Cenários para a economia brasileira e o comércio varejista

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O que esperar de 2012: Cenários para a economia brasileira e o
comércio varejista
Divisão Econômica
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
O presente trabalho tem por objetivo traçar cenários para a trajetória do comércio varejista no
ano de 2012. Esperamos, no cenário base, que o volume de vendas do varejo deve começar o
ano em ritmo mais moderado. Entretanto, deve reverter essa tendência a partir do segundo
trimestre e atingir um crescimento robusto na segunda metade do ano. Desta forma
projetamos um crescimento de 6,5% das vendas reais do varejo neste ano. Os riscos para esse
cenário são provenientes do ambiente externo com possibilidades não desprezíveis de que um
aprofundamento da crise internacional venha a impactar negativamente a atividade
econômica.
Introdução
O ano inicia em meio a grandes incertezas na área externa. A crise da dívida na Europa
continua gerando volatilidade nos mercados e abalando a confiança dos agentes econômicos
ao redor do mundo. A incapacidade de recuperação da economia norte-americana e as
incertezas em relação ao futuro da China também preocupam. Qualquer cenário deve levar
em conta essas condições, que limitam a capacidade de enxergar à frente com possibilidades
não desprezíveis de um novo aprofundamento da crise internacional, já que não é avistada
uma solução de curto prazo para os problemas de superendividamento. No entanto, no
cenário base, acreditamos que os efeitos contracionistas advindos das turbulências externas se
intensificarão no início de 2012, mas deverão diluir-se ao longo do ano.
Cenário Base - Principais Variáveis
2008
2009
2010
2011 *
2012 *
Volume de Vendas do Varejo1 (var. - %)
PIB (var. real - %)
IPCA (var. %)
9,1%
5,2%
5,9%
5,9%
-0,3%
4,3%
10,9%
7,5%
5,9%
6,0%
2,9%
6,5%
6,5%
3,5%
5,5%
Concessões de Crédito2 (var. nominal -%)
Massa de Rendimentos Real (var.- %)
Taxa média de Desocupação (%)
Superávit Primário ( % do PIB)
6,4%
7,2%
7,9%
3,4%
8,8%
2,3%
8,1%
2,0%
21,7%
9,4%
6,7%
2,7%
10,7%
5,0%
5,9%
3,3%
11,0%
6,6%
5,8%
3,1%
* Projeções
1 PMC Restrita; 2Concessões acumuladas à Pessoa Física
Fonte: IBGE, Banco Central do Brasil e Divisão Econômica/CNC
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No primeiro trimestre devemos conviver com uma atividade econômica ainda tímida. No início
desse ano, um menor crescimento mundial continuará impactando negativamente as
exportações assim como a volatilidade dos ativos devem seguir reduzindo o nível de
investimento e consumo. Já no segundo semestre, esperamos que o impacto da reversão das
políticas econômicas adotadas recentemente serão sentidos em sua plenitude. O
afrouxamento monetário proveniente de taxas de juros reais em níveis históricos muito
baixos, os incentivos fiscais provocados pelo aumento do salário mínimo e a redução pontual
de impostos devem dar novo fôlego à demanda interna e favorecer o setor de serviços. A
redução dos juros reais também deve contribuir para um bom desempenho das concessões de
crédito. O arrefecimento dos preços, juntamente a uma taxa de desemprego reduzida devem
favorecer os rendimentos reais dos trabalhadores, contribuindo também para um bom
desempenho do setor.
Cenário Internacional – O mundo desenvolvido afogado em dívida
PIB (var. % anual) – Países Selecionados
2008
2009
2010
Brasil
5,2
-0,6
7,5
China
9,6
9,2
10,3
Estados Unidos
-0,3
-3,5
3,0
União Europeia
0,4
-4,3
1,8
2011 *
3,0
9,5
1,5
1,6
2012 *
3,5
9,0
1,8
1,1
* Projeção
Fonte: FMI e Divisão Econômica/CNC
Nos 18 países membros da OCDE, a dívida total do setor público e do setor privado passou de
uma média de 160% do PIB em 1980 para 321% ao final do ano de 2010. Isso significa que,
nesse período, a dívida das empresas não financeiras cresceu 300%, a dívida dos governos
425% e a das famílias 600%, já ajustando para o efeito da inflação.
Esses números, somados aos efeitos perversos que o envelhecimento da população no
endividamento do setor público, nos leva a crer que o “superciclo” de endividamento que
vigorou nas últimas décadas chegou ao fim. Tendo isso em vista, há quatro soluções possíveis
para um problema de endividamento: poupar e pagar dívida, crescer mais rapidamente,
reestruturar a dívida (calote formal) ou monetizar a dívida criando inflação (calote informal).
Dentro desse contexto, podemos perceber que a solução de poupar e pagar a dívida é um
tanto quanto inviável, visto que isso implicaria numa redução do consumo das famílias e do
governo, ocasionando um aumento do desemprego e na queda de preços, gerando uma
espiral deflacionária que só agravaria a relação dívida/PIB dos países com problemas. A
magnitude das consequências da escolha dessa solução seria grande demais dado que EUA e
Europa respondem por mais de 40% do PIB mundial.
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Crescer mais rápido seria uma boa solução. Entretanto, fica difícil vislumbrar um maior
crescimento nos EUA e Europa diante da ausência de investimentos em capital e de reformas
no mercado de trabalho. A ideia de redução de salários e benefícios esbarra no “welfare state”
que traduz as preferências da população europeia. Além disso, a confiança dos empresários
fica abalada frente a um enfraquecimento do poder de compra das famílias, que se encontram
muito alavancadas.
A reestruturação da dívida é altamente impopular. Funciona como um imposto instantâneo
sobre a riqueza dos poupadores. Por este motivo, é geralmente a última opção das
autoridades. A probabilidade desse tipo de solução ser adotada aumenta na indefinição de um
emprestador de ultima instância, isto é, na ausência de uma autoridade monetária nacional,
como no caso dos países da zona do euro, que compartilham a mesma moeda.
Dessa forma, a solução mais provável gira em torno da monetização em massa da dívida dos
países em crise. Isto é, a redução dos níveis de endividamento provavelmente se dará por
“repressão financeira”. A expansão monetária em massa continuará fazendo com que as taxas
de juros nominais fiquem abaixo da taxa de crescimento nominal da economia por um longo
período de tempo. Isso basicamente significa que a dívida dos países terá uma taxa de retorno
real negativa, implicando numa perda para os poupadores e na redução dos níveis de
endividamento para os países com problemas.
O cenário, no entanto, é que as expectativas inflacionárias estão em queda e há muita
capacidade e mão-de-obra ociosa nessas economias em crise. Se somarmos a isso, uma queda
geral no nível de atividade, isto é, uma recessão, a estratégia da repressão financeira pode não
funcionar. Sem a geração de inflação não há saída, e essa é a maior preocupação dos bancos
centrais.
A China manteve por quase duas décadas uma moeda artificialmente desvalorizada, que
permitiu a geração de superávits na balança comercial através das exportações de seus
produtos mais baratos. Essa política resultou na acumulação de reservas internacionais, visto
que o PBOC (Banco Central da China) teve que imprimir moeda (Yuan) para comprar as divisas
que foram entrando no país.
Entretanto, a política chinesa imprimir moeda para comprar essas divisas resultantes das
exportações, injetou, ao longo do tempo, uma grande quantidade de moeda na economia,
caracterizando um forte estímulo monetário que começou a se traduzir no aumento dos
preços na economia chinesa, isto é, uma inflação mais alta.
Com os preços subindo, os trabalhadores perceberam a redução de seu poder de compra e
começaram a pedir aumento de salários, que acabaram inflando ainda mais os preços. Na
medida em que esse processo foi ocorrendo, os custos de produção foram subindo, tornando
o gigante asiático menos competitivo. Além disso, a demanda mais fraca por parte dos EUA e a
Europa, resultará em exportações menores para esses países, reduzindo o crescimento
econômico chinês.
Pelos motivos expostos acima, é razoável acreditar que a economia chinesa irá crescer a uma
taxa menor nos próximos anos, algo mais próximo de 7% ou 8%. Isso significará que terá um
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apetite menor pelas commodities brasileiras, principalmente as mais cíclicas, como por
exemplo, os metais.
Entretanto, um crescimento da ordem de 7% ou 8% pode ser considerado elevado frente ao
baixo crescimento ou até mesmo recessão que enfrentam os países chamados desenvolvidos.
Nesse contexto, o Brasil deve continuar se beneficiando da condição de grande produtor de
bens primários, o que deve garantir a entrada de riqueza no país.
Atividade Econômica Doméstica – Demanda interna como principal motor
Após a crise de 2008-2009 a economia brasileira retomou a tendência forte expansão.
Entretanto, o crescimento desde então têm sido cada vez mais heterogêneo. Enquanto a
Agropecuária, a Indústria Extrativa e, principalmente, o setor de Serviços se destacaram, a
Indústria da Transformação retomou os níveis pré-crise com dificuldade. Do lado da demanda,
os investimentos cresceram fortemente e o consumo das famílias exerceu maior importância
relativa, enquanto que a contribuição líquida do setor externo, apesar do excelente
desempenho das exportações, foi fortemente negativa.
O aquecimento da demanda interna (investimento e consumo) vis-à-vis sua capacidade de
oferta, propiciado por uma liquidez externa abundante que financiou com conforto um
crescente déficit em transações correntes, contribuiu para esse desequilíbrio. O câmbio real
valorizado exerce impactos negativos sobre os setores expostos à concorrência internacional,
na medida em que torna os produtos comercializáveis internacionalmente menos
competitivos. Os setores de Serviços, que salvo poucas exceções produzem bens não
transacionáveis, foram beneficiados. Para os setores ligados à produção e exportação de
commodities a valorização cambial foi compensada pela manutenção dos preços e da
demanda de seus produtos em patamares elevados.
Com o forte aquecimento da economia vieram também pressões inflacionárias. Além dos
choques inflacionários nos preços dos alimentos, essas pressões se concentraram justamente
no setor de bens e serviços não comercializáveis. Com o arrefecimento dos preços de
alimentos, inflação terminou o ano no teto da meta, em 6,5%. Já a inflação de serviços atingiu
9,0%. Para conter o avanço generalizado dos preços os estímulos de política econômica
colocados entre 2009 e 2010 foram retirados. Medidas restritivas ao crédito também foram
utilizadas. Durante todo o primeiro semestre de 2011, houve aperto monetário.
Os últimos dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgado pelo IBGE, mostraram que no
terceiro trimestre de 2011 a atividade econômica não apresentou expansão. A economia
muito provavelmente também ficou estagnada no último trimestre do ano. Mas, apesar da
crise internacional, é atribuído um peso maior aos efeitos da reversão de fortes estímulos
fiscais e monetários. Ao contrário do ocorrido em 2008-2009, não houve rupturas nos fluxos
de crédito e a volatilidade e queda nos preços de ativos no mercado doméstico não foi
igualmente acentuada.
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Ao final do ano já foi possível observar um ritmo menor das exportações. A queda da demanda
internacional, proveniente de uma provável contração econômica na Europa, o baixo
crescimento da economia norte-americana e o ajuste do ritmo de crescimento chinês devem
continuar afetando a economia brasileira no início de 2012, com impacto mais forte nas contas
externas. Contudo, as políticas monetárias expansionistas exercidas pela Reserva Federal dos
Estados Unidos e pelo Banco Central Europeu podem contribuir para uma menor
desvalorização do Real. Por outro lado, a aversão ao risco e as incertezas políticas devem
manter a volatilidade do câmbio ainda elevada. Esse mesmo cenário reduz a confiança dos
agentes, afetando consumo e investimento.
Diante de um cenário externo contracionista e desinflacionário, que deve prevalecer no início
de 2012, o Banco Central do Brasil adotou uma reversão da política monetária e, mais
recentemente retirou algumas medidas de restrição ao crédito. Com os cortes esperados pelo
mercado, bem como a trajetória esperada para a inflação, a taxa de juros real pode alcançar o
patamar de 3,15% em dezembro de 2012. Adicionalmente, o Governo Central promoveu
isenções fiscais pontuais. Dessa forma, acreditamos que apesar de um início de ano de pouca
expansão, a retomada dos estímulos monetários, juntamente com o reajuste generoso do
salário mínimo, promoverão um crescimento da demanda interna, que deve continuar sendo o
principal motor do crescimento econômico nos próximos anos.
Emprego e Renda – Mercado de trabalho continuará aquecido
Após o esfriamento observado a partir do segundo semestre do ano passado, o mercado de
trabalho tende a obter uma leve recuperação em 2012. A expectativa de uma reaceleração da
atividade econômica e menor alta do nível de preços permitirá que os ganhos reais ainda
sigam alimentando o consumo. Assim, mesmo num ritmo mais lento, o crescimento do
emprego e da renda ainda deve contribuir positivamente para o aquecimento da demanda
doméstica no presente ano.
Segundo o CAGED, a criação líquida de 2,32 milhões de postos de trabalho, até novembro de
2011, mostrou que a desaceleração da economia passou a afetar o emprego principalmente a
partir dos dois últimos trimestres do ano passado, fato este corroborado na comparação com
o mesmo período de 2010, onde registrou-se alta líquida de 2,54 milhões de ocupações. O
mesmo ocorreu com a renda, onde não só a desaceleração do ganho nominal como a alta da
inflação impactou sobre o menor incremento da renda real. Entretanto, o maior crescimento
da população ocupada em relação à população economicamente ativa (PEA) permitiu que,
mesmo num cenário menos benigno, o desemprego chegasse a níveis recordes de baixa,
apresentando uma taxa média de 5,9% em 2011.
No curto prazo, a defasagem dos efeitos do comportamento da atividade sobre o mercado de
trabalho ainda podem impedir uma recuperação mais forte do ritmo de criação de vagas no
primeiro semestre. Contudo, a manutenção da confiança em alta tanto do empresário quanto
do consumidor, aliado a expectativa de reaceleração da própria atividade devem impactar
positivamente sobre o emprego já a partir da segunda metade do ano. Sendo assim,
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esperamos que a população ocupada continue obtendo um crescimento acima da população
economicamente ativa, registrando alta de 2,6% e provocando mais uma vez uma queda da
taxa média de desemprego, podendo se situar em 5,8% em 2012.
A expectativa de um comportamento mais positivo para a inflação permitirá ao trabalhador
obter um crescimento maior da sua renda real em relação a 2011. Mesmo que o incremento
da renda nominal permaneça num ritmo mais moderado, a menor aceleração do nível de
preços proporcionará ganhos reais maiores nesse ano. Além disso, o reajuste de 14,1% do
salário mínimo vem alimentando ainda mais os ganhos de grande parte dos trabalhadores que
possuem seus provimentos indexados. Assim, espera-se que o rendimento médio possa chegar
a R$ 1.796,7, com alta de 3,9% em 2012, variação superior ao crescimento esperado de 3,4%
na mesma base de comparação do ano passado.
Um cenário mais favorável para o emprego e para a renda consequentemente levará a uma
expectativa de maior crescimento da massa de rendimentos, a qual espera-se alcançar R$ 42,6
bilhões, com variação positiva de 6,6% em relação ao ano de 2011.
Portanto, esperamos em 2012 que o mercado de trabalho continue contribuindo
positivamente para a economia brasileira, mantendo-se como um dos principais motores de
sustentação do consumo doméstico.
Inflação – Arrefecimento apesar da rigidez dos preços
Diferentemente do ano passado, onde a maior parte da pressão inflacionária incidiu no
primeiro semestre, em 2012 o nível de preços tende a arrefecer para um patamar mais
moderado a partir do segundo trimestre. Mesmo em menor intensidade, os fatores internos
ainda não deixarão de sustentar uma persistência inflacionária, puxados pela rigidez dos
preços de serviços. Por outro lado, o cenário internacional deverá neutralizar mais uma vez a
aceleração dos preços, visto que a economia mundial poderá obter um baixo crescimento em
2012.
A inflação em 2011 refletiu principalmente a forte aceleração da economia brasileira no ano
anterior e no primeiro semestre do referido período. O expressivo crescimento da renda, do
emprego e a grande oferta de crédito provocou o descompasso entre a demanda e oferta,
gerando pressões sobre os preços. Além disso, a inércia inflacionária advinda da rigidez dos
preços monitorados e de serviços, a persistência de alta da cotação das commodities e os
choques de oferta refletidos na inflação de alimentos impulsionaram ainda mais a aceleração
dos preços.
O cenário atual indica que as pressões inflacionárias ocorridas em 2011 devem se dissipar ao
longo do presente ano. A expectativa de manutenção de baixo crescimento da economia
global - efeito da crise europeia – tende a impedir uma escalada das cotações das
commodities, beneficiando principalmente os preços ao produtor e refletindo positivamente
sobre a inflação no varejo. Os bens alimentícios, que obtiveram variação de 7,2% no IPCA em
2011 e possuem um peso de 23% sobre o índice total, não deve contribuir tão negativamente
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para a inflação esse ano. A queda dos preços das commodities metálicas impactará
negativamente sobre os IGPs, mantendo os índices num patamar mais moderado.
O aperto monetário e as medidas restritivas adotadas pelo Banco Central no início do ano
passado refletiram na desaceleração da atividade doméstica no segundo semestre, devendo se
estender nesse ritmo nos primeiros meses de 2012. O esfriamento da demanda doméstica
vem beneficiando o comportamento da inflação no curto prazo, fato este já percebido nos
últimos resultados de índices de preços. Assim, esperamos que a manutenção do ritmo mais
moderado da economia no início de 2012 tende a inibir uma escalada mais forte dos preços.
Mesmo com a esperada recuperação da atividade econômica a partir do segundo semestre –
efeito defasado da retirada das medidas restritivas e do desaperto monetário – uma
reaceleração da inflação não tende a seguir a forte trajetória de alta vista no ano passado.
Se por um lado a desaceleração da economia venha a ser um ponto favorável para a inflação,
por outro a rigidez dos preços de serviços impedirá uma desaceleração mais forte do nível de
preços. O crescimento da renda com o reajuste de 14% do salário mínimo dado em janeiro de
2012 alimentará os preços de serviços em patamares elevados por mais um ano, podendo
impactar numa alta de 70 pontos base para o IPCA de serviços e 16 p.b. no índice geral. Pelo
lado externo, somente uma ruptura do quadro atual da crise europeia pode afetar a inflação,
pois uma maior aversão ao risco tende a impactar numa forte depreciação da taxa de câmbio,
afetando diretamente os bens comercializáveis e, posteriormente, toda a cadeia.
Sendo assim, esperamos que o IPCA, que é o índice utilizado no regime de metas, encerre o
ano de 2012 com uma alta em torno de 5,5%.
Crédito – Novos estímulos
O mercado de crédito apresentou trajetória de desaceleração durante todo o ano de 2011,
como consequência das medidas macroprudenciais de contenção de crédito adotadas no final
de 2010 que, basicamente, encareceram o crédito de longo prazo para as pessoas físicas. A
desaceleração da demanda também contribuiu para essa tendência.
Após queda de 1,4% em 2009, as concessões de crédito acumuladas, com recursos livres,
expandiram-se 13,1% em 2010. Nos 12 meses até novembro de 2011 o crescimento dos novos
empréstimos aos consumidores foi de 12,2%. Nesse mesmo período de comparação o crédito
total com recursos livres (empresas e consumidores) apresentou alta de 9,9% e deve terminar
o ano com crescimento de 10,7%.
A desaceleração das concessões de crédito, deu-se com mais intensidade no crédito à pessoa
física, sobretudo nas modalidades com prazos mais longos, correspondentes ao crédito
pessoal (no qual 60% é consignado), financiamento a veículos e outros bens. Enquanto que em
2010 as concessões acumuladas no ano avançaram 21,7% em relação ao ano anterior, nos 12
meses até novembro, as concessões ampliaram-se 12,2%. Em relação ao crédito de longo
prazo, o ritmo de crescimento do crédito passou de 36% para 8,9% no mesmo período de
comparação.
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Em novembro desse ano, um Banco Central mais preocupado com a atividade econômica
promoveu a retirada parcial das medidas macroprudenciais adotadas para corrigir uma
expansão exacerbada do crédito, implicando em menores requerimentos de capital e devem
reduzir a taxa de juros para financiamentos inferiores a 60 meses, bem como facilitar as
condições de entrada para financiamentos de veículos.
Concessões Consolidadas
Var. % acumulada em 12 meses
50.0
Longo Prazo
Curto Prazo
40.0
30.0
20.0
dez/08:
16,8
10.0
-10.0
-20.0
dez/10
16,9
dez/09
10,4
dez/09
11,1
0.0
dez/10
36,0
nov/11
14,4
nov/11
8,9
dez/08
-6,6
Fonte: Banco Central do Brasil.
Com o ajuste das medidas macroprudenciais e a queda da taxa básica de juros, e a retomada
esperada para o crescimento do emprego e da renda no segundo semestre de 2012, as
concessões de crédito com recursos livres deve apresentar ritmo de crescimento similar ao
observado em 2011, com expansão de 11%.
Cenários para o Varejo
A trajetória do volume de vendas do varejo no ano que passou foi de desaceleração. Enquanto
que no último trimestre de 2010 o volume de vendas havia apresentado expansão de 9,7% em
relação ao mesmo período do ano anterior, em 2011, o último trimestre deve ter apresentado
expansão de 5,6%. Um ritmo mais baixo de geração de emprego e renda, concessões de
crédito em desaceleração, um elevado patamar de endividamento das famílias conjugado a
um aumento do custo de vida, são os principais fatores condicionantes desse resultado.
Esses fatores continuarão presentes no início do ano ditando um ritmo de crescimento mais
fraco, sobretudo no primeiro trimestre. Contudo, com a reversão das políticas econômicas
devem permitir taxas mais altas de crescimento a partir do segundo semestre. Para 2012,
esperamos uma taxa de crescimento em magnitude próxima a de 2011, cerca de 6,5%,
condicionados a:
8




Crescimento maior do PIB, de 3,5% em 2012 ante 2,9% 2011;
Arrefecimento da inflação, medida pelo IPCA, para 5,5% em 2012 ante 6,5% em 2011;
Expansão das concessões de crédito às pessoas físicas em patamar próximo ao de
2010, cerca de 11%;
Crescimento da massa de rendimentos da população ocupada de 6,6% em 2012, ante
5,0% em 2011.
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