Avaliação da frutificação do quiabeiro cv “Amarelinho” em função de

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Avaliação da frutificação do quiabeiro cv “Amarelinho” em função de
diferentes espaçamentos entre e dentre plantas.
José Walmar Setúbal¹; Antônio Celso Wagner Zanin²; Ilza Maria Sittolin³
¹UFPI-Dep.de Fitotecnia- Campus da Socopo-64049-550-Teresina-PI; E-mail: [email protected]
²FCA/UNESP-Dep. de Produção Vegetal - Faz Lageado-18603-970 Botucatu-SP;
³EPAMIG-Embrapa Meio-Norte-Teresina-PI; E-mail: [email protected]
RESUMO
A frutificação do quiabeiro tem a tendência de acompanhar o próprio sistema de
crescimento da planta. De hábito de crescimento indeterminado, a frutificação ocorre de
forma progressiva na haste principal e nos ramos laterais durante seu ciclo reprodutivo. O
experimento foi conduzido na Fazenda Experimental de São Manuel da FCA/UNESP,
Campus de Botucatu. O delineamento experimental adotado foi um esquema fatorial 3 x 3
em blocos casualizados com seis repetições, utilizado-se os espaçamentos entre linha
(1,00cm, 1,25cm e 1,50cm) e entre plantas (0,30cm, 0,45cm e 0,60cm) em combinação
com a frutificação da haste principal e dos ramos. As mudas foram produzidas em
bandejas de 128 células sob estufa plástica, usando a mistura de terriço com matéria
orgânica na proporção de 3:1, 400g da fórmula 4-14-8 para 60 litros e transplantadas com
duas a três folhas definitivas, As irrigações foram realizadas na freqüência de duas
aplicações diárias. Dado a maior densidade de plantio, a produção por planta foi menor
em decorrência da ausência ou da baixa porcentagem de ramos produtivos. A menor
densidade, apesar de ter proporcionado uma maior produção por planta, teve uma menor
estimativa de produção em decorrência do menor número de plantas por hectare. A
supremacia da produção de frutos da haste principal em relação ao ramo, foi evidente
para todos os tratamentos com 93,92% e 60,72% para os espaçamento de 1,00m x 0,30m
e 1,50m x 0,60m, respectivamente, contra 6,08% e 39,28% do ramo.
Palavras- chave: Abelmoschus esculentus; quiabo; densidade de plantio; frutos
Evaluation of the fruiting of the okra cv "Amarelinho" in function of different
spacing between and amongst plants.
ABSTRACT
The purpose of the present research was to study fruiting of okra as a function of different
plant population. Okra cultivar Amarelinho were grown under field conditions, at São
Manuel county, state of St. Paulo, Brazil. Treatments consisted of three row distances
(1,00m, 1,25m and 1,50m) and three plant distance in the rows (0,30m, 0,45m and
0,60m), resulting in nine combinations. The experimental disign was a randomized block
with six replications. Data of number of fruiting were taken in the main stem and axillary
branches, in an individual plant basis, in seven plant per plot. Through the results it is
concluded that: When spacing was increased, o number of fruits per plant increased as a
function of higher number of productive branches. Fruiting on the main branch was higher
than on lateral branch, independent of the utilized spacing.
Keywords: Okra, Abelmoschus esculentus, plant density, fruiting.
O quiabeiro sendo de hábito de crescimento indeterminado apresenta a
frutificação de forma progressiva na haste principal e nos ramos laterais ao longo do seu
ciclo reprodutivo acompanhando o próprio sistema de crescimento da planta.
Segundo Gurgel & Mitidiere (1954), quando da avaliação da produção de frutos da cv.
Chifre de Veado no sistema de colheitas parceladas em intervalos de cinco dias e
colheitas contínuas verificaram uma produção de 22 e de 38 frutos por planta,
respectivamente. Situação semelhante foi observado por Kolhe & Chavan (1967) ao
constatar que a produção da cv. ‘Pusa Sawani’ foi de 53 frutos por planta quando colhidos
periodicamente e 17 frutos quando da ausência da prática de colheita.
Segundo Lima e Silva & Montenegro (1993), a supressão parcial ou total de flores ou
frutos do quiabeiro, não só estimulou o crescimento da planta, como proporcionou uma
superação significante na produção em relação às plantas com frutificação normal. Com
este propósito o efeito de população modifica a morfologia e fisiologia a planta afetando o
rendimento e a precocidade de maturação. Neste sentido, enquanto Fowler & Ray (1977)
mencionaram que o número de frutos por unidade de área está diretamente relacionado
com a população de plantas, Brown (1971) mostrou que a frutificação total por planta
diminuiu com o aumento da população. Para Heilman et al. (1971), espaçamentos
menores representam um fator adverso no processo produtivo, pois, além de proporcionar
uma maior competição de raízes, ocorre um acúmulo de etileno na parte aérea da planta
antecipando a senescência.
Neste contexto e no sentido do aprimoramento de novas técnicas de produção do
quiabeiro, este trabalho teve por objetivo avaliar a frutificação na haste principal e ramos
da cv. “Amarelinho”, em função de diferentes populações de plantas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de campo, de setembro/1994 à junho/1995,
na Fazenda Experimental da Faculdade de Ciências Agronômica, Campus de Botucatu,
UNESP, Município de São Manuel/SP. Foi adotado o delineamento experimental no
esquema fatorial 3 x 3 em blocos casualizados com seis repetições, para testar os efeitos
de três espaçamentos entre linha (1,00m; 1,25m; 1,50m) e três espaçamentos entre
plantas (0,30m; 0,45m; 0,60), a frutificação do quiabeiro, cv. ‘Amarelinho’ selecionada na
unidade experimental da Agroceres.
As mudas foram preparadas em bandejas de isopor com 128 células de 12 cm de
profundidade sob condições protegidas de estufa plástica. O substrato utilizado foi a
mistura de terriço com matéria orgânica, proporção de 3:1 e 400 g da formulação 4-14-8
para 60 litros, tratado com rovral em pó. O transplante ocorreu quando apresentaram de
duas a três folhas definitivas.
Quando da maturação morfológica dos frutos as colheitas foram feitas na forma
convencional (parcelada) separando-se os frutos da haste principal e ramos laterais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O espaçamento de plantas tem sido elucidado como um parâmetro que desempenha
nítidos efeitos sobre o processo de frutificação do quiabeiro (Brawn, 1971). Os dados da
Tabela 1, mostram que a cv. Amarelinho respondeu simultaneamente, de duas formas
distintas à variação da densidade de plantio. Para o maior espaçamentos (1,50m x
0,60m), a produção de frutos por planta foi maior (42,79 frutos/planta), para um menor o
número de plantas por unidade de área. Na condição de menor espaçamento (1,00m x
0,30m), menor foi o número de frutos por planta (20,41 frutos) para um maior número de
plantas por unidade de área.
Dos espaçamentos testados, os melhores para a cv. Amarelinho visando produção por
planta, foram 1,00m x 0,60m; 1,25m x 0,60m; e 1,50m x 0,60m, com produções médias
de 33,72; 36,72 e 42,79 frutos, respectivamente. Os menores resultados foram obtidos
para os espaçamentos 1,00m x 0,30m; 1,25m x 0,30m; e 1,50m x 0,30m, com a
produção média de 20,41; 23,17 e 27,01 frutos por planta, respectivamente.
Os dados de produção por planta mostram que a estimativa máxima de rendimento para
a cv. Amarelinho, foi definida para a maior densidade de plantio, representado pelos
menores espaçamentos entre plantas. A estimativa dos melhores rendimentos de frutos
“in natura” se situaram em torno de 9.000 kg/ha, 8.300 kg/ha e 8.000 kg/ha, para os
espaçamentos 1,00m x 0,30m; 1,00m x 0,45m; e 1,00m x 0,60m, respectivamente.
Resultados semelhantes foram obtidos pela Agroceres, situando-se em torno de
10.000kg/há para espaçamentos variando de 1,00m x 0,20m à 1,00m x 0,30m. Esta
densidade tem sido confirmada por Leal (1974) como a mais recomendada para o
quiabeiro. Estes resultados estão condizentes com o de Fowler & Ray(1977) pois,
enquanto o número de frutos por unidade de área apresentou uma correlação positiva
com o aumento da população de plantas, a porcentagem de frutificação apresentou uma
correlação negativa com a redução do número e do tamanho de frutos por planta.
LITERATURA CITADA
BROWN, K.J. Plant density and yield of cotton in northern. Nigeria. Cotton Growing Rev.,
v. 48, p. 255-66. 1971.
FOWLER, J.L. RAY, L.L. Response of two cotton genotypes to five equidistant spacing
patterners. Agron. J. v. 69, p. 733-38. 1977.
GURGEL, J.T.A., MITIDIERE, J. Estudo sobre o quiabeiro (Hibiscus esculentus L.) I.
Pesquisa básica. Rev. Agric. (Piracicaba), v. 29, n. 7-8-9, p. 239-52. 1954.
HEILMAN, M.D., MEREDITH, F.I., GONZALEZ, C.L. Ethyleno prodution in the cotton plant
(Gossipium hirsutum L.) conopy and effect on fruit abcission. Crop. Sci., v. 11, p. 25-27.
1971.
KOLHE, A.K. CHAVAN, V.M. Development of fruit yielding capacity on the eprodutive and
vegetative behaviour in the okra (Abelmochus esculentus (L.) Moench). Indian J. Agric.
Sci., v. 37, n.3, p. 155-156. 1967.
LEAL, N.R.
Influência do espaçamento e densidade de plantio na produtividade de
quiabeiro (Hibiscus esculentus L.). Rev. Oleric., v. 14, p.180-1. 1974.
ZANIN, A.C.W. Hábito de florescimento e de frutificação de quatro cultivares de quiabeiro
(Abelmoschus esculentus (L.) Moench) cultivada para produção de sementes. Botucatu.
1980. 53p. Tese (Livre Docência)-Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
Estadual Paulista.
Tabela 1. Produção média de frutos morfologicamente maduros para haste principal (Hp),
ramos e total por planta, em função de diferentes espaçamentos entre linhas e entre
plantas, para a cv. Amarelinho. Botucatu, 1995.
Tratamentos
FHp
P r o d u ç ã o
Hp
de
nº
%
19,17cA
93,92
F r u t o s
Ramo
nº
%
Total
nº
FRa
T1 (1,00 x 0,30)
15,46a
T2 (1,00 x 0,45)
T3 (1,00 x 0,60)
2,40b
T4 (1,25 x 0,30)
T5 (1,25 x 0,45)
2,82b
T6 (1,25 x 0,60)
1,97b
T7 (1,50 x 0,30)
1,24dB
6,08
20,41fgA
19,71bcB
80,78
4,69cdC
19,22
23,81abcB
70,61
9,91bC
24,40ef A
4,20b
29,39
33,72bcA
20,43bcA
22,83abcB
23,17gA
26,19
7,46b
30,93cdA
33,66
36,72bA
88,17
73,81
24,36abB
22,53abcB
66,34
83,41
2,74dB
11,83
8,10bcC
12,36abC
4,48cdC
16,59
27,07de
5,03b
T8 (1,50 x 0,45)
2,51b
T9 (1,50 x 0,60)
22,91abcB
25,98aB
71,53
60,72
9,12bcC
16,81a
39,28
28,47
42,79aA
32,03bcdA
1,55b
Obs.:1. Letras minúsculas comparam médias entre os tratamentos (coluna) e maiúsculas
e porcentagem comparam médias entre posições;
2. Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si ao nível
de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey
.
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