CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA RELAÇÕES ENTRE PRÁTICAS PARENTAIS E ANSIEDADE INFANTIL CURITIBA 2006 ANA PAULA ZANARDI RELAÇÕES ENTRE PRÁTICAS PARENTAIS E ANSIEDADE INFANTIL Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em psicologia do curso de psicologia, núcleo de ciências biológicas e da saúde, Centro Universitário Positivo. Orientadora: Suzane Schmidlin Löhr. CURITIBA 2006 DEDICATÓRIA Dedico este estudo, com muito amor e carinho, aos meus pais, Levi Zanardi e Maria Cleuza Tironi, que me ensinaram a ser persistente e dedicada, por sempre estarem ao meu lado, pelo apóio e pelo afeto sempre prestado. Aos participantes do estudo, as crianças e suas respectivas mães, pela participação e dedicação que tiveram com a pesquisadora. Cada qual com seu jeitinho marcaram de alguma maneira a minha trajetória. iv AGRADECIMENTOS À minha orientadora Suzane Schmidlin Löhr que possibilitou a realização desta monografia, pelos seus conhecimentos e auxílio que me fez crescer tanto na minha vida acadêmica quanto na profissional. A professora Claudia Menegatti pelo carinho, afeto e dedicação na busca de materiais para o estudo. A professora Paula Gomide por ter aceitado o convite de fazer parte da minha banca examinadora. Às minhas queridas amigas Barbara Cunha, Emily Yamamuro e Renata Martini Iede pelo carinho, afeto, atenção, dicas, palavras de conforto, incentivo no decorrer da elaboração dessa monografia e nos cinco anos do curso de psicologia. Cada qual com seu jeito e história, mas que acrescentaram muito crescimento, tanto pessoal quanto profissional à minha vida. À minha família, pai, mãe e irmão, que me deram a oportunidade de cursar psicologia, pelo incentivo, encorajamento, carinho, respeito, amizade, companheirismo, palavras de conforto, ânimo durante a pesquisa e os cinco anos de curso. A todos os meus colegas e amigos que acreditam no meu potencial e acreditaram e me ajudaram no decorrer dessa caminhada. Á Deus, que ilumina e abençoa meu caminho, permitiu a realização do presente trabalho, com muito crescimento e amadurecimento. v “De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar... Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro...” (Fernando Pessoa) vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...............................................................................................ix LISTA DE TABELAS...............................................................................................x LISTA DE ANEXOS................................................................................................xi RESUMO................................................................................................................xii APRESENTAÇÃO.................................................................................................xiii 1.0 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................1 1.1 HISTÓRICO E PRIMEIROS ESTUDOS EXPERIMENTAIS SOBRE ANSIEDADE.............................................................................................1 1.2 ANSIEDADE NORMAL E ANSIEDADE PATOLÓGICA..........................4 1.3 ANÁLISE COMPORTAMENTAL DA ANSIEDADE..................................6 1.4 ANSIEDADE INFANTIL..........................................................................10 1.5 PRÁTICAS PARENTAIS........................................................................12 1.6 PRÁTICAS PARENTAIS POSITIVAS................................................... 16 1.6.1 MONITORIA POSITIVA OU ACOMPANHAMENTO............................................................16 1.6.2 MODELO MORAL OU COMPORTAMENTO MORAL............17 1.7 PRÁTICAS PARENTAIS NEGATIVAS..................................................17 1.7.1 DISCIPLINA RELAXADA OU A IMPORTÂNCIA DAS REGRAS.................................................................................17 1.7.2 HUMOR INSTÁVEL OU PUNIÇÃO INCONSISTENTE...................................................................18 1.7.3 ABUSO FÍSICO, PSICOLÓGICO OU SEXUAL......................19 1.7.4 SUPERVISÃO ESTRESSANTE OU MONITORIA NEGATIVA..............................................................................19 1.7.5 NEGLIGÊNCIA.......................................................................20 2.0 MÉTODO..........................................................................................................22 2.1 PARTICIPANTES...................................................................................22 2.2 INSTRUMENTOS...................................................................................22 2.2.1 ESCALA DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA-INFANTIL (EAMFI)...................................................................................22 2.2.2 CHILD BEHAVIOR CHECK LIST (CBCL)..............................22 2.2.3 INVENTÁRIO DE ESTILOS PARENTAIS (IEP).....................23 vii 2.2.4 REGISTRO DE OBSERVAÇÃO EM SITUAÇÃO PROPLEMA............................................................................23 2.2.5 ENTREVISTA PSICOLÓGICA................................................24 2.2.6 REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA CRIANÇA........................24 2.2.7 REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA MÃE.................................24 2.2.8 TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO..................25 2.3 MATERIAIS............................................................................................25 2.4 LOCAL....................................................................................................25 2.5 PROCEDIMENTO..................................................................................25 2.6 ANÁLISE DOS DADOS..........................................................................28 3.0 RESULTADOS.................................................................................................29 3.1 DADOS DAS CRIANÇAS.......................................................................29 3.2 DADOS DAS MÃES...............................................................................36 3.3 DADOS COMPARATIVOS MÃE-CRIANÇA...........................................38 4.0 DISCUSSÃO.....................................................................................................46 5.0 CONCLUSÃO...................................................................................................51 REFERÊNCIAS......................................................................................................52 ANEXOS.................................................................................................................57 viii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – REPRESENTATIVO DO GRAU DE ANSIEDADE ESTIMADO PELAS CRIANÇAS.............................................................................................................34 FIGURA 2 – COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AS TENTATIVAS FEITAS NO TEMPO LIMITADO..............38 FIGURA 3 – COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AS TENTATIVAS NO TEMPO ILIMITADO..........................38 FIGURA 4 – COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AOS ENCAIXES/ACERTOS REALIZADOS NO TEMPO LIMITADO...............................................................................................................39 FIGURA 5 – COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AOS ENCAIXES/ACERTOS REALIZADOS NO TEMPO ILIMITADO..............................................................................................................40 FIGURA 6 – INFLUÊNCIA DA VARIÁVEL TEMPO NAS TENTATIVAS DE RESOLUÇÃO DO QUEBRA CABEÇA PARA AS DÍADES....................................42 FIGURA 7 – INFLUÊNCIA DA VARIÁVEL TEMPO NOS ENCAIXES DE RESOLUÇÃO DO QUEBRA-CABEÇA...................................................................43 FIGURA 8 – MÉDIA DAS TENTATIVAS E ENCAIXES EM FUNÇÃO DO TEMPO LIMITADO E ILIMITADO DAS DÍADES..................................................................43 ix LISTA DE TABELAS TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS PARTICIPANTES DA PESQUISA QUANTO A DADOS DEMOGRÁFICOS E ORDEM DE INCLUSÃO DA ATIVIDADE DE QUEBRA-CABEÇAS....................................................................29 TABELA 2 - ESCORES NO CHILD BEHAVIOR CHECK LIST (CBCL) DE CADA CRIANÇA NAS ESCALAS DE ATIVIDADE, SOCIAL, ESCOLAR, NA SUBESCALA ANSIEDADE-DEPRESSÃO E O AGRUPAMENTO DOS RESULTADOS QUANTO A PROBLEMAS INTERNALIZANTES, EXTERNALIZANTES E TOTAIS...................................................................................................................30 TABELA 3: PERCENTIL TOTAL DE CADA CRIANÇA QUANTO AO SEU ESCORE DE ANSIEDADE E O ESCORE TOTAL DO EAM-FI COM SUA CATEGORIZAÇÃO.................................................................................................31 TABELA 4: VIVENCIADA PERCEPÇÃO E DAS RESPOSTAS CRIANÇAS NA QUANTO SITUAÇÃO DE Á TEMPO ANSIEDADE LIMITADO (POTENCIAL SITUAÇÃO GERADORA DE ANSIEDADE) QUANTO A NÚMERO DE TENTATIVAS E ENCAIXES.............................................................................32 TABELA 5 – COMPORTAMENTOS E SENSAÇÕES DESCRITOS PELAS CRIANÇAS COMO PREDITORES DE ANSIEDADE.............................................33 TABELA 6 – COMPARATIVO DO GRAU DE ANSIEDADE DESCRITO PELA AUTOPERCEPÇÃO DA CRIANÇA COM O ESCORE DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA INFANTIL (EAM-FI).............................................................35 TABELA 7 – ESCORE TOTAL DO IEP DE CADA MÃE E PERCENTUAL OBTIDO NO IEP POR PRÁTICA AVALIADA........................................................................36 TABELA 8 – COMPORTAMENTOS E SENSAÇÕES DESCRITOS PELAS MÃES COMO PREDITORES DE ANSIEDADE.................................................................37 TABELA 9 – MÉDIA DAS TENTATIVAS E ENCAIXES DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRA-CABEÇA COMETIDOSS NO TEMPO LIMITADO E ILIMITADO..............................................................................................................41 TABELA 10 – MÉDIA RELATIVA À MUDANÇA DE FOCO DAS DÍADES DURANTE O TEMPO LIMITADO E ILIMITADO.....................................................41 TABELA 11 – PRÁTICAS DE RISCO ADOTADAS PELAS MÃES (IEP) E ESCORE DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA INFANTIL (EAM-FI) COM SUA RESPECTIVA CLASSIFICAÇÃO...........................................................................44 TABELA 12– SITUAÇÕES CITADAS PELAS MÃES E PELAS CRIANÇAS COMO DESENCADEADORES DE ANSIEDADE...............................................................44 x LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 – ESCALA DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA INFANTIL (EAMFI)............................................................................................................................58 ANEXO 2 – CHILD BEHAVIOR CHECK LIST (CBCL).........................…..…........ 61 ANEXO 3 – INVENTÁRIO DE ESTILOS PARENTAIS (IEP)……………..……..….62 ANEXO 4 – REGISTRO DE OBSERVAÇÃO.........................................................65 ANEXO 5 – ENTREVISTA PSICOLÓGICA............................................................68 ANEXO 6 – FOLHA DE REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA CRIANÇA..................69 ANEXO 7 – FOLHA DE REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA MÃE..........................71 ANEXO 8 – TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO..............................73 ANEXO 9 – INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DO IEP..............................75 ANEXO 10 – DADOS NORMATIVOS DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS MATERNAS............................................................................................................77 ANEXO 11 – PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA.............................................78 xi Zanardi, A.P. (2006). Relação da ansiedade infantil com as práticas parentais. Monografia de conclusão de curso. Curso de Psicologia. Núcleo de ciências biológicas e da saúde. Centro Universitário Positivo – Unicenp – Curitiba. RESUMO O objetivo deste estudo foi investigar a relação da ansiedade infantil com as práticas educativas parentais. Participaram deste estudo 6 díades (mãe/criança), sendo as crianças de ambos os sexos e com idade 6 e 9 anos ,que foram triadas em uma clínica escola. Na entrevista clínica e nos resultados do Child Behavior Check list (CBCL) tais crianças apresentaram grau elevado de ansiedade. A coleta de dados dividiu-se em dois momentos distintos. Na primeira etapa foi realizada a aplicação de instrumentos psicológicos. As mães responderam ao inventário de Estilos Parentais (IEP) e as crianças à escala de Ansiedade Manifesta Forma Infantil (EAM-FI). Na segunda etapa cada díade (mãe/criança) passou então por uma situação experimental em que montavam dois quebra-cabeças, um deles com tempo limitado e o outro com tempo livre. Avaliou-se as tentativas para solucionar o quebra-cabeças, os encaixes e mudança de foco durante a execução da tarefa, além do tempo utilizado para concluí-la. Os resultados do IEP revelaram que se trata de uma população de risco quanto aos estilos parentais, já que em todas as mães avaliadas houve predomínio de práticas negativas. A prática parental mais verificada foi o abuso físico, psicológico e sexual, seguido da negligência. Os resultados do EAM-FI classificaram todas as crianças como altoansiosas. Os resultados obtidos da situação problema mostram que a ordem de apresentação dos quebra-cabeças (com tempo livre ou limitado) é um aspecto a ser melhor investigado. Houve maior coerência entre a descrição de mudanças comportamentais da criança quando em situação de ansiedade e alteração no número de tentativas e acertos, naquelas crianças que iniciaram com tempo limitado (1,2 e 5), podendo indicar que o limite do tempo funcionou nestas crianças como um fator eliciador de ansiedade. Quanto à realização de encaixes nos quebra-cabeças, 5/6 díades avaliadas, as mães foram as mais ativas, tentando mais vezes os encaixes que as crianças. Todas as crianças, por sua vez, tiveram maior freqüência de fuga do foco, ou seja, não se prenderam tanto à tarefa quanto as mães. Por tratar-se de uma amostra pequena, sugere-se a replicação do presente estudo, o que pode fornecer maior consistência dos achados aqui descritos. Palavras-chave: ansiedade infantil, práticas parentais, interação mãe-filho. xii APRESENTAÇÃO A idéia da presente pesquisa surgiu do interesse da pesquisadora pelo desenvolvimento infantil, assim como os sentimentos e emoções das crianças. O que trouxe clareza para a escolha do tema se refere à relevância cada vez maior de dados referentes às causas da ansiedade infantil, o interesse pelo estudo da interação mãe-filho, que influencia em muitos aspectos do desenvolvimento da criança. Segundo Conte (2001), o tipo de relação que os pais estabelecem com seus filhos, desde os primeiros anos de vida, tem sido notado como um dos principais responsáveis pelo processo de desenvolvimento infantil. As práticas educativas utilizadas pelos pais podem influenciar de forma positiva ou negativa no seu desenvolvimento. A influência de algumas práticas negativas utilizadas pelos pais pode trazer conseqüências, como por exemplo, a ansiedade. A pesquisa buscou levantar as práticas parentais adotadas por pais de crianças com nível elevado de ansiedade, visando entender se há relação entre ansiedade e práticas parentais. Um levantamento desta natureza possibilita maior compreensão da ansiedade infantil, um quadro freqüente em consultórios psicológicos e escolas. Os resultados fornecem elementos para o manejo psicoterapêutico, bem como para a orientação de pais, além de criar condições para a implantação de ações preventivas, evitando que crianças sofram com ansiedade desnecessária. Foi utilizado como estratégia de pesquisa algumas instrumentos como: um roteiro de entrevista psicológica, o Child Behavior Check List (CBCL), Inventário de Estilos Parentais (IEP), Escala de Ansiedade Manifesta Forma Infantil (EAM-FI) e uma situação experimental de montagem de quebra cabeça. Os dois primeiros instrumentos foram utilizados para selecionar as crianças com indicativos de ansiedade e os demais para confirmar a presença da ansiedade e correlacioná-la com as práticas parentais verificadas no IEP. xiii O objetivo da situação experimental foi observar se a variável do tempo era significativa para a mudança de comportamento, assim como a interação mãefilho. Nos próximos capítulos será apresentada uma revisão de literatura acerca da ansiedade infantil e as práticas parentais. Seguida da apresentação do método utilizado, os resultados, discussão e por fim a conclusão do estudo. xiv 1. REVISÃO DE LITERATURA 1.1 HISTÓRICO E PRIMEIROS ESTUDOS EXPERIMENTAIS SOBRE ANSIEDADE Rosamilha (1971) relata que a palavra ansiedade vem do latim anxietas, anxietatis que significa preocupar-se. Em inglês anxiety, em francês anxieté, em alemão angst e em espanhol ansiedad. A ansiedade começou a ser descrita em livros de Psicologia a partir dos estudos de Willian James em 1890, mas foi Freud em 1926 que publicou a obra “problema da ansiedade” a partir da qual a ansiedade recebeu destaque entre as ciências do comportamento. Antes da obra de Freud, a ansiedade era vista e estudada dentro do âmbito da filosofia. Os primeiros estudos datam do século XVII e trazem as raízes históricas da ansiedade. Segundo Pessotti (1978), é possível encontrar na obra de filósofos estóicos o tratamento mais ou menos sistemático da ansiedade humana, seja no campo da explicação da natureza humana, seja como questão ética, envolvendo os problemas da responsabilidade moral e da culpa. Pessotti (1978) ao fazer uma retrospectiva da história da ansiedade pontuou ser a ansiedade vista como um aspecto do problema da finitude humana e é estudada dentro do binômio razão-emoção. A formulação da ansiedade como fruto da contradição entre a necessidade de controle da vida pela razão e a potente determinação irracional das emoções. No século XIX surge a filosofia de Sören Kierkgaard e a ansiedade passa a ser vista como produto da contradição entre a razão e o afeto, entre as capacidades humanas e a finitude do homem, ou seja, a impotência diante do destino e do futuro ou ainda a incerteza da significação da própria existência. No século XIX ocorria uma reação cultural ampla, característica do entrechoque que envolvia de um lado a filosofia racionalista de base cartesiana, a minimizar a emoção e a razão e de outro a reação emocional do pensamento individualista. Portanto neste momento sócio-histórico-cultural que em 1844 Kierkgaard escreveu sobre angústia. Seus escritos são a origem da filosofia existencialista, cuja significação contemporânea é crescente no campo da psicologia da ansiedade. É no pensamento de Kierkgaard que há uma formulação mais sistemática da ansiedade. Sua obra fundamenta o primeiro tratado sistemático sobre a ansiedade. Na obra “o conceito de angústia”, o autor associa a ansiedade à liberdade, uma vez que para ele, este sentimento aparece quando o homem se defronta com suas possibilidades. Os estudos de Kierkgaard são seguidos pelo escrito de Freud em 1894. Freud dava a ansiedade uma explicação fisiológica, onde tentava aplicar à psicopatologia o princípio de homeostase1 do sistema nervoso. Uma reação fisiológica ao excesso de excitação nervosa não descarregada. É entendida como uma resposta somática, com respostas reflexas motoras, respiratórias e circulatórias. Segundo Pessotti (1978), outro desencadeador da ansiedade para Freud é o perigo percebido em alguma situação, gerando ansiedade difusa, fobias ou ataque de ansiedade. Skinner (1938/1998) estudou o comportamento humano em suas vertentes voluntárias e condicionadas e cita que a ansiedade é uma correlação observada entre uma operação experimental e determinados efeitos resultantes sobre alguma propriedade do comportamento. Relatou que a ansiedade é o nome usualmente dado à condição resultante da presença de um estímulo que precede tipicamente um estímulo aversivo, com um intervalo de tempo suficiente para que se observem mudanças comportamentais, fortes respostas emocionais, elas próprias aversivas, respostas do sistema nervoso autônomo, comportamento de esquiva e interferência com o comportamento operante. A condição antecedente pode ser composta por múltiplos estímulos, se o evento aversivo foi inesperado, ou só foi repetido muitas vezes em outras situações, caracterizando, na seguida condição, a ansiedade generalizada, na qual a ameaça está por toda a parte. Assim, o sujeito pode passar a evitar não só o estímulo aversivo, mas sua própria reação de ansiedade. O estudo experimental de Estes e Skinner (1941/2000) sobre ansiedade envolvia algumas etapas. Inicialmente um animal era treinado a pressionar uma barra e essa resposta era reforçada por alimento, até que a freqüência de respostas se mantivesse relativamente constante. Uma segunda etapa envolvia o condicionamento de um estado de ansiedade e consistia em apresentar de tempo em tempo um som que durava cinco minutos e terminava com a aplicação de um choque elétrico de curta duração, sem que houvesse para o sujeito possibilidade de fuga ou esquiva desse estímulo aversivo. Após alguns dias submetido ao experimento descrito, o animal apresentava redução gradual da freqüência de respostas durante o som, a qual atingia índices reduzidos ou mesmo zero, ou seja, a resposta era suprimida na presença do estímulo condicionado (som) que 1 Segundo Ferreira (1993) a homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos. anteriormente demonstrava não ter efeito sobre a freqüência de respostas. Esta supressão de respostas na presença do som foi chamada condicionada e o índice de supressão passou a indicar a magnitude da ansiedade. Estes e Skinner concluíram que a apresentação repetida de um som terminando por choque elétrico, produziu um estado de ansiedade, em resposta ao som, sendo o índice primário uma redução da força do comportamento motivado pela fome, durante o período de som. Skinner (1959/2000) admitiu que o estado de ansiedade, inferido das alterações quantitativas na resposta, designa as modificações fisiológicas, respondentes, geradas pelo estímulo aversivo. O que resulta é o comprometimento do desempenho funcional adaptativo, ou seja, carência ou falência no repertório diante de uma mudança brusca na situação estimuladora, mudança esta que inclui alterações discriminativas e eliciação de respondentes. A ansiedade é vista como um estado orgânico aversivo, desencadeado por um estímulo que no passado foi associado com falências de repertório. Esse estado pode não se instalar se o estímulo na história precedente do sujeito resultou em desempenho ajustador. Estudos como o de Skinner e Estes (1941/2000) e outros descritos na evolução histórica do tema, nos levam a pensar na ansiedade como uma resposta geral dos organismos frente a situações aversivas. Há no entanto diferentes graus de manifestações desta resposta, assim como peculiaridades em cada pessoa, que permitem classificarmos a ansiedade em normal ou patológica. A seguir será realizada uma revisão acerca da ansiedade, no que se refere à diferenciação entre normal e patológica. 1.2 ANSIEDADE NORMAL E ANSIEDADE PATOLÓGICA A ansiedade consiste em um padrão de respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais, desenvolvidas para a nossa proteção. As respostas fisiológicas de ativação autonômica nos preparam para fugir ou lutar. Os comportamentos podem ser de mobilização para fuga ou defesa, ou pode ocorrer inibição de qualquer movimento de risco. O indivíduo se sente apreensivo ou amedrontado. No nível cognitivo, a ansiedade envolve sintomas senso-perceptuais, como hipervigilância, consciência autofocada; dificuldade de pensamento, como baixa concentração, bloqueio e dificuldade para raciocinar; sintomas conceituais, como distorções cognitivas, ativação de crenças relacionadas com medo, imagens ameaçadoras e aumento da freqüência de pensamentos automáticos. Há componentes comportamentais associados à ansiedade, como inibição ou exacerbação do movimento e da fala. A ansiedade é expressa por um aumento da atividade motora, descrita como agitação ou na direção oposta, por elevada rigidez muscular. (Guilhardi, 2001). Davidoff (2001) discute as bases fisiológicas da ansiedade, mostrando que esta começa com uma mensagem de perigo emitida pelo ambiente que é processada pelo sistema nervoso central. O córtex cerebral está envolvido na identificação, avaliação e tomada de decisões sobre os dados sensoriais e determina o comportamento subseqüente. Diante de uma situação que desencadeia ansiedade as pessoas geralmente se sentem fora do controle. É comum os indivíduos terem aumento dos batimentos cardíacos, dores no estômago, pulso rápido, músculos retesados, transpiração e tremor, sendo estas respostas denominadas de reações autônomas, porque são organizadas pelo sistema nervoso autônomo. Há a ativação de dois hormônios, a adrenalina e a noradrenalina, decorrente da comunicação do córtex cerebral com o hipotálamo. Rosamilha (1971) cita um padrão de respostas frente à ansiedade, sendo elas os sistemas: somático (ruborização, suor, secura na boca, respiração leve, opressão do tórax, palpitação cardíaca, pulsação rápida, aumento na pressão sanguínea, dores de cabeça, sensação de fraqueza e mau funcionamento intestinal); afetivo (agitação, pânico, depressão e irritabilidade); cognitivo (inquietude, receio, inatenção, distração, esquecimento e pesadelos) e motor (tensão muscular, tremores, reações de alarme, incoordenação e calafrios). Sendo a ansiedade uma grande mobilizadora de distonias do sistema nervoso autônomo, a sintomatologia da ansiedade é rica em elementos internos e autônomos. Segundo Lundin (1977), na ansiedade ocorrem mudanças na atividade, do tipo respondente, que são funções do sistema nervoso autônomo: aumento na pressão sanguínea e freqüência de batimentos do pulso, parada de digestão, freqüência de micção e defecção. Os movimentos respiratórios tornamse superficiais e rápidos, as pupilas dilatam, pode haver transpiração excessiva, havendo suspensão da secreção salivar normal. Segundo Salles e Löhr (2005), a ansiedade é caracterizada por reações complexas do organismo a eventos ambientais específicos. Esta surge quando o indivíduo está diante da possível ocorrência de eventos perigosos, onde não possa se defender, fugir ou exercer algum tipo de controle. Conforme Lundin (1977) ao lado dos aspectos internos, há também indicativos externos de ansiedade, podendo se dizer que a mesma evoca sintomas tanto físicos quanto psíquicos. Caballo (2003) descreve algumas possíveis respostas frente à ansiedade, vistas como indicativos externos e observáveis: tremor nos joelhos, braços rígidos, tremor nas mãos, músculos do rosto tensos, rosto inexpressivo, rosto pálido, corar ou enrubescer, umedecer os lábios, respirar com dificuldade, respirar mais devagar ou mais depressa, suar, voz estridente, gagueiras ou frases entrecortadas, balançar-se e roer unhas. Segundo Guilhardi (2001) a ansiedade pode também funcionar como fator motivacional, mobilizando o indivíduo para a ação e melhorando seu desempenho. Por responder às necessidades fisiológicas de adaptação, esta ansiedade é denominada normal. Quando a resposta emocional à situação de estimulação é inadequada em intensidade e duração ou quando respostas encobertas são intensas ou alteram significamente o nível de produção anterior da pessoa, pode favorecer o surgimento da ansiedade patológica, a qual se torna um problema, debilitando o indivíduo e causando desconforto. Segundo Lundin (1977) a ansiedade patológica caracteriza-se pelo exagero da ansiedade normal. Uma vez que a ansiedade se desenvolveu através do condicionamento, ela se intensifica com o passar do tempo. A respostas de ansiedade podem ser generalizadas para outros estímulos além dos envolvidos no condicionamento inicial, comprometendo outras áreas não diretamente ligadas ao foco inicial. Lundin (1977) afirma que quando a ansiedade persiste e é gerada por estímulos múltiplos, suas conseqüências são variadas e freqüentemente infelizes. Há interferência com o sono, além de comprometer as relações interpessoais. Ficam privadas dos reforçamentos positivos disponíveis à maioria das pessoas, devido às restrições de suas atividades pelas reações de ansiedade. As reações gástricas na ansiedade, as quais permanecem por longo tempo nas pessoas cronicamente ansiosas, podem facilmente torná-las suscetíveis à formação de úlceras. Outras condições patológicas dos órgãos e dos tecidos podem também resultar de respondentes persistentes, podendo gerar distúrbios cardíacos, hipertensão arterial, doenças de pele e distúrbios respiratórios como febre do feno e asma. Visando entender o processo que leva às respostas de ansiedade, estudiosos como Skinner (1941/2000), Pessotti (1978) e outros realizaram estudos controlados em laboratório , que permitiram delinear um modelo comportamental de compreensão da ansiedade, o qual será descrito a seguir. 1.3 ANÁLISE COMPORTAMENTAL DA ANSIEDADE Segundo Skinner (1941/2000), a ansiedade possui pelo menos 2 características que a definem: um estado emocional que se assemelha ao medo; presença de um estímulo perturbador. O estímulo perturbador é um estímulo presente que no passado foi associado a outro. O estado emocional é entendido como reação e como efeito sobre certos comportamentos. Pessotti (1978) analisando a perspectiva Skinneriana de compreensão da ansiedade aponta-a como relação (S-R) entre o estímulo e as modificações do desempenho quantificado. Deve-se entender que a função de S1 é desencadear dois efeitos simultâneos: o estado de ansiedade e as alterações observáveis na freqüência de respostas. Entende-se S1 como um estímulo condicionado por pareamento a S2 (estímulo aversivo). O paradigma abaixo, proposto por Skinner (1953 ⁄ 1994), permite melhor compreensão do processo que leva ao estado de ansiedade. Sn Sr Sr Sn é o estímulo neutro que no passado foi associado a um estímulo aversivo (Sr). Quando esta operação é repetida, o Sn adquire a função de Sr, um estímulo aversivo condicionado, devido ao seu pareamento com o estímulo primário. O Sr adquiriu função de um reforçador condicionado negativo e algumas conseqüências desse pareamento envolverão o comportamento respondente. Skinner (1941/2000) aborda a ansiedade como termo que classifica um comportamento. Indica um conjunto de predisposições emocionais, sendo que estas se tornam contingentes a determinadas circunstâncias, após estarem envolvidos na história particular do indivíduo. O autor faz uma caracterização do processo que gera ansiedade, relata uma condição vivenciada quando um estímulo precede suficientemente um estímulo grande para aversivo permitir com a um intervalo observação de de tempo mudanças comportamentais. O paradigma da ansiedade tem o princípio de que as respostas do indivíduo ao estímulo aversivo original podem ser transferidos a estímulos neutros que ocorram em um mesmo intervalo. Estas respostas passam então, a se manifestar em outras situações onde haja presença daqueles estímulos que antecederam a situação aversiva. A presença destes estímulos anteriormente neutros, mas agora pareados a uma situação aversiva, passa a caracterizar uma ameaça ou uma situação de risco para o indivíduo. Banaco (2001) também estudou a ansiedade, fazendo uma análise behaviorista radical, afirmando a ansiedade como um conjunto de respostas reflexas eliciadas por um estímulo aversivo que interferem sobre ações operantes negativamente reforçadas. Para que as respostas de ansiedade sejam eliciadas, um estímulo moderadamente aversivo, deve produzir efeitos supressores da resposta maiores que a apresentação efetiva desse último. O paradigma implica portanto potencialidade sem possibilidade de fuga de um estado cuja cessação é reforçada. (Pessotti, 1978). Lundin (1977) também discute o paradigma da ansiedade. Afirma que a operação para produzir ansiedade envolve a apresentação de um estímulo neutro seguido por um estímulo aversivo primário. Quando essa operação é repetida, o estímulo que antes era neutro, adquire a função de um estímulo aversivo condicionado, devido ao seu pareamento com o estímulo aversivo. O autor coloca algumas condições para que a ansiedade ocorra, são elas: impossibilidade evidente de fuga; antecipação da punição e separação do apoio. A impossibilidade evidente de fuga sinaliza que o organismo não pode terminar o estímulo aversivo, ou seja, não há possibilidade de fuga e esquiva. A antecipação da punição, ocorre quando a pessoa percebe que será punida, mas não sabe de que forma e pode levar a pessoa a confessar um crime para receber a punição e terminar com a ansiedade. A separação do apoio ocorre quando se interpreta a retirada de um reforçador positivo como punição e como sendo aversiva. Em síntese, podemos dizer que na ansiedade o estímulo aversivo adquiriu a função de um reforçador condicionado negativo e algumas conseqüências desse pareamento envolverão comportamentos respondentes e operantes. Segundo Lundin (1977) para que a operação seja identificada como ansiedade, a separação temporal entre os dois estímulos deve ser de duração suficiente para permitir a ocorrência de mudanças comportamentais. Segundo Lundin (1977) o organismo frente a situações que possam gerar ansiedade pode apresentar manifestações diversas, incluindo tanto reações operantes (evidenciadas no comportamento) como respondentes (alterações fisiológicas). Mudanças do tipo respondente são função do sistema nervoso autônomo: aumento da pressão sanguínea e da freqüência de batimentos do pulso, parada de digestão, alterações na freqüência de micção e defecação. Os movimentos respiratórios tornam-se superficiais e rápidos, as pupilas dilatadas, pode ocorrer transpiração excessiva, havendo suspensão da secreção salivar normal. A ansiedade pode também ser expressa por um aumento da atividade motora, percebida muitas vezes como agitação ou elevada rigidez muscular que pode levar a inibição de algumas atividades. Um aumento ou inibição muscular pode interferir no sono e perturbar a coordenação de movimentos. Segundo Pessotti (1978), a ansiedade ocorre quando há uma alteração súbita e inesperada nas condições de estimulação a que a pessoa está sujeita, representada em dois tipos de situações: em situações anteriormente vivenciadas pelo indivíduo como aversivas, envolvendo perda de controle sobre o meio ou sobre as atividades do próprio organismo, que servem de estímulo discriminativo para uma estimulação aversiva específica em um momento posterior; na presença de estímulos não associados à história anterior do indivíduo como aversivos, mas sim, estímulos que vão sinalizar a eminência de uma situação desconhecida. Gentil (1997) afirma que os modelos comportamentais da ansiedade são mediados por combinações de três sistemas comportamentais básicos: o sistema motivacional exploratório (recompensa), o de luta e fuga e o de inibição comportamental. • O sistema motivacional exploratório responde a estímulos por condicionamento clássico, a sinais de recompensa (alimento) ou à ausência de punição (ausência de dor) e sua expressão é o comportamento exploratório. • O sistema de luta e fuga gera respostas a eventos reforçadores e não condicionados, tais como punição ou ausência de recompensa. • Já o sistema de inibição comportamental é ativado em resposta a estímulos condicionados associados à antecipação da punição ou de ausência de recompensa e a estímulos não condicionados, como modificações no ambiente e medos inatos. As respostas comportamentais desse sistema são a inibição do comportamento motor ou a exacerbação da ação, a hiperatividade autonômica e aumento da atenção e vigília. Lundin (1977) cita que um exame dos eventos da história do desenvolvimento da personalidade nos dá alguma compreensão de porque algumas pessoas demonstram reações graves de ansiedade e outras reagem brandamente quando colocadas na mesma situação. Um dos aspectos centrais que definem o grau de ansiedade vivenciado é a história de condicionamento2. Geralmente uma criança recebe seu primeiro condicionamento de ansiedade dos pais por imitação, onde o comportamento de outros organismos pode constituir exemplo para respostas que conduzam a reforçamento. Acompanhando-as, há reforçamento, não acompanhando há a extinção ou punição. Essas respostas dos outros agem como estímulos discriminativos. A persistência da ansiedade, também chamada de incubação e a difusão dos efeitos da mesma é conhecida como generalização da ansiedade. Por este processo, uma situação não ligada diretamente ao estímulo gerador da ansiedade pode, por ter alguma característica em comum, também gerar ansiedade, porém em menor grau. Á medida que se processa a generalização, é comum a pessoa ser incapaz de identificar o estímulo que originalmente iniciou a resposta. Nessas circunstâncias, não conhecendo as ocasiões que produzem a ansiedade, ela se torna incapaz de controlá-la gerando um processo de retro-alimentação da ansiedade. O processo que leva à ansiedade, por ser dependente da história de aprendizagem, tem maiores possibilidades de estudo controlado na infância, período em que possivelmente o indivíduo esteja em fase inicial do processo e haja menos interferência da incubação e difusão dos efeitos. Alguns autores como Zanoni (2004), Salles (2003),Grün (2004) e Grunspun (1999) no Brasil ou Bragado (1994) na Espanha se propuseram a estudar o fenômeno da ansiedade na infância. Suas contribuições serão analisadas seguir. 2 Segundo Júnior e Souza (2006) condicionamento: alteração no responder, sob influência do ambiente. a 1.4 ANSIEDADE INFANTIL Conforme Zanoni (2004), a ansiedade durante a infância é um aspecto normal do desenvolvimento, mas ela atrapalha quando a freqüência e a intensidade interferem nas capacidades intelectuais, relacionais e emocionais da criança, interferindo na rotina escolar, na família e nas relações interpessoais. Grunspun (1999) afirma que a forma mais comum da ansiedade aparecer é no medo. Em muitos casos aparece de forma concomitante, o medo, a inquietação, sofrimento e somatização, incapacitando a criança para atividades sociais e escolares. Segundo Bragado (1994) o medo é entendido como uma reação emocional normal e adaptativa diante de situações que implicam perigo ou ameaça real ou imaginária. O medo é uma reação normal e constante da natureza humana e possui um valor funcional e adaptativo para o indivíduo. Tal reação implica três padrões de resposta: conduta manifesta, pensamentos e sensações fisiológicas do organismo (sudorese, batimento cardíaco acelerado, etc). Segundo a autora o medo faz parte do desenvolvimento normal da criança. A maioria dos medos infantis são transitórios, estão relacionados com as etapas evolutivas, aparecem em diferentes crianças de idades similares. As experiências e emoções associadas ao medo proporcionam a criança habilidades de enfrentamento. Bragado (1994) ao diferenciar o medo da ansiedade, define-se a última como uma reação diante de situações menos específicas que o medo, é mais difusa e antecipatória. É uma sensação aversiva, apreensão e ocorre sem causa aparente. Segundo Hall (2004), medo e ansiedade são emoções normais, naturais, que liberam adrenalina. Esta por sua vez, provoca uma resposta do tipo lutar ou fugir. Uma certa dose de medo ou ansiedade não deixa de ser útil e pode contribuir para as crianças darem o melhor de si. Porém quando os medos são severos e considerados problemáticos podem configurar quadros mais preocupantes. Hall (2004) afirma que no início da infância a criança apresenta medo de estranhos, separação, ruídos fortes e luzes brilhantes. Na idade pré-escolar e escolar os medos freqüentes são: insetos, escuridão, médico, dentista, altura, monstros, pesadelos, escola e tempestades. Segundo Bragado (1994) o medo de ruídos ocorre por volta dos 0 aos 6 meses, o medo de pessoas estranhas por volta dos 7 aos 12 meses, medo de separação dos pais ou pessoas muito apegadas a criança por volta de 1 ano, medos de animais, ruídos fortes, escuro, separação dos pais por volta de 2 anos. Por volta dos 3 anos a 5 anos é comum o medo de máscaras, animais e separação dos pais. Por volta dos 6 anos, há medos freqüentes de seres sobrenaturais, fantasmas, bruxas, lesões corporais, relâmpagos, dormir sozinhos e separação dos pais. Por volta de 7 a 8 anos além desses medos anteriores, surge o medo de ficar sozinho. Por volta dos 9 a 12 anos há o medo de exames escolares, reprovação acadêmica, lesões corporais e morte. A ansiedade de separação e o medo do desconhecido são muito frequentes no desenvolvimento infantil. Hall (2004), relata que a ansiedade de separação acontece quando a criança manifesta um medo intenso de separar-se de uma pessoa a quem esteja fortemente apegado. Ocorre a expressão constante de aflição, tensão, tristeza e ansiedade quando diante da perspectiva de separação. Observando-se os medos comuns na infância , assim como a influência dos pais no desenvolvimento e manutenção da ansiedade, na criança torna necessário discutir as práticas utilizadas pelos pais na educação de seus filhos, analisando especificamente a influência destas em relação ao grau de ansiedade evidenciado na criança. 1.5 PRÁTICAS PARENTAIS O repertório comportamental das pessoas é construído em suas experiências desde a mais tenra idade. A família tem importante papel neste processo. A mãe ou o cuidador principal tem a possibilidade de propiciar o primeiro ambiente necessário ao desenvolvimento infantil. Educar os filhos é uma tarefa difícil, uma vez que, cada nova etapa do desenvolvimento da criança é um desafio à capacidade e à flexibilidade dos pais, exigindo mudanças de conduta, atendimento às necessidades e solicitações do filho. Para os pais, o educar consiste na possibilidade de crescimento junto com a criança, respeitando e acompanhando a trajetória que vai da dependência quase total para a crescente autonomia e independência. A maneira como os pais educam seus filhos e a interação entre si, pode interferir no seu desenvolvimento, assim como também trazer conseqüências. Conforme Bee (1996), para compreender o desenvolvimento da criança é preciso investigar toda a ecologia do desenvolvimento: os padrões de desenvolvimento intrínsecos à própria criança, os padrões de interação dentro da família e as influências da cultura sobre a família. Greenspan e Brazelton (2002) relatam que padrões familiares que prejudicam o cuidado sustentador podem levar a um comprometimento significativo nas capacidades cognitivas e emocionais. Quando há um relacionamento e uma interação segura, empática e sustentadora, as crianças aprendem a ser íntimas, empáticas, a se comunicar e expressar seus sentimentos, refletir sobre seus próprios desejos e desenvolver seus próprios relacionamentos. Ginott (2004) diz que a criação dos filhos é uma série interminável de pequenos acontecimentos, conflitos e crises que exigem uma resposta, esta resposta tem suas conseqüências. Afeta, para melhor ou para pior a personalidade, o desenvolvimento e a auto-estima da criança. Segundo o mesmo autor, a educação tanto envolve um traço da personalidade como uma habilidade social, que primeiramente é adquirida através da identificação e imitação com os pais. Maldonado (2004) afirma que cada criança nasce com características próprias de solicitar o atendimento ás suas necessidades, sendo que o contexto em que vive, as pessoas com quem convive, suas experiências, predisposições, recursos e características pessoais, contribuem para o seu modo de ser, assim como, o relacionamento com os pais. Além da valorização das práticas parentais para o desenvolvimento infantil saudável, é importante lembrar que o filho não é totalmente produto dos pais, nem quando muita coisa dá errada, gerando sentimentos de culpa, nem quando tudo dá certo, gerando orgulho exagerado. Segundo Senéchal-Machado (2002)a personalidade de uma pessoa diz respeito ao conjunto dos comportamentos aprendidos no decorrer de sua vida, constituindo repertórios funcionalmente relacionados às contingências vividas. Segundo Maldonado (2004) são muitas as experiências que contribuem para que a personalidade seja formada, dentre elas a interação pais e filhos. Tal interação constitui-se em uma relação dialética na qual um influencia ao outro, está em constante mudança, formando um sistema complexo de trocas. Tanto pais como filhos têm o poder de provocar mudanças favoráveis ou intensificar problemas, porém as crianças tomam muitas iniciativas para modificar padrões de relacionamento, sendo que é muito favorável quando os pais adotam posturas diferentes aproveitando esta flexibilidade. Segundo Lundin (1977), uma criança pode iniciar seu condicionamento de ansiedade na relação com os pais. Inicialmente os pais representam o estímulo neutro para a criança. As punições a que as crianças são submetidas constituem os estímulos aversivos. Uma mãe excessivamente restritiva interpreta uma nova situação em que seu filho se encontra como merecedora de punição. A punição que é inevitável, de esquiva impossível, intensa e precedida por alguma forma de ameaça, está literalmente treinando a criança em ansiedade. Um treinamento perfeccionista também pode conduzir a ansiedades posteriores. Pais exigentes cobram desempenhos cada vez melhores, em aquisições cada vez mais perfeitas, criando assim ocasião para o condicionamento aversivo. As exigências verbais tornam-se o estímulo condicionado e as conseqüências aversivas a punição resultante, quando a criança não é bem sucedida. Os estímulos aversivos desse tipo podem assumir várias formas: desaprovação dos pais, desapontamento, rejeição ou mesmo punição física. Lundin (1977) relata que quando uma pessoa cresce em um lar em que a ansiedade é o padrão dominante, é muito possível que adquira o mesmo padrão. A criança aprende que seguir o padrão dos pais, por mais ansiosos que sejam, é encontrar algum tipo de aprovação ou atenção. Segundo Rocha e Ingberman (2003) as práticas parentais são comportamentos dos pais em relação aos comportamentos da criança e tem por objetivo educar e instruir. As práticas parentais estão ligadas de forma direta ao desenvolvimento da criança e à imagem que esta tem de si mesma. Zanoni (2004) cita as práticas parentais como tipos de interação que os pais estabelecem com a criança em diferentes situações. Devido a essa longa história de interações que se estabelece entre pais e filhos, os seus efeitos tendem a ser cumulativos, estabelecendo padrões comportamentais, denominados de estilos parentais. O estilo parental não se refere a um ou outro comportamento isolado e sim a um conjunto de atos e comportamentos associados na criação dos filhos. Gomide (2006) define estilos parentais como um conjunto de práticas educativas ou atitudes parentais utilizadas pelos pais com o intuito de educar, socializar e controlar o comportamento de seus filhos. O estilo parental é o resultado da confluência das práticas educativas parentais positivas ou negativas. Diversos autores (Baurimd, 1966, Maccoby e Martin 1983; Weber, 2002; Salles, 2003; Gomide, 2004/2006; Zanoni, 2004; Grün, 2004; Souza, 2004; Maldonado, 2004) têm estudado as práticas parentais, enfocando áreas específicas e por vezes usando diferentes nomenclaturas. Os demais autores falam das práticas parentais, enquanto Maldonado (2004) descreve as formas típicas de comunicação. Baurimd (1966) propõe 3 denominações para os padrões comportamentais dos pais ou estilos parentais: autoritário, permissivo e autoritativo. Estilo parental autoritário caracteriza pais punitivos e que se concentram em obter a obediência da criança frente à demanda parental, ao invés de responder às demandas da criança. O estilo parental permissivo caracteriza pais responsivos, mas que não colocam limites adequados aos comportamentos da criança E por fim o estilo parental autoritativo caracteriza pais flexíveis e responsivos às necessidades da criança e que também conseguem impor limites ao seu comportamento. Outro modelo citado e aceito pela literatura é o modelo proposto por Maccoby e Martin (1983). Esses autores elaboraram uma variação no sistema proposto por Baurimd (1966), propondo a classificação de estilos parentais baseadas em duas dimensões: exigência e responsividade. A exigência parental inclui todas as atitudes dos pais que buscam de alguma forma controlar o comportamento dos filhos, impondo-lhes limites e estabelecendo regras. Já a responsividade refere-se àquelas atitudes compreensivas que os pais têm com os seus filhos e que visam, através do apoio emocional e do sentido de mão dupla da comunicação, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da auto-afirmação dos jovens. A responsividade pode ser definida como o grau de ajuste do ambiente aos estados comportamentais da criança. Isso envolve percepção de como o adulto altera seu comportamento, aspectos do ambiente, ao nível das demandas e limitações da criança. Baseados nestas duas dimensões, exigência e responsividade, Maccoby e Martin (1983) definiram quatro estilos parentais: autoritativos, negligentes, indulgentes e autoritário. No estilo parental autoritativo os pais apresentam alta responsividade e exigência. No estilo parental negligente os pais apresentam baixa responsividade e baixa exigência. Estilo parental indulgente, os pais apresentam elevada responsividade e baixa exigência. E por fim, estilo autoritário com pais que apresentam elevada exigência e baixa responsividade. Gomide (2004) separa as práticas parentais em práticas parentais positivas e práticas parentais negativas. São consideradas positivas a monitoria positiva ou acompanhamento e o comportamento moral. As práticas negativas dizem respeito a punição inconsistente ou humor instável, negligência, disciplina relaxada ou importância das regras, monitoria negativa ou supervisão estressante e abuso físico, psicológico ou sexual. A seguir será dada uma descrição dos estilos parentais descritos por Gomide (2004), relacionando-os sempre que possível, aspectos relativos ao desenvolvimento infantil apontados por outros autores (Maccoby e Martin, 1983; Maldonado, 2004. 1.6 Práticas parentais positivas Gomide (2004) descreve duas práticas parentais como positivas a monitoria positiva ou acompanhamento e comportamento moral. A seguir será realizado um breve resumo de ambas. 1.6.1 Monitoria positiva ou acompanhamento Segundo Gomide (2004) demonstrar interesse pelo cotidiano do filho, permite um acompanhamento positivo. Este acompanhamento positivo mostra à criança que ela é amada e a atenção é voltada para os pontos positivos da criança. Isto constrói uma relação de confiança, na qual os filhos aprendem a elogiar, estabelecendo vínculos empáticos e as emoções ficam amadurecidas. Maccoby e Martin (1983) colocam essa prática como presente nos pais participativos, também chamados de autoritativos ou participativos-democráticos. São pais exigentes e responsivos, centrados tanto na relação quanto na socialização e desenvolvimento do filho. Apresentam regras e limites, como também muito afeto e envolvimento. São aqueles que educam dando muito apoio, atenção emocional, estrutura positiva e direção para os filhos. Crianças com pais participativos definem-se como mais competentes em todos os níveis, ou seja, tem boa auto-estima, habilidades sociais, estilo de atribuição otimista, bom desempenho acadêmico e desenvolvimento de resiliência. Para Maldonado (2004), esta prática está presente na comunicação de dar sugestões e persuadir. As sugestões são úteis quando oferecidas de forma alternativa, como se fosse algo que a pessoa não tivesse pensado. Este tipo de sugestão respeita a individualidade do outro. Já a persuasão é utilizada para convencer o outro a mudar de idéia ou de comportamento através de uma argumentação lógica. Maldonado coloca também como forma facilitadora de comunicação referente a esta prática, o elogiar que ocorre quando existe vontade de gratificar, recompensar ou até obter afeto da pessoa. 1.6.2 Modelo moral ou comportamento moral Esta prática segundo Gomide (2004), visa possibilitar à criança que enxergue as conseqüências de sua ação, refletindo sobre elas e assim obtenha o amadurecimento desejado. O importante nesta prática é que os pais sejam modelos para os filhos, pois os filhos têm o costume de imitar atos de seus pais. Para Gomide (2004) quando a criança aprende com o erro, errar deixa de ser uma experiência ruim e passa a ser uma situação que ajuda a criança a crescer. As situações que podem a priori parecer desesperadoras, se analisadas do ponto de vista educativo fornecerão elementos que irão permitir aos pais refletirem sobre os valores morais. 1.7 Práticas parentais negativas Gomide (2004) descreve 5 práticas parentais como negativas, disciplina relaxada ou importância das regras, humor instável ou punição inconsistente, abuso físico, psicológico ou sexual, supervisão estressante ou monitoria negativa, e negligência. A seguir será realizado um breve resumo de ambas. 1.7.1 Disciplina relaxada ou a importância das regras Segundo Gomide (2004), a disciplina relaxada ou a importância das regras diz respeito a falhar no estabelecimento de regras na relação com os filhos, impedindo assim que haja um relacionamento adequado e respeitoso entre pais e filhos. Para a autora o ideal seria estabelecer poucas regras e flexíveis, para que possam ser cumpridas. Regras muito rígidas e excessivas são mais difíceis de serem cumpridas, sendo que os filhos passam a ignorá-las ou burlá-las. Aprender a não cumprir regras pode levar as crianças a não aceitarem normas sociais. O extremo oposto vivenciado quando os pais relaxam nas regras, pode fazer com que os filhos não saibam mais o que é certo e o que é errado. A disciplina relaxada citada por Gomide (2004), encontra paralelo na classificação de pais permissivos citada por Maccoby e Martin (1983). Tais pais tendem a ser indulgentes, sendo muito mais responsivos do que exigentes. Apresentam muito afeto e envolvimento e poucas regras e limites. São pais centrados no filho. Dão muito apoio e atenção emocional, mas pouca estrutura positiva e direção aos filhos. A pouca resistência acaba levando as crianças a se tornarem mimadas e apresentam falhas quanto à resistência à frustração. Filhos de pais permissivos estão mais propensos a envolver-se em problemas de comportamento, têm pior desempenho na escola, há um alto risco de envolvimento com drogas no futuro, pois não aprendem que existem regras e limites no mundo, acham que podem e devem experimentar tudo e testar todos. Geralmente são crianças mimadas, sem limites e não possuem regras de convivência grupal. Maldonado (2004), menciona a disciplina relaxada ao falar do dar ordens. A autora relata que é impossível deixar de dá-las, porém é desejável que sejam poucas. O excesso de ordens pode causar desgaste, resistência e rebeldia, pois faz com que a criança perda a capacidade de decisão. Os efeitos a longo prazo do excesso de ordens, vão em duas direções opostas: impedir a autonomia, tornando a criança submissa ou podem gerar rebeldia e recusa a submeter-se a ordens. Na presença de ordens excessivas a criança passa a fazer o que deve quando é mandada ou vigiada e não por iniciativa própria. O ideal é que as ordens sejam dosadas, pois quando exageradas, perdem seu efeito. 1.7.2 Humor instável ou punição inconsistente Outra prática negativa citada por Gomide (2004) é o humor instável ou punição inconsistente. A variação de humor traz prejuízos na educação das crianças. Os filhos não aprendem valores, pois estes são transmitidos de forma confusa e instável. Os filhos neste caso têm que alterar o ambiente para descobrir o que é aceito ou não pelos pais naquele momento, gera instabilidade emocional, deixando as crianças agressivas e ansiosas em função das frustrações que ocorrem por não saber o que fazer para agradar os pais. A instabilidade emocional gera a perda de autoridade paterna, pois os filhos percebem a instabilidade dos pais em seus valores educativos e passam a rejeitar orientações provenientes dos mesmos. 1.7. 3 Abuso físico, psicológico ou sexual Gomide (2004) coloca como outra prática parental negativa o abuso físico, psicológico ou sexual. Se no momento que os pais estão batendo na criança demonstrarem raiva, falam palavrões, agredindo verbalmente e humilhando, a mensagem que a criança recebe será a de que ela é errada e não seu comportamento. Tais comportamentos de raiva dos pais levam a criança a incorporar estes valores, gerando assim, baixa auto-estima e insegurança. Crianças espancadas normalmente são muito pouco responsivas. A prática que envolve abuso físico, psicológico ou sexual citada por Gomide (2004) tem semelhança com o que Maldonado (2004) denomina “ameaçar”. Para Maldonado a ameaça surge quando a pessoa teme perder o controle da situação, ao tentar modificar um comportamento que acha indesejável. O excesso de ameaça gera desgaste, pois a criança busca testar para ver se elas serão cumpridas. Quando testados, os pais fazem ameaças piores que também não são cumpridas e geram um círculo vicioso. As ameaças que mostram conseqüências reais, ou seja, que apontam o acontecer quando se faz determinada coisa são mais efetivas. Mostrar a conseqüência lógica ajuda a criança a desenvolver responsabilidade e controlar impulsividade. 1.7. 4 Supervisão estressante ou monitoria negativa A supervisão estressante ou monitoria negativa é vista por Gomide (2004) como outra prática negativa. Refere-se a uma vigilância exagerada dos pais para com os filhos e pela alta freqüência de instruções repetitivas. Os pais neste caso acham que estão fazendo o melhor pelos filhos e que estes não valorizam sua ação. Os pais cobram e os filhos se justificam, sendo que o tom verbal é sempre agressivo. Os filhos acham que nunca serão compreendidos e os pais acham que nunca serão obedecidos. Se analisarmos a classificação proposta por Maccoby e Martin (1983), veremos que esta prática se assemelha com a desempenhada por pais mais exigentes do que responsivos, os quais apresentam muitas regras e limites, mas são pouco afetivos e envolvem-se pouco. São pais centrados em si próprios, portanto, desejam somente a obediência dos filhos. Caracterizam-se por nível baixo de apoio e atenção emocional, mas alto de estrutura positiva e direção. São demasiadamente exigentes. Filhos de pais autoritários tendem a apresentar performance moderada na escola, mas se a coerção for muito forte podem ter ansiedade e com isso, abaixar o desempenho escolar. Não apresentam problemas de comportamento, geralmente são crianças quietas e passivas, mas se a coerção for muito forte, podem mostrar hostilidade e agressividade contra figuras de autoridade. Apresentam piores desempenhos em habilidades sociais, humor instável, pouco amigáveis e altos níveis de depressão. Para Maldonado (2004), esta prática está presente na comunicação de fazer “perguntas”. Dependendo da conotação dos questionamentos ou se sua freqüência for excessiva podem gerar sentimento de desconfiança por parte do interrogador, ou pode ainda, ser uma forma que os pais usam para fazer com que as crianças muito caladas se soltem mais, para tentar modificá-la de alguma forma. Essa comunicação pode estar em desacordo com a essência da criança, gerando sentimento de invasão de privacidade, o que não funciona e ainda deixa a criança irritada. 1.7.5 Negligência Gomide (2004) coloca a negligência como uma prática parental negativa. A negligência pode ser caracterizada pela desatenção, omissão, descaso ou simplesmente pela falta de amor. Esta prática é considerada como a principal desencadeadora de comportamentos vistos como anti-sociais nas crianças e está muitas vezes presente na história de usuários de drogas ou em menores infratores. Dentre os efeitos da negligência está o impedimento de desenvolvimento da auto-estima. A criança fica insegura, tornando-se frágil por não receber o afeto devido. Maccoby e Martin (1983) refere-se a pais que adotam tal prática como pais negligentes e afirma que estes são pouco responsivos e pouco exigentes, apresentam pouco afeto e envolvimento e poucas regras e limites. São considerados pais ausentes, ou seja, pouco presentes na vida dos filhos, sem tolerâncias e aborrecem-se facilmente. Deixam que a criança faça o que bem quiser. Filhos de pais negligentes são os que apresentam pior performance em todas as áreas, podendo ter atraso no desenvolvimento, problemas afetivos e comportamentais. Este estilo parental correlaciona-se com uso de drogas e álcool, com aumento de doenças sexualmente transmissíveis, com início precoce da vida sexual, baixa auto-estima e auto-eficácia, com probabilidade maior de depressão, estresse, pessimismo, baixo desempenho acadêmico, ausência de habilidades sociais, além de risco de comportamento antisocial. Estas descrições acerca das práticas parentais e das formas de comunicação permitiram a identificação de operações de estímulos na relação pais-filhos que podem contribuir para o desenvolvimento e manutenção da ansiedade na infância. Considerando que as práticas parentais influenciam na comunicação paisfilhos e tem efeitos na vida das mesmas, é importante analisar a influencia das mesmas na geração e manutenção da ansiedade na criança. Estudos como o de Salles (2003), Zanoni (2004) vão nesta direção. A pesquisa que será apresentada a seguir também procurou relacionar os estilos parentais com o grau de ansiedade manifesto por crianças de 6 a 9 anos. 2.0 MÉTODO 2.1 Participantes Foram selecionadas 6 díades (crianças de 6 a 9 anos de ambos os gêneros que apresentem queixa de nível elevado de ansiedade e suas respectivas mães), provenientes da lista de espera do Centro Psicológico de uma Universidade de Curitiba. 2.2 Instrumentos: 2.2.1 - Escala de ansiedade manifesta-forma infantil (EAM-FI). (anexo 1) Esta escala de ansiedade manifesta foi elaborada por Taylor (1951). A escala de ansiedade forma infantil foi preparada pelos autores Castaneda, McCandless e Palermo (1956). Esta escala foi adaptada a uma versão para crianças brasileiras por Almeida, Pfromm Netto e Rosamilha (1971). Trata-se de um questionário composto por 46 frases, que reflete situações do dia-a-dia de crianças envolvendo certo grau de ansiedade. A criança preenche o instrumento circulando a resposta SIM ou NÃO se a situação se aplica ou não ao seu caso respectivamente. Se a situação apresentada ocorrer poucas vezes, a criança deve responder NÃO e se ocorrer na maioria das vezes, a resposta deve ser SIM. 2.2.2 Child Behavior Check list (CBCL) (anexo 2) -Questionário composto por perguntas relativas à percepção da mãe e/ou responsável em relação ao comportamento da criança. - Tem por objetivo obter a verificação comportamental de crianças e adolescentes a partir da observação de pais. O questionário é subdivido em quatro escalas: escala de atividade, escala social, escala escolar e escala de síndromes. O CBCL deve ser aplicado em pais cujos filhos tenham idade de 4 a 18 anos. A escala de atividade corresponde perguntas relacionadas às atividades e as brincadeiras que a criança pratica, assim como o nível de habilidade que ela demonstra na prática dessa atividade ou brincadeira. A escala social é composta por perguntas sobre a participação da criança em grupos, o número de amigos, a freqüência do contato com os amigos, o comportamento sozinho e o comportamento com os amigos. A escala escolar propõe perguntas relacionadas à vida escolar. São citadas sete matérias que a criança tem na escola e é questionado o desempenho da criança em cada uma. A escala de síndromes é composta por itens, os quais os pais respondem zero se o comportamento não se aplica e visa verificar se a criança possui ansiedade, depressão, solidão, problemas somatizados, problemas sociais, problemas de pensamento, problemas de atenção e comportamento agressivo. O tempo de aplicação do instrumento é variável, podendo oscilar entre meia hora à uma hora e meia, dependendo da pessoa que está respondendo. 2.2.3 O Inventário de Estilos Parentais (IEP). (anexo 3) - Instrumento composto por 42 questões, onde a mãe irá responder marcando um “X” em uma escala de likert, com a classificação (nunca, ás vezes e sempre) que melhor indica a freqüência com que ela age ou imagina que poderá agir (itens que descrevem situações nunca vivenciadas pelo respondente) nas situações relacionadas. 2.2.4 Registro de observação em situação problema proposta: (anexo 4). A díade (mãe-criança) será convidada a participar de uma atividade em que deverão solucionar dois quebra-cabeças de 30 peças quando a criança tem 6 ou 7 anos e de 60 peças quando a criança tem 8 ou 9 anos. Para a escolha do quebracabeça e o tempo limitado para a situação problema foi realizado um estudo piloto com uma criança. A consigna dada segue 2 formas distintas relacionadas a apresentação de tempo ilimitado (“Vocês tem este quebra-cabeças e devem juntos montá-lo”) ou quando o tempo é limitado (“Vocês tem este quebra-cabeças para montar juntos em 5 minutos, pois foi verificado que a maioria das pessoas consegue solucioná-lo neste tempo”). Enquanto a criança e a mãe trabalham na tarefa proposta, a pesquisadora coloca-se em ângulo mais afastado, porém com boa visão do trabalho e registra em folha específica o comportamento da mãe e da criança significativos para o estudo de ansiedade na infância, realizando registro de evento durante 5 minutos em cada quebra-cabeças. Caso mãe e criança no quebra-cabeças com tempo limitado não consigam montar o quebra-cabeça em 5 minutos, a pesquisadora irá explicar que como se trata de um estudo acerca da ansiedade, foi dada esta consigna, porém não são todas as pessoas que montam o quebra-cabeças em 5 minutos. 2.2.5 Entrevista psicológica: (anexo 5) Entrevista realizada com a mãe ou pessoa responsável pela criança. Utiliza o modelo padrão do Centro Psicológico da instituição que o estudo foi realizado. 2.2.6 Registro da percepção da criança acerca da sua ansiedade (anexo6) Fonte: Stallard (2004) adaptado pela pesquisadora. A criança respondia a um questionário com as seguinte questões: pensar sobre algo que o fez sentir ansioso e como a outra pessoa saberia que ele se sentiu assim; como seu corpo fica quando está ansioso, como se comporta, atribuir uma nota pra sua ansiedade e por fim, como se sentiu durante a situação experimental de ansiedade. 2.2.7 Registro da percepção da mãe acerca da ansiedade do seu filho. (anexo 7) Fonte: Stallard (2004) adaptado pela pesquisadora. A mãe respondia se julga o filho ansioso, como percebe a ansiedade, que comportamentos a criança emite, em que situações, se sentiu ansiedade durante a situação experimental e se observou ansiedade no filho nesse mesmo período. 2.2.8 Termo de consentimento esclarecido (anexo 8) Segue o modelo de termo de consentimento com os requisitos designados pela comissão de ética de pesquisa com humanos. 2.3 Materiais: • Quebra-cabeças com 30 e 60 peças puzzle turma da mônica. • Papel • Lápis • Prancheta • Borracha • Apontador • Folhas de registro de evento • Roteiro de entrevista psicológica • Formulário do IEP • Formulários do CBCL • Formulários da EAM-FI • Programa de informática do sistema que compreende o CBCL • Folha de registro da percepção materna e infantil acerca da ansiedade. 2.4 Local Sala de atendimento individual infantil do Centro Psicológico de uma instituição de ensino de Curitiba 2.5 Procedimento Etapa 1: Envio do projeto para a comissão de ética da instituição. (Anexo 11) Etapa 2: Seleção na lista de espera do Centro Psicológico, crianças de 6 a 9 anos. Etapa 3: Realização da triagem das crianças de 6 a 9 anos selecionadas, utilizando entrevista psicológica e o Child Behavior Check List (CBCL). Separação das crianças com ansiedade patológica e as sem ansiedade patológica. Contato com as mães das crianças com indicativo de ansiedade, convidando-as para participar da pesquisa, solicitando o preenchimento do termo de consentimento esclarecido com as mães que concordam em participar do estudo. Etapa 4: Aplicação da escala de ansiedade manifesta-forma infantil (EAMFI) nas crianças para confirmar a ansiedade evidenciada pela criança no CBCL classificando-a quanto ao grau significativo de ansiedade. Paralelamente as mães respondem ao Inventário de Estilos Parentais (IEP). Etapa 5: Montagem de um quebra-cabeça feito pela mãe e criança em conjunto. Metade das crianças avaliadas iniciou a atividade de montagem do quebra-cabeça com tempo ilimitado, passando então, para o tempo limitado e a outra metade iniciou com tempo limitado, seguido do tempo ilimitado. Os quebra-cabeças utilizados em cada apresentação (tempo livre e tempo restrito) são diferentes, porém com o mesmo número de peças. Enquanto mãe e criança participavam da atividade problema e solucionavam o quebra-cabeça, a pesquisadora fazia registro em formulário de registro de evento com intervalos de 10 segundos, relativo à presença dos comportamentos. Etapa 6: Resposta da criança a um questionário sobre o grau de ansiedade evidenciado. A mãe responde em sala contígua a um questionário semelhante, relatando a sua percepção sobre a ansiedade do filho. Etapa 7: Análise dos resultados comparando os instrumentos, análise experimental e a percepção da criança acerca da ansiedade e a percepção da mãe acerca da ansiedade. Como contrapartida da participação na pesquisa, após o preenchimento dos instrumentos e validação dos resultados obtidos, a pesquisadora fez encaminhamentos de acordo com a necessidade das crianças, a saber: - Crianças cujo nível de ansiedade pode ser considerado normal: a) que não apresentam outras dificuldades, os pais foram orientados quanto a este aspecto, deixando claro que em caso de necessidade podem voltar a fazer contato com o Centro Psicológico; b) com outros problemas como dificuldades de aprendizagem ou outras queixas não ligadas à ansiedade foram encaminhadas para a lista de espera do tipo de atividade mais apropriada para as suas necessidades e que é ofertada pelo Centro Psicológico. - Crianças com nível acentuado de ansiedade: A pesquisadora ofereceu aos pais destas crianças a possibilidade de inclusão da criança em um programa de 8 sessões grupais de atendimento visando manejo da ansiedade. Se ao final das sessões a criança ainda manifestar indícios de ansiedade patológica, será encaminhada para dar continuidade ao atendimento em sessões individuais no Centro Psicológico. 2.6 Análise dos dados Referente a EAM-FI: A tabulação dos resultados é feita em dois agrupamentos: escore de ansiedade e escore de mentira. No escore de ansiedade cada resposta SIM corresponde a 1 ponto. No escore de mentira há é atribuído 1 ponto a alguns itens quando a resposta é sim e outro quando a resposta é não. Os itens 2,10,14,23, 27,29,40 e 45 quando respondidos SIM, indicam tendência para falsificar a resposta e recebem 1 ponto, enquanto o item 42, quando respondido NÃO recebe pontuação.Portanto, são 9 os itens componentes da escola de mentira. Os restantes constituem a escala de ansiedade propriamente dita. Na escala de ansiedade quando a criança responde SIM, cada resposta vale um ponto e compõe o escore de ansiedade, que varia de 1 a 37 pontos. Crianças que apresentarem porcentagem de 25% para cima serão categorizadas como altoansiosas (AA) e as baixo de 25% baixo-ansiosas(BA). Referente ao CBCL: Cada escala fornece uma pontuação, sendo que ao final os pontos são somados para obter o resultado total. Os dados fornecidos pelo informante são passados para um programa específico de computação, resultando um gráfico com a pontuação do índice de síndromes que a criança possui, enquanto as escalas de atividades, desempenho escolar e social são apresentadas na forma textual, resumindo os principais dados. Referente ao IEP: O instrumento permite detectar o estilo parental materno predominante avaliando as sub-áreas: humor instável, punição física, supervisão estressante, monitoria positiva, negligência e modelo moral. Foram computados os escores de estilos parentais e os percentuais individuais em cada prática educativa obtidos por cada mãe no preenchimento do inventário sobre os comportamentos da mãe em relação á criança. Interpretação dos resultados (Anexo 9 e 10). Situação problema: A tabulação dos resultados é feita através do total de tentativas, encaixes/acertos, mudança de foco e o tempo (limitado/ilimitado) Registro da percepção mãe e criança: Os dados são analisados através de categorias agrupadas de acordo com as respostas dos participantes. 3.0 RESULTADOS Agrupar-se-ão os resultados dos instrumentos utilizados na pesquisa de dados: da criança, da mãe e da díade. 3.1 Dados das crianças: TABELA 1: CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS PARTICIPANTES DA PESQUISA QUANTO A DADOS DEMOGRÁFICOS E ORDEM DE INCLUSÃO DA ATIVIDADE DE QUEBRA-CABEÇAS. Criança 1 2 3 4 5 6 Idade 9 anos 7 anos 7 anos 7 anos 8 anos 9 anos Sexo Série escolar Feminino Masculino Masculino Masculino Masculino Feminino 4ª série 2ª série 2ª série 2ªsérie 3ª série 3ª série Ordem na família único 2º único 2º 2º 2º Inicia com tempo livre Inicia com tempo restrito X X X X X X Analisando a tabela 1, verifica-se predomínio de crianças do sexo masculino (n=4) em relação ao sexo feminino (n=2) na população estudada. A idade das crianças variou de 7 a 9 anos, tendo mais crianças com 7 anos (n=3), seguido de crianças com 9 anos (n=2) e por fim criança com 8 anos (n=1). Em relação à série escolar, houve predomínio de crianças (n=3) na 2ª série, na 3ª série (n=2) e por fim, na 4ª série (n=1). As séries estão de comum acordo com as idades das crianças. Um número significativo de crianças (n=4) encontrava-se em uma família com mais de um irmão, sendo as quatro crianças o segundo filho na ordem familiar, os demais (n=2) filhos únicos, na população estudada. Na situação experimental (quebra-cabeças), as crianças 1,2 e 5 iniciaram a atividade com tempo restrito (5 minutos) e as demais com tempo livre. TABELA 2: ESCORES NO CHILD BEHAVIOR CHECK LIST (CBCL) DE CADA CRIANÇA NAS ESCALAS DE ATIVIDADE, SOCIAL, ESCOLAR, NA SUBESCALA ANSIEDADE-DEPRESSÃO E O AGRUPAMENTO DOS RESULTADOS QUANTO A PROBLEMAS INTERNALIZANTES, EXTERNALIZANTES E TOTAIS. Criança Atividade 1 2 3 4 5 6 36 55 44 42 #33 51 * Social 53 41 45 43 #30 39 Escolar 45 43 55 *28 39 #33 Subescala ansiedadedepressão * 76 #68 55 *72 #68 #69 Internalizantes Externalizantes *68 *64 *60 *73 *69 *70 *58 *74 *68 *79 *80 53 Total *64 *74 *74 *76 *79 *65 Escores clínicos Escores normais # Limítrofe Analisando a tabela 2, verifica-se que nas escalas de atividade, social e escolar a maioria das crianças estão dentro da normalidade, atividade (n=5), social (n=5) e escolar (n=4). As únicas discrepâncias referem-se a criança 5, a qual na escala de atividade e na escala social encontra-se limítrofe, a criança 4 a qual apresenta escore clínico na atividade escolar e a criança 6 que na atividade escolar está limítrofe. No que diz respeito a sub-escala ansiedade-depressão, a grande maioria das crianças (n=5) apresenta-se em escores de risco. As crianças 1 e 4 apresentam escores clínicos, enquanto a 2,5 e 6 estão na faixa limítrofe. Todas as crianças (n=6) encontram-se em risco no que diz respeito a problemas internalizantes, apresentando escores clínicos, variando de 60 (criança 3) e 73 (criança 4). A maioria das crianças (n=5) estão em risco quanto a problemas externalizantes, com exceção da criança 6 que apresentou escores normais. Porém no total todas as crianças apresentaram escores clínicos, variando de 65 (criança 6) e 79 (criança 5). TABELA 3: PERCENTIL TOTAL DE CADA CRIANÇA QUANTO AO SEU ESCORE DE ANSIEDADE E O ESCORE TOTAL DO EAM-FI COM SUA CATEGORIZAÇÃO Criança 1 2 3 4 5 6 Escore do EAM-FI 20 29 22 18 31 28 Categorização alto ansioso alto ansioso alto ansioso alto ansioso alto ansioso alto ansioso Percentil 43,47% 63,04% 47,82% 39,13% 67,39% 63,04% Segundo critérios avaliativos da escala de ansiedade manifesta forma infantil (EAM-FI), todas as crianças da pesquisa foram categorizadas como alto ansiosas. As crianças 5,2 e 6 foram as que apresentaram os maiores escores de ansiedade (31,29 e 28, respectivamente), sendo possível agrupar as crianças 3,1 e 4 como as que do grupo pesquisado, evidenciaram menor intensidade de ansiedade, mas ainda assim alta, segundo critérios do instrumento utilizado (EAMFI). Analisando a tabela 2 com a tabela 3 pode-se perceber que as crianças que tiveram maiores índices de ansiedade no EAM-FI (2,5 e 6) encontram-se na faixa limítrofe da sub-escala ansiedade-depressão do CBCL. As crianças 1 e 4 que tiveram os menores índices de ansiedade no EAM-FI apresentaram escores clínicos no CBCL. Por fim a criança 3 que teve escore de ansiedade (22), terceiro mais baixo da amostra estudada, relatou escores normais no CBCL. Todas as crianças da pesquisa foram categorizadas como alto-ansiosas no EAM-FI e no escore total do CBCL, todas as crianças também apresentam escores clínicos, ou seja, pode-se dizer que houve concordância nos dados obtidos pelos dois instrumentos. De acordo com a classificação do EAM-FI crianças acima da porcentagem de 25% são categorizadas como alto-ansiosas (AA) e abaixo de 25% são categorizadas como baixo-ansiosas (BA). A tabela 3 mostra que toda a amostra (n=6) da pesquisa foi categorizada como alto-ansiosas. TABELA 4: PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS QUANTO Á ANSIEDADE VIVENCIADA E RESPOSTAS NA SITUAÇÃO DE TEMPO LIMITADO (POTENCIAL SITUAÇÃO GERADORA DE ANSIEDADE) QUANTO A NÚMERO DE TENTATIVAS E ENCAIXES Criança Situação geradora de ansiedade 1 2 3 4 5 6 ↓ atividade ↓ atividade ↑ atividade ↑ atividade ↑ atividade ↑ atividade Número de tentativas 24/8 6/18 9/9 29/12 13/20 21/8 Número de encaixes 17/4 9/6 5/11 18/5 11/14 17/12 Mudança de foco Tempo lim/ilim 1/0 2/2 0/3 0/10 6/2 0/4 *crianças 1,2 e 5 iniciaram com o tempo limitado. Na criança 1 houve diminuição da atividade quando ansiosa, com redução do número de tentativas e encaixes. Na criança 2 também houve diminuição da atividade quando ansiosa, porém não se confirma a relação com menor número de tentativas e encaixes. A criança 3 manteve padrão quanto número de tentativas maior com tempo restrito, sendo coerente com sua observação. Na criança 4 há discrepância entre o que diz e o que fez (tempo limitado houve menos tentativas e encaixes). Na criança 5 houve coerência, diz que fica mais agitada quando ansiosa. Em tempo limitado teve mais tentativas e encaixes. Na criança 6 houve discrepância entre o que diz e fez (tempo limitado teve menos tentativas e encaixes. A mudança de foco acontece no primeiro momento da intervenção com maior intensidade. Nas crianças que iniciaram com tempo livre ao irem para o tempo limitado mantiveram-se atentas à tarefa que realizavam. TABELA 5: COMPORTAMENTOS E SENSAÇÕES DESCRITOS PELAS CRIANÇAS COMO PREDITORES DE ANSIEDADE Comportamentos Sensações Crianças Bater pé Ficar quieto Nervoso Agitado Falar bastante Ruborização Sudorese Inchaço Tremor corpo leve Elevação dos batimentos cardíacos 1 2 X X X X X X X X X 3 4 5 X 6 X X X X X X X X X X X X X A tabela 5 diz respeito às descrições das crianças quando diante de situações que as deixa ansiosas. No que diz respeito aos comportamentos, apenas a criança 5 colocou que quando está ansiosa bate o pé. Falar bastante foi um comportamento evidenciado somente pela criança 4. Ficar quieto e nervoso foi colocado por duas crianças (1 e 2). O comportamento mais descrito pelas crianças estudadas nesta pesquisa como preditor da ansiedade foi a agitação (crianças 3,4,5,e,6). Quanto as sensações, duas crianças (2 e 6) relataram a elevação dos batimentos cardíacos como preditor da ansiedade. Uma única criança (6) relatou que sente seu corpo leve, não ficando muito clara essa sensação. Duas crianças dizem sentir tremor quando ansiosa (criança 1 e 3). Uma criança diz ficar inchada quando ansiosa (criança 2). A sudorese e a ruborização foram bastante citadas pelas crianças como preditores da ansiedade, sendo a ruborização citada por 5 crianças ( pelas crianças 1,2,6,4 e 6) e a sudorese citada 4 vezes (pelas crianças 2,4,5 e 6) Por ser a ansiedade um comportamento encoberto, muitas vezes a auto-observação é o recurso que melhor traduz a sua presença. Pelo relato das crianças quanto a comportamentos presentes quando se sentem ansiosas percebe-se que a agitação psicomotora é mais comum e evidencia-se em comportamentos desde bater o pé, falar bastante ou ficar agitado. A supressão comportamental foi apontada apenas por duas das crianças (1 e 2). X X Já dentre as sensações enumeradas pelas crianças, muitas delas mencionaram aspectos comuns da atuação do sistema nervoso autônomo (ruborização, sudorese, elevação dos batimentos cardíacos). FIGURA 1: FIGURA REPRESENTATIVA DO GRAU DE ANSIEDADE ESTIMADO PELAS CRIANÇAS. 10 Nota 8 6 Notas 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Crianças Esta figura 1 diz respeito ao grau de ansiedade que as crianças percebem, esse grau varia de, 0 (menos ansioso) a 10 (mais ansioso). Duas crianças categorizaram sua ansiedade em grau 10 (criança 4 e 5). Criança 1 grau de ansiedade 6. Criança 2 e 6 deram nota 9. A criança 3 atribuiu grau 7 para sua ansiedade. TABELA 6: COMPARATIVO DO GRAU DE ANSIEDADE DESCRITO PELA AUTOPERCEPÇÃO DA CRIANÇA COM O ESCORE DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA INFANTIL (EAM-FI) CRIANÇAS 1 2 3 4 5 6 NOTA 6 9 7 10 10 9 ESCORE DE ANSIEDADE (EAM-FI) 20 29 22 18 31 28 De acordo com os dados na tabela 6, pode-se perceber que há certa correspondência entre a nota que as crianças atribuem, ou seja, da autopercepção da ansiedade e o escore obtido no EAM-FI. As crianças que tinham escores mais altos no EAM-FI (crianças 5,2,6), atribuíram notas 9 e 10 para a sua ansiedade em uma escala que vai de zero a dez. Já as crianças cujo escore foi menos intenso no EAM-FI (crianças 1 e 3) se avaliaram com notas 6 e 7 de ansiedade. Exceção é a criança 4, que embora seja a criança com menor escore de ansiedade no EAMFI (18), pontuou-se como tendo 10 de ansiedade, que corresponde ao valor máximo atribuível. A criança 4 pode ter atribuído esta nota por ter se sentido ansiosa durante a situação experimental e pontuado sua nota a partir disso. 3.2 DADOS DA MÃE TABELA 7: ESCORE TOTAL DO IEP DE CADA MÃE E ÍNDICE OBTIDO NO IEP POR PRÁTICA AVALIADA. Mãe 1 2 3 4 5 6 IEP -14 -1 -1 7 -10 10 monitoria positiva 12 (1) 9 (3) 8 (4) *** 12 (1) 11 (2) 11 (2) comportamento moral 10(2) 8 (3) 6 (4) *** 11 (2) 11 (2) 10 (2) punição inconsistente 10(4) *** 5 (4) *** 3 (2) 1 (1) 3 (2) 2 (2) Negligência 7 (4) *** 4 (4) *** 2 (3) 0 (1) 4 (4) *** 4 (4) *** Disciplina relaxada 8 (4) *** 2 (2) 2 (2) 3 (3) 10 (4) *** 3 (3) monitoria negativa 7 (4) *** 4 (2) 4 (2) 5 (2) 11 (4) *** 2 (1) Interpretação dos índices: 1. ótimo; 2. bom; 3. regular; 4. risco. *** Índice indicativo de risco. A tabela 7 se refere ao escore e o índice de cada prática educativa. Podese perceber que só a mãe 3 apresenta baixo percentil em práticas parentais positivas, como monitoria positiva e comportamento moral, apontando risco nessa área. Já as práticas parentais negativas no que diz respeito a punição inconsistente foi evidenciada em duas mães em nível que caracteriza tais práticas como de risco. A prática parental categorizada como negligência apareceu em quatro mães (mães 1,2,5 e 6). A disciplina relaxada e monitoria negativa foi relatada em duas mães (mãe 1 e 5). O abuso físico foi comum em cinco mães (mães 1,2,3,4 e 5, caracterizando a prática parental que mais apareceu na pesquisa. abuso físico 4 (4) *** 3 (4) *** 4 (4) *** 7 (4) *** 4 (4) *** 0 (2) TABELA 8: COMPORTAMENTOS E SENSAÇÕES DESCRITOS PELAS MÃES COMO PREDITORES DE ANSIEDADE. Comportamentos Sensações Mães Chorar Falar bastante Gritar Agitação Dar risada Falar alto Paralisar 1 X Ruborização Tremer Sudorese Tensão X 2 3 4 X X X X X 5 X X X 6 X X X X X X X X X No que diz respeito aos comportamentos preditores da ansiedade relatados pelas mães, como presentes em seus filhos, chorar foi descrito por 3 mães (1,4 e 6); falar bastante foi descrito também por 3 mães (2,4 e 6); gritar foi relatado pela mãe 4. A agitação foi a mais citada como preditora da ansiedade (mães 1,2,3,4 e 5). Dar risada, falar alto e paralisar foi descrito pela mãe 6. No que diz respeito às sensações, a mãe 1 colocou ruborização, a 2 e a 3 não descreveram sensações, a 4 colocou tremor, a 5 sudorese e a 6 tensão. Como as sensações descrevem comportamentos em parte encobertos, as mães apontaram menos estes aspectos como indicativos de ansiedade dos filhos. Há maior atenção das mães às mudanças comportamentais. 3.3 DADOS COMPARATIVOS MÃE-CRIANÇA Tentativas FIGURA 2: COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AS TENTATIVAS FEITAS NO TEMPO LIMITADO. 40 Tentativas da criança 30 20 10 Tentativas da mãe 0 1 2 3 4 5 6 Díades * 1,2 e 5 iniciaram com tempo limitado. * 3,4 e 6 segundo quebra-cabeça com tempo limitado. A figura 2 mostra que a díade 5 foi a mais ativa, com número maior de tentativas, sendo que a mãe 5 a que obteve maior escore. Nas díades 1 e 6 observou-se número maior de tentativas significativas da mãe. A díade 4 teve o mesmo número de tentativas. Na díade 2, a criança tentou mais que a mãe e na díade 3, a mãe tentou mais que a criança. Díades 1,2 e 5 iniciaram a avaliação com tempo restrito (5 minutos). FIGURA 3: COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AS TENTATIVAS FEITAS NO TEMPO ILIMITADO. Tentativas 40 30 Tentativas da criança 20 Tentativas da mãe 10 0 1 2 3 4 5 6 Díades A figura 3 se refere ao total de tentativas de encaixe do quebra-cabeça em tempo ilimitado. Descreve-se a seguir as díades que iniciaram a avaliação com tempo limitado, indo então para a avaliação com tempo ilimitado., quanto ao número de tentativas, na díade 1 a mãe teve 25 tentativas e a criança 24. Na díade 2 a mãe teve 12 tentativas e a criança 7. Na díade 5 a criança tentou mais (13 tentativas) e sua mãe obteve 6 tentativas. As díades que iniciaram com o tempo ilimitado a avaliação foram as 3,4 e 6. Na díade 3, a mãe teve 12 tentativas e a criança 9. Na díade 4 a mãe teve 33 tentativas e a criança 29. E por fim a díade 6 a mãe obteve 36 tentativas e a criança 21. E ncaixes/ acertos FIGURA 4: COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AOS ENCAIXES/ ACERTOS REALIZADOS COM O TEMPO LIMITADO. 40 20 Encaixes / acertos da criança 10 Encaixes / acertos da m ãe 30 0 1 2 3 4 5 6 Día de s Esta figura diz respeito a um comparativo da quantidade de encaixes/acertos apresentados pela criança e pela mãe com o tempo limitado (5 minutos) para montar o quebra-cabeça. As díades 1,2 e 5 iniciaram a atividade do quebra-cabeça com tempo limitado e as demais díades com o tempo ilimitado. Levando em consideração primeiramente as díades que iniciaram com o tempo limitado pode-se perceber que na díade 1 a mãe teve mais encaixes (13), enquanto a criança obteve 4 acertos. A díade 2 obteve o mesmo número de acertos (9). Na díade 5, a mãe teve mais acertos que a criança (16) e a criança (14). As díades que iniciaram com tempo ilimitado, na segunda parte da avaliação apresentaram os resultados: a díade 3 o mesmo número de acertos (11), a díade 4 a mãe acertou mais (7) e a criança acertou 5. Por fim a díade 6, a mãe obteve 12 acertos e a criança 5. Os resultados obtidos mostram que esta não foi uma variável significativa, já que independeu da ordem adotada (limitado-ilimitado, ilimitado-limitado). Mães tendem a realizar mais encaixes que as crianças. As mães 1 e 6 parecem monopolizar a atividade, havendo poucas colocações de peças no quebra-cabeça por parte da criança. Encaixes/acertos FIGURA 5: COMPARATIVO DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRACABEÇA RELATIVO AOS ENCAIXES/ACERTOS COMETIDOS COM O TEMPO ILIMITADO. 40 Encaixes / acertos da criança 30 20 10 Encaixes /acertos da m ãe 0 1 2 3 4 5 6 Díades A figura 5 mostra que a díade 6 foi a mais ativa, com maior número de tentativas, sendo que a mãe 6 a que obteve maior escore. As díades 1 e 4 vem na seqüência, sendo que em ambas houve equilíbrio no desempenho da mãe e da criança. Comparando a figura 3 e 4 observa-se que a díade 5 foi a que apresentou maior diferença no número de tentativas na atividade com tempo limitado e ilimitado. TABELA 9: MÉDIA DAS TENTATIVAS E ENCAIXES DAS DÍADES NA ATIVIDADE DE QUEBRA-CABEÇA COMETIDOS NO TEMPO LIMITADO E ILIMITADO. Tentativas mãe Encaixes Criança mãe 1 2 3 4 5 6 T limitado 18 11 12 13 20 17 T ilimitado 25 12 12 32 5 35 T limitado 8 18 9 12 20 8 T ilimitado 24 6 9 29 13 21 T limitado 13 9 11 7 16 12 T ilimitado 18 9 10 19 2 28 média 15,17 20,17 12,5 17 11,33 14,33 criança T T limitado ilimitado 4 17 9 6 11 5 5 18 14 11 12 17 9,17 12,33 A tabela 9 mostra que tanto a mãe quanto a criança obtiveram maior número de tentativas e encaixes no tempo ilimitado. Isso demonstra efetivamente que a variável do tempo interferiu no comportamento das díades. A díade 3 não muda a quantidade de tentativas com a variável do tempo, quando a mãe não tem padrão a criança também não apresenta o padrão modificado. TABELA 10: MÉDIA RELATIVA A MUDANÇA DE FOCO DAS DÍADES DURANTE O TEMPO LIMITADO E ILIMITADO. Mudança de foco Criança mãe 1 2 3 4 5 6 T limitado 1 0 0 5 6 10 T ilimitado 0 2 3 10 2 4 T limitado 1 1 0 0 0 0 T ilimitado 0 0 0 3 2 0 média 3,7 3,5 0,34 0,84 A tabela 10 demonstra a quantidade de mudanças de foco efetuadas pela mãe e pela criança. Percebe-se que a criança obteve um número maior de mudanças de foco no tempo limitado, em contrapartida as mães obtiveram um número maior de mudanças de foco no tempo ilimitado. De um modo geral as crianças tiveram número maior de mudança de foco que suas mães. FIGURA 6: INFLUÊNCIA DA VARIÁVEL TEMPO NAS TENTATIVAS DE RESOLUÇÃO DO QUEBRA-CABEÇA PARA AS DÍADES. 30 Encaixes 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 mãe T limitado mãe T ilimitado Díades criança T limitado criança T ilimitado A figura 6 mostra o quanto a variável do tempo interferiu no comportamento das díades. Tanto a mãe quanto a criança obtiveram maior número de tentativas e encaixes no tempo ilimitado. Isso demonstra efetivamente que a variável do tempo interferiu no comportamento das díades. As mães 4 e 6 foram as que obtiveram o número maior de tentativas no tempo ilimitado (mãe 4 = 32, mãe 6 = 35), assim como as crianças (criança 4 n = 29 , criança 6 n = 21). As crianças 2 e 5 que iniciaram a atividade de quebra-cabeça com tempo limitado obtiveram número maior de tentativas no tempo limitado (criança 2 n = 18, criança 5 n = 20). Encaixes FIGURA 7: INFLUÊNCIA DA VARIÁVEL TEMPO NOS ENCAIXES DO QUEBRA CABEÇA. 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Díades mãe T limitado criança T limitado mãe T ilimitado criança T ilimitado A figura 7 mostra que as díades 1, 4 e 6 obtiveram um número maior de encaixes no tempo ilimitado. Na díade 2 e 3, somente para a criança que a variável do tempo foi significativa (criança 2 n=9 tempo limitado e n=6 tempo ilimitado), (criança 3 n = 11 tempo limitado e n = 5 tempo ilimitado). Já a díade 5 obtiveram número maior de encaixes no tempo limitado (n= 16 para n = 2) para a mãe, (n = 14 para n = 11). FIGURA 8: MÉDIA DAS TENTATIVAS E ENCAIXES EM FUNÇÃO DO TEMPO LIMITADO OU ILIMITADO NAS DÍADES 25 20 15 10 5 0 mãe criança mãe Tentativas criança Encaixes T limitado T ilimitado Na figura 8 pode-se perceber que tanto as mães quanto as crianças obtiveram maior número de tentativas e encaixes no tempo ilimitado. Isso demonstra com clareza que a variável do tempo foi significativa. TABELA 11: PRÁTICAS DE RISCO ADOTADAS PELAS MÃES (IEP) E ESCORE DE ANSIEDADE MANIFESTADA PELA CRIANÇA (EAM-FI) COM SUARESPECTIVA CLASSIFICAÇÃO Monitoria positiva 1 2 3 4 5 6 X Comportamento moral punição inconsistente X X negligência X X Disciplina relaxada X Monitoria negativa X X X X X X Abuso físico X X X X X Escore EAM-FI 20 29 22 18 31 28 Relacionando os escores mais elevados de ansiedade das crianças com as práticas parentais adotadas, observa-se que a negligência é uma prática presente nos 3 casos deste agrupamento avaliados (2,5,6). Das crianças com menos grau de ansiedade apenas a mãe da criança 1 também apresenta negligência. De todas as práticas parentais avaliadas pelo IEP, o abuso físico foi o mais presente (5 das 6 mães) tiveram índices apontando para o uso desta prática. categorização Alto-ansioso Alto-ansioso Alto-ansioso Alto-ansioso Alto-ansioso Alto-ansioso TABELA 12: SITUAÇÕES CITADAS PELAS MÃES E PELAS CRIANÇAS COMO DESENCADEADORES DE ANSIEDADE. Situações descritas pela criança Situações descritas pela mãe Quando tem prova 1 X 2 Todas as situações Quando os pais pedem para arrumar tudo rápido Quando quer ir a algum lugar X Diante da dificuldade X quando tem prova quando tem apresentação Quando não consegue concluir o que começou Quando quer ganhar alguma coisa Quando aguarda alguma resposta Todas as situações quando tem tempo restrito para desempenhar atividades 3 4 5 6 X X X X X X X X X X X Essa tabela apresenta situações descritas pela mãe e pela criança como situações que geram ansiedade. As crianças citaram que se sentem ansiosas quando tem prova (1), em todas as situações (1), quando os pais pedem para arrumar tudo (1), quando quer ir a algum lugar (1). A criança 6 não citou nenhuma situação. Já a mãe 1 relata que seu filho fica ansioso quando tem prova e quando tem apresentação; a mãe 2 relata que seu filho fica ansioso diante da dificuldade e quando não consegue concluir o que começou; a mãe 3 percebe seu filho ansioso quando ele quer ganhar alguma coisa; a mãe 4 relata que seu filho fica ansioso em todas as situações e quando aguarda uma resposta; a mãe 5 não descreveu nenhuma situação e por fim a mãe 6 descreve que o filho fica ansioso diante da dificuldade e quanto tem tempo restrito para desempenhar atividades. Cinco das seis crianças alvo do estudo discriminaram e conseguiram descrever os momentos em que se sentem ansiosas. Apenas a criança 6 não conseguiu descrever o que a deixa ansiosa. Observa-se que a exigência de desempenho é um fator presente em diversas situações como quando tem prova (criança 1), quando os pais pedem para arrumar tudo rápido (criança 3). No instrumento que avaliou este fator, as crianças descreviam as situações, assim, colocações como: em todas as situações (criança 2) ou quando quer ir a algum lugar (criança 4) ficaram vagas, impedindo identificar se o que gera ansiedade é o desempenho ou qualquer outra exigência. É importante observar que a situação desencadeadora de ansiedade descrita pela criança encontra paralelo na percepção materna no caso da criança 1. 4.0 DISCUSSÃO Analisando-se a amostra de díades participantes, chama a atenção o fato de 100% apresentarem estilo parental de risco. De acordo com os resultados obtidos através do inventário de estilos parentais (IEP), estes pais utilizam com grande freqüência de práticas educativas negativas. O abuso físico e psicológico foi o que mais apareceu, 5/6 mães participantes da pesquisa demonstram tal padrão, seguido da negligência, 4/6 mães participantes da pesquisa. Outras práticas negativas que apareceram como sendo de risco foram a punição inconsistente, disciplina relaxada e monitoria negativa. De acordo com Gomide (2004), o abuso físico compreende um padrão de relação que pode gerar tais conseqüências: crianças apáticas, medrosas, desinteressadas e auto-estima rebaixada. Gershoff (2002) citado por Gomide (2003) diferencia punição corporal de abuso físico, sinalizando a punição corporal como sendo o uso da força física com a intenção de fazer a criança sentir dor, sem ser machucada para controlar seu comportamento. É caracterizada por 2 tipos: impulsiva (do momento) com sentimentos de raiva e descontrole; instrumental(planejada) e não há sentimentos por parte dos pais. O abuso físico é conseqüência da punição corporal instrumental quando se torna exagerada. A punição física exagerada e fora de controle pode trazer conseqüências como o desamparo aprendido, ansiedade, depressão, sentimentos de menos valia e baixa auto-estima. Weber, Viezzer e Brandeburg (2003) relatam que o uso difundido da punição física pode ser controlado tanto por regras quanto por contingências. O comportamento dos pais de bater nos filhos pode ser considerado um comportamento governado por regras, pois está sob o controle de regras sociais que são transmitidas pela comunidade verbal ao longo das gerações. Essas regras culturais e históricas a respeito da infância e do uso da punição física controlam o comportamento dos pais e faz com que não discriminem as mudanças ocorridas ao longo do tempo.A punição física também está sob o controle por contingências com o efeito imediato, evidenciado nas respostas emocionais da criança e diminuição do comportamento punido. Segundo Skinner (1953/1976/2000), quando apanha, a criança geralmente pára imediatamente de emitir o comportamento. A obediência imediata traz benefícios para os pais, aumentando a probabilidade deles continuarem a utilizar esta prática educativa. Sendo assim, o efeito imediato atua como reforçador negativo para o comportamento de bater dos pais, aumentando a probabilidade deste comportamento ser utilizado novamente. Para Weber, Viezzer e Brandeburg (2003) as respostas emocionais dos pais, como irritação e raiva, são geradas por diversos fatores do meio como baixos reforçadores no trabalho, contas para pagar, trânsito ou até mesmo comportamentos dos filhos. Estas respostas emocionais indicam predisposições para agir de certas maneiras, gerando respostas que aumentam de força na raiva, infligem dano em pessoas ou objetos. Há o condicionamento de respostas que infligem dano, sendo este comportamento reforçado durante a raiva. Segundo Weber, Viezzer e Brandeburg (2003) existe a falta de informação dos pais sobre as fases do desenvolvimento a respeito de outras estratégias e sobre as conseqüências da educação coercitiva. Os pais normalmente seguem o modelo aprendido de que a punição física educa e disciplina os filhos. Skinner (1953/2000) relata que a punição física gera respostas emocionais como choro, medo, ansiedade e raiva. Há o condicionamento de comportamento de fuga e esquiva que reduzem ou eliminam o estímulo aversivo. O controle por meio de reforçamento negativo e punição é coercitivo. Segundo Sidman (2003) algumas vezes os pais punem removendo reforçadores da criança, como tirar brinquedos quando estas se comportam mal, outras vezes espancam, repreendem ou ridicularizam a criança. Sidman (2003) relata que muitas pessoas tornam-se supressores condicionados uns dos outros, através de práticas coercitivas, gerando ansiedade, pânico, paralisia e depressão. Dentro da prática parental caracterizada por abuso físico, Gomide (2003) coloca também o abuso psicológico e sexual. Segundo Padilha e Willians(2004), pais que cometem abuso físico, psicológico ou sexual contra seus filhos tendem a apresentar práticas educativas baseadas no controle através da punição. O abuso físico é caracterizado por Gomide (2003) como abuso de poder e falta de afeto, percebido pela criança como se ela estivesse em perigo ou se não fosse amada. De acordo com a literatura citada por Padilha e Willians (2004), o abuso físico está correlacionado com características dos pais como: habilidades parentais pobres, abuso de substâncias, tentativas de suicídio, baixa auto-estima, habilidades sociais pobres, falta de empatia, estresse social, violência social e nível acentuado de ansiedade, gerando impulsividade. Para a criança há várias conseqüências negativas: falta de segurança pessoal, baixa auto-estima, sintomas de ansiedade, depressão, problemas de controle de impulso, auto-mutilação, abuso de substancias, agressão, violência, delinqüência, baixo rendimento escolar e queixas somáticas. Se uma das conseqüências citadas pelas autoras são sintomas de ansiedade, fica fácil entender o resultado evidenciado na população alvo estudada. A prática que mais apareceu na pesquisa foi o abuso físico, psicológico e sexual, enquanto que a avaliação dos níveis de ansiedade das crianças apontou que todas as crianças de acordo com os critérios avaliativos da escala de ansiedade manifesta forma infantil (EAM-FI) foram classificadas como alto ansiosas, ou seja, há relação entre os achados na pesquisa e os dados da literatura. A segunda prática mais evidenciada foi a negligência, nas mães das crianças que apresentaram maiores escores de ansiedade no EAM-FI (crianças 2,5 e 6). Segundo Critenden (1985) citado por Gomide (2006) pais negligentes não são responsivos e se retiram das situações difíceis, ignoram a maioria dos comportamentos da criança e respondem pouco quando os filhos buscam algum tipo de comunicação. As crianças em geral são muito passivas e sofrem com déficits comportamentais. Bögels, Muris e Smulders (2001) citado por Gomide (2006) afirmam que a falta de coesão familiar e falta de envolvimento da família em atividades sociais pode trazer conseqüências como: medo social, preocupação dos pais em relação à opinião dos outros e isolamento da criança por parte dos pais e falta de sociabilidade familiar. A avaliação parental, ou seja, a exposição da criança a feedbacks negativos pode levá-la a ter ansiedade social, deixando a criança muito sensível a críticas negativas. Outro aspecto relevante para a causa da ansiedade social é a falta de calor emocional e a superproteção. Devido a não aceitação e indisponibidade dos pais na superproteção, impedem o desenvolvimento da autonomia ou isolam-se de experiências ambientais. Na situação problema a ordem da avaliação (atividade de quebra-cabeça) com tempo limitado/ilimitado parece ter influenciado especialmente nas crianças 1 e 5, havendo relação entre o padrão de comportamento quando ansiosas por elas descritos e a inibição ou exacerbação dos movimentos no número de tentativas e no número de encaixes realizados. As crianças que iniciaram com tempo livre (3,4 e 6) não apresentaram o mesmo grau de relação entre o que dizem e o que fazem se analisarmos a sua descrição de como percebem-se em situação geradora de ansiedade e o aumento ou diminuição do número de tentativas e de encaixes na situação problema. Iniciar a situação problema com quebra-cabeças de tempo limitado esteve associado a maior consistência entre as respostas das crianças (auto-percepção, número de tentativas, número de encaixes), podendo apontar para um fator que provavelmente elicia mais ansiedade. Por de tratar de um número pequeno de casos, é necessário replicação do procedimento com um número maior de participantes, para então confirmar ou não a situação problema com tempo limitado como fonte real de ansiedade nas crianças. Barbosa (2004) relata que a ansiedade pode afetar o processo de atenção, pessoas ansiosas tendem a dar mais atenção à ocorrência de estímulos ameaçadores, têm dificuldade de concentração. O paradigma proposto por Skinner (1941) envolve a presença de um estímulo que sinaliza a apresentação de um estimulo aversivo e não há comportamento de fuga-esquiva possível, produzindo estados corporais e supressão de comportamentos operantes vigentes. No que diz respeito ao auto-relato da mãe e da criança acerca da percepção e auto-observação da ansiedade, as crianças relatam de um modo geral perceber sua ansiedade através da agitação (n=4), ruborização (n=5) e sudorese (n=4). As mães também relatam a agitação (n=5), seguido de falar bastante (n=3). Isso quer dizer que a agitação é entendida pelas crianças e pelas mães como preditora da ansiedade. As seis crianças estudadas se diferenciam quanto ao grau de ansiedade manifesta, já que o primeiro critério para ser incluído na presente pesquisa era apresentar queixa de ansiedade de escore indicativo de ansiedade no CBCL. Assim, a presença quase que constante do abuso físico como prática parental no grupo pesquisado, pode apontar para esta prática como um preditor de ansiedade na criança. Para generalizar tais observações faz-se necessário novos estudos com maior número de participantes. 5.0 CONCLUSÃO Como critério de entrada na pesquisa utilizou-se de dois instrumentos entrevista materna e CBCL. Das entrevistas psicológicas 4/6 mães participantes desta pesquisa relataram como queixa presente em seus filhos a ansiedade. No instrumentos CBCl, a ansiedade foi significativa em 5/6 mães, pontuando a ansiedade como aspecto clínico ou dentro do limite (limítrofe). Com o presente trabalho, ao investigar indicativos de ansiedade infantil e suas relações com as práticas parentais, foi possível constatar que todas as mães se enquadraram nas práticas parentais de risco, tendo como práticas negativas (a negligência e o abuso físico e psicológico). Através da Escala de Ansiedade Manifesta Forma Infantil (EAM-FI) foi verificado que todas as crianças possuem indicativos de ansiedade, sendo caracterizadas como alto-ansiosas. Quanto à situação problema (montagem do quebra-cabeça), foi observado indicadores externos de ansiedade (supressão de comportamento operante, aumento de outros comportamentos, como agitação, distratibilidade) quando a avaliação iniciava com tempo. De um modo geral as mães foram mais ativas durante o experimento, fazendo pela criança, sendo que a proposta da pesquisadora foi que mãe e criança realizassem a atividade juntos. Ao correlacionar as práticas parentais com a ansiedade infantil foi observada a negligência como aspecto comum às três mães das crianças com indicativos maiores de ansiedade (28,29,31). A prática de abuso físico, psicológico e sexual também esteve relacionada ao índice elevado de ansiedade na criança. Esta pesquisa pode contribuir para novas pesquisas a respeito do tema, para a área clínica, saúde, hospitalar, escolar. Com os dados pode-se concluir que seria importante um trabalho de orientação a pais acerca das práticas educativas, assim como trabalhos preventivos. Faz-se necessário instrumentalizar as crianças quanto ao manejo da ansiedade, através de trabalhos como o proposto pela pesquisadora. Por tratar-se de uma amostra pequena, sugere-se a replicação do presente estudo, o que pode fornecer maior consistência aos achados aqui descritos. REFERÊNCIAS ACHENBACH, T.; RESCORLA, L. Child Behavior Check List. University of Vermont: Aseba, 2000. ALVARENGA, P. 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ANEXOS ANEXO 1 (ESCALA DE ANSIEDADE MANIFESTA FORMA INFANTIL (EAM-FI)) ESCALA AMFI Leia cuidadosamente cada sentença. Se ela disser a verdade sobre você, faça um círculo em torno da palavra SIM. Se ela não disser a verdade sobre você, faça um círculo em torno da palavra NÃO. 1. Fico nervoso sempre que alguém me observa quando faço alguma coisa SIM NÃO 2. Eu gosto de todas as pessoas que conheço SIM NÃO 3. Ás vezes me sinto com vontade de gritar SIM NÃO 4. Eu gostaria de poder estar bem longe daqui SIM NÃO 5. Parece que os outros podem fazer as coisas mais facilmente que eu SIM NÃO 6. Eu tenho medo de uma porção de coisas que não conto a ninguém SIM NÃO 7. Eu me sinto sozinho mesmo quando há gente perto de mim SIM NÃO 8. Eu fico nervoso quando as coisas não vão bem para mim SIM NÃO 9. Eu vivo preocupado a maior parte do tempo SIM NÃO 10. Eu sou sempre generoso SIM NÃO 11. Eu fico preocupado com que meus pais poderão dizer SIM NÃO 12. Muitas vezes eu tenho dificuldade de respirar SIM NÃO 13. Eu fico facilmente com raiva SIM NÃO 14. Eu tenho sempre boas maneiras SIM NÃO 15. Sinto minhas mãos suadas SIM NÃO 16. Eu preciso ir à privada mais do que a maioria das pessoas SIM NÃO 17. Outras crianças são mais felizes do que eu SIM NÃO 18. Eu me preocupo com o que as outras pessoas pensam de mim SIM NÃO 19. Eu tenho dificuldade em engolir NÃO SIM 20. Eu já me preocupei com coisas que não tiveram nenhuma importância mais tarde SIM NÃO 21. Eu fico sentido facilmente SIM NÃO 22. Eu me preocupo em fazer o que é certo SIM NÃO 23. Eu sou sempre bom SIM NÃO 24. Eu me preocupo com o que possa acontecer SIM NÃO 25. É difícil para mim pegar no sono, à noite SIM NÃO 26. Saber se vou bem ou mal na escola me causa preocupação SIM NÃO 27. Eu sou sempre delicado com todas as pessoas SIM NÃO 28. Fico facilmente sentido quando falham comigo SIM NÃO 29. Eu digo a verdade todas às vezes SIM NÃO 30. Eu fico muitas vezes solitário quando estou com outras pessoas SIM NÃO 31. Eu sinto que alguém vai me dizer que estou fazendo as coisas de modo errado 32. Eu tenho medo do escuro SIM NÃO SIM NÃO 33. É difícil para mim ficar prestando atenção nas lições da escola SIM NÃO 34. Muitas vezes eu me sinto mal do estômago SIM NÃO 35. Eu nunca fico com raiva SIM NÃO 36. Eu vou preocupado para a cama, à noite SIM NÃO 37. Muitas vezes eu faço coisas que nunca desejaria ter feito SIM NÃO 38. Eu tenho dores de cabeça SIM NÃO 39. Muitas vezes eu fico preocupado com o que possa acontecer aos meus pais SIM NÃO 40. Eu nunca digo coisas que não devo dizer SIM NÃO 41. Eu fico cansado facilmente SIM NÃO 42. É bom tirar notas altas na escola SIM NÃO 43. Tenho maus sonhos SIM NÃO 44. Eu sou nervoso SIM NÃO 45. Eu nunca minto SIM NÃO 46. Muitas vezes eu fico preocupado com alguma coisa de ruim que possa acontecer para mim SIM NÃO ANEXO 2 CHILD BEHAVIOR CHECK LIST (CBCL) ANEXO 3 INVENTÁRIO DE ESTILOS PARENTAIS (IEP) INVENTÁRIO DE ESTILOS PARENTAIS- IEP Práticas Educativas Maternas e Paternas Paula Inez Cunha Gomide O objetivo deste instrumento é de estudar a maneira utilizada pelos pais na educação de seus filhos. Não existem respostas certas ou erradas. Responda cada questão com sinceridade e tranqüilidade. Suas informações serão sigilosas. Escolha, entre as alternativas abaixo, aquelas que mais refletem a forma como você educa seu/sua filho(a). Identificação: Nome (pai/mãe): ____________________________________________Idade: _____ Escolaridade (pai/mãe): ___________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Nome do filho (a): ________________________________________ Série: _________ Responda a tabela abaixo fazendo um X no quadrinho que melhor indicar a freqüência com que você age nas situações abaixo relacionadas; mesmo que a situação descrita nunca tenha ocorrido, responda considerando o seu possível comportamento naquelas circunstancias. Utilize a legenda de acordo com o seguinte critério: NUNCA: se, considerando 10 episódios, você agiu daquela forma entre 0 a 2 vezes. ÀS VEZES: se, considerando 10 episódios, você agiu daquela forma entre 3 a 7 vezes. SEMPRE: se, considerando 10 episódios, você agiu daquela forma entre 8 a 10 vezes. Entre 10 episódios 8 a 10 Sempre 3a7 Às vezes 1. Quando meu filho (a) sai, ele (a) conta espontaneamente aonde vai. 2. Ensino meu filho(a) a devolver objetos ou dinheiro que não pertencem a ele (a). 3. Quando meu filho (a) faz algo errado, a punição que aplico é mais severa dependendo de meu humor. 4. O meu trabalho atrapalha na atenção que dou a meu filho (a). 5. Ameaço que vou bater ou castigar e depois não faço nada. 6. Critico qualquer coisa que meu filho (a) faça, como o quarto estar desarrumado ou estar com os cabelos despenteados. 7. Bato com cinta ou outros objetos nele (a). 8. Pergunto como foi seu dia na escola e o ouço atentamente. 9. Se meu filho (a) colar na prova explico que é melhor tirar nota baixa do que enganar a professora ou a si mesmo (a). 10. Quando estou alegre não me importo com as coisas erradas que meu filho (a) faça. 11. Meu filho (a) sente dificuldades em contar seus problemas para mim, pois vivo ocupado (a). 0a2 Nunca Entre 10 episódios 8 a 10 Sempre 12. Quando castigo meu filho (a) e ele pede para sair do castigo, após um pouco de insistência, permito que saia do castigo. 13. Quando meu filho (a) sai, telefono atrás dele muitas vezes. 14. Meu filho (a) tem muito medo de apanhar de mim. 15. Quando meu filho (a) está triste ou aborrecido (a) me interesso em ajudá-lo a resolver o problema. 16. Se meu filho (a) estragar alguma coisa de alguém, ensino a contar o que fez e pedir desculpas. 17. Castigo quando estou nervoso (a); assim que passa a raiva, peço desculpas. 18. Meu filho (a) fica sozinho em casa a maior parte do tempo. 19. Durante uma briga, meu filho (a) xinga ou grita comigo e, então, eu o (a) deixo em paz. 20. Controlo com quem meu filho (a) fala ou sai. 21. Meu filho (a) fica machucado fisicamente (a) quando bato nele (a). 22. Mesmo quando estou ocupado (a) ou viajando, telefono para saber como meu filho (a) está. 23. Aconselho meu filho (a) a ler livros, revistas ou ver programas de TV que mostrem os efeitos negativos do uso de drogas. 24. Quando estou nervoso (a) acabo descontando em meu filho (a). 25. Percebo que meu filho (a) sente que não dou atenção a ele (a). 26. Quando mando meu filho (a) estudar, arrumar o quarto ou voltar para casa, e ele não obedece, eu “deixo pra lá”. 27. Especialmente nas horas das refeições, fico dando as “broncas”. 28. Meu filho (a) sente ódio de mim quando bato nele (a). 29. Após uma festa quero saber se meu filho (a) se divertiu. 30. Converso com meu filho (a) sobre o que é certo ou errado no comportamento dos personagens dos filmes e dos programas de TV. 31. Sou mau-humorado (a) com meu filho. 32. Não sei dizer do que meu filho (a) gosta. 33. Aviso que não vou dar um presente para meu filho (a) caso não estude, mas, na hora “H”, fico com pena e dou o presente. 34. Se meu filho (a) vai à uma festa somente quero saber se bebeu, se fumou ou se estava com aquele grupo de maus - elementos. 35. Sou agressivo (a) com meu filho (a). 36. Estabeleço regras (o que pode e o que não pode ser feito) e explicando as razões sem brigar. 37. Converso sobre o futuro do trabalho ou profissão de meu filho mostrando os pontos positivos ou negativos de sua escolha. 38. Quando estou mal humorado (a) não deixo meu filho (a) sair com os amigos. 39. Ignoro os problemas de meu filho (a). 40. Quando meu filho fica muito nervoso (a) em uma discussão ou briga, ele (a) percebe, que isto me amedronta. 41. Se meu filho (a) estiver aborrecido (a) fico insistindo para ele contar o que aconteceu, mesmo que ele (a) não queira contar. 42. Sou violento (a) com meu filho (a). 3a7 Às vezes 0a2 Nunca ANEXO 4 (REGISTRO DE OBSERVAÇÃO) TEMPO LIMITADO (5 minutos) TENTATIVAS CRIANÇA ENCAIXE 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 MÃE TENTATIVAS ENCAIXE MUDA O FOCO 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 MUDA O FOCO Consign a: Vocês em conjunto terão 5 minutos para montar este quebra cabeça, a maioria das mães, juntamente com seus filhos concluem esta tarefa. Observações do comportamento: __________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ TENTATIVAS 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 CRIANÇA ENCAIXE MÃE TENTATIVAS ENCAIXE MUDA O FOCO 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 um tempo livre para montar este quebra-cabeça. Criança: Mãe: Data: MUDA O FOCO Tempo ilimitado Consigna: Vocês em conjunto (mãe e filho), terão ANEXO 5 (ENTREVISTA PSICOLÓGICA) ANEXO 6 (FOLHA DE REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA CRIANÇA) O QUE ACONTECE QUANDO ME SINTO ANSIOSO? 1. Pense sobre alguma coisa que fez você se sentir realmente ansioso ou tenso. Como outra pessoa saberia que você se sentiu assim? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________. 2. Como a sua face fica quando você está ansioso ou tenso? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________. 3. Como o seu corpo fica quando está ansioso ou tenso? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________. 4. Como você se comporta quando está ansioso ou tenso? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________. 5. Durante quanto tempo você se sente ansioso ou tenso? NUNCA 1 2 TODO O TEMPO 3 4 5 6 7 8 9 10 6. Como você se sentiu durante a atividade de quebra-cabeça? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ___________________________________________________________. ANEXO 7 (FOLHA DE REGISTRO DA PERCEPÇÃO DA MÃE) COMO A MÃE PERCEBE A ANSIEDADE DO FILHO 1. Você julga seu filho ansioso em algum momento? ( ) Sim ( ) Não 2. Como você percebe que seu filho está ansioso? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________. 3. Que comportamentos a criança emite que faz com que você perceba que ela está ansiosa? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________. 4. Como o corpo da criança fica quando está ansiosa? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________. 5. Em que situações específicas você percebe a ansiedade do seu filho? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________. DURANTE A ATIVIDADE 6. Como você (mãe) se sentiu durante a atividade de quebra-cabeças que realizamos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________. 7. Em algum momento da atividade se sentiu ansiosa? Em quais? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________. 8. Observou ansiedade no seu filho durante a atividade? __________________________________________________________________ ____________________________________________________________ ANEXO 8 (TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO) TERMO DE CONSENTIMENTO A pesquisadora Ana Paula Zanardi, estudante do 5º ano de psicologia, sob orientação da Profª Dra Suzane Schmidlin Löhr, está realizando uma pesquisa de conclusão de curso. Esta pesquisa tem como objetivo estudar alguns aspectos do comportamento de crianças, assim como a interação mãe-filho. Venho por meio desta convidá-la a participar desta pesquisa. Sua participação colaborará para um estudo acerca da interação mãe-filho como prática educativa, promoção de bem-estar e qualidade de vida da criança. Os responsáveis pelas crianças da pesquisa responderão a questionários relativos ao comportamento infantil e participarão de uma atividade envolvendo a mãe e a criança. Prevê-se 60 minutos de duração nestas atividades, sendo que o dia e horário das mesmas serão marcados em concordância com os responsáveis pela criança. Sua participação é voluntária e sigilosa. O Sr(a) tem liberdade de recusar participar da pesquisa ou se aceitar participar do estudo, retirar seu consentimento em qualquer momento. É por meio de pesquisas como essa que ocorrem avanços na ciência, sendo a sua participação de fundamental importância. Pai da criança _________________________,RG______________mãe da criança _____________________, RG__________________ declaro ter sido devidamente informada e orientada pela pesquisadora, sobre a pesquisa acerca do comportamento do meu filho e da interação mãe-filho como prática educativa. Declaro estar ciente de que as informações prestadas serão utilizadas unicamente com fins de estudo. Curitiba, _____ de _____ de 2006. Ass:______________________________. ANEXO 9 (INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DO IEP) O IEP negativo é indicativo de práticas parentais negativas, isto é, há prevalência de práticas negativas (punição inconsistente, negligência, disciplina relaxada, monitoria negativa e abuso físico) que neutralizam ou se sobrepõem às práticas parentais positivas. Quando o IEP é positivo está indicando uma forte presença de práticas parentais positivas (monitoria positiva e comportamento moral) que se sobrepõem ás práticas negativas. O IEP poderá variar de -60 em que há ausência de práticas positivas e presença total de práticas negativas a +24 com ausência de práticas negativas e presença total de práticas positivas. Interpretação dos resultados do IEP Percentis do IEP De 80 a 99 De 55 a 75 De 30 a 50 De 1 a 25 Interpretação do resultado Estilo Parental ótimo com presença marcante das práticas Parentais Positivas e ausência das práticas Parentais Negativas. Estilo Parental bom, acima da média, porém aconselha-se a leitura de livros de orientação para pais para aprimoramento das práticas parentais. Estilo parental bom, porém abaixo da média. Aconselha-se a participação em grupos de treinamento de pais. Estilo parental de risco. Aconselha-se a participação em programas de intervenção terapêutica, sem grupo, de casal, ou individualmente, especialmente desenvolvidos para pais com dificuldades em práticas educativas onde possam ser enfocadas as conseqüências do uso de práticas negativas em detrimento das positivas. ANEXO 10 (DADOS NORMATIVOS DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS MATERNAS) Percentis IEP Monitoria Comportamento Abuso Positiva Moral físico Negligência Monitoria Punição Disciplina negativa inconsistente relaxada 99 19 12 12 0 0 1 0 0 95 15 12 12 0 0 2 0 0 90 13 12 12 0 0 3 1 0 85 12 12 11 0 0 3 1 1 80 11 12 11 0 1 4 2 1 75 9 11 11 0 1 4 2 2 70 8 11 11 0 1 4 2 2 65 7 11 10 0 1 5 2 2 60 6 11 10 0 1 5 3 2 55 5 10 10 0 2 5 3 3 50 4 10 9 0 2 5 3 3 45 3 10 9 1 2 6 4 3 40 2 10 9 1 2 6 4 3 35 1 9 8 1 3 6 4 4 30 0 9 8 1 3 7 5 4 25 -2 8 7 1 3 7 5 4 20 -3 8 7 2 4 7 5 5 15 -6 7 6 2 4 8 6 5 10 -9 7 5 3 5 8 7 6 5 -14 6 4 5 7 9 8 7 1 -22 3 2 8 10 11 9 10 Média 2,97 9,83 8,87 1,05 2,37 5,54 3,58 3,19 Desvio 8,79 2,41 2,49 1,68 2,17 2,27 2,26 2,21 padrão ANEXO 11