Jornal 102.p65

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INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS
Promover o uso apropriado de P e K
nos sistemas de produção agrícola
através da geração e divulgação de
informações científicas que sejam agronomicamente
corretas, economicamente lucrativas, ecologicamente
responsáveis e socialmente desejáveis.
MISSÃO
N0 102
JUNHO/2003
SIMPÓSIO DESTACA A
ESSENCIALIDADE DO FÓSFORO
NA AGRICULTURA BRASILEIRA
Tsuioshi Yamada1
Silvia Regina Stipp e Abdalla2
P
romover o uso racional de fósforo através do aumento da eficiência da adubação fosfatada, entender suas funções e importância para o desenvolvimento da planta, discutir a resposta das culturas à aplicação de P
e a possibilidade de ciclagem do fósforo no solo através do aproveitamento de resíduos agrícolas – estes foram os principais objetivos do Simpósio sobre Fósforo na Agricultura Brasileira, realizado pela POTAFOS, em conjunto com a ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícolas, dias 14 a 16
de maio último, em São Pedro-SP. O encontro contou com a participação de 200 pessoas, em sua maioria pesquisadores, professores,
extensionistas e agricultores.
O Simpósio consistiu de três painéis:
• Fósforo no solo e nas plantas e fertilizantes fosfatados;
• Eficiência da adubação fosfatada;
• Resposta à adubação fosfatada.
Em breve os Anais do Simpósio sobre Fósforo na Agricultura Brasileira serão publicados pela POTAFOS na forma de livro.
PRINCIPAIS MENSAGENS DEIXADAS PELOS
PALESTRANTES
PAINEL 1: FÓSFORO NO SOLO E NAS PLANTAS E
FERTILIZANTES FOSFATADOS
Palestra: FÓSFORO – NUTRIENTE ESSENCIAL PARA
A VIDA
• Mark D. Stauffer e Gavin Sulewski, PPI/PPIC, Canadá,
fone: 001-306-652-3535, e-mails: [email protected]; gsulewski
@ppi-ppic.org
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Veja neste número:
Análise de resíduo de defensivos agrícolas ......
Como estimar a produção de milho e de soja
antes da colheita .................................................
Avaliação da época de aplicação de N em
cobertura no milho ..............................................
Das palmeiras para o motor ...............................
Falta muita palha no plantio direto ...................
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Encarte: Adubação fosfatada em solos da região
do Cerrado
O fósforo é componente vital para todos seres vivos. Nas
plantas, o P é necessário para fotossíntese, respiração, função celular,
transferência de genes e reprodução. Com a consciência da ligação
crítica entre o P e a vida propriamente dita, torna-se óbvio que sem
fósforo não há células, nem plantas, nem grãos... e sem a quantidade
adequada de fósforo há muita fome...
A quantidade de P exigida por culturas altamente produtivas é grande. Manter a planta toda bem nutrida com P é um fator
primordial na criação de altas produtividades. A produção sustentável das culturas demanda um programa de adubação com P que
seja, pelo menos, capaz de repor as quantidades removidas do campo.
O crescimento e o desenvolvimento de plantas submetidas
à deficiência de P são reprimidos desde os estádios mais iniciais da
plântula e, dependendo da severidade, os efeitos negativos podem
continuar durante o desenvolvimento de sementes/frutos. Sob
condições limitantes de P, as plantas normalmente apresentam
Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, Diretor da POTAFOS. E-mail: [email protected]
Engenheira Agrônoma, M.S., POTAFOS. E-mail: [email protected]
POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO
Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone e fax: (19) 3433-3254 - Webmail: www.potafos.org - E-mail: [email protected]
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 102 – JUNHO/2003
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FÓSFORO
pequeno desenvolvimento de raízes e de brotações e, como resultado, ocorre exploração insuficiente do solo, resultando em acesso
restrito e baixa eficiência de uso, tanto de água quanto de nutrientes.
Um dos melhores mecanismos de defesa contra estresses provocados por doenças e fatores climáticos é um sistema radicular forte;
por isto, os efeitos negativos resultantes de doenças e estresse são
reduzidos com adubação adequada com P.
O papel benéfico do P para a melhoria do estabelecimento e do
crescimento durante todo o ciclo de desenvolvimento da cultura é
naturalmente traduzido em culturas com amadurecimento precoce.
Dependendo da cultura e da região, a maturação precoce tem muitas
vantagens em termos de lucro, incluindo menor taxa de umidade no
grão, o que propicia menores custos de secagem, e a oportunidade de
entrega precoce do produto no mercado, particularmente de vegetais
e frutas, e de obtenção de melhores preços devido à oferta do produto
antes dos concorrentes. O crescimento precoce e irrestrito de grãos/
frutos também assegura um produto de boa qualidade. O sucesso em
sistemas de culturas múltiplas está geralmente vinculado à maturação
precoce da cultura, pois isso permite intervalos de tempo suficientes
entre as colheitas e os plantios das culturas. Também as regiões que
apresentam estações curtas ou distintas dependem da maturidade
precoce das culturas para escapar das geadas ou das secas.
Palestra: RESERVAS DE FOSFATOS E PRODUÇÃO DE
FERTILIZANTES FOSFATADOS NO BRASIL E NO MUNDO
• Alfredo Scheid Lopes, Carlos Alberto Pereira da Silva,
ANDA/IBRAFOS, São Paulo, SP, e-mails: [email protected]; caps@
anda.org.br, fone: (35) 3829-1122, e Ana Rosa Ribeiro Bastos, UFLA,
Lavras, MG, e-mail: [email protected]
A disponibilidade de rochas fosfáticas para a produção de
fertilizantes fosfatados, em nível mundial, é mais que adequada para
os próximos 100 anos e, possivelmente, para muitos anos mais.
Entretanto, embora os dados mostrem que não há preocupação, no
médio prazo, em relação às reservas e recursos mundiais de rochas
fosfáticas, é preciso lembrar que o fósforo é um elemento essencial
para a produção agrícola, sem sucedâneo e finito.
Atualmente, cerca de 85% da produção mundial de fósforo
vêm de depósitos sedimentares e 15% de depósitos magmáticos. A
produção média anual de rochas fosfáticas para o período de 2000
a 2002 foi de 131,1 milhões de toneladas, sendo os maiores produtores
os EUA, Marrocos, China e Rússia, que somam 68,4% da produção
mundial. A participação brasileira nesse período foi de apenas 3,7%.
A evolução da indústria de fertilizantes fosfatados no Brasil
permitiu que, em 2002, esse segmento atingisse superação da demanda de consumo pela capacidade instalada de produção nacional
para superfosfato simples, termofosfato e produção de rocha fosfática (respectivamente 39%, 26% e 7% acima do consumo). Foi também expressiva a evolução da capacidade instalada para produção
de ácido fosfórico (92% do consumo), superfosfato triplo (71% do
consumo) e 72% de todos os produtos intermediários para fabricação de fertilizantes fosfatados. Já se registra a solubilização de fosfatos na Região Centro-Oeste do país, fato este que permitirá o
barateamento dos fertilizantes para a região do cerrado.
A grande maioria do fósforo consumido na agricultura
brasileira encontra-se na forma de fertilizantes simples ou misturas
de grânulos. Isso justifica a necessidade de um grande esforço da
indústria em busca de qualidade em termos de especificações de
granulometria de mistura de grânulos, a forma mais comum de
fabricação, para evitar problemas de segregação e aumentar a
eficiência quanto à uniformidade de aplicação desses produtos.
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Palestra: FÓSFORO NA PLANTA E INTERAÇÃO COM
OUTROS ELEMENTOS
• Eurípedes Malavolta, CENA/USP, Piracicaba, SP, fone:
(19) 3429-4695, e-mail: [email protected]
O fósforo desempenha importantes papéis no metabolismo
da planta: transferência de energia da célula (respiração, fotossíntese), desdobramento e síntese de carboidratos, armazenamento
e utilização de energia de ligação do fosfato, estrutura do DNA.
As quantidades de P usadas na adubação não guardam
praticamente relação com a exigência da planta. Há dois motivos
principais para isso. O primeiro é a fixação, a qual impede aproveitamento maior no ano de aplicação, embora haja conhecido efeito
residual que pode aumentar a porcentagem do P fornecido que a
cultura consegue absorver e usar na formação da colheita. O segundo motivo é o fato que a dose de fósforo usada na adubação é
inflacionada pelo modo convencional de expressar o elemento no
fertilizante e na formulação, isto é, P2O5 em vez de P.
As interações do fósforo com outros elementos podem ocorrer
no solo ou na planta. No primeiro caso o efeito pode ter modificação
na disponibilidade ou na própria absorção. As interações na planta
podem ocorrer no processo de absorção, no de transporte radial ou
a longa distância e no metabolismo do fósforo. Elas podem ser
positivas ou negativas. Algumas delas são de importância prática.
Por exemplo: as micorrizas podem aumentar a absorção de P; o excesso
de Al conduz à precipitação e menor absorção de P; a presença de
íons Mg2+ também aumenta a sua absorção; exsudatos de raiz são
capazes de aumentar a absorção através de seus efeitos na complexação de Al; o P, por outro lado, pode reduzir a absorção e o transporte
a longa distância do Zn e de outros micronutrientes.
O fósforo é capaz de influenciar as doenças e pragas de planta,
geralmente diminuindo o seu efeito prejudicial. Esta influência do
fósforo se dá graças a vários mecanismos como, por exemplo, o de
fuga, isto é, o término do ciclo que permite à cultura escapar do
patógeno ou da peste. O P pode, também, participar da síntese de
compostos da parede celular que funcionam como barreira à
penetração do agente causal. Pode, ainda, participar de compostos
ou de sua formação, os quais são tóxicos ao patógeno ou inseto.
PALESTRA: FÓSFORO NO SOLO E INTERAÇÃO
COM OUTROS ELEMENTOS
• Bernardo van Raij, Instituto Agronômico, Campinas, SP,
fone: (19) 3236-9119, e-mail: [email protected]
Nas adubações, o fósforo é considerado um nutriente de
baixo aproveitamento pelas plantas. Normalmente, cerca de 10%
do fósforo aplicado como fertilizante é aproveitado por culturas
anuais. Além disso, as quantidades aplicadas em geral superam
muito as extrações pelas culturas, diferindo, neste aspecto, do nitrogênio e do potássio, que apresentam relações mais estreitas entre
aplicações nas adubações e extração pelas culturas, principalmente em produtividades elevadas. Essa diferença de comportamento
tem sido atribuída à “fixação” de P pelos solos, que seria mais
importante em solos tropicais, com elevados teores de óxidos de
ferro e alumínio, com os quais o P tem grande afinidade. Essas
informações dão suporte à idéia que se tem sobre os nutrientes N,
P e K, ou seja, com P se aduba o solo, com N e K se aduba a planta.
O pH tem papel crítico na a disponibilidade de fósforo no
solo. Os teores de fósforo na solução do solo são determinados
pela solubilidade dos compostos. Na prática, isso significa um
grande aumento de concentração de P em solução no caso dos
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 102 – JUNHO/2003
FÓSFORO
fosfatos de alumínio e ferro, com o aumento de pH do solo. Da
mesma forma, o teor de P na solução do solo aumenta com a diminuição do pH quando o determinador de equilíbrio é um fosfato de
cálcio. A maior disponibilidade de fósforo no solo está na faixa de
pH em água de 5,5 a 6,8, o que equivale, aproximadamente, a valores
de 5,0 a 6,2 de pH em cloreto de cálcio. Trata-se das condições que
permitem a combinação das maiores solubilidades, ao mesmo tempo, de fosfatos de alumínio, de ferro e de cálcio.
Em solos recém-adubados (recém = anos) há dezenas de
compostos, em formas meta-estáveis ou em transformação.
No Brasil, sabe-se há décadas que, em solos de baixa fertilidade, para criar condições de produtividade das culturas, há necessidade de reduzir a acidez do solo e aumentar os teores de P.
Palestra: O PAPEL DOS MICRORGANISMOS NA DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO DA RIZOSFERA PARA AS
PLANTAS
• José Oswaldo Siqueira, Alex Teixeira Andrade e Valdemar
Faquin, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, fone: (35) 38291225, e-mails: [email protected], [email protected]
Os microrganismos são parte integrante do ciclo do fósforo
no sistema solo-planta, exercendo grande influência nas transformações e disponibilidade desse elemento, assim como na aquisição
deste pelas plantas. Dentre as transformações mediadas pela
microbiota do solo, destaca-se a mineralização que controla a disponibilidade do P circulante entre o solo e a biota terrestre. Este P
passa em parte pela biomassa microbiana do solo, que hidroliza por
ação enzimática as várias formas de P orgânico depositadas ou
formadas no solo, liberando Pi para imobilização biológica (plantas
e microrganismos) e outros processos do solo.
A solubilização de formas inorgânicas de P é outro processo
de importância fundamental para o ciclo desse elemento, pois o
solo é o segundo maior reservatório de P onde este encontra-se
imobilizado em formas inorgânicas. A capacidade solubilizadora é
ubíqua no solo ou na rizosfera, envolvendo vários mecanismos,
destacando-se a produção de ácidos orgânicos. Os processos de
transformação estão mais diretamente ligado à disponibilização do
P no solo, enquanto as micorrizas se relacionam mais com a aquisição.
Estas simbioses são regras na natureza e estão envolvidas como
facilitadoras da absorção de nutrientes, desde a origem das plantas
no habitat terrestre. Elas são sistemas mutualistas altamente reguladas
pela disponibilidade de P e que exercem grande influência no
crescimento das plantas e estruturação das comunidades vegetais.
PAINEL 2: EFICIÊNCIA DAADUBAÇÃO FOSFATADA
Palestra: FATORES QUE INTERFEREM NA EFICIÊNCIA DAADUBAÇÃO FOSFATADA
• Ibanor Anghinoni, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, RS, fone: (51) 3316-6043, e-mail: ibanghi@
vortex.ufrgs.br
Os fatores que afetam a eficiência da adubação fosfatada são
muito numerosos e podem ser relacionados ao adubo, ao solo e à
planta. Esses fatores devem considerar as reações do fósforo no
sistema adubo-solo-planta. Assim, a “eficiência agronômica” inclui
os processos de absorção de fósforo da solução do solo após a
adição do adubo, sua translocação na planta (incorporação) e respectiva transformação em biomassa vegetal. Nessa condição, estão
envolvidos os fatores relacionados ao fertilizante (tipo, composição,
solubilidade, granulação, etc.), ao solo – químicos (salinidade, acidez,
disponibilidade e toxidez de nutrientes/elementos, capacidade de fixação de nutrientes, lixiviação e perdas gasosas, etc.) e físicos (camadas
compactadas, selamento e encrostamento superficiais, condutividade
hidráulica, capacidade de retenção de água, alagamento, etc.) –, à planta
(fisiológicos, morfológicos e bioquímicos), ambientais (luminosidade,
radiação, temperatura, umidade, etc.) e ao próprio manejo do solo (técnicas de preparo) e de culturas (seqüência/rotação).
As modificações na rizosfera (mudanças de pH, concentração de íons, potencial redox, atividade microbiana, presença de
micorrizas e densidade e umidade do solo) provocadas pelas próprias raízes, que envolvem a absorção seletiva de íons e de água e
a liberação de exudatos, alteram o fluxo e a absorção de nutrientes
pelas raízes e, com isso, a eficiência da adubação fosfatada.
O uso da modelagem pode predizer as conseqüências na
absorção de nutrientes resultantes das variações nos parâmetros
de solo e planta e pode ser útil na diferenciação da importância de
cada fator. As análises de sensibilidade são úteis para estimar o
efeito relativo de cada parâmetro, mantendo os demais constantes,
e sua acurácia depende da condição inicial do teste.
O efeito do modo de adubação ocorre em parâmetros de solo
e planta (cinéticos e morfológicos), se manifesta mais intensamente
no período de crescimento (milho, por exemplo), depende da dose de
adubo, do tipo e do nível de P do solo e do grau de sua mistura com
o adubo, é pouco provável em solos com nível médio ou alto de P.
Palestra: MÉTODOS DE DIAGNOSE DE FÓSFORO NO
SOLO EM USO NO BRASIL
• Bernardo van Raij, Instituto Agronômico, Campinas, SP,
fone: (19) 3236-9119, e-mail: [email protected]
No Brasil, há apenas dois métodos utilizados amplamente
para diagnose de fósforo no solo: o Mehlich 1, o mais antigo, e o da
resina trocadora de íons, o mais recente.
A maior parte dos métodos de análise de solo, inclusive os
usados no Brasil, avalia o fator quantidade, mas há dificuldade em
isolar o fosfato lábil do fosfato não-lábil, ou mesmo de resíduos de
adubos não dissolvidos no solo, quando são empregados extratores
que têm ação específica sobre determinadas formas de P em solos.
O extrator Mehlich 1 para fósforo, por ser teoricamente inadequado, apresenta um número excessivo de falhas, destacando-se:
• Baixa correlação com índices biológicos de P no solo;
• É inadequado para solos alcalinos;
• Subestima P em alguns solos argilosos;
• Superestima P em solos recém adubados ou contendo resíduos de fosfatos naturais;
• Não detecta aumento da disponibilidade de P promovido
pela calagem.
• Constitui risco metodológico se usado na agricultura de
precisão, por não ser sensível à relação de solubilidade de P versus
pH.
• Não incorpora o “fator capacidade”, necessitando da determinação de argila para melhorar um pouco a interpretação.
O método de extração de fósforo com resina trocadora de
íons, além de apresentar adequado embasamento científico, supera
os outros métodos na avaliação da biodisponibilidade de P em todas
as circunstâncias. Pelo longo tempo de extração (16 horas) e pelo
caráter não destrutivo do processo de extração, talvez seja o método que melhor integre a avaliação dos fatores quantidade, intensidade, difusão e capacidade de P do solo.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 102 – JUNHO/2003
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FÓSFORO
Palestra: METODOLOGIAS DE EXTRAÇÃO PARAAVALIARA EFICIÊNCIA DE FERTILIZANTES FOSFATADOS
• José Carlos Alcarde e Luís Ignácio Prochnow, ESALQ/
USP, Piracicaba, SP, fone: (19) 3422-7692, e-mails: jcalcard@
esalq.usp.br; [email protected]
Desde o surgimento dos fertilizantes fosfatados sintéticos
foram empregados os extratores químicos, ou seja, soluções que
solubilizam preferencialmente certas formas químicas de P, a fim de
se poder conhecer previamente, e de forma simples e rápida, a
natureza do P e, conseqüentemente, a eficiência agronômica dos
fertilizantes fosfatados. Os extratores químicos que tem sido
adotados oficialmente são:
• Ácidos fortes (HCl, HNO3, H2SO4 e HClO4): O objetivo é
avaliar apenas o potencial em fósforo do fertilizante, independente
da natureza das formas químicas e da sua eficiência agronômica.
• Água (P-água): O objetivo é avaliar o fósforo prontamente
aproveitável pelas plantas. Corresponde basicamente às formas químicas de fosfato monocálcico e fosfatos mono e diamônico.
• Solução neutra (pH = 7,0) de citrato de amônio (P – CNA):
O objetivo é avaliar o fósforo aproveitável a curto prazo contido
nas formas insolúveis em água.
• Solução de ácido cítrico a 2% (P – AC): O objetivo é
avaliar o fósforo aproveitável a curto prazo contido nos fertilizantes fosfatados insolúveis em água.
Além desses extratores tradicionais, outros tem sido estudados e até adotados, como: ácidos fórmico e acético, soluções de
citrato de amônio pH = 3, pH = 5 e pH = 8.
A solubilidade em extratores químicos só tem significado se
correlacionada com a eficiência agronômica. Os trabalhos realizados com esse objetivo e a prática agrícola têm mostrado as seguintes tendências:
• O P-água é o mais eficiente. Isso, mesmo considerando o
fato da retrogradação no solo, isto é, solos ácidos e com elevados
teores de Fe e Al, como os do Brasil, insolubilizam o P tornando-o
parcial e temporariamente indisponível às plantas. Essa é a razão
porque apenas de 5% a 20% do P solúvel aplicado é aproveitado
pela primeira cultura, sendo o restante aproveitado ou não por culturas subseqüentes, dependendo da reação do P no solo.
• O P-AC dos fosfatos não acidulados (insolúveis em água)
também tem mostrado ser agronomicamente eficiente.
• O P-CNA tem se mostrado, em geral, menos eficiente que o
P-água.
Deve ser lembrado que, objetivamente, o interesse deve ser
pela eficiência econômica, que nem sempre corresponde à eficiência
agrícola.
Palestra: EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FOSFATOS
TOTALMENTEACIDULADOS
• Luís Ignácio Prochnow, José Carlos Alcarde, ESALQ/USP,
Piracicaba, SP, fone: (19) 3420-4295, e-mails: liprochn@carpa.
ciagri.usp.br; [email protected] e Sen Hsuing Chien, International Center for Soil Fertility and Agricultural Development,
Muscle Shoals, EUA.
O Brasil possui reservas fosfáticas, em sua maioria, com
altos níveis de contaminantes, particularmente óxidos de Fe e Al.
Os métodos empregando extratores químicos mais utilizados
no Brasil são adequados para avaliar a eficiência de fosfatos totalmente acidulados contendo elevada solubilidade em CNA+ H2O e
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H2O, e com composição básica do P na forma de compostos Ca-P,
não sendo adequados, porém, para avaliar a disponibilidade de P
de fertilizantes contendo quantidades significativas de compostos
Fe-Al-P.
A eficiência dos fosfatos totalmente acidulados tradicionais
terão, normalmente, eficiência similar em solos ácidos ou neutros.
Possuem elevada solubilidade em água, que em pouco tempo
reagirão, dando origem basicamente a íons ortofosfato, os quais
estarão sujeitos às reações normais do P nos solos, independente
da sua origem. Em solos alcalinos ou calcários a eficiência poderá
não ser a mesma entre os fosfatos totalmente acidulados.
Além da resposta ao P aplicado, deve-se considerar também
a capacidade do fertilizante em eliminar ou minimizar outros efeitos
limitantes do solo devido aos compostos predominantes que o
compõem. Por exemplo, em solos deficientes em enxofre, o superfosfato simples (SSP), por possuir S, poderá ser mais eficiente que
o superfosfato triplo (TSP), além de proporcionar melhoria no
ambiente radicular na subsuperfície do solo, levando a um maior
desenvolvimento do sistema radicular.
Os fatores que interferem na eficiência agronômica dos
fosfatos totalmente acidulados, em geral, podem ser relativos a:
propriedades do fertilizante (composição química, solubilidade, granulometria, mistura de fórmulas); propriedades dos solos (capacidade de fixação de P: pH, mineralogia e conteúdo de argila, conteúdo
de colóides amorfos, conteúdo de alumínio trocável, conteúdo de
matéria orgânica e potencial de oxi-redução); práticas de manejo
(forma de aplicação: manutenção, corretiva, mista), e cultura (diferentes exigências quanto a P no solo).
Os resultados de pesquisas obtidos até o momento não
confirmam a necessidade de elevada solubilidade em água (aproximadamente 90%) imposta pela legislação brasileira para os fertilizantes fosfatados totalmente acidulados para todas as condições
de cultivo/manejo e apontam no sentido de que elevados rendimentos agronômicos podem ser obtidos com fosfatos totalmente
acidulados contendo outros compostos que não estritamente os
solúveis em água. Uma melhor compreensão de como estas
impurezas são formadas, da sua reação em solos e em especial da
disponibilidade de P às culturas comerciais auxiliará na utilização
de rochas fosfáticas de forma mais eficiente.
Palestra: EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FOSFATOS
NATURAIS
• Nelson Horowitz, Roullier Brasil, Porto Alegre, RS, fone:
(51) 3284-7746, e-mail: [email protected] e Egon J. Meurer,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, e-mail:
[email protected]
Os fosfatos naturais reativos têm capacidade de suprir
fósforo às culturas, tanto gramíneas como leguminosas. Sua eficiência
relaciona-se, principalmente, com sua origem, com o tamanho de suas
partículas, com as propriedades do solo, com o modo de aplicação,
com a cultura a ser implantada e com o tempo decorrido da sua aplicação.
Fosfatos naturais reativos na forma de pós são mais eficientes do que os farelados no primeiro cultivo, mas apresentam
sérios inconvenientes para a sua aplicação ao solo. Fosfatos naturais
reativos farelados também têm capacidade de suprir fósforo às
plantas e sua eficiência aumenta a partir do segundo cultivo. São
fontes alternativas de fósforo considerando que o custo de sua
unidade nutriente de P2O5 é menor que a dos fosfatos solúveis.
Os fosfatos naturais reativos devem ser utilizados em solos
ácidos, com pH em água inferior a 6,0. São adequados para serem
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 102 – JUNHO/2003
FÓSFORO
usados em solos deficientes neste nutriente em adubação de correção, aplicados a lanço e incorporados.
Para cultivos perenes ou de ciclos mais longos, como o da
cana-de-açúcar, os dados sugerem que a eficiência dos fosfatos
naturais reativos é similar à eficiência dos fosfatados com alta
solubilidade em água, já no primeiro cultivo.
Em cultivos anuais podem ser usados como manutenção
quando o teor de fósforo no solo for classificado como “médio”,
pelo menos. Em sistemas de plantio direto devem ser aplicados
preferencialmente nas linhas de plantio, nas culturas destinadas à
cobertura do solo com menor espaçamento entre linhas.
Palestra: EFICIÊNCIAAGRONÔMICA DE TERMOFOSFATOS E FOSFATOS ALTERNATIVOS
• Godofredo Cesar Vitti, Alf de Wit e Bárbara E.P. Fernandes, ESALQ/USP, Piracicaba, SP, fone: (19) 3429-4246, e-mails:
[email protected]; [email protected]
Os termofosfatos e os produtos à base de fosfato bicálcico
têm mais de 90% do P total solúvel em ácido cítrico (AC) e em citrato
neutro de amônio (CNA), mas são insolúveis em água.
O termofosfato magnesiano fundido, quando aplicado na
forma finamente moída, dissolve-se rapidamente no solo e apresenta
eficiência agronômica equivalente a dos fosfatos solúveis em água.
Devido à característica alcalina (pH ao redor de 8,0), mostra efeito
corretivo da acidez quando utilizado em doses elevadas ou continuamente e é fonte de magnésio e silício; esse último não é essencial às plantas, mas pode ser benéfico para algumas gramíneas,
como arroz e cana-de-açúcar, por sua ação na diminuição do acamamento (planta mais eretas = maior fotossíntese) além da diminuição na incidência de pragas e doenças, na fixação de fósforo e
na toxidez de manganês.
O multifosfato magnesiano, além do ortofosfato e da magnesita, pode conter N, B, Mo e micronutrientes metálicos em diferentes concentrações. As principais vantagens de sua utilização são:
alto teor de fósforo solúvel em CNA + H2O; maior absorção de
fósforo pela presença de magnésio; fonte de enxofre; grande variedade de formulações; possui, no mínimo, 50% do P solúvel em água.
Os fertilizantes organo-fostafados são obtidos através da
solubilização do fosfato natural (rocha fosfática) moído, por processo biológico. As suas principais vantagens são: menor potencial
de fixação pelo solo; efeito residual, pois os microrganismos solubilizadores do P, presentes no fertilizante, continuam ativos no solo;
efeito corretivo da acidez devido à sua característica alcalina (pH ao
redor de 7,8); presença de matéria orgânica em sua composição.
Não existe um fertilizante ideal, o importante é que cada um
atenda, da melhor maneira possível, às características agronômicas
(solo, planta e clima), econômicas e industriais.
PAINEL 3: RESPOSTA À ADUBAÇÃO FOSFATADA
Palestra: ADUBAÇÃO FOSFATADA EM SOLOS DA REGIÃO DO CERRADO
• Djalma Martinhão Gomes de Sousa e Edson Lobato, EMBRAPA Cerrados, Planaltina, DF, fone: (61) 388-9814, e-mails:
[email protected]; [email protected]
Os Estados que possuem grande parte de sua área com a
vegetação de Cerrado foram responsáveis pelo consumo de 47%
do fertilizante do Brasil no ano de 2001. Considerando somente o
fertilizante fosfatado, na Região do Cerrado, foram consumidos 51%
do P2O5 total entregue para o consumidor no Brasil em 2001. Esse é
um dos investimentos mais altos para a prática da agricultura comercial nesses solos.
A freqüência de resposta a fósforo em solos da Região do
Cerrado é alta, caracterizando a generalização da sua deficiência.
Em geral, as repostas mais convenientes ao fósforo estão condicionadas, além da correção da acidez, à disponibilidade de P no solo, à
disponibilidade de outros nutrientes, à espécie e à variedade vegetal
cultivada e às condições climáticas.
Práticas adequadas de manejo do solo e de rotação de culturas podem influenciar de forma positiva na eficiência de uso do P
adicionado ao solo por meio de fertilizantes.
Para se fazer uma recomendação criteriosa de adubação fosfatada para a correção do solo, deve-se conhecer o plano de utilização
da gleba, incluindo a seqüência de culturas, o prazo de utilização e
a expectativa de produção.
Os adubos fosfatados adicionados ao solo, além do efeito
imediato sobre a cultura que se segue à adubação, têm efeito residual nas culturas subseqüentes, podendo-se recuperar se não todo
o fósforo aplicado, algo muito próximo disso. Os decréscimos no
efeito da adubação fosfatada, com o tempo, resultam da interação
de vários fatores, tais como: tipo de solo, fonte, dose e método de
aplicação do fertilizante fosfatado, sistema de preparo do solo e a
seqüência de cultivos.
O texto completo desta palestra encontra-se como encarte
nesta edição do “Informações Agronômicas”.
Palestra: ADUBAÇÃO FOSFATADA NO SISTEMA
PLANTIO DIRETO
• João Carlos de Moraes Sá, Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Ponta Grossa, PR, fone: (42) 220-3090, e-mail: [email protected]
Atualmente, cerca de 20 milhões de hectares estão sendo
cultivados sob sistema plantio direto (SPD), representando quase
50% da produção de grãos no território brasileiro.
O sistema de manejo do solo tem muita influência sobre a
disponibilidade do P no solo. O não revolvimento do solo no SPD
promove a formação de sítios de P em espaçamentos e profundidades diferentes, com diferenças de estágios de P residual, devido à
adubação fosfatada no sulco de semeadura.
As raízes das culturas funcionam como veículo de distribuição de P no perfil do solo uma vez que o não revolvimento do solo
restabelece um rearranjo estrutural e desenvolve uma nova arquitetura de poros. Do ponto de vista do sistema de produção, é interessante a introdução de culturas com sistema radicular fasciculado (por exemplo, aveia preta, milheto) para formação de cobertura
vegetal. Os elevados teores de P contidos na biomassa microbiana
nos solos sob sistema plantio direto são uma forma eficiente de
armazenamento de P; assim, o componente microbial torna-se relevante no SPD, enquanto no sistema de preparo convencional este
é um compartimento limitado.
A resposta das culturas à adubação fosfatada no sistema
plantio direto tem sido bastante variável. A combinação de culturas
com habilidades diferenciadas na extração e exportação de P tem
apresentado pequenas respostas na produção de grãos.
As fontes de variação de resposta a P nesse sistema de
manejo iniciam-se com a conversão da vegetação natural em áreas
agrícolas e o tempo de exploração agrícola com preparo do solo
antes da adoção do plantio direto. O manejo da fertilidade do solo
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através da correção da acidez e do uso de fertilizantes nas culturas
em rotação auxilia na construção da “memória” de formas lábeis
inorgânicas e orgânicas de P. Dessa forma, o P-inorgânico pode
estar sendo incorporado à fração orgânica e redistribuído à solução
do solo em compostos menos suscetíveis à adsorção.
A utilização de extratores que avaliam as formas inorgânicas
lábeis (Mehlich 1 e resina de troca iônica) e sua interpretação para
o nível de resposta é limitada para explicar a variação de resposta a
P no sistema plantio direto. A estratégia de recomendação deve
considerar a profundidade de 0-10 cm e na fase inicial a recomendação deve ser com base na camada de 0-20 cm porque as alterações
em atributos da fertilidade ainda não foram expressivas.
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DA SOJA À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Aureo Francisco Lantmann, EMBRAPA Soja, Londrina,
PR, fone: (43) 3371-6225, e-mail: [email protected]
A soja absorve cerca de 8,4 kg de P para cada tonelada de
grãos produzida. Em relação às culturas de trigo e milho, a soja é
mais exigente neste nutriente: para 1.000 kg de milho ou de trigo são
necessários 4,3 e 6,9 de P, respectivamente.
A análise de solo é um dos melhores instrumentos para medir a real necessidade de fósforo para o cultivo da soja. Em plantio
direto, é necessário aliar a essas determinações um conjunto de
informações relativas ao tempo de uso do solo e condições de
manejo pois ele confere maior disponibilidade de P, quando comparado a situações de plantio convencional.
Associadas aos resultados de análises de solo, as tabelas
de recomendação também são argumentos indispensáveis para a
adubação fosfatada. Porém, elas devem ser regionalizadas e levar
em consideração não só a concentração de P no solo, mas também
a textura, o tempo de uso, as condições de manejo e a perspectiva
de rendimento.
As análises de folhas apresentam-se como um complemento
às interpretações das análises de solo, para futuras adubações.
Pode-se observar efeitos negativos sobre a concentração de cobre
e boro quando há aumento da concentração de P nas folhas de soja
induzido por uma adubação maior com esse nutriente.
Por questões econômicas, a aplicação de fosfatos naturais
reativos para o cultivo da soja pode ser uma alternativa compensadora. Porém, é necessário que se considere, para o melhor
aproveitamento dessas fontes, o teor de P no solo, o pH, a concentração de Ca, o tempo de uso do solo e aliar essas informações
aos resultados de pesquisas com as diversas opções de fosfatos
apresentadas no mercado.
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DO MILHO À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Antônio Marcos Coelho e Vera Maria Carvalho Alves,
EMBRAPA Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, fone: (31) 3779-1164,
e-mails: [email protected]; [email protected]
Lavouras de milho com rendimento acima de 8 t ha-1 de grãos
exportam de 60 a 80 kg ha-1 de P2O5 (8 a 10 kg de P2O5 t-1 de grãos),
os quais devem ser, no mínimo, repostos em solos com teores médios ou pobres do nutriente.
Os solos tropicais como os do Brasil apresentam, sob
condições naturais, baixo teor de fósforo total e baixa concentração
de fósforo disponível, além de altas taxas de adsorção de fósforo.
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Nessas condições, as respostas do milho à adubação com fósforo,
em experimentos conduzidos à campo em diferentes regiões do Brasil, têm sido geralmente altas e freqüentes. Nesses experimentos,
conduzidos sob o sistema de preparo convencional do solo, e deficientes em P, doses variando de 80 a 320 kg de P2O5 ha-1 foram
necessárias para produtividades máximas de milho, as quais variaram
de 6 a 11 t de grãos ha-1. Assim, em solos com baixa disponibilidade
deste nutriente a adubação deve visar, além da necessidade da planta,
enriquecer o solo para garantir patamares de rendimento adequado.
A magnitude de resposta do milho à adubação fosfatada em
áreas sob sistema de preparo convencional dos solos e deficientes
em P tem sido maior do que aquelas observadas em áreas sob plantio
direto consolidado. O plantio direto proporciona melhoria na absorção de fósforo pelas plantas por diferentes mecanismos, contribuindo para aumentar a eficiência da adubação fosfatada.
Existem numerosas evidências de variações entre e dentre
espécies quanto ao uso e acumulação de fósforo e outros nutrientes
e do controle genético destas características. Essas diferenças genotípicas ajudam a explicar a adaptação de espécies e cultivares às
diversas condições de estresse ambiental e formam a base genética
para programas de melhoramento.
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DO ALGODÃO À
ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Leandro Zancanaro, Fundação MT, Rondonópolis, MT,
fone: (66) 423-2041, e-mail: [email protected]
A história recente da cultura do algodão do Mato Grosso e
a inexistência de informações de pesquisa quanto ao fósforo na
respectiva cultura nas condições do Estado dá origem à diversificação dos critérios utilizados nas recomendações de adubações. O
que há por parte de muitos técnicos e produtores é uma tentativa de
obter sempre a máxima produtividade. Para estes profissionais, alta
produtividade está ligada diretamente à adubação utilizada, independente da fertilidade do solo.
As maiores produtividades médias são obtidas em regiões
com condições climáticas mais favoráveis, embora também com as
maiores adubações. Assim, há dois grupos de manejo de adubação
diferenciados em função da altitude e pluviometria:
• Grupo 1: Regiões de altitudes maiores (700 a 1.000 m) e com
chuvas até Maio – Serra da Petrovina, Alto Garças, Alto Araguaia,
Campo Verde e parte de Primavera do Leste: planejamento para
produtividades superiores a 300 @ ha-1 de algodão em caroço; superfosfato simples a lanço, seguido de incorporação, em pré-plantio =
300 a 600 kg SFT ha-1, mesmo em áreas com fertilidade elevada;
quantidade de fósforo na linha de plantio: 80 a 100 kg P2O5 ha-1.
Muitas destas recomendações são realizadas independente dos resultados das análises de solo e dos históricos de cultivo destas áreas.
• Grupo 2: Regiões de altitudes menores (400 a 600 m), com
chuvas até o mês de Abril – Rondonópolis e Itiquira: planejamento
para produtividades de 250 @ ha-1 de algodão em caroço; superfosfato simples em pré-plantio (adubação corretiva), quando necessário. A decisão de realizar ou não a adubação corretiva total ou
parcial de fósforo nestas áreas é realizada considerando as análises
de solo de vários anos de cultivo, recomendação de adubação das
instituições de pesquisa e principalmente o histórico da área; quantidade de fósforo na linha de plantio: 80 a 100 kg P2O5 ha-1.
Em levantamentos realizados pela AMPA (Associação dos
Produtores de Algodão do Estado do Mato Grosso) o custo da
adubação na cultura do algodão no Mato Grosso representou 18 a
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22% do custo total de produção, sem considerar o custo do descaroçamento do algodão. Na cultura da soja, embora a quantidade
de fertilizante aplicada seja menor, a adubação e os corretivos
correspondem de 25 a 32% do custo total da lavoura. Ou seja, a
adubação na cultura do algodão representa, proporcionalmente,
um custo menor que na cultura da soja. Alguns produtores justificam que a cultura do algodão é a oportunidade de corrigir o solo
possibilitando diminuir a adubação na cultura da soja que vier a ser
cultivada posteriormente. Assim, o algodão ajudaria a melhorar a
viabilidade da cultura da soja. Há lavouras comerciais de soja, cultivadas após algodão, com adubação reduzida e também sem fertilizantes, com produtividades superiores a 3.600 kg ha-1 (60 sc ha-1).
Conclui o autor que é necessário considerar mais o sistema
do que a cultura isoladamente e que altas produtividades do algodoeiro estão mais correlacionadas com o clima que com a quantidade
de fertilizantes aplicada ao solo.
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Gaspar Henrique Korndörfer, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, MG, fone: (34) 3212-5566, e-mail: ghk@
triang.com.br
O fósforo exerce função-chave na formação de sacarose,
matéria-prima para a produção de açúcar e álcool. A presença de
fósforo no caldo da cana exerce papel fundamental no processo de
clarificação. Caldo turvo e de coloração intensa implica na produção
de açúcar de pior qualidade e, portanto, de menor valor comercial.
Quanto maior o teor de P extraível do solo maior a quantidade de
P2O5 no caldo.
A agricultura de precisão é uma ferramenta fundamental para
a correção do fósforo do solo por diminuir os custos de adubação
e principalmente os riscos de contaminação ambiental por excesso
do adubo aplicado ao solo.
Principalmente em solos onde se instala a cultura da canade-açúcar pela primeira vez nota-se grande resposta da cana-planta
à adubação fosfatada. A cana-soca presenta grande resposta à adubação nitrogenada e potássica mas variável em relação à fosfatada,
talvez devido ao efeito residual. No Estado de São Paulo existem
algumas unidades de produção de cana que por diversos anos
suprimiram o P da soqueira, sem observar declínio na produtividade. É possível, entretanto, observar resposta positiva à adubação
com fósforo na soqueira, principalmente quando o solo recebeu
calagem e onde o cálcio no solo não é limitante.
Além das fontes tradicionais de adubos fosfatados – SFT
(superfosfato triplo), SFS (superfosfato simples), MAP (monoamônio fosfato) e DAP (diamônio fosfato), e outras não convencionais
– por exemplo, termofosfato, pode-se também utilizar a torta de
filtro como fonte de fósforo para a cana-de-açúcar. Pode substituir
parcialmente ou totalmente a adubação fosfatada da cana-planta, e
é recomendada preferencialmente para aplicação no sulco de plantio,
mas pode também ser aplicada na entrelinha da cana-soca. Pode
ainda ser aplicada em área total e incorporada. Em geral, metade do
fósforo contido na torta de filtro pode ser deduzido da adubação
fosfatada recomendada.
Somente no Estado de São Paulo existe uma área cultivada
com cana superior a 350.000 ha onde utilizam-se fertilizantes fluidos. Atualmente, a maior parte da adubação fosfatada líquida usa
como matéria-prima o MAP, podendo também ser usado o ácido
fosfórico.
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DO CAFÉ À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Ondino Cleante Bataglia, Instituto Agronômico, Campinas, SP, fone: (19) 3236-9119, e-mail: [email protected]
A exigência de fósforo para a formação do fruto do café é
proporcional ao acúmulo de matéria seca e a sua absorção é a menor
dentre os macronutrientes. A exportação pela colheita de uma
produção excepcional de frutos (por exemplo, 60 sacas por hectare)
não chega a 10 kg ha-1 de P. Isso pode explicar em parte a usual falta
de resposta dessa planta à adubação fosfatada.
As recomendações de adubação para o cafeeiro no Brasil
são regionalizadas. Existem diversos critérios para diagnose nutricional e diversas tabelas de recomendação. Em geral são recomendações em nível estadual.
Apesar da pequena resposta observada para aplicação de
fósforo no cafeeiro, experimentos recentes em cafezais adensados
mostraram aumentos significativos na produção devidos à aplicação deste nutriente.
Há duas recomendações básicas para aplicação de fósforo
no cafeeiro, uma é a adubação de plantio (de acordo com a análise
de solo) e a outra é a de produção (de acordo com a disponibilidade
de P no solo e a produtividade da lavoura). Em geral a adubação de
plantio, aplicada na cova ou em sulco é suficiente para os dois anos
iniciais da cultura. A partir do terceiro ano inicia-se o programa de
adubação de produção (fertilizante fosfatado em aplicação única
durante o ano no início da estação chuvosa, ou, caso haja conveniência, pode ser também parcelado, aplicado em superfície, numa
faixa em sua maior parte abaixo das copas das árvores).
Palestra: RESPOSTA DA CULTURA DOS CITROS À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• José Eduardo Creste, Universidade do Oeste PaulistaUNOESTE, Presidente Prudente, SP, fone: (18) 229-2000, e-mail:
[email protected]
A manutenção de produtividades econômicas é impossível
sem a reposição ao solo de nutrientes extraídos pelas plantas e exportados através da colheita. Considerando-se 1.000 caixas ha-1, tem-se
que a exportação desse elemento num pomar de laranja produtivo
(> 40 t ha-1) seria de aproximadamente 5,81 kg de P ou de 13,30 kg de
P2O5 por hectare.
O número de frutos por árvore, e conseqüentemente a colheita, aumenta significativamente ao se elevar a concentração de
fósforo nas folhas. Níveis foliares de fósforo em plantas cítricas
variando de 1,2 a 1,6 g kg-1 em folhas de ramos frutíferos são
aceitos como adequados para este elemento.
Um programa de adubação fosfatada deve ter os seguintes
objetivos: melhoria na produtividade do pomar; diminuição no tempo
de início de produção (precocidade); diminuição no custo de produção; diminuição na condição de alternância de produção; melhoria
na qualidade dos frutos.
As quantidades de fósforo a serem aplicadas variam em
função dos teores de fósforo no solo, idade das plantas e expectativa
de produção.
Apesar da importância da citricultura no contexto econômico
brasileiro e, por outro lado, da importância da nutrição e da adubação
na produtividade das lavouras cítricas, não existem muitos trabalhos
referentes à adubação.
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Palestra: RESPOSTA DAS PASTAGENS À ADUBAÇÃO
FOSFATADA
• Manuel Claudio Motta Macedo, EMBRAPA Gado de Corte, Campo Grande, MS, fone: (67) 368-2061, e-mail: macedo@cnpgc.
embrapa.br
A degradação das pastagens está presente em 70 a 80% das
áreas plantadas com pastagens cultivadas e é causada pelo mau
manejo animal, práticas culturais impróprias e falta de reposição de
nutrientes. O fósforo, ao lado do nitrogênio, é um dos nutrientes
mais intimamente ligados ao processo de degradação, quer pela
baixa fertilidade natural dos solos dos Cerrados, quando da implantação das pastagens, como pela falta de reposição do mesmo nos
sistemas de exploração. Além dos solos ácidos e de baixa fertilidade,
as gramíneas implantadas nessa região precisam se adaptar aos
constantes estresses hídricos.
Os ganhos no desempenho animal em pastagens consorciadas de leguminosas e gramíneas são 15 a 20% superiores quando
comparados aos de gramínea solteira; mas além dos efeitos imediatos
de ganho animal está o aumento da vida útil da pastagem.
A característica de alta capacidade de ciclagem de nutrientes
e da profundidade do sistema radicular das pastagens tem grande
importância nas práticas culturais de manutenção. Isso equivale a
dizer, em princípio, que as doses de fertilizantes são maiores na
implantação e menores na fase de manutenção. É freqüente observarem-se produções 20 a 30% superiores no primeiro ano de utilização das pastagens tropicais, mesmo quando se procede as adubações de manutenção nos anos subseqüentes, devido ao estresse
fisiológico da planta induzido pelo pastejo.
As informações existentes de recomendação de adubação
fosfatada para implantação das pastagens nos Cerrados são satisfatórias para o produtor estabelecer adequadamente suas pastagens. Já a adubação de manutenção precisa, entre outros aspectos,
considerar o nível de produção almejado, a categoria animal utilizada,
a lotação correspondente e a oferta ou resíduo pós-pastejo. Assim,
as recomendações para adubação de manutenção de pastagens
sob pastejo só serão solidamente consistentes e devidamente
validadas com experimentos de longa duração, com a interação climasolo-planta-animal cuidadosamente acompanhada. Trabalhos de
longa duração, em pequenas parcelas, sob avaliação de cortes,
podem atuar como importante ponto de apoio ao entendimento,
mas a participação do animal, que escolhe sua própria dieta, e atua
intensamente na ciclagem dos nutrientes, é indispensável para o
entendimento mais adequado do processo.
Palestra: RESPOSTA DO ARROZ DE SEQUEIRO À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Nand Kumar Fageria, Morel Pereira Barbosa Filho, Luís
Fernando Stone e Cleber Morais Guimarães, EMBRAPA Arroz e
Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO, fone: (62) 533-2178, e-mails:
[email protected]; [email protected]; stone@
cnpaf.embrapa.br
O cultivo de arroz de terras altas predomina na região do
cerrado e contribui com aproximadamente 32% da produção e 59%
da área plantada no país com esta cultura.
Para produzir uma tonelada de grãos de arroz são necessárias extrações de 28 kg de N, 3 kg de P, 40 kg de K, 6 kg de Ca, 4 kg
de Mg, 65 g de Zn, 20 g de Cu, 351 g de Mn, 169 g de Fe e 18 g de
B, significando que, entre os macronutrientes, o P é o mais eficiente
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na produção de grãos.
As principais funções do fósforo na cultura do arroz são:
aumenta o número de panículas, aumenta o peso de grãos, antecipa
a maturação de grãos, aumenta o crescimento do sistema radicular
e melhora a qualidade dos grãos.
Os Oxissolos que predominam nas áreas com arroz de terras
altas são, em geral, de baixa fertilidade natural, principalmente
deficiência de fósforo.
Adotar práticas de manejo adequadas é imperativo para se
obter aumento da eficiência do fósforo na produtividade das culturas.
As principais práticas de manejo são: aplicação de doses adequadas,
uso de fontes apropriadas, uso de métodos adequados de aplicação,
manutenção de pH adequado do solo, manutenção de umidade adequada do solo, consideração sobre o efeito residual do fósforo, incorporação de restos culturais, aplicação de KCl junto com os fertilizantes fosfatos, uso de adubação orgânica e uso de cultivares eficientes.
A produtividade brasileira é baixa, mas por outro lado, em
áreas favorecidas, com uso de tecnologia, existe possibilidade de
conseguir produtividades maiores que 3.000 kg ha-1. Além disso, o
lançamento de cultivares de arroz de terras altas, cujos grãos são
classificados como longo-fino, criou condições competitivas favoráveis deste arroz em relação ao arroz de várzea, por apresentar
também um menor custo de produção.
Palestra: RESPOSTA DO ARROZ IRRIGADO À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Ledemar Carlos Vahl, Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas, RS, fone: (53) 275-7248, e-mail: [email protected]
A recomendação de fósforo para o arroz irrigado é aproximadamente a metade daquela recomendada para as culturas de
sequeiro. As razões para que as recomendações sejam menores
para o arroz são não só o aumento da disponibilidade do P do solo
pelo alagamento mas também a maior eficiência dos adubos fosfatados em solos de várzea.
Em sistemas de rotação ou sucessão observa-se que o efeito residual da adubação fosfatada do arroz sobre as culturas de
sequeiro seguintes são muito menores do que o normalmente observado em sistemas de sequeiro, não só porque as doses aplicadas no arroz são mais baixas, mas também porque as reações de
adsorção e retenção do P aplicado após a drenagem do solo são
intensificadas. Em conseqüência, as dosagens de P em adubações
para culturas de sequeiro que sucedem o arroz devem ser maiores
do que as normalmente recomendadas.
Já a adubação fosfatada do arroz irrigado por alagamento
que sucede culturas de sequeiro adubadas corretamente pode ser
dispensada devido ao efeito residual, que é maior do que a própria
recomedanção para a cultura.
Resultados de pesquisas a longo prazo revelam que quanto
maior a freqüência de alagamento, menor é a taxa de aproveitamento do P aplicado. Isto pode significar que os ciclos freqüentes de
alagamento e drenagem aumentam, de alguma forma, a retenção do
P no solo em função de sua reação com o ferro.
Palestra: RESPOSTA DO FEIJÃO À ADUBAÇÃO FOSFATADA
• Nand Kumar Fageria, Morel Pereira Barbosa Filho e
Luís Fernando Stone, EMBRAPA Arroz e Feijão, Santo Antônio de
Goiás, GO, fone: (62) 533-2178, e-mail: [email protected]
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O fósforo, após a calagem, é o nutriente que mais limita a
produtividade do feijoeiro em solos brasileiros. Quando os solos
são corrigidos em relação ao P, o nitrogênio torna-se mais limitante.
A influência do P na cultura do feijão está no aumento da produção
de matéria seca da parte aérea, aumento no número de vagens e na
massa de grãos, que são os principais determinantes no aumento
da produtividade. Entre os componentes da produção, o número de
vagens por unidade de área contribui mais no aumento da produtividade do feijão do que quaisquer outros parâmetros.
A eficiência de recuperação do P pela planta de feijão é menor
que 10% em solos de cerrado, dependendo da dose aplicada. Porém,
em compensação, a eficiência de uso do P (produção de grãos por
unidade de P acumulado na planta) é muito maior do que a de N e K.
Portanto, a necessidade de P (acumulação na planta) é muito menor
do que N e P. A maior parte do P acumulado na planta (> 80%) é
translocado para os grãos. Existe uma correlação significativa e
positiva entre acumulação de P nos grãos e produtividade do
feijoeiro. Assim, existe possibilidade de aumentar a produtividade
da cultura com o aumento de taxa de absorção de P.
A absorção de P pode ser aumentada com o uso de práticas
apropriadas, como preparo do solo, uso de calagem e adubação
nitrogenada, densidade e espaçamento, uso de cultivar de alto
potencial e eficiente no uso de P, evitando a deficiência hídrica, uso
de rotação apropriada, controle de doenças, pragas e plantas
daninhas. Além disso, as recomendações de adubação devem ser
feitas de acordo com a análise do solo.
Palestra: RESPOSTA DO TRIGO À ADUBAÇÃO FOSFA-
TADA
• Sirio Wiethölter, EMBRAPA Trigo, Passo Fundo, RS, fone:
(54) 311-3444, e-mail: [email protected]
Considerando que há diferenças importantes nas características de solo, de clima e de potencial de rendimento das diversas
regiões de cultivo de trigo, as recomendações de adubação e de
calagem foram elaboradas ao longo do tempo e de forma distinta
para cada uma delas.
Para obter bons rendimentos de trigo é necessário otimizar
a combinação de fatores de produção da própria cultura bem como
prever a realização de rotação de culturas, evitando-se, assim, a
perpetuação de doenças que sobrevivem saprofiticamente nos restos
culturais. Dessa forma, o emprego conjugado das melhores práticas
de campo e o cultivo de cultivares de trigo recém-lançadas e que apresentam maior potencial de rendimento e tolerância a doenças permitem o uso eficiente de fertilizantes e dos recursos naturais disponíveis.
A resposta das plantas ao P aplicado no sistema plantio
direto tende a ser semelhante ou ligeiramente superior à do sistema
convencional, e a rotação de culturas confere rendimentos maiores
de trigo e de soja em ambos os sistemas de manejo de solo.
Com a tecnologia atualmente disponível é possível obter
rendimentos superiores a 5 t ha-1 em parcelas experimentais e em
algumas lavouras nas regiões mais frias. Já para lavouras comerciais extensivas, nas quais todas as práticas são otimizadas em
termos de momento adequado de execução, rendimento médio
superior a 3 t ha-1 pode ser esperado. Considerando o uso contínuo
de fertilizantes fosfatados nos solos cultivados com trigo e os tetos
de rendimento acima, o nutriente mais deficiente na atualidade é N,
sendo necessárias, em muitos casos, somente doses de P proporcionais à exportação do nutriente pelos grãos.
Palestra: RESPOSTA DO EUCALIPTO À ADUBAÇÃO
FOSFATADA
• Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira, RR Agroflorestal,
Piracicaba, SP, fone: (19) 3422-1913, e-mail: ronaldo@ rragroflorestal.
com.br e José Luiz Gava, Companhia Suzano de Papel e Celulose,
Itapetininga, SP, e-mail: [email protected]
Os reflorestamentos no Brasil têm se concentrado em solos
com baixa reserva de nutrientes, acidez elevada e altos teores de Al.
Nesses solos, a deficiência de fósforo é freqüentemente menos
encontrada que a de potássio e boro. No entanto, considerando a
baixa fertilidade dos solos florestais, a aplicação de fósforo tem
sido essencial para o aumento e manutenção da produtividade das
florestas implantadas.
A exigência de fósforo diminui com o aumento da idade da
floresta, em razão disso, o nível crítico de P no solo é mais alto na
fase inicial do desenvolvimento. Daí a importância do fornecimento
de fontes com alto teor de fósforo disponível na adubação de plantio, como os superfosfatos, com o objetivo de promover maior crescimento inicial da floresta.
A quantidade média exportada pela casca e madeira do
eucalipto é de 25,3 kg ha-1 P, que equivaleria a uma reposição de 57,9
kg ha-1 de P2O5. Portanto, para que a quantidade exportada seja
reposta, é necessária a aplicação de, no mínimo, 135 kg ha-1 de
superfosfato triplo ou 193 kg ha-1 de fórmula (06-30-06) ou 322 kg de
superfosfato simples ou 362 kg ha-1 de termofosfato magnesiano
(16% P2O5 solúvel em ácido cítrico) ou 644 kg ha-1 de fosfato natural
reativo (9% de P2O5 solúvel em ácido cítrico). No entanto, a aplicação dessa quantidade não garantiria a sustentabilidade das próximas
rotações, principalmente em solos argilosos, onde a adsorção de
fósforo pelos minerais de argila e óxidos de Fe e Al é alta. Nesse caso,
haveria a necessidade de se utilizar doses maiores para manter o
fornecimento adequado de P no próximo ciclo. Uma das alternativas,
além da melhor localização do adubo fosfatado, seria a seleção de
genótipos mais eficientes na absorção e translocação de fósforo.
A localização da adubação fosfatada de plantio deve levar
em consideração dois fatores: capital disponível e topografia do
terreno.
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“Sem os fertilizantes fosfatados não haverá produção agrícola.
Os solos ficarão privados da fertilidade, incapazes de proporcionar colheitas lucrativas”.
Wells (H.G., autor do “Homem invisível”) fez negro prognóstico no pertinente à
sobrevivência da humanidade, no planeta terra; julga que ela perecerá à fome por escassez
de adubos fosfatados, salvo se a ciência a socorrer em tempo oportuno, descobrindo o modo
de recuperar o fósforo que é carregado, em seus componentes solúveis, incessantemente
(erosão, arrastamento superficial) para os mares e oceanos.
(MELLO-MORAES, 1947)
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