Se formos analisar todos os temas estudados desde o início do ano, podemos perceber que os assuntos subsequentes sempre complementam os anteriores. Começamos falando sobre a “Paternidade de Deus” que é o princípio de toda amabilidade, continuamos com “Jesus, o Rei da amabilidade” que foi a maior prova do amor paternal de Deus. No terceiro mês falamos sobre a necessidade de manifestarmos o amor presente em Deus Pai e em Seu Filho. No mês passado, falamos sobre como devemos manifestar a amabilidade por meio de um falar com sabedoria e de um ensino com amor. E qual a relação disso tudo com maturidade espiritual? Talvez não seja tão óbvio, mas ao pararmos para pensar sobre essa questão, notamos que sem maturidade espiritual podemos até entender sobre amabilidade, mas jamais iremos vive-la. A amabilidade nos ensina muito sobre nosso relacionamento com Deus (vertical) e com as pessoas (horizontal), mas nos coloca em muitas situações que sem maturidade não é possível acertar. Vamos dar um exemplo prático sobre isso? Jesus fala sobre darmos a outra face quando nos baterem, nos atingirem. Não é preciso maturidade para entender isso. Mas, é preciso maturidade para aplicar isso. Uma pessoa imatura se deixa levar pelo orgulho. A pessoa madura sabe que isso não a levará à lugar algum. E o que infelizmente percebemos na maioria das igrejas é que existem pessoas com anos de conversão, mas totalmente imaturas. Falam demais, nunca aceitam “não” como resposta, não gostam de ser confrontadas, nunca admitem que erraram, não sabem nada sobre a pessoa de Cristo, não são apaziguadoras, não perdoam, não são generosas, se acham melhor do que as outras, não se firmam em Deus, são inconstantes, chatas, inconvenientes, não são afáveis, são soberbas, não aceitam o tratamento de Deus, estão estagnadas sempre no mesmo lugar. Quanto mais estudarmos sobre maturidade é provável que percebamos o quão imaturos somos. Mas, que diante dessa revelação sejamos levados à mudança. INTRODUÇÃO Deixe-me começar dizendo que não é errado para um novo crente ser imaturo, assim como não é errado para uma criança ser infantil. Infantilidade só é irritante em um adulto. Quando uma criança de quatro anos veste uma capa, uma cueca por sobre a calça, alegando ter visão raio-x, isso é fofo. Quando seu pai faz isso, é preocupante (ou insanidade). Quando você é um crente por muitos anos, a falta de alguns dos indicadores abaixo deve ser preocupante. DESENVOLVIMENTO Crentes maduros possuem estes 5 indicadores: 1. Um desejo por alimento sólido – É bom aproveitar o leite do evangelho em todas as refeições. Mas alguns cristãos orgulham-se de si mesmos por focar apenas no evangelho, esnobando a oferta de doutrinas mais profundas. O amor pela doutrina pode ser adquirido com o passar do tempo, mas ele sempre estará lá em um crente maduro. O autor aos Hebreus repreende seus leitores por causa da relutância em mastigar (Hebreus 5. 11: “A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. 12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes necessitados de leite e não de alimento sólido. 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.”). A refeição de uma criança precisa ir ao liquidificador durante os primeiros meses dela (ou dele). Quando uma pessoa normal de 21 anos pede para a mamãe alimentá-lo com batata amassada, de colher, isso é assustador e disfuncional. 2. Uma impermeabilidade a ofensas pessoais – É raro um crente maduro se sentir ofendido. A ofensa é apropriada ao crente em qualquer ataque à glória de Deus, como quando o zelo pela casa de Deus consumiu Jesus e ele usou um chicote do Indiana Jones na corrupta zona comercial do templo por causa dos animais superfaturados. Mas um crente maduro não fica pessoalmente ofendido de maneira tão fácil. Eles entendem que quando alguém peca contra eles, há coisas maiores em jogo do que seus próprios direitos pessoais como, por exemplo, a glória de Deus, o relacionamento do outro com Deus, etc. Veja Paulo. Quando ele já não podia atrair uma multidão (estando preso por causa do evangelho e tal…), pregadores rivais estavam “jogando sal” em suas algemas ao pregar o evangelho em competição com Paulo. Ele não se tornou insolente. Muito pelo contrário, ele parecia animado com a notícia de que o evangelho estava sendo pregado. Isso é maturidade! (Filipenses 1.15: Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; 16 estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; 17 aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulações às minhas cadeias. 18 Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei”). 3. Uma consciência informada pelas Escrituras, não por opiniões – Quando você é um novo convertido, é natural ter um pêndulo oscilando em aversão a qualquer coisa associada com o seu antigo estilo de vida. Isso pode ser saudável. Mas, à medida que vai se tornando mais maduro, você vai criando uma visão mais balanceada sobre liberdade. Se Jesus diz que algo está “ok”, então você não vai ficar chateado quando alguns cristãos aproveitam essa liberdade. (Romanos 14.1: “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. 2 Um crê que de tudo pode comer, mas o débil como legumes; 3 quem come não despreze o que não come, e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu”). Eu amo vegetarianos – sobra mais carne pra mim. Porém, quando um crente se abstém da liberdade legal pensando que isso torna-o mais aceitável para Deus, isso é um sinal de imaturidade. Quanto mais você cresce no seu entendimento sobre graça, menos você se incomoda quando as pessoas ignoram normas religiosas feitas por homens. Você pode continuar escolhendo se abster, mas sua consciência não é atormentada pelo conhecimento de que outros cristãos participam do que você evita.