HÁBITOS ALIMENTARES DE MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) DA REGIÃO NORDESTE DE GUARULHOS, SP Eduardo Guilherme Santos; Maria Ester Chaves (Orientador) - Ciências Biológicas [email protected] Palavras-chave: Chiroptera; dieta; frugivoria; insetivoria, Guarulhos São conhecidas pelo menos 180 espécies de plantas cujas partes (frutos, néctar ou folhas) são consumidas por morcegos no Brasil. Desse modo, em regiões de florestas fragmentadas com grande interferência antrópica, o papel dos morcegos como dispersores de sementes é de fundamental importância. Por consequência, trabalhos que visam conhecer acerca da dieta desses animais podem trazer informações valiosas para trabalhos de reflorestamento. Esse estudo visa relacionar as espécies de morcegos e seus hábitos alimentares em propriedades particulares situadas na região Nordeste de Guarulhos. As capturas estão sendo realizadas através de seis a nove redes de neblina (“mist net”) instaladas em trilhas na mata, em pontos de potencial passagem dos morcegos. As capturas ocorrem preferencialmente em noites de lua nova e minguante e duram as seis primeiras horas da noite. Os morcegos capturados são colocados em sacos de pano para defecar, depois são analisados e posteriormente liberados. Parte dos exemplares é encaminhada para a realização de exame do vírus da raiva. Em laboratório, as amostras de fezes são removidas dos sacos de pano e acondicionadas em eppendorfs com álcool 70%, etiquetados com número e data de coleta. Posteriormente, as amostras fecais são analisadas sob lupa para separação e identificação das sementes e outros itens alimentares contidos no material fecal. As sementes são separadas em morfotipos de acordo com a morfologia e comparadas com a bibliografia disponível. Até o presente momento, foram separados 21 morfotipos de sementes diferentes, dos quais 11 foram identificados ao nível de família. Dentre as espécies de morcegos capturadas, as que apresentaram maior diversidade de frutos consumidos foram: Artibeus frimbriatus (10 morfotipos), Sturnira lilium (08 morfotipos), Artibeus lituratus (06 morfotipos) e Carollia perspicillata (05 morfotipos). Para essas espécies, os morfotipos já identificados mostram as famílias Urticaceae (=Cecropiaceae), Solanaceae e Piperaceae como as mais consumidas pelas espécies de Artibeus sp., Sturnira lilium e Carollia perspicillata, respectivamente. Como era esperado, as espécies hematófagas Desmodus rotundus e Diphylla ecaudata traziam apenas sangue digerido em suas fezes. Morcegos nectarívoros como Glossophaga soricina, Anoura caudifera e A. geoffroyi apresentaram, por sua vez, polpa de frutos e, eventualmente, insetos. Morcegos insetívoros do gênero Myotis apresentam fragmentos de insetos, ainda não identificados. Considerando que famílias como Urticaceae incluem espécies de plantas pioneiras, fica clara a contribuição desses animais nos processos de reflorestamento. - 23 -