Mercadologia Professor conteudista: Francisco de Assis Cunha Cavalcante Revisor: José Roberto Rocchi MERCADOLOGIA Mercadologia 1 INTRODUÇÃO Lembre-se do que você fez hoje pela manhã ao acordar. O seu relógio despertador Herweg emitiu um “agradável” som que o fez acordar para mais um belo dia. Você se levantou e dirigiu-se ao banheiro para tomar banho com seu sabonete 5 Rexona. Ao sair do banho, morrendo de fome, você foi tomar seu café da manhã, composto por uma xícara de cereal Nescau, um pãozinho da padaria da Romana, uma fatia de queijo Jaguaribe e uma fatia de presunto Sadia, uma xícara de café Santa Clara com leite desnatado Betânia, adoçada com 10 duas medidas de açúcar União em uma colher Tramontina. Em seguida você foi escovar os dentes com sua escova Oral-B e uma medida de creme dental Colgate. Logo em seguida, você pegou sua calça Taco e a vestiu com uma camisa Hering, calçou seu tênis Nike, pôs no braço seu relógio Cásio, e no rosto, seus 15 óculos Ray Ban, pegou sua carteira Portfólio e, obviamente, não poderia esquecer, seu aparelho celular Nokia que reproduz MP3. Dirigiu-se à parada do ônibus e subiu a bordo de um fabricado pela Volkswagen. É impressionante como tudo é movido pela força que as 20 ações do mercado exercem sobre os consumidores. Em alguns lugares do mundo, pode ocorrer de as pessoas não possuírem essa variedade de ofertas com inúmeras possibilidades, mas, com certeza, pelo menos uma opção haverá e todos terão que se agarrar a ela, pois dela dependerá a nossa subsistência. 25 As forças ativas do mercado podem ser estudadas pela Administração Mercadológica, uma vez que toda a relação 1 Mercadologia entre consumidor e fornecedor é regida por objetos tangíveis e intangíveis, como dinheiro e necessidade, por exemplo. Para se entender a área de abrangência da Mercadologia, é necessário, inicialmente, compreender a sua definição. Tal 5 como na ecologia, em que eco = ambiente e logia = estudo, ou seja, a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o seu ambiente, a Mercadologia, pode-se afirmar, é a ciência que estuda os mercados. A Mercadologia também é conhecida como marketing, do 10 inglês market = mercado e ing = sufixo que indica ação. Logo, o marketing seria traduzido como “mercadeando”, o que, na realidade, implica ações orientadas ao mercado. A Administração Mercadológica também estuda as forças ativas do mercado, pois toda a relação entre consumidor e fornecedor é regida por objetos tangíveis e intangíveis, tais como dinheiro e necessidade. A Mercadologia também é conhecida como marketing, do inglês market = mercado e ing = sufixo que indica ação. Logo, o marketing seria traduzido como “mercadeando”, o que, na realidade, implica ações orientadas ao mercado. 1.1 O que é mercado? Analisando de forma restrita, o mercado é o espaço em que as pessoas trocam mercadorias por dinheiro. Porém, analisando 15 amplamente, o mercado, sendo o foco do estudo da mercadologia, representa as relações entre consumidores e fornecedores que oferecem e compram bens e serviços, independentemente do local. Imagem do mercado Atualmente, o estudo da mercadologia tem interessado empresas e instituições orientadas pelo marketing, pois, a partir desse estudo aprofundado, passam a conhecer melhor seu mercado e seus clientes, através de pesquisas e diagnósticos dos seus comportamentos, obtendo êxito em suas operações 25 comerciais. 20 O estudo do marketing é bastante recente em comparação às ações mercantis, por se tratar de atividades primitivas desenvolvidas pelo homem como o escambo. Mas, mesmo abordando a troca, uma das atividades mais antigas do homem, o 2 Escambo (ou troca direta) consiste na troca de bens por outros bens consoante a necessidade dos proprietários dos bens, especialmente quando não existia a moeda. Inicialmente, o homem produzia tudo de que necessitasse em sua terra. O que excedia ele trocava com aqueles que produziam o que ele não tinha, o que é entendido como o início do comércio. MERCADOLOGIA estudo do marketing ganhou destaque em meados do século XX, com o intuito de prover conhecimento sobre os relacionamentos comerciais existentes, que não eram contemplados pelas teorias econômicas, o que ocasionou sua dissociação de sua matriz 5 geradora, a economia. 1.2 O que é marketing? “O conceito de marketing é uma orientação para o cliente, tendo como retaguarda o marketing integrado, dirigido para a realização da satisfação do cliente, como solução para satisfazer aos objetivos da organização”. Peter Drucker Muitas pessoas acreditam que marketing é apenas propaganda ou pesquisa, enquanto outras confundem-no com vendas. A razão de tanta confusão está nas informações que são passadas por comerciais de televisão, pela imprensa, na rua, 10 entre outros, porque há sempre alguém tentando vender algo. Há uma máxima que afirma que só há três coisas de que não se consegue escapar: da morte, dos impostos e dos vendedores. Logo, muitas pessoas são surpreendidas quando descobrem que vender é apenas uma ação de marketing. Para vender bem, 15 é necessária uma série de ações que visem à identificação dos consumidores, inclusive de suas respectivas necessidades e desejos, através de diagnóstico; e o desenvolvimento do produto certo que vise à pessoa certa, com o preço condizente, no lugar e no momento ideais. O termo “produtos quentes” é conhecido no meio dos profissionais de marketing como produtos extraordinários, comercialmente falando. Um exemplo foi a explosão de pedidos do Corsa, lançado pela GM no final da década de 90. Foi o exemplo de um produto bem projetado para uma necessidade 25 iminente dos consumidores que oferecia novos benefícios. 20 Há um pensamento de Peter Drucker, um grande guru da Administração, que menciona o objetivo do marketing. Segundo ele, o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. Através de um bom conhecimento e compreensão do consumidor, é possível 30 disponibilizar o produto ou serviço ideal à sua necessidade no momento certo, deixando uma impressão para o consumidor de 3 Mercadologia que o produto está sempre à disposição, o que o leva a concluir que o produto se vende sozinho. Essa é a premissa das lojas de departamento. Mas isso não significa que as vendas e a promoção não são 5 importantes. A sua importância é incontestável, pois compõem o mix de marketing de uma empresa, ou seja, um conjunto de ações a serem desempenhadas de forma conjunta e coordenadas com o intuito de atingir o mercado. Portanto, pode-se definir marketing como um processo 10 que visa ao planejamento e à implementação de estratégias de promoção, venda e distribuição de produtos (bens ou serviços) em mercado(s) em que os indivíduos sejam atendidos em suas necessidades, conhecidas por eles ou não, através da criação e troca de valores tangíveis ou intangíveis, de forma que os 15 envolvidos na relação fiquem satisfeitos. Para tornar claro esse conceito, é necessária uma breve definição de alguns termos estudados pelo marketing, como: necessidade, desejos, demanda, produtos, trocas, transação e mercado. 20 1. Necessidade: é o conceito mais básico e inerente ao marketing, a partir do que percebemos um estado de privação ou limitação desencadeando a busca pela satisfação. Ex.: sede, fome, frio. 2. Desejos: são as necessidades humanas moldadas pela 25 cultura e pelas características individuais, descritas em termos de objetos que satisfaçam necessidades. Ex.: sede por cerveja ou refrigerante, ou então fome com desejo de matá-la com hambúrguer e não com uma maçã. 3. Demandas: as pessoas têm desejos infinitos, mas recursos 30 limitados. Portanto, elas desejam escolher produtos que lhes proporcionem o máximo de satisfação possível em troca do seu 4 Os profissionais de marketing são responsáveis por uma série de ações que visem à identificação dos consumidores, inclusive de suas respectivas necessidades e desejos, através de diagnósticos e ao desenvolvimento do produto certo que vise à pessoa certa, com o preço condizente, no lugar e no momento ideais. “Haverá sempre, podemos admitir, necessidade para alguma venda, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua, é saber e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço o sirva e se venda por si mesmo”. Peter Drucker MERCADOLOGIA poder de compra. Quando os desejos são viabilizados pelo poder de compra dos indivíduos, eles se tornam demanda. 4. Produtos: necessidades, desejos e demandas sugerem a existência de produtos disponíveis para a satisfação. Um produto 5 ou serviço é qualquer bem tangível ou intangível que possa ser oferecido para o mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo. 5. Troca: o marketing ocorre quando as pessoas decidem pela troca, ou seja, satisfazer suas necessidades e desejos através 10 do processo de troca. É o conceito central do marketing. 6. Transação: se troca é o conceito central do marketing, transação é uma unidade de medida do marketing. É composta de uma troca de valores entre duas partes. 7. Mercado: o conceito de transações leva ao conceito de 15 mercado como sendo o grupo de compradores reais e potenciais de um produto ou serviço. Para entender a natureza do mercado, imagine um grupo econômico primitivo composto por um pescador, um oleiro, um fazendeiro e um caçador. Veja como eles se comportam em um conceito de autossuficiência, troca 20 descentralizada entre si, e troca centralizada pelo mercado. 7.1 No contexto da autossuficiência, cada um deles produz um pouco de cada coisa e mantém-se por si só; 7.2 No contexto da troca descentralizada, eles especializam-se em cada uma de suas atividades e trocam entre 25 si os excedentes. Oleiro é aquele que domina a arte de confeccionar artigos de barro, como telhas e tijolos. O local em que tudo isso é fabricado chamase olaria. Qual é a diferença entre os departamentos de marketing e vendas? O departamento de vendas prima pela receita e enfoca as necessidades do vendedor; o de marketing, as do comprador, ou seja, o departamento de vendas está preocupado com as necessidades do vendedor que pode converter seu produto em dinheiro; de marketing, com a ideia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e toda a gama de coisas associadas com a criação, a entrega e o consumo final. Theodore Levitt 7.3 No contexto do mercado, cada um compra e vende o que lhe interessa, indo ao mercado, ou seja, um terceiro passa a assumir a atividade mercantil de troca numa área específica e sob condições predeterminadas. 5 Mercadologia 2 O AMBIENTE DE MARKETING O ambiente de marketing é constituído por forças externas (macroambiente) e internas (microambiente) que afetam a capacidade das empresas de administrar, desenvolver e manter relacionamentos com seus consumidores e fornecedores. 5 De acordo com o ambiente, podem surgir oportunidades e ameaças a serem administradas pelas organizações, que podem representar o sucesso ou o fracasso, dependendo unicamente do aproveitamento das informações e da disposição em aceitá-las. As forças e fraquezas são determinadas pela posição atual 10 da empresa e se relacionam, quase sempre, a fatores internos. Já as oportunidades e ameaças são antecipações do futuro e estão relacionadas a fatores externos. O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos próprios 15 membros da organização. Dessa forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele deve ser ressaltado ao máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito. Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da 20 organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a empresa deve conhecê-lo e monitorá-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Infelizmente, muitas empresas não pensam nas mudanças como oportunidades e ignoram ou resistem às mudanças 25 até ser tarde demais. Suas estratégias, estruturas e sistemas tornam-se desatualizados. Grandes empresas como a GM e a IBM enfrentaram crises porque ignoraram por muito tempo as mudanças impostas pelo ambiente. Os responsáveis pela identificação das principais mudanças 30 impostas pelo mercado são os profissionais de marketing, que devem pesquisar tendências, oportunidades e possíveis ameaças à política de marketing da empresa. 6 A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usada como base para gestão e planejamento estratégico de uma corporação ou empresa, mas podendo, devido a sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário. O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma Inglês, e é um anagrama de Forças (strengths), fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças (threats). Esta análise de cenário se divide em ambiente interno (Forças e Fraquezas) e ambiente externo (Oportunidades e Ameaças). MERCADOLOGIA 2.1 Macroambiente (ambiente externo) As organizações operam em um macroambiente em que todas as forças são ativas e de ordem superior às suas vontades e desejos, portanto, não podem ser controladas, apenas observadas e, de acordo com a política da empresa, ajustadas 5 às suas necessidades, pois podem configurar oportunidades ou ameaças. Alguns exemplos de forças externas que atuam sobre determinados ambientes: demográficas, naturais, culturais, político-legais, econômicas e tecnológicas. O processo tradicional de segmentação de mercado, do qual 10 falaremos mais adiante, leva em consideração essas forças antes de montar o planejamento estratégico de marketing. 7 Mercadologia a) Forças demográficas Referem-se às pessoas que constituem os mercados, isto é, o público-alvo. As empresas têm muito interesse no tamanho e na taxa de crescimento populacional em diferentes mercados, 5 assim como na distribuição etária, no composto étnico, nos níveis educacionais, nos padrões de moradia, nas características regionais, etc. Através de um aprofundamento em pesquisas demográficas, é possível que a empresa concentre seus esforços em determinadas ações com vistas a atender a características 10 próprias de públicos específicos; por exemplo, crianças com poder de compra, casais jovens com dupla fonte de renda e sem filhos, profissionais liberais solteiros, universitários, entre outros. b) Forças naturais As forças naturais têm como foco os recursos naturais que os profissionais de marketing costumam utilizar como insumos ou que podem ser afetados pelas atividades de marketing. Podese citar uma série de fatores componentes do ambiente natural que, hoje, estão em destaque, como a escassez de matéria-prima, 20 o custo crescente da energia elétrica, os altos e crescentes níveis de poluição e a nova postura dos governos no que diz respeito à proteção ambiental. 15 c) Forças culturais São compostas pelas instituições que afetam as percepções, 25 os valores básicos, as preferências e os comportamentos da sociedade. É indiscutível a influência que os grupos formadores de opiniões têm para moldar crenças e valores de uma sociedade, o que acaba sendo absorvido naturalmente pelas pessoas como uma nova concepção da existência e dos relacionamentos. O 30 aparecimento de subculturas (afro, latinos, etc.) e movimentos culturais (hippies, místicos, etc.) são exemplos desse fenômeno. 8 MERCADOLOGIA d) Forças político-legais Constituídas por leis, normas, decretos, acordos, tratados e afins que são outorgados por governos e grupos de pressão que possuem influência sobre várias organizações e indivíduos 5 da sociedade. Algumas vezes, oportunidades são criadas em virtude de leis que beneficiam determinados setores, como as leis ambientais que exigem o reaproveitamento de refugos de produção, o que beneficia a indústria da reciclagem, assim como leis que regem as ações de empresas em relação às suas políticas 10 sociais. e) Forças econômicas Para que os mercados existam, além de pessoas, é necessário que elas tenham poder de compra, o que irá depender da renda atual, dos preços, das poupanças, dos empréstimos e da 15 disponibilidade de crédito. Os níveis e a distribuição de renda variam acentuadamente de uma nação para outra. Em alguns mercados ainda se presenciam economias de subsistência, em que as pessoas consomem a maior parte de sua produção agrícola, o que oferece pouca 20 atratividade de mercado. Já em um outro extremo, vê-se países de economia industrial que compõem os mercados ricos com muitas ofertas de bens e de grande potencial de consumo. Entre eles são encontrados alguns países que se destacam por serem exportadores de matéria-prima e encontram-se em fase de 25 industrialização. f) Forças tecnológicas Talvez esta seja a força com maior expressão atualmente em razão das novas tecnologias utilizadas na fabricação de produtos, que geram grandes oportunidades de mercado, 30 proporcionam um valor superior à satisfação das necessidades dos consumidores e estimulam cada vez mais os investimentos no 9 Mercadologia setor. Porém, essas novas tecnologias podem ser encaradas como forças de “destruição” da criatividade, ou seja, uma tecnologia desenvolvida hoje pode destruir outra desenvolvida ontem ou pode afetar uma indústria. É o caso da indústria de xerografia, 5 que afetou o negócio de papel carbono. Outro exemplo está relacionado à indústria da natalidade: a pílula anticoncepcional está reduzindo o tamanho das famílias. Note que nos referimos a uma força tecnológica que afeta outra, a cultural. 2.2 Microambiente (ambiente interno) A administração de marketing de uma empresa deve 10 atrair clientes e procurar relacionar-se com eles através do oferecimento de valor e de satisfação. Para que isso seja possível, é necessário que a empresa mobilize uma série de agentes atuantes no seu microambiente, como a própria empresa, os seus fornecedores, os seus intermediários, os seus 15 clientes e até os seus concorrentes. 10 MERCADOLOGIA a) A empresa Quando se fala da própria empresa como agente atuante no seu próprio microambiente de marketing, os profissionais devem estar cientes da importância do entrosamento de todos 5 os setores da organização, uma vez que o ambiente interno é formado a partir desse conjunto e todas as decisões tomadas por eles interferem de alguma forma no plano de marketing da organização. b) Os fornecedores 10 São de extrema importância à empresa pelo fato de serem os responsáveis pelos recursos que vão se tornar o capital de giro da empresa. Os profissionais de marketing devem estar em perfeita sintonia com as tendências – quer sejam de novos produtos, de pontos de distribuição ou de preços – que o mercado oferta, 15 pois isso pode influenciar o volume de vendas da empresa e a questão do momento de reabastecimento. c) Os intermediários Não menos relevantes que os fornecedores, os intermediários possuem uma importante função dentro do ambiente de 20 marketing de uma organização. É através deles que os produtos e serviços chegam ao consumidor final, mediante a promoção, a venda ou a sua distribuição. Logo, é importante haver um bom relacionamento com esses agentes para que haja melhorias no processo de marketing. Alguns intermediários são 25 os revendedores, os distribuidores, as agências de serviços de marketing e até os intermediários financeiros. Intermediários são todos aqueles que, de alguma forma, contribuem para que o produto ou serviço chegue ao cliente final. Por exemplo, no caso de um plano de saúde, o médico é o intermediário e o paciente é o cliente final. d) Os clientes A segmentação de mercado é importante para a delimitação do público-alvo de uma empresa, porque centraliza os esforços 30 de marketing em um ou poucos grupos que interessam à empresa 11 Mercadologia atender. Seguindo esse princípio da segmentação, Phillip Kotler propôs a existência de cinco tipos de mercados com características bem distintas e que devem ser explorados com atenção especial, pois os critérios para seleção de fornecedores são rigorosos. Os 5 mercados são consumidor, industrial, revendedor, governamental e internacional. e) Os concorrentes A atenção dos profissionais de marketing não deve estar somente nos interesses dos clientes, mas também nas ofertas de 10 seus concorrentes. As vantagens estratégicas podem estar em descontos, em prazos ou certas comodidades que a concorrência esteja ofertando aos seus clientes em comum. Nesse momento, é importante ter presença na mente do consumidor (share of mind) para possibilitar a “fidelização” do mesmo, evitando sua 15 perda para a concorrência. Quanto aos tipos de concorrentes, vale ressaltar que todas as empresas competem com todas, independente do ramo de atuação; logo, existem dois tipos de concorrentes: diretos e indiretos. 3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO/CLIENTES Antes da Revolução Industrial, antes da produção e da mídia 20 em massa, os comerciantes e os artesãos realizavam seus negócios de forma individualizada. Eles visualizavam suas atividades em termos de fatia de clientes. O dono da mercearia conhecia pessoalmente todos os seus clientes, sabendo diferenciar os gostos e hábitos de compras de cada um de seus “fregueses”. 25 Se, por exemplo, a senhora Maria deixasse de comprar a farinha em determinada semana, ele perceberia e iria ao seu encontro para lhe oferecer o produto e averiguar qual foi o motivo de sua ausência. “Será que ele esteve doente, ou está comprando de outra pessoa?”. 30 12 Embora os termos ainda não houvessem sido inventados, o merceeiro que antecedeu o século XX era um homem de Devemos apenas observar as forças externas para adequar as estratégias da empresa e manipular as forças internas, pois estas são “administráveis”. MERCADOLOGIA Marketing de Relacionamento, pois se preocupava e zelava pelos seus clientes. Ele, de forma rudimentar, mantinha em atividade um programa de satisfação de seus clientes e tinha o compromisso com o seu próprio sistema de retenção de clientes, 5 contando com uma espécie de data bank de marketing em sua memória. Todos os clientes eram considerados de forma diferente de acordo com seus hábitos, preferências, gostos, entre outros. Com a Revolução Industrial, os fabricantes de produtos padronizados em grandes quantidades utilizaram a mídia 10 de massa para estimular os consumidores a procurar os seus produtos nas lojas locais. Assim, nasceram as marcas e a propaganda. A propaganda e a produção em massa produzem cifras extraordinárias para muitas empresas que adotam esse 15 sistema devido à força das comunicações da mídia de massa. Consequentemente, a influência do pequeno empresário sobre as intenções de compra dos consumidores decaiu bastante, reduzindo-o a um mero tirador de pedidos, tendo que manter estoques dos produtos anunciados nos meios de comunicação. Mas mesmo hoje há empresas que têm a possibilidade, através da tecnologia, de assumir o papel de pequenos empresários, que novamente estão no balcão de vendas para atender cliente a cliente. Os softwares podem proporcionar o registro de milhões de informações sobre as necessidades individuais de todos os 25 clientes. 20 Essa revolução tecnológica provocou a democratização dos meios de comunicação entre empresas e consumidores, em que mesmo o pequeno empresário pode dispor de um volume de informações que uma grande empresa possui armazenado em 30 seus computadores. 13 Mercadologia 3.1 A segmentação tradicional de marketing Segmentar o mercado é o resultado da divisão deste em pequenos grupos. Este processo é derivado do reconhecimento de que o mercado total representa um conjunto de grupos com características distintas, que são chamados segmentos. 5 Em função das semelhanças dos consumidores que compõem cada segmento, eles tendem a responder de forma similar a uma determinada estratégia de marketing. Isto é, tendem a ter sentimentos e percepções semelhantes sobre um rol de marketing, composto para um determinado produto. 10 No entanto, o resultado do processo de segmentação precisa ser um grupo rentável de clientes, ou seja, estes devem apresentar relevância com relação ao seu tamanho e poder aquisitivo para que possam adquirir seu produto ou lhe remunerar pelos serviços prestados. 15 Passos para a segmentação de mercado, seleção do alvo e posicionamento: 14 MERCADOLOGIA 3.2 A segmentação efetiva Para que o processo de segmentação de um mercado seja justificável, o segmento identificado deve ter algumas características, a saber: A segmentação torna possível o posicionamento do produto ou serviço no mercado, sem o qual todo o planejamento de marketing fica comprometido. Ser diferenciável: o segmento deve ter uma reação diferente (considerando os outros segmentos ou a totalidade do mercado) 5 às ações de marketing de uma empresa. Deve-se olhar para uma publicidade de forma diferente, para que, assim, se possa direcionar a fala especificamente para o segmento. Ser mensurável: o segmento deve ter o seu tamanho 10 ou potencial identificado, ou seja, deve-se ter uma noção de quantas pessoas estão nesse segmento para que não ocorra um esforço inadequado ao tamanho do segmento. Por exemplo: é possível mensurar a quantidade de mulheres de Belo Horizonte. Ser acessível: a empresa deve ter condições de oferecer 15 o que este segmento realmente busca. Por exemplo: se uma empresa identifica que um segmento deseja produtos mais baratos, deve ter condições de oferecê-los a este mercado. Ser substancial: o segmento deve ter um tamanho que justifique os investimentos da empresa para atendê-lo. Por 20 exemplo: se uma empresa identificou que um segmento deseja produtos mais baratos, mas para oferecer isso ao mercado precisa modernizar a sua manufatura, precisa verificar se este investimento será compensado pelos ganhos que terá com este segmento. Ser acionável: a empresa deve convencer que a sua proposta de valor para o segmento seja aceita (comprada) por ele. Por exemplo: uma empresa reconhece que um segmento deseja um produto com desempenho superior, mas se ela não conseguir fazer com que este segmento reconheça o seu produto como 30 de desempenho superior, não terá sucesso no seu esforço para atender o segmento. 25 15 Mercadologia 3.3 Critérios para segmentação nos mercados de consumo A segmentação de mercado pode ser feita com base em critérios que podem ser, entre outros, de ordem: Geográfica: localização física do target: país, estado, cidade, microrregião, densidade, etc. 5 Demográfica: idade, rendimento, sexo, tamanho da família, escolaridade, ocupação, etc. Psicográfica: diz respeito ao comportamento, estilo de vida, personalidade: extrovertido, conservador, impulsivo, etc. Comportamental: os consumidores são divididos em grupos 10 com base em seu conhecimento do produto, em sua atitude 16 MERCADOLOGIA em relação a ele, no uso ou na resposta a ele. As variáveis são: ocasiões, benefícios, status do usuário, índice de utilização, status de fidelidade, estágio de prontidão e atitudes em relação ao produto. 3.4 Posicionamento no mercado em marketing O posicionamento é a técnica na qual os “mercadólogos” tentam criar uma imagem ou identidade para um produto, marca ou empresa. É o espaço que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado. O posicionamento de um produto é como compradores potenciais o veem e é 10 expresso pela relação de posição entre os competidores. 5 O reposicionamento envolve uma mudança da identidade de um produto em relação à identidade de produtos concorrentes na mente dos consumidores. A habilidade em identificar oportunidades de posicionamento é um grande teste 15 da habilidade dos profissionais de marketing. Estratégias bemsucedidas em marketing normalmente têm sua raiz na vantagem competitiva sustentável de um produto. O ato de segmentar também pode ser definido como dividir. Esta “divisão” nada mais é que a classificação de potenciais compradores por suas características, costumes, idade, sexo, etc. Em função das semelhanças dos consumidores que compõem cada segmento, eles tendem a responder de forma similar 20 a uma determinada estratégia de marketing. Isto é, tendem a ter sentimentos e percepções semelhantes sobre um rol de marketing composto para um determinado produto. 3.5 Fatia de clientes versus fatia de mercado Para se ter êxito em um mercado em que os interesses de um cliente não necessariamente representam o da coletividade, as 25 empresas devem medir seus resultados através de cada cliente e não através do mercado no qual atuam. A proposição central para qualquer negócio que atue em um mundo individualizado é a fatia de clientes. 17 Mercadologia Aumentar a fatia de mercado implica, como se sabe, vender a maior quantidade possível de um produto ao maior número possível de clientes. Contudo, pelo conceito de fatia de clientes, a empresa deve se assegurar de que cada um de seus clientes 5 que compra o seu produto volte a comprar e compre somente a sua marca. A exigência desse conceito é a empresa conhecer os seus clientes individualmente. É preciso que a empresa tenha duas informações essenciais: saber quem são os consumidores que 10 nunca compraram os seus produtos, para evitar investimentos desnecessários e saber quem são os seus clientes leais, para se certificar de que o que eles compram da empresa é o que eles escolhem com maior frequência. Antes de se tirar proveito das novas tecnologias, é preciso ter um conjunto de princípios para a aplicação dessas prerrogativas. 15 O atual paradigma posto em vigor pelo marketing de massa não necessita de mídia interativa ou de computadores que identifiquem transações individuais com os clientes associadas ao longo do tempo. Esse rastreamento de transações específicas, 20 muito menos a conversa direta com o cliente, não são práticas difundidas por empresas que visam ao marketing de massa através do conceito de fatia de mercado. Porém, à medida que se começa a pensar sob a influência do conceito de fatia de clientes, novas perspectivas competitivas 25 são abertas e o emprego da tecnologia da informação passa a ser útil para a interação com o cliente, mesmo que virtualmente. Tomemos como exemplo um floricultor que comercializa seus produtos em uma pequena cidade. As suas ações de marketing podem ter duas direções: quanto à fatia de mercado ou quanto 30 à fatia de clientes. 18 MERCADOLOGIA a) Fatia de mercado Caso ele aja segundo o conceito da fatia de mercado, sua administração estaria enquadrada nas atuais concepções de marketing, ou seja, seu objetivo seria vender a máxima 5 quantidade de flores naquele mercado no período que estivesse nele. Em seguida, divide-se o volume de vendas que ele obteve pelo volume de vendas total do setor durante o mesmo período e se tem o seu percentual do mercado de flores da cidade. Ciente de que seu objetivo é maximizar as suas vendas, que 10 providências práticas ele deverá tomar? Utilizando a abordagem de marketing tradicional em que figura o raciocínio da fatia de mercado, ele poderá fazer algumas promoções especiais para datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia dos Namorados, quando há uma alta demanda por flores. Isso poderá surtir o 15 efeito pretendido de aumento das vendas, desde que os seus concorrentes não reduzam preços – o que não é provável. Mas essa medida lhe custará uma fatia de seu lucro. Ele estará disposto? Qualquer negócio que ele feche adotando essa estratégia não é certeza de conquista de clientela, porque as compras só 20 estão ocorrendo devido às suas ações promocionais. Todos esses clientes serão perdidos no momento em que a concorrência utilizar a mesma estratégia. b) Fatia de clientes 25 Supondo que ele aja de forma diferente da tradicional busca desenfreada pela maximização de vendas e procure ter o foco no seu cliente, naquilo que cada um busca ao procurar o seu comércio. O floricultor pode observar cada negócio que está, ou não, 30 fechando com cada cliente e procurar aumentar a sua fatia de 19 Mercadologia preferência de cada cliente, descobrindo aquilo que cada um está procurando para disponibilizar em sua banca. A diferença entre as duas abordagens é sutil, mas merecedora de atenção, pois está no objetivo central de cada 5 uma. Na primeira abordagem, o interesse está em conseguir aumentar a participação no mercado, enquanto na segunda está em conseguir aumentar a participação na preferência do consumidor. Certamente a maximização das vendas de uma forma consistente e a médio prazo é obtida com a abordagem 10 de fatia de cliente. Mas, como o pensamento que prevalece no meio empresarial brasileiro é o lucro imediato, a curtíssimo prazo, a abordagem da fatia de mercado ainda é a mais seguida. 3.6 O mesmo objetivo, mas com resultados diferentes Se uma empresa é eficaz o suficiente para elaborar promoções reduzindo suas margens e com isso gerar caixa, mesmo a duras 15 penas de ter o ônus da divulgação e da perda de lucratividade, ela pode otimizar o seu processo de vendas permitindo que a sua equipe de vendas trabalhe corretamente e, como consequência, os clientes retornarão. Dessa forma, os objetivos são alcançados, mas os resultados financeiros não são reduzidos. 20 Aparentemente, esse processo de fácil aplicação poderia ser adotado por muitas empresas, mas o tempo de retorno, utilizando essa estratégia, é de médio a longo prazo – o que não interessa à maioria dos empresários brasileiros. Para adotar essa estratégia, é necessário que a empresa, 25 primeiro, reconheça a diferença entre atingir uma fatia de mercado maior e atingir uma fatia de clientes maior, trabalhando um cliente por vez. 20 MERCADOLOGIA Independentemente de qual estratégia de vendas a empresa adote, se for perceptível, ao final de um período, que as suas vendas tiveram um aumento maior que a média de mercado, poderá ter sido reflexo do aumento de sua fatia de mercado. Mas, 5 se os clientes foram bem trabalhados pela equipe de vendas, é bem provável que a sua fatia de clientes também tenha sofrido o mesmo incremento. As chances de a empresa aumentar seu faturamento otimizando o relacionamento de seus vendedores com seus 10 clientes são grandes. Mas ainda há um motivo maior para a empresa adotar a estratégia de fatia de clientes. Mesmo que ela não sofra uma expansão em termos de vendas unitárias, concentrando-se na fatia de clientes, ela poderá se tornar mais forte e lucrativa. Para compreender como isso é possível, 15 responda a seguinte pergunta: qual é a floricultura com maior probabilidade de sucesso em relação às vendas: a que vende para todo o mercado, acumulando 10% da preferência de cada cliente, ou a que vende para somente 10% do mercado, mas acumula 100% da preferência de cada cliente? 21 Mercadologia Talvez, concentrar-se na fatia de clientes, em vez de se concentrar na fatia de mercado, seja o meio menos dispendioso, mais rentável e gratificante para se alcançar o aumento de faturamento em termos globais. 3.7 Uma abordagem da fatia de clientes 5 Os consumidores não são chaves do tipo liga e desliga. Eles são como botões de volume do tipo que podem aumentar ou diminuir a intensidade com que consomem produtos ou serviços durante toda a vida. Por exemplo, a compra de uma caixa de leite não será algo isolado que acontecerá uma vez na vida daquele 10 consumidor. Cabe às empresas buscar uma sintonia eficiente com seus clientes e, gradativamente, ir aumentando o volume de consumo. Uma teoria que confirma a viabilidade da fatia de clientes é a Teoria de Pareto, em que ele afirma que 80% dos negócios de 15 uma empresa são resultantes da negociação com 20% dos seus clientes. A percepção desse simples fato, por parte dos administradores de marketing, pode levar ao conhecimento mais profundo das necessidades dos clientes e, ao mesmo tempo, perceber que eles 20 possuem sentimentos, pensamentos e lembranças de suas últimas 22 MERCADOLOGIA compras, especialmente aquelas que o marcaram negativamente. Na verdade, uma pessoa toma a decisão de comprar a partir de suas impressões sobre o produto, de suas experiências e pelo seu estado de humor naquele momento. 5 Quando a empresa começa a visualizar o aumento da sua fatia de clientes, a sua tarefa passa a ser a descoberta de uma maneira de fazer com que cada cliente aumente seu controle de volume em relação à compra de seus produtos e serviços. Mas deve-se entender que as múltiplas transações 10 provenientes do mesmo cliente são acontecimentos condicionais, ou seja, a sequência de transações irá depender da contínua satisfação do cliente. Logo, é importante manter os clientes constantemente satisfeitos com os produtos e serviços ofertados. 15 A aparente banalidade desse fato não é de fácil compreensão por empresas que praticam o marketing de massa, pois como o foco é aumentar a fatia de mercado, essas percepções sobre a importância da individualidade de seus clientes passam despercebidas. 20 Logo, nunca deve ser esquecido pelas empresas que os consumidores têm o livre-arbítrio da escolha e podem mudar a sua preferência de compra a qualquer momento, ao menor sinal de descontentamento com produtos ou serviços ofertados. Assim, muitos o fazem sem que as empresas percebam que 25 perderam clientes valiosíssimos. 3.8 Para refletir Os conceitos de marketing também sofrem constantes transformações em função dos cenários econômicos globais, em que os custos de produção dos países se diferenciam e, consequentemente aumentam a competição. 30 Se na década de 80 as empresas preocupavam-se com a redução de custos e a promoção de uma reengenharia 23 Mercadologia administrativa que enxugasse funções e atividades excessivas e dispendiosas, a década de 90 percorreu o caminho oposto. Esse período se caracterizou por mobilizar esforços para buscar formas de aumentar vendas. Desde então, o marketing assume 5 um papel essencial como ao caminho para o sucesso de uma empresa. Com a finalidade de criar oportunidades de lucros e oferecer ideias que ampliem a vantagem competitiva das empresas no mercado, os administradores de marketing executam a complexa 10 busca por satisfazer expectativas crescentes dos consumidores, adaptando-se às suas necessidades através de níveis de serviço sempre superiores aos oferecidos pela concorrência. Soma-se a isso, ainda, o fato de os clientes já não serem leais como em outros tempos. Isso se explica pelas múltiplas opções 15 disponíveis no mercado, ao mesmo tempo em que produtos e serviços estão alcançando níveis crescentes de competição. Caracterizado há pouco tempo como o diferencial que as empresas deveriam ter para agregar aos seus produtos e serviços valor, a qualidade somente já não faz mais a diferença. O valor 20 agregado que as empresas oferecem hoje é, muitas vezes, intangível, como atitude, empatia, cultura, cidadania, beleza, autoestima, ego, sociabilidade. Esse valor é que irá garantir a lealdade, ou não, do consumidor. Para atingir seus clientes e despertar o estímulo para consumo, 25 a empresa deve ter claramente definidos o seu negócio, a sua missão, os seus valores e uma visão de futuro. Para estimular o consumo, por muito tempo se adota o marketing de massa, que atinge várias pessoas com interesses comuns, mas segmentado por categorias, para as quais são 30 desenvolvidos produtos e serviços que supram suas necessidades, porém, de acordo com suas disponibilidades financeiras. Neste caso, o processo de segmentação tradicional tem ótimos resultados. 24 MERCADOLOGIA Mas para envolver o cliente, é necessário personalizar todo o composto de marketing, de tal forma que seja estabelecida uma relação estreita com ele, o que não é viável com o marketing de massa. 3.9 Conclusão Com os avanços tecnológicos, principalmente os ligados aos meios de comunicação e conectividade, vários conceitos tradicionais de marketing estão sendo revistos pelos profissionais da área, pois outras ferramentas se tornaram disponíveis para estudar clientes, até individualmente. Um exemplo é 10 a Internet, que alimenta diariamente poderosos bancos de dados. Todas essas informações são manipuladas por softwares encomendados sob medida para cada empresa. Isso voltou a valorizar o Marketing de Relacionamento como diferencial e forma de adquirir a confiança e, consequentemente, a lealdade 15 de seus clientes. Tudo isso vem revolucionado a maneira de se trabalhar no departamento de marketing das empresas. Eu arriscaria chamar isso de um processo de “Digitalização” do marketing. Dessa forma, procedimentos que dependiam especificamente dos profissionais de marketing passarão 20 a ser possivelmente executados até pelo departamento de informática das empresas. 5 4 TIPOS DE MERCADO O profissional de marketing deve sempre pensar em uma forma otimizada de atuar no mercado para alcançar os objetivos da empresa. Em princípio, parece uma tarefa relativamente fácil, 25 mas, na realidade, são muitas as dificuldades encontradas, o que explica o grande número de empresas que se retiram do mercado, mesmo contando com larga experiência, profissionais capacitados e ampla estrutura mercadológica. Ao estudar o mercado, é necessário, inicialmente, entender 30 como é seu funcionamento. Uma empresa pode vender 25 Mercadologia seus produtos ou serviços aos consumidores mediante o preenchimento de alguns requisitos básicos. O primeiro é a existência de pessoas com necessidades a serem satisfeitas com a compra dos produtos ou serviços ofertados pela empresa. 5 Caso não exista a necessidade, mesmo que seja latente, não haverá possibilidade de negociação. O segundo requisito a ser preenchido é que as pessoas tenham poder aquisitivo para comprar. Se um produto ou serviço pode ser vendido em prestações, não será possível vendê-lo a alguém que tenha 10 um poder aquisitivo inferior ao valor das tais prestações, ao menos dentro das condições de adimplência. Se algum desses dois fatores não existir em um determinado local, não haverá mercado para uma empresa que queira atuar naquela área. Portanto, o profissional de marketing deve determinar qual o 15 mercado visado, para, em seguida, selecionar o grupo que se tem interesse em atingir com programas de marketing, conhecido como mercado-alvo. De uma forma geral, os mercados são selecionados de acordo com o uso final do produto. Neste caso, os mercados são divididos em mercado de consumo e mercado 20 organizacional. No mercado de consumo, o comprador adquire os produtos para consumo, enquanto no mercado organizacional o comprador adquire os produtos para outros fins que não sejam de consumo próprio, como transformar, revender, alugar, entre outros. 26 MERCADOLOGIA Essa classificação determina diferenças básicas no que diz respeito às políticas de marketing a serem desenvolvidas para cada um desses mercados. Logo, as empresas que atuam em mercados de consumo têm que conhecer a estrutura deste 5 mercado, além dos hábitos e de motivações para compra das pessoas; enquanto que se a empresa optar pelo mercado organizacional, ela deverá conhecer as características de compra e de uso por parte das empresas visadas. 4.1 Mercado consumidor Para se vender ao consumidor final, é necessário entender 10 a natureza do seu comportamento: quando, por que, como e onde essas pessoas compram, ou não, os produtos e serviços. A tabela a seguir ilustra um modelo. Fatores ambientais Estímulo de marketing Estímulo ambiental Produto Preço Praça Promoção Econômico Técnico Político Cultural Caixa-preta do comprador Características do comprador Atitudes Motivação Percepções Personalidade Estilo de vida Respostas do comprador Processo de decisão Reconhecimento do problema Procura de informações Avaliação alternativa Decisão de compra Comportamento após a compra É importante entender o comportamento do consumidor para se entender as necessidades do mercado e, assim, desenvolver 15 compostos de marketing que satisfaçam essas necessidades. As pessoas, frequentemente, compram produtos ou serviços com o intuito de satisfazer não somente as suas necessidades, mas também porque sofrem influências para tal. Há três agentes interpessoais que são influentes no comportamento do 20 consumidor e que podem determinar sua compra: a cultura, a sociedade e a família. Escolha Marca escolhida Comerciante escolhido Momento de compra Qualidade de compra O Marketing de Relacionamento é uma importante ferramenta para o mercado moderno, pois permite ao vendedor saber mais sobre características, respostas e detalhes do processo de decisão de seus clientes. 27 Mercadologia a) A cultura A cultura, sendo um complexo de valores e crenças criados pela sociedade, é passada às gerações através de instituições, como escolas e igrejas. De uma forma consciente ou não, os 5 valores culturais exercem influências para que as pessoas se comportem seguindo o que a tradição determina; dessa forma, inibem ou estimulam comportamentos e hábitos. b) A sociedade As classes sociais são divisões relativamente homogêneas e 10 compõem uma sociedade, em que os membros de cada classe compartilham valores, interesses e comportamentos similares. Porém, as pessoas podem oscilar entre as classes sociais, e as empresas devem estar atentas a essa condição. c) A família A família talvez seja o agente mais influente quando se trata de comportamento de compra do consumidor, devido à estreita e contínua interação mantida entre os seus membros. Por existir este tipo de relacionamento mais próximo e confiável, muitos hábitos e costumes são transmitidos dentro da própria unidade 20 familiar. 15 Mas atenção com o poder de influência da mulher (esposamãe), das crianças e adolescentes e dos homossexuais. São três públicos que não eram considerados pelos planos de marketing de muitas empresas por muitos anos. Na década de 50, as mulheres 25 costumavam ter tempo, mas não tinham poder de compra. Hoje, isso mudou e acabou gerando um novo e específico modo para se chegar ao público feminino. Quanto a crianças e adolescentes, hoje, foram percebidos como um mercado promissor, pela questão da fidelidade 30 enquanto são pequenos. As indústrias de entretenimento, de 28 Veja a importância de conhecermos o perfil e o comportamento dos consumidores. Por exemplo: o público homossexual, geralmente, não tem filhos; logo, dispõe de maior poder aquisitivo individual e quase sempre utiliza uma parte expressiva de sua renda em itens mais supérfluos, geralmente ligados ao entretenimento. MERCADOLOGIA artigos esportivos e de alimentação perceberam esse público e investem maciçamente em fidelização desde cedo porque são altas as probabilidades de eles se tornarem seus consumidores quando ficarem mais velhos, e até lá muitas receitas terão sido 5 geradas. O público homossexual, antes esquecido e vítima de preconceitos, atualmente, é responsável por movimentar vários ramos de atividade, como beleza e estética, turismo, moda, entretenimento e lazer. Mas o comportamento de compra do consumidor é regido 10 por influências interpessoais e pessoais, ou seja, não somente cultura, sociedade e família interferem na decisão de compra do indivíduo, mas também as suas necessidades individuais, as suas motivações, as suas percepções, as suas atitudes e o seu autoconceito. 4.2 Mercado organizacional O mercado organizacional é composto por todas as organizações que compram produtos e serviços para serem transformados, revendidos ou alugados para outros a um dado lucro. Nesse mercado, estão os atacadistas e os varejistas. O processo de compra organizacional é proveniente da decisão 20 tomada pelos compradores das empresas que estabelecem a necessidade de compra e em seguida identificam, avaliam e escolhem as melhores marcas e os melhores fornecedores que podem suprir essa necessidade. As empresas que atuam no mercado organizacional devem estar atentas ao comportamento 25 do comprador organizacional, como interesses, tempo de reposição, qualidade dos produtos, nível de serviço, pós-venda e rotatividade. 15 É possível categorizar o mercado organizacional de acordo com a funcionalidade dada aos produtos ou serviços adquiridos: 30 mercado industrial, comércio e governo. 29 Mercadologia a) Mercado industrial Composto de organizações que compram produtos e serviços para serem usados, de forma direta ou indireta, na produção de outros produtos e serviços que são vendidos, alugados 5 ou fornecidos a terceiros. Fazem parte desse mercado as empresas de manutenção, os agricultores, as empreiteiras. Esse é o maior e mais diversificado mercado agregado ao mercado organizacional. b) Comércio Mercado composto por atacadistas e varejistas, que compram produtos para revender ou alugar. Algumas vezes, são produtos acabados (automóveis, por exemplo) comercializados diretamente com os consumidores; em outras ocasiões, pode ocorrer apenas um processamento, distribuição ou reembalagem 15 de produtos, como no caso de uma madeireira que recebe uma carga e a processa de acordo com as especificações dos consumidores individuais. 10 c) Governo Visando atingir os governos das três esferas (municipal, 20 estadual e federal) através do fornecimento de produtos e serviços que condigam com as necessidades da comunidade, muitas empresas vendem seus produtos e serviços através de licitações ou pregões eletrônicos a esses governos por preços costumeiramente baixos. Também é importante para o 25 profissional de marketing o entendimento dos fatores que levam às decisões de compras do governo, que, em muitos casos, são determinadas por critérios econômicos e/ou políticos. Obviamente, os mercados organizacionais movimentam muito mais a economia mundial em relação aos mercados 30 consumidores, devido aos longos e onerosos caminhos percorridos pelos produtos até chegarem aos consumidores finais. 30 Licitação é um processo administrativo destinado a selecionar um contratante dentre vários candidatos, geralmente interessados em comprar, vender produtos ou prestar serviços ao governo. A melhor proposta apresentada é escolhida. Essa escolha também pode ocorrer nos moldes de um leilão, eletrônico ou não. MERCADOLOGIA Porém, em um ponto, os mercados organizacionais se assemelham aos mercados de consumo, no que diz respeito ao fato de que são pessoas que tomam decisões de compra visando satisfazer necessidades. Mas a diferença entre eles é bem notória 5 sob três aspectos: a estrutura de mercado e sua demanda, a natureza da unidade de compra e os tipos e processos de decisões. a) Estrutura de mercado e sua demanda: 10 • os mercados organizacionais são constituídos por um número menor de grandes compradores; • os clientes organizacionais podem ser organizados geograficamente; • a demanda do mercado organizacional é derivada da demanda do mercado consumidor; 15 • a elasticidade de demanda de muitos mercados organizacionais é baixa, ou seja, não é tão afetada pelas mudanças de preço, pelo menos a curto prazo. b) Natureza da unidade de compra: 20 • as compras organizacionais envolvem mais compradores e as compras são profissionais. c) Tipos e processo de decisão: • em geral, o processo de decisão de compra é mais complexo para os compradores organizacionais; 25 • a compra organizacional é regida por um processo mais formal; • compradores e vendedores trabalham em conjunto durante a compra no mercado organizacional e, geralmente, criam relacionamentos de longo prazo. 31