resumão de literatura

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RESUMÃO DE LITERATURA
ROMANTISMO
O romantismo desponta na literatura como a estética do contra
compreendida historicamente entre duas revoluções no final do século
XVIII. A visão de mundo romântica surge mais como uma reação ao
novo do que uma proposição de algo novo. A escola romântica
caracteriza-se pela criação de uma linguagem verdadeiramente nova
a partir da ruptura com a arte clássica, identificando-se com os
padrões mais simples de vida do novo público consumidor que nascia
na Europa, a burguesia.
ORIGEM
O romantismo surge na Alemanha nas últimas décadas do século XVIII
a partir da publicação da obra Os sofrimentos do jovem Werther, do
escritor alemão Goethe, em 1774. A escola romântica chega à
Inglaterra ainda nos primeiros anos do século XIX com os romances
históricos de Walter Scott e com o ultrarromantismo de Lord Byron.
Todavia, a principal divulgadora do romantismo no Ocidente e,
sobretudo no Brasil, foi a França, que tem como precursores
Chateaubriand e Madame de Stäel, que definiram o estilo
sentimentalista e anticlássico da literatura romântica.
“As ciências explicam tudo para a inteligência e nada para o
coração”.
LIMITES CRONOLÓGICOS
O romantismo tem início
poéticos e Saudades, de
cujo prefácio anunciava as
saiu do foco da literatura
póstumas de Brás Cubas,
no Brasil com a publicação de Suspiros
Gonçalves de Magalhães, em 1836, obra
inovações propostas pela escola europeia; e
em 1881, com a publicação de Memórias
do carioca Machado de Assis.
CONTEXTO HISTÓRICO
A explosão de sentimentos do jovem Werther na obra de Goethe
provocou uma forte reação entre a juventude da época. A obra
representava uma ordem de valores e comportamentos, que se
contrapunha frontalmente ao racionalismo do século XVIII, no qual o
arcadismo se baseara. Os jovens começaram a se vestir como o
protagonista da obra [casaco azul e colete amarelo] e a viver paixões
desenfreadas como a dele [semelhante ao que acontece com as novelas
de hoje].
A literatura do século XIX é a expressão artística da sociedade
burguesa.
O romantismo surge na Europa em paralelo ao processo de
industrialização [Revolução Industrial] e modificação das relações
econômicas, como a derrocada da aristocracia vigente no Antigo
Regime, a ascensão da burguesia, impulsionada pelo capital industrial
e pelos ideais iluministas da Revolução Francesa, e o nascimento do
proletariado [classe dos operários e trabalhadores urbanos]. Logo, a
literatura do período foi produzida pela classe dominante e para a
classe dominante, deixando claro qual a ideologia defendida por seus
autores. Com a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
durante a Revolução Francesa, os autores passam a usufruir o direito
da liberdade de expressão, transmitindo suas opiniões e seus
sentimentos aos textos.
“Art. 11: A livre comunicação dos
pensamentos e opiniões é um dos direitos
mais preciosos do homem; todo o cidadão
pode, portanto, falar, escrever e imprimir
livremente”.
No Brasil, o romantismo
independência em 1822.
surge
logo
após
a
declaração
da
O romantismo é a literatura das massas.
Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, a colônia elevouse a categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves, passando
por uma série de mudanças, como a criação de escolas, fundação de
museus e bibliotecas públicas, instalação de tipografias e o surgimento
de uma imprensa regular. Dessas mudanças decorre o aumento da
alfabetização e o consequente surgimento de um público leitor mais
abrangente e maior, a classe média, que passa a buscar na literatura o
seu prestígio social, possibilitando ao escritor sustentar-se
economicamente somente da produção literária.
A escola romântica foi a primeira escola literária genuinamente
brasileira.
As primeiras obras literárias e os primeiros artistas românticos,
influenciados pelo movimento de independência política [1822],
mostravam-se empenhados em definir um perfil da cultura brasileira,
no qual o nacionalismo ou ufanismo era o traço essencial.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
“O movimento romântico foi a expressão viva e contraditória da
nova realidade. Filho da burguesia, mostrou-se ambíguo diante
dela, ora exaltando-a, ora protestando contra os seus mecanismos”.
Tanto a prosa quanto a poesia quanto a poesia foram amplamente
difundidas durante o período e ambas as vertentes foram marcadas por
certas características marcantes da escola:
•
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua
opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso
de verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelar,
dada por um indivíduo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas
sensações captam.
•
Egocentrismo e individualismo
O escritor romântico centra-se no Eu, nos próprios sentimentos,
realizando uma viagem introspectiva e transpondo para o texto o que
pensa.
•
Liberalismo artístico
Consiste na liberdade de criação. No romantismo, o autor não se
encontra preso a estruturas formais de escrita tampouco a temáticas
estabelecidas. O verso clássico deu espaço ao verso livre, aquele sem
métrica e sem entonação, e ao verso branco, sem rima, que possibilitou
uma maior liberdade de criação do poeta romântico, agora livre para
expressar sua individualidade.
•
Mito do bom selvagem de Rousseau
Embora o romantismo se oponha ao arcadismo e ao racionalismo do
século XVIII, apoia-se na filosofia de Jean Jacques Rousseau, segundo
a qual o homem nasce naturalmente puro, mas é corrompido pela
civilização. Dessa forma, os românticos, assim como os árcades,
encontram-se intimamente ligados a natureza, cada qual com sua
concepção.
•
Natureza dinâmica
A natureza tem um papel de destaque para o romantismo, assumindo
um papel que varia de uma espécie de confidente das personagens a
refúgio purificador da alma.
Vamos fugir
Deste lugar, baby!
Vamos fugir
Pr'outro lugar, baby!
Vamos fugir!
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer...
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, Céu azul
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao teu corpo nu...
- Skank, Vamos fugir
A concepção da natureza dos românticos difere quanto à dos poetas
árcades, para os quais o ambiente natural era estático, ou seja, atuava
como plano de fundo da poesia bucólica, funcionando meramente como
uma paisagem. Para os românticos, a natureza possui um caráter
dinâmico, funcionando praticamente como uma personagem,
acompanhando o humor do protagonista: se a personagem está feliz, a
natureza assume uma tonalidade alegre, mas se a personagem está
deprimida, a natureza assume uma tonalidade triste.
•
Sentimentalismo
A hipervalorização dos sentimentos e das emoções pessoais
[angústias, tristezas, paixões, felicidades etc.] também é característica
do movimento, que pressupunha uma olhada para o interior do artista
e de suas emoções, em detrimento do racional e do objetivo iluminista.
Esse sentimentalismo exagerado está refletido nos enredos que, em sua
maioria, consistem em histórias de amor ou, quando este não é o mote
principal, em histórias em que o amor e a paixão prevalecem.
Eu procuro um amor
Que ainda não encontrei
Diferente de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir
Uma razão para viver
E as feridas dessa vida
Eu quero esquecer
Pode ser que eu a encontre
Numa fila de cinema
Numa esquina
Ou numa mesa de bar
Procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar
Eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer
Os meus segredos...
- Frejat, Segredos
•
Movimento Sturm und Drang
[Tempestade e Ímpeto], corrente filosófica nascida na Alemanha que
corresponde ao nacionalismo ou ufanismo, exaltação do popular.
Moro num país tropical, abençoado por Deus
E bonito por natureza, mas que beleza
Em fevereiro (em fevereiro)
Tem carnaval (tem carnaval)
Tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo
Tenho uma nêga
Chamada Tereza
Sou Flamê
Tê uma nê
Chamá Terê
Sou Flamê
Tê uma nê
Chamá Terê
Do meu Brasil
Sou Flamengo
E tenho uma nêga
Chamada Tereza
Sou Flamengo
E tenho uma nêga
Chamada Tereza
Moro num país tropical, abençoado por Deus
E bonito por natureza, mas que beleza!
- Jorge Ben Jor, País tropical
•
Idealização amorosa
Baseia-se no elemento da imaginação, na idealização do par perfeito. O
autor, apaixonado, sempre verá seu amor com uma visão distorcida,
ilógica. É o famoso “o amor é cego”.
Seu corpo é fruto proibido
É a chave de todo pecado e da libido
E pr’um garoto introvertido como eu
É a pura perdição
É um lago negro o seu olhar
É água turva de beber, se envenenar
Nas suas curvas derrapar, sair da estrada
E morrer no mar, no mar
É perigoso o seu sorriso
É um sorriso assim jocoso, impreciso
Diria misterioso, indecifrável
Riso de mulher
Não sei se é caça ou caçadora
Se é Diana ou Afrodite
Ou se é Brigite, Stephanie de Mônaco
Aqui estou, inteiro ao seu dispor, princesa.
- RPM, Olhar 43
•
Pessimismo
O sentimento de evasão caracteriza a Geração Mal-do-Século [os
autores eram acometidos pela tuberculose, a doença considerada o mal
do século XIX], que acreditava que a morte era o alívio para as dores de
seus amores.
Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no
espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no
canteiro
Os punhos e os pulsos
cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem
- Titãs, Flores
Nota: a corrente indianista
romantismo brasileiro.
[nacionalismo]
é
exclusividade
do
POESIA ROMÂNTICA
Tradicionalmente, são apontadas três gerações de escritores
românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores
da poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem nessa divisão,
uma vez que as suas obras podem apresentar características marcantes
de mais de uma geração.
Assim, as três gerações de poetas românticos são:
GERAÇÃO
Indianista
Ultrarromântica
Condoreira
TRAÇOS MARCANTES
Nacionalista, indianista e
religiosa.
Marcada pelo mal do século,
apresenta egocentrismo,
pessimismo e atração pela
morte.
Desenvolve uma poesia de
cunho político, crítico e
social.
AUTORES
Gonçalves Dias e Gonçalves
de Magalhães.
Alvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu, Fagundes
Varela e Junqueira Freire.
Castro Alves.
Gonçalves Dias
Gonçalves Dias nasceu em Caxias [MA] em 1823 e morreu em 1864, vítima do naufrágio do navio Ville
de Boulogne quando retornava da Europa para o Brasil.
Gonçalves Dias fez várias viagens pelo país, incluindo a Amazônia, e
chegou a escrever um Dicionário da língua tupi. Ele responsável pela
criação de uma poesia voltada para a exaltação do índio e da natureza
brasileira. Estudando na Europa, distante de sua terra, Dias sente
saudades de sua pátria, e esse sentimento é transmitido para os seus
versos, marcados pelo saudosismo e por certa melancolia. No poema
Canção do Exílio, por exemplo, a sua idealização da pátria amada
torna-se bastante evidente.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
CANÇÃO DO EXÍLIO – Dias, Gonçalves.
Gonçalves Dias elege o índio como a figura icônica do Brasil. O poeta
substitui o herói tradicional, o cavaleiro medieval, pelo selvagem [o bom
selvagem do Rousseau], o índio que, na concepção idealista romântica,
protege a sua tribo a qualquer custo, pois é corajoso e imbatível.
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
I JUCA PIRAMA – Dias, Gonçalves.
Álvares de Azevedo
Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo em 1831 e faleceu, vítima da tuberculose, em 1852.
Poeta romântico por excelência, Álvares de Azevedo produziu todos os
seus escritos durante o período em que era estudante universitário e
deixou uma obra de qualidade irregular, se considerada no conjunto,
mas de grande significado na evolução da poesia nacional. Como todos
os poetas ultrarromânticos, Azevedo morreu cedo em razão da vida
boêmia que levava. Diante da morte iminente, os poetas
ultrarromânticos preocupavam-se em externar os seus sentimentos
de dúvida, anseios, medo e saudades dos tempos de infância.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu pendera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
SE EU MORRESSE AMANHÃ – Azevedo, Álvares de.
Enquanto o poeta situa-se numa das linhas do romantismo [a linha
orgíaca e satânica], a ironia levada às últimas consequências deu a
Álvares de Azevedo acesso a um veio novo: o veio antirromântico. Ao
ironizar algumas das atitudes mais caras da sua geração, como a
pieguice amorosa e a idealização da mulher, o mais romântico dos
românticos brasileiros lança o embrião da própria superação do
romantismo, que seria alimentado mais adiante.
É ela! É ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
É ELA! É ELA! É ELA! – Azevedo, Álvares de.
Castro Alves
Nasceu em Curralinho e faleceu em Salvador [ambas na Bahia] em decorrência da tuberculose e de uma
infecção no pé causada por um acidente numa caçada.
O “poeta dos escravos” é considerado a principal expressão condoreira
da poesia brasileira. Sua poesia, tanto lírica quanto social, trata do
desequilíbrio entre o Eu e o Mundo, em que há a consciência dos
problemas humanos e a busca de fórmulas para solucioná-los.
Trazendo inovações de forma e de conteúdo, a linguagem poética de
Castro Alves prenuncia a perspectiva crítica e a objetividade do
realismo, movimento literário da década seguinte.
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! Fecha a porta dos teus mares!
NAVIO NEGREIRO – Alves, Castro.
Na sua lírica, o amor toma uma tonalidade mais real, mais erótica.
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite!, Formosa Consuelo!
BOA NOITE! – Alves, Castro.
PROSA ROMÂNTICA
A independência do Brasil em 1822 pôs na ordem do dia a questão da
identidade brasileira. Os escritores românticos tomaram para si o
compromisso de definir nação, povo, língua e cultura brasileira. Assim,
o romance, difundido na forma de folhetim, assumiu o papel de
principal instrumento na descoberta do novo país.
O folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada
obra literária, formou um público leitor de literatura e ampliou o
número de leitores dos jornais diários. Para garantir que o leitor
adquirisse o jornal do dia seguinte, o autor interrompia a sua narração
em um ponto culminante de uma cena.
As telenovelas são herdeiras diretas do romance folhetinesco,
utilizando-se das mesmas técnicas para atrair a atenção do público.
Costuma-se dividir a prosa romântica em quatro vertentes distintas:
ROMANCE
Urbano
Indianista
Regionalista
TEMÁTICA
Vida na corte e luxo da
burguesia.
O índio como marca
nativista, o bom selvagem
de Rousseau.
Registro de costumes,
nacionalidade.
AUTOR EM DESTAQUE
Manuel Antônio de Almeida
José de Alencar
Franklin Távora
Joaquim Manuel de Macedo
Joaquim Manuel de Macedo nasceu e faleceu na cidade do Rio de Janeiro. Formado em Medicina,
exerceu a carreira por pouco tempo, dedicando-se posteriormente à vida literária e ao ensino. É o
patrono da cadeira de número vinte da Academia Brasileira de Letras.
Autor de A moreninha, O moço loiro e A luneta mágica, Manuel de
Macedo é considerado pela crítica literária um dos romancistas mais
importantes do período em razão de ter sido o criador do romance
romântico [urbano].
Nota: cronologicamente, a primazia do romance urbano cabe a Teixeira
e Sousa, com a obra O filho do pescador [1843]. Mas levando em
consideração a relevância e a influência da obra, A moreninha [1844] é
considerada a obra inaugural.
Joaquim Manuel de Macedo foi o escritor que mais produziu dentro da
escola romântica. Nesse período, em razão do grande público leitor que
tinha se formado no Brasil, os escritores conseguiam garantir seu
sustento a partir somente de seus escritos, priorizando a quantidade e
não a qualidade de suas obras [daí o formato em folhetins].
José de Alencar
Nasceu em Messejana, no Ceará e faleceu no Rio de Janeiro. Advogado, jornalista e romancista, teve
papel fundamental para o desenvolvimento do romance e do pensamento intelectual no Brasil do
século XIX. É patrono número vinte e três da Academia Brasileira de Letras por escolha de Machado de
Assis.
Primeiro escritor romântico a desenvolver o romance com temas mais
variados e abrangentes do que seus sucessores. José de Alencar
empenhou-se em retratar diversas esferas e incluir o maior número de
tipos de personagens até então vistos na literatura brasileira. Alencar
não se contentou somente com a sociedade burguesa carioca de seu
tempo, mas também se empenhou nos tipos brasileiros como o gaúcho
e o sertanejo. Sua intenção era de retratar um painel geral do país, de
norte a sul, além de tentar estabelecer uma linguagem brasileira.
O Brasil, agora uma nação independente, precisava definir seus heróis
nacionais e os autores indianistas viam o índio como o personagem
ideal por este ser quem primeiro expressou amor às terras brasileiras,
defendendo seu território e seu povo contra os colonizadores europeus.
Outros autores, como o Padre Anchieta, Basílio da Gama e Gonçalves
Dias já haviam versado sobre a singularidade do índio brasileiro,
porém, com o desenvolvimento da prosa e a popularização dos
romances de folhetins, Alencar pôde não apenas criar histórias, mas
também desenvolver e difundir um sentimento de nacionalidade mais
abrangente e que tocasse em todos os seus leitores baseando-se nos
heróis medievais europeus, símbolos de honra e bravura.
Franklin Távora
Autor também empenhado no retrato da realidade nordestina e do cangaceiro, evidenciando a vida com
as secas no sertão, acredita que o Norte ainda tem muito o que oferecer para a formação da literatura
brasileira, tendo em vista que, diferentemente do Sul do país, ainda não foi totalmente invadido, e ainda
possui muito a ser explorado. O Cabeleira [1876], seu romance mais famoso, trata do cangaceiro José
Gomes [o Cabeleira]. A narrativa, embora com tons realistas e combativa, recai na estrutura
melodramática dos romances românticos. O Cabeleira, ao reencontrar seu amor de infância, Luisinha,
abandona sua vida de criminoso e dispõe-se a total regeneração pelo amor da amada. A moça, porém,
morre de uma enfermidade e o cangaceiro acaba preso e enforcado na prisão.
Autor de O cabeleira, O matuto e Lourenço, Franklin Távora destaca-se
na literatura como um dos principais ícones do romance regionalista
ao lado de Bernardo Guimarães [considerado o criador do regionalismo
ou sertanejismo literário]. Sonhou com a criação de uma “Literatura do
Norte”, idealização essa realizada pela geração de 30 do modernismo
brasileiro. A sua obra oscila entre ficção, relato histórico e exposição
analítico-dissertativa.
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