Goiânia, 19 de Outubro de 2015. OPOPULAR > GOIAS ECONOMIA Estado deve fechar ano retração recorde do PIB Por Katherine Alexandria / O POPULAR com 19/10/2015 Até agosto, queda é de 1,8%. Agronegócio ajuda a impedir maior índice e favorece situação do Estado em cenário de crise Na onda da recessão, Goiás deve fechar o ano com retração recorde no Produto Interno Bruto (PIB). O resultado de janeiro a agosto mostra contração de 1,8%, de acordo com dados do Instituto Mauro Borges (IMB), o que não havia sido registrado em outras crises econômicas, o que torna o índice uma marca histórica. Mesmo sem projeção oficial, a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, explica que dados da arrecadação mostram que Goiás não vai conseguir evitar encolhimento. Para ela, a queda será próxima de 1,8%. “De fato Goiás está sofrendo como todo o País, temos uma série de indicadores que mostram que a retração é uma realidade.” Weimer Carvalho Com maior pessimismo, o Banco Santander aponta uma projeção de decréscimo ainda maior, de 3,8%. Isso colocaria Goiás entre os três Estados com a maior recessão, atrás apenas de Pernambuco (-4%) e empatado com o Amazonas. Das 27 unidades da Federação, somente o Pará vai escapar desse declínio, conforme prevê a instituição. Ana Carla, porém, considera a projeção do Santander incoerente por causa do perfil econômico de Goiás. Ela acrescenta que o impacto na arrecadação seria maior se esse índice fosse real, já que para chegar ao final do ano negativo em 3,8% teria de apresentar atualmente pelo menos metade disso. No entanto, o Estado irá fechar o ano com crescimento nominal, sem descontar inflação, de R$ 800 milhões em comparação com 2014. “O crescimento nominal já é muito representativo, a maioria dos Estados não teve isso.” Estamos vivendo uma crise sem precedentes no Brasil moderno” Ana Carla Abrão, secretária da Fazenda O secretário de Gestão e Planejamento de Goiás, Thiago Peixoto, também contesta a projeção do Banco Santander. Ele questiona o fato de o estudo não deixar clara a metodologia utilizada nem a base de dados usada, e lembra que há setores como o de serviços que podem fechar positivamente e impedir uma queda brusca da economia goiana. Comparação A secretária defende ainda que o setor primário sofre menos e o agronegócio é o motor que tem estrutura para uma queda menor, o que dá alívio diferente do que é vivido em outros Estados. De acordo com a estimativa do Santander, o principal setor responsável pela retração do PIB em Goiás seria a construção civil (-10,4%), seguido pelo comércio (-4,5). Situação semelhante é prevista para o País com os mesmos setores. Já a gerente de Contas Regionais e Indicadores do IBM, Dinamar Maria Ferreira Marques, ressalta que, nos últimos 12 meses, a indústria registrou queda de 1%, o comércio varejista de 6,2% e, apesar de recuo no primeiro trimestre, a construção civil começa a dar sinais de recuperação. Acrescenta ainda que dados do segundo trimestre do ano mostram Goiás com segunda melhor situação, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Guerra fiscal A secretária da Fazenda pontua que a recessão afeta toda a economia. “Quando tem de fazer ajuste e reduzir investimento com receita em queda é quase que dobrar o esforço.” Apesar disso, há também vantagem com relação aos atrativos para aumentar a competitividade goiana. “Com os incentivos que se mantém, Goiás continua atraindo empresas. Nosso ritmo continua o mesmo.” Ana Carla diz que não há sinais de que isso vá se alterar. “A própria reforma do ICMS perdeu força, está no Congresso, saiu da mão do secretário de Fazenda, está numa agenda legislativa”, completa. Com muitas coisas ainda para serem costuradas, ela explica que não vê em um cenário próximo o fim da guerra fiscal, mas lembra que falta o Superior Tribunal Federal julgar os incentivos considerados inconstitucionais. “Nós trabalhamos para manter a política que existe hoje.” Leia mais em: http://www.opopular.com.br/editorias/politica/superintendente-da-sefaz-alertasobre-flexibiliza%C3%A7%C3%A3o-1.937408