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ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
TÓPICO 01: INTRODUÇÃO AOS TIPOS DE ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
PALAVRA DA COORDENADORA DA DISCIPLINA DE ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE
LINGUÍSTICA
Acesse o Solar para assistir ao vídeo de apresentação da coordenadora
de disciplina.
VERSÃO TEXTUAL
Olá alunos,
Sejam bem vindos a disciplina de Estágio em Ensino de Análise
Linguística. Meu nome é Mônica Serafim, professora do curso de
letras da UFC. Esta disciplina prezado aluno é um momento muito
importante no processo de formação profissional. Ela é uma
oportunidade que o possibilita a observar e refletir como ocorre o
ensino da análise linguística na sala de aula a fim de se constatar a
presença ou não das teorias acadêmicas nas práticas docentes da
educação básica. Nela estudaremos então o ensino da análise
linguística com base em como diferentes propostas de estudo da
linguagem contribuem para o desenvolvimento do papel da gramática
na formação do aluno na educação básica. Certamente, no conteúdo
das nossas aulas, você verá alguns conceitos e discussões já
trabalhados em outras disciplinas deste curso. Contudo, aqui, esses
conceitos e discussões serão retomados, tendo em vista o ensinoaprendizagem da gramática. Isso porque eles servirão para que
comecemos a traçar um panorama sobre como são as práticas
pedagógicas do ensino de gramática e sobre como tais práticas
poderiam ser.
Ao final da disciplina, esperamos que você tenha adquirido
conhecimentos suficientes que lhe permitam:
◾ reconhecer os diferentes tipos de ensino da análise linguística, em suas
relações com as concepções de gramática e de linguagem;
◾ avaliar criticamente os objetivos do ensino-aprendizagem de língua
materna;
◾ perceber o valor dos recursos linguísticos para a construção dos
significados dos textos;
◾ analisar a qualidade do material didático destinado ao ensinoaprendizagem da análise linguística;
◾ e por fim, elaborar exercícios de análise linguística compatíveis com
objetivos de ensino consistentes.
Esperamos que, com esse curso, você adquira conhecimentos e
habilidades relevantes para o exercício efetivo, responsável e
principalmente prazeroso da docência. Como missão principal desta
disciplina está à formação do professor pesquisador; alguém atento ao
mundo que o cerca, capaz de levar esse mundo para o cotidiano da
profissão, consciente de que sua autonomia e seus conhecimentos
teóricos e práticos são fundamentais.
Que todos encontremos excelentes motivos para aprendermos mais!
Comecemos, então.
OBJETIVO 1
Reconhecer os diferentes tipos de ensino de análise linguística, em
suas relações com as concepções de gramática e as concepções de
linguagem;
OBJETIVO 2
Analisar criticamente os objetivos do ensino-aprendizagem de língua
materna;
OBJETIVO 3
Perceber o valor dos recursos linguísticos nos processos de
significação dos textos;
OBJETIVO 4
Analisar a qualidade do material didático voltado para o ensinoaprendizagem da análise linguística;
OBJETIVO 5
Propor exercícios de análise linguística compatíveis com objetivos de
ensino consistentes.
A fim de cumprir os objetivos propostos, dividimos a disciplina em
quatro aulas. Os dois primeiros objetivos serão contemplados na primeira
aula; cada um dos outros três objetivos será contemplado nas aulas
subsequentes.
Esperamos que, com este curso, você adquira conhecimentos e
habilidades relevantes para o exercício efetivo, responsável e (talvez
principalmente) prazeroso da docência. Estamos assumindo como missão
principal a formação do professor pesquisador: alguém atento ao mundo que
o cerca, capaz de levar esse mundo para o dia a dia da profissão, consciente
de que sua autonomia é fundamental, e disposto a estudar sempre.
Que todos encontremos excelentes motivos para aprendermos mais!
Comecemos, então.
Conheça agora um pouco dos autores da disciplina. Clique no
organograma abaixo e conheça cada um.
VERSÃO TEXTUAL
AUTORES:
Aurea Zavam
Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ), especialista em Leitura e Escrita, mestre e doutora em
Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Co-autora de
fascículos destinados à formação continuada de professores da rede
pública, publicados pela Fundação Demócrito Rocha em parceria com
a Secretaria de Educação Básica do Ceará, e do livro A língua na sala
de aula: questões práticas para um ensino produtivo, além de
publicações em livros e revistas especializadas. É professora do
Departamento de Letras Vernáculas (DLV) da UFC.
Valdinar Custódio
Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE),
mestre e doutor Linguística pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). Organizador, em parceria com mais três professoras, do livro
Texto e Discurso sob múltiplos olhares, volumes 1 e 2, e autor de
diversas publicações em livros e revistas especializadas. É professor
convidado do Curso de Especialização em Ensino de Língua
Portuguesa da UECE e coordenador e assessor de Língua Portuguesa
em escolas da rede particular de ensino.
Para iniciar, solicitamos que você realize uma breve atividade (se quiser,
pode realizá-la mentalmente, mas pensamos que a produção escrita pode ser
Fonte [1]
mais útil como estratégia para solidificar a reflexão solicitada). Como, nesta
aula, vamos tratar (entre outras coisas) das concepções de gramática,
gostaríamos que você propusesse uma definição de gramática. O que é
gramática para você? Em sua resposta, leve em conta, caso julgue necessário,
o que você já aprendeu, em disciplinas anteriores, sobre a gramática de uma
língua.
Em seguida, assista ao vídeo sobre a canção Asa branca, de Luiz
Gonzaga (caso não possa acessar o vídeo pelo link abaixo, leia a letra da
música). Tente fazer uma análise da canção a partir da sua concepção de
gramática. De acordo com sua concepção, como você julgaria a qualidade da
canção? A linguagem utilizada está adequada? Por quê?
MULTIMÍDIA
Assista ao vídeo sobre a canção Asa branca, de Luiz Gonzaga:
Para assistir ao video acesse o ambiente SOLAR!!
ASA BRANCA, DE LUIZ GONZAGA
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Letra
disponível
em:
<http://letras.terra.com.br/luizgonzaga/47081/ [2]>. Acesso em: 7 jul. 2011.
Ainda hoje, é muito comum o entendimento de que a língua de uma
comunidade e a sua gramática são a mesma coisa. Você já deve ter ouvido
alguém dizer (ou você mesmo já pode ter pensado assim, logo que iniciou sua
graduação em Letras) que não sabe português porque não consegue falar
corretamente: não coloca todos os s marcando o plural; não sabe conjugar
direito os verbos irregulares; faz uma confusão com a colocação pronominal,
enfim, não é capaz de utilizar, de forma “correta”, as regras de construção
das palavras e períodos. O que está por trás dessa sensação é a noção de que
a gramática é um conjunto de regras que determinam como usar a língua de
forma correta. Se não domina as regras (e elas são tantas e tão difíceis!),
então a pessoa não conhece (ou conhece pouco) a língua.
CURIOSIDADE
A ideia de que o português é uma língua muito difícil é um dos mitos
apresentados pelo linguista Marcos Bagno, no livro Preconceito
linguístico: o que é, como se faz (1999). Neste livro, o autor descreve oito
mitos, bastante reproduzidos pelo senso comum, os quais perpetuam
noções equivocadas sobre o fenômeno da linguagem. Bagno afirma que
conhecer os mitos (e combatê-los) é uma das tarefas do professor de
Língua Portuguesa.
Se levarmos em conta essa noção, poderíamos dizer que o enunciador da
canção Asa branca não sabe português porque ele comete muitas
incorreções em relação às regras gramaticais: por exemplo, é incapaz de
produzir o dígrafo lh (“oiei”, “fornaia”) e o encontro consonantal pl
(“prantação); além disso, não obedece às regras de concordância (“muitas
légua”, “teus óio”). Na melhor das hipóteses, numa visão mais complacente,
seria aceito dizer que, como se trata de uma canção – o que coloca o texto
num patamar próximo (ou equivalente) ao do texto literário –, o produtor
teria certas liberdades para burlar as regras, mas isso não é permitido em
outros textos, nem é todo mundo que tem esse direito.
ENUNCIADOR
Em muitas situações, é importante estabelecer uma diferença entre
autor e enunciador. O autor é o sujeito de carne e osso que produz o
texto; o enunciador é a instância responsável pelo que é dito. Por
exemplo, num artigo de opinião, autor e enunciador são equivalentes,
pois quem produz o texto é o responsável pelo seu teor; já em um
editorial de jornal, autor e enunciador não coincidem: o autor é o
jornalista que produz o texto, mas o enunciador é a própria instituição.
No universo literário, o autor é o escritor/poeta/compositor; o
enunciador é o narrador/eu lírico;
Há todo um conjunto de estudos científicos que derrubam essa ideia. No
Brasil, pelo menos desde a década de 1970, alguns linguistas têm procurado
combater a noção de língua como sistema de regras que orientam o uso
correto. Contudo, mesmo contestada por evidências científicas, essa noção
ainda predomina entre os diversos estratos sociais de nosso país. É claro que
isso traz consequências para o ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
A fim de se analisar com cuidado e seriedade a noção de
gramática/língua como conjunto de regras corretas, é preciso ir além do
senso comum e perceber a complexidade do fenômeno da linguagem. Neste
caminho, vai-se chegar a duas constatações importantes:
1ª CONSTATAÇÃO
A língua não se resume a uma gramática (embora a gramática seja
importante). Há diversos aspectos de produção e compreensão da
linguagem que não se resolvem apenas com o conhecimento gramatical; a
construção da argumentação, por exemplo, requer conhecimentos que vão
além da gramática – saber se posicionar em uma polêmica e munir-se de
argumentos para sustentar uma posição são habilidades bastante
importantes para o pleno desempenho linguístico de um sujeito, mas isso
não está atrelado, intrinsecamente, ao conhecimento gramatical. Na aula 2
desta disciplina, quando discutirmos as relações entre texto/discurso e
gramática, isso ficará ainda mais claro;
2ª CONSTATAÇÃO
A gramática não necessariamente se resume ao conjunto de regras
corretas sobre o uso de uma língua. Há outros aspectos gramaticais que
podem (e devem) ser levados em conta além das regras de correção. A
estruturação das palavras e dos enunciados e a adequação dos recursos
linguísticos, por exemplo, são partes constituintes da gramática de uma
língua. Isso ficará mais claro a seguir, quando refletiremos sobre as
diferentes concepções de gramática.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.brasilblogado.com/wp-content/uploads/como-fazer-umaintrodu%C3%A7%C3%A3o-300x300.jpg
2. http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/47081/
Responsável: Profª. Ana Célia Clementino Moura
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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