PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO: A REALIDADE EM UM

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PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO: A REALIDADE EM UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
PEREIRA, Bárbara Nelvo
VARGENS, Octávio Muniz da Costa
RESUMO:
O presente trabalho tem como objetivo identificar as ações desenvolvidas pelo enfermeiro
para a prevenção de úlceras de pressão em um Hospital Universitário do Rio de Janeiro, e
analisar as dificuldades para implementação dessas ações. A pesquisa apóia-se principalmente
nas concepções de Dealey (1996) e Caliri (1997). Este estudo é de natureza quantitativa
descritiva. O campo de estudo utilizado foi um hospital Universitário do Rio de Janeiro. Os
entrevistados foram 10 enfermeiros de diferentes unidades do referido hospital. A coleta de
dados foi realizada através de entrevistas estruturadas. A análise dos dados foi feita por
agrupamento de idéias afins, no qual puderam ser identificados três grupos de idéias distintas:
a) As ações desenvolvidas pelo enfermeiro visando prevenir as úlceras de pressão; b)
Dificuldades encontradas para implementar essas ações; c) Conseqüências geradas com o
surgimento da úlcera de pressão – para o profissional e para o paciente. Os resultados
evidenciaram que os enfermeiros, de fato utilizam práticas preventivas de úlceras de pressão,
porém suas ações não são realizadas de forma sistemática devido a fatores que dificultam
essas ações. Esses fatores se referem principalmente a questões institucionais. Fica claro que
não só o conhecimento sobre o assunto, mas também uma implementação eficaz de ações
preventivas, poderá gerar uma assistência de enfermagem de qualidade.
Palavras chave: úlceras de pressão, prevenção, ações de enfermagem.
PREVENTION OF PRESSURE SORES: THE REALITY IN AN UNIVERSITY
HOSPITAL
PEREIRA, Bárbara Nelvo1
VARGENS, Octávio Muniz da Costa2
1
Bárbara Nelvo Pereira, Acadêmica do 7° período da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Rua Monte Santo,
140 apt°201, Vila da Penha, Cep 21235-550, Rio de Janeiro RJ. E-mail: [email protected]
2
Enfermeiro Obstetra, Doutor em Enfermagem, Professor Titular do Departamento de Enfermagem Materno
Infantil da Faculdade de Enfermagem da UERJ.
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ABSTRACT:
This study aims to identify the actions developed by nurses for the prevention of the pressure
sores in a University Hospital of Rio de Janeiro, and to analyze the difficulties for the
implementation of these actions. It was mainly based on the conceptions of Dealey (1996) and
Caliri (1997). This is a descriptive study with quantitative approach.The field was an
University Hospital of Rio de Janeiro. The informants were ten nurses of different units of the
hospital. Data collection was carried on by structured interviews. Data analysis was made by
grouping of similar ideas, in which were identified three groups with distinct ideas: a) Actions
developed by nurses aiming to prevent the pressure sores; b) Difficulties to implement these
actions; c) Consequences of pressure sores’ sprouting - for the professional and for the
patient. The results show that nurses do preventive procedures concerning to pressure sores,
but because of many factors this procedures are not carried on by a systematic way. These
factors are related to instiucional questions mainly. It is clearly that not only the knowledge
on the subject, but also an efficient implementation of preventions actions, will be able to
generate a better quality of nursing assistance.
Keywords: pressure sores, prevention, nursing care.
INTRODUÇÃO
O presente estudo propõe investigar as ações desenvolvidas pelo enfermeiro para
prevenção de úlceras de pressão em pacientes acamados de um Hospital Universitário, assim
como analisar possíveis dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro na implementação destas
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ações. A motivação para abordar este tema se deu a partir de observações durante as
atividades de estágio supervisionado. Ao longo da graduação em Enfermagem aprendemos na
teoria as formas de prevenção das úlceras de pressão, como tratá-las e evitar sua evolução. No
entanto, com a observação da realidade no campo de prática verificamos que muitos pacientes
acamados apresentavam este tipo de úlcera e dentre estes, identificamos casos em que já se
encontravam em estágio avançado.
A úlcera de pressão traz sofrimento para quem já tem uma patologia de base, e, após a
sua instalação, surgem então, vários outros problemas intercorrentes, como a preocupação dos
familiares, que nem sempre entendem a razão do seu aparecimento (PEREIRA, 2000, p.21).
Outros fatores que nos impulsionaram a realizar este estudo foram leituras e
discussões em palestras, que despertaram o interesse em aprofundar os conhecimentos sobre
esta intercorrência, já que os cuidados em relação à úlcera de pressão são de responsabilidade
da enfermagem. A úlcera, uma vez formada, necessita de grande esforço da equipe de
enfermagem para a recuperação do paciente, por outro lado, a alta permanência do cliente no
hospital onera a instituição e, no cliente, na maioria das vezes, deixa variadas seqüelas
(PEREIRA, 2000; ROSELI,2003).
Aproximadamente 175.000 dos 1.000.000 de pacientes hospitalizados a cada ano
desenvolvem úlceras de pressão (SHANNON, 1984, p.27). Hoje, graças à tecnologia
avançada, existem várias opções de tratamento dessas úlceras, quando já estão instaladas,
ainda que este tratamento represente um custo consideravelmente alto para pacientes e
hospitais. Porém, melhor que aplicar um processo curativo, é poder desenvolver um processo
preventivo eficaz, proporcionando assim o bem estar ao paciente e uma melhor qualidade da
assistência da enfermagem.
A relevância do estudo está no fato de a investigação das ações desenvolvidas pelo
enfermeiro para prevenção de úlceras de pressão em pacientes acamados assim como a
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identificação e análise de possíveis dificuldades enfrentadas por esses enfermeiros podendo
fornecer dados que propiciem uma melhor assistência de Enfermagem. Neste sentido, torna-se
viável alcançar melhores resultados na área assistencial e, por conseqüência, proporcionar
uma melhoria na qualidade de vida através de uma visão holística do indivíduo.
A realização deste estudo é orientada pelas seguintes questões:
ü
Quais as ações desenvolvidas pelo enfermeiro para a prevenção de úlceras de pressão?
ü
Existem dificuldades para implementação de ações de prevenção de úlceras de pressão
pelos enfermeiros?
Para responder as questões norteadoras elaboramos os seguintes objetivos:
ü
Identificar as ações desenvolvidas pelo enfermeiro para prevenção de ulceras de pressão.
ü
Identificar e analisar as dificuldades para implementação dessas ações.
REFERENCIAL TEÓRICO
As úlceras de pressão também são comumente chamadas de úlceras de decúbito. São
áreas localizadas de necrose celular que tendem a ocorrer pela compressão prolongada do
tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura, mas comumente em
conseqüência da imobilidade (CARPENITO,1999, p.176). Geralmente são provocadas por
pressão, cisalhamento ou fricção ou uma combinação dos três (DEALEY, 1996, p.83).
Fatores internos e externos ao paciente influenciam no aparecimento de úlceras de
pressão. As saliências ósseas mais vulneráveis ao aparecimento deste tipo de úlcera são
denominadas áreas de pressão. Entre elas estão o sacro, os ísqueos, os trocanteres, os
calcanhares e os cotovelos.
Segundo AHCPR (in Carpenito, 1999, p.16):
Os fatores intrínsecos que determinam a suscetibilidade ao rompimento do
tecido incluem a anemia, a desnutrição, a perda de sensibilidade, a
mobilidade prejudicada, a idade avançada, o estado mental deficiente, a
incontinência e a infecção. Os fatores extrínsecos que exercem força
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mecânica sobre o tecido mole incluem a pressão, o deslizamento, a fricção e
a maceração.
Para Dealey (1996, p.84) as forças de cisalhamento podem deformar e arrebentar os
tecidos e, conseqüentemente, lesar os vasos sanguíneos. A fricção ocorre quando duas
superfícies entram em atrito. A causa mais comum disso é quando o paciente é arrastado na
cama ao invés de ser levantado. Isso faz com que camadas superiores de células epiteliais
sejam retiradas. A umidade exacerba o efeito da fricção.Pode-se encontrar umidade na pele do
paciente como conseqüência de um suor excessivo ou de incontinência urinária.
De acordo com Dealey (1996) e AHCPR (1992) a incontinência urinária contribui para
a maceração da pele, e conseqüentemente, aumenta o risco de fricção; assim como contribui
para uma lavagem constante da pele que acaba removendo os óleos naturais do corpo,
ressecando a pele.
Os fatores extrínsecos e intrínsecos interagem produzindo a isquemia e a necrose do
tecido mole nas pessoas suscetíveis. É importante salientar que a idade, mobilidade, higiene,
patologias como diabete mellitus, problemas circulatórios, e principalmente o estado
nutricional, são fatores que levam o paciente a um processo catabólico, e que contribuem para
a instalação e processo de cura dificultoso das úlceras de decúbito, quando já instaladas
(DECLAIR, 1994, p.28).
As úlceras de pressão têm sido relatadas, como sendo objeto de preocupação da
enfermagem desde o seu início com Florence Nightingale, porém o problema continua sendo
bastante comum em pacientes cuidados nos hospitais . Hoje sabe-se que algumas lesões são
decorrentes de fatores inerentes à doença e ao estado do paciente de alto risco no entanto a
maior parte do problema pode ser evitado através do uso de materiais e equipamentos
adequados para alívio da pressão, cuidados adequados com a pele e considerações com os
aspectos nutricionais (CALIRI, 1998).
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Avaliação do paciente em risco para úlcera de decúbito é extremamente importante já
que torna possível identificar indivíduos em risco que necessitem de prevenção e os fatores
específicos que estão colocando-os em risco (CALIRI, 1998; ROSELI, 2003; SILVA, 1998).
Spira (1970, p.78) entende que o emprego de medidas profiláticas constitui o método
de eleição no tratamento da úlcera de decúbito. Desse modo, torna-se imperativo evitar os
efeitos prolongados da pressão e manter os tecidos em boas condições de nutrição e higiene,
através de mudanças freqüentes de decúbito e a utilização de agentes medicamentosos
adequados para a limpeza da pele.
Consideramos assim, que todos indivíduos em risco devem ter uma inspeção
sistemática da pele pelo menos uma vez por dia prestando-se atenção particular às regiões de
proeminência ósseas. Os resultados da inspeção da pele devem ser documentados no
prontuário. Indivíduos restritos no leito ou na cadeira ou aqueles indivíduos que estão com
dificuldade de reposicionamento, devem ser avaliados para fatores adicionais que aumentam o
risco para desenvolver úlcera de pressão. Esses fatores incluem imobilidade, incontinência e
fatores nutricionais tais como uma ingestão dietética inadequada ou alteração do estado
nutricional e alteração do nível de consciência (CALIRI, 1998; SILVA, 1998). Deste modo os
indivíduos devem ser avaliados no momento da admissão nas unidades de internação ou
reabilitação hospitalares; assim como o risco de úlcera de pressão deve ser reavaliado
periodicamente e sempre que houver mudanças no estado do paciente e todas as avaliações de
risco devem ser documentadas no prontuário.
Diversos autores (AHCPR, 1992; CALIRI, 1998; FIGUEIREDO, 1996; ROSELI,
2003) descrevem as principais medidas de prevenção de úlceras de pressão, que podem estar
sendo implementadas através da assistência de enfermagem, dentre estas, destacam-se:
A pele deve ser limpa preferencialmente no momento que se sujar ou em intervalos de
rotina. As proeminências ósseas não devem ser massageadas. Antigamente acreditava-se que
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a massagem em regiões com hiperemia auxiliavam a melhorar o fluxo sangüíneo. As
evidências atuais sugerem que massagem pode causar mais danos. Minimizar a exposição da
pele à umidade devido à incontinência urinária, perspiração ou drenagem de feridas. Quando
indivíduos aparentemente bem nutridos desenvolvem uma ingestão inadequada de proteínas
ou calorias, os profissionais devem primeiro tentar descobrir os fatores que estão
comprometendo a ingestão e então oferecer uma ajuda na alimentação. Para indivíduos
comprometidos nutricionalmente um plano de suporte nutricional e ou suplementação deve
ser implementada desde que atenda as necessidades do indivíduo e seja consistente com os
objetivos gerais da terapia. Convém ressaltar que todas as intervenções e resultados devem ser
monitorizados e documentados no prontuário.
Estes autores consideram que a utilização de superfícies de suporte e alívio da carga
mecânica são de grande importância e tem o objetivo de proteger o paciente contra os efeitos
adversos de forças mecânicas externas como pressão, fricção e cisalhamento. Deste modo,
qualquer indivíduo acamado que seja avaliado como estando em risco para ter úlcera de
pressão deverá ser reposicionado pelo menos a cada duas horas se não houver contraindicações relacionadas às condições gerais do paciente. Um horário por escrito deve ser feito
para que a mudança de decúbito e reposicionamento sistemático do indivíduo sejam feitos
sem esquecimentos. Materiais de posicionamento como travesseiros ou almofadas de espuma
podem ser usados para manter as proeminências ósseas (como os joelhos ou calcanhares)
longe de contato direto um com o outro ou com a superfície da cama. Mantenha a cabeceira
da cama em um grau mais baixo de elevação possível, que seja consistente com as condições
clínicas do paciente. Se não for possível manter a elevação máxima de 30º, limite a
quantidade de tempo que a cabeceira da cama fica mais elevada. Para aqueles pacientes que
não conseguem ajudar na movimentação ou na transferência e mudanças de posição use o
lençol móvel ou o forro da cama para a movimentação (ao invés de puxar ou arrastar).
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Qualquer indivíduo avaliado como estando em risco para desenvolver úlcera de pressão deve
ser colocado em um colchão que redistribua o peso corporal e reduza a pressão como colchão
de espuma, ar estático, ar dinâmico, gel ou água.
Além do saber técnico e científico e imprescindível que o enfermeiro possua uma
visão que perpasse os cuidados físicos e enxergue o paciente de modo integral. Figueiredo
(1996 in Pereira, 2000, p.73) acredita que não é só mudança de decúbito o responsável pela
prevenção. Se não for considerado o desejo interior de quem cuida e de quem é cuidado em
manter a saúde, no tocar com amor, no olhar pesquisador para um diagnóstico precoce, e na
persistência para um agir com determinação.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza quantitativa descritiva, que segundo LUDKE e
ANDRÉ (986, p.30) “compreende um registro detalhado do que ocorre no campo em relação
ao sujeito da pesquisa, o local, os eventos e as atividades”. Na ótica de Triviños (1987, p.110)
“os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se
deseja pesquisar, pretendendo descrever com exatidão os fatos e os fenômenos de
determinada realidade”.
A técnica escolhida para a realização do estudo é a da entrevista. A entrevista é um
procedimento utilizado para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento
de um problema social, tendo como objetivo principal a obtenção de informações do
entrevistado sobre determinado assunto ou problema. Além disso é bastante adequada para a
obtenção de informações acerca das pessoas que sabem, crêem, esperam, sentem ou desejem,
pretendem fazer ou fizeram (LAKATOS E MARCONI, 1991; GIL, 1999). O tipo de
entrevista utilizada será a estruturada, que consiste em um roteiro sistematicamente elaborado,
onde as perguntas direcionadas ao sujeito são pré-determinadas. De acordo com Minayo
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(1996. p.99) “o roteiro de entrevista deve ser direcionado tanto para o delineamento do sujeito
do objeto da pesquisa, quanto à realidade empírica”.
A pesquisa teve como campo enfermarias de um Hospital Universitário da cidade do
Rio de Janeiro. Esse campo foi escolhido por ser o hospital onde são realizadas as atividades
práticas de estágio curricular. Além disso, durante essas atividades, pode-se observar uma
grande incidência de úlceras de pressão em pacientes que se encontravam imobilizados no
leito.
A amostra constituiu-se de 10 enfermeiros(as), chefes das enfermarias referidas, pois
consideramos que os cuidados relacionados à prevenção do aparecimento das úlceras de
pressão, bem como o atendimento às necessidades básicas do indivíduo, são de
responsabilidade da enfermagem.
O estudo atendeu às recomendações contidas na Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Os entrevistados foram informados que essa pesquisa visa promover a
melhoria da assistência de enfermagem. Portanto, nosso trabalho é conduzido de modo a
acima de tudo não causar dano ao sujeito, deixando claro que a relação risco/benefício aponta
para benefícios humanitários decorrentes do conhecimento adquirido.
Este estudo obedece as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A técnica para análise de dados escolhida foi a de agrupamento de idéias afins a partir
das questões obtidas através das entrevistas.
RESULTADOS
Através da análise dos dados foi possível identificar três grupos de idéias afins
organizados a partir dos depoimentos dos enfermeiros. Esses grupos são: a) Ações de
prevenção desenvolvidas pelo enfermeiro visando prevenir as úlceras de pressão; b)
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Dificuldades encontradas para implementar essas ações; c) Conseqüências geradas com o
surgimento da úlcera de pressão – para o profissional e para o paciente.
Os quadros contêm o número absoluto de vezes que a idéia foi encontrada nas
entrevistas, representando então um maior ou menor grau de importância e significado para os
enfermeiros.
Grupo 1: Ações de prevenção desenvolvidas pelo enfermeiro
Os enfermeiros mostraram conhecimento acerca da importância do assunto, assim
como conhecimento das medidas que visam evitar o aparecimento de ulceras de pressão.
A mudança de decúbito foi relatada como sendo a principal ação de responsabilidade
da enfermagem com o objetivo de prevenir a ulcera de pressão. A utilização de recursos
materiais foi vista com sendo implementada pela enfermagem quando estes se encontram
disponíveis.
Quadro 1. Descrição das ações de prevenção apontadas pelos enfermeiros como
sendo as mais freqüentemente utilizadas, Rio de Janeiro, 2004
Ações de prevenção
1- Mudança de decúbito a cada 2 horas.
No
25
2- Evitar fricção da pele
10
3- Manutenção de nutrição adequada
8
4- Colchão para redistribuição de peso corporal
12
5- Uso de equipamentos que aliviem a pressão em proeminências ósseas
16
Grupo 2: Dificuldades para implementação dessas ações.
Durante as entrevistas foram relatados diversos empecilhos para a aplicação das
praticas de enfermagem que visam prevenir as ulceras de pressão. Muitos enfermeiros
relataram que as condições de trabalho influenciam positivamente ou negativamente em suas
ações. A falta de recursos humanos, que foi identificada como sendo um número de
profissionais de enfermagem (auxiliares e técnicos) menor do que o necessário, acaba
impossibilitando uma implementação eficaz das ações necessárias. A falta de tempo hábil foi
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relacionada também a esse número insuficiente de profissionais. Os enfermeiros relataram a
escassez de equipamentos que seriam essenciais para auxiliar na profilaxia das úlceras de
pressão. Essas questões mais relacionadas a estrutura hospitalar e as condições de trabalho
foram descritas conjuntamente pela maior parte dos enfermeiros. As condições clínicas do
paciente foram descritas como sendo um fator que pode melhorar ou dificultar a ação de
enfermagem.
Quadro 2. Descrição das situações que dificultam a implementação das ações de
prevenção das úlceras de pressão pelos enfermeiros, Rio de Janeiro, 2004,
Dificuldades encontradas pelo enfermeiro
1- Pacientes mais graves
No
10
2- Falta de tempo
15
3- Falta de recursos humanos
17
4- Escassez de equipamentos e materiais
10
5- Falta de conhecimento/ atualização
1
Assim, pode-se notar que os profissionais se deparam diversas vezes com dificuldades
que impedem que medidas profiláticas de úlceras de pressão sejam realizadas. Na maior parte
dos casos, isso foi relacionado a condições de trabalho insuficientes e mesmo as condições
gerais do pacientes.
Grupo 3: Conseqüências das úlceras de pressão – para o profissional e para o paciente.
As conseqüências das úlceras de pressão são diferentes para o enfermeiro e para o
paciente. Na visão do enfermeiro, esta intercorrência, piora o quadro clínico do paciente, além
de aumentar os custos para a instituição, já que este tende a ficar mais tempo internado; além
disso o tratamento da úlcera de pressão é cara e de longa duração.
Os entrevistados relataram sentimentos ruins, de incapacidade, ou de que “algo
falhou” em ralação as úlceras de pressão. Isso ocorre devido a responsabilidade que a equipe
de enfermagem possui com relação aos cuidados gerais com o paciente.
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Quadro 3. Descrição dos enfermeiros sobre as conseqüências das úlceras de
pressão para si mesmo e para o paciente, Rio de Janeiro, 2004.
Para o profissional
Para o paciente
Conseqüências das úlceras de pressão
1-Sentimentos de incapacidade
No
8
2-Maior tempo de assistência de enfermagem
14
3-Piora do quadro clinico do paciente
12
4-Maior tempo de internação e custo para a instituição
15
DISCUSSÃO:
Após a análise foi possível identificar três grupos de idéias com significados distintos.
O primeiro grupo identificado foi o das ações de prevenção das úlceras de pressão. Foi
verificado que estas ações são influenciadas pelo segundo grupo de idéias identificado, que é
o das dificuldades para implementação dessas ações. A impossibilidade de implementação de
ações de prevenção propicia estabelecimento da úlcera de pressão no paciente, gerando
conseqüências tanto para o profissional de enfermagem quanto para o paciente; essas
conseqüências formam o terceiro grupo.
Através dos resultados identifica-se que os enfermeiros possuem os conhecimentos
científicos sobre como prevenir as úlceras de pressão. AHCPR (1992), Caliri (1998) e Silva
(1998) recomendam que um indivíduo acamado deve ser reposicionado no leito pelo menos a
cada duas horas, se não houver contra-indicações relacionadas as suas condições clínicas.
Além disso, a prescrição de enfermagem deve ser feita para que a mudança de decúbito seja
realizada sistematicamente sem esquecimentos. Com relação a essa ação de enfermagem, foi
verificado que a sua realização não ocorre de maneira sistematizada, mas sim ao acaso, o que
acaba interferindo nos resultados dessas ações.
Dealey (1996, p.84) afirma que: “as forças de cisalhamento podem deformar e
arrebentar os tecidos e, conseqüentemente, lesar os vasos sanguíneos. A causa mais comum
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disso é quando o paciente é arrastado na cama ao invés de ser levantado”. Foi identificada
uma preocupação dos enfermeiros em evitar a fricção da pele durante os cuidados.
O uso de equipamentos e materiais para auxiliar na prevenção das úlceras de pressão
está relacionado a sua disponibilidade na sua unidade de trabalho, porém, AHCPR (1992)
destaca a importância da utilização deste tipo de equipamento para proteger o paciente contra
os efeitos adversos de forças mecânicas externas, como pressão, fricção e cisalhamento.
SILVA (1998) afirma que “[...] estudos tem indicado a má nutrição como um
significante fator no desenvolvimento de úlceras de pressão. As deficiências de proteínas e
vitaminas deixam os tecidos mais susceptíveis quando expostos à pressão”. Apesar destas
evidências, os enfermeiros estudados demonstraram pouca preocupação em auxiliar na
manutenção de uma nutrição adequada dos pacientes.
A implementação de ações de enfermagem que visem prevenir as úlceras de pressão é
influenciada por diversas situações encontradas durante a prática assistencial. Essas situações
foram descritas pelos enfermeiros como uma dificuldade que acaba impossibilitando uma
assistência adequada. Essas dificuldades estão relacionadas principalmente a questões como o
número insuficiente de profissionais com conseqüente falta de tempo, insuficiência de
recursos materiais e situação clínica dos pacientes desfavorável. Como percebemos ao longo
do estudo, as principais medidas para evitar o aparecimento de úlceras de pressão, demandam
um maior tempo de assistência direta com o paciente, deste modo fica claro a necessidade de
a quantidade de recursos humanos ser compatível com o número de pacientes.
Devido a sua responsabilidade nos cuidados diretos com o paciente, o enfermeiros
estudados entendem que existem conseqüências das úlceras de pressão não só para o paciente,
mas também para ele próprio. Essas conseqüências para o enfermeiro são expressas através de
sentimentos de incapacidade e também através da constatação de que se torna necessário um
maior tempo da assistência de enfermagem.
Os enfermeiros então demonstraram um
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conhecimento sobre essas conseqüências, e expressaram uma grande preocupação sobre o
assunto e o interesse em aprimorar suas técnicas de cuidados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo verificou-se o conhecimento por parte dos enfermeiros, de como
prevenir as úlceras de pressão. Assim como foi identificado também que os enfermeiros
relatam diversas situações que dificultam a implementação dessas ações de prevenção. Essas
ações efetivas de enfermagem que deveriam ser sistematizadas e devidamente registradas,
acabam ocorrendo ao acaso, dificultando assim uma eficácia total e impedindo uma possível
avaliação dos resultados dessas ações.
Os enfermeiros também demonstraram interesse em conhecer mais sobre o assunto e
continuarem a aprimorar o conhecimento e utilização adequada das técnicas de prevenção de
úlcera de pressão. Concluímos pela importância na prevenção das úlceras de pressão, tendo
em vista o custo do tratamento e o desconforto do cliente. Portanto, ressaltamos a necessidade
de conhecermos mais sobre o prevenir através do nosso comprometimento com o próximo,
que consiste em fazermos para aquele que necessite de nossos cuidados como se estivéssemos
cuidando de nós mesmos.
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