Luana Talita Diniz Ferreira Mortalidade por Distrofia Muscular de Duchenne no município de São Paulo de 2003 a 2007 Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. São Paulo 2009 Luana Talita Diniz Ferreira Mortalidade por Distrofia Muscular de Duchenne no município de São Paulo de 2003 a 2007 Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Orientadora: Sheila Evangelista de Matos Co-orientadora: Francis Meire Fávero Ortensi São Paulo 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA Chefe do Departamento: Profª Drª Débora Amado Scerni Coordenadores do Curso de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares: Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira e Profª. Ms. Francis Meire Fávero Ortensi iii Luana Talita Diniz Ferreira Mortalidade por Distrofia Muscular de Duchenne no município de São Paulo de 2003 a 2007 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira _________________________________________ Profa. Dr. Sissy Veloso Fontes _________________________________________ Dra. Ana Lúcia Langer iv Ferreira, Luana Talita Diniz Mortalidade por Distrofia Muscular de Duchenne no município de São Paulo de 2003 a 2007. / Luana Talita Diniz Ferreira. – São Paulo, 2009. xiii, 34 f. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Título em inglês: Mortality of Duchenne Muscular Dystrophy in São Paulo city from 2003 to 2007. 1. Mortalidade. 2. Distrofias musculares. 3. Distrofia muscular de Duchenne. 4. Estudo descritivo. “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” (Albert Einstein) v Dedicatória A minha família que mesmo observando minhas limitações e minha ausência durante o ano que passou, me apoiou e me incentivou nesta caminhada, Ao meu Pai, eterno incentivador do meu trabalho, sonhos e conquistas, À minha Mãe pela presença constante e amor incondicional. À Dani, Tati e Gabi pelas diferenças que nos fazem crescer como seres humanos, Ao companheiro João Marcelo, pela compreensão, tolerância, paciência, companheirismo e constante incentivo, Aos Amigos, presentes em todos os momentos, pelo apoio, carinho, paciência, compreensão e companhia. vi Agradecimentos A minha orientadora e grande amiga Sheila Evangelista de Matos pelos ensinamentos durante a execução desta pesquisa, pela dedicação a este trabalho, pela confiança constante no meu potencial, e pelo crescimento profissional que compartilhamos juntas, A Márcia Cunha e Francis Fávero pelos ensinamentos durante o crescimento profissional e pelo incentivo, Ao Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira pelo exemplo de profissionalismo e humanização no atendimento de pacientes, Ao Dr. Mauro Taniguchi pelo apoio no caminho nunca antes percorrido no PROAIM – Secretaria Municipal de Saúde, pelo auxílio e permissão da realização deste trabalho, assim como atenção dedicada ao mesmo, Aos colegas da equipe de terapeutas da AACD que torceram comigo e permitiram dedicação a este curso e ao desenvolvimento deste trabalho, E aos professores e colegas de especialização do setor de Doenças Neuromusculares da Escola Paulista de Medicina, que me ajudaram a tornar um sonho, realidade! vii Sumário Dedicatória................................................................................................. vi Agradecimentos.......................................................................................... vii Lista de Siglas e Abreviaturas.................................................................... x Lista de Figuras.......................................................................................... xi Lista de Tabelas......................................................................................... xii Resumo...................................................................................................... xiii 1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 01 1.1. Definição da Doença........................................................................... 02 1.2. Etiopatogenia...................................................................................... 02 1.3. Epidemiologia...................................................................................... 04 1.4. Aspectos Clínicos................................................................................ 05 1.5. Diagnóstico.......................................................................................... 06 1.6. Evolução.............................................................................................. 07 2. OBJETIVOS........................................................................................... 08 3. MÉTODO................................................................................................ 09 3.1.Tipo de Estudo..................................................................................... 09 3.2. Área de Estudo e População............................................................... 09 3.3. Período de Estudo............................................................................... 09 3.4. Critérios de Inclusão............................................................................ 09 3.5. Critérios de Exclusão........................................................................... 10 3.6. Variáveis de Estudo............................................................................. 10 3.7. Fonte de Dados................................................................................... 10 3.8. Procedimento de Coleta de Dados..................................................... 10 3.9. Organização e Manejo do Banco de Dados........................................ 11 3.10.Análise dos Dados............................................................................. 11 3.11.Considerações Éticas da Pesquisa.................................................... 11 4. RESULTADOS....................................................................................... 12 4.1. Óbitos por DMD segundo a distribuição temporal............................... 13 viii 4.2. Óbitos por DMD segundo a pessoa.................................................... 15 4.3. Óbitos por DMD segundo o local de residência e ocorrência do óbito............................................................................................................ 17 4.4. Óbitos por DMD segundo o estabelecimento de ocorrência no município de São Paulo............................................................................. 18 5. DISCUSSÃO.......................................................................................... 19 5.1. Óbitos por DMD segundo tempo......................................................... 19 5.2. Principais aspectos observados segundo pessoa.............................. 20 5.3. Principais aspectos observados segundo o espaço........................... 22 6. CONCLUSÃO......................................................................................... 24 7. ANEXOS................................................................................................. 25 7.1. Anexo 1............................................................................................... 25 7.2. Anexo 2............................................................................................... 26 7.3. Anexo 3............................................................................................... 28 7.4. Anexo 4............................................................................................... 29 7.5. Anexo 5............................................................................................... 30 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 31 Abstract ix Lista de siglas e abreviaturas CEP Comitê de Ética em Pesquisa CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde CID 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão CK Creatinoquinase DCM Distrofia Muscular Tipo Cintura-Membros DMD Distrofia Muscular de Duchenne DMB Distrofia Muscular de Becker DNM Doenças Neuromusculares F Feminino M Masculino PRO-AIM Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise dos Dados SIM Sistema de Informações de Mortalidade SMS-SP Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo x Lista de figuras Figura 1. Representação esquemática do levantamento das 13 certidões de óbitos registradas pelo PRO-AIM com CID 10, código G71.0, município de São Paulo de 2003 a 2007 Figura 2. Distribuição dos óbitos segundo ano de ocorrência, 14 segundo registros do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Figura 3. Distribuição Causa Básica de Morte, segundo PRO-AIM, 16 município de São Paulo, de 2003 a 2007 Figura 4. Distribuição dos óbitos por local de residência segundo 17 dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Figura 5. Distribuição dos óbitos por local de ocorrência do óbito, 17 PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Figura 6. Distribuição dos óbitos por estabelecimento de ocorrência do óbito, PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. xi 18 Lista de tabelas Tabela 1. Número de óbitos gerais, por afecções neurológicas, por 12 distrofias musculares e por DMD registrados no PROAIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Tabela 2. Distribuição dos óbitos por Distrofias Musculares quanto 12 ao sexo segundo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Tabela 3. Taxa de mortalidade por DMD dos registros do PRO- 14 AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 Tabela 4. Descritiva para Idade, dados do PRO-AIM, município de 15 São Paulo, de 2003 a 2007. Tabela 5. Distribuição de Raça, segundo dados do PRO-AIM, 15 município de São Paulo, de 2003 a 2007 Tabela 6. Comparação de Idade para Sexo e Causa Básica de Morte (G71.0) segundo dados do segundo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 xii 16 Resumo Introdução: As Distrofias Musculares compõem o grupo de miopatias hereditárias, caracterizadas por processo de degeneração progressiva, sendo a distrofia muscular de Duchenne (DMD) a mais freqüente desse grupo de doenças. A DMD apresenta uma incidência de 13 a 33 casos em 100.000 crianças que nascem e novo índice de mutação de aproximadamente 1 em 10.000. Objetivos: Verificar a taxa de mortalidade por ano da distrofia muscular de Duchenne no Município de São Paulo segundo tempo, pessoa e espaço, de 2003 a 2007. Método: Estudo descritivo retrospectivo, utilizando dados dos registros de óbitos oriundos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde. Os registros selecionados apresentavam como causa de morte, segundo o CID 10, o código G71.0 e foram revisados para a verificação dos dados. Resultados: Dos 27 óbitos analisados, 92,6% eram do sexo masculino, com idade média de 18,44 anos. Houve uma predominância de indivíduos da raça branca, solteiros, sendo que 25,9% desses tinham de 8 a 11 anos de estudo formal. A distribuição segundo o tempo mostrou manutenção do número de óbitos, assim como das taxas de mortalidade no período de 2003 a 2007. Conclusão: Os resultados do presente estudo no município de São Paulo, assemelham-se à literatura no que diz respeito a maior freqüência de DMD se comparada às outras distrofias. Constatou-se que a avaliação da incidência, prevalência e mortalidade da DMD são importantes para melhor conhecimento do perfil da doença e melhor planejamento da assistência de saúde para esses indivíduos. Palavras- chave: mortalidade, distrofias musculares, distrofia muscular de duchenne, estudo descritivo. Xiii 1. INTRODUÇÃO As doenças neuromusculares são definidas como de um grupo de desordens hereditárias ou adquiridas que afetam a unidade motora (ADAMS et al., 1995; FERNANDES et al., 2007). O termo distrofia (do grego. dys, ‘mal’, ‘anormal’; trophen, ‘nutrição’) significa anomalia do desenvolvimento por formação imperfeita de certos tecidos e, conseqüentemente, dos órgãos por ele formados (DICIONÁRIO DE BIOLOGIA, 1993). Portanto, entende-se por distrofia muscular o grupo de miopatias hereditárias, caracterizadas por um processo contínuo de degeneração progressiva que se alterna com processos de regeneração da musculatura, sendo a distrofia muscular de Duchenne a mais freqüente desse grupo de doenças (BACH, 2004; SEABRA-JÚNIOR et al., 2002; ZATZ, 2002). As distrofias musculares têm sido objeto de muitas pesquisas. Já foram mapeados genes responsáveis por mais de 30 formas de distrofia, cuja herança pode ser autossômica dominante, recessiva ou ligada ao X, sabendo-se que existem formas ainda não identificadas (ZATZ, 2002). As formas mais comumente descritas na literatura são: as distrofias musculares de Duchenne e Becker, distrofia muscular tipo cintura-membros, distrofia fácio-escápulo-humeral, distrofia muscular orofaríngea, distrofia muscular congênita e síndromes miotônicas (doença de Steinert e doença de Thomsen) (OLIVEIRA et al., 2005; SEABRA-JÚNIOR et al., 2002; ZATZ, 2002). Dentre as diferentes miopatias, a distrofia muscular de Duchenne (DMD) é a mais freqüente atualmente, tendo o primeiro caso deste tipo de distrofia sido descrito na Itália em 1836, e identificado apenas em 1852 pelo médico inglês Meryon (BACH, 2004). A DMD é uma das formas mais freqüentes e bem definidas de distrofia muscular (HOLMGREN et al, 1992; BACH, 2004). É uma doença causada por alteração no gene responsável pela produção da distrofina (localizado no braço curto do cromossomo X, locus Xp21), que ocorre em meninos e é caracterizada por progressiva fraqueza muscular, iniciada por volta dos 3 a 5 anos de idade, com rápida progressão e morte provável durante a adolescência ou início da fase adulta (DORIGUZZI et al., 1980; JOHNSON et al., 1985; TALKOP et al., 2003; BACH, 2004). 1.1. Definição da Doença Distrofia muscular refere-se ao grupo de miopatias hereditárias caracterizadas por fraqueza muscular progressiva das fibras musculares, que são gradualmente substituídas por tecido fibroso e/ou gorduroso (HALLUM, 2004). Dentre as miopatias herdadas, cada uma delas tem as suas próprias características genéticas e fenotípicas, e apresentam uma classificação que obedece a critérios como tipo de herança, grupo muscular inicialmente envolvido, curso e gravidade da fraqueza muscular, bem como início das manifestações (SEABRAJÚNIOR et al., 2002; HALLUM, 2004; ZATZ, 2002) A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença de caráter recessivo ligado ao cromossomo X (afeta o sexo masculino), é a mais comum forma de distrofia muscular progressiva na criança, iniciando-se por volta dos 3 anos de vida e evoluindo rapidamente. 1.2. Etiopatogenia O termo miopatia engloba todos os estados patológicos que atuam primariamente na musculatura estriada. Como a atividade dessa musculatura depende da fibra nervosa motora (neurônio motor periférico) que conduz o estímulo nervoso dos cornos anteriores da medula ou dos núcleos motores dos nervos cranianos até a fibra muscular, tanto a lesão desta última como a do neurônio motor periférico poderão resultar em déficit motor (NITRINI et al., 1991). De um modo geral, as formas de apresentação mais comuns da doença seguem abaixo: a) Distrofia Muscular de Duchenne (DMD): caráter recessivo ligado ao cromossomo X (afeta apenas o sexo masculino), é a mais comum forma de distrofia muscular progressiva na criança, iniciando-se por volta dos 3 anos de vida e evoluindo rapidamente. Sua incidência é de cerca de 1 para cada 3500 nascidos vivos do sexo masculino (FREZZA et al., 2005; NITRINI et al., 1991; NOWAK et al., 2004; ZATZ, 2002). O paciente apresenta-se com níveis elevados de CK, inicialmente clinicamente apresenta pseudohipertrofia das panturrilhas, aumento da lordose lombar, marcha com báscula da bacia (anserina) e levantar miopático (manobra de Gowers). Por volta dos 8 a 10 anos o paciente deixa de andar, evoluindo com insuficiência respiratória posteriormente (ADAMS et al., 1995; BUSHBY et al., 2005; FONSECA et al., 2004; NITRINI et al., 1991; NOWAK et al., 2004; ROSEMBERG, 1992; ZATZ, 2002). b) Distrofia Muscular de Becker (DMB): doença de implicações genéticas, laboratoriais e quadro clínico semelhantes à DMD, possuindo herança recessiva ligada ao X, que se inicia mais tardiamente que a DMD. Apresenta evolução lenta (afecção mais benigna) que varia de caso para caso, CK também elevada e sua incidência é de 1 para cada 100.000 habitantes (ADAMS et al., 1995; FREZZA et al., 2005; NITRINI et al., 1991; ROSEMBERG, 1992; ZATZ, 2002). c) Distrofia Muscular tipo Cintura-Membros (DCM): inicia-se geralmente na segunda ou terceira década de vida, tem caráter hereditário autossômico recessivo, apresenta quadro clínico semelhante à DMD e à DMB, caracterizando-se por déficit motor e atrofia de predomínio proximal nas cinturas pélvica e escapular e na musculatura do tronco, com predomínio variável de uma sobre a outra. A CK está elevada, porém em níveis baixos e observa-se que nos casos em que seu aparecimento é precoce, sua evolução é mais rápida (KIRSCHNER et al., 2004; NITRINI et al., 1991; ROSEMBERG, 1992). d) Distrofia Muscular Congênita (DMC): A DMC tem uma prevalência de 1:60.000 ao nascimento, e de 1:100.000 na população geral (REED, 2002). É uma doença de caráter genético autossômico recessivo na maioria dos casos. Não constitui uma entidade bem definida, variando sua sintomatologia, desde a forma mais grave com grande comprometimento motor e psíquico, até as mais benignas caracterizadas por retrações fibrotendinosas que parecem com uma seqüela de afecção durante a gestação, pode ter início intra-útero ou durante o primeiro ano de vida. Caracterizada clinicamente por acentuada hipotonia muscular, fraqueza generalizada com retardo do desenvolvimento motor, retrações fibrotendíneas intensas e precoces e, freqüentemente, distúrbios respiratórios e dificuldade alimentar. No início da segunda década, a cifoescoliose contribui para o agravamento das intercorrências respiratórias, que podem levar ao óbito. (KIRSCHNER et al., 2004; MUNTONI et al., 2004; NITRINI et al., 1991; REED, 2002). Atualmente, segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão (CID- 10), apresenta sigla G71.2 como código da doença. e) Distrofia Muscular Fáscio-Escápulo-Umeral (DMFSH): tem caráter genético dominante, com expressividade variável, possui evolução lenta e descendente, ou seja, afeta inicialmente a face, depois a cintura escapular, tronco e por fim a cintura pélvica. A CK é normal ou pouco elevada e sua incidência é de 0,5 para cada 100.000 habitantes (ADAMS et al., 1995; NITRINI et al., 1991; PELLEGRINO et al., 2008; ROSEMBERG, 1992; ZATZ, 2002) f) Doença de Steinert: é a forma mais comum de distrofia muscular do adulto, tem incidência estimada em 1 em cada 8.500 indivíduos, possui herança autossômica dominante, com idade de início dos sintomas variando desde o nascimento (distrofia miotônica congênita) até após os 60 anos de idade com quadro clínico variável. Apresenta como sintomas fraqueza muscular que atinge principalmente músculos da face, esternocleidomastoideos e músculos distais de membros, miotonia que se manifesta após contração muscular voluntária, clavicie (no homem, catarata, cardiomiopatia e as vezes, atraso intelectual. Uma característica importante é a presença de antecipação clínica, isto é, em genealogias com várias gerações observase um aparente aumento de severidade (e/ou idade de início mais precoce) em gerações sucessivas. (ADAMS et al., 1995; ROSEMBERG, 1992; ZATZ, 2002) Outros tipos clínicos menos comuns também são reconhecidos, como a distrofia muscular emery-dreifuss cuja transmissão é ligada ao sexo, e cuja caracteriza-se por evolução lenta, com estabilização por volta dos 20 anos, sendo que grande parte dos pacientes não perde a capacidade da marcha, apresenta atrofia umero-peroneal, contraturas em cotovelos e tornozelos, rigidez no pescoço e cardiomiopatia (NITRINI et al., 1991; ROSEMBERG, 1992). Entretanto o enfoque será dado à distrofia muscular de duchenne, que será aprofundada neste trabalho. 1.3. Epidemiologia A incidência da distrofia muscular de Duchenne (DMD) no sexo masculino varia de 1:3.000 a 1:3.500 nascidos vivos do sexo masculino, com incidência média de 13 a 33:100.000 nascidos vivos ou 1,9 a 3,4/100.000 habitantes (FREZZA et al., 2005; NITRINI et al., 1991; NOWAK et al., 2004; ZATZ, 2002). Sabe-se que um terço dos novos casos de DMD são decorrentes de mutações novas e dois terços herdados de mãe portadora, que é assintomática (SEABRA-JUNIOR et al., 2002; ZATZ, 1999; ZATZ, 2002). Pouco tem sido encontrado na literatura sobre mortalidade das distrofias musculares, de forma ainda mais especial sobre a distrofia muscular de Duchenne, por esta razão surgiu o interesse em buscar informações sobre estes achados. 1.4. Aspectos clínicos Os sintomas variam a depender do tipo de distrofia apresentado pelo paciente. Entretanto, é sabido que as distrofias são caracterizadas por fraqueza muscular progressiva, evoluindo para atrofia muscular. As distrofias herdadas têm suas próprias características e variam quanto ao grupo muscular inicialmente envolvido, curso e gravidade da fraqueza, bem como idade de início das manifestações (SEABRA-JÚNIOR et al., 2002; HALLUM, 2004; ZATZ, 2002) O (creatinoquinase), paciente inicialmente apresenta-se clinicamente com níveis apresenta elevados de CK pseudohipertrofia das panturrilhas, aumento da lordose lombar, marcha com báscula da bacia, não sendo capazes de andar sobre a planta dos pés (marcha anserina) e apresentam o conhecido levantar miopático (manobra de Gowers), que se caracteriza por apoio sobre pernas, coxas e quadris ao se levantarem do chão ou de uma cadeira (REED, 2002; BACH, 2004). Por volta dos 8 a 10 anos o paciente deixa de andar, evoluindo com insuficiência respiratória posteriormente (ADAMS et al., 1995; BUSHBY et al., 2005; FONSECA et al., 2004; NITRINI et al., 1991; NOWAK et al., 2004; ROSEMBERG, 1992; ZATZ, 2002). A idade do óbito não está relacionada com a idade de início da doença, e sim com a idade em que a criança fica confinada à cadeira de rodas. A causa de óbito é freqüentemente relacionada às complicações cardiomiopáticas ou respiratórias, devido a defeito restritivo causado por fraqueza dos músculos respiratórios, que irá levar a uma falência respiratória que pode ou não ser associada a infecção respiratória (FONSECA et al., 2004). 1.5. Diagnóstico De forma geral o aparecimento dos primeiros sintomas da distrofia são percebidos pelos pais ou médicos. Pode ocorrer uma hipotonia e hipoatividade logo ao nascimento no caso das distrofias musculares congênitas, nota-se um atraso de desenvolvimento por volta dos 2 aos 5 anos de idade com relação às outras crianças da mesma idade quando há distrofia muscular de Duchenne e diminuição para capacidade de deambulação a partir dos 20 anos na distrofia muscular de Becker (REED, 2002; BACH , 2004). Fraqueza muscular proximal (nas cinturas pélvica e escapular) pode ser visível nos casos de distrofia muscular cintura-membros e esta pode iniciar-se apenas na idade adulta. Em casos de distrofia fácio-escápulo-humeral os sintomas iniciam-se na primeira ou segunda década de vida, com dificuldade para asssobiar e sugar, fraqueza da cintura pélvica; enquanto que, na distrofia muscular orofaríngea há oftalmoplegia crônica progressiva associada a disfagia e ptose palpebral que ocorre por volta da quinta década de vida (BACH, 2004; OLIVEIRA et al., 2005). Um diagnóstico preciso baseia-se, na maioria dos casos, na história familiar, nos achados clínicos, laboratoriais e genéticos, podendo ser utilizados eventualmente exames eletrofisiológicos ou histológicos. Os níveis de enzimas musculares esqueléticas, principalmente a creatinoquinase (CK), a biópsia muscular e análise de DNA são amplamente empregados no diagnóstico e na caracterização das distrofias. A eletromiografia (EMG), um exame também freqüentemente utilizado como complementar no diagnóstico das distrofias musculares, estuda a atividade elétrica da contração de fibras musculares e fornece informações sobre a estrutura e funcionamento da unidade motora (REED, 2002; FONSECA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2005). Outras investigações, como a histoquímica muscular, estudos de inervação muscular, microscopia eletrônica, eletrocardiografia e tomografia computadorizada podem fornecer informações adicionais para uma melhor compreensão sobre a evolução da doença, bem como no auxílio do diagnóstico diferencial (FONSECA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2005). 1.6. Evolução As distrofias musculares são doenças de natureza genética, que apresentam herança definida, com caráter evolutivo e incurável. A criança portadora de distrofia muscular de Duchenne evolui com progressão da fraqueza muscular durante a infância e adolescência, perdendo sua capacidade de marcha por volta dos 8 a 12 anos de idade. A partir dos 13 anos aumenta a dificuldade para comer sem auxílio, podendo haver também fraqueza do miocárdio e escoliose devido à fraqueza da musculatura do tronco. A hipoventilação pulmonar pode surgir de forma secundária à fraqueza da musculatura respiratória, sendo necessária assistência ventilatória não-invasiva (GOMEZ-MERINO et al., 2002; REED, 2002; BACH, 2004). As características da evolução da doença estão diretamente ligadas à fraqueza e atrofia muscular progressiva, evoluindo com insuficiência respiratória pela falência da musculatura da ventilação ou cardíaca, que propiciam o óbito (GOMEZMERINO et al., 2002; HALLUM,2004). 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Primário Descrever o perfil e a mortalidade da distrofia muscular de Duchenne no município de São Paulo no período de 2003 a 2007 e sua taxa de mortalidade. 2.2. Objetivos Secundários a) Descrever os óbitos por distrofia muscular de Duchenne de acordo com as características epidemiológicas relativos ao tempo, pessoa e espaço. b) Calcular as taxas de mortalidade das distrofias musculares por ano de ocorrência. c) Investigar a magnitude da mortalidade da distrofia muscular de Duchenne dentro do capítulo das miopatias e das doenças neurológicas. 3. MÉTODO 3.1. Tipo de estudo Estudo descritivo retrospectivo. 3.2. Área de estudo e População O estudo ocorreu no município de São Paulo, maior capital do Brasil, com taxa populacional de 10.834.244 habitantes (SEADE, 2007). A população estudada correspondeu aos pacientes que faleceram por distrofia muscular de Duchenne nesse município, segundo os registros do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM) da Secretaria de Municipal de Saúde (SMSSP). 3.3. Período de Estudo Utilizou-se os dados das declarações de óbito ocorridos entre 2003 a 2007, uma vez que as declarações destes óbitos estavam disponíveis e arquivadas no PROAIM para consulta. 3.4. Critérios de Inclusão Foram incluídos os óbitos ocorridos no município de São Paulo que apresentaram segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde em sua décima revisão (CID 10), o código G71.0, como causa básica de morte ou causa múltipla de morte no atestado de óbito. Os pacientes deveriam ser residentes neste município e os registros deveriam conter a distrofia muscular de Duchenne como causa de morte. 3.5. Critérios de Exclusão Foram excluídos os óbitos registrados com o código G71.0 (CID 10), com diagnóstico de miopatia ou distrofia não especificada, ou qualquer outro tipo de distrofia muscular que não a distrofia muscular de Duchenne. 3.6. Variáveis de estudo As variáveis investigadas para este estudo foram relativas ao tempo (ano de ocorrência do óbito); à pessoa (sexo, idade, raça, estado civil e escolaridade); ao espaço (zona de ocorrência do óbito, zona de residência e estabelecimento de ocorrência do óbito). 3.7. Fonte de dados Os dados foram oriundos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que na cidade de São Paulo é gerenciado pelo Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM). As informações foram retiradas das declarações de óbitos previamente coletadas e arquivadas junto ao Serviço Funerário Municipal (responsável pelos enterramentos no âmbito do município) até o ano de 2006, e hoje são coletadas e direcionadas para os arquivos do PRO-AIM, implantado pelo da Secretaria Municipal de Saúde. 3.8. Procedimentos de coleta de dados As declarações de óbito com o código G71.0 (CID10) foram selecionados e revisados. Após este procedimento, foram incluídos apenas os registros que cumpriram os critérios de inclusão desta pesquisa, sendo descartados os indivíduos que apresentassem qualquer dos critérios de exclusão. 3.9. Organização e Manejo do Banco de Dados Os registros dos óbitos são armazenados de forma eletrônica pelo PRO-AIM. Após a coleta dos dados este banco foi revisado e foram eliminadas duplicidades e registros de pacientes que não cumpriram os critérios de caso de DMD. Para realização da análise descritiva os arquivos foram convertidos para os softwares SPSS V11.5, Minitab 15 e Excel XP. Houve ainda a padronização das taxas de mortalidade para a idade da população do estudo. 3.10. Análise dos dados A análise descritiva dos dados obtidos foi apresentada por sua distribuição percentual por categoria ou se variável contínua pelo cálculo de média e mediana. Para caracterizar os resultados das variáveis qualitativas foi usado o teste de igualdade de duas proporções (sexo, local, causa mortis, ano de óbito, local de residência, local de ocorrência, raça, escolaridade). As comparações das demais variáveis foram realizadas por meio da ANOVA. 3.11. Considerações Éticas da Pesquisa Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do município de São Paulo e atende às recomendações da Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho nacional de Saúde para Pesquisa Científica em seres humanos. O estudo foi fundamentado na análise de dados obtidos das declarações de óbito por distrofias musculares no município de São Paulo, registrados no programa SIM da Secretaria Municipal de Saúde, gerenciados pelo PRO-AIM. Nenhuma informação que permita identificar as pessoas incluídas no estudo foi divulgada, de forma a garantir a privacidade e confidencialidade das informações e o anonimato dos sujeitos submetidos à pesquisa, utilizando-se os dados exclusivamente para os propósitos da pesquisa (Anexos 1 e 2). 4. RESULTADOS Segundo dados do PRO-AIM, foram registradas 380.524 declarações de óbito entre todas as causas de morte no período entre 2003 a 2007, no estado de São Paulo. Dessas, 8.507 foram por afecções neurológicas, 145 por doenças da junção mioneural e dos músculos, e apenas 78 registros de óbitos por distrofias musculares, isolados no município de São Paulo (Tabela1). Tabela 1. Número de óbitos gerais, por afecções neurológicas, por distrofias musculares e por DMD registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. ANO DO ÓBITO TOTAL DE ÓBITOS Nº DE ÓBITOS POR DOENÇAS DO CAPITULO VI CID 10 Nº DE ÓBITOS POR DOENÇAS DA JUNÇÃO MIONEURAL E DOS MÚSCULOS Nº DE ÓBITOS POR DISTROFIA MUSCULAR Nº DE ÓBITOS POR DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE TAXA DE MORTALIDADE POR DMD NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 2003 76759 1313 27 9 3 0,03 2004 77226 1508 32 22 6 0,06 2005 73059 1624 18 17 6 0,06 2006 77505 1983 33 12 6 0,06 2007 75975 2079 35 18 6 0,06 TOTAL 380524 8507 145 78 27 0,25 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Durante o período do estudo, foram registradas 78 declarações de óbito por distrofias musculares. Destas, 58 (74,4%) eram do sexo masculino e 20 (25,6%) do sexo feminino, sendo que, dos óbitos ocorridos por DMD, 92,6% eram do sexo masculino (Tabela 2). Verificou-se que os óbitos por DMD ocorreram com maior freqüência por volta dos 11 a 20 anos de idade (19 óbitos) (Anexo 3). Tabela 2. Distribuição dos óbitos por Distrofias Musculares quanto ao sexo segundo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. SEXO DISTROFIAS MUSCULARES N % FEMININO 20 25,6 MASCULINO 58 74,4 TOTAL 78 100 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE N % 2 7,4 25 92,6 27 100 p-valor: <0,001* As declarações de óbito registradas com base na CID 10 código G71.0, como causa básica ou múltipla de morte, totalizaram 78 casos de 2003 a 2007. Mediante a revisão dessas declarações de óbito, considerando-se os critérios de inclusão e exclusão do presente estudo, foram selecionados 27 (34,6%) casos de distrofia muscular de Duchenne. Os casos excluídos deviam-se ao fato de não existir especificação quanto ao tipo da distrofia apresentada na declaração de óbito (51,3%), assim como as declarações que apresentaram diagnóstico de distrofia muscular congênita (7,7%) ou outros (6,4%) (Figura 1). Figura 1. Representação esquemática do levantamento das certidões de óbitos registradas pelo PRO-AIM com CID 10, código G71.0, município de São Paulo de 2003 a 2007 78 óbitos por Distrofias Musculares CID 10 – G71.0 Incluídos 27 (34,6%) DMD Excluídos 51 (65,4%) Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 40 (51,3%) 06 (7,7%) Distrofia Muscular Distrofia Muscular Congênita Não Especificada 4.1. Óbitos por DMD segundo a distribuição temporal 05 (6,4%) Outros tipos de DistrofiMuscular CID 10 – G71.2 Foram registrados 27 óbitos por DMD no período de 2003 a 2007. Embora o número de óbitos por distrofias musculares tenha apresentado variação durante os anos que seguiram, nota-se que de 2003 a 2004 houve um aumento no número de mortes por DMD, enquanto que de 2004 a 2007, o número por ano de óbitos por DMD manteve-se sem alterações (Figura 2). Figura 2. Distribuição dos óbitos segundo ano de ocorrência, segundo registros do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Observando se o período de estudo, foi encontrada uma manutenção da taxa de mortalidade por DMD de 2004 a 2007 (0,06/100.000 habitantes), assim como para as taxas ajustadas para a idade (0,16 e 0,17/100.000), havendo variação apenas no ano de 2003 (0,03/100.000 habitantes), notando-se pequenas variações entre os coeficientes de mortalidade nessa população, neste período (Tabela 3). Tabela 3. Taxa de mortalidade por DMD dos registros do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 ANO Nº DE ÓBITOS POR DMD POPULAÇÃO TAXA DE MORTALIDADE* TAXA AJUSTADA PARA A IDADE* 2003 2004 2005 2006 2007 3 6 6 6 6 10629245 10697738 10766673 10824242 10882121 0,03 0,06 0,06 0,06 0,06 0,08 0,16 0,16 0,17 0,17 --- TOTAL 27 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP --- Nota:* Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes 4.2. Óbitos por DMD segundo a pessoa --População: SEADE Quanto aos aspectos sociodemográficos dos 27 casos incluídos no estudo, 92,6% eram do sexo masculino (Anexo 4). A média de idade encontrada foi de 18,44 anos , com idades variando entre 13 e 30 anos, e mediana de 18 anos (Tabela 4). Tabela 4. Descritiva para Idade, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Idade Média 18,44 Mediana 18 Desvio Padrão 4,03 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Quanto à raça, houve maior prevalência de indivíduos de raça branca (Tabela 5). Tabela 5. Distribuição de Raça, segundo dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Raça N % Amarelo 1 3,7% Branco 23 85,2%* Negro 2 7,4% Pardo 1 3,7% Fonte: PRO-AIM – SMS/SP p-valor: <0,001* Considerando o estado civil notou-se que todos os indivíduos registrados com o CID 10 G71.0 e DMD eram solteiros. Com relação à escolaridade dos indivíduos que foram à óbito por DMD, observa-se que houve uma variação referente a anos de estudo desses indivíduos (Anexo 5). Foi encontrado que 25,9% dos indivíduos tinham de 8 a 11 anos de estudo formal e 22,2% não tinham nenhum nível de escolaridade, porém não foi observado significância estatística quanto à escolaridade. O número de óbitos por DMD segundo raça e ano de ocorrência também não apresentaram diferença estatisticamente significante, tendo em vista o número relativamente pequeno da casuística. Nem todos os pacientes apresentavam como causa mortis a distrofia muscular de Duchenne (Figura 3). Figura 3. Distribuição Causa Básica de Morte, segundo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. . Dis tribu iç ão de C au s a Mo rtis (G 71.0) 14,8% 85,2% Nã o S im Fonte: PRO-AIM – SMS/SP p-valor: <0,001* Alguns apresentavam este mesmo diagnóstico como causa múltipla de morte (14,8%). Foi assim, possível comparar idade, sexo e causa de morte como mostra a Tabela 6. Tabela 6. Comparação de Idade para Sexo e Causa Básica de Morte (G71.0) segundo dados do segundo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Idade Média Mediana Desvio Padrão CV Sexo Feminino Masculino 18,00 18 1,41 7,9% 18,48 18 4,18 22,6% Causa Básica de Morte Não Sim 17,25 18 4,35 25,2% 18,65 18 4,04 21,7% Min Max N p-valor 17 19 2 13 30 25 13 21 4 0,875 13 30 23 0,531 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 4.3. Óbitos por DMD segundo local de residência e ocorrência Dos 27 óbitos ocorridos no município de São Paulo, constatou-se que todos eram residentes neste município. Entretanto, para melhor compreensão e análise dos dados, os locais de residência e óbito foram classificados por zonas do município (Centro, Norte, Sul, Leste e Oeste). No total de óbitos por DMD verificou-se que 37% dos indivíduos residiam na zona leste e 33,3% na zona sul do município de São Paulo (Figura 4). Figura 4. Distribuição dos óbitos por local de residência segundo dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Dis tribuiç ão de R es idênc ia 3,7% 33,3% 37,0% 7,4% 18,5% C entro L es te Norte O es te S ul Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Quanto ao local de ocorrência, 37% dos óbitos ocorreram também na zona leste, 22,2% na zona oeste e apenas 11,1% na zona norte (Figura 5). Figura 5. Distribuição dos óbitos por local de ocorrência do óbito, PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Dis tribuição de Oc orrênc ia 14,8% 14,8% 22,2% 37,0% 11,1% C entro L es te Norte Oes te S ul Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 4.4. Óbitos por DMD segundo o estabelecimento de ocorrência no município de São Paulo Ao realizar-se o levantamento dos estabelecimentos de ocorrência dos óbitos por distrofia muscular de Duchenne, constatou-se o envolvimento de alguns hospitais (88,9% dos casos) e óbitos ocorridos em domicílio (Figura 6). Não foi possível comparar hospitais referências no recebimento deste tipo de paciente visto o número pequeno da amostra e variedade de hospitais onde ocorreram os óbitos. Figura 6. Distribuição dos óbitos por estabelecimento de ocorrência do óbito, PROAIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Dis tribuição de L ocal 11,1% 88,9% Domicílio Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Hospital 5. DISCUSSÃO A epidemiologia descritiva da Distrofia muscular de Duchenne não é muito ampla devido ao fato de ser uma doença pouco freqüente. Entretanto, existem estudos de regiões específicas do mundo, que informam dados sobre incidência e prevalência, mas não especificam informações sobre a mortalidade desse grupo de doenças neuromusculares (RADHAKRISHNAN et al., 1987; PETERLIN et al., 1997; SICILIANO et al., 1999; DARIN et al., 2000; JEPPESEN et al., 2003; TALKOP et al., 2003). No Brasil, poucos estudos têm abordado a epidemiologia e mortalidade das distrofias musculares, e especificamente da distrofia muscular de Duchenne, o que restringe o conhecimento sobre o impacto dessa doença na população do país. Por esta razão, estudos epidemiológicos e sobre mortalidade podem ser úteis no sentido de levantar dados sobre essa população, visando investigar sítios de assistência à saúde específicos para esses indivíduos, esclarecer informações sobre essas doenças, bem como desenvolver ações para aumentar sobrevida e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. 5.1. Óbitos por DMD segundo tempo Levando-se em conta que uma grande parte das distrofias musculares registradas nas declarações de óbito arquivadas pelo PRO-AIM não foram especificadas, o presente estudo verificou que a DMD é uma doença relativamente rara no município de São Paulo. Baseado nos resultados encontrados, a DMD pode ser classificada como uma doença menos prevalente no município de São Paulo do que o que a literatura considera mundialmente. Embora um estudo realizado na Estonia (norte da Europa) tenha encontrado um número de 33 casos de distrofia muscular de Duchenne, num período de estudo que se seguiram por 5 anos (TALKOP et al., 2003), assim como o presente estudo, outros estudos discordam dos encontrados. Em um estudo realizado em Benghazi, na Líbia (norte da África) observou-se uma prevalência de 6/100.000 habitantes por distrofia muscular de Duchenne (RADHAKRISHNAN et al., 1987), outro estudo realizado na Dinamarca apresentou taxa de prevalência de 3,1 a 5,5/ 100.000 habitantes (JEPPESEN et al., 2003). A taxa de mortalidade segundo estudo realizado na Dinamarca, baseada em pacientes que fizeram uso de ventilação mecânica, no período de 1999 a 2001 foi de 3,8 no grupo de 15 a 19 anos de idade e de 2,6 no grupo 20 a 24 anos de idade (JEPPESEN et al., 2003). O que discorda dos dados obtidos nesta pesquisa, onde a taxa de mortalidade encontrada variou de 0,03 a 0,06/100.000 habitantes, e taxa ajustada entre 0,08 a 0,17/100.000 habitantes. É importante considerar que pode estar ocorrendo falha nos registros de óbito por distrofias musculares. Observa-se neste estudo que não houve registros de óbito quanto à distrofia muscular de Becker, distrofia muscular fáscioescápulo-umeral, doença de Steinert, distrofia muscular tipo Emery-Dreifuss, e existiam apenas 1 registro de óbito para distrofia muscular tipo cinturas e apenas 1 registro da forma oculofaríngea. Acredita-se ser necessária a classificação para os 40 tipos de distrofia muscular não-especificadas para melhor definição da população estudada. Um dado a ser analisado é a manutenção da taxa de mortalidade por DMD que se seguiu nos anos de 2004 a 2007. Entretanto, não foram encontrados dados na literatura sobre acompanhamento da mortalidade por DMD no decorrer de anos, sendo descrita apenas a taxa de mortalidade generalizada, não se especificando por ano (JEPPESEN et al., 2003). Esse é um dado que merece ser melhor analisado em estudos futuros pois é de interesse epidemiológico, pois segundo um estudo de mortalidade em Esclerose Lateral Amiotrófica há variações nas taxas de incidência e mortalidade da doença na literatura mundial, o que pode ser indicativo de mudança nos fatores epidemiológicos (CHIÒ et al., 2005). 5.2. Principais aspectos observados segundo pessoa É importante ressaltar que, segundo a literatura, a distrofia muscular de Duchenne é uma doença que acomete quase que exclusivamente indivíduos do sexo masculino, visto que é uma doença autossômica recessiva ligada ao cromossomo sexual X (BACH, 2004; HALLUM, 2004). Observa-se no presente estudo uma grande prevalência de acometimento de indivíduos do sexo masculino (92,6%), sendo atípica a presença de 2 indíviduos do sexo feminino diagnosticados como distrofia muscular de Duchenne. Dados da literatura concordam com resultados encontrados relativos ao sexo no estudo de Moriuchi et al. em 1993, onde foram encontrados, em análise de autópsias, 2 casos de distrofia muscular de Duchenne no sexo feminino (MORIUCHI et al., 1993). E concordam também com Gardner (1995) que relata ocorrência de um caso de severa DMD em sexo feminino (GARDNER et al., 1995). Entretanto, na maioria dos estudos epidemiológicos não se encontram descritos casos de DMD em meninas (RADHAKRISHNAN et al., 1987; PETERLIN et al., 1997; SICILIANO et al., 1999; DARIN et al., 2000; JEPPESEN et al., 2003; TALKOP et al., 2003). Acredita-se ser necessária, em estudos futuros, confirmação do diagnóstico dessas pacientes encontradas, mas para tanto será necessária uma busca nos centros onde as mesmas foram diagnosticadas por análise de DNA e biópsia muscular A média da idade de óbito da população do estudo foi de 18,44 anos e aproximou-se da idade encontrada nos estudos realizados na Estonia (média 15 anos), Japão (média 18,96 anos), Estados Unidos (média 25,7 anos) e Dinamarca (20 a 24 anos) (MORIUCHI et al., 1993; GOMEZ-MERINO et al., 2002; JEPPESEN et al., 2003; TALJOP et al., 2003). Acredita-se que a média da idade de óbito nos Estados Unidos e Dinamarca seja discretamente elevada, se comparada aos demais locais onde outros estudos foram realizados, pela maior facilidade de acesso à equipamentos de assistência ventilatória, permitindo maior sobrevida a esses pacientes (GOMEZMERINO et al., 2002; JEPPESEN et al., 2003). Com relação à raça e ao nível de escolaridade dos pacientes com diagnóstico de distrofia muscular de Duchenne, o presente estudo verificou que houve predominância de indivíduos de raça branca dentre os óbitos por DMD e a maior parte deles apresentava-se com 8 a 11 anos de escolaridade. Entretanto não se encontra facilmente na literatura dados que apontem a predominância de raça ou nível de escolaridade dos indivíduos acometidos pela distrofia muscular de Duchenne. Um estudo epidemiológico sobre distrofias musculares progressivas, realizado em 1981, notou que predominaram os casos do sexo masculino, na faixa etária de 5 a 19 anos, não havendo preponderância de cor (ABATH et al., 1981). O estado civil é um dado que não apresentou variação estatística visto que todos os indivíduos eram solteiros e não foram encontrados também relatos na literatura sobre este aspecto, portanto não houve relevância deste dado perante os casos dessa doença. 5.3. Principais aspectos observados segundo o espaço Os estudos epidemiológicos dirigidos a DMD normalmente discorrem sobre dados de incidência e prevalência, idade de início dos sintomas, perda da marcha, falência respiratória e causas de óbito, sendo que alguns poucos estudos fazem menção às taxas de mortalidade da doença, e menos ainda a locais de residência e óbito desses indivíduos (DARIN et al., 2000; JEPPESEN et al., 2003; TALKOP et al., 2003). Observou-se que a maior freqüência de local de residência e local de ocorrência do óbito situavam-se na zona leste do município. Não há informações na literatura sobre mortalidade de DMD na cidade de São Paulo. Acredita-se que essa alta freqüência seja em decorrência ao fato de que esta é uma das regiões mais populosas do município (SEADE, 2007). Tendo em vista que centros de referência no diagnóstico e tratamento das distrofias musculares no município de São Paulo são ligados a grandes hospitais no município, questiona-se no presente estudo a pequena quantidade de registros de óbito dessas doenças nesses hospitais. Acredita-se que a redução das taxas de mortalidade encontradas no presente estudo pode ser explicada pela não confirmação do diagnóstico visto que as análises de biópsia muscular e DNA atualmente são realizadas apenas em dois grandes centros ligados a instituições de ensino no município de São Paulo e devido à dificuldade de acesso a centros-referência no tratamento dessas doenças. Uma outra justificativa para esses achados é a falta de conhecimento dos profissionais da área de saúde sobre esse grupo de doenças pouco comum na população mundial, mas de grande impacto do ponto de vista de limitação funcional na vida dos portadores da doença assim como da família e comunidade que os cerca. Esta hipótese pode justificar também a falta de especificidade no tipo de distrofia muscular registrada nas declarações de óbito encontradas neste estudo. Os resultados apresentados neste estudo devem ser analisados considerando-se algumas limitações. Os dados de mortalidade utilizados foram coletados no PRO-AIM, que no Estado de São Paulo é responsável pela inserção de dados no Sistema Oficial de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Não há sub-registros de certidões de óbito, o que permite confiabilidade dos dados. Por outro lado, os atestados de óbitos contêm algumas informações incompletas e/ou imprecisas, e uma vez que são dados secundários, as informações não puderam ser aprofundadas, verificadas ou até melhor investigadas. Outro aspecto relacionado à utilização de certidões de óbitos como fonte de dados é que há limitações na investigação dos fatores que influenciam a sobrevida e a mortalidade como: tipo da distrofia muscular, tempo de diagnóstico, critério diagnóstico utilizado, ou mesmo a acurácia do diagnóstico. Vale ressaltar que as taxas de mortalidade podem sofrer variações devido à melhoria nos serviços de saúde e cuidados aos pacientes, bem como o desenvolvimento de técnicas ou critérios mais sensíveis de diagnóstico. O período de tempo do estudo foi curto, não permitindo inferir conclusões, pois pode ser simplesmente fruto de uma tendência no momento da análise e que novos estudos devem ser realizados por períodos maiores para confirmar as tendências de aumento nas taxas de mortalidade. Considerando-se que a DMD é uma doença relativamente pouco freqüente, recomenda-se que mais estudos sobre epidemiologia da doença no Brasil sejam desenvolvidos visando aprimorar não só o melhor conhecimento desta doença, assim como a melhor assistência aos pacientes. 6. CONCLUSÃO • O perfil e a mortalidade por DMD no município de São Paulo entre 2003 a 2007 foram inferiores aos descritos na literatura em diferentes lugares do mundo, sendo considerada uma doença relativamente rara no município. • A distribuição dos óbitos segundo o tempo mostrou-se estável em relação ao número de óbitos, assim como das taxas de mortalidade no período do estudo, exceto o ano de 2003. • A média da idade de ocorrência do óbitos foi de 18,44 anos. • A raça branca foi a que predominou dentre todas as raças entre os óbitos por DMD. • Na distribuição dos óbitos segundo local verificou-se não houve grande impacto quanto ao local de residência e local de ocorrência do óbito. • Na distribuição dos óbitos segundo o local de ocorrência sugere-se que não há uma busca preferencial para centros-referência no tratamento de distrofias musculares, na iminência do óbito. • A avaliação da incidência, prevalência e mortalidade da DMD é importante para melhor planejamento da assistência de saúde para esses indivíduos. 7. ANEXOS 7.1. Anexo 1 Termo de Compromisso Nós, abaixo assinados, investigadores responsáveis pelo projeto “Mortalidade por distrofia muscular de Duchenne no município de São Paulo de 2003 a 2007” comprometemo-nos a preservar o anonimato dos sujeitos da pesquisa, bem como garantir o sigilo e a confidencialidade no manuseio das informações relativas aos pacientes estudados. Garantimos, por outro lado, que os dados coletados serão utilizados exclusivamente com os propósitos estabelecidos nos objetivos dessa pesquisa. São Paulo, 01 de dezembro de 2008. Sheila Evangelista de Matos Luana Talita Diniz Ferreira Orientadora 7.2. Anexo 2 Aluna 7.3. Anexo 3 Tabela 1a. Número de óbitos por DMD segundo ano de ocorrência e faixa etária, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 FAIXA ETÁRIA EM ANOS 2003 De 0 a 10 anos De 11a 20anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos De 61 a 70 anos De 71 a 80 anos Mais que 81 anos TOTAL 2004 De 0 a 10 anos De 11a 20anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos De 61 a 70 anos De 71 a 80 anos Mais que 81 anos TOTAL 2005 De 0 a 10 anos De 11a 20anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos De 61 a 70 anos De 71 a 80 anos Mais que 81 anos TOTAL 2006 De 0 a 10 anos De 11a 20anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos De 61 a 70 anos De 71 a 80 anos Mais que 81 anos TOTAL 2007 De 0 a 10 anos De 11a 20anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos De 61 a 70 anos De 71 a 80 anos Mais que 81 anos TOTAL AMOSTRA TOTAL Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 7.4. Anexo 4 DISTROFIAS MUSCULARES N % DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE N % 0 4 2 1 0 0 1 1 0 9 0 5,1 2,5 1,3 0 0 1,3 1,3 0 11,5 0 3 0 0 0 0 0 0 0 3 0 11,1 0 0 0 0 0 0 0 11,1 2 6 5 3 2 1 1 0 2 22 2,5 7,7 6,5 3,9 2,5 1,3 1,3 0 2,5 28,2 0 3 3 0 0 0 0 0 0 6 0 11,1 11,1 0 0 0 0 0 0 22,2 0 7 5 0 2 2 0 0 1 17 0 8,9 6,5 0 2,5 2,5 0 0 1,3 21,7 0 4 2 0 0 0 0 0 0 6 0 14,9 7,4 0 0 0 0 0 0 22,3 0 5 4 0 0 1 0 1 1 12 0 6,5 5,1 0 0 1,3 0 1,3 1,3 15,5 0 3 3 0 0 0 0 0 0 6 0 11,1 11,1 0 0 0 0 0 0 22,2 2 7 4 3 1 1 0 0 0 18 78 2,5 8,9 5,2 3,9 1,3 1,3 0 0 0 23,1 100 0 6 0 0 0 0 0 0 0 6 27 0 22,2 0 0 0 0 0 0 0 22,2 100 Tabela 2a. Características sociodemográficas dos óbitos por DMD, registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007 TOTAL CARACTERISTICAS N % Feminino 2 7,4 Masculino 25 92,6 TOTAL 27 100 18,44 --- 18 --- 13-30 --- Brancos 23 85,2 Negros 2 7,4 Amarelos 1 3,7 Pardos 1 3,7 TOTAL 27 100 Solteiros 27 100 Casados 0 0 Viúvos 0 0 Separados/ Outros 0 0 TOTAL 27 100 Nenhuma 6 22,2 De 1 a 3 anos 1 3,8 De 4 a 7 anos 4 14,8 De 8 a 11 anos 7 25,9 De 12 a mais 2 7,4 Ignorados 7 25,9 TOTAL Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 27 100 SEXO IDADE Média Mediana Mínima-Máxima RAÇA ESTADO CIVIL ESCOLARIDADE 7.5 Anexo 5 Tabela 5a. Distribuição de Escolaridade segundo dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2003 a 2007. Escolaridade N % Nenhum 6 22,2% De 1 a 3 1 3,7% De 4 a 7 4 14,8% De 8 a 11 7 25,9%* De 12 a mais 2 7,4% Fonte: PRO-AIM – SMS/SP p-valor: <0,001* 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abath FGC, Duque BB, Abath GM. Distrofia muscular progressiva: estudo histopatologico e epidemiológico. 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Methods: Descriptive and retrospective study, using data from death certificates contained of the System of Information on Mortality (SIM) offer by department of Health. The registers selected had as death cause, according to CID 10, the G71.0 code, and had been revised for the verification of data. Results: Of the 27 death cases analyzed, 92.6% were male, with average age of 18,44 years. It had a predominance of individuals of the white race, single, and 25.9% had between 8 to 11 years of formal study. The distribution according to time showed maintenance of the number of deaths, as well as of the mortality rates, in the period of 2003 the 2007. Conclusions: The results of this study in the city of São Paulo, agree with literature in the high frequency of DMD if compared with the others dystrophies types. It was evidenced that the evaluation of the incidence, prevalence and mortality of the DMD are important for better knowledge of the profile of the disease and better planning of the assistance of health for these individuals. Keywords: mortality, muscular dystrophies, Duchenne muscular dystrophy, descriptive study.