Compreensão da questão existencial

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 Compreensão da questão existencial em Sulphur Letra Homeopathica 2012 Claudio Araujo et al. O binômio – da sua percepção do mundo que o cerca, associado a percepção de si próprio – nos trás a possibilidade de compreender as questões do paciente Sulphur. Como o mundo chega até ele? Em outras palavras, como seu imaginário percebe a realidade que o cerca? Ele não sabe onde está. Os objetos estão ali mesmo? Ele está enlouquecendo? Ele é perseguido por animais selvagens, mordido por cachorros, o mundo à sua volta está sendo consumido pelo fogo que cái do céu. A morte está à sua volta, assassinos rondam por perto, ladrões, uma sensação constante de perigo vinda do fogo e da água. Ele cái dos abismos e o infortúnio, a morte, os acidendes estão à sua volta. Ele vê os mortos caminhando, sente dores pelo corpo. As pessoas vão agredí-­‐la até ela morrer pelos ferimentos. Ela é humilhada por todos e por se sentir humilhada ela tem o desejo de se fazer em pedaços. E perante esse mundo, como ele percebe à si mesmo? Great dejection, with thoughts of suicide;
feels inferior to everybody;
can decide nothing;
listless, unable to work;
can understand nothing she reads;
great disgust, amounting to nausea, at odors of her own body;
Acreditamos que enfrentar essa realidade com uma quase total ausência de instrumentos internos de forma a poder lidar com essa fantasmagoria deixa no paciente Sulphur apenas uma possibilidade: Tentar compreender essa realidade, por que o mundo está nesse estado de destruição, ou seja, que mundo é esse? As grandes correntes de pensamento que estudam o mundo, as civilizações e a sua origem são a religião e a filosofia. Daí vem nosso “ragged philosopher” tão presente nos textos sobre Sulphur. Quem seriam as pessoas que os autores do passado receberam em suas clínicas? Um indivíduo se defendendo do mundo ameaçador através da tentativa de compreender esse mundo. A tal ponto de esquecer de si mesmo, de seus cuidados mais simples e comuns tais como suas roupas, sua alimentação, seu trabalho, mas dedicando sua vida a entender e analizar seu environment. Como suas conclusões são sempre parciais, o que ele percebe da realidade é uma deturpação do seu imaginário, cada vez que ele chega a uma conclusão diferente, a dúvida dessa conclusão o faz querer ir mais além,. 1 Como relata Kent, o paciente chega a perguntar -­‐ e quem criou Deus? -­‐ mostrando a impossibilidade de Sulphur chegar a qualquer solução/conclusão para suas dores existenciais. Nessa fase ele não se importa consigo mesmo, com suas roupas, dá o que tem, ou acha que tem tudo em excesso. O outro caminho, -­‐ o da compreensão mítica da realidade -­‐ também aparece presente nos autores ao descreverem uma menina que, de uma forma insana, adota as Escrituras como única forma de se conduzir pela vida. E um dos temas mais frequëntes do Séc. XIX, o da Danação da Alma, também vai aparecer em Sulphur. O desejo de suicídio, a melancolia, a sensação de não ter como lidar e enfrentar com a realidade, esses serão os passos finals de Sulphur. Ele se sabe incapaz, infeliz e tem aversão aos seus próprios cheiros. Tem aversão por si mesmo. Melancholia and epilepsy, with strong impulsive tendency to suicide, by drowning or
by precipitating herself from window ; epileptic fits, as many as five a day, with at
times two hours of unconsciousness, always < during menstruation,
Sulph. 10m. cured.
Frequently during day attacks of melancholy lasting a few minutes, feels extremely
unhappy without cause, she wishes to die.
Quantos sintomas da MM descrevem esse indivíduo nos seus momentos finais? Quando ele, cansado de tentar compreender a vida que lhe chega através de seus sentidos perturbados e vendo a si mesmo como incapaz de sobreviver ao fogo dos céus, não vê outra saída senão desistir da vida? Too lazy to rouse himself up and too unhappy to live.
O quadro dispéptico em Sulphur, tão presente e que será a causalidade da maior parte de seus sintomas digestivos e circulatórios, deve se originar de uma modalidade geral: Sulphur melhora de seu estado mental, das suas tristezas e da sua depressão, ao comer. Embora Kent descreva um paciente emagrecido, enlouquecido na sua busca pelas origens do sofrimento humano, existe essa enorme possibilidade: a de encontrarmos pacientes gordos, cheios de varizes e hemorróidas, com o fígado congesto, a pressão arterial alta, o coração dilatado e que agravam em ambientes quentes e fechados. Não suportam mais as pimentas e as gorduras, estão sempre deprimidos e lutam contra o álcool e o tabagismo. Provavelmente todos os pacientes Sulphur serão pessoas que não conseguiram se realizar na vida: trocam de trabalho, não acreditam em si mesmos, tem um enorme medo da vida, de enfrentar as situações as mais corriqueiras: exames, mudanças de emprego, entrevistas, casamento, autoridades, brigas de rua, etc. Quando perguntados -­‐ o que você quer ser quando crescer -­‐ vão dizer que ainda não sabem. Devem trocar de faculdade, devem se formar e não começar a trabalhar. Devem fazer depois outra faculdade e ir assim pela vida afora. 2 Irresolutos, com uma má impressão de si mesmos, se sentindo incapazes e com aversão aos próprios cheiros. Nessa seqüência, o paciente Sulphur com o tratamento homeopático deve melhorar básicamente nesses dois aspectos: Deve poder perceber a realidade com todos os seus lados, tanto bons quanto difíceis e deve poder voltar a acreditar nas suas capacidades e qualidades. Isso irá permitir a Sulphur ter de volta sua racionalidade equilibrada, um senso de julgamento mais claro com relação a si mesmo, às pessoas a sua volta e à vida. E poder seguir na busca da finalidade maior da existência, que é evoluir e se tornar melhor como ser humano. 3 
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