SULPHUR Letra Homeopathica - 2012 Claudio C. Araujo "Sulphur

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SULPHUR
Letra Homeopathica - 2012
Claudio C. Araujo
"Sulphur parece conter em si a semelhança com cada doença do ser humano"
(J.T. Kent).
Histórico: Hahnemann afirma que o enxofre ja era utilizado ha mais de 2000 anos,
contra a sarna (itch-disease). É encontrado livre na natureza, sob a forma de cristais,
que lançam no ar uma chama azul ao serem queimados.
Psora: Hahnemann atribui a Sulphur o papel de medicamento principal no
tratamento da Psora, mas isso por um simples motivo:
Quando Hahnemann terminou a anamnese da Psora, observou que a patogenesia de
Sulphur cobria os aspectos, o movimento e sintomas mais importantes e
individualizantes do miasma, além de ter em si a possibilidade de interiorizar as
manifestações cutâneas da Psora e, por conseguinte, trazê-las à tona.
Aspectos Gerais:
O termo "filósofo em trapos" foi citado pela primeira vez por Hering e desde então
vem sendo a primeira imagem esteriotipada de Sulphur: aquele que se esquece de
sua aparência ou de alguns cuidados básicos de higiene e apresentação devido a sua
atenção estar voltada para outras questões existenciais aparentemente mais
absorventes do que os hábitos cotidianos mais simples. A partir de uma abstração da
realidade cotidiana, Sulphur entraria entao num processo de afastamento dos hábitos
de higiene, dos cuidados com a roupa e por conseguinte com os cuidados com a
saúde: freqüentemente citado como o biotipo do paciente Sulphur, aquele que está
emagrecido, de ombros caídos, a coluna curvada, a pele com aspecto sujo, com
tendência a inflamar-se pelo menor arranhão.
Devido a má alimentação, com o passar do tempo teremos um paciente com um
estado avancado de dispepsia, que cada vez é impelido a comer mais e mais
alimentos simples e leves, por não conseguir digerir o que é mais pesado; ou então,
aquele que precisa agregar à comida substâncias que estimulem a sua digestão,
como condimentos, etc. Uma pessoa habituada a se servir de uma alimentação que
estimule sua própria digestão ira dar preferência a toda classe de comidas
temperadas, picantes, pimentas diversas, ou bebidas que produzam o efeito de um
"digestivo"
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A partir desse ponto, podemos abrir aqui duas vertentes:
A do teórico/macrobiótico/naturalista que está impossibilitado de digerir a maioria
dos alimentos e que então busca uma solução “natural”, muitas vezes vegetariana,
não pela consciência da qualidade de uma alimentação livre de agrotóxicos ou
mesmo vegetariana, mas por não ter outra escolha. E essa escolha deve ser
justificada da forma teórica e plausível. Ele vai ter então a sua escolha ratificada, na
medida que uma tal alimentação lhe devolve a capacidade de uma boa digestão, não
somente por ser uma boa alimentacao, mas por vir a satisfazer suas necessidades
clínicas.
A segunda vertente é a daquele paciente que escolheu o caminho dos estímulos e
que se vê agora desejoso e dependente de uma tal alimentação temperada, picante,
cheia de estímulos que facilitem a sua digestão. A conseqüencia de uma alimentação
com essas características é fácil de se prever e o grupo de sintomas decorrentes
desse estado é bastante comum e freqüente em Sulphur: Um estado hepático
congestivo, irritação ao longo de todo o trato intestinal, sonolência pós-prandial,
dispepsia e tendência a gastrites e ulcerações do trato digestivo. Um adoecimento
dispéptico progressivo, acompanhado de um desejo/necessidade constante de uma
alimentação rica em estimulantes.
Se o paciente agora apresenta um fígado congesto, a conseqüencia imediata é uma
sobrecarga na circulação porta, com as subsequentes alterações na pressão do
interior do sistema venoso que vem na direção ascendente, das extremidades na
direção do fígado.
Vem daí um dos sintomas de Sulphur mais caracteristicos: O paciente, sempre que
possível, descobre os pés; ou tira os sapatos; ou não usa meias; ou dorme coberto
com os pés fora do lençol, mesmo nos climas mais frios; e está sempre se queixando
de um calor queimante nos pés.
Se continuamos nesse caminho venoso, a próxima conseqüencia lógica é o
aparecimento de veias varicosas, tão freqüentes em Sulphur. Já que o processo de
aparecimento dessas varizes é por um aumento da pressão venosa e nao por uma
destruição primária das camadas internas das veias, as varizes sempre estarão
acompanhadas da mesma sensação de calor e congestão como nos pés. Por
conseguinte, Sulphur tende a produzir erisipelas, principalmemte nos pacientes que
se permitem uma alimentação rica em carnes gordurosas, frutos do mar, chocolates,
café, álcool, pacientes que tem uma alta taxa de ácido urico.
Fica claro um segundo "key-note" de Sulphur: A agravação, de pé, de muitos
sintomas; ou mesmo a impossibilidade de se manter de pé por algum tempo.
Subindo: a seguir, o plexo hemorroidal, também atingido pela congestão venosa.
O que teremos então? De um lado, a irritação de todo o trato intestinal devido à uma
alimentação indevida, pimentas, álcool, café; etc. Do outro, veias hemorroidais
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congestas e que ao entrarem em sintonia dão os quadros hemorroidais tão comuns
nos pacientes de Sulphur: Peso no ânus/reto (devido a congestão), queimação,
vermelhidão e prurido constantes, voluptuosos que obrigam o paciente a se coçar
até sair sangue.
Geralmente o paciente nos informa que não havia nem percebido que tinha se
coçado até sangrar, ou o faz durante o sono.
Devido a congestão e a irritação do reto, as hemorróidas costumam eliminar uma
secreção serosa, de cheiro ofensivo, que irrita e inflama o ânus na sua passagem.
Vamos então agora associar alguns fatores:
1. Um bolo fecal carregado de substâncias irritativas, transitando por uma mucosa
intestinal por sua vez já bastante sensibilizada.
2. Esse mesmo bolo fecal que vai se depositando no reto, ao longo de um certo
espaço de tempo.
3. Um estado congestivo venoso, que agrava na ausência de movimento e que piora
tambem devido ao calor.
Podemos entao concluir outros "key-notes" de Sulphur:
O paciente é acordado por uma forte diarréia, as 6:00
O paciente agrava durante o sono/à noite, (devido ao estado congestivo)
O paciente agrava com o calor da cama (pela diminuição da circulação e
consequente aumento da congestão)
Já que começamos pelo fígado, o que poderíamos prever como conseqüencia de uma
congestão prolongada? É certo que as funções principais vão progressivamente se
deteriorar e como uma delas é a conjugação da bilirrubina livre circulante, teremos
um aumento da taxa sanguínea e suas conseqüencias imediatas: uma mudanca da
coloração da pele, que vai assumir um aspecto sujo, amarelado, as escleróticas vão
estar tambem amareladas, assim como a saliva; temos uma nova alteração da cor e
da consistência do bolo fecal, como um somatório de alterações, umas conseqüencia
das outras.
Vômitos de bile, diarréias biliosas, cálculos vesicais.
Induração do fígado, cirrose, inflamações crônicas.
Kent cita o "humor bilioso", uma forma de hipersensibilidade ou irritabilidade
conjugada a um extremo mau humor, atribuída a uma má função do fígado, uma
sobrecarga de bile.
A tendência congestiva de Sulphur é encontrada em todas as partes do organismo e
vai estar presente em todas as manifestações ou então ser a causa anterior de
manifestações futuras.
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Outros aspetos importantes:
Sensação de fome as 11:00, de vazio no estomago
As descargas de todas as partes sao ofensivas e excoriantes
Existe queimação e ardencia constantes, associadas ou não ao prurido
Prurido intolerável, que leva o paciente a coçar ate sangrar
Todo o tipo de erupção cutânea, acompanhada das modalidades gerais
Congestão, queimação, prurido e descargas excoriantes e ofensivas
Aspectos das Partes
As tendências gerais de Sulphur se repetem em todas as partes, modalizando ou
orientando os acometimentos particulares. Vamos aqui somente sublinhar o que foge
a regra ou algumas manifestações locais.
Cabeça:
O importante aqui e a presenca de modalidades inversas a Geral:
Cefaléias que > em ambientes fechados, aquecidos.
< pelo movimento
Nariz/ouvidos
Afecções catarrais, catarro com cheiro ofensivo, purulento
Face:
Aspecto sujo, amarelado, cheia de erupções, acne, pele oleosa.
Neuralgias do lado direito, "longas e tediosas"
Erupções, erisipelas, que comecam do lado direito da face.
Boca/língua/Garganta:
Tendência a ulceração, com hálito ofensivo, queimação, etc. Úlceras fadegenicas.
Cancer.
Dores na língua, <movimento, devido a formação de nódulos dolorosos.
Angina crônica. Mucosas se apresentam com a cor purpura.
Abdomen/Fígado/Intestinos/Fezes
Dor no estomago apos comer, associado a uma completa necessidade de se
alimentar.
Inflamação da vesicula associada a estados gripais
Mudança de tempo afeta o fígado, aumenta o estado congestivo.
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Fezes brancas.
Distensão abdominal.
Cólera, disenteria. Tenesmo
Órgãos urinarios/genitalia masculina e feminina:
Estados catarrais da bexiga e uretra.
A urina queima a uretra ao passar
Catarro uretral pos gonorrea. Em pacientes debilitados, sedentarios.
Impotencia com desejo sexual. Incapacidade de sustentar a erecao.
Ejaculacao antes da intromissao.
Fimose; espessamento e restricao do prepucio.
Descarga de fluido seminal durante a evacuacao.
Metrorragia pelo menor disturbio.
Infertilidade feminina, por tendencias hemorragicas.
Fogachos da menopausa.
Febre puerperal; septicemias.
Órgãos respiratorios:
- Tendencia a qualquer resfriado se instalar nos pulmoes; e estabelecer quadros
asmaticos.
- Hepatizacao pulmonar. "Never well since pneumonia"
- Muito bem, nosso paciente acordou. Ou melhor, foi acordado por uma diarreia
forte, ofensiva, excoriante, amarelada (ele tem mais bilirrubina circulante e por
conseguinte menos bile).
- A noite nao foi das melhores. Embora tenha tentado, não conseguia conciliar o
sono, já que sempre que encontrava na cama um lugar mais fresco, em alguns
minutos ali ja estava quente e entao era necessario procurar um outro lugar. Dormir
no chao frio da cozinha era algo que ja havia passado pela sua cabeca varias vezes, e
ele so nao havia feito isso por respeito as baratas gigantescas que iam jantar aquelas
horas.
- Ele se sentou na cama, raciocinio embotado como quem precisa se mover para
despertar, sentindo aquele peso nas pernas e as varizes ja aparecendo. O torpor foi
dando lugar a uma cefaleia que ja vinha se tornando frequente, principalmente nos
fins-de semana, apos as refeicoes pesadas. A cabeca estava pesada, a dor latejante
era principalmente no vertex, e voltar a se deitar, nem pensar.
Por volta das 11:00 a dor estava no auge, e os vomitos de bile comecaram, o que
dava um certo alivio. O topo da cabeca estava quente e aplicações geladas naquela
regiao davam um certo alívio.
Os olhos estavam vermelhos e congestos, o rosto tambem congesto.
Obs: As cefaleias de Sulphur > com compressas frias e tambem > num quarto
"quente", isto e, sem correntes de vento, protegido, fechado.
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