]. Mas devemos lembrar que não pode
haver (PIAGET, 1971, apud VASCONCELLOS, 1998, p. 51).
Nesse processo de assimilação e acomodação estão presentes também as
abstrações empíricas e a reflexiva. Abstração empírica são as informações que
retiramos do objeto de conhecimento. Nesse novo conhecimento posso refletir sobre
as ações relacionadas sobre esse objeto de conhecimento, essa reflexão é chamada
de abstração reflexiva.
Desse modo a criança constrói e adapta conhecimentos existentes de ordem
interna e externa, que interferem diretamente no processo de construção da
inteligência. Segundo PIAGET (1971), o conhecimento apresenta três fontes
diferenciadas: a hereditariedade, sobretudo o processo de maturação neurológica; o
ambiente físico; a influência social e a equilibração.
23
RAPPAPORT (1981), explica que temos organismo que amadurece quando
entramos em contato com o meio físico e social. Através dessa interação o
organismo resulta estruturas cognitivas que irão funcionar de modo semelhante toda
a vida do sujeito.
O processo de adaptação ou equilibração se faz todo o momento que o
ambiente físico e social nos coloca as situações que não temos respostas,
rompendo com nosso estado de equilíbrio. Para SPITZ (1987), o equilíbrio é
apresentado como tendência inerente ao organismo que luta para estabelecer um
equilíbrio de forças constantemente móvel e estável no organismo e na psique.
A assimilação e acomodação de acordo com PIAGET (1978), são duas
funções juntas. A assimilação se dá quando tentamos resolver uma situação com
base na estrutura mental já formada. E a acomodação é quando fazemos um
ajustamento das estruturas antigas para resolver a situação-problema.
Desse modo, na prática pedagogica PIAGET (1978),
contribui na
compreensão da dinãmica dos processos que acontecem no ato de ensinar e
aprender enfatizando em sua teoria dos estágios do desenvolvimento cognitivo que
demonstram como acontece o conhecimento.
CAPITULO III
3.0 DESENVOLVIMENTO MOTOR
Lateralidade, segundo os PCNs (BRASIL, 1997), é situar-se no espaço
adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A O
desenvolvimento motor proporciona á criança tomar consciência de seu corpo da
educação psicomotora. E deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida
com perseverança, prevenindo inadaptações difíceis de serem corrigidas quando já
estruturadas.
De acordo com AJURIAGUERRA (1983), a psicomotricidade define como
sendo: ciência da saúde e educação, indiferente a diversas escolas psicológicas,
condutivas, evolutivas, genéticas etc. e esse campo proporciona a expressão
motora, através da utilização psíquica e mental da pessoa.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade a
psicomotricidade passou a ser uma ciência da educação visando à representação e
a expressão motora, psíquica e mental das pessoas. O ato motor envolve
pensamento, ação e emoção. Resumindo a psicomotricidade é o controle mental da
expressão motora e a relação entre o pensamento, linguagem, ação e emoção.
A criança que apresenta instabilidade psicomotora, segundo PINTO (2008),
em dificuldades para desenvolver a área cognitiva mais do que qualquer outra
criança. É essencial que desenvolva essa fase motora que a criança tenha espaço
adequado para correr, pular e brincar podendo assim exercitar a motricidade global.
As brincadeiras devem estar presentes em qualquer proposta de trabalho infantil,
aliada inicialmente á movimentação do corpo. É importante mencionar que essas
brincadeiras devem ser com objetivos para que se tenham resultados, com uma
brincadeira pode-se desenvolver inúmeras habilidades.
Todos esses requisitos devem ser trabalhados dentro das atividades que
sejam interessantes para as crianças. Segundo os estudos apresentados por PINTO
(2008), a ausência do trabalho com o esquema corporal pode provocar problemas
como dificuldades nas
orientações
espaciais,
temporal,
equilíbrio,
postura
dificuldades de se locomover, num espaço ou escrever obedecendo aos limites de
uma linha. Referente á lateralidade quando esta não é desenvolvida no aluno pode
25
causar disgrafia letra ilegível, má orientação espacial na folha de papel e posturas
inadequadas na hora de escrever. Na ausência da orientação espacial pode ocorrer
do aluno confundir letras de diferem quanto á organização espacial bem como: (b, d,
q, p), ter dificuldades em respeitar as ordens nas palavras (brasa/barsa), apresentar
dificuldades para organizar os materiais escolares, esbarrar com facilidades em
objetos e pessoas. Já a ausência da orientação temporal pode prejudicar nas
pronuncias das palavras (trocar ou inverter as letras).
Diante dessa realidade podemos observar o quanto esse desenvolvimento é
importante para as crianças. É essencial que todos os educadores sem exceções
tenham esses conhecimentos da motricidade geral e sejam conscientes que é
necessário trabalhar de maneira responsável a área psicomotora do educando em
prol de seu desenvolvimento geral. O educador deve ofertar atividades motoras nas
aulas de educação física, pois esse trabalho irá suplantar muitos obstáculos, e ás
vezes numa única brincadeira os alunos se despertarão para habilidades motoras
ampliando assim os conhecimentos cognitivos. Muitos professores reclamam que
ensinam, mas os alunos não aprendem, essa defasagem apresentada pelo
educando pode ser advinda da psicomotricidade que não foi trabalhada. Segundo os
PCNs, (BRASIL, 2001), a Educação Física assume um papel extremamente
significativo na educação, pois é através do brincar que a criança explora seu corpo,
interage com outros corpos e desenvolve seu crescimento cognitivo e motor.
...A Educação Física escolar deve interagir com as demais disciplinas, em
todas as iniciativas que oportunizem a produção e a socialização do
conhecimento, a partir de interesses transformadores. Este caráter
interdisciplinar está presente na citada Proposta Curricular, ao se referir aos
pontos comuns com as demais disciplinas. (OLIVEIRA, 2001, p.96).
O desenvolvimento motor deve ser incentivado desde os primeiros anos
dentro da escola e o profissional de Educação Física deve estar ciente que seu
papel vai além de promover atividades que desenvolvam o lado físico. Suas ações
podem e devem desenvolver a criança de uma maneira integral favorecendo assim a
aprendizagem em todas as outras disciplinas.
...O movimento ajuda a criança a construir conhecimento do mundo que a
rodeia, pois é através das sensações e percepções que ela interage com a
natureza. É através de sua ação no meio ambiente que a criança pode
formular os primeiros conceitos lógicos matemáticos, pois o sentido de
tempo e espaço é construído primeiramente no corpo, corpo este que media
a aprendizagem. Assim, brincando com seu corpo a criança vai construindo
diferentes noções. (OLIVEIRA, 1997, p. 34).
26
Desde o nascimento o ser humano vai passando por fases na busca de
construção do conhecimento. Segundo ANTUNES (1998), a conquista do ser
humano do símbolo passa por diferentes fases, tendo origem nos processos mais
primitivos da infância. Como já dito anteriormente, a criança aprende pelo corpo, é
através dele que se relaciona com o meio circundante. Ás vezes os adultos não
compreendem essa fase vivenciada pela criança chegando até discriminar em
algumas ocasiões, isso ocorre porque muitos desconhecem a importância dessa
relação com o desenvolvimento humano. Assim a escola deve promover a
ampliação desses conhecimentos, o professor deve criar situações que a criança
busque a solução de um problema, seja na motricidade, na organização do espaço e
do tempo, criando estratégias ou elaborando uma regra.
Desse modo podemos concluir que as brincadeiras contribuem de forma
gradativa para a construção da autoimagem positiva da criança. Pode-se superar e
ressignificar diferentes objetos internalizados, assumindo novos papéis ou mesmo
brincando com o já caracterizado. Ao brincar, por exemplo, de casinha a criança
precisa conhecer como é uma casa, quem são seus personagens, interioriza
modelos, desempenha certa função social, condutas, estabelece vínculos, exercita a
sua autonomia, troca com seus pares, experimenta emoções, cria e recria, assume
papéis, e seu corpo expressa a realidade externa, assume gestos e palavras da
pessoa que representa. Vive intensamente a sua realidade interna. E enquanto seu
cérebro passa por essas etapas a maturação orgânica auxilia no processo de
aprendizagem como um todo.
3.1 IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO
MOTOR DAS CRIANÇAS
É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança e os
avanços que a mesma adquire numa brincadeira a criança adquire aquilo que vive e
que concretiza na sua ação. Quando num contexto de jogo, o professor oferece
materiais variados confeccionado junto com as crianças, elas vivenciam e têm
consciência da realidade concreta, transformando o real em função de suas
necessidades. É importante observar que, para VYGOTSKY (1988), o ensino
sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da Zona de
27
Desenvolvimento Proximal ele considera o brinquedo uma grande fonte de
informação para o desenvolvimento. Afirma que apesar do brinquedo ser o aspecto
predominante da infância ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento
infantil.
O termo brinquedo mencionado por VYGOTSKY (1984), se refere á
atividade ao ato de brincar, em sua analise ele cita outras modalidades para o ato
brincar como, por exemplo: os jogos esportivos ele dedica em especial ao jogo de
papéis e as brincadeiras de “faz de conta”, pois essas atividades frisam a questão
imaginação
que
funciona
como
um
modo
de
funcionamento
psicológico
especialmente humano que não está presente nos animais nem nas crianças muito
pequenas. De acordo com VYGOTSKY (1984), através do brinquedo a criança
aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. A
criança poderá utilizar materiais que servirá para representar uma realidade ausente
exemplo uma vareta de madeira como uma espada, um boneco como um filho na
brincadeira de casinha etc.
O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a segundo
VYGOTSKY (1989) desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu
papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança
são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível
básico de ação real e moralidade.
O ato de brincar oportuniza á criança organizar seu mundo seguindo seus
próprios passos e utilizando melhor seus recursos. Brincar, segundo KISHIMOTO,
(1994), é uma necessidade do ser humano; quando brinca ele pode aprender de um
modo mais profundo, pode flexibilizar pensamentos, pode criar e recriar seu tempo e
espaço consegue adaptar-se melhor às modificações na vida real podendo
incorporar novos conhecimentos e atitudes.
...O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício
sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade
própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real
em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos
de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um
material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência
infantil. (PIAGET 1976, p.160).
De acordo com a citação acima, PIAGET afirma que a atividade lúdica é o
berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma
28
forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
...A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode
realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e
também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde
existem duas equipes antagônicas. (WALLON, 1979 p.210)
Nessa citação WALLON menciona sobre a importância do caráter emocional
em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização.
Referindo-se a faixa etária dos sete anos, WALLON, demonstra seu interesse pelas
relações sociais infantis nos momentos de jogo. A brincadeira contribui para o
processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar
atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de
aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidade.
...Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais
apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve
construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma
criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado,
aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela.
(PIAGET, 1976, p 162).
Para PIAGET (1976), a ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao
executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, ganhar, perder e
esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o mundo. Ela facilita
a convivência entre a criança e o professor. O lúdico se processa em torno do grupo
e das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar e satisfazer o
espírito estático do ser humano oferece ricas possibilidades culturais de
aprendizagem. Piaget também deixa claro em sua visão que as atividades lúdicas
têm um papel fundamental na estruturação do psiquismo da criança, é no ato de
brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e da realidade, começa a
distinguir o real do imaginário. É através da ludicidade que ela desenvolve não só a
imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade,
exploram habilidades e à medida que assumem múltiplos papéis, fecundam
competências cognitivas e interativas em ambas as áreas de aprendizagem.
Analisando esse contexto observa-se que as atividades lúdicas podem propiciar as
crianças o desenvolvimento da memória visual, auditiva e sinestésica, orientação
temporal e espacial, coordenação motora viso-manual ampla e fina percepção
auditiva, percepção visual tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade,
29
complementação, raciocínio lógico-matemático, expressão linguística (oral e escrita),
planejamento e organização.
...Existe uma relação direta entre brincadeiras corporais e a
psicomotricidade. Nestes aspectos as brincadeiras são meio de aprimorar
funções as neuropsicomotoras e fortalecer conexões neurais, pois brincar
com o corpo necessita de um estado de atenção, requer controle corporal
em situações de deslocamento no espaço, uma percepção de seu corpo,
uma tonicidade muscular, uma organização espaço-temporal, um controle
viso- manual. Além disso, quando a criança brinca em conjunto, isso vem a
ser uma experiência de socialização rica, pois em contato com o outro a
criança aprende a tomar conta de seus impulsos e respeitar o espaço do
outro. (TOMAZINHO, 2003, p15).
Nesta perspectiva o jogo e a brincadeira fazem parte do mundo da criança,
sendo assim os professores precisam utilizar estratégias nas aulas de educação
física como motivação, maneiras de explicar argumentos, como atividades
constituem um importante fator educacional, favorecendo o desenvolvimento
psicomotor e psíco-físico-social da criança. Nada melhor para esta criança sentir a
realidade do que lhe foi ou lhe será ensinado através daquilo que ela mais gosta de
fazer. É essencial que os professores das series iniciais tenham esse conhecimento
para planejarem suas aulas de educação física pautada nessa visão, pois esse
caminho contribui com muitos alunos a desenvolverem o desenvolvimento motor.
Parafraseando os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), a
Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois
possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades
corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas,
ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e
emoções.
...As situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos favoráveis de
aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de
movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de
forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a
possibilidade de repetição para manutenção e por prazer funcional e a
oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato
de o jogo constituir um momento de interação social bastante significativo,
as questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o
interesse pela atividade seja mantido. (BRASIL, 2001, p.29).
Assim como rege nos PCNs é de suma importância que os professores se
atentam para os objetivos e metodologias das aulas de Educação Física, ás vezes
deparamos com uma realidade triste no contexto educacional, muitos professores
não conhecem o real significado das atividades lúdicas e nem planejam as
atividades simplesmente dá uma bola para o aluno e deixa-o á vontade, sem
30
perspectiva
de
aprendizagem.
Enquanto
essa
concepção
permanecer
na
metodologia de muitos educadores os objetivos não se cumprirá e os alunos ficarão
prejudicados no processo de aprendizagem. Segundo os PCNs:
...Nesse momento da escolaridade, os alunos têm grande necessidade de se
movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de períodos mais longos
de concentração em atividades escolares. Entretanto, fora o horário de
intervalo, a aula de Educação Física é, muitas vezes, a única situação em
que têm essa oportunidade. Tal peculiaridade frequentemente gera uma
situação ambivalente: por um lado, os alunos apreciam e anseiam por esse
horário; por outro, ficam em um nível de excitação tão alto que torna difícil o
andamento da aula. A capacidade dos alunos em se organizar é também
objeto de ensino e aprendizagem; portanto, distribuir-se no espaço,
organizar-se em grupos, ouvir o professor, arrumar materiais, entre outras
coisas, é procedimentos que devem ser trabalhados para favorecer o
desenvolvimento dessa capacidade. Tomar todas as decisões pelos alunos
ou deixá-los totalmente livre para resolver tudo, dificilmente contribuirá para a
construção dessa autonomia. (BRASIL, 1997, p.45).
Neste sentido, se for o professor polivalente quem ministra as aulas de
Educação Física abre-se a possibilidade de, além das aulas já planejadas na rotina
semanal, programar atividades em momentos diferenciados, mas se o professor for
quem faz as propostas e conduz o processo de ensino e aprendizagem, ele deve
elaborar sua intervenção de modo que os alunos tenham escolhas a fazer, decisões
a tomar, problemas a resolver, assim os alunos podem tornar-se cada vez mais
independentes e responsáveis. Cabe á todos os professores ter uma visão ampla
desse currículo para não prejudicar seus alunos. É preciso lembrar que eles estão
em processos de desenvolvimento e como tal, precisam de muitos estímulos para
não ter prejuízo na aprendizagem.
...Cabe ainda ressaltar que essas explorações e experiências devem
ocorrer inclusive individualmente. Equivalem dizer que, no primeiro ciclo, é
necessário que o aluno tenha acesso aos objetos como bolas, cordas,
elásticos, bastões, colchões, alvos, em situações não competitivas, que
garantam espaço e tempo para o trabalho individual. A inclusão de
atividades em circuitos de obstáculos é favorável ao desenvolvimento de
capacidades e habilidades individuais. (BRASIL, 1997, p. 49).
No plano especificamente motor, segundo PCNs (1997) os conteúdos devem
abordar a maior diversidade possível de possibilidades, ou seja, correr, saltar,
arremessar, receber, equilibrar objetos, equilibrar-se, desequilibrar-se, pendurar-se,
arrastar, rolar, escalar, quicar bolas, bater e rebater com diversas partes do corpo e
com objetos, nas mais diferentes situações. E para que isso ocorra é primordial que
a metodologia do professor esteja coerente. Ao elaborar o plano de aula o professor
precisa estar ciente do que quer desenvolver em seus alunos com as atividades
planejadas. As atividades lúdicas precisam estar em consonância com o
31
planejamento anual para que haja a interdisciplinaridade dentro da sala de aula, pois
as áreas do conhecimento estão ligadas entre si uma complementa a outra. Para
obter bons resultados os professores devem trabalhar em conjunto trocando assim
conhecimento e praticas pedagógica.
Contextualizando os PCN (BRASIL, 2001), as habilidades e capacidades
podem receber um tratamento mais específico, na medida em que os alunos já
reúnem condições de compreender determinados recortes que podem ser feitos ao
analisar os tipos de movimento envolvidos em cada atividade. É possível sugerir
brincadeiras e jogos em que algumas habilidades mais específicas sejam
trabalhadas, dentro de contextos significativos. É possível ainda solicitar que as
crianças criem brincadeiras com esse objetivo, o papel do professor seja qual for sua
disciplina, é criar no aluno condições de desequilíbrio, apresentando para ele o
novo, o inusitado, o desconhecido. Diante do novo a criança tende a assimilá-lo, a
incorporá-lo a si usando, porém seus recursos motores e mentais conhecidos. A
função do educador nesse impacto é saber lidar com o educando, provocar o
desequilíbrio não é deixar a criança perdida num oceano de mistério, mas
apresentar o problema de tal forma que possa ser solucionado com o instrumento
existente, ou seja, conhecimento mental e motor. As contradições que seguem ao
desequilíbrio só serão superadas se ela estabelecer uma ligação entre o conhecido
e desconhecido, o velho e o novo, a situação atual e a anterior.
Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos
numa proposta integracionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir
daí, cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho
que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo, É por intermédio da
atividade lúdica, segundo KISHIMOTO (2009), que a criança se prepara para a vida,
assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às
condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir cooperar com seus
semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão,
o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o
pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece
para as crianças experiências concretas, necessárias e indispensáveis às
abstrações e operações cognitivas. Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os
jogos,
permitem
liberdade
de
ação,
pulsão
interior,
naturalidade
e,
32
conseqüentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades
escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizálos pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento
integral da criança. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não
somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a
conseqüência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as
dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal.
Através desse estudo bibliográfico tem mostrado a grande importância das
atividades lúdicas na educação com crianças, tendo sido possível desvelar que a
ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois
para ela brincar é viver. É relevante mencionar que o brincar nesses espaços
educativos precisa estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos
educadores que o compõem. É sempre bom que se autoavaliem fazendo perguntas
como: A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo?
Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um
relaxamento ou uma relação de proximidade cultural e humana? Como estamos
agindo diante das crianças? Elas são ouvidas? Também é importante ressaltar que
só é possível reconhecer uma criança se nela o educador reconhecer um pouco da
criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim, será possível ao
educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando
em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência
que possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa. É
competência de a educação infantil proporcionar aos seus educando um ambiente
rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande
parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade,
permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem
crianças. O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma
tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência,
estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve
habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade,
aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o
desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social. O estudo
permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer,
compreender e construir seus conhecimentos tornar-se cidadã deste mundo, ser
33
capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição
também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por
conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige
diferentes conhecimentos e habilidades. É buscando novas maneiras de ensinar por
meio do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente
consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Cabe ressaltar que
uma atitude lúdica não é somente a somatória de atividades; é, antes de tudo, uma
35
maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionarse com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu sonho, no
seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos,
mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será. Propomos,
entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em trabalho pedagógico
para
que
experimentem,
como
mediadores,
o
verdadeiro
significado
da
aprendizagem com desejo e prazer. As atividades lúdicas estão gravemente
ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes
dominantes. Portanto, cabem à escola e a nós, educadores, recuperarmos a
ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas
vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo
sobre a vida e a constante peleja que nela travamos. É preciso que o professor
assuma o papel de artista e proporciona condições facilitadoras de aprendizagens
que a ludicidade contém nos seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivomotor e cognitivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com esse embasamento teórico podemos afirmar que o lúdico é à
base de toda a atividade da educação de infância, através de motivação para a
criança, que dá origem a processos de aprendizagem importantes, fonte de
descoberta e prazer. A ludicidade é uma forma de trabalhar, fazendo elo entre a
comunicação entre a fantasia, o brincar e o real.
O brincar é de suma importância no processo lúdico e na aprendizagem da
criança. Desse modo o brincar faz parte da natureza da criança e deve ser utilizada
pelo professor na mágica arte de ensinar. Tornar-se lúdico e utilizar o jogo ou a
brincadeira e oferecer para a criança de forma espontânea, fomentando, de modo a
fazer a criança avançar do ponto em que está na sua aprendizagem e no seu
desenvolvimento. O professor deve reconhecer o brincar como caminho para a
construção da aprendizagem, que favorece ao aluno seu próprio desenvolvimento,
construindo e adaptando ao ambiente e aprendendo de forma prazerosa. A
utilização do lúdico em sala de aula proporciona a criança utilizar-se a fantasia e
símbolos de sua imaginação.
A importância do lúdico na ação pedagógica, como meio de aprendizagem,
faz com que a criança vivencia o mundo, com o outro e consigo mesma, em uma
construção criativa e espontânea de experiência de aprendizagem que evidenciam
um processo e não apenas um produto. Como educadores temos o compromisso de
recriar o trabalho educativo com as crianças, favorecendo uma motivação para a
criança, representando significado que os objetos assumem dentro do contexto
brincar. Nesse ato de brincar a criança assume papeis e objetos de forma
improvisados. As brincadeiras constituem elos de comportamentos sociais,
segurança emocional, ausência de tensão, oferecendo oportunidades para
experimentar descoberta de regras e elementos para a aquisição da linguagem.
Para PIAGET (1978), a criança é um agente ativo em seu próprio
desenvolvimento construindo e adaptando suas habilidades cognitivas não só
dependendo de pericia especifica, mas também do ambiente e maneiras que facilita
o brincar.
35
Ao repetir as brincadeiras no contato interativo com adultos, a criança
descobre a regra, ou seja, a seqüência de ações que compõem a modalidade do
brincar e não só repete essas ações, mas toma iniciativa, alterando sua seqüência
ou introduzindo novos elementos. Ao descobrir regras a criança aprende: a falar,
tomar iniciativa e modificar regras já construídas.
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