Caderno B - 5 Sábado, 18 DE Fevereiro DE 2017 Brad Pitt e Marion Cotillard estão em Aliados Vatan precisa descobrir se esposa é uma espiã alemã e pode ter que matá-la em nome da guerra FÁBIO ALEXANDRE [email protected] Amor e guerra não combinam. Diversos clássicos do cinema mundial comprovam isso. Agora, é a vez do diretor Robert Zemeckis (De Volta Para o Futuro) apresentar sua versão dos tempos da Segunda Guerra Mundial, reunindo dois grandes astros, Brad Pitt e Marion Cotillard, em Aliados, que estreia no Topázio Cinemas. Em 1942, 26 países acabam de ingressar nas Forças Aliadas para lutar contra a ameaça nazista que assola a Europa. Numa missão urgente para a britânica SOE (Special Operations Executive), o aviador canadense Max Vatan (Pitt) salta de paraquedas, em Casablanca, no Marrocos, para assassinar o embaixador da Alemanha. Lá, ele encontra Marianne (Cotillard), da resistência francesa - escolhida para se passar por sua esposa. Porém, a paixão crescente que sentem um pelo outro logo se transforma em mais que uma encenação. Após o fim da missão, os dois seguem juntos para Londres, onde se casam e iniciam uma família. Tudo vai bem até Max ser informado que Marianne pode estar ligada aos alemães. A história de dois espiões da Segunda Guerra que se apaixonam e são jogados um contra o outro, após suas verdadeiras identidades virem à tona, tornou-se ponto central do roteiro desenvolvido por Steven Knight (Senhores do Crime) e é baseado em um fato real, envolvendo um espião canadense e uma professora francesa que se tornou combatente da Resistência. Os romances repentinos costumavam surgir durante o trabalho de agentes na Segunda Guerra, em situações de vida e morte - principalmente com homens e mulheres frequentemente trabalhando como casais. Mas havia uma regra assustadora chamada “Regra da Traição Íntima”: se um dos dois agentes descobrisse que o parceiro estava divulgando segredos ao outro lado, era exigido que aquele agente, por maior Divulgação Max Vatan (Pitt) e Marianne (Cotillard) vivem um amor proibido em tempos de Segunda Guerra Mundial e de traições que fosse o sacrifício pessoal, executasse imediatamente o amante ou fosse enforcado por traição. Divulgação No primeiro filme ambientado no campo de batalha, Robert Zemeckis imprime seu estilo Inteligente e habilidoso, casal vive dilema A ideia de amantes que têm de lidar com o dilema que os coloca entre a promessa de casamento e a profunda lealdade ao país foi algo que fascinou o roteirista, que reinventou a história, criando novos personagens. Max Vatan é do tipo que não costuma permitir que flertes atrapalhem o seu raciocínio. Marianne é tão inteligente e habilidosa quanto ele e, por isso mesmo, sua identidade dupla torna-se uma surpresa. Esta dualidade atraiu Zemeckis ao projeto. “O roteiro transmitia uma sensação arrebatadora e romântica. Como diretor, o que mais gosto de fazer é emocionar o público - e quando você tem uma história tão poderosa como essa, com tantas reviravoltas emocionais, há possibilidades imensas para fazer isso”, destaca. Ao construir uma trama baseada inteiramente em traição, o cineasta se perguntou: “Como nós reagimos quando começamos a pensar que alguém que amamos não é quem diz ser? É algo que acontece na vida, mas, no mundo de Max e Marianne, você tem duas pessoas que já estão se passando por outras pessoas desde o momento inicial”, questiona. “Então, como se estabelece a verdade? E como você pode sequer falar com seu amado, se acredita que o inimigo está ouvindo?”. Mas o que mais atraiu Zemeckis no roteiro foi a forma como ele evocava a sensação daquela Londres arrasada pe-la guerra. “Londres estava sendo bombardeada todas as noites, porém, apesar disso, as pessoas prosseguiam com a vida na cidade. Foi algo que eu quis transmitir: um mundo onde a engrenagem da guerra está sempre ao fundo - às ve- zes, à frente - no entanto, as pessoas estão vivendo com total abandono, pois sabem que a vida pode acabar a qualquer momento”, analisa. “Havia um tipo de fatalismo, tanto no modo como as pessoas se portavam, quanto no visual da cidade. É um mundo onde as pessoas estão tentando desafiar a morte a cada esquina, inclusive Max e Marianne, cujo amor se desenrola em meio ao perigo e não tem como escapar, nem mesmo quando eles se casam”. Visualmente bonito e com cenas bem construídas, Aliados se perde na fraqueza de seu roteiro, que busca soluções fáceis para focar no relacionamento dos espiões, e infelizmente não respeita a inteligência de seu espectador. Também abalado por fofocas de traição envolvendo seus astros, o filme acabou aquém do que poderia ser. Gore Verbinski volta ao suspense com o longa A Cura Superprodução repleta de mistérios, com poucos trailers e materiais inéditos divulgados, o thriller psicológico A Cura, que estreia no Topázio Cinemas, traz o diretor Gore Verbinski de volta à atmosfera horripilante de O Chamado (2002), um dos seus filmes mais marcantes. Na trama, Dane DeHaan (O Espetacular Homem-Aranha 2) é Lockhart, um corretor de Wall Street movido pela ambição, enviado por sua firma a um remoto spa médico nos Alpes suíços. Lockhart está em uma missão para recuperar o CEO da empresa, Pembroke (Harry Groener), que está internado no spa e afirmou à sua equipe que não tem intenção alguma de voltar a Nova York. De forma tranquila, Lockhart chega ao misterioso sanatório, onde os moradores estão supostamente recebendo uma cura milagrosa. Contudo, enquanto se aprofunda nos bastidores do spa, Lockhart descobre que os pacientes parecem estar ficando mais doentes. Investigando os segredos escuros e desconcertantes por trás do lugar, ele conhece uma jovem mulher, Divulgação Hannah (Mia Goth), também paciente do sanatório. No local, conhece outra paciente, a excêntrica Sra. Watkins (Celia Imrie), que também faz seu trabalho de detetive. Logo, Lockhart é diagnosticado com a mesma condição que os outros pacientes pelo diretor da instituição, o sinistro Dr. Volmer (Jason Isaacs), e descobre que ele está preso no retiro alpino. Lockhart começa a perder o controle sobre a realidade e tem que suportar provações inimagináveis durante o curso de seu próprio “tratamento”. Profundidade Depois de comandar alguns filmes da franquia Piratas do Caribe e outros blockbusters, Verbinski queria fazer um thriller com a profundidade, percepção e poder dos clássicos que ele admirava dentro do gênero de suspense, como O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, e O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick. A ideia de uma cura rápida, juntamente com o mal-estar da sociedade e a obsessãocom a saúde perfeita, foram temas que fascinaram Verbinski. “Começamos a explorar a ideia de um spa de saúde nos Dane DeHaann é Lockhart, um jovem ambicioso que acaba em um misterioso spa nos Alpes Alpes, um centro de bem-estar que não te faz bem”, diz o diretor. “E evoluiu lentamente a partir daí. Tornou-se bastante claro para nós que esta seria uma peça de gênero, e começamos a brincar com o conceito de inevitabilidade. É a sensação de que há uma doença, uma espécie de ponto negro em seu raio-x que não vai embora”. Verbinski sentou-se com o roteirista Justin Haythe (O Cavaleiro Solitário) para desenvolver a história. “Havia uma ideia circulando na minha cabeça por algum tempo, envolvendo várias influências e temores, mas também de uma suspeita de medicina”, afirma Haythe, que se disse inspirado pelo trabalho do escritor alemão Thomas Mann e pelo psiquiatra Carl Jung. “O filme realmente diz respeito à poluição de nossas mentes e corpos no mundo moderno e nossa obsessão com a pureza como resultado disso”. DeHaan conta a razão pela qual aceitou o papel de Lockhart. “Ouvir a visão de Gore e quanto ele estava apaixonado por aquilo, e depois ler o roteiro e entender quanto era desafiador o papel - isso era irresistível”, ressalta. “Meu personagem passa por tanto neste filme, é uma loucura. E esta foi uma oportunidade para trabalhar com um grande cineasta”. “Vi Dane em O Lugar Onde Tudo Termina e não consegui mais tirá-lo da cabeça para o papel de Lockhart”, conta Verbinski. “Ele também tem uma ética de trabalho realmente fantástica, que é o que você quer quando está lançando um feitiço, como estamos fazendo neste filme. Você não pode piscar. O público está lá com facas afiadas”, continua. “Dane é ótimo porque ele está sempre encontrando algo verdadeiro”. Atmosférico e visualmente deslumbrante, A Cura é atraente e provocador, explorando o verdadeiro significado de bem-estar e as armadilhas da avareza e poder, perguntando o tempo todo: o que realmente significa satisfação? Contudo, o suspense acaba se perdendo em seu terço final e o fator surpresa é esquecido, o que pode causar uma cicatriz permanente do espectador.