ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, . Jan. 2010 / . Jun. 2010 Ficha Catalográfica da Revista LOPES, Edmar Aparecido de Barra e. Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº03, . Jan. 2010/.Jun. 2010. Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I.Ciências da Saúde. II‐ Título: Revista de Ciências da Saúde. III.Publicações Cientificas. CDD 600 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI) Faculdade Estácio de Sá de Goiás Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO Jacqueline R.Yoshida – Bibliotecária – CRB 1901 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO VOLUME 1-1, N. 03, Jan. 2010 a Jun. 2010 PERIODICIDADE: SEMESTRAL. ISSN: 1984 – 2848 ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO Cursos de: GO Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Recursos Humanos Redes de Computadores ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Editor Cientifico: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Conselho Editorial Executivo: Adriano Luis Fonseca Ana Claudia Camargo Campos Claudio Maranhão Pereira Edson Sidião de Souza Júnior Patrícia de Sá Barros Guilherme Nobre Lima do Nascimento Conselho Editorial Consultivo: Adriano Luís Fonseca Andréia Magalhães de Oliveira Denise Gonçalves Pereira Elder Sales da Silva Jaqueline Gleice Aparecida de Freitas Karolina Kellen Matias Marc Alexandre Duarte Gigonzac Marco Túlio Antonio Garcia-Zapata Marise Ramos de Souza Marizane Almeida de Oliveira Sandro Marlos Moreira Equipe Técnica: Editoração Eletrônica , Coordenação Gráfica e Capa e Ltda e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editoria, Pesquisa e Comunicação Ltda Revisão Técnica: Josiane dos Santos Lima Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral e Capa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Endereço para correspondência/Address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 – Setor Norte Ferroviário, Goiânia-GO, CEP: 74.063-331. Coordenação do Núcleo de Pesquisa. 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Chaves Dhaiane M. Neves Edson Sidiao De S. Junior Gleidson Mello Tatiana B. Ribeiro 73 - 87 Incidência de HIV/AIDS em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no Brasil entre os anos de 2004 a 2008 Maria Cilene Barbosa Maranhão Rose Ednamar Alves Franca Elizete Vargas de Almeida Ferreira Suzana Aparecida da Paixão 88 - 100 O transtorno bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família Shirlei Pinheiro Shirley Caldeiras Suzyanne Guimarães Tarso Taveira de Morais Edicassia Rodrigues de Morais Cardoso 101 - 111 O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva Célia Regina da Silva Maria José Soares Santos Manso Pollyana Pereira de Assis Valdirene Aparecida de Miranda Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso 112 - 118 A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem Adriane Bueno Ferreira Selma Cristina Lopes da Silva Guerra Valmira Teles de Macedo Romero Borges Moraes Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso 119 - 127 O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Andréia Ribeiro de Oliveira 128 - 136 Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estímulos ambientais Elder Sales da Silva 137 - 143 Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás Rodrigo Passos Del Fiaco Cláudio Maranhão Pereira 144 - 146 Normas para publicação Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 09 – 20. Jan. 2010/Jun. 2010. TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR UM PROCESSO EPIDÊMICO REVISÃO DA LITERATURA Letícia Santos De Aquino Adriano Luis Fonseca** Resumo: Abstract: O Traumatismo Raquimedular (TRM) é um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e autonômicas normais. Tem como principal etiologia a lesão traumática, devido à agressão mecânica, na medula espinal. Em torno de 20% dos casos ocorre por lesão não traumática. Apresenta incidência, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, acometendo em maior proporcionalidade a faixa etária compreendida entre 15 e 40 anos e a incidência desse tipo de lesão varia de país para país. O grande número de acidentes por arma de fogo tem relação direta com o aumento do nível de violência nos grandes centros urbanos e os estudos de perícia técnica realizados, após acidentes automobilísticos, nos mostram a relação entre estes e a velocidade dos veículos no momento da colisão. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações. O estudo teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica do assunto, envolvendo aspectos epidemiológicos e fisiopatológicos quanto ao gênero e idade dos pacientes que desenvolveram TRM. The Spinal Cord Trauma (TRM) is an insult traumatic spinal cord that can result in changes in motor function, sensory and autonomic normal. Its main cause an injury due to mechanical aggression, the spinal cord. Around 20% of cases occur in nontraumatic injury. Incidence preferentially in males, a ratio of 4:1, affecting greater proportionality in the age group between 15 and 40 years and the incidence of this type of injury varies from country to country. The large number of accidents with firearms is directly related to the increased level of violence in large urban centers and studies of technical expertise held after car accidents, show us the relationship between them and the speed of vehicles during the impact. In Brazil, the Unified Health System (SUS) in 2004, for the diagnosis of spine fractures, recorded 505 deaths and 15,700 hospital admissions. The study aimed to review existing literature on the subject, involving epidemiological and pathophysiological aspects regarding gender and age of the patients who developed spinal cord injury. Palavras-chave: Key-words: Epidemiologia, traumatismo, fisioterapia. Epidemiology, trauma, physical therapy. INTRODUÇÃO Conforme Israel e Pardo (2000), o corpo humano exerce suas funções por meio da adequada passagem dos estímulos nervosos pelos receptores sensoriais da superfície até o sistema nervoso central (SNC), o qual é constituído pela medula espinhal e pelo conjunto encefálico: cérebro, cerebelo e tronco Aluna da FESGO- Faculdade Estácio de Sá de Goiás. email: [email protected]. **Mestre Professor da Faculdade Estácio de Sá de Goiás e orientador do presente trabalho. encefálico. 10 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. O SNC envia sinais aos músculos que formam o sistema motor, para que se controle a postura e o movimento. Para tanto, os componentes muscular e neural devem funcionar como uma unidade, melhorando a resposta muscular, tornando-a mais adequada à função (CÓPIA e PAVANI, 2003). Portanto a lesão dessa estrutura irá resultar na perda parcial ou total da capacidade motora, sensibilidade, controle vaso-motor, esfincteriano, e função sexual. Tal dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um centro regulador que controla importantes funções como a respiração, circulação, a bexiga, intestino, o controle térmico e a atividade sexual (LIANZA, 1995). De acordo com (DELISA, 2002) o TRM é um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e autonômicas normais. Segundo Adriana (2005) o TRM tem como principal etiologia a lesão traumática, devido à agressão mecânica, na medula espinal. O traumatismo da medula espinhal é um grande problema de saúde no Brasil e no mundo em razão dos danos neurológicos freqüentemente associados. O TRM tem sido identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige tremendas alterações no estilo de vida do paciente (Schmitz,1993). Estima-se que o custo de um paciente com lesão medular, ao longo do resto de sua vida, possa chegar a meio milhão de reais. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações (MS, 2006). Casalis ( apud TEIXEIRA et al, 2003) diz que o tratamento de reabilitação é o caminho que facilita e estimula o paciente a reaprender a controlar suas funções e a obter a maior independência possível.. A Fisioterapia tem por objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e a melhoria da qualidade de vida através da promoção da independência funcional, além da melhora da auto-estima e inclusão social desses pacientes (VALL, BRAGA e ALMEIDA, 2006). LESÃO MEDULAR DEFINIÇÃO Umas das doenças que levam à desordem do controle neurológico é o TRM, o qual é decorrente de uma lesão causada mais comumente por acidentes automobilísticos, quedas de altura, acidente por mergulho, agressões e ferimentos por arma branca ou arma de fogo, resultando em danos à medula espinhal (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998). Segundo 11 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. Umphred (2004), o TRM ocorre quando a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma, processo de doença ou defeitos congênitos. De acordo com (DELISA, 2002) o TRM é um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e autonômicas normais. A lesão medular é aguda e inesperada, alterando de maneira dramática o curso da vida de uma pessoa. As conseqüências sociais e econômicas para o paciente e para a família podem ser catastróficas (MAROTTA, 2002). Tal dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um centro regulador que controla importantes funções como a respiração, circulação, a bexiga, intestino, o controle térmico e a atividade sexual (LIANZA, 1995). A lesão medular pode ser provocada por diversas causas e ocorre como conseqüência pela perda de neurônios da medula espinal e das conexões axonais entre a região encefálica e os efetores periféricos, determinando várias alterações clínicas motoras, sensitivas e autonômicas (VENTURINI et al.,2006). O TRM tem sido identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige tremendas alterações no estilo de vida do paciente (SCHMITZ,1993). Estima-se que o custo de um paciente com lesão medular, ao longo do resto de sua vida, possa chegar a meio milhão de reais. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações (MS, 2006). Segundo DELISA (2002) a expectativa de vida para os portadores de TRM tem aumentado nas ultimas décadas, mas ainda se mantém de alguma forma, abaixo do normal, a expectativa de vida diminui conforme a gravidade da lesão. Diante das mudanças ocorridas na vida do indivíduo vítima de TRM, a sua reintegração familiar e comunitária dentro das maiores possibilidades físicas e funcionais é fundamental (LIANZA et al, 1993). Casalis (TEIXEIRA et al, 2003) diz que o tratamento de reabilitação é o caminho que facilita e estimula o paciente a reaprender a controlar suas funções e a obter a maior independência possível. A Fisioterapia tem por objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e a melhoria da qualidade de vida através da promoção da independência funcional, além da melhora da auto-estima e inclusão social desses pacientes (VALL, BRAGA e ALMEIDA, 2006). 12 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. 1.1 ANATOMIA E FUNÇÃO DA MEDULA ESPINHAL De acordo com Machado (2002) a medula espinhal constitui-se numa massa cinlidróide de tecido nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem ocupá-lo completamente e ligeiramente achatada ântero-posteriormente. Mede aproximadamente 45 centímetros no homem e um pouco menos na mulher. Tem calibre não uniforme porque possuem duas dilatações as intumescências cervical e lombar, de onde partem as raízes nervosas que formam os plexos braquiais e lombossacral que inervam os membros superiores e inferiores respectivamente. A coluna vertebral é a estrutura que promove sustentação para a postura ereta, constituindo uma manga protetora, porém flexível para a delicada medula espinhal, além de assegurar locais para a fixação de músculos e servir para transferir e atenuar cargas da cabeça e tronco e para os membros inferiores e vice-versa. A região medular compreende todas as estruturas neurais contidas no interior do canal vertebral: medula espinhal, raízes dorsais e ventrais, nervos espinhais e meninges. A medula espinhal é contínua com o bulbo e se estende até o espaço intervertebral L1-L2. Abaixo deste nível o canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que dispostas em torno do cone medular e filamento terminal, constituem a chamada cauda eqüina. Segundo Fritz, Paholsky, Grosenbach (2002) contém 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinhais. Os nervos sensoriais levam o impulso para o sistema nervoso central e os nervos periféricos motores levam o impulso nervoso do cérebro para o corpo (músculo). Na medula espinhal, as fibras se separam em corno anterior e posterior. No corno posterior encontram-se as fibras sensoriais e no corno anterior ás fibras motoras. As estruturas neurais podem ser visualizadas na figura 1. A medula espinhal tem duas funções principais. (1) os tractos da substância branca na medula espinhal são vias expressas para a condução de impulsos nervosos. Ao longo destas vias expressas, os impulsos sensitivos fluem da periferia ao encéfalo, e os impulsos motores fluem do encéfalo à periferia. (2) A substância cinzenta da medula espinhal recebe e integra a informação que chega e sai. Ambas as funções da medula espinhal são essenciais para manter a homeostase (TORTORA, 2003, p.222,). Freqüentemente, as vértebras mais envolvidas são a 5ª e a 7ª cervicais, a 12ª torácica e a 1ª lombar. Tais vértebras são as mais suscetíveis, pois há uma grande faixa de mobilidade nestas áreas da coluna. 13 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. Figura 1: A região medular e suas estruturas neurais Fonte: Netter (1998). 1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES Segundo o raciocínio de Guyton (1977), quando a medula espinhal é transeccionada todas as funções medulares incluindo os reflexos, tornam-se deprimidas, a um ponto de esquecimento, tal reação é denominada choque medular, que representa uma repentina perda da atividade reflexa na medula espinhal (arreflexia) abaixo do nível do trauma. Depois de alguns dias ou meses, aos poucos os neurônios espinhais voltam a ganhar sua excitabilidade. O retorno da excitabilidade dos centros medulares com freqüência é demorado e às vezes, nunca é completo. Após perderem sua fonte de impulsos facilitadores os 14 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. neurônios aumentam seu grau natural de excitabilidade para suprimir a perda, portanto não é raro, após a recuperação, uma hiperexcitabilidade resultante de todas ou da maior parte das funções medulares. Entre as causas de lesão medular encontram-se as traumáticas e não traumáticas. As lesões traumáticas são provocadas por ferimentos com arma de fogo, acidentes automobilísticos, mergulhos e quedas. Entre as causas não traumáticas, destacam-se os tumores, infecciosas, vasculares e degenerativas. As lesões medulares podem ainda ser classificadas da seguinte maneira: Tetraplegia (refere-se a ―quadriplegia‖) — Este termo descreve diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos cervicais devida a lesão dos elementos neurais dentro do canal medular. A tetraplegia resulta em diminuição da função dos membros superiores, tronco, membros inferiores e dos músculos que compõem a cintura pelvica. Paraplegia — Este termo descreve diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos toracicos, lombares ou sacrais (porem não cervicais), secundários a danos dos elementos neurais dentro do canal vertebral. A paraplegia deixa íntegros os membros superiores; dependendo do nível, porem, pode incluir tronco, membros inferiores e orgãos pélvicos. O termo e corretamente usado para descrever lesões da cauda eqiiina e do cone medular. Tetraparesia ou paraparesia — O uso destes termos não é recomendado, já que descrevem lesões incompletas de maneira imprecisa. No entanto este termo ainda é empregado a fim de definir que o paciente foi acometido por lesão sensitiva parcial acompanhada de déficit motor incompleto, embora este termo encontra-se em desuso ainda observamos escalas de avaliação sugerir o uso deste, podemos observar as definições da escala da ASIA que atualmente é muito utilizada por profissionais que prestam assistências aos portadores de TRM. As lesões medulares podem também ser classificadas com relação ao grau em completas e incompletas. Segundo Casalis (TEIXEIRA et al., 2003) considera-se uma lesão medular incompleta quando se constata a presença de função sensitiva e/ou motora abaixo do nível da lesão, e uma lesão completa quando não há função motora e sensitiva abaixo do nível da lesão. Porém as lesões incompletas podem ser ainda subdividas em: 15 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. Síndrome centro-medular: esta lesão ocorre quase que exclusivamente na região cervical, sendo preservada a sensibilidade sacral e uma debilidade maior nos membros superiores do que nos inferiores. Síndrome de Brown-Séquard: esta lesão ocasiona uma maior perda motora e proprioceptiva ipsilateral e também uma perda contralateral da sensibilidade, da dor e da temperatura. Síndrome medular anterior: neste tipo de lesão é preservada a propriocepção e ocorre uma perda da função motora, da sensibilidade, da dor e da temperatura. Síndrome do cone-medular: esta lesão ocorre na região sacral (cone medular) e nas raízes lombares, ocasionando arreflexia da bexiga, intestino e membros inferiores. Síndrome da cauda eqüina: esta lesão ocorre nas raízes nervosas lombosacrais, resultando em arreflexia da bexiga, intestino e membros inferiores (BARROS et al., 1994). 1.4 ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA O número de pessoas tetraplégicas ou paraplégicas por lesão de medula espinal vem aumentando significativamente nas últimas décadas e atualmente estima-se que de 30 a 40 pessoas / milhão / ano sofrem lesão, o que equivale no Brasil a aproximadamente 6.000 novos casos por ano. Este dramático aumento é devido principalmente a lesões traumáticas (80%) provocadas por ferimentos por arma de fogo (FAF), acidentes automobilísticos, mergulhos e quedas. Entre as causas não traumáticas (20%) destacam-se as tumorais, infecciosas, vasculares e degenerativas (EGUÍA, 2004). Segundo Cunha et al (2000), as principais causas de TRM são: queda de altura (57,5%), acidentes de trânsito (27,6%), queda da própria altura (8,5%), ferimento por arma de fogo (FAF) (2,1%) e outros (4,3%). De acordo com Defino (1999) apresenta incidência, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, acometendo em maior proporcionalidade a faixa etária compreendida entre 15 e 40 anos e a incidência desse tipo de lesão varia de país para país. O autor afirma que, o grande número de acidentes por arma de fogo tem relação direta com o aumento do nível de violência nos grandes centros urbanos e os estudos de perícia técnica realizados, após acidentes automobilísticos, nos mostram a relação entre estes e a velocidade dos veículos no momento da colisão. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. 16 para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações (MS,2006). Defino (1999) ainda argumenta que a lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países corroborando desta forma com . Estima-se que, na Alemanha, ocorram anualmente dezessete (17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra varia de trinta e dois (32) a cinqüenta e dois (52) casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano, cujo custo aproximado é de U$ 300.000.000,00 por ano. Os autores Bacco & Rotter (1997) descreve que a expectativa de vida de um paciente com paraplegia é de 40 anos, quando a lesão ocorre aos 20 anos de idade. Quando a lesão ocorre aos 50 anos, a expectativa é de 15 anos de sobrevida. 2. CLASSIFICAÇÃO PADRONIZADA DAS LESÕES MEDULARES A importância do emprego de classificações padronizadas para a avaliação inicial e seguimento dos pacientes que apresentam déficit neurológico decorrente de lesões traumáticas da coluna vertebral é fato aceito por todas as sociedades médicas e grupos especializados que trabalham com este tipo de paciente (BARROS et al., 1994, p.99). O dano à medula espinhal varia de uma concussão transitória, até uma transecção completa da mesma. O que resultará em uma lesão completa ou incompleta da medula espinhal, cauda eqüina, ou raízes de nervos periféricos. A avaliação da função motora é realizada pela avaliação da força muscular: 0 (paralisia total); 1 (contração palpável ou visível); 2(movimento ativo eliminado pela força da gravidade); 3(movimento ativo que vence a força da gravidade); 4( movimento ativo contra alguma resistência); 5( normal); e NT( não testadas) (Masry et al, 1996). 17 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. Segundo Greve e Amatuzzi (1999) o exame sensitivo é realizado em cada um dos 28 dermátomos do lado direito e esquerdo do corpo através do teste de pontos chave, e classificado da seguinte maneira: ¨[...] em uma escala de três pontos: 0 – Inexistente; 1-Sensibilidade parcial ou alterada, incluindo hiperestesia; 2- Normal; NT- não testável¨ (GREVE; AMATUZZI, 1999, p. 329). 2.1 AMERICA SPINAL INJURY ASSOCIATION (ASIA) A escala de deficiência da American Spinal Injury Association (ASIA) classifica a função neurológica das lesões medulares em uma escala de A a E: A. Completa: Nenhuma função motora ou sensitiva está preservada nos segmentos sacros S4 e S5. B. Incompleta: A função sensitiva, mas não motora, está preservada abaixo do nível neurológico e se estende até os segmentos sacros S4 e S5. C. Incompleta: A função motora está preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos músculos importantes abaixo do nível neurológico tem uma graduação muscular menor que 3. D. Incompleta: a função motora está preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos músculos importantes abaixo do nível neurológico tem uma graduação de 3 ou mais. E. Normal/Recuperação: A função motora e sensitiva está normal (FREED, 1994;MAROTTA, 2002). 2.2 MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF) Para descrever plenamente o impacto de uma lesão medular sobre o individuo e monitorar e avaliar o progresso associado com o tratamento é necessário uma medida padronizada das atividades de vida diária. A medida de independência funcional (MIF) é um meio para avaliar o grau de função [...] (BARROS et al., 1994, p. 105). A Medida de Independência Funcional (MIF) foi desenvolvida sob o patrocínio da American Academy of Physical Medicine and Rehabilitation e da Organização Mundial da Saúde (OMS) e sua utilização tem sido recomendada para avaliar os resultados dos programas AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. 18 de reabilitação (Riberto et al., 2001; Warschausky et al., 2001). A MIF mede 18 itens distribuídos em seis categorias de atividades como: cuidados pessoais; controle de esfíncter; mobilidade e transferências; locomoção; comunicação e cognição social. Segundo Barros et al. (1994) cada um dos dezoito elementos são avaliados de acordo com a independência funcional, utilizando uma escala de sete pontos: Independente: 7 (Independência total: atividade realizada com segurança, sem modificação, sem uso de órtese ou assistência em tempo razoável); 6 (Independência modificada: requer assistência e/ou não um maior tempo para sua execução e/ou se realiza com segurança). Dependente: 5 (Supervisão: não necessita de assistência, mas sim de estímulos e disposição); 4 (Assistência mínima: não necessita mais do que contato físico e utiliza 75% ou mais do esforço necessário); 3 (Assistência moderada: necessita mais do que contato físico e utiliza de 50 a 75% do esforço necessário); 1 (Assistência total: utiliza de 0 a 25% do esforço necessário) (BARROS et al., 1994). A MIF é usada para avaliação de pacientes com lesão medular e pode ser comparada com o prognóstico funcional dado pelo nível de lesão, possibilitando a correlação entre os valores da MIF e o grau de incapacidade definido pelo nível da lesão (RIBERTO et al., 2004). CONCLUSÃO O Traumatismo Raquimedular vem ao longo dos tempos tornando-se uma epidemia mundial, diversos estudos relatam a importância do desenvolvimento de uma política publica qualificada a fim de evitar os processos secundários adjacentes em decorrência a lesão. Evidencia-se que a população mais acometida por TRM é a jovem, com predominância ao gênero masculino e que os transtornos acarretados a estes os remetem a uma vida fadada a superações pessoais, emocionais e profissionais, muitos dos jovens acometidos se entregam a própria sorte e não se adaptam a sua nova condição de vida. O traumatismo da medula espinhal é um grande problema de saúde no Brasil e no mundo em razão dos danos neurológicos freqüentemente associados. O TRM tem sido identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige tremendas alterações no estilo de vida do paciente. 19 AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010. O número de pessoas tetraplégicas ou paraplégicas por lesão de medula espinal vem aumentando signitivamente nas últimas décadas e atualmente estima-se que de 30 a 40 pessoas / milhão / ano sofrem lesão, o que equivale no Brasil a aproximadamente 6.000 novos casos por ano. Este dramático aumento é devido principalmente a lesões traumáticas (80%) provocadas por ferimentos por arma de fogo. A Fisioterapia tem por objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e a melhoria da qualidade de vida através da promoção da independência funcional, além da melhora da auto-estima e inclusão social desses pacientes. Portanto, esperamos que a presente revisão auxilie os demais pesquisadores no intuito de colaborar em futuras pesquisas. REFERÊNCIA ADRIANA R.L.C. Fisioterapia – Aspectos clínicos e práticos da reabilitação. ed. São Paulo: Ed, Artes Médica, 2005. BACCO JL, Rotter K. Complicações Tardias em Lesionado Medular. Revista Hosp. Clinico Universid Chile. 1997; 8, 192-203. BARROS FILHO, T.E.P. et al. Avaliação Padronizada nos traumatismos Raquimedulares. Revista Brasileira de Ortopedia, Vol. 29, N. 3: p. 99-106, Março, 1994. CASALIS, Maria, Eugênia Pebe. Lessão Medular. In: Teixeira, Érika. et al. Terapia Ocupacional em reabilitação física. São Paulo: Roca, 2003. DELISA, J. A.; Tratado de Medicina de Reabilitação. vol 2. Ed. Manole. 2002. SP. capt. 51. pags. 1340. 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Os entrevistados relataram que o doente mental tem a sua sexualidade exacerbada e que esta se manifesta como sintoma da doença; também foi evidenciado descaso, falta de interesse, discriminação, preconceito e superproteção dos familiares. No que se refere à abordagem da sexualidade no ambiente institucional verificou-se que os profissionais buscam dividir esta responsabilidade e são orientados a interromper o ato explícito e adverti-los de alguma forma e orientar. Foi possível concluir que mesmo após anos de reforma psiquiátrica, mudança na maneira de tratar o doente mental e tanto se falar em assistência humanizada, ainda existe a negação da sexualidade do portador de transtorno mental. This descriptive, exploratory qualitative approach performed with 6 healthcare professionals from a private psychiatric hospital in the state of Goiás, which provides assistance to Health System, in order to meet the vision of the multidisciplinary team towards sexuality of patients with mental disorder . Interviews were conducted with 6 members of the multidisciplinary team from July 2006. Respondents reported that the mentally ill has exacerbated their sexuality and that this manifests as a symptom of disease, was also evident neglect, lack of interest, discrimination, prejudice and overprotection of the family. As regards the approach to sexuality in the institutional environment was found that professionals seek to divide this responsibility and are instructed to stop the explicit act and warn them in any way and guide. It was concluded that even after years of psychiatric reform, change in the way of treating the mentally ill and so much talk of humanized, there is still denial of the sexuality of the mentally ill. Palavras-chave: Key-words: Saúde mental; Transtorno mental. Sexualidade; Enfermagem; Mental Health, Sexuality, nursing, mental disorder. INTRODUÇÃO As atuais mudanças na maneira de se abordar o usuário portador de transtorno mental vem se modificando ao longo dos anos, de modo similar a atuação dos diversos Enfermeira. Especialista em Enfermagem do trabalho. E - mail: [email protected]. *Enfermeira. Especialista em Enfermagem do trabalho. Docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. E - mail: <[email protected]>. **Psicóloga. Mestre em Psicologia. Professora adjunta - Centro Universitário de Anápolis - UniEvangélica. Professora assistente da Universidade Estadual de Goiás. 22 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. profissionais de saúde deveria se adaptar a estas mudanças, mais o que se percebe é que estas ações ainda seguem um paradigma; algumas mudanças já são visíveis, mais no que se diz respeito à assistência ao cliente com transtornos mentais institucionalizados ainda existem alguns tabus a serem quebrado, um deles é como lidar com a sexualidade destes clientes. O que vemos nós últimos anos no Brasil e no mundo é uma revolução no modelo de assistência psiquiátrica, tais mudanças vem influenciando a maneira com que a sociedade ver o ser com doença mental. Transtorno mental ou doença mental pode ser entendido como sendo um momento de crise onde há uma total identidade do indivíduo que o retira de sua cultura geral impedindo-o de tomar suas próprias decisões e gerir sua vida. Alguns autores consideram doença mental um tema amplo é difícil de ser conceituado, já que este conceito sofre influência direta da cultura, filosofia, outros campos teóricos, além do subjetivo de cada indivíduo (1). É possível considerar que a representação da doença mental está diretamente relacionada com uma determinada visão de mundo, de ciência e de ética, constituindo-se como indicador do grau de desenvolvimento do pensamento crítico e científico de grupos e categorias profissionais (2). Vale destacar que as transformações no modelo assistencial e sociocultural das últimas décadas têm favorecido uma expressão mais livre da sexualidade. Embora o estudo da sexualidade venha tomando um novo e crescente impulso acredita-se que atitudes conservadoras tradicionais contribuam para a falta de pesquisas relativas á sexualidade do doente mental. Segundo a organização mundial de saúde (OMS), sexualidade é um aspecto central do ser humano presente em todo o ciclo da vida e circunda sexo, identidade de gênero e papel, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A Sexualidade é vivida e expressa em nosso cotidiano por meio de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis, relacionamentos; e sofre influencia da interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais (3). A declaração dos direitos sexuais aprovada durante o XV Congresso Mundial de Sexologia ocorrido em Hong Kong – China – entre 21 e 27 de agosto de 1999, diz que todos têm direito a saúde mental e o cuidado com a saúde deveria estar disponível para a prevenção e tratamento do todos os problemas sexuais, preocupações e desordens (4). 23 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. A partir dos estudos de Freud foi possível observar que a sexualidade desempenha um papel central na evolução da doença mental. Contudo, cem anos após sua contribuição à psicodinâmica das neuroses e psicoses, pouco tem sido acrescentado em relação à sexualidade do doente mental e, praticamente nada, quanto ao manejo das dificuldades sexuais desses doentes(5). O advento da reforma psiquiátrica a assistência ao portador de doença mental tem sido foco de discussão entre vários profissionais de saúde; entre estes, os enfermeiros, pois considerando toda a subjetividade humana, e os vários tipos de doenças mentais, o enfoque atual de assistência humanizada tudo isso tem contribuído para quebrar o paradigma da assistência ao cliente com doença mental ou transtorno mental. Uma abordagem biopsicossocial da sexualidade na formação universitária, além de cursos, treinamento específico poderá contribuir para atitudes adequadas frente a temas sexuais. Conquanto a maioria dos profissionais de saúde se sinta profissionalmente incompetente e em situação embaraçosa pela falta de preparo, os pacientes depositam nesses profissionais sua confiança e crença, considerando-os autorizados a resolverem seus problemas sexuais (5). Estudos indicam que a assistência de enfermagem dentro das instituições tem mudado de acordo com a evolução da medicina psiquiátrica, no entanto, a formação acadêmica tem ainda mostra uma clara resistência a transformações, assim ocorre uma contradição entre a teoria adotada pelo órgão formador e o modelo de produção de serviços (6). O contexto atual de mudanças no trabalho de enfermagem em saúde mental caracteriza-se pela transição entre uma prática de cuidado hospitalar que visava a contenção do comportamento dos ―doentes mentais‖ e a incorporação novos saberes a fim de buscar adequar-se a uma prática interdisciplinar, aberta às diversidades dos sujeitos envolvidos em cada momento e em cada contexto, este período pode ser favorável para o conhecimento, reflexão e análise do processo de trabalho nessa área e assim assegurar uma assistência plena a esta clientela (7). Neste estudo foi abordada a dimensão da conduta sexual humana partindo do pressuposto que a sexualidade vai muito além da genitalidade e reprodução, mas envolvendo também o contato, o desejo, o prazer e o sofrimento vivido pelo corpo, levando em consideração a doença/transtorno mental. Considerando todo o contexto que envolve a sexualidade este estudo teve como objetivos conhecer a visão da equipe multidisciplinar face à sexualidade do portador de 24 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. transtorno mentais e quais são características predominantes da sexualidade do doente mental institucionalizado. Acreditamos que este assunto ainda pouco discutido e até mesmo evitado pela sociedade, sobretudo quando se trata de um portador de transtorno mental seja de grande importância a fim de formar conhecimento e instrumentar os profissionais de saúde para que estes possam oferecer uma assistência mais humanizada ao doente mental. METODOLOGIA Pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa realizada em um Hospital Psiquiátrico privado do interior do Estado de Goiás, que presta assistência ao Sistema Único de Saúde (SUS), tendo sua abrangência todos os setores de internação do Hospital. A escolha desta instituição ocorreu devido ao fato de ser um hospital de referência regional em tratamento psiquiátrico. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA (Protocolo nº 062 /07); Vale ressaltar que os profissionais que concordaram em participar foram devidamente informados sobre o tema e objetivos do estudo, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido conforme as normas vigentes(8). Os entrevistados deveriam atender os critérios de inclusão que eram: trabalhar diretamente com clientes institucionalizados e atuar na instituição por um período mínimo de 1 ano. Fizeram parte deste estudo os sujeitos da equipe multidisciplinar que atuavam na instituição nó período, assim a amostra totalizou-se em 6 profissionais um representante de cada grupo profissional. Os dados foram coletados no mês de julho de 2007 através de entrevistas, guiadas por um roteiro semi-estruturado que foram gravadas ou não segundo a aceitação do participante. Os sujeitos entrevistados estavam distribuídos na unidade de internação hospitalar: enfermarias: masculinas e femininas, pronto socorro e apartamentos. As entrevistas foram realizadas no local de trabalho, observando sempre a escolha de um local a fim de garantir privacidade e ausência de interrupções; os profissionais entrevistados estavam distribuídos nos turnos matutino, vespertino e noturno. O roteiro era composto por 4 questões norteadoras que visava obter os relatos e entender o contexto associado a expressão da sexualidade dos sujeitos institucionalizados 25 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. questões norteadoras: Considerando toda a sua experiência de atuação com clientes que apresentam transtorno mental institucionalizados em ambiente hospitalar: 1) Como membro da equipe multidisciplinar qual é a sua visão sobre a sexualidade do doente mental institucionalizado; 2) Como a instituição orienta a abordagem do cliente no que diz respeito a expressão da sexualidade; 3) Como você vê a reação da família diante da expressão da sexualidade do cliente; 4) Quais são as características que no seu ponto de vista são predominantes do comportamento sexual do doente mental. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, seu conteúdo submetido à análise temática de conteúdo proposta por Bardin (9). Seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados e interpretação. A análise dos dados, organizados em unidades temáticas permitiu a identificação das categorias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram entrevistados 6 membros da equipe multiprofissional: 1 enfermeira,1 Médica Psiquiatra, 1 assistente social, 1 pedagogo, 1 educador físico e 1 Técnico em Enfermagem; com idades entre 31 e 56 anos; com tempo de trabalho na instituição entre 5 e 35 anos . Após a análise de conteúdo os dados foram divididos em 4 categorias: sexualidade do doente mental, visão do profissional; sexualidade do doente mental, ação da família; a abordagem da sexualidade no ambiente institucional, e a equipe multidisciplinar e o cliente sexuado. 1. Sexualidade do doente mental, visão do profissional Os profissionais ao serem questionados sobre a sua visão frente à sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado alegam a exacerbação da sexualidade do doente mental. A sexualidade aparece também como sintoma da doença e a manifestação da sexualidade podem variar de acordo com o transtorno mental. Como mostra a categoria a seguir. 1.1 - Sexualidades exacerbadas como sintoma de doenças A manifestação da sexualidade ficou evidente na fala dos entrevistados o que pode indicar que este é um sinal freqüentemente nos portadores de transtorno mental. 26 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. “[...] não sei se pela própria doença mesmo, eles já tem uma sexualidade meio exacerbada...” (Pérola). “[...] é comum que o portador de transtorno mental tenha sua sexualidade exacerbada...” (Vi). “[...] a sexualidade só é mais um sintoma da doença...” (Zeus). “[...] na maioria dos casos, a sexualidade exacerbada pode ser apresentada como sintoma da doença...” (Vi). Esta sexualidade exacerbada presente no relato dos entrevistados não é um sinal recentemente observado, Brenner Filho et al(5) afirma que desde o século XVIII já se observava uma exacerbação da sexualidade nos doentes mentais e a potencialidade energética se manifesta através dos cinco sentidos e por todo o corpo, de maneira similar é unânime os profissionais afirmarem o que a literatura relata, até mesmo porque a exacerbação da sexualidade é algo que pode ou não ser mascarada, mas apesar de tudo é evidente. Freud em seus estudos afirmava que a sexualidade desempenha papel fundamental na evolução da doença mental, assim a sexualidade pode se manifestar de diferentes formas no percurso de evolução do transtorno mental, e isso se torna evidente nos indivíduos institucionalizados. Considerando esta uma realidade é visível que os profissionais precisam estar preparados para lidar tanto com uma exacerbação descontrolada quanto com um embotamento da sexualidade (5). Acredita-se que seja preferencialmente no espaço das instituições psiquiátricas, por meio da argumentação de conforto, segurança e proteção, que o profissional enfermeiro controla e domina as manifestações psicopatológicas, como também da sexualidade do doente mental(10). É nos espaços da instituição que podemos observar melhor o comportamento dos indivíduos, o que possibilita identificar como se manifesta a sexualidade do doente mental, fato que nos remete a próxima categoria. 1.2 A sexualidade variando conforme a evolução e o tipo de doença mental As falas de alguns entrevistados indicam que a sexualidade se manifesta como sintoma da doença, é possível ainda reconhecer a fase de evolução da doença de acordo com a manifestação da sexualidade. “A sexualidade só é mais um sintoma da doença”... (Pérola) 27 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. “Não sei se pela própria doença mesmo, eles já tem uma sexualidade meio exacerbada...” (Zeus) Existe uma grande tendência a perturbação da sexualidade nos pacientes com distúrbios psiquiátricos, e os profissionais, ao conviverem diariamente com os doentes mentais nos espaços das instituições, relatam a oscilação da manifestação da sexualidade como uma rotina. Para os profissionais de modo geral, é visível que os portadores de transtorno mental tenham sexualidade, que oscila entre o extravasamento selvagem e irreprimível, inibição e o embotamento (11). As falas evidenciam ainda que os entrevistados consideram que seja possível identificar o estágio da doença em que se encontra o paciente através da manifestação da sua sexualidade, podendo estar na fase maníaca apresentando exacerbação ou depressiva apresentando embotamento. 2. A sexualidade do doente mental, ação da família No que se refere a esta categoria foi possível identificar 2 subcategorias, os relatos evidenciam a omissão da familiar frente à sexualidade do doente mental institucionalizado, foi possível ainda perceber a existência de discriminação, preconceito e superproteção dos familiares em relação ao doente. 2.1 Omissão da família frente à sexualidade do portador de transtorno mental “[...] É muito tabu... são muitos mitos... A tendência... é de reprimir...” (Mariana) “[...] No paciente internado... toda e qualquer responsabilidade... é jogada para a equipe do hospital... a família não ouve, não dá muita atenção...” (Zeus) Estudos indicam que os pais de portadores de transtornos mentais tendem a negligenciar a sexualidade de seus filhos, ou até mesmo considerar que estes são assexuados Segundo Félix (12), a associação do transtorno mental e sexualidade faz surgir um conjunto de atitudes por parte dos pais, e não somente dos pais, e dos familiares que convivem diretamente com o doente mental o que favorece muito mais à repressão do que estímulo à sua vivência saudável. 28 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. Não se deve negar que a família desempenha papel fundamental na constituição de uma sexualidade saudável para esse portador de transtorno mental, mas se esse paciente não encontra o apoio necessário ele não vê nenhum sentido em se preocupar com sua própria sexualidade, fato esse que dificulta ainda mais o trabalho da equipe multidisciplinar. 2.2- Discriminação, preconceito e superproteção dos familiares com o portador de transtorno mental É natural que os pais busquem proteger seus filhos, e no que se referem aos portadores de transtorno mental a tendência é que esta proteção seja mais acirrada, visto que nem sempre estes clientes estão em condições de responderem por seus atos. “[...] na questão... das mulheres, o preconceito, a discriminação ainda falam muito forte...” (Verinha). “[...] em alguns casos é notado a superproteção da mulher...” (Vi). Os pais enfatizam muito mais a afetividade dos seus filhos, manifestada como eternas ―crianças‖ dessexualizadas e dessa forma se defendem, ou até mesmo, adquirem um escudo para lidar com questões como a autonomia, a gravidez e o exercício da maternidade/paternidade pelos deficientes(11). A descriminaçõa e o preconceito com o portador de transtorno mental é um problema histórico alguns autores sugerem que pessoas portadoras de transtorno mental são merecedoras de piedade e devem ser receber tratamento diferenciado, partindo desse pressuposto considera-se que a sexualidade nos doentes mentais institucionalizados simplesmente não existe, e se existe, deve-se negá-la e sublimá-la (11). Para os pais ou familiares que convivem com o doente mental se torna mais fácil negar a sexualidade desse paciente, pois assim, eles adquirem uma forma de se ausentarem de toda e qualquer responsabilidade, transferindo-a para a instituição e para os profissionais que lá se encontram (12). Este comportamento omisso da família no que se refere à sexualidade de seus doentes faz aumentar a responsabilidade da instituição na abordagem do tema entre os portadores de transtorno mental, o que discutimos a seguir. 29 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. 3. Abordagem da sexualidade no ambiente institucional Aqui foi evidenciado como a instituição orienta a abordagem do cliente no que diz respeito à expressão da sexualidade e de que maneira ocorre a qualificação da equipe para trabalhar com esta temática. 3.1 Interrupção do ato e punição ao paciente A fala dos profissionais evidenciou que diante de uma expressão da sexualidade ou sexo propriamente dito a conduta e advertir o cliente e reprimir a ação. “[...] os nossos funcionários... eles já são orientados, é... a interromper, a impedir que isso aconteça...” (Pérola). “[...] quando a gente percebe que... o usuário/paciente apresenta interesse sexual... a gente adverte o paciente...” (Zeus). “[...] Chamar o casal, e adverti-los verbalmente...”. (Zeus) “[...] a gente chama os recreadores e eles descem eles, e eles são suspensos das nossas atividades...” (Marcos). A negação da sexualidade em instituições representa um fragmento de nossa sociedade, a atitude sexual solitária que era mantida no isolamento das antigas instituições era bem mais fácil de ser negada; e manter o doente mental confinado é negar seus sentimentos e afetos(5,13). Em estudo similar Miranda (14) , concluiu que o enfermeiro através de sua manifestação discursiva nega a sexualidade do doente mental e que ao negar esta e por meio desta atitude ora repressiva, ora não repressiva e/ou defensiva, tal posicionamento revela a estratégia adotada a fim de cumprir com as determinações do seu estatuto profissional ou mesmo de suprir expectativas institucionais e sociais. Na maioria das instituições, a única expressão de sexualidade permitida é a masturbação e todos os outros comportamentos sexuais são recusados, mascarados e inaceitáveis (12). Nos dias atuais não é mais aceitável negar a sexualidade dos portadores de transtornos mentais e nesse contexto de ato sexual propriamente dito o mais importante e orientar para prevenir a gravidez indesejada ou até mesmo uma doença sexualmente transmissível, assim o profissional de saúde pode desempenhar um importante papel como educador. 30 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. 3.2 Orientando o cliente Foi possível verificar uma preocupação da equipe em orientar o cliente sobre o comportamento destes no que se refere à sexualidade. “[...] orientá-los... que a instituição existe para auxiliá-lo em seu tratamento... realizar conversa formal...” (Vi). “[...] vai depender muito do estado em que o paciente esteja... é muito importante o esclarecimento, a orientação...” (Verinha). “[...] o hospital tem uma semana... seguindo orientações do Ministério da Saúde... sobre a prevenção da AIDS...” (Verinha). A instituição assume o papel de educação em saúde, o enfermeiro é também um educador e pode assumir esta função nas instituições. Brenner Filho (5), diz que vários autores preconizam a necessidade de informações sexuais e ressalta a importância de se enfatizam a prevenção de comportamento de risco para DST e HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. No espaço institucional é possível implementar uma assistência mais comprometida com o ser humano considerando a individualidade de cada paciente, seus valores, cultura, sentimento, etc. de modo a garantir uma assistência holística (15). Percebe-se uma falta de preparo dos profissionais para realizar a abordagem da sexualidade do doente mental no ambiente, fato que se reflete na qualidade da assistência oferecida ao portador de transtorno mental institucionalizado. 4. A equipe multiprofissional e o cliente sexuado Nesta categoria observou-se a equipe multiprofissional e sua percepção para trabalhar a sexualidade do doente mental institucionalizado. 4.1 Percepção do profissional para abordar a sexualidade do doente mental institucionalizado Percebe-se que estes profissionais compreendem a complexidade inerente a abordagem deste tema, assim estes buscam dividir esta responsabilidade. 31 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. “[...] você vai dividir responsabilidades... a nossa postura, realmente é de não abafar...” (Mariana). É possível visualizar que cada profissional da equipe possui uma parcela de contribuição no controle institucional sobre a sexualidade do portador de transtorno mental, visto que o mesmo é feito sem a devida consciência por parte desses profissionais, mas que mesmo assim eles ainda o fazem, para que as normas e rotinas institucionais sejam asseguradas e mantidas (13). É visível que o enfermeiro assume uma posição de neutralidade quando o assunto é a sexualidade do doente mental (14). Apesar de todos os estudos acerca da sexualidade humana e sexualidade do portador de transtorno mental, ainda nota-se a falta de preparo dos profissionais para lidar com tal situação, e por falta desse conhecimento, muitas das vezes o profissional assume uma postura errada perante o paciente. Os educadores ainda deixam transparecer suas próprias crenças e isso influencia diretamente na atitude desse profissional ao ter o manejo da sexualidade do doente mental como uma rotina (13). Vale ressaltar que apesar de dos profissionais apresentarem falta de preparo em relação à sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado, os pacientes ainda sim depositam sua confiança e sua crença nesses educadores, considerando-os aptos a resolverem seus problemas sexuais (5). A experiência que o profissional adquiriu ao longo da vida talvez faça com que esses se acomodem e não busquem uma qualificação a fim de se prepararem melhor para lidar com uma sexualidade tão evidente. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo evidenciou que o profissional tem dificuldade para abordar a sexualidade do portador de transtorno mental; observamos ainda que mesmo após anos de reforma psiquiátrica, mudança na maneira de tratar o doente mental e tanto se falar em assistência humanizada, ainda existe a negação da sexualidade do portador de transtorno mental. Os resultados evidenciaram que a abordagem diante da sexualidade do cliente ainda segue um paradigma que acreditávamos que já tinha sido superado, assim ficam 32 MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010. algumas sugestões, como: o investimento na qualificação profissional e reformulação da grade curricular dos cursos de formação profissional em todos os níveis a fim de se formar profissionais mais comprometidos com a assistência em saúde mental. Diante desse contexto, é importante que a instituição melhore sua maneira de abordar o cliente e busque tratá-lo não mais de maneira isolada e sim como um ser que pensa, sente, tem desejos, família e vida social, e possui uma cultura pré-institucionalização que não precisa ser desconsiderada. REFERÊNCIAS 1. Cautella, W. J. (1999). Plantão psicológico em hospital psiquiátrico. In H. T. P. Moratto (Ed.), Aconselhamento psicológico centrado na pessoa (pp. 159- 173). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. 2. Vietta Edna Paciência, Kodato Sérgio. Representações sociais de doença mental em enfermeiros psiquiátricos. 2001 Rev. Psiq. Clín. 28 (5):233-242 3. Organização mundial de saúde (WHO). Declaração dos direitos sexuais; 1999. Disponível em:< http:/www.who.int/reproductive-health/gender/index.html.htm> Acessado em 27 Mar. 2009. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 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DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO MÉTODO DE DIAGNOSTICO LABORATORIAL DE ENTEROPARASITOS Marc Alexandre Gigonzac Ricardo Carvalho* Elder Sales** Stephanie Rodrigues*** Viviane Araujo**** Resumo: Abstract: As parasitoses intestinais representam um problema de saúde publica, sendo freqüentes em toda a população mundial. Para se diagnosticar as doenças entéricas causadas por protozoários, as metodologias mais comuns são as técnicas direto a fresco, de sedimentação espontânea e de centrífugo-flutuação. A OMS preconiza que sejam realizas ao menos três técnicas para cada amostra analisada, a fim de se elevar a probabilidade de encontro de parasitos. Por outro lado, o desenvolvimento de técnicas alternativas vem se mostrando importante no sentido de se aumentar a sensibilidade e de se reduzir custos. Desta forma, foi padronizada uma metodologia de fácil realização e de baixo custo, com índices equivalentes às técnicas utilizadas na rotina dos laboratórios. The intestinal parasatisms represent a health problem publish, being frequent in all the world-wide population. To diagnosis the enteric illnesses caused by protozoarians, the methodologies most common are the techniques direct, the spontaneous sedimentation and the centrifugal-fluctuation. The OMS praises that are carry through the least three techniques for each analyzed sample, in order to raise the probability of meeting of parasites. On the other hand, the development of alternative techniques comes if showing important in the direction of if increasing the sensitivity and if reducing costs. In such a way, a methodology of easy accomplishment and low cost was standardized, with indices equivalents to the techniques used in the routine of the laboratories. Palavras-chave: Key-words: Enteroparasitos. Diagnóstico. Técnicas. Enteroparasits. Diagnosis. Tecniques. INTRODUÇÃO As parasitoses intestinais apresentam ampla distribuição geográfica tanto no Brasil quanto nos demais países em desenvolvimento, sofrendo variações de acordo com as condições de saneamento básico, nível sócio-econômico, grau de escolaridade, idade e hábitos higiênicos (MACHADO et al. 1999; ROCHA et al. 2000; MARIANO et al., 2005). No Brasil, Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás. * Docente da Universidade Estadual de Goiás. ** Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás. *** Aluna do curso de Farmácia da Universidade Estadual de Goiás. **** Aluna do curso de Farmácia da Universidade Estadual de Goiás. 35 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010. 130 milhões de habitantes são acometidos por alguma espécie de parasito (MARIANO et al., 2005). As parasitoses intestinais constituem-se num grave problema de saúde pública, sobretudo em países em desenvolvimento, sendo um dos principais fatores debilitantes da população, associando-se freqüentemente a quadros de diarréia crônica e desnutrição, comprometendo, como conseqüência o desenvolvimento físico e intelectual, particularmente em crianças (LUDWIGES, 1999). Destas parasitoses intestinais, destacam-se as causadas por protozoários por serem comuns em crianças, sobretudo de baixa idade (CRUA, 2004; FERREIRA, 2000). Entre os protozoários, destacam-se a Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. Os danos que estes enteroparasitos podem causar aos seus portadores incluem, entre outros agravos, a desnutrição, a anemia, quadros de diarréia e de má absorção e, às vezes, até a morte, sendo que as manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (FERREIRA, 2000). A giardíase é uma parasitose de distribuição cosmopolita, sendo a infecção intestinal mais comum causada por protozoário. Na maioria dos estados do Brasil sua prevalência supera os 20% entre pré-escolares e escolares (CRUA, 2004). A transmissão é fecal-oral e pode tornar-se um grave problema em instituições e creches pela transmissão pessoa-pessoa. A G. lamblia alterna-se sob duas formas: cistos e trofozoítos. Os cistos excretados nas fezes sobrevivem por várias semanas no ambiente, podendo ser ingeridos através da água ou alimentos contaminados. No duodeno transformam-se em trofozoítos, onde se multiplicam e se fixam à mucosa (CRUA, 2004). Para o diagnóstico laboratorial, o método mais empregado é o exame microscópico de amostras fecais. O método imunoenzimático (ELISA) também pode ser utilizado, porém é um método caro (VIDAL e CATAPANI, 2005). O exame de fezes constitui a forma padrão de diagnóstico laboratorial desta parasitose. Os métodos de diagnósticos mais utilizados são os métodos diretos a fresco e os de concentração de Hoffman e Faust, sendo este último mais sensível (MACHADO, 2001). Atualmente o tratamento das parasitoses intestinais é relativamente simples existindo uma gama razoável de medicamentos, que são administrados por via oral em dose única e com poucos efeitos colaterais, diminuindo as agressões ao indivíduo no tratamento parasitário (GOMES, 2002). A erradicação desses parasitos requer melhorias das condições sócio-ecônomicas, no saneamento básico e na educação sanitária, além de mudanças de certos hábitos culturais (DIAS e GRANDINI, 1999). 36 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010. O diagnóstico laboratorial, usualmente com fezes, soros e exsudatos, é cansativo, caro, consuma muito tempo na sua execução e ainda depende da competência do microscopista. Mesmo assim é, sem dúvida, o mais utilizado. Outros métodos empregados são: ELISA, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta, além da contraimunoeletroforese, imunodifusão em gel de agar e radioimunoensaio (NEVES,1991). Para facilitar a realização dos exames parasitológicos de fezes, agilizar, baratear e/ou melhorar a eficiência do diagnóstico parasitológico, pode-se estabelecer alterações nas atuais metodologias ou desenvolver novas técnicas. MATERIAL E METODOS Foram utilizados somente materiais comuns em laboratórios de analises clínicas, visto a necessidade de não ser uma técnica onerosa. Assim, para cada amostra a ser analisada, foi necessário apenas um tubo cônico, tipo falcon, de 15ml, uma dobra de gaze, uma pipeta Pasteur e uma centrífuga convencional. Todos os protocolos de experimentação utilizaram amostras controle positivo e negativo, e foram realizadas no Laboratório de Análises Clínicas da Universidade Estadual de Goiás – UEG. Foram preparadas cinco amostras positivas e cinco negativas, sendo que cada amostra foi devidamente identificada e alicotada para a realização das diferentes técnicas de diagnostico parasitológico de fezes. Assim, foram processadas e examinadas pelas técnicas direto a fresco, de centrífugo-flutuação e de sedimentação espontânea, e em seguido, comparadas em rendimento com a nova tecnica. A metodologia consistiu basicamente na centrifugação, em um tubo falcon de 15ml, a 1500rpm, de 5 gramas da amostra biológica, envolta por uma dobra de gaze em água filtrada. Após este procedimento, deve-se realizar a coleta do final do centrifugado com auxilio de uma pipeta Pasteur. Cada uma das dez amostras (cinco positivas e cinco negativas) foram diagnosticadas em microscopia otica pelas quatro metodologias (direto a fresco, sedimentaçao espontânea, centrifugo flutuação e a nova tecnica, denominada aqui por centrífugosedimentação). Os dados foram organizados em tabelas e gráficos pelos programas de análise e visualização de dados do Excel© 2002 da Microsoft®, e posteriormente analizados quanto à significância estatística pelo Teste de Qui-quadrado (X2) para um nível de 0,05. 37 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO A sensibilidade das quatro técnicas para o encontro de protozoários entéricos foi diretamente avaliada pela freqüência de parasitos encontrados nas laminas (todas em duplicatas). Assim, foi possível constatar uma certa semelhança nos valores encontrados entre a nova técnica (centrífugo-sedimentação) e a sedimentação espontânea. Por outro lado, podese observar que ambas são melhores que a centrifugo-flutuação; porém, é importante destacar que a técnica de análise direta a fresco revelou ser significativamente inferior às demais (figura 1). Numero de Protozoários 80 70 60 50 40 30 20 10 0 o ao sc o nea tuaça entaç ont a a fre p s e go flu edi m o u s if a r ç o t a g Cen ent rifu Cent Sed im o Diret Figura 1 – Freqüência de encontro de parasitos entre técnicas. Os resultados observados demonstram uma capacidade equivalente de detecção para a técnica de centrífugo-sedimentação em relação à de sedimentação espontanea, sendo maior significativamente maior que as demais técnicas. Quanto aos aspectos temporais, foi avaliado o tempo médio de realização de cada técnica, sendo que a nova metodologia se apresentou igualmente rápida quanto à técnica de centrifugo-flutuação (figura 2). O ganho de tempo em relação à metodologia de sedimentação espontânea, no entanto, se revela importante, visto que a referida técnica é a única equivalente quanto à capacidade de encontro de protozoários em relação às demais. 38 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010. Tempo (min.) 140 120 100 80 60 40 20 0 o o ea re sc o ntaç a tuaça nt an oa f di me e spo go flu e o u s Diret if a r ç o t Cen ent a rifu g Cent Sed im Figura 2 – Tempo de realização media das técnicas. . CONCLUSÃO Apesar da técnica experimental apresentar bons valores relativos quando comparado às técnicas tradicionais, a OMS preconiza que as técnicas em diagnósticos de parasitos entéricos devem ser realizadas sempre em conjunto de ao menos três metodologias distintas. O presente artigo possibilita a abertura de uma nova metodologia com sensibilidade para protozoários, com a vantagem de poder ser realizada com matérias existentes no laboratório, com tempo relativamente reduzido. Por outro lado, a presente metodologia deve ser ainda avaliada quanto à detecção de helmintos, visto que os procedimentos podem indicar um bom índice no encontro de protozoários, sem necessariamente ser adequado para helmintos. REFERÊNCIAS AQUINO JL. Amebíase. In: Ferreira AW, Ávila SLM. Diagnóstico laboratorial das principais doenças infecciosas e autoimunes. 2 ed. Guanabara Koogan. 2001. 232-240. CARDOSO, G.S; SANTANA, A.D.C.; AGUIAR, C.P. 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Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES EM IDOSOS DE GOIÂNIA, GO, BRASIL Marc Alexandre Duarte Gigonza Elder Sales Thais Cidália Vieira Resumo: Abstract: O envelhecimento traz uma íntima relação com a perda progressiva de funções orgânicas e metabólicas, favorecendo o estabelecimento de alterações patológicas. Destas alterações, algumas são caracterizadas por uma determinação genética, enquanto as demais se caracterizem por uma predisposição de participação ambiental extremamente variável. Dos 472 idosos avaliados, 92,79% apresentaram algum tipo de patologia, não sendo observada uma diferença significativa entre os sexos (47% dos homens e 53% nas mulheres). Dentre as situações observadas, a mais freqüente foi a hipertensão arterial (71,2%), seguido de cardiopatias e diabetes. O presente estudo ainda pôde relatar que a maior parte das patologias analisadas depende de fatores ambientais para seu aparecimento e desenvolvimento. The aging brings a close relation with the gradual loss of organic and metabolic functions, favoring the establishment of pathological alterations. Of these alterations, some are characterized by a genetic determination, while excessively they are characterized for a predisposition of extremely changeable ambient participation. Of the 472 aged ones evaluated, 92,79% had presented some type of pathology, being observed a significant difference it does not enter the sex (47% of men and 53% in the women). Amongst the observed situations, most frequent it was the arterial hipertention (71,2%), followed of cardiopathies and diabets. The present study still it could tell that most of the analyzed pathologies depends on ambient factors for its appearance and development. Palavras-chave: Key-words: Envelhecimento. Predisposição. Patologias. Gerontologia. Aging. Pathologies. Gerontology. Predisposition. INTRODUÇÃO Biologicamente, o envelhecimento é um fenômeno caracterizado pela perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos. O envelhecimento é sinônimo de modificações fisiológicas e não diretamente de situação patológica. As características observadas em uma pessoa senil podem ser classificadas em três tipos, as alterações senis Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás. [email protected] Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás. Docente da Universidade Estadual de Goiás. e-mail: [email protected] ; 41 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália. Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. essenciais, alterações conseqüentes da acumulação de fenômenos patológicos e alterações prováveis (TURKER e MARTIN, 1999; PRADO, 2006; PRADO, 2007). Os três fenômenos que caracterizam a finitude da vida ocorrem na célula, sendo eles a longevidade, o envelhecimento orgânico (perda de funções metabólicas) e o colapso do sistema orgânico. Nos pacientes idosos, apresentam-se modificações no sistema de regulação da temperatura corporal, no declínio da imunidade celular, na prevalência de neoplasias, no aumento de infecções e do risco de doenças auto-imunes (GOLDSTEIN, 1990; MILLER, 1999; FARINATTI, 2002). Dentre os conceitos mais aceitos para explicar o envelhecimento celular, destacam-se o relógio geneticamente determinado, a exposição contínua a influências exógenas e as alterações do DNA por agentes externos e internos, tais como radiação, componentes do meio ambiente e dos produtos do metabolismo celular (BARZILAI & GUPTA,1999; MASORO, 2000). O envelhecimento é caracterizado por alterações da constituição corporal, tais como a diminuição da massa óssea, a atrofia da musculatura esquelética, a redução da água intracelular, o aumento com redistribuição da gordura corporal, a diminuição progressiva da força muscular, sendo que a partir de 40 anos, a estatura diminui cerca de 1 cm por década, alem da diminuição da taxa de metabolismo (CALKINS, 1999; FARINATTI, 2002; FROES et al., 2005). Nas modificações fisiológicas determinadas pelo envelhecimento variam de órgão para órgão e de indivíduo para indivíduo, sofrem alterações a pele e fâneros, o tecido ósseo, com diminuição da espessura do osso compacto e redução das lâminas do osso trabecular, anquilose das articulações costocondrais, atrofia muscular, a calcificação das articulações entre o martelo e a bigorna e entre a bigorna e o estribo, a diminuição dos receptores olfatórios,a opacificação do cristalino, as artérias ficam enrijecidas e tortursas, alem da atrofia da tireóide, hipófise, paratireóides e supra-renais (SHEPHARD, 1997; GODINHO, 2003; FROES et al., 2005). O fenótipo determinado pelo processo de envelhecimento é o resultado de fenômenos intrínsecos ao organismo (genes) (35%) associados a fatores ambientais (extrínsecos) (65%). A genética do envelhecimento estuda o papel dos genes (e sua interação com o ambiente) nos processos biológicos associados com o período pós-reprodutivo, que levam a um estado de fragilidade e morte do indivíduo. Esta genética do envelhecimento é dividida em diversas abordagens inter-relacionadas, como a investigação sobre herança 42 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália. Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. genética familiar (genética herdável) associada ao envelhecimento e à longevidade, a investigação sobre modificações epigenéticas associadas ao envelhecimento e a investigação sobre a expressão de genes associados ao envelhecimento (BELLAMY, 1991; PUCA et al., 2001). A compreensão dos fatores ligados ao envelhecimento e de fundamental importância para o idoso e para a comunidade cientifica, pois permite avaliar riscos e, principalmente, possíveis tratamentos específicos para cada tipo de alteração, além de especulações quantos as técnicas envolvendo os conceitos de anti-envelhecimento e rejuvenescimento (PRADO et al., 2004). O presente estudo teve por objetivo verificar a prevalência das patologias geneticamente associadas e correlacionadas em idosos de Goiânia, Goiás, e comparar as freqüências com outras cidades. MATERIAL E MÉTODOS Foram aplicados questionários em 472 idosos residentes na grande Goiânia, Goiás, entre agosto de 2007 e abril de 2008, avaliando idade, sexo, estilo de vida (sedentarismo, fumo, etilismo e hábitos alimentares) e patologias clinicamente e/ou laboratorialmente diagnosticadas. Para poder participar da pesquisa, era necessária uma idade mínima de 60 anos, sem haver restrição quanto à idade máxima. Todos os participantes foram esclarecidos da finalidade da pesquisa e confidencialidade dos dados pessoais, assinando um termo de consentimento livre esclarecido. Os dados foram plotados em planilhas do Excel© (Microsoft© Office© 2007), organizados em tabelas e gráficos, e a significância estatística foi determinada pelo Teste de Qui-quadrado (X2) para um nível de 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os idosos que participaram da pesquisa tiveram idade variando de 60 anos a 92 anos (figura 1), com idade media de 68,5 anos. Quanto ao sexo, 221 eram do sexo masculino (46,82) e 251 do sexo feminino (53,18%), não apresentando diferença significativa (p<0,05) (figura 2). 43 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália. Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. Figura 1 – Histograma por faixa de idade. Figura 2 – Sexo dos participantes da pesquisas. Entre os 472 idosos avaliados, observou-se que 438 (92,79%) estavam com algum tipo de patologia. Foi destacado um conjunto de 14 patologias ou grupos patológicos distintos, sendo que as mais freqüentes foram para a hipertensão arterial (71,23%), seguido de artrite/artrose (52,28%) e das cardiopatias (45,89%) (figura 3). Tais valores são condizentes com outros autores, que relatam a hipertensão como uma das principais patologias comum aos idosos por estar associada a diferentes situações (alterações circulatórias, cardíacas ou renais, entre outras) também típicas do envelhecimento (BELLAMY, 1991; MILLER, 1999; PRADO & SAYD, 2007). Figura 3 – Tipos e freqüências das patologias encontradas. 44 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália. Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. Dentre as patologias observadas, somente a doença de chagas (0,91%) depende apenas de agente exógeno, sendo que as demais alterações apresentam um grau variado de participação genética (99,08%). Esta caracterização se torna importante quanto às referidas patologias são classificadas como sendo multifatoriais, dependendo assim de fatores ambientais desencadeadores ou potencializadores. Dentre estes, destacam-se o fumo, o álcool, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares (figura 4). De acordo com Turker e Martin (1999), tais fatores são considerados como importantes contribuintes nas patologias presentes em varias idades e principalmente no envelhecimento. Figura 4 – Freqüência dos fatores exógenos. CONCLUSÃO O aumento no número e na expectativa de vida dos idosos destaca a necessidade de informações adequada sobre esta população. O conhecimento das patologias típicas presentes na população idosa, além da sua correlação com fatores exógenos diretos e/ou indiretos se faz relevante para um efetivo direcionamento de prevenções e tratamentos. Por outro lado, se deve ter em mente que a velhice não pode ser caracterizada como sinônimo de processo patológico. Como a reversão de quadros clínicos em que a patologia já está instaurada é mais complexa, a abordagem da prevenção se torna essencial para a promoção da saúde e do bemestar, aumentando assim a qualidade de vida do idoso. A prevenção destas alterações da saúde e esforços no favorecimento de um envelhecimento saudável deve ser esforço de todos, lembrando da importância dos que ajudaram a construir as melhorias e avanços conquistados. 45 GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália. Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010. REFERÊNCIAS Barzilai N, Gupta G. Revisiting the role of fat mass in the life extension induced by caloric restriction. J Gerontol Biol Sci 1999;54A:B89-69. Bellamy D. Mechanisms of ageing. In: Pathy MSJ, editor. Principles and practice of geriatric medicine. 2nd ed. Chichester: Wiley, 1991:13-30. Calkins E. Management of rheumatoid arthritis and the other autoimmune rheumatic diseases. In: Hazzard WR, Blass JP, Ettinger WH, Halter JB, Ouslander JG, editors. Principles of geriatric medicine and gerontology. 4th ed. New York: McGraw-Hill, 1999;1135-54. Farinatti, Paulo de Tarso Veras. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico. Rev Bras Med Esporte, Ago 2002, vol.8, no.4, p.129-138 Froes, Nívea Dulce Tedeschi Conforti, Nunes, Francine Teresa Brioni and Negrelli, Wilson Fábio Influência genética na degeneração do disco intervertebral. 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A MANUTENÇÃO DO VÍNCULO ENTRE MÃE E FILHO NA APLICAÇÃO DO MÉTODO CANGURU Eleuza do Rosário de Mello Brandão Lourena Ferreira de Oliveira Marli Vilarins Brito Resumo: Abstract: O método Mãe Canguru tem por objetivo fortalecer o vínculo entre mãe e filho após o parto; aumentar a competência e a confiança dos pais no cuidado do bebê de baixo peso e o estímulo à prática de amamentação, favorecendo a diminuição de infecção hospitalar e de permanência do bebê no hospital (ALVES, 2007).O ―Método Canguru‖ é um tipo de assistência neonatal que implica o contato pele a pele precoce entre mãe e recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente (CAMPOS, 2004). Kangaroo Mother Care is intended to strengthen the bond between mother and child after delivery, enhancing the competence and confidence of parents in the care of low birth weight baby and encouraging the practice of breastfeeding, helping reduce infection and hospital stay of baby the hospital (ALVES, 2007).The "Kangaroo" is a kind of neonatal care that involves skin to skin contact between mother and premature baby of low birth weight, incrementally and by the time they both understand and be enjoyable enough (CAMPOS, 2004). Palavras-chave: Key-words: Método mãe Canguru,Unidade de terapia intensiva neonatal (UTI),recém-nascido. Kangaroo mother care unit, neonatal intensive care unit (NICU), infants born underweight and bond between mother and child. INTRODUÇÃO A taxa de natalidade de crianças prematuras e com baixo peso em todo o mundo anualmente, gira em torno de 20 milhões de crianças, sendo que um terço destas morre antes de completar um ano de vida. Percebemos ainda, que no Brasil as afecções perinatais, é a primeira causa de mortalidade infantil de crianças de baixo peso, normalmente associadas a problemas respiratórios, a asfixia ao nascer e a processos infecciosos; podendo identificar ainda distúrbios metabólicos, hipotermia e dificuldades em alimentar-se. O Brasil tem realizado trabalhos na área da saúde, visando desenvolver uma assistência humanizada à criança, à mãe e à família, respeitando-as em suas características e individualidades. Para isto, o Ministério da Saúde aprovou em 2000 a Norma de Atenção Formanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Goiânia/GO – 2009 Dezembro Docente da Faculdade Estácio de Sá – Goiás e orientadora do presente trabalho. Formanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás –Goiânia/GO – 2009 Dezembro 48 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. Humanizada ao recém-nascido de baixo peso, denominado de método mãe canguru (MMC), recomendando-o e definindo as diretrizes para sua implantação nas unidades médico assistencial integrante do Sistema Único de Saúde (SUS). Propondo a aplicação do método em três etapas, iniciando nas unidades neonatais, passando para as unidades canguru e, após a alta hospitalar, nos ambulatórios de seguimentos. (VENTURINI, 2004) Estas etapas favorecem a realização do método mãe canguru, o qual tem como característica principal o fortalecimento do vínculo mãe e filho, que pode ter sido interrompido de forma abrupta pelo processo do nascimento precoce. O ―Método Canguru‖ é um tipo de assistência neonatal que implica o contato pele a pele precoce entre mãe e recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais no cuidado a seu recém-nascido. A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso, ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, contra o peito do adulto. Só serão considerados como método canguru os sistemas que permitam o contato precoce, realizado de maneira orientada, por livre escolha da família, de forma crescente, segura e acompanhado de suporte assistencial por uma equipe de saúde adequadamente treinada (SERRA, 2004). Essa metodologia de assistência foi uma alternativa, ao método tradicional disponível e dispendioso de tratamento dos bebês pré-termos, assistidos e tratados em incubadoras (MARTINS, 2008). Em 1978, Edgar Rey Sanabria e posteriormente Hector Martínez Gómez, médicos do Instituto Médico Infantil (IMI) de Bogotá, Colômbia, elaboraram um programa denominado Mãe Canguru. Tal nome foi adotado em referência as espécies dos marsupiais, cujos cangurus fêmeas possuem uma bolsa onde as suas crias prematuras completam o tempo de gestação, sendo aquecidas e alimentadas até se fortalecerem e amadurecerem. A proposta do método Mãe-Canguru é que, da mesma forma que os cangurus, as mães de bebês prematuros irão carregar os seus filhos, quando esses se encontrarem em condições clínicas, gástricas e respiratórias que viabilizem uma situação estável. (ANDRADE, 2005). VÍNCULO De acordo com (ANDRADE, 2005) formação do vinculo é o investimento emocional dos pais em seu filho. É um processo que é formado e cresce com repetidas experiências significativas e prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de 49 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. apego, desenvolve-se na criança em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar dela. É a partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um sentimento do que eles são, é a partir daí que uma criança pode evoluir e ser capaz de aventurar-se no mundo. (KLAUS e KENNELL 2000) indicam que a formação do vínculo inicia-se durante a gestação, particularmente no período posterior ao aparecimento dos movimentos fetais. Neste período, a mulher começa a sonhar com a aparência do bebê e atribuir-lhe algumas características de personalidade. No entanto, o nascimento de um bebê pré-termo representa para os pais uma situação nova que pode comprometer o processo de vinculação. A realidade do bebê imaginário, na barriga da mãe não é a mesma realidade do bebê recémnascido. Muitas mães tendem a negar antecipadamente a realidade do seu bebê nas primeiras semanas de vida, sentindo-se assustadas e confusas diante dos primeiros cuidados (BORSA, 2007). Um sistema importante que serve para ligar a mãe e o bebê é o interesse desta em tocá-lo (SCORTEGAGNA, 2005). O apego é construído a partir do processo de ligação entre o bebê e a mãe; o recém-nascido reage à atenção do cuidador com interesse especial, permitindo que se desenvolva o apego com aquele que lhe responde com aprovação, gratificação, proteção e estimulação adequada. A estimulação adequada conduz a uma reação positiva, e o bebê passa a buscá-la ativamente e a interagir com ela o que traz conseqüências importantes para o seu desenvolvimento emocional e para sua socialização (SCORTEGAGNA, 2005). Esta interação precoce contribuirá para dar continuidade e fortalecimento ao vínculo pré-existente. KLAUS e KENNEL (2000) salientam que a necessidade de cuidados intensivos pode retardar o contato inicial entre pais e filhos, mas lembram que os seres humanos são adaptáveis a diferentes situações e muitos caminhos para as ligações afetivas são possíveis. A promoção do vínculo mãe-bebê é fundamental e a presença da mãe envolve uma ação terapêutica e psicoprofilática (SCORTEGAGNA, 2005). O vínculo da mãe com seu bebê aumentam ao longo do tempo e é fortalecido pelo contato. O contato com a pele do tórax da mãe durante a amamentação, imediatamente após seu nascimento, promove além do aquecimento e do conforto, um ambiente ideal para a adaptação do recém-nascido à vida extra-uterina (MENDES, 2006). Há evidências de que um contato íntimo da mãe com seu bebê prematuro podem interferir positivamente na relação desse bebê com o mundo. Além disso, bebês prematuros que realizam contato pele a pele 50 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. apresentam melhor desenvolvimento mental e melhores índices em testes de motricidade, uma diferença significantemente menor no tempo de duração do choro e no padrão de consolabilidade e períodos de sono mais profundos (VENÂNCIO, 2004). Há relatos de mães-canguru, que o método possibilita o aumento do vínculo e sentimento de proximidade permitindo que mães se sintam mais eficazes, melhorando sua auto-estima, fiquem mais relaxadas, alegres e competentes para levar seus bebês pré-termo para casa. Além disso, foram mais capazes de reconhecer suas perdas e falar sobre seus sentimentos positivos e negativos. (CRUVINEL, 2007). FURLAN 2003, reafirma citando que uma das contribuições do cuidado Canguru é a de aumentar a confiança dos pais, principalmente das mães, para o cuidado com o bebê, pois se sentem mais tranqüilos, apresentando sentimentos mais positivos relativos ao filho e a preparação para alta. Porém, o estabelecimento do vínculo pode ser prejudicado pela falta de oportunidades da mãe de interagir com seu filho, gerando desordens no relacionamento futuro de ambos. Neste sentido, a enfermagem das unidades neonatais deve facilitar as oportunidades de contato precoce entre pais e bebês prematuros, visando estabelecer vínculo e apego, tendo em vista que esse é um processo gradual que pode levar mais tempo do que os primeiros dias ou semanas do período pós-natal (SCOCHI, 2003). O fato de não poder pegar o bebê no colo, aconchegá-lo e embalá-lo é bastante frustrante para a mãe. Mesmo quando é possível tocá-lo e acariciá-lo dentro da incubadora, muitas mães se amedrontam diante dessa situação. Esse medo se justifica pela auto-estima afetada, pelo ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e pela falta de autoconfiança na capacidade de criar o filho (SCOCHI, 2003). É importante ressaltar que a saúde do bebê depende do equilíbrio emocional da mãe e que o sucesso da formação de um vínculo saudável e consistente entre mãe e filho, depende, em grande parte, da assistência de enfermagem prestada a ambos (MENDES, 2006). OBJETIVOS O método mãe-canguru tem por objetivo fortalecer o vínculo entre mãe e filho após o parto; aumentar a competência e a confiança dos pais no cuidado do bebê de baixo peso e o estímulo à prática de amamentação, favorecendo a diminuição de infecção hospitalar e de permanência do bebê no hospital (ALVES, 2007). 51 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. Destacamos ainda que um dos principais objetivos do método seja suprir a insuficiência de recursos materiais, usando-se como alternativa a substituição de incubadoras e evitando a separação prolongada entre a mãe e seu bebê (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O nascimento precoce implica a retirada antecipada do neonato do ambiente uterino, o que pode ser traumático para o seu desenvolvimento, tanto sob o aspecto físico como emocional. Esta situação é agravada pelas constantes manipulações e intervenções a que fica sujeito o neonato. O método mãe-canguru, preconizado pelo Ministério da Saúde, foi concebido como um meio para amenizar esta situação, restaurando o vínculo mãe-filho. FURLAN (2003) aponta que o Cuidado Canguru, recentemente, passou a fazer parte das diretrizes políticas de atenção à saúde dos bebês de baixo peso ao nascer e prematuros, estando incluído no Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. Portanto, com a Portaria nº 693, de 05 de julho de 2000, o Ministério da Saúde normatiza a implantação do Método Mãe-Canguru, definindo no documento como assistência neonatal que implica no contato pele a pele precoce entre o binômio mãe/filho (recém-nascido de baixo peso, prematuro). CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO MÉTODO MÃE CANGURU Os critérios de inclusão de um recém-nascido no Método Canguru são a estabilidade clínica, nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo), peso mínimo de 1.250 kg. e o ganho de peso diário maior que 15g. Para que se obtenha ganho de peso, deve-se garantir a amamentação a cada duas horas no período diurno e a cada três horas no período noturno; as crianças que não apresentarem ganho adequado de peso devem realizar complementação láctea com leite da própria mãe, via sonda gástrica ou copo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). HENNIG (2006) ainda estabelece como critérios de inclusão dos recém-nascidos no método canguru a estabilidade clínica, respiratória e circulatória; e para a equipe de saúde pede-se a orientação aos pais sobre o Método, a estimulação quanto à manutenção do contato tátil com a criança, apoio e intervenção para a manutenção da produção láctea. O Ministério da Saúde preconiza o desenvolvimento do método em três etapas.Cada etapa requer subsídios que assegurem à puérpera e ao bebê condições para o aprimoramento do vínculo, a promoção do aleitamento e a capacitação materna do cuidado 52 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. com o filho. Entre os subsídios estão à vinda diária à unidade de internação, o auxílio para o transporte coletivo às mães que necessitem o oferecimento de refeições durante a permanência diurna e de espaço para o descanso, a realização de palestras e o livre acesso dos pais à unidade neonatal (FURLAN, 2003). Na primeira etapa, preconiza-se acesso precoce e livre dos pais à UTIN, estímulo à amamentação e participação da mãe nos cuidados dos bebês, bem como início do contato pele a pele logo que as condições clínicas do bebê permitam. Na segunda etapa, mãe e bebê permanecem em enfermaria conjunta, e a posição canguru deve ser realizada pelo maior tempo possível. (VENÂNCIO, 2004). O enfoque desta etapa é para a efetiva participação da mãe nos cuidados do bebê e no seu desenvolvimento psicoafetivo, base das interações entre a criança e seus pais. A formação do vínculo não é um acontecimento imediato ocorre por meio de interações sucessivas. Quanto mais oportunidades de interação entre mãe e bebê mais forte será o vínculo e, conseqüentemente, melhor a resposta materna às necessidades do filho e menor a probabilidade de negligência, maus-tratos e abandono. (LAMY. 2005). Os critérios de elegibilidade para permanência necessária nessa enfermaria são disponibilidade materna, capacidade materna de reconhecer as situações de risco do RN e habilidade para colocação da criança em posição canguru. A terceira etapa refere-se ao ambulatório de acompanhamento, após a alta, para avaliar os benefícios e corrigir situações de risco. (NEVES, 2006). Para o bom desenvolvimento do MMC, se faz necessário o emprego de três componentes básicos, sendo eles: 1) posição canguru, 2) política de aleitamento materno; e 3) política de alta precoce na posição canguru. A posição canguru consiste em manter o bebê pré-termo, ou de baixo peso, sustentado por uma faixa ou manta amarrada ao redor do tórax da mãe em posição vertical. O tempo de permanência na posição canguru é determinado pelo sentimento de bem-estar da mãe ou do bebê (CRUVINEL, 2007). No MMC a mãe substitui à incubadora, progressivamente, mantendo o bebê aquecido por meio do contato da criança com sua pele. A prática se inicia dentro do hospital e continua em casa, mediante estreito acompanhamento da equipe de saúde. Os benefícios do método incluem redução da morbidade e do período de internação dos bebês, melhoria na incidência e duração da amamentação e contribui para o senso de competência dos pais (TOMA, 2003). 53 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. E segundo (MILTERSTEINER 2005), o posicionamento canguru pode beneficiar a dupla mãe-bebê em vários aspectos, como diminuição do índice de abandono, melhora na relação e integração familiar. Observa-se a melhoria da qualidade de vida da mãe e de seu bebê e a possibilidade de redução considerável nos custos com a racionalização do uso de equipamentos hospitalares e com a diminuição no tempo de internação e redução de infecções nosocomiais. O aleitamento materno é recomendado e incentivado para os prematuros através de estratégias, dentre as quais a implantação do método canguru onde se evidencia o impacto positivo no método, sendo destacados as propriedades nutritivas e imunológicas do leite humano, seu papel na maturação gastrintestinal e formação do vínculo mãe-filho, aumento do desempenho neurocomportamental, menor incidência de infecção, melhor desenvolvimento cognitivo e psicomotor e menor incidência de reospitalização. O leite da própria mãe é o mais indicado para o prematuro, contendo, nas primeiras quatro semanas, alta concentração de nitrogênio, proteínas com funções imunológicas, lipídeos totais, ácidos graxos, vitaminas A, D, e E, cálcio e energia, quando comparado ao leite de mães de neonatos a termo (SERRA, 2004). Esta prática inicia-se dentro do hospital e continua em casa mediante o acompanhamento da equipe de saúde (COSTA, 2006). A política de alta hospitalar, com transferência para a terceira etapa deve ser bem empregada, utilizando-se de critérios que permitam a segurança materna quanto aos cuidados do bebê; motivação e compromisso para realização do método por 24 horas/dia; garantia de retorno à unidade de saúde de maneira freqüente; peso mínimo de 1.500 kg; criança com sucção exclusiva ao seio; ganho de peso adequado nos três dias que antecedem a alta hospitalar; e condição de recorrer à unidade de origem a qualquer momento enquanto estiver na terceira etapa, que se encerra, em geral, quando o peso do bebê atinge 2.500 kg (VENÂNCIO, 2004). A adoção do método estimula a formação dos laços afetivos; favorece a produção do leite materno, beneficiando assim a lactação e a amamentação; ajuda no desenvolvimento físico e emocional do bebê; reduz o estresse e o choro do RN; estabiliza o batimento cardíaco, a oxigenação e a temperatura do corpo do bebê; possibilita lembrar o som do coração materno, da voz da mãe, o que transmite calma e serenidade; desenvolve, no bebê, sentimento de segurança e tranqüilidade; diminui riscos de infecção cruzada e hospitalar; reduz o número de abandono desses bebês e contribui para o apego entre mãe/filho (NEVES, 2006). 54 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. Além disso, estudos afirmam que a presença da mãe/pai favorece a estabilidade clínica do prematuro e seu processo de crescimento e desenvolvimento; a participação possibilita a interação mãe-filho e o estabelecimento do vínculo afetivo, ressaltando ainda que a mãe deva ser treinada para a alta do filho com a ajuda da enfermeira nos cuidados do recém-nascido hospitalizado e a presença dos pais modifica o ambiente da unidade neonatal (MARTÍNEZ, 2007). O MMC traz muitos benefícios ao bebê prematuro e/ou de baixo peso ao nascer, e às famílias. A oportunidade de uma participação efetiva dos pais, desde o início da vida, favorece a criação e o fortalecimento do vínculo, bem como a possibilidade de elaborar arranjos mais favoráveis para o cuidado da criança. Entretanto, o sucesso do programa canguru depende não só da vontade da mãe, como também do apoio de sua rede familiar e de uma equipe de saúde compreensiva e capacitada. O pai, por sua vez, cada vez mais instigado a participar do cuidado dos filhos, pode não ser capaz de corresponder a essa expectativa, devido aos papéis de gênero que ainda prevalecem na maioria dos casos. Nesse sentido, a rede familiar, em especial os parentes consangüíneos, tem função importante na prática do MMC. Conseqüentemente, o papel da equipe de saúde poderia ser aprimorado por meio do conhecimento da rede familiar relacionada à mãe canguru, planejando em conjunto com ela, a organização necessária para que a criança receba o cuidado apropriado (TOMA, 2007). E segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2002), as vantagens do MMC são: o aumento do vínculo e menor tempo de separação mãe-filho, evitando longos períodos sem estimulação sensorial; estímulo ao aleitamento materno, favorecendo maior freqüência, precocidade e duração; maior competência e confiança dos pais no manuseio de seu filho de baixo peso, mesmo após a alta hospitalar; menor controle térmico; menor número de recémnascidos em unidades de cuidados intermediários, devido à maior rotatividade de leitos; melhor relacionamento da família com a equipe de saúde; diminuição da infecção hospitalar; menor permanência hospitalar. Portanto a equipe de saúde ―deverá dar suporte tanto às mães como pais no estímulo ao contato com seu filho o mais breve possível e receber adequada orientação para participar do programa‖. Assim, os pais e a família de um recém-nascido prematuro de alto risco, assistido em UTIN merecem atenção especial dos profissionais que atuam nessa área, particularmente da equipe de enfermagem que tem maior oportunidade de contato com os pais e a família (SCOCHI, 2003). 55 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. ATRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM DIANTE DO MMC A implementação das diretrizes preconizadas pelo ministério da saúde pressupõe equipes de saúde com habilidades não só para orientar a prática do MMC nas unidades neonatais, mais também para lidar com os aspectos que podem influenciar o ato de cuidar no âmbito da família (LAMY, 2005). A integração entre enfermeiras e pais pode minimizar a ausências de uma pessoa de referência para o casal e criar laços de confiança para a cooperação mútua entre as partes e por ocasião da alta hospitalar, prevenir danos à saúde do bebê e possibilitar acompanhamento de seu desenvolvimento e de possíveis seqüelas, gerando tranqüilidade em toda a equipe neonatal (FURLAN, 2003). Portanto, são atribuições da equipe de saúde neste processo; orientar a mãe e a família em todas as etapas do método; oferecer suporte emocional e estimular os pais em todos os momentos; encorajar o aleitamento materno; desenvolver ações educativas abordando conceitos de higiene, controle de saúde e nutrição; desenvolver atividades recreativas para as mães durante o período de permanência hospitalar; participar de treinamento em serviço como condição básica para garantir a qualidade da atenção; orientar a família na hora da alta hospitalar, criando condições de comunicação com a equipe, e garantir todas as possibilidades já enumeradas de atendimento continuado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Diante da responsabilidade da manutenção do vínculo mãe-filho observa-se a necessidade do preparo e envolvimento da equipe de enfermagem, a qual deve ser capacitada e habilitada a incentivar e promover a implantação do MMC. Percebemos que a equipe de enfermagem/multidisciplinar tem papel fundamental na apresentação do método à mãe para formação e manutenção do vínculo afetivo mãe-filho. Esses pais precisam ser acolhidos e aceitos nas UTINs e não serem vistos como empecilho na recuperação da saúde de seus filhos ou nas atividades desenvolvidas no dia a dia desses profissionais. Além disso, é necessária a promoção da integralidade das ações dos profissionais da equipe para que esta proposta de atenção não sofra descontinuidades. Entendemos que o cuidado ainda está muito focado no RN, prejudicando a inserção da família na unidade neonatal e reduzindo a participação efetiva dos pais no cuidado ao seu filho (COSTA, 2006). Há necessidade de que o profissional da equipe seja estimulado a reconhecer as características individuais de cada RN e família, para atuar de maneira particularizada, assim 56 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. como é fundamental, na prática do dia-a-dia, que sejam encontradas estratégias apropriadas para a valorização das participação dos pais nos cuidados com seu filho. A valorização destas mudanças de atitude e a reflexão sobre os benefícios desta prática contribuirão para uma assistência qualitativamente diferenciada. Além disso, é necessária a promoção da integralidade das ações dos profissionais da equipe, uma vez que os integrantes concordam que é fundamental a formação de uma equipe multiprofissional que conheça toda a extensão do método, que atue de maneira harmoniosa e sincrônica para que a proposta de atenção humanizada não sofra descontinuidades (COSTA, 2006). A Enfermagem tem papel relevante na manutenção das condições da vitalidade dos recém nascidos, devendo fundamentar suas ações em conhecimentos científicos. Cabendo ao enfermeiro da UTIN organizar o ambiente, planejar e executar os cuidados de enfermagem de acordo com a necessidade individualizada e resposta de cada criança, exercendo assim, uma assistência integral, de qualidade e humanizada (SCOCHI, 2001). A enfermagem no contexto deste estudo é a ciência e arte articulando ações no método mãe canguru para que o ser humano possa perceber e reagir aos estímulos das situações, circunstâncias ou influências da desospitalizaçao de forma adaptativa e efetiva, compreendendo os momentos vivenciados, tendo sensibilidade, interação e solidariedade como atributos para facilitar a transição do novo ambiente. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A alta do recém-nascido pré-termo do método canguru baseia-se nos critérios de maturidade, do ganho de peso, quando o bebê atinge 2.500g, o método pode ser abandonado. METODOLOGIA Este estudo foi desenvolvido pelo método qualitativo a partir das referências bibliográficas da área da saúde sobre o Método Mãe Canguru (MMC). Foi realizada uma incursão pela literatura cujo tema era bebês pré-termos submetidos ao método mãe canguru, e para a busca bibliográfica foram adotadas as palavras-chave: método mãe canguru, unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), recém-nascido baixo peso e vínculo entre mãe/filho e foi procedida a leitura dos artigos e seu fichamento para posterior estudo. Neste trabalho, elegemos como objeto de estudo a análise da manutenção do vínculo, tendo como base de pesquisa os artigos científicos constantes dos arquivos Scielo, Lilacs e Medline, elaborados de março de 2003 a março de 2008, bem como as etapas de 57 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. implementação do método, segundo as diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde, e a análise dos benefícios trazidos para o bebê pré-termo. RESULTADOS No que se refere ao trabalho da equipe de enfermagem é importante destacar que os pais de um bebê prematuro necessitam de orientação adequada e de apoio emocional, de sorte que devem lhe ser oferecidos cuidados e suporte para que possam se sentir seguros e amparados no trato com o bebê. Desta forma, diante de um ambiente seguro e adequado é que se pode falar em minimizar riscos e promover condições apropriadas para o desenvolvimento físico e emocional do bebê prematuro. CONCLUSÃO O Método Mãe Canguru, em plena expansão em países de todo o mundo, cumpre função que vai além do aleitamento materno ao se estabelecer como um instrumento essencial na formação do vínculo entre mãe e filho. Desta forma, o vínculo que se cria na relação entre mãe e bebê tem uma dimensão maior do que o simples ato de alimentar, cuidar ou tomar conta do recém-nascido. Na verdade, o vínculo afetivo, iniciado durante a gestação e influenciado pelas diversas fases em que esta se desenvolve, apresenta a característica de suprimento emocional para o bebê. Com efeito, o vínculo afetivo tem a natureza de um relacionamento formativo, a partir do qual a criança desenvolve um sentimento de si mesma, criando uma auto-imagem segura e apropriada. Neste estudo buscamos enfatizar a importância do método mãe canguru, por meio do qual se tornam possíveis as manifestações corporais, visuais, vocais e faciais através das quais se estabelece a trama dos vínculos afetivos. Além disso, é claro, o contato mãe e filho ajuda a prevenir os riscos decorrentes do nascimento prematuro. 58 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. REFERÊNCIAS ALVES, A. M. L. et al. Desmame precoce em prematuros participantes do Método Mãe Canguru. Revista Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo,vol.12, no.1, p.2. Jan./Mar. 2007. ANDRADE, I. S. N. de; GUEDES Z. C. F. Sucção do recém-nascido prematuro: comparação do método Mãe-Caguru com os Cuidados tradicionais. 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Revista da AMRIGS, Rio de Janeiro, Vol. 49, n. 1:1-68, p.2-4. Jan./Mar.2005. 59 BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010. MORSCH, D. S. e Cols. Quando a vida é prematura: a interface entre o desenvolvimento afetivo e cognitivo em bebês pré-Termo. Tese de doutorado, Instituto Fernandes Figueira, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2004. NEVES, F. A. M., et al., Assistência humanizada ao neonato prematuro e/ou de baixo peso: implantação do Método Mãe Canguru em Hospital Universitário. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, vol. 19, no.3, p.3-5. Jul./Set. 2006. NEVES, J. L. Pesquisa Qualitativa - Características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, v.1, n.3, 2.Sem./1996. SCOCHI CGS et al. 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Já os esteróides anabolizantes são sintéticos derivados da testosterona e sua estrutura química serve como base para todos os anabolizantes. Estes Esteróides Androgênicos Anabólicos (EAA) quando usados indiscriminadamente podem causar vários efeitos maléficos como problemas cardiovasculares, imunológicos, reprodutivos, dentre outros levando ate a morte súbita. Portanto o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão sistemática para enfatizar os danos à saúde, causados pelo uso indiscriminado de anabolizantes. No Brasil, ainda são escassos estudos específicos sobre o assunto. Os resultados indicam a necessidade de mais pesquisas voltadas ao abuso de EAA responsável por grandes prejuízos à população atleta ou não, tornando um problema de saúde publica. Steroids are hormones produced by the cortex of the adrenal gland or the gonads, in turn responsible for various functions such as metabolic control and sexual characteristics. Since anabolic steroids are synthetic derivatives of testosterone and its chemical structure serves as the basis for all anabolic steroids. These Anabolic Androgenic Steroids (AAS) when used indiscriminately can cause various harmful effects such as cardiovascular, immune, reproductive, and others leading up to sudden death. Therefore, the purpose of this study was to conduct a systematic review to emphasize the harm caused by the indiscriminate use of steroids. In Brazil, there are few specific studies on the subject. The results indicate the need for more research focused on the abuse of AAS responsible for great harm to the population athlete or not, becoming a public health problem. Palavras-chave: Key-words: Anabolizantes, toxicidade. Anabolic, toxicity. INTRODUÇÃO Os esteróides são hormônios produzidos pelo córtex da supra-renal, ou pelas gônadas, os quais são responsáveis por diversas funções no organismo, tais como controle Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Coordenador do Curso de Farmácia da Faculdade Estácio de ([email protected]. Professor da Faculdade Estácio de Sá de Goiás- Co-orientador. Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Sá de Goiás- Orientador 61 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. metabólico e características sexuais (ROCHA et al, 2007). Os hormônios esteróides apresentam um núcleo básico derivado da estrutura química do colesterol, portanto, são hormônios de natureza lipídica (FORTUNATO, et al 2007). Os esteróides são classificados em corticosteróides, andrógenos, estrógenos e progestágenos (SANTOS et al, 2006). Andrógenos e estrógenos são esteróides sexuais. Estrógenos e progesterona (hormônios femininos) produzidos principalmente no ovário e encarregados de controlar funções reprodutivas, e desenvolver e manter as características sexuais femininas. Andrógenos (hormônio masculino) são produzidos principalmente pelos testículos e em menores proporções, pelas adrenais. O principal hormônio produzido no testículo e a testosterona. Os andrógenos são responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção das características sexuais masculinas, além de efeitos metabólicos diverso (anabolismo protéico e crescimento). A testosterona exerce efeitos designados como andrógenos e anabólicos em uma extensa variedade de tecidos alvo andrógeno-dependentes, incluindo o sistema reprodutor, o sistema nervoso central, a glândula pituitária anterior, o rim, o fígado, os músculos e o coração entre outros (SILVA; MOREAL, 2003). A atividade anabólica da testosterona e de seus derivdos é manifestada primariamente em sua ação miotrófica, que resulta em aumento da massa muscular, por aumentar a síntese protéica no músculo e por controlar os níveis de gordura corporal. A secreção de testosterona é regulada por ―feedback‖ negativo. Quando há deficiência de testosterona, ocorre estímulo no hipotálamo que, através da secreção de hormônio liberador de gonodotrofinas, estimula a glândula pituitária a liberar LH e FSH aumentando a síntese de testosterona. O excesso de testosterona suprime a secreção de ambas as gonadotrofinas, diminuindo a produção endógena do hormônio e da espermatogênese (FORTUNATO, et al 2007). O potencial valor terapêutico da atividade anabólica da testosterona em varias condições catabólicas tem levado a síntese de muitos derivados objetivando prolongar a sua atividade biológica, desenvolvendo produtos que são menos androgênicos e mais anabólicos, chamados esteróides androgênicos anabólicos (EAA). (IRIART e ANDRADE, 2002). Os esteróides anabolizantes, ou seja, sintéticos derivados da testosterona, o qual quimicamente sua formula estrutural serve como base para todos os anabolizantes. Como o hormônio testosterona tem aproximadamente a mesma ação androgênica e anabólica, os esteróides anabolizantes são desenvolvidos por meio de variação dos grupos funcionais em diversas regiões na cadeia do esteróide na tentativa de dissociar a ação androgênica da ação anabólica (Estanozolol, Decanoato de Nandrolona, Propionato de Testosterona, Cipionato de 62 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Testosterona, Mesterolona, entre outros). Estas substâncias podem atuar diretamente em receptores específicos, sendo que, uma vez na circulação, elas são transportadas pela corrente sanguínea como mensageiros, na forma livre ou combinada às moléculas transportadoras, mas somente na sua forma livre difundem-se diretamente através da membrana plasmática de células-alvo ligando-se a receptores protéicos intracelulares. Este processo de entrada na célula, por si só, gera maior produção de AMPc (Adenosina monofosfato cíclico), aumentando o metabolismo celular. Dentro da célula (citoplasma), a molécula de esteróide ligada ao receptor androgênico específico migra para o núcleo celular, onde inicia o processo de transcrição gênica e, conseqüentemente, de transdução protéica, a qual modula as ações celulares dependentes de andrógeno (SANTOS et al, 2006). Possuem alguns usos terapêuticos (deficiência no crescimento, desordens sanguíneas, osteoporoses, síndrome de Turner, Câncer de mama, entre outras), mas apresentam muitos efeitos tóxicos: alguns reversíveis, como diminuiçäo na produçäo de espermatozóides e impotência; outros irreversíveis, como ginecomastia e calvície. Essas substâncias säo utilizadas por jovens e atletas, em dosagens muito elevadas, na busca de uma melhora no desempenho e aparência física. Laboratorialmente, é possível observar alteraçöes bioquímicas e hematológicas, entre elas diminuiçäo do HDL colesterol, aumento de enzimas hepáticas, glicose e hematócrito, causadas pelo uso destas substâncias. O primeiro relato da utilização de EAA com objetivos não terapêuticos, como auxílio na estética corporal, ocorreu em 1954, na Austrália. Desde então, seu consumo vem aumentando sendo considerado um problema de saúde publica. (IRIART e ANDRADE, 2002). Uma das facetas que tem caracterizado a sociedade de consumo contemporânea é a crescente importância atribuída à aparência corporal. Nas últimas décadas, o corpo tornouse alvo de uma atenção redobrada com a proliferação de técnicas de cuidado e gerenciamento dos corpos, tais como dietas, musculação e cirurgias estéticas, assim como o consumo das chamadas "drogas da imagem corporal", entre as quais se incluem os esteróides anabólicos androgênicos ou anabolizantes. Embora seja possível destacar vários benefícios de uso de anabolizantes como: aumento da massa muscular, da força física, deposição de cálcio nos ossos, diminuição de gordura no corpo, inibição dos efeitos catabólicos na massa muscular esquelética, os efeitos maléficos são numerosos e variam desde comportamentais ate alterações no fenótipo. 63 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Os efeitos adversos mais comuns relacionados ao uso dos EAA são alterações hepáticas (hepatite, hiperplasia e adenoma hepatocelular), endócrina, músculo esqueléticas, cardiovasculares (hipertrofia ventricular, arritmia, infarto do miocárdio) imunológicas, reprodutivas (atrofia testicular infertilidade), psicológicas, trombose, ginecomastia acnes e morte súbita, efeitos virilizantes e feminilizantes, mediados pelos metabolitos estrogênicos; e efeitos tóxicos (ROCHA et al, 2007). Dentre os efeitos virilizantes, salientam-se o aumento da libido aumento do pênis, tom de voz mais grave, distribuição masculina dos pelos pubianos, aumento de secreção das glândulas sebáceas e aumento dos pelos faciais. Nas mulheres, destaca-se irreversibilidade do aumento do clitóris e alteração da voz. A administração do hormônio exógeno, a partir de 15 a 150mg/dia, já causa significativa diminuição da testosterona plasmática, intensificando os efeitos feminilizantes, como atrofia testicular e azoospermia por inibição da secreção de gonodotrofina e pela conversão de andrógenos em estrógenos (SILVA e MOREAL, 2003). A aparência de um corpo saudável com os anabolizantes é apenas superficial, uma vez que diversas pesquisas já destacaram os efeitos adversos causados pelo uso inadequado dos esteróides anabolizantes (Quadro 1). Entre os problemas de saúde já estudados, observouse que no sistema cardiovascular pode ocorrer a elevação da pressão arterial, redução do HDL, trombose e arritmia. No fígado, constatou-se hepatotoxidade e câncer. Entre os problemas dermatológicos detectados estão as acnes e as estrias. Os anabolizantes podem alterar o sistema reprodutor, causando, por exemplo, hipertrofia da próstata, ginecomastia e impotência sexual nos homens e, nas mulheres, excesso de pêlos, engrossamento da voz, hipertrofia do clitóris e irregularidades no ciclo menstrual. Em nível psicológico são relatados mudanças de humor, comportamento agressivo, depressão, hostilidade, surtos psicóticos e adições, ocorrendo, por vezes, um quadro semelhante à síndrome de abstinência. Na literatura existem relatos de casos de morte súbita resultante da utilização de anabolizantes que possam ter sido decorrentes do uso contínuo ou doses abusivas dessa droga. Os anabolizantes aparecem como indicadores do aumento do risco para morte prematura em diversos tipos de pacientes (drogaditos, transtornos psiquiátricos, dor torácica e com convulsões por motivo inespecífico), quando comparados aos que não fazem uso destas substâncias (SANTOS et al., 2006). 64 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Quadro 1-Efeitos colaterais dos Anabolizantes: Efeitos colaterais leves Efeitos colaterais graves Virilizantes, femininizantes e tóxicos Distúrbios do crescimento e desenvolvimento ósseo Diminuição do HDL e aumento do LDL, favorecendo atenogênese Em homens causa azoospermia, diminuição dos testículos, impotência; ginecomastia; estreitamento de uretra Em mulheres causa excessiva pilosidade corporal, calvície de padrão masculino, hipertofia do clitóris, irregularidade ou ausência do ciclo menstrual, voz rouca e acne Cardiovascular: cardiopatia, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar Fígado: icterícia, adenoma e carcinoma Próstata: complicações na próstata e carcinoma Psicológico: aumento da agressividade; psicose; disforia; depressão METODOLOGIA Objetiva-se com esta revisão sistemática da literatura identificar possíveis problemas relacionados aos medicamentos (PRMs) do grupo dos anabolizantes. Definimos como anabolizantes aqueles compostos sintéticos semelhantes à testosterona e que apresentam efeitos anabolizantes e androgênicos. A Revisão Sistemática da Literatura foi constituída pelas seguintes fases: FASE 1 – Elaboração do Teste de Relevância e Seleção da Base de Dados Os testes de relevância foram definidos (fig.1 e fig.2) e abordam questões a respeito da clareza e coerência com o objetivo do estudo, uso de anabolizantes correlacionados a PRMs: seleção inadequada; dosagem subterapêutica; sobre-dosagem; reações adversas a medicamentos (RAM); interação medicamentosa; medicamento sem indicação. Definiu-se como Base de Dados a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Estas bases foram escolhidas pelo fato de serem comumente consultadas como fontes de literatura qualificada dentro das Ciências da Saúde. 65 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. TESTE DE RELEVÂNCIA 1 Identificação do estudo: Critérios de Inclusão Sim Não 1. O estudo envolve o uso de medicamentos anabolizantes em humanos? 2. O estudo relata problemas relacionados ao uso de medicamentos do grupo dos anabolizantes? 3. O estudo correlaciona a toxicidade com o uso de anabolizantes? Critérios de Exclusão 1. É editorial ou revisão? 2. A linguagem do artigo não é dominada pelo pesquisador? 3. Fora do período estudado (1999-2009)? Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão Pesquisador: ____________________________________________________ Fig 1- Teste de relevância I TESTE DE RELEVÂNCIA 2 Identificação do estudo Critérios de Inclusão Sim Não 1. O estudo descreve ou cita problemas relacionados ao uso dos anabolizantes? 2. O estudo correlaciona o uso dos anabolizantes e o efeitos colaterais? Critérios de Exclusão 1. O estudo se trata ensaios clínicos? Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão Pesquisador: ____________________________________________________ 66 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Fig 2- Teste de relevância II FASE 2 – Definição dos Descritores A busca na base de dados na BVS foi realizada no dia 08 de setembro de 2009, consultando o Dicionário de Descritores da BVS foram levantados pelos pesquisadores um conjunto de descritores coerentes com o objetivo da revisão: anabolizantes, andrógenos, androgênios, agentes anabolizantes, esteróides, reações adversas, efeitos adversos, toxicidade. Dentre os mesmos foram selecionados o termo anabolizantes e toxicidade, como os mais coerentes com o objetivo do estudo e pelo levantamento no DeCS. A língua inglesa foi a selecionada para os descritores. Os pesquisadores avaliando a abrangência dos descritores decidiram realizar a pesquisa com: ANABOLIZANTES e TOXICIDADE. Tais descritores foram cruzados e optamos por selecionar os trabalhos publicados entre os anos de 1999 e 2009. FASE 3- Seleção e análise dos resumos para o levantamento de artigos A literatura apresentou trabalhos em diversos idiomas. Entretanto para um melhor desempenho, só foram incluídos trabalhos escritos em línguas dominadas pelos pesquisadores (inglês, espanhol, francês, português). Foram excluídos automaticamente trabalhos repetidos. Os artigos foram selecionados por meio da aplicação do teste de relevância I. Este teste foi realizado por dois pesquisadores de forma independente, sendo observado o índice de confiabilidade (IC) entre os pesquisadores. Este índice foi calculado dividindo-se o número de artigos aceitos pelos dois pesquisadores de forma unânime, por este mesmo número somado ao número de artigos aceitos em desacordo pelos dois pesquisadores. Este valor deve ser multiplicado por 100 e expresso em porcentagem. Considerou-se aceitável IC maior ou igual a 80%. FASE 4- Seleção de artigos para inclusão na análise Em cada artigo selecionado após a aplicação do teste de relevância I foi aplicado o teste de relevância II, após a leitura completa do artigo. 67 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Os pesquisadores fizeram a análise de forma independente. Foram identificados os trabalhos onde havia desacordo quanto à inclusão ou exclusão do mesmo. Após discussão e análise crítica dos fatores que levavam a discordância, se a mesma permanecesse, um terceiro pesquisador consultava de forma independente o trabalho (consultor ad hoc). RESULTADOS E DISCUSSÃO A quantidade total de artigos encontrados em nossa busca, realizada no dia 25 de outubro de 2008 foi igual a 6128, nas bases consultadas e para os descritores e seus cruzamentos (tabela 1). Observa-se também uma predominância de artigos na base LILACS. Apesar disso a relevância da base na contribuição cientifica não pode ser avaliada pela quantidade de literatura indexada. Tabela 1- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) de acordo com a Base De Dados E Descritores* (25/10/2008) Base de A* B* A+B* TOTAL SCIELO 50 972 997 2019 LILACS 196 1926 1987 4109 TOTAL 246 2898 Dados 2984 6128 *descritores: a-ANABOLIZANTES , b-TOXICIDADE , Na aplicação do teste de relevância I, observamos o índice de confiabilidade variou variando entre 90% e 100%. Após este primeiro estudos incluídos pelos diferentes pesquisadores foram organizados em ordem alfabética, visando excluir possíveis resumos repetidos, resultando assim em um total de 9 artigos incluídos (tabela 2). 68 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Tabela 2- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos (com total de artigos inclusos pelos diferentes pesquisadores em concordância). A* Base de B* A+B* Total em concordância Dados P1 P2 P1 P2 P1 P2 SCIELO 03 02 00 00 00 00 2 LILACS 06 07 00 00 00 7 Total em concordância 8 01 1 0 09 *descritores: a-ANABOLIZANTES, b-TOXICIDADE. Estes artigos estão listados na (Tabela 3). Foram então excluídos 6117 artigos. A problemática do desacordo entre os pesquisadores foi facilmente resolvida pelo dialógo, já que as dificuldades se deviam a tradução, ou de uma leitura mais atenciosa ou sobre informações mais detalhadas a despeito da técnica de diagnóstico ou população avaliada. Percebemos a repetição de artigos, em diferentes bases de dados, ou com diferente ordem de autores. Tabela 3- Artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos Referências Iriart JAB, Andrade TM. Musculação uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturista de um bairro popular de Salvador. Análise Crítica O artigo aponta o aumento do consumo de esteróides anabolizantes entre jovens fisiculturistas e atletas e os danos à saúde causados pelo seu uso indiscriminado, percepção de risco à saúde descrevendo as principais substâncias utilizadas e os padrões de uso, e apontam a falta de informação dos jovens 69 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Bahia, Brasil. Caderno de Saúde Pública. 2002; 18(3): 1379-1387. entrevistados sobre a extensão dos danos à saúde decorrentes do consumo de anabolizantes, mostrando que o desejo de desenvolver massa muscular e alcançar o corpo ideal se sobrepõe ao risco de efeitos colaterais. Silva LSMF, Moreau RLM. Uso de esteróides anabólicos androgênios por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência Farmacêutica. 2003. O objetivo desta pesquisa foi estimar o consumo e traçar o perfil dos usuários de esteróides anabólicos androgênicos entre praticantes de musculação mostrando a necessidade de investigações mais abrangentes e aprofundadas, bem como a adoção de ações preventivas e educativas junto à população exposta aos EAA. Santos AF, Mendonça PMH, Santos LA, Silva NF, Tavares JKL. Anabolizantes: conceito segundo praticantes de musculação em Aracaju (SE). Psicologia em Estado, Maringá. 2006; 11(2): 371-380. Esse artigo apresenta a prevalência da utilização destas substâncias na amostra selecionada. Como resultados, detectouse que a concepção prevalente quanto aos anabolizantes e aos seus malefícios corresponde ao que é divulgado quanto à sua utilização sem a prescrição médica: o perigo do abuso. Já quanto aos benefícios observados, constatou-se que há a percepção de que estas substâncias podem gerar resultados imediatos. Percebeu-se um consumo elevado na população pesquisada, que geralmente adquire as drogas nas farmácias e utiliza doses acima do recomendado. Fortunato RS, Rosenthal D, Carvalho DP. Abuso de Esteróides Anabolizantes e seu Impacto sobre a função Tireóidea. Arq. Bras. Endocrinol Matabolica. 2007; 51-9 O artigo mostra que a utilização de esteróides anabolizantes por indivíduos que desejam aumentar sua performance física, ou simplesmente para fins estéticos, tem atingido índices alarmantes nas últimas três décadas. Além dos efeitos desejados, uma infinidade de efeitos colaterais já foi bem descrita na literatura, como vários tipos de câncer, ginecomastia, peliosis hepatis, insuficiência renal, virilização, dentre outros. Visa também rever os dados publicados acerca dos efeitos de doses suprafisiológicas de esteróides anabolizantes sobre a função tireóidea, reforçando o perigo que a utilização indiscriminada dessas drogas pode causar à saúde. Ribeiro PCP. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos. Adolescencia Latinoamericana. 2001; 2(2): 97-101. O artigo faz considerações sobre o abuso de esteróides anabolizantes mostrando as razões que levam os jovens e adultos a esse uso indiscriminado. Define as substâncias, descreve os mecanismos de ação, os efeitos colaterais das mais comuns, desmistifica seus efeitos benéficos e acentua os malefícios. Faz referências às demais substâncias consideradas suplementos, verdadeiros benefícios e efeitos indesejáveis. 70 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. Após a aplicação do teste de relevância II os 9 artigos incluídos na primeira avaliação foram todos excluídos, o que não permitiu a realização de uma metanálise. Tabela 4- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após aplicação do Teste de relevância II no artigo completo (com total de artigos inclusos pelos diferentes pesquisadores em concordância). A* Base de B* A+B* Total em concordância Dados P1 P2 P1 P2 P1 P2 SCIELO 0 0 0 0 0 0 0 LILACS 0 0 0 0 0 0 0 Total em concordância 0 0 0 0 *descritores: a-ANABOLIZANTES , b-TOXICIDADE , CONCLUSÃO A escassez de publicações que evidenciam o uso de anabolizantes e como conseqüência seus efeitos colaterais é clara e demonstrada nos resultados desta revisão sistemática da literatura. Ao pesquisarmos na BVS, abrangendo LILACS e SCIELO, foram encontrados 6.128 artigos que, ao passarem pelo teste de relevância reduziram-se a 7 em seguida passando pelo teste de exclusão não sendo utilizados para a revisão sistemática. Todos os artigos encontrados discutem em meio o assunto, os efeitos colaterais do anabolizante, mas não em especificidade. Complicações, tais como a aterosclerose e o infarto agudo do miocárdio (IAM) em usuários de esteróides anabolizantes podem ocorrer devido a alterações no metabolismo de lipoproteínas e presença de disfunção endotelial. A participação 71 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. do endotélio na produção de substâncias vasodilatadoras pode estar comprometida. O uso de esteróides anabólicos androgênicos também está normalmente relacionado com as influências sobre a resposta hipertrófica do ventrículo esquerdo. Avaliando atletas de elite levantadores de peso, verificaram que os usuários de esteróides anabolizantes apresentavam maior aumento na espessura da parede ventricular esquerda do que os atletas não-usuário. Além disso, um estudo bem delineado, realizado em atletas de força, demonstrou com exame de ecocardiografia que o remodelamento cardíaco que ocorre como efeito do uso de esteróides anabolizantes não é reversível (ROCHA et al, 2007). Os efeitos adversos físicos e psicológicos dos EAA permanecem incompletamente documentados, havendo mais comumente envolvimento hepático, endócrino, músculoesquelético, cardiovascular, imunológico, reprodutivo e psicológico, que podem ser divididos em três tipos: efeitos virilizantes; efeitos feminilizantes, mediados pelos metabólitos estrogênicos do esteróide; e efeitos tóxicos, geralmente mediados por mecanismos incertos. Dentre os efeitos virilizantes, salientam-se o aumento da libido, aumento do pênis, tom de voz mais grave, distribuição masculina dos pêlos pubianos, aumenta de secreção das glândulas sebáceas e aumento dos pêlos faciais. A acne, comum em usuários, está relacionada ao aumento das glândulas sebáceas e a maior secreção por estas. Dentre os efeitos virilizantes em mulheres, salienta-se a irreversibilidade do aumento do clitóris e da alteração da voz para um tom mais grave. (BARROS et al, 1999). Os efeitos mais observados relatados pelo total de usuários do sexo masculino foram: aumento da libido, alteração do humor, agressividade e o aparecimento de acne e ginecomastia. No caso do sexo feminino, não houve quantificação confiável em virtude do número muito pequeno. Todavia, todas relataram pelo menos alguns dos seguintes efeitos: atrofia das mamas, aumento do clitóris, aumento da quantidade de pêlos, engrossamento da voz ou rouquidão, irregularidades no ciclo menstrual, aumento da libido e aparecimento de acne (SILVA e MOREAU, 2003) A necessidade de se obter informações seguras sobre a toxicidade dos anabolizantes cresce a cada ano, pois o uso indiscriminado da droga aumenta intensamente tornando-se um problema de saúde pública. 72 CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De; MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010. REFERÊNCIAS AQUINO Neto F.R. O papel do atleta na sociedade e o controle de dopagem no esporte. Revista Brasileira Med Esporte. 2001;7(4). FORTUNATO R.S., ROSENTHAL D.; Carvalho D.P. Abuso de Esteróides Anabolizantes e seu Impacto sobre a função Tireóidea. Arquivo Brasileiro Endocrinol Matabolica. 2007; 51-9. IRIART J.A.B.; ANDRADE T.M. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturista de um bairro popular de Salvador. Bahia, Brasil. Caderno de Saúde Pública. 2002; 18(3): 1379-1387. SANTOS A.F.; MENDONÇA P.M.H.; Santos L.A.; Silva N.F.; Tavares J.K.L. Anabolizantes: conceito segundo praticantes de musculação em Aracaju (SE). Psicologia em Estado, Maringá. 2006; 11(2): 371-380. SILVA L.S.M.F.; MOREAU R.L.M. Uso de esteróides anabólicos androgênios por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência Farmacêutica. 2003. LISE M.L.Z. Game; SILVA T.S., FERIGOLO M; BARROS H.M.T. O abuso de esteróides anabólico androgênicos em atletismo. Revista da Associação Medica Brasil 1999; 45(4): 364-370. ROCHA F.L., ROQUE F.R.; OLIVEIRA E.M. Esteróides anabolizantes: mecanismos de ação e efeitos sobre o sistema cardiovascular. O Mundo da Saúde São Paulo. 2007; 31(4): 470-477. RIBEIRO P.C.P. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos. Adolescencia Latinoamericana. 2001; 2(2): 97-101. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. INCIDÊNCIA DE HIV/AIDS EM IDOSOS DO SEXO MASCULINO E FEMININO, RESIDENTES NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2004 A 2008 Maria Cilene Barbosa Maranhão Rose Ednamar Alves Franca Elizete Vargas de Almeida Ferreira Suzana Aparecida da Paixão Resumo: Abstract: Desde o seu surgimento na década de 80 a AIDS, vem sendo como uma sombra para todos os seguimentos populacionais, seguindo de questionamentos e de grande impacto de mudanças comportamentais para a sociedade, causados pelo medo de uma doença que nessa época ainda era tida como uma maldição dos homossexuais, isso por serem os primeiros à manifestarem a patologia. Segundo dados do Ministério da Saúde (2007), entre os anos de 1996 e 2006, houve um aumento da taxa de incidência de AIDS entre indivíduos com mais de 60 anos de idade, nos homens, a taxa de incidência passou de 5,8 para 9,4, e nas mulheres, cresceu de 1,7 para 5,1 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2006). A epidemia da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) em idoso representa dentro dos estudos realizados, um fenômeno global, dinâmico e instável. Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica, com o objetivo de descrever a incidência de AIDS nos idosos e seus respectivos fatores de risco e prevenção, no período de 2004 a 2008. Os resultados encontrados demonstraram informações insuficientes dos profissionais de saúde relacionada à AIDS em idosos; Taxa de incidência com predomínio heterossexual; ser velho e ter AIDS e ser duplamente discriminado; prevalece o preconceito; práticas sexuais desprotegidas e falsa crença de que estes não se encontram em risco de contrair o HIV. Conclui-se ser relevante a realização de campanhas de política de saúde e nas unidades básicas de saúde dentre outras, bem como a capacitação dos profissionais de saúde, a fim de que aprimorem seu conhecimento sobre o tema, possibilitando a orientação a um maior número de idosos sobre o assunto, diminuindo assim a crescente disseminação desta doença, favorecendo promoção, prevenção e reabilitação nesta faixa etária. AIDS appears in the 80's as a shadow for all segments of the population. Hardest hit in the beginning of the epidemic showed a significant decline over time. Currently, however, are notable changes in incidences of AIDS by age group, showing stabilization with some declines in all tracks except the age group 50 to 70an. The epidemic of infection with human immunodeficiency virus (HIV) and acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) is a global phenomenon, dynamic and unstable; the form occurring in different regions of the world depends, among other factors, human behavior and individual collective. This study consists of a literature review, in order to describe the incidence of AIDS in the elderly. The results showed that HIV infection is often diagnosed in the elderly only after an extensive investigation and exclusion of other diseases, delaying diagnosis and treatment. One of the challenges for the prevention of HIV / AIDS among the elderly is the mistaken belief that they are not at risk of contracting HIV. The lack of awareness of health professionals is also a barrier to educating seniors about the risks of disease. For the year 2050, life expectancy in Brazil and around the world, is that there will be older than children under 15 years, this phenomenon never observed. It would be important to carry out activities such as training of health professionals, including the clinic, which would enable a greater number of older people, should be focused on the subject, thereby reducing the increasing spread of the disease, favoring a promotion, prevention in this age grow. Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de SÁ. E-mail: [email protected]. Fone: (62) 39420793; Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá. Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá. Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá. 74 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. Palavras-chave: Idoso, Síndrome da Imunodeficiência Humana e Incidência Key-words: Elderly, Human Immunodeficiency Syndrome and Incidence INTRODUÇÃO Segundo Stephenson (1998) o caso mais antigo confirmado de infecção por HIV foi encontrado no sangue coletado de um homem africano em 1959 (BRUNNER & SURDDARTH, 2005). A AIDS surge no Brasil na década de 80 como uma sombra para todos os seguimentos populacionais (BRASILEIRO 2005). As principais formas de transmissão eram a sexual, entre homens que fazem sexo com homens, transfusão de sangue e o uso de drogas injetáveis; no início dos anos 90, predominava o heterossexual com aumento de incidência no sexo feminino (ministério da saúde, 2002 campanha). A epidemia da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da AIDS representa um fenômeno global, dinâmico e instável, cuja forma de ocorrência nas diferentes regiões do mundo depende, entre outros determinantes, do comportamento humano individual e coletivo (BRITO; CASTILHOS; SZWARCWALD, 2001). Durante a década de 80 no século XX ocorreu à pandemia da AIDS, (M.S, 2007). Sua disseminação entre 1980 até 2000 foi de 190.949 casos registrados na coordenação nacional de DST e AIDS (M.S, 2000); conseqüentemente o índice está cada vez mais elevado apresentando de 2000 a 2007, 283.324 casos notificados de AIDS no Brasil (BRASIL, 2006). Desde o início da epidemia, o grupo etário, mas atingido, em ambos os sexos, tem sido de 20 a 39 anos com 70% de casos de AIDS notificados até 03/06/2000 (MS, 2000). O número de casos de aids, em pessoas idosas, notificados ao Ministério da Saúde, na década de 80, eram apenas 240 em homens e 47 em mulheres. Na década de 90, verifica-se um total de 2.681 homens e 945 mulheres. Do primeiro caso, nessa população até junho de 2005, o total de casos passou para 4.446 em homens e 2.489em mulheres. (BRASIL, 2006). Atualmente são notórias as mudanças na incidência da AIDS por faixa etária, o que demonstra uma estabilização com alguns declínios em todas as faixas com exceção da faixa etária de 50 a 70 anos (FEITOSA, 2004, apud CHAIMOWICZ, 1998). Entre os anos de 1996 e 2006, houve um aumento da taxa de incidência de AIDS entre indivíduos com mais de 60 anos de idade, nos homens, a taxa de incidência passou de 5,8 para 9,4, e nas mulheres, cresceu de 1,7 para 5,1 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2006). No Brasil, a incidência da 75 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. AIDS na faixa etária de 60 a 69 anos em 1990 subiu de 6, 84 casos/100.000 habitantes para 18, 74 casos em 1998 (SOUSA, apud MATSUSHITA, 2001). Dados exposto na literatura, estimam para o ano de 2020 que a população idosa no mundo poderá exceder a 30 milhões de pessoas, representando 13% da população (IBGE, 2006) e conseqüentemente no ano de 2025 as pessoas idosas representarão um quinto da população mundial (Brasil, 2002); a expectativa de vida no Brasil, no ano de 2050 e que existam cerca de dois bilhões de pessoas com 60 anos ou mais em todo mundo, é de que existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenômeno esse nunca observado. Juntamente com esta mudança, ocorrem alterações na incidência e prevalência das doenças (M.S, 2006). Comparativamente o Brasil poderá situar-se entre as seis maiores população de idosos no mundo (SOUSA, 2008 apud CHAIMOWICZ, 1998). O fenômeno de crescimento da AIDS entre os idosos não ocorre só no Brasil, mas de acordo com um relato do Centers for Disease Control and Prevetion, entre 1981 a 1989, 3% dos pacientes com AIDS nos Estados Unidos tinham 60 anos de idade ou mais (BRUNNER e SURDDARTH, 2005). Desde 1970 a população de idoso cresce em termos proporcionais, mais do que qualquer outra faixa etária no Brasil. (LIMA, 2009 apud BRASIL, 2002; ARAÚJO, et al 2003). Entre 1950 á 2025 a população idosa crescerá 16 vezes, enquanto que a população total crescerá cinco vezes, com isto é provável em que 2025 o Brasil seja a 6ª maior população de idoso no mundo com aproximadamente 32 milhões de pessoas (LIMA, 2009 apud BRASIL, 2002). A Política Nacional do Idoso foi instituída através da Lei n.º 8.842, de 04/01/94 e regulamentada através do Decreto n.º 1.948, de 03/07/96, com o objetivo de garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde, além de prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas (BRASIL, 1996). No Estatuto do Idoso a Lei 10.741, de 1º de Outubro de 2003 consideram como idosos todos os que compõem a população de 60 anos ou mais (Brasil. MS, 2006). Enganoso pensar, porém, que as pessoas idosas não fazem sexo e não usam drogas, a despeito de poucas campanhas de prevenção dirigidas a essa população. Este grupo etário está menos informado sobre HIV e pouco consciente de como se protegerem. (ARAUJO, et al,2007 apud SSE CEARÁ, 2005) .O vírus da Imunodeficiência humana (HIV) responsável pela Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença complexa, infecciosa causada pela destruição dos linfócitos T CD4+ responsável pela a defesa do 76 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. organismo (M.S, 2006); quando a pessoa com HIV estiver apresentando algum sintoma, seu sistema imunológico já está debilitado, com contagens de TCD4+ abaixo de 500 células/uL (LAZZAROTO, 2008 apud ABBAS, 2005). Entrevista feita entre 2001 a junho de 2008 no interior de São Paulo em 191 prontuários de diagnóstico com HIV/AIDS com idade média de 60,6 anos, 45,5% sexo feminino e 54,5 do sexo masculino e 83,8% apresentavam escolaridade de primeiro grau e 49,2% tinha o TCD$+ menor que 200cel/mm3, com taxa de mortalidade 46,6%.( ULTRAMARI, et al, 2008). Velhice sem sexualidade é um mito (ARAÚJO, et al, 2007). Com o avanço das grandes inovações científicas, tecnológica e a chegada da modernidade, houve melhorias nas condições de vida da população, aumentando assim a longevidade do idoso, porém, os costumes foram mudados, com relacionamentos pouco duradouros. Com estas mudanças de valores, de atitudes e de comportamentos, fica ainda mais evidente ao constatar que as taxas de infecções por (DST) doenças sexualmente transmissíveis inclusive HIV/AIDS estão aumentando rapidamente entre pessoas com mais de 50 anos (ZORNITTA, 2008), implicando assim na necessidade do desenvolvimento de política pública de ações especificas sobre idoso, para promoção de seu bem estar físico, social, econômico e psicológico (ARAÚJO, et al, 2003 apud Nascimento et al, 1998). O avanço das tecnologias de diagnóstico e assistência em HIV/AIDS, associada à política brasileira de acesso universal à terapia anti-retroviral e a implementação de uma rede de serviços qualificada para o acompanhamento, promove o aumento da sobrevida e da qualidade de vida das pessoas que vivem com o HIV ou com a AIDS (BRASIL, 2006). Em 2004, pesquisa de abrangência nacional estimou que no Brasil, vivem o HIV/AIDS, 208 mil são mulheres (0,42%) e 385 mil são homens (o,80%) (Saúde, M.S, olhar o ano). A incidência de AIDS no idoso tem passado despercebida pelas políticas de saúde e de desigualdade, sendo excluídas da política de proteção e de prevenção ás doenças sexualmente transmissíveis DST e AIDS (ARAÚJO, 2007). A transmissibilidade é através de transfusão de sangue, sexo oral, vaginal, anal, seringas compartilhadas, liquido seminal e amniótico, leite materno e outras (BRUNNER & SURDDARTH, 2005). Trazendo dois fatores emergentes: o incremento da notificação de transmissão do HIV após os 60 anos de idade e o envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV (BRASIL, 2006). O impacto da AIDS nesse grupo etário não representa apenas o diagnóstico da doença, mas o fato de se tratar certos hábitos, até então não revelados, como a sexualidade, escondida 77 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. na pele enrugada e nos cabelos brancos onde há libido é traduzida pelo preconceito (GORINCHTEYN, 2005). Mais de vinte anos após o início das notificações de casos de AIDS, emerge um novo perfil da epidemia - uma ―nova geração‖ de idosos com AIDS, expondo uma sexualidade, até então, negada/ignorada e, a vulnerabilidade desse segmento populacional ás DST e AIDS (ZORNITTA, 2008). As manifestações dessa infecção incluem cefaléia, tosse, diarréia, gânglios inflamados, imunidade reduzida, diminuição do apetite e do peso, apatia, fadiga e cansaço (LEITEA, 2007). O médico não acredita que o idoso possa está infectado com HIV e, por isso, não pede o exame imediatamente diante dos primeiros sintomas (LAZZAROTTO, 2008). Segundo um estudo realizado no Rio Grande do Sul, no vale dos sinos entre novembro e dezembro de 2008, com amostragem de 510 integrantes acima de 60 anos, em questão relativa a transmissão pelo HIV, 41,4%, acreditavam que a picada de mosquito poderia transmitir AIDS, 80% referiram não usar preservativo durante as relações sexuais (LAZZAROTTO, 2008). A longevidade é sem dúvida um triunfo, pois idoso é, todo indivíduo com sessenta anos em países desenvolvidos e 65 em países subdesenvolvidos (BRASIL, 2006). Frente aos avanços da tecnologia e da atenção á saúde, as pessoas da terceira idade vivem uma nova realidade nunca antes experimentada em outras épocas, desinformação, preconceitos, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que provavelmente contribui para o aumento dos casos de HIV/AIDS, principalmente indivíduos de baixa escolaridade. (BRASILEIRO, 2006). Estudo realizado sobre prevenção, no rio Grande do Sul mostra que, mesmo sabendo que o preservativo evita a transmissão do HIV, as mulheres não utilizava durante as relações sexuais, como já estão na menopausa, sem risco de engravidar, acreditam que não necessita de proteção, sem insistência do parceiro no uso de preservativo. (LAZZAROTTO, 2008 apud, IBGE, 2006). O enfoque da promoção da saúde o possibilita princípios relativos á saúde do idoso, entre os quais: velhice não é uma doença, mas sim uma etapa evolutiva da vida; a maioria das pessoas de 60 anos ou mais apresentam boas condições de saúde, mas ao envelhecer perde a capacidade de se recuperar das doenças rapidamente e de forma completa (MONTENEGRO, 2007). A não inclusão do idoso em campanhas de prevenção, fez com que se sentissem a margem dos riscos de serem contaminados pelo o HIV e assim expondo desprotegidos em suas relações sexuais (GORINCHTEYN, 2005) 78 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. Segundo OLIVEIRA, (1999) ―não está preocupado com longevidade hoje experimentada por muitos, mas com a boa qualidade de vida, sonhada por todos, que é privilégio de alguns‖ (BRASILEIRO 2005). Munk e Jenison (2004) relatam que os idosos se contaminam da mesma maneira que os jovens, entretanto, os idosos podem não estar conscientes de estarem em risco de infecção pelo HIV ou não sabem como se proteger (ZORNITTA, 2008). Fator preocupante que, na maioria das vezes, só se descobre a soro positividade de um idoso quando este já se encontra em estágios avançados da AIDS, dificultando assim o tratamento com antiretrovirais e diminuindo assim a sobrevida dessas pessoas (Feitosa, 2004). Estudo feito no interior de São Paulo ilustra fala de paciente: “ninguem discofia que velho tem aids, tava com sintomas de diarréia...o médico não achava nada. Fui num, fui noutro, o remédio parecia errado...disseram que era herpes e que precisava de otorrino, ai fui no otorrino e indicou outro que pediu exame desse trem qui oceis fala. Fiquei onze dias internada, não vi o exame, também nem podia imaginar que tinha”. (VITALLE) A AIDS ainda não tem cura, porém a profilaxia pós-exposição não deve ser considerada um método aceitável para evitar a infecção por HIV, mas para tratar infecção estabelecida, sendo o ideal começar imediatamente após a exposição, até que uma vacina efetiva seja desenvolvida é essencial à prevenção do HIV por meio da eliminação ou redução dos componentes de risco. O esforço de prevenção primaria por meio de programas educativos efetivos são vitais para o controle e prevenção (BRUNER & SURDDARTH, 2005). No entanto, as pessoas com idade acima de 50 anos e com baixa escolaridade, quando infectadas pelo HIV, tendem a manifestar os efeitos da imunodepressão de forma mais acelerada que as pessoas jovens, porque têm acrescidos à AIDS os efeitos de outras doenças que freqüentemente aparecem com a aproximação da terceira idade. Em se tratando de pessoas com 65 anos ou mais, os efeitos são ainda mais graves (BRASILEIRO, 2006). O profissional de enfermagem torna-se relevante para prestar assistência aos idosos diagnosticados por AIDS, visto que sua essência é cuidar de forma eficiente, sistematizado e holístico, a fim de promover a assistência eficaz (DEJOURS et al., 2004). Há uma carência de informações que os idosos necessitam, visto que o número da população idosa infectada pelo vírus da AIDS aumentou consideravelmente no mundo (SILVA, et al, 2007). 79 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. Estudos realizados sobre a terceira idade demonstram mudanças significativas na pirâmide populacional. Casos de AIDS em população idosa acima de 60 anos em Goiás entre 1980 a 2008, total de 848 casos notificados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), taxa de incidência por 100.000 hab. em 1996 representou 4,1 em 2007 8,7. Quanto á sexualidade em 2008: masculino 426 e feminino 274 (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2007). Parte de dados extraídos do Boletim Epidemiológico ilustra nos gráficos e tabelas abaixo: GRÁFICO 1: Taxas de incidência de AIDS (por 100 mil hab.) segundo região de residência e ano de diagnostico em pessoas com 50 anos e mais. Brasil, 2004 a 2007. Nordeste Incidencia de AIDS por 100.000 hab Norte Centro Oeste 25 Sudeste 20 Sul 15 10 5 0 2004 2005 2006 2007 FONTE: MS/SVS/PN-DST/AIDS GRÁFICO 2 : Taxas de incidências de AIDS (por 100 mil hab.) do sexo masculino e feminino segundo faixa etária acima de 60 anos e ano de diagnostico. Brasil, 2004 a 2007. 80 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. 16 60 a 69 M 60 A 69 F Incidênicia de AIDS 14 >70 M 12 >70 F 10 8 6 4 2 0 2004 2005 2006 2007 Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS. A taxa de incidência na faixa etária de 60 a 70 anos no sexo masculino representa um índice bem elevado em relação ao sexo feminino na mesma faixa etária mantendo um índice instável. Portanto no sexo feminino de 60 a 70 anos sofre um leve aumento, 70 anos acima, mantém a incidência estável. Esse gráfico ilustra que as áreas em ambos o sexo de 60 a 70 anos, são mais ativos que os acima de 70 anos. Tabela 1: Casos de AIDS notificados em indivíduos >50 anos, categoria de exposição do Masculino e ano de diagnóstico no Brasil de 2004 a junho de 2008. Exposição Masc. 2004 N 2005 % 2006 N % 2007 N % N % 2008 N % Homossexual 194 9,4 215 11,4 192 10,4 164 10,4 32 10,9 Bissexual 187 9,4 166 8,8 167 9,0 113 7,2 23 7,8 Heterossexual 1059 53,1 994 52,7 960 51,5 854 54,3 155 52,7 Total: 1996 100,0 1886 100,0 1850 100,0 1576 100,0 294 100,0 Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.- Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 30/06/2008 e no SIM de 1980 a 2008( Boletim Epidemiológico, 2008). 81 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. Dentro do perfil de incidência da AIDS em idoso >50 anos no Brasil a tabela 1 revela a incidência de AIDS na exposição heterossexual mantendo média quase que instável; o homossexual instável e o bissexual nos dois últimos anos uma leve queda. TABELA 2: Casos de AIDS notificados em indivíduos >50 anos, categoria de exposição Feminino e ano de diagnóstico no Brasil de 2004 a junho de 2008. Exposição 2004 Feminina N Heterossexual 1133 2005 % N 2006 % 98,4 1189 98,4 N 2007 % 1085 97,4 N 2008 % 913 97,9 163 Transfusão 3 0,3 1 0,1 4 0,4 1 0,1 Ignorado 5 0,4 0 0,0 2 0,2 8 0,1 Total: 1151 100,0 1208 100,0 1114 100,0 N 993 100,0 1 1 % 97,0 0,6 0,6 168 100,0 Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS - Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 30/06/2008 e no SIM de 1980 a 2008( Boletim Epidemiológico, 2008). A via de transmissão heterossexual constitui a mais importante característica da dinâmica da epidemia, em 1984 6,6% para o ano 1988 39,2% com predomínio masculino (BRITO 2001 apud BRASIL, 1982-2000). A tabela ilustra parte de dados retirados segundo o (Boletim Epidemiológico, 2008) o número de práticas sexuais de 2004 a 2008 identificando predominância relevante na categoria feminino, porém em patamar decrescente a partir de 2006. As campanhas veiculadas pela mídia para conscientização da necessidade de sexo protegido foram de fundamental importância na modificação de práticas sexuais nas várias categorias de pessoas especialmente para os homossexuais, que modificaram seus hábitos, não só com uso de preservativo, com redução de números de parceiros nas suas relações, tendo como conseqüência o declínio no número de pacientes com HIV/AIDS deste grupo (GORINCHTEYN, 2005). E crescente o número de pesquisas que mostram o indivíduo acima de 50 anos está cada vez mais ativo sexualmente, fato observado após a liberação do uso de medicamentos que melhora o desempenho sexual do homem, principalmente o Viagra (Feitosa, 2004 apud chaimowicz, 1998). Enquanto a AIDS é percebida como uma doença de pessoas na idade reprodutiva, indivíduos acima dos 60 anos de idade de idade tem sua 82 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. representação no total das epidemias da AIDS, em provável crescimento, a partir da estimativa de que a pessoa com essa faixa etária tem, no mínimo, o sexo desprotegido como um fator de risco para contrair o HIV (SOUSA, 2008 apud STALL, 1994). Segundo o relatório UNAIDS, 2007, estima-se atualmente no mundo, 32,2 milhões de pessoas infectados pelo o HIV/AIDS, e já matou desde seu surgimento25 milhões de pessoas (BRASIL, 2007) Estudos descrevem fatores relacionados com a incidência do HIV e da AIDS neste grupo etário, justificando, a necessidade de discutir a disfunção indiscriminada dos medicamentos para a disfunção erétil em uma parcela cada vez mais crescente e que não teve o hábito de lidar com métodos preservativos em décadas passadas e não se sente vulnerável as DST e pela possibilidade de direcionamento de campanhas preventivas específica a este grupo, até então excluída das discussões de vulnerabilidade ao HIV e AIDS (SOUSA, 2008). Os profissionais de saúde, e em especial os médicos, do clínico geral ao geriatra, não valorizam as queixas sexuais do paciente idoso. Evitam tocar nesse assunto, seja por medo de não saberem lidar com ele, seja por não saberem o que fazer com as respostas que as pessoas podem dar. (BRASIL,2006). Conhecer sobre a AIDS implica em saber sobre aspectos clínicos da patologia, mecanismo de ação, cuidados técnicos ao paciente e a adesão do conhecimento acerca dos respectivos cuidados tangentes aos idosos, provendo o auto cuidado e até mesmo priorizando a estes a vida sexual ativa e sua independência. A categoria médica apresenta suas dificuldades em lidar com as disfunções sexuais no idoso, portanto, não está acostumada a investigar a questão ligada a esfera da sexualidade (SOUSA, 2008 apud BERG, 2000; CERQUEIRA, 2002). OBJETIVOS Apresentar uma revisão de literatura científica caracterizando o tema incidência de HIV/AIDS nos idosos, masculino e feminino a partir de 60 anos no Brasil, entre o ano 2004 a 2008; A partir das informações analisadas, decidiu-se estudar esse novo contexto, com o objetivo de descrever a incidência de HIV/AIDS nos idosos, relatando os riscos expostos a AIDS, o impacto desta sobre os idosos, bem como a importância da prevenção, visando a 83 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. fornecer as bases para nortear essa categoria e auxiliar na orientação dos profissionais que os atendem, com a expectativa de diminuir a incidência gritante da AIDS nesta faixa etária. MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e retrospectivo com análise sistematizada e quantiqualitativo. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986). A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego da quantificação na coleta e tratamento das informações, por meio de técnicas estatísticas, a fim de evitar distorções na análise e interpretação de dados. E o estudo retrospectivo consiste na obtenção de dados compreendidos num espaço de tempo para análise e discussão (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986. Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Birene. Foram utilizados os descritores: Incidência, vírus da imunodeficiência humana e Idoso. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde - LILACS, National Library of Medicine – MEDLINE e Bancos de Dados em Enfermagem – BDENF, no período de Fevereiro a Novembro de 2009, Caracterizando assim o estudo retrospectivo, em todos os idiomas, buscando as fontes virtuais, os anos, os periódicos, os idiomas, os métodos e os resultados comuns. Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que abordassem o tema e possibilitasse um breve relato da evolução do assunto o relacionado à enfermagem. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sinterização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa. (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986). Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos 84 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais importantes (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986) . A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos, em fichas estruturadas, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação de três categorias. Os resultados foram submetidos às leituras por professores da Universidade que concordaram com o ponto de vista dos pesquisadores. A seguir, os dados apresentados foram submetidos a análise estatística simples e convertidos em tabelas do Word (tipo clássica 1), levando-se em consideração uma margem de erro de 0,05%. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do relatório final e publicação do trabalho no formato Vancouver. A partir das informações disponibilizadas, decidiu-se estudar esse novo contexto, com o objetivo de descrever a incidência de HIV/AIDS nos idosos, relatando os riscos expostos a AIDS, o impacto desta sobre os idosos, bem como a importância da prevenção, visando a fornecer as bases para nortear essa categoria e auxiliar na orientação dos profissionais que os atendem, com a expectativa de diminuir a incidência gritante da AIDS nesta faixa etária. DISCUSSÃO Percebe-se neste estudo que o aumento da expectativa de vida nesta faixa etária é excelente, devido os avanços da tecnologia para melhora da qualidade de vida, mas por outro lado torna-se preocupante pelas práticas sexuais sem preservativo, tabu e a idéia que estes têm não ser vulnerável de contrair o HIV, e desenvolver a AIDS, uma vez que a maioria dos idosos são portadores de alguma doença crônica, deixando seu sistema imunocomprometido. Seria relevante a políticas de saúde investir através da mídia campanhas que abrangesse este segmento populacional, não esquecendo as outras faixas etárias, que também necessitam que esse número de incidência sofra um declive importante. 85 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos, dez anos, ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, (ou outras revistas tais como FEN, REBEN, etc.) utilizando-se as palavras-chave: incidência, Vírus da Imunodeficiência Humana e Idoso. Encontrou-se 38 artigos publicados entre 2000 e 2009. Foram excluídos 17, sendo, portanto, incluídos neste estudo 20 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de 90%diversos autores a respeito da incidência de AIDS no idoso, 100% risco e prevenção de AIDS no idoso. Em decorrência do progressivo aumento do número de casos de HIV/AIDS nessa faixa etária, observa-se a necessidade de estudar este novo contexto, com o intuito de fornecer subsídios para avaliação do desempenho profissional no atendimento prestado e para a elaboração de medidas efetivas visando a promover melhor atendimento a essa população. Um dos desafios para a prevenção da incidência pelo HIV/AIDS entre os idosos é a quebra do tabu da falsa crença de que estes não se encontram em risco de contrair o HIV. A utilização de jovens nas campanhas impede ao idoso a percepção de estar, também ele, de risco de contrair o vírus do HIV, afastando-o assim dessa realidade. É importante lembrar que a realização de ações de prevenção nas Unidades Básicas de Saúde, assim como a capacitação de seus profissionais, possibilitará que um maior número de pessoas idosas seja orientado sobre o assunto. Deve-se enfatizar que o idoso deve ser acolhido sem discriminação, independente de sua condição, atividade profissional, orientação sexual ou estilo de vida. Uma vez que o idoso tem dificuldade de tocar publicamente em questões de sexualidade, até então silenciosa, com suas preferências e práticas sexuais, carrega um grande tabu que esbarra no preconceito geral e do próprio idoso. Esperamos que esse estudo possa vir a contribuir com ações de promoção, prevenção e de esclarecimento HIV/AIDS/DST, voltada para esse segmento populacional, visando diminuir a incidência de HIV/AIDS; bem esclarecimento quanto a sexualidade nos idosos, a fim de diminuir o preconceito e estigma familiares e população geral, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIA 86 ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010. ARAÚJO, M. A. S, et al. Perfil do Idoso Atendido por um Programa de Saúde da Família em Aparecida de Goiânia. Revista UFG. Vol. 5, No.2, dez. 2003. Acesso 10/08/09. ARAÚJO, V. L. B et al. Características da AIDS na Terceira Idade em um Hospital de Referencia do Estado do Ceará, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. São Paulo: 2007. vol. 10 nº. 4 BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO AIDS 2007. Disponível em: http://www.aids.gov.br/data/documents/storedDOCUMENTS/%7BB8EF5DAF-23AE-4891AD36-%7B72157B6-FE7A-40DF-91C4-Boletim 2008. Acesso em 14 de agosto de 2009. BRASIL. Estatuto do Idoso (1996). Lei n. 8.842, de 4 de novembro de 1994. Brasília: Senado Federal. BRASIL. Ministério da saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Relatório UNAIDS, 2007. 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Apostila(Dissertação apresentada com vista à obtenção do título de Mestre em ciências na área da saúde pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca ENSP. Rio de Janeiro, 2008. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. O TRANSTORNO BIPOLAR: AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA A ENFERMAGEM E PELA FAMÍLIA Shirlei Pinheiro Shirley Caldeiras Suzyanne Guimarães Tarso Taveira de Morais Edicassia Rodrigues de Morais Cardoso Resumo: Abstract: Trata-se de um estudo utilizando revisão bibliográfica de citações de artigo no período de 1994 a 2009, que teve como objetivo entender o transtorno bipolar, etiologia, tratamento, prognósticos, e como reage a equipe de enfermagem e os familiares envolvidos com o cliente, como motivadores de recuperação e inserção do mesmo no contexto social. O estudo tem como objetivo conhecer as dificuldades da enfermagem e contribuir para o melhoramento e esclarecimento de algumas duvida sobre a patologia em questão e as ações da equipe diante do cliente em tratamento e em relação ao questionamento familiar sobre a describilidade em relação à cura. This is a study using literature review article citations from 1994 to 2009, which aimed to understand the disorder, etiology, treatment, prognosis, and how you react to the nursing staff and family members involved with the client, as motivators of recovery and reintegration of the same social context. The study have the objective understand the difficulties of nursing and help to improve and clarify some doubts about the pathology in question and the team's actions on the client's treatment and in relation to questioning about family describilidade for curing. Palavras-chave: Key-words: Transtorno Bipolar, Enfermagem, Saúde da Família. Bipolar disorder, Nursing, Family Health. INTRODUÇÃO O estado emocional interno mais constante de cada pessoa é conhecido como humor. Pessoas sadias possuem ampla faixa de humores e de expressões afetivas e possuem certo controle sobre seus humores e afetos. Os transtornos do humor são alterações desse estado, provocando elevações ou diminuições desse, com perda da sensação de controle e Shirlei Pinheiro, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. email: [email protected] Shirley Caldeiras, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. email: [email protected] Suzyanne Guimarães, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Fone: email: [email protected] Tarso Taveira de Morais. Graduando em enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás, [email protected] Orientadora: MS. Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso, Profª. da Faculdade Estácio de Sá Goiás. email: [email protected] 89 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. provocando sofrimento, comprometimento ocupacional social e interpessoal. Deve-se levar em consideração que a “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (OMS). ―A pessoa apresentando o quadro de mania mostra um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo, excessivamente eufórico e alegre, às vezes com períodos de irritação e explosões de raiva, contrastando com um período de normalidade, antes de a doença manifestar-se. Além disto, há uma auto-estima grandiosa (com a pessoa sentindo-se poderosa e capaz de tudo), com necessidade reduzida de dormir (a pessoa dorme pouco e sente-se descansada), apresentando-se muito falante, às vezes dizendo coisas incompreensíveis (pela rapidez com que fala), não se fixando a um mesmo assunto ou a uma mesma tarefa a ser feita.‖ (ABC DA SAÚDE, 2001). O humor segundo AURÉLIO 1994, é a capacidade de expressar o que é cômico ou divertido, qualquer expressão verbal é diagnosticada de acordo com o que traduz, seja dor, seja sono, ou qualquer outra expressão verbal, o corpo fala. O enfermeiro trabalha muito no sentido de traduzir essas expressões verbais, pois permanece muito tempo com o paciente e o avalia aplicando na sistematização do cuidar. Quando o humor da pessoa fica anormal por um tempo prolongado, é necessário que observe essa pessoa para ver como ela se sente se depois não apresenta quadro de tristeza com tentativas de suicídio, o mais preconiza esse tipo de transtorno. A divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimido que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão (BENAZZI, 2001). Benazzi (2001) cita que o transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de 90 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno afetivo bipolar. Para Cruz, (2007) é freqüente que pacientes com transtorno bipolar procurarem os serviços de emergência. Pode vir para obter um primeiro contato com o serviço de psiquiatria, iniciar tratamento medicamentoso, ser encaminhado para o serviço ambulatorial, referir retorno dos sintomas, solicitar receitas de medicamentos que já utilizaram e por vários motivos estão esses. Enfim existem várias e diferentes motivações para a procura desses ao serviço. Cada situação deve seguir o bom senso e não se devem ter protocolos uniformes no serviço. O melhor è tratar cada caso isoladamente e decidir especificamente para cada caso, qual a melhor conduta a ser estabelecida. Pessoas que tinham mudanças de comportamento em curto prazo eram denominadas como psicótico isto para CRUZ leva muito a terem que buscar um serviço de emergência, porque as características do bipolar no período depressivo podem levar muitas vezes ao suicídio e a um surto equivalente a um psicótico. Com a mudança de nome o transtorno deixou de ser considerada uma perturbação psicótica para ser considerada uma perturbação afetiva. Os transtornos de humor constituem um grupo de condições clínicas caracterizadas pela perda deste senso de controle e uma experiência subjetiva de grande sofrimento. O humor pode ser normal, elevado ou deprimido. As pessoas normais experimentam uma ampla faixa dos humores e têm um repertório igualmente variado de expressões afetivas; elas sentem-se no controle, mais ou menos, de seus humores e afetos. Pacientes com humor elevado, isto é, mania, mostra espansividade, fuga de idéias, sono diminuído, auto-estima elevada, e idéias grandiosas. Pacientes com humor deprimido, isto é, depressão, tem perda do apetite, e pensamentos sobre morte e suicídio. (KAPLAN, 1997). O período que se encontra em momento de estabilidade mental é normal, elevado momento de euforia excessiva e o deprimido consideram-se em momento depressivo; podendo ocorrer em períodos elevados ou deprimidos pode ocasionar que ocorra suicídio. Para KAPLAN (1997) e CRUZ (2000), os episódios maníacos, hipomaníacos ou mistos habitualmente aparecem durante um período de dias até semanas. A natureza e a severidade da sintomatologia (especialmente episódios maníacos) podem impedir efetiva intervenção pelo paciente sozinho. Para algumas pessoas, há uma seqüência típica da progressão dos sintomas a um estado maníaco ou hipomaníaco, iniciando com um sintoma (insônia) e progredindo a outros (aumento do interesse sexual, sentimento de euforia). 91 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. Mudanças nos padrões de pensamento, processo cognitivo ou preocupação com certas idéias pode ser parte dessa progressão. Alguns são conscientes dessas mudanças cognitivas e podem dizer: "Aqui vou eu de novo. Eu sempre começo pensando dessa maneira quando eu estou ficando maníaco". Esse reconhecimento pode ser um passo importante em agir apropriada e precocemente para controlar os sintomas. Alguns pacientes têm consciência da sua mudança repentina de humor, mas outros não têm essa mesma consciência de conseguir distinguir seu episódio-maníaco ou eufórico. OBJETIVO GERAL Observar as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro e pela família ao lidar com paciente com transtorno bipolar. JUSTIFICATIVA O Transtorno Afetivo bipolar (TAB) é considerado uma doença psiquiátrica muito bem definida e, embora tenha um quadro clínico variado, nos despertou interesse junto com a convivência de uma acadêmica do grupo, com relação a seus familiares, e suas variações cíclicas. O processo de cuidar envolve preocupações, dedicação, envolvimento, respeito e responsabilidade de quem cuida para quem é cuidado. A demonstração de tais sentimentos da equipe de enfermagem transmite segurança e confiança ao paciente, principalmente em pacientes portadores de doenças psiquiátricas. Mostrar ao paciente que há o lado profissional, mas tentar aliviar as dores psicológicas, ouvindo, participando do seu dia, dando importância as suas palavras, mostrando qual a importância da medicação e a relação em sua volta para casa. DISCUSSÕES Segundo Porto (2002), estudos epidemiológicos (como o ―National Comorbidity Survey‖, nos Estados Unidos) indicam que o transtorno bipolar é relativamente freqüente (prevalência de 1,6% para o tipo I, e de 0,5% para o tipo II). Transtorno Bipolar I é um curso 92 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. clínico caracterizado pela ocorrência de um ou mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos. Com freqüência, os indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores. Por outro lado, a característica essencial do Transtorno Bipolar II é um curso clínico marcado pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores, acompanhados por pelo menos um Episódio Hipomaníaco. A idade média de início dos quadros bipolares situa-se logo após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na adolescência e outros possam começar mais tardiamente (após os 50 anos). Os episódios maníacos costumam ter início súbito, com rápida progressão dos sintomas; freqüentemente os primeiros episódios ocorrem associados a estressores psicossociais. Com a evolução da doença, os episódios podem se tornar mais freqüentes, e os intervalos livres podem se encurtar. Para algumas mulheres, o primeiro episódio maníaco pode acontecer no período puerperal. A incidência de casos de transtorno bipolar pode ocorrer, devido a grande stress mental, devido a grandes percas ou mudanças repentinas. Segundo Benazzi (2001) refere que o início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade. Nos últimos anos, tem-se reconhecido à importância dos quadros de ―hipomania‖ (quadros de mania mitigados, que não se apresentam com a gravidade dos quadros de mania propriamente ditam). Os quadros caracterizados por hipomania e pela ocorrência de episódios depressivos maiores têm sido chamados de ―transtorno visto que o uso de antidepressivos pode agravar seu curso, assim como também ocorre na doença bipolar com fases maníacas típicas (tipo I)‖. No transtorno bipolar (tipos I ou II) são recomendados os estabilizadores do humor. Nas fases mais agudas, é recomendado o uso de neurolépticos (antipsicóticos) atípicos (como a olanzapina é um antipsicótico atípico utilizado no tratamento de esquzofrenia episódio depressivo associados a distúrbio bipolar e episódios agudos de mania; ou a risperidona antipsicotico atípico usa-se em psicose delirante ) ou, por razões práticas, os neurolépticos clássicos (como o haloperidol é um fármaco utilizado pela medicina como 93 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. neuroléptico para evitar enjôos e vômitos; ou a clorpromazina é uma substância antipsicótica clássica ou típica em pacientes esquizofrênicos), em que pese o perfil de efeitos colaterais. Os transtornos geralmente manifestam-se dos 20-30 anos, podendo surgir na terceira idade ou pode ocorrer em qualquer faixa etária. É preciso avaliar cada caso em suas particularidades para dar início ao tratamento mais apropriado para cada paciente. A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida. Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar. Tem sido muito relevante a sugestão de hereditariedade. Segundo Cardno (1999), a concordância de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) entre gêmeos idênticos (monozigóticos) varia de 60% a 80%, e o risco de desenvolver TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) em parentes de primeiro grau de um portador de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) situa-se entre 2% e 15%. A quantidade de gêmeos monozigóticos onde não há concordância de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) reflete a importância dos fatores ambientais. Sobre os fatores ambientais associados ao Transtorno Bipolar do Humor (também conhecido como transtorno afetivo bipolar, antigamente era conhecida como psicose maníaca depressiva). Leandro Michelon e Homero Vallada (2005) citam Tsuchiya e colaboradores, que investigaram a possível associação entre TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) e fatores variados, tais como, demográficos (sexo, etnia), relacionados às complicações da gestação ou do parto, estação do ano no nascimento, nascimento em área urbana ou rural, antecedentes de lateralidade, ajustamento pré-mórbido, padrão socioeconômico, eventos estressantes de vida, disfunção familiar, perda de parente e história de epilepsia, trauma crânio encefálico, esclerose múltipla. De relevante ocorreu, nessa revisão da literatura, uma associação entre o TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) e a condição socioeconômica desfavorável, bem como com o desemprego, baixa renda e estado civil solteiro. Também houve associação da TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) com mulheres nos três primeiros meses do pós-parto. Inúmeras alterações na função cerebral têm sido descritas em pacientes apresentando quadros de depressão e mania. Pesquisas utilizando modelos genéticos, neuroanatômicos, neuroquímicos e de neuroimagem no TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) têm trazido importantes hipóteses teóricas e conceituais para o melhor entendimento de como 94 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. certos mecanismos biológicos podem afetar a manifestação clínica da doença, seu curso e sua resposta aos tratamentos. As classificações mais utilizadas em psiquiatria enfatizam o quadro clássico da mania. O diagnóstico pelo DSM-IV (classificação (e descrição) das Doenças Mentais da Associação Norte-Americana de Psiquiatria) requer humor persistente e anormalmente elevado, expansivo ou irritável durando pelo menos uma semana. De acordo com BENAZZI (2001), refere ainda que o transtorno bipolar caracteriza-se pela ocorrência de episódios de ―mania‖ (caracterizados por exaltação do humor, euforia, hiperatividade,( pode ser descrita como um estado físico em que uma pessoa fica facilmente agitada) loquacidade exagerada, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade e comprometimento da crítica) comumente alternados com períodos de depressão e de normalidade. Com certa freqüência, os episódios maníacos incluem também irritabilidade, agressividade e incapacidade de controlar adequadamente os impulsos. A pessoa apresentando o quadro de mania mostra um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo, excessivamente eufórico e alegre, às vezes com períodos de irritação e explosões de raiva, contrastando com um período de normalidade, antes de a doença manifestar-se. Além disto, há uma auto-estima grandiosa (com a pessoa sentindo-se poderosa e capaz de tudo), com necessidade reduzida de dormir (a pessoa dorme pouco e sente-se descansada), apresentando-se muito falante, às vezes dizendo coisas incompreensíveis (pela rapidez com que fala), não se fixando a um mesmo assunto ou a uma mesma tarefa a ser feita. (ABC DA SAÚDE, 2001). Os distúrbios bipolares são caracterizados por oscilações do humor da mais profunda depressão à extrema euforia (mania), com períodos intervenientes de normalidade. (TOWNSEND, 2000 p.398) AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO ENFERMEIRO COM O PACIENTE DE TRANSTORNO BIPOLAR Durante a assistência de enfermagem ao paciente psiquiátrico, a interação enfermeira-paciente é de vital importância e esta depende das características próprias de cada enfermeiro, o qual deverá usar sua própria personalidade, compreensão e habilidade para desenvolver com o paciente, atitudes mais positivas para lidar com situações difíceis e com o stress o qual o profissional acaba acumulando. O enfermeiro deve ser útil para o paciente 95 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. psiquiátrico e ter em mente que este teve uma história anterior em sua vida, de fracasso. As condições em que o paciente passa durante a patologia que em momentos de euforia e momentos de depressão, faz com que essa interação do enfermeiro seja extremamente útil para perceber sinais de piora do quadro do paciente, principalmente durante as tentativas de suicídio (MARTINS, 1999). Segundo TEIXEIRA (1999 apud MARTINS, 1999), durante a fase depressiva, a assistência de enfermagem consiste em assumir responsabilidades pela segurança do paciente, dado o risco de suicídio e para isto, o enfermeiro deve estimulá-lo a falar, para que possa verbalizar seus sentimentos e idéias de auto - depreciação, ruína e inutilidade e assim, avaliar seu nível de perspectiva e de esperança. O enfermeiro deve usar frases curtas e claras e lembrar da demora que o paciente depressivo possui para elaborar respostas. O uso do silêncio, ouvir reflexivamente e. imposição de limites são também técnicas terapêuticas de comunicação importantes. Ocupar e socializar o paciente são formas de elevar a auto-estima na fase depressiva, desde que sejam dadas atividades fáceis e importantes para que o paciente se sinta útil, para que ele veja resultados rapidamente, não esquecendo de comentar positivamente suas conquistas. O enfermeiro deve estar atento ao auto-cuidado com a higiene e aparência do paciente, verificando seu grau de dependência; verificar e estimular alimentação, hidratação, eliminações; observar sono e verificar problemas somáticos. Os cientistas estão aprendendo a respeito das possíveis causas do transtorno bipolar através de vários tipos de estudos. Muitos cientistas concordam agora em que não há uma causa única para o transtorno bipolar, ao invés disso, muitos fatores atuam juntos produzindo a doença. Como o transtorno bipolar tende a ocorrer em famílias, os pesquisadores vêm procurando genes específicos os ―tijolos‖ microscópicos de DNA dentro de todas as células, que influenciam a maneira pela qual o corpo e a mente trabalham e crescem passados por gerações, que possam aumentar a chance de uma pessoa vir a ter a doença. Contudo, os genes não são toda a estória. Estudos de gêmeos idênticos, que compartilham de todos os mesmos genes, indicam que tanto genes como outros fatores contribuem para o transtorno bipolar. Se o transtorno bipolar fosse causado unicamente por genes, então o gêmeo idêntico de alguém portador da doença sempre teria a doença e as pesquisas demonstraram que isso não ocorre. Se um dos gêmeos apresenta o transtorno bipolar, porém, o outro gêmeo tem maior probabilidade de desenvolver a doença que outro irmão. Além disso, achados da pesquisa genética sugerem que o transtorno bipolar, assim 96 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. como outras doenças mentais, não ocorre devido a um gene único. Parece provável que muitos genes diferentes atuem juntos, e em combinação a outros fatores da pessoa ou de seu ambiente, para causar o transtorno bipolar (KAPLAN 1997) É bastante difícil o diagnóstico de transtorno de personalidade comórbido (referese a ocorrência de duas doenças distintas em um mesmo indivíduo) com TBH(transtorno bipolar de humor), particularmente durante as fases de depressão ou de hipomania/mania(é uma alteração de humor semelhante à mania, porém com menor intensidade). A pessoa se sente muito bem, com bastante energia. Normalmente a necessidade do sono diminui e o libido aumenta. Ocorre no distúrbio bipolar Por outro lado, sua identificação tem importantes implicações em termos de prognóstico. Assim sendo, recomenda-se que essa dúvida seja esclarecida quando o TBH (Transtorno Bipolar de Humor) estiver controlado, se possível contando com informações de familiares (HILTY et al., 1999). De modo geral, o tratamento dos casos de comorbidade (é um termo que refere-se à ocorrência de duas doenças distintas em um mesmo indivíduo) é mais trabalhoso, exige conhecimento mais aprofundado de psicofarmacologia(é o estudo de alterações induzidas por drogas no humor, pensamento e comportamento) , com resultados muitas vezes frustrantes. A adesão dos pacientes é menor, sua resposta ao tratamento não é tão boa e, conseqüentemente, a remissão é mais difícil de ser atingida. O princípio geral do tratamento de qualquer paciente com transtorno bipolar, com ou sem comorbidade, está baseado no uso dos estabilizadores do humor. Isso implica risco de interações com antidepressivos, antipsicóticos(se caracterizam por sua ação psicotrópica, com efeitos sedativos e psicomotores.) e benzodiazepínas (são um grupo de fármacos ansiolíticos utilizados como sedativos,hipnóticos, relaxante muscular e atividades anticonvulsionante.), necessários em várias situações. As variadas modalidades psicoterapêuticas(favorece sobretudo um autoconhecimento), bem como grupos de apoio e de auto-ajuda, também podem contribuir de modo significativo na melhoria da qualidade de vida desses pacientes, porém não dispensam a necessidade do uso dos medicamentos. Todos os componentes de uma comorbidade devem ser alvos de tratamento. Mesmo que seja possível estabelecer seqüência cronológica para seu aparecimento, por exemplo, que num determinado paciente o transtorno de ansiedade social tenha precedido o surgimento do TBH e que ambos foram agravados por abuso de álcool, não é correto imaginar que, resolvendo o que apareceu primeiro, o resto melhore naturalmente. (SCIELO, 2009) 97 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. Muitos portadores destas doenças sofrem desnecessariamente por serem mal compreendidos, incorretamente diagnosticados ou por falta de um tratamento adequado. Hoje, um tratamento adequado com acompanhamento correto pode ajudar qualquer pessoa portadora dessas doenças a ter uma vida produtiva, com qualidade e satisfação (ABRATA 2009) A FAMÍLIA NO CONTEXTO DO TRATAMENTO A Terapia com foco na família foi a que apresentou melhor resultado, a importância suprema, em qualquer transtorno mental, da participação efetiva, solidária e afetiva de todos os familiares no processo de recuperação e reabilitação psicossocial dos pacientes. Cabe ao médico também orientar sobre as maneiras corretas de realizar tal participação. Grupos de auto-ajuda, também são super importantes neste sentido. O tratamento mais indicado atualmente é uma combinação de medicamentos com psicoterapia. O diagnóstico precoce aliado a uma terapêutica adequada é um bom caminho para a melhoria e manutenção da qualidade de vida do portador desse distúrbio. A participação da família também é muito importante. Para auxiliar o paciente, a família precisa saber o que é e como se trata o transtorno bipolar. Esse entendimento trará ao paciente a sensação de apoio e compreensão que serão importantes atitudes no relacionamento familiar. Um bom conhecimento da doença e do seu tratamento pelo paciente, pelos seus familiares e amigos, aumenta a possibilidade de uma vida produtiva, com qualidade e satisfação. (ABRATA, 2009). O tratamento medicamentoso é fundamental - com ele você poderá ter uma vida normal. Os membros da família ou outras pessoas próximas aos pacientes podem ajudá-los a reconhecer quando sintomas maníacos ou hipomaníacos estão retornando. Os familiares podem freqüentemente reconhecer o começo dos sintomas hipomaníacos em pacientes antes que estes estejam conscientes de suas próprias mudanças no humor ou ações. Se os familiares apóiam e ajudam, mais do que criticam, os pacientes podem contar com suas observações para ajudar a determinar se as progressões dos sintomas estão de acordo com o desenvolvimento de um episódio maníaco ou hipomaníaco e se uma intervenção adicional é necessária. (KAPLAN, 1997), o mesmo autor refere ainda que enquanto isso parece simples, há freqüentemente considerável tensão entre o paciente e outros familiares em torno do aparecimento dos sintomas maníacos. Para a pessoa que tem estado deprimida por algum tempo, uma alteração fora da depressão pode ser confundida com hipomania pelos outros. 98 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. Benazzi (2001) refere que o tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressiva. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pacientes com diagnostico de transtorno de humor, que apresentam repetidos episódios de piora e freqüentam o pronto socorro com regularidade, muitas vezes é aqueles com resistência a medicação ou com uma adesão ao tratamento. Em muitos casos a falta de conhecimento sobre o transtorno e o principal fator dessas ocorrências. Não e raro que pacientes recebam atendimento em pronto socorro e deixem de procurar o tratamento ambulatorial por simplesmente acreditarem que tomarem a medicação por um curto prazo de tempo (em geral um mês) será suficiente para resolução do problema. Também é freqüente a presença de familiares que acreditam que o transtorno não precise de tratamento e sim de força de vontade. Associações que esclareçam o problema são fundamentais para um bom prognostico; pacientes e familiares que tenham maior conhecimento podem aderir melhor ao tratamento e reconhecer mais rapidamente as recaídas, intervindo precocemente evitando-se assim quadros mais graves que necessitem de internação (CRUZ, 2007). Segundo NANDA (2007-2008) TRISTEZA crônica que tem seus fatores relacionados: crise no controle da doença, crise relativa aos estágios do desenvolvimento, experiência de doença crônica (física ou mental), experiência de incapacidade crônica (física ou mental), marcos não vivenciados, morte de uma pessoa amada, oportunidades perdidas, prestação de cuidados ininterrupta, e suas características definidoras são: que expressa sentimento de tristeza, expressa sentimentos negativos (raiva, mal interpretados, confusão, depressão, desapontamento, vazio, frustração, culpa, desamparo, desesperança, solidão, baixa auto-estima, perda recorrente e opressão), expressa sentimentos que pode interferir na capacidade do paciente de atingir seu mais alto nível de bem estar social. 99 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. O enfermeiro é um dos profissionais da saúde que tem contato direto, prolongado e constante com os clientes dos serviços de saúde. Está em posição de identificar os sinais indicativos de transtorno bipolar fazer o levantamento das possíveis dificuldades desse portador (BARROS, 1996). STUART, 2001 refere também a sistematização da assistência para prestação de cuidados de enfermagem. Usa-se uma abordagem de resolução de problemas que passou a ser aceita como a metodologia para o cuidado de enfermagem. É um processo contínuo, onde a enfermeira e a pessoa sob seus cuidados devem ter interações dirigidas à modificação das respostas físicas ou comportamentais, atendendo as suas necessidades e melhorando sua qualidade de vida. Segundo Cerveny (1994) A terapia com a família é de grande valia para o conhecimento do sistema familiar, pois nos dá a possibilidade de visualizar todo o sistema familiar nuclear e a família extensa, permitindo-nos uma compreensão mais profunda do desenvolvimento da família diante do problema e será ela que irá ajudar a identificar e acompanhar os sintomas da síndrome específicos das fases de depressão e mania, diferenciando os estados de humor normais dos patológicos, ajudando o paciente tomar consciência de sua situação clínica e lidar com conflitos familiares onde o problema é atribuído à doença do paciente, saber o que muda em sua vida durante a depressão ou a mania, o que muda no modo como vê a si e aos outros, e o futuro. Procedimentos simples como ensinar a ouvir ou repetir o que entendeu pedir confirmação, falar claramente e de modo específico podem ser valiosos. RFERÊNCIAS ABC DA SAÚDE. Transtorno Bipolar Do Humor - Psicose Maníaco-Depressiva. Disponível em : <http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?419>. Acesso em: 07 set 2009 BARROS S. O louco, a loucura e a alienação institucional: o ensino de enfermagem subjudice. [Tese] - São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1996. BENAZZI, F. Transtorno afetivo Bipolar. <http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm>. Acesso em: 07set 2009. Disponível em: CERVENY, C. M. O. (1994). A família como modelo descostruindo a patologia. São Paulo: Editorial Psy II. CORDEIRO, Daniel Cruz.Emergências Psiquiátricas -Manuais, guias,etc 1ed SP Roca,2007..p81-90. DALLY, Peter.Psicologia e psiquiatria na enfermagem SP EPU 2005. EL-Mallakh. Depressão bipolar: 1ed Porto Alegre;Artes medicas :2007. 100 PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais; CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010. MOOTa NETO,mrt;wang,y.;ELKIS,H. Psiquiatria Basica.Porto Alegre:Artes medica,2007 p219-233 MORENO,R.A.;MORENO,DH Transtorno Bipolar do Humor.Sao Paulo:Lemos,2002. Michelon L, Vallada H – Fatores Genéticos e Ambientais na Manifestação do Transtorno Bipolar. Rev Psiq Clínica 32(Sup. Esp.) 1;21-27, 2005. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA, definições e classificações, 2007-2008 Psiquiatria e Psicologia, Transtorno Bipolar Disponível <http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/18916>acesso em: 15 out 2009 Bipolares Transtornos relacionados por semelhança ou classificação <http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm acesso> em 15 de out 2009 Disponível em: em Impacto da comorbidade no diagnóstico e tratamento do transtorno bipolar Disponível em <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/s1/pdf/71.pdf> acesso em: 24 out 2009 Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtorno Afetivo Disponível em: <http://www.abrata.org.br/> acesso em: 24 out 2009. Transtorno Bipolar, Disponível em <http://www.alppsicologa.hpg.ig.com.br/bipolar.htm> acesso em: 30 out 2009 EL-Mallakh. Depressão bipolar: 1ed Porto Alegre;Artes medicas :2007. FUREGATO ARF. Relações interpessoais terapêuticas na enfermagem. Ribeirão Preto (SP): Scala; 1999. JURUENA MF. 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Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: estudo de caso MARTINS, L.M.M. Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: Estudo de Caso. Rev. Esc. Enf. USP, v. 33, n. 4, p. 421-7, dez. 1999. Impacto da comorbidade no diagnóstico e tratamento do transtorno bipolar Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000700011> Acesso em 21 de setembro 2009. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. O TRABALHO HUMANIZADO DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Célia Regina da Silva Maria José Soares Santos Manso Pollyana Pereira de Assis Valdirene Aparecida de Miranda Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Resumo: Abstract: Os profissionais de enfermagem que atuam em Unidade de Tratamento Intensivo são normalmente os responsáveis pelo acolhimento do cliente em sua unidade, e em muitos casos estes profissionais agem de forma mecânica, automatizada, e o cliente passa a ser visto como uma extensão dos equipamentos. Em vários momentos os profissionais confundem os clientes com as máquinas, e na visão de muitos deles, é por estarem em um papel onde a vida de cada cliente está diante dele. Mas muitos não observam que a enfermagem tem se dedicado a gestos de carinho para com o cliente, e também para os acompanhantes, por entender que esse momento é complicado para todos. O estudo pretende reunir informações sobre a humanização no atendimento na UTI no intuito de despertar um senso crítico sobre a assistência humanizada de enfermagem. The nurses who work in the ICU are usually responsible for the reception of the client in its unity, and in many cases these professionals act in a mechanical, automated, and the client is seen as an extension of the equipment. At various times professionals confuse customers with machines, and in the view of many, is by being in a role where the life of each customer is before him. But many do not notice that nursing has been engaged in acts of affection towards the client, and also for spouses, understanding that this timing is tricky for everyone.To collect information about the humanization of the ICU care in order to awaken a critical sense about humanized care. Palavras-chave: Key-words: Enfermeiro, Humanização, Tratamento humanizado. UTI humanizada, Nurse, Humanization, treatment. ICU humane, humane INTRODUÇÃO O tema humanização é bastante relevante na conjuntura atual, uma vez que a construção de um atendimento baseado em princípios como a integralidade da assistência, a eqüidade, a participação social do usuário, dentre outros, nos remete à revisão dos métodos Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Orientadora: MS.Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso.e-mail:[email protected]. 102 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. habituais, com destaque na concepção de ambiente de trabalho menos estressante que valorizem a dignidade do trabalhador e do usuário. (CASATE, 2005) Atualmente, buscam-se maneiras eficazes para humanizar a prática em saúde que provoque a aproximação crítica, que admita compreender a temática e as suas dimensões político-filosóficas que lhe transmitem um significado. O código de ética dos profissionais de enfermagem em seu artigo 3º ressalta que o profissional de enfermagem deve respeitar a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana em todo o ciclo vital, sem discriminação de qualquer natureza. O artigo 32 traz como princípio fundamental, como um dever, o respeito ao ser humano durante o de tratamento. Os profissionais de enfermagem que atuam nas Unidades de tratamento Intensivo – UTI são geralmente os responsáveis pelo acolhimento do cliente na sua respectiva unidade. O profissional deve ser cortês e compreensivo, deve buscar entender e considerar as condições do cliente, que normalmente já se encontra sob efeito dos medicamentos préanestésicos, outro fator importante é que deve ser respeitada a individualidade do cliente. (FIGUEIREDO, 2002) Até alguns anos atrás a função do enfermeiro era dirigida para os aspectos gerenciais, o que o afastava do contato com o cliente, mas com algumas modificações na sistematização da assistência. (BEDIN, 2004) Este aprendizado é solitário e, geralmente, vem acompanhado de muito sofrimento, e acaba por mecanizar as ações do profissional. Diante da soma destes fatores, objetiva-se como esta pesquisa bibliográfica reunir conteúdos sobre o fenômeno da humanização em diversos aspectos teóricos e culturais envolvidos, no intuito de despertar um senso crítico sobre a assistência de enfermagem e de demais profissionais de saúde ao cliente. (AZEVEDO, 2002) OBJETIVOS Reunir informações sobre a humanização no atendimento na UTI no intuito de despertar um senso crítico sobre a assistência humanizada de enfermagem. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória, com aspecto quantitativo sobre a humanização no atendimento na Unidade de Tratamento Intensivo. Os dados 103 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. utilizados para a realização deste trabalho foram extraídos da base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Posteriormente, foi realizada a leitura exploratória dos artigos, monografias e demais publicações encontradas, foi possível identificar vários textos e livros bibliográficos que abordavam o tema proposto. Foram pesquisados diversos textos científicos publicados entre 1980 e 2009, onde foram empregados os seguintes descritores: Enfermagem, UTI e humanização. RESULTADOS Ficou evidenciado que o convívio dos enfermeiros com os clientes que inspiram cuidados na UTI é intenso, e que os enfermeiros aplicam o tratamento adequado, contudo, de forma mecânica e automatizada. HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO Durante o final da década de 50 e ao longo dos anos 60, 70, 80 e 90 do século passado e nos primeiros anos deste século, emergiram diversas idéias sobre a humanização do atendimento em saúde.A maioria dos documentos teve como autores enfermeiros que atuavam na docência, outros por psicólogos, sociólogos, médicos, economistas, arquitetos, administradores e uma pequena minoria de alunos de cursos de graduação. (CASATE, 2005) As situações desumanas que podem ser encontradas nos serviços de saúde justificam a análise do tema, visto que vários aspectos apontados relacionam-se a falhas no atendimento e nas condições de trabalho em que o profissional se encontra. De acordo com Hayashi (2000) quando não se dá conta de onde termina a máquina e começa o cliente, deve o profissional de enfermagem tomar cuidado com sua relação com a máquina, pois o seu trabalho já pode estar sendo um ato mecânico e o cliente sendo visto como uma extensão do aparato tecnológico. O que impede os enfermeiros de exercer suas funções de forma humanizada, em grande maioria dos casos são as condições de trabalho, os baixos salários, a dificuldade de conciliar a vida familiar e profissional, as duplas ou triplas jornadas de trabalho, o que causa sobrecarga e cansaço, e ainda, aliada a falta de ambiente adequado, de recursos humanos e materiais suficientes, e até mesmo a soma de todos esses fatores. (BOM SUCESSO, 1998) 104 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. A humanização ressurge como obrigação no contexto da civilização técnica, para contrapor as situações desumanas presentes nas instituições de saúde. Ao tratar a relação tecnologia/humanização de forma crítica e contextualizada, Casate (2005), aponta a possibilidade de conciliar a humanização na enfermagem: [...] Talvez devêssemos investir em teorizações que, ao invés de representarem a Enfermagem como interface de humanização, explorassem a potencialidade de pensar a Enfermagem com um [...] saber/fazer híbrido onde as fronteiras entre natureza e cultura, entre ciência e vida cotidiana [...] entre humano e máquina fossem deslocadas de tal forma que estas oposições não pudessem ser mais acionadas para a hierarquização e a dominação [...] (CASATE, 2005) O entendimento da humanização está relacionado a uma maneira de compreender o cliente na totalidade dos serviços prestados na UTI. Pois, o mesmo se encontra frágil e vulnerável, afastado de suas atividades profissionais e familiares, com dor física e psicológica, como explica Mandú (2004): [...] O doente que já está à margem da vida da comunidade, da atividade profissional e da vida de família, sofre a dor física, o medo da morte, inquietude pelos entes queridos, preocupação pelo futuro, sentimentos de inferioridade (MANDÚ, 2004) Desse modo, a instituição de serviço, ao admitir o cliente deve perceber que ele mantém toda sua história de vida, com a necessidade de permanecer o elo com o seu meio familiar e social como um todo. Humanização na organização do serviço na UTI supõe investimento na estrutura física da instituição e na revisão de estrutura e procedimentos administrativos, e também no profissional em relação às condições de trabalho. Alguns textos das décadas de 60, 70 e do início da década de 80 destacam algumas características dos profissionais da UTI devem ser como cita Angerami-Camon (1998): [...] Por sua presença, sua doçura, pela repetição de pequenos atos infinitamente delicados, por sua compaixão e seu sorriso [...] a enfermeira reconforta, acalma ou estimula o doente trazendo-lhe esse calor humano insubstituível [...] (ANGERAMICAMON, 1998) A abordagem da humanização no processo de formação é insuficiente, até mesmo por parte daqueles que escreveram sobre o tema, que fazem apenas referência. Percebe-se que há a dificuldade em ensinar "humanização" nas relações interpessoais, visto que envolve questões subjetivas como a sensibilidade. 105 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. Na UTI, a partir dos anos 90 a humanização passou a ser abordada como um projeto político de saúde, em que para assegurar o atendimento humano é fundamental a construção de um sistema de saúde que visualize o profissional e o usuário como cidadãos. (ANGERAMI-CAMON, 1998) O Ministério da Saúde (2000) por meio do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, explica que o desenvolvimento científico e tecnológico tem ocasionado uma série de benefícios, mas tem como resultado contrário o acréscimo à desumanização. Ele define ainda que ―Humanizar em Saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, presentes em todo o relacionamento humano.” De acordo com Belluomine, et al. (2003) e o processo de humanizar deve considerar as dimensões física, psíquica, sócio-cultural e espiritual, onde deixar de atender uma dessas realidades da vida humana provocará num desacerto quanto à humanização. Pode-se assegurar que durante esta última década, tem-se discorrido sobre a humanização das Unidades de Terapia Intensiva, especialmente por esta ser considerada lugar de alta tensão, com dúvidas no tocante à sobrevivência, o que causa ansiedade, com facilidade manifestada em estresse para o cliente e seus familiares (ORLANDO, 2002). Pode-se garantir que quando as necessidades do cliente não são acolhidas adequadamente, podem levar ao desconforto, que dilatado, agravam sua doença. As características de uma UTI contribuem para que os trabalhadores desta unidade atuem de modo impessoal ante os clientes, e isto carece de mais atenção. Conforme Orlando (2002): [...] o desempenho da equipe estará vinculado à: compreensão clara de seus objetivos, colaboração entre os vários membros da equipe interdisciplinar, percepção dos próprios papéis e a habilidade de comunicação entre os diferentes membros. (ORLANDO, 2002) Nesse mesmo sentido Silva (2003) expõe que para um ambiente mais humano nas UTIs, necessitamos aprender a nos indagar o que almejamos, estabelecendo fins realistas e aprender, ainda que com os erros. Anota também que só é possível humanizar UTIs partindo da nossa própria humanização. Não obstante o grande empenho que os enfermeiros possam estar desempenhando no sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa complexo, pois demanda atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico predominante. 106 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. Quinto et al. (2001) avalia que a relação do enfermeiro com seu cliente está intrinsecamente atrelada à atenção e à eficácia das seus atos, e destaca que três fatores que estreitam esse relacionamento: atenção específica, afabilidade da equipe de enfermagem e solução dos problemas. Para Matsuda et al. (2003) o tema da humanização embora consiste num desafio para a profissão, que necessita se adaptar às demandas tecnológicas, econômicas e sociais, todas elas com forte intenção à desumanização. Neste sentido, concorda Souza (2004) que: A humanização é um processo que envolve todos os membros da equipe da UTI, onde a responsabilidade da equipe se estende para além das intervenções tecnológicas e farmacológicas focalizadas no cliente, inclui a avaliação das necessidades dos familiares, grau de satisfação destes sobre os cuidados realizados, além da preservação da integridade do cliente como ser humano. (SOUZA, 2004) De acordo com Moraes (2004) certos profissionais que atuam na UTI vem entendendo a obrigação de alterar o enfoque predominantemente técnico, cliente-doença, para uma abordagem mais humanista que conglomera o cliente, enquanto indivíduo, com necessidades próprias. Relata Santos et al (1999) que os familiares tem um desempenho essencial na internação do cliente, e em se tratando de recinto de terapia intensiva, esta participação se torna ainda mais acentuado no processo de recuperação. Todos devem estar cautelosos aos aspectos mecânicos e técnicos da assistência de enfermagem, mas, principalmente, a todos os sinais provindos do cliente/familiares e também da equipe atuante neste ambiente, conduzindo cada vez mais a uma assistência digna e otimizada. Comenta Hoga (2004) que as dimensões envolvidas na humanização da assistência, assinalam que a participação dos diversos profissionais na assistência à saúde, onde exista o envolvimento de todos, beneficia a melhor disponibilidade desses profissionais perante de seus clientes. Deve-se ter em pensamento que trabalhar numa UTI e tentar mantê-la mais humanizada, é aceitar que o estresse existe e que o recinto é favorável à ansiedade e emersão de conflitos, onde o enfermeiro deve distinguir que sua presença é tão importante quanto os processos técnicos. 107 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. RESULTADOS Na busca por dados para esta pesquisa, foram encontrados 219.197 arquivos que abordavam a enfermagem, 16.693 abordavam a UTI e 329 arquivos que abordavam o tema humanização. Salienta-se que somente os documentos encontrados no campo das Ciências da Saúde em Geral serão considerados. As publicações encontradas estavam dispostas conforme a tabela abaixo: a) Tabela 1: Por tipos de banco de dados Banco de dados Enfermagem UTI Humanização 214.986 16.368 264 Tese 2082 176 47 Monografia 1781 117 17 Não Convencional 348 32 01 219.197 16.693 329 Artigo Total Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde Na tabela acima se pode notar o aumento da quantidade de publicações entre os anos de 1990 e 2009, nos temas relacionados à enfermagem e humanização, o que demonstra uma maior preocupação com as situações que ligam esses dois assuntos. b) Tabela 2: Por ano de publicação Ano de Publicação Enfermagem UTI Humanização De 1960 a 1979 10.590 1.976 - De 1980 a 1989 70.076 4.326 09 De 1990 a 2000 72.987 5.733 36 De 2001 a 2009 65.544 4.658 284 Total 219.197 16.693 329 Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde 108 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. Dentro da pesquisa demonstrada anteriormente, foram publicados arquivos em vários idiomas, conforme tabela abaixo: c) Tabela 2: Por idioma de publicação Banco de dados Enfermagem UTI Humanização Inglês 156698 11731 08 Português 11391 1193 292 Espanhol 5228 1084 29 Italiano 987 260 - Alemão 7449 1191 - Francês 03 206 - Demais idiomas 37441 1028 - Total 219197 16693 329 Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde Para melhor visualização dos dados obtidos na pesquisa realizada por idioma veja o gráfico abaixo: Gráfico 1: Por idioma de publicação Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde 109 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. Quando foi pesquisada a humanização na UTI somente um arquivo foi encontrado, o que demonstra que os assuntos ainda são estudados em separado, e que ainda há a necessidade de se estimular a pesquisa e o estudo sobre o tema. Outro termo pesquisado foi humanização da assistência, onde foram encontradas 259 publicações, distribuídas da seguinte maneira: Tipo de Publicação Artigos Teses Monografias Não convencional 0% 14% 5% 81% Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde De acordo com os ensinamentos de Paduan apud Santana (2004), durante a graduação, os alunos aprendem certa obstinação em cuidar das necessidades fisiológicas do cliente. Podendo em muitos casos, fazer com que o profissional esqueça que a morte é a única certeza do viver. É imperioso salientar que o cuidar não se refere somente às necessidades físicas, mas também às carências emocionais do cliente, ao simples ato de ouvir, tocar, acatar os limites do outro, ficar ao lado do cliente mesmo que este não tenha mais possibilidades terapêuticas, confortar o cliente garantindo-lhe uma morte mais tranqüila e digna. E é nessa hora que fica evidenciada a necessidade da humanização não só na enfermagem, mas em todos os campos da saúde. 110 MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa não teve a pretensão de esgotar o tema, menos ainda de apresentar conclusões definitivas, visa unicamente, apresentar dados para melhor compreensão de como deve ser a postura do profissional de enfermagem atuante na UTI. O Código de Ética dos profissionais de enfermagem ressalta que os enfermeiros devem respeitar a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana em todo o ciclo de vida, sem discriminação de qualquer natureza. Determina ainda como regra fundamental, o respeito ao ser humano durante o tratamento, o processo de morte e pós-morte. A ausência de discussões acerca do tema durante a formação dos profissionais que atuam na área de saúde pode trazer implicações, e ainda comprometer o auxílio integral e humanizado ao cliente. A formação do enfermeiro tem o ato de cuidar como uma característica basilar da enfermagem, e para tanto, deve estar presente ao lado do cliente em todas as horas do dia. O convívio dos enfermeiros com os clientes que inspiram cuidados na Unidade de Tratamento Intensivo é intenso, contudo, a frustração e o sofrimento são ocultados pelo cumprimento de regras e rotinas. Mas a dificuldade em ensinar como lidar de forma humanizada com o cliente advém da formação dos professores, uma vez que estes também foram alunos e também não aprenderam essa difícil lição. Cabe aos profissionais de enfermagem adotar uma postura compreensiva, confortante, e o que é mais importante, não encarar o cliente em tratamento como um risco ao seu sucesso profissional. Mas, para que isto ocorra, é imperioso que se repense e reformule o padrão de formação dos profissionais da enfermagem, para que estes tenham inteligência emocional diante do tratamento e do processo de morte. REFERÊNCIAS ANGERAMI-CAMON, VA. Urgências psicológicas no hospital. São Paulo: Pioneira; 1998. AZEVEDO, R. C. de S. A comunicação como instrumento do processo de cuidar. Visão do aluno de graduação. In: Rev. 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Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem. p. 105-111. 2005. FIGUEIREDO, N. M. A. de. Ensinando a cuidar de clientes em situações clínicas e cirúrgicas. São Paulo. Ed. Difusão Paulista de Enfermagem. p. 256-261.2002. HAYASHI AAM, Gisi ML. O cuidado de enfermagem no CTI: da ação-reflexão à conscientização. Texto & Contexto Enfermagem maio/agosto. p. 24-37. 2000. HOGA, L. A. K. A dimensão subjetiva do profissional na humanização da assistência à saúde: uma reflexão. Revista da Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo. Journal of São Paulo University School of Nursing. São Paulo, 1 v. 38, p. 13-20. 2004. MANDÚ, ENT. Intersubjetividade na qualificação do cuidado em saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem, p. 665-675. 2004. MATSUDA, L. M., SILVA, N., TISOLIN, A. M. Humanização da assistência de enfermagem: estudo com clientes no período pós-internação de uma UTI - adulto. 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A humanização em unidade de terapia intensiva: cliente-equipe de enfermagem-família. Terapia Intensiva Nursing, São Paulo, nº 17, ano 2, p. 26-29. 1999. SILVA, M. J. P. Humanização em Unidade de Terapia Intensiva. 2ª ed. São Paulo: Ed. Atheneu, p. 10-26. 2003. SOUZA, R. P. Manual rotinas de humanização em medicina intensiva. Curitiba: Ed. Do Autor, p. 1015. 2004. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. A CONCEPÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE PREVENÇÃO NO PÉ DIABÉTICO: NA ÓPTICA DA ENFERMAGEM E O NO ENVOLVIMENTO FAMILIAR Adriane Bueno Ferreira Selma Cristina Lopes da Silva Guerra Valmira Teles de Macedo Romero Borges Moraes Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Resumo: Abstract: O pé diabético surge como uma das complicações tardias do diabetes, sendo caracterizado pela presença de lesões nos pés decorrentes de alterações vasculares. Uma intervenção rápida pode ser capaz de prevenir seu aparecimento ou atenuar a sua evolução. A enfermagem busca prevenir e orientar os pacientes sobre os cuidados e o tratamento do pé diabético. A prevenção é fator determinante para diminuir os riscos de amputações. De acordo com estudos, o pé diabético é responsável por grande parte das internações hospitalares dos pacientes diabéticos, sendo também causa importante das amputações não traumáticas dos membros inferiores, o que leva à invalidez, aposentadoria precoce ou até mesmo à morte. Acarreta prejuízos sociais e econômicos. O artigo trata a importância da educação do paciente e do familiar como forma de prevenção do pé diabético e exemplifica de forma detalhada os cuidados a serem implementados. The diabetic foot appears as one of the late complications of diabetes, characterized by the presence of foot lesions due to vascular changes. Rapid intervention may be able to prevent its occurrence or mitigate its evolution. Prevention is the determining factor to reduce the risk of amputations. According to studies, the diabetic foot is responsible for most of the hospitalizations of diabetic patients and is also an important cause of nontraumatic amputations of lower limbs, leading to disability, early retirement or even death. Brings social and economic damage. The article discusses the importance of patient education and family as a prevention of diabetic foot and illustrates in detail the care to be implemented. Palavras-chave: Key-words: Enfermagem, pé diabético, diabetes, prevenção. Nursing, diabetic foot, diabetes, prevention. INTRODUÇÃO Os vários estudos registrados sobre o pé diabéticos e a sua prevenção, nos leva a observar o quanto as concepções de tratamento tem evoluído com o decorrer dos anos, isso cabe em grande parte a dedicação do enfermeiro no cuidar, e ensinar através de palestras Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás. Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás. Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás. Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás. Mestre em Ciências da Religião, área de concentração; movimentos sociais. PUC (Pontifica Universidade Católica) [email protected]. 113 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. educativas principalmente em programas dirigidos à comunidade e aos tratamentos específicos ao portador de pé diabético. O diabetes mellitus é um conjunto de doenças metabólicas que provocam hiperglicemia por deficiência á insulina e com isto, leva a um aumento de distúrbios heterogêneos caracterizados por níveis elevados de glicose no sangue (PEDROSO e OLIVEIRA, 2007; SPIRE, 2004). Segundo VIGO (et al, 2006), ―os diabéticos, muitas vezes, por desconhecerem as patologias que podem atingir o pé do diabético não dão à devida importância para aos seus cuidados‖. Conseqüentemente, só procuram orientação após o quadro do mesmo se encontrar bem avançado, sendo assim de difícil tratamento, e muitas vezes o paciente tendo que arcar com as conseqüências, que podem chegar a amputações generalizadas. No Brasil, estima-se que existem cinco milhões de habitantes com diabetes e metade deles desconhece o diagnóstico. O estudo multicêntrico sobre prevalência do diabetes, realizado na faixa etária de 30 a 69 anos de idade, encontrou uma referência de 7,6%, e, na cidade de Ribeirão Preto – SP foi de 12,1%; a doença atinge homens e mulheres da mesma forma, e é a quarta causa de morte. No Estado de São Paulo, a mortalidade por diabetes em maiores de 40 anos é superada apenas pelas doenças cardiovasculares. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) No geral, conforme o autor acima os diabetes são assintomáticos e macros vasculares, nos quais se destacam as doenças coronarianas, acidentes vasculares cerebrais e doenças vasculares periféricas, concomitante a maior probabilidade de desenvolver dislipidemia, hipertensão e obesidade. Esta enfermidade quando mal controlada favorece o desenvolvimento de complicações que acarretará prejuízos a saúde do cliente, principalmente, pé diabético, cegueira e insuficiência renal crônica, impossibilitando os clientes de continuarem realizando suas atividades diárias, aumentando o número de leitos hospitalares e o absenteísmo ao trabalho, pelas internações prolongadas e recorrentes. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) Esta patologia representa um estado fisiopatológico multifacetado; caracterizado por úlceras que surgem nos pés do cliente com diabetes e ocorrem como conseqüência de neuropatia em 90% dos casos. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) No Brasil, o diabetes se tornou uma enfermidade considerada crônica, deixando de ser um problema de saúde particular e passando a ser um problema de saúde publica. Sabemos que as úlceras decorrem geralmente de traumas, e se complicam com gangrena e 114 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. infecção, ocasionados por falhas na cicatrização e podem resultar em amputação, quando não se institui tratamento precoce e adequado. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) Anualmente, de 2% a 3% das pessoas com diabetes podem desenvolver úlceras nos membros inferiores, e este percentual se eleva a 15% no transcurso de toda a sua vida. Pessoas com úlcera e/ou amputação prévia possuem importantes fatores de risco para recidivas. As úlceras são responsáveis por grande percentual de morbimortalidade e hospitalização entre pessoas com diabetes, ocasionando um período de internação 59% mais prolongado que naquelas sem processos ulcerativos. Em geral, as hospitalizações por pé diabético são recorrentes e sua presença exige maior número de consultas ambulatórias e cuidados domiciliares. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) Entre os casos graves hospitalizados, 85% são causados por úlceras superficiais, as quais apresentam comprometimento da sensibilidade protetora plantar, devido à neuropatia periférica, comumente associada a pequenos traumas, originados por objetos cortantes ao andar descalço, uso de calçados impróprios, dermatoses comuns, ou manipulações incorretas dos pés e unhas por pessoas não habilitadas. (OCHOA- VIGO, et al, 2006) Este estudo tem como objetivo descrever como o enfermeiro deverá intervir na prevenção e no cuidado do pé diabético visando à assistência do profissional enfermeiro com o cliente para a orientação e o autocuidado e também como estratégias e evolução no cuidado assistencial. OBJETIVO O objetivo deste artigo é descrever as prevenções e a importância da enfermagem nos cuidados e acompanhamento do pé diabético prevenindo futuras seqüelas e esclarecendo a melhor maneira de evitar complicações. METODOLOGIA Trata-se de um estudo bibliográfico qualitativo, exploratório e retrospectivo com análise sistematizada. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e 115 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986). Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme; foram utilizados os descritores: diabetes, prevenção e pé diabético. Em seguida foi feita uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde - LILACS, SCIELO - Scientific Eletronic Library Online- ScIELO , no período de 2000 a 2009, caracterizando assim o estudo retrospectivo, buscando nas fontes virtuais, os anos, os periódicos, os idiomas, os métodos e os resultados comuns. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a síntese destas que visou à fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa (LAKATOS et al, 1986.). Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotação que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais importantes (LAKATOS et al, 1986). A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos, em fichas estruturadas, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram o objetivo da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação das categorias temáticas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em buscas realizadas nas Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, SCIELO e BEDEnf, no período de 2000 a 2009, utilizando os descritores: diabetes prevenção e pé diabético enfermagem e cuidados, no qual resultou-se num acumulo significativo de 56 suportes literários, sendo que foram encontrados 29 artigos no LILACS, 07 na BDENF e 15 no SCIELO, totalizando um acervo de 51 artigos pesquisados, nos quais 116 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. foram relevantes para nosso estudo 16 artigos e 08 livros. As demais fontes utilizadas estão vinculadas ao Site do Ministério da Saúde, sendo eles os dados do IBGE e a revista do Sistema Único de Saúde. Após levantamentos submetidos à análise sobre a prevenção do pé diabete nos artigos publicados no Bireme, observou-se que os dados indicam que a continua crescente entre a população. A ENFERMAGEM E A PREVENÇÃO NO PÉ DIABÉTICO Segundo (NETTINA 2001, p.820-829 e SMELTZER; BARE, pp. 933-981). Ensinar aos pacientes que os devidos cuidados com os pés são uma prescrição de enfermagem, e que pode evitar muitas complicações, problemas e possível perda dos membros. Dicas de enfermagem para os cuidados dos pés: Inspecionar diariamente os pés - usar um espelho para visualizar a sola dos pés; - verificar sinais de rubor, bolha, fissura, calosidades ou ulcerações; Lavar os pés diariamente - usar sabão neutro e água morna - enxugar os pés com toalha macia e seca - enxugar entre os dedos; Manter a pele dos dedos macia - lubrificar os pés com óleos ou solução, exceto em fissuras, calorias ou feridas; Usar sapatos fechados, macios e bem ajustados aos pés - usar meias sem costuras e de algodão; - amaciar os sapatos novos lentamente; Evitar andar descalço usar sapatos abertos e compressos com aquecimento elétrico Cortar e lixar as unha, respeitando o formato de cada uma - cortar as unhas em local iluminado ou peça ajuda, caso consiga cortá-las sozinho. Evitar cruzar as pernas, quando estiver sentado ou deitado para não comprometer o retorno venoso. - caso apresente lesão aberta, bolha nos pés, pernas frias, dormências e dores do tipo cãibras, procure o serviço de saúde mais próximo da sua residência. 117 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CUIDADO DO CLIENTE PORTADOR DE PÉ DIABÉTICO Conforme caderno de atenção básica nº 16 A família tem sido uma grande contribuinte para o cuidado do cliente, orientá-la é um dos pontos relevantes da enfermagem. (O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que está diretamente ligado á vida de sua família e amigos. Aos poucos ele deverá aprender gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia.) CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme pesquisas realizadas, sobre diabetes mellitus, enforcando em pé diabético, considera-se que se trata de uma doença de grande importância no contexto dos problemas de saúde publica em virtude de morbidade e mortalidade. Onde o não controle da doença acarreta uma serie de complicações agudas e crônicas. O portador de diabetes mellitus, necessita de um planejamento que e de grande importância na organização e na execução das atividades, sabendo-se que esse planejamento tem que ser executado pelo enfermeiro e juntamente com a família. É de extrema relevância dizer que nas ultimas décadas o enfermeiro tem ampliado sua área de atuação nas instituições, tanto no âmbito assistencial quanto no administrativo e precisa associar ao conhecimento a flexibilidade e habilidade na abordagem de problemas com o cliente no núcleo da familiar e no contexto social. A atuação da equipe de enfermagem do ambulatório do pé diabético, que com base em evidencias, tem demonstrado que vem colaborando para prevenir e impedir as complicações, como internações, amputações e reiterações. Esse fato favorece a diminuição de gastos, a melhora de auto-estima à qualidade de vida e a reintegração social e familiar. 118 FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010. Referências Brasil. Ministério da saúde. Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção á Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Manual de hipertensão arterial e diabetes. Brasília; 2002. NETTINA, S.M; Prática de Enfermagem, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001. p.820 – 839. SMELTZER, S.C, BARE, B.G.; Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.p.933 – 981. Ochoa-Vigo, Kattia et al. Caracterização de pessoas com diabetes em unidades de atenção primária e secundária em relação a fatores desencadeantes do pé diabético. Acta paul. enferm., Set 2006, vol.19, no.3, p.296-303. ISSN 0103-2100 disponivel em: http://www.scielo.org/cgibin/wxis.exe/applications/scielo-org/iah/ acesso em: 20 agos. 2009 Departamento de Atenção Básica. DIABETES MELLITUS. Cadernos de Atenção Básica - n.º 16 , 2006; p.10. Disponível em: http://www.saude.gov.br/diabetes acesso em: 21 agos. 2009 MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1990. __________ Metodologia de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2007. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. O DIAGNOSTICO PRECOCE DA NEOPLASIA MALIGNA NOS PULMÕES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Andréia Ribeiro de Oliveira Resumo: Abstract: Dentre as doenças crônicas degenerativas que acomete o ser humano, uma que vem se destacando como importante problema de Saúde Pública e o câncer de pulmão é, atualmente, o tumor maligno com a maior taxa de mortalidade mundial no homem e o segundo na mulher, só perdendo para o câncer de mama. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória, com abordagem qualitativa. Evidenciamos que profissional de enfermagem acompanha as etapas do tratamento de câncer, como também realiza um planejamento de tratamento adequado, através de métodos terapêuticos que podem ser aplicados juntamente com uma equipe multidisciplinar nas neoplasias que geralmente estão em estagio avançado, com finalidade de amenizar maiores complicações tendo como foco principal a prevenção do agravo desta doença. A orientação, intervenção e assistência de enfermagem são importantes como prevenções. Among the chronic degenerative diseases affecting human, one which has stood as a major public health problem and lung cancer is now the malignant tumor with the highest rate of global mortality in men and second in women only lost to breast cancer. This is a literature review and exploratory with a qualitative approach. We demonstrated that nursing staff monitors the stages of cancer treatment, but also performs an appropriate treatment plan, using therapeutic methods that can be applied together with a multidisciplinary team in tumors that are usually in advanced stages, aiming to ease major complications with the main focus of injury prevention of this disease. The guidance, intervention and nursing care are important as preventions. Palavras-chave: Key-words: Neoplasias Pulmonares, enfermagem e tabagismo. câncer de pulmão, Lung neoplasms, lung cancer, cancer and nursing, smoking. INTRODUÇÃO O câncer de pulmão é, atualmente, o tumor maligno com a maior taxa de mortalidade mundial no homem e o segundo na mulher, só perdendo para o câncer de mama (NOVAES, 2008). A neoplasia maligna que surge no pulmão é o câncer, mas não se trata de um único tipo de tumor. A maior parte dos casos acomete indivíduos entre 50 e 70 anos de idade e, embora fosse inicialmente uma doença epidêmica entre homens em nações industrializadas, o câncer de pulmão tornou-se uma doença cada vez mais comum entre as mulheres. O principal fator de risco é o tabagismo, que aumenta o risco de desenvolvimento de neoplasia pulmonar de 10 a 30 vezes. Outros fatores tradicionalmente aceitos são: presença Orientadora: Ms. Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso,e-mail: [email protected] Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás, e-mail: [email protected] 120 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. de doença pulmonar preexistente, exposição ocupacional (asbesto, urânio, cromo, agentes alquilantes, entre outros), história familiar de câncer de pulmão e neoplasia pulmonar prévia (BRAS. PNEUMOL, 2006). Há vários tipos histológicos são os quatros tipos principais abrangem 95% dos casos: carcinoma espinocelular, adenocarcinoma, carcinoma indiferenciado de pequenas células e carcinoma indiferenciado de grandes células (DESTRO, 2006). O câncer é a multiplicação descontrolada de células defeituosas ou atípicas, que escapam do controle do sistema imunológico humano por algum motivo até hoje desconhecido. Estas células se dividem rapidamente e tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, ou seja, acumulo de células cancerosas (DESTRO, 2006). Estima-se que no ano de 2010 apareçam 500.000 novos casos de câncer no Brasil, com destaque para a mama, próstata, melanomas, pulmão, colorretal e ovário, sendo o tabagismo o grande vilão. O perfil epidemiológico brasileiro aponta as neoplasias como a segunda causa de mortalidade, passando nos últimos vinte e cinco, as projeções da Organização Mundial da Saúde estimam que em 2030, o número de mortes por câncer chegue a 23,4 milhões (CALIL, 2009). A maioria dos pacientes, na ocasião do diagnóstico, apresenta se com a doença em estágio avançado o que dificulta o tratamento (SALVADORI 2008). Na qual dependera do tipo celular específico do câncer para começar o tratamento,diagnosticando o quanto ele se espalhou e o estado do paciente, no tratamento e incluído os principais tratamentos: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Dos seis tipos de câncer com maior índice de mortalidade no Brasil, metade (pulmão, colo de útero e esôfago) tem o cigarro como um de seus fatores de risco. Nesse enfoque, a assistência de enfermagem em oncologia possibilita a intervenção em diversos níveis: na prevenção primária e na prevenção secundária; no tratamento do câncer; na reabilitação; e na doença avançada. Nesse sentido, a assistência de enfermagem em oncologia evoluiu como um assistir que tem foco no paciente, família e comunidade, visando a educação, provendo suporte psicossocial, possibilitando a terapia recomendada, selecionando e administrando intervenções que diminuam os efeitos colaterais da terapia proposta, participando na reabilitação e provendo conforto e cuidado (MENEZES, 2007). 121 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. OBJETIVOS Este estudo teve como objetivos analisar o diagnostico precoce para a neoplasia maligna nos pulmões, verificando a atuação da Enfermagem, através da literatura, frente aos portadores de câncer. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de aspecto quantitativo sobre o diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões. As coletas de dados utilizadas para a confecção desse trabalho foram na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Bi Reme, MEDLINE, LILACS. Após a leitura exploratória dos artigos e resumos encontrados foi possível identificar vários textos, livros bibliográficos entre outros que abordava o tema proposto. Foram pesquisados 13 artigos científicos publicados no período de 2002 a 2009, nos quais Foram utilizados os seguintes descritores: Neoplasias Pulmonares, câncer de pulmão, neoplasias e enfermagem, tabagismo. RESULTADOS Após a análise dos artigos pesquisados dividimos os resultados encontrados em três categorias diferentes, de acordo com a importância de cada um e segundo os tópicos que se faziam mais presentes em cada artigo, sendo assim, destacamos os seguintes: Tipos de câncer de pulmão, Orientações de enfermagem quanto ao tabagismo, Tratamento do câncer de pulmão, cuidados de enfermagem aos portadores e Participação da família ao tratamento. Tipos de câncer de pulmão Há dois tipos principais de câncer de pulmão, nos quais exigem os tratamentos diferenciados tais como: câncer de pulmão de células pequenas e câncer de pulmão de nãocélulas pequenas. Se o câncer tem características de ambos é chamado de câncer misto de células grandes e pequenas (BODANESE, 2002). 122 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. Sabe-se que 85% dos cânceres de pulmão são do tipo não-pequenas células, que se divide em três subtipos, de acordo com a forma e características das células: Carcinoma epidermóide ou de células escamosas: representa entre 25% e 30% dos cânceres de pulmão. Estão associados ao fumo e tendem a aparecer perto dos brônquios. Adenocarcinoma: responde por 40% dos cânceres de pulmão e geralmente surge na parte periférica do pulmão. Carcinoma de células grandes: representam entre 10% e 15% dos casos, podem aparecer em qualquer parte do pulmão e tende a crescer e se disseminar depressa. Conforme a literatura, 15% dos casos de câncer de pulmão são do tipo de célula pequena, que geralmente começa nos brônquios, perto do centro do peito. Embora essas células cancerosas sejam pequenas, elas se multiplicam rapidamente e formam tumores grandes que se espalham por várias partes do corpo significando que o tratamento do carcinoma pulmonar de células pequenas precisa incluir drogas capazes de matar células cancerosas em várias partes do organismo. Esse é basicamente um câncer de fumantes, raríssimo em pessoas que nunca fumaram (ZAMBONI, 2007). Percebe-se que os sinais e sintomas que sugerem o câncer de pulmão podem ainda variar os sintomas que dependendo da localização do tumor no pulmão, a localização central provocam tosse, sibilos, dor no tórax, escarros com sangue, falta de ar, e pneumonite, os tumores de localização periférica dificilmente apresentam sintomas, mas no momento em que eles invadem a pleura ou a parede torácica, causam dor, tosse e dispnéia (falta de ar), devido a pouca expansibilidade dos pulmões. Uma pneumonia de repetição também pode ser um indicativo de câncer de pulmão (CAPELOZZI, 2002). Diagnostico precoce de câncer Outras causas responsabilizadas pelo aparecimento dessa neoplasia são: fatores genéticos, a poluição atmosférica e a exposição às radiações ionizantes, ao asbesto e a outras fibras minerais, à sílica, ao cromo, ao níquel, ao arsênico, aos hidrocarbonetos policíclicos. Entretanto, estes são responsáveis por menos de 10% dos casos. O câncer de pulmão é uma doença incomum em quem não fuma. É a neoplasia com relação causa-efeito mais bem estabelecida: praticamente só quem fuma tem câncer de pulmão e, portanto, o melhor tratamento para esta doença é a sua prevenção. Por isso a luta anti-tabágica deve ser uma responsabilidade continuada entre todos os profissionais da área da saúde. Segundo Zamboni, o que causa o câncer é: a má alimentação, consumo excessivo de álcool, exposição 123 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. excessiva ao sol, exposição ocupacional e comportamento sexual e reprodutivo inadequado concorrem também como importantes fatores de risco de câncer e necessitam de ações específicas para o seu controle (ZAMBONI, 2007). O câncer de pulmão é classificado em dois tipos principais: pequenas células e não-pequenas células, o que corresponde a 85% dos casos. As mulheres parecem ser mais vulneráveis do que os homens às substâncias cancerígenas dos derivados do tabaco. Este tipo de câncer era raro em mulheres, mas a partir da década de 1960, a doença tem alcançado proporções epidêmicas se tornando a principal causa de morte entre mulheres nos Estados Unidos. As principais técnicas de diagnostico são: radiografia de tórax; tomografia computadorizada de tórax; ressonância magnética; citologia de escarro; broncofibroscopia; biópsia por agulha transcutânea; mediastinoscopio; biópsia a céu aberto; toracocentese (ZAMBONI, 2002). Orientações de enfermagem quanto ao tabagismo O tabagismo é de longe o maior fator contribuinte para o câncer de pulmão. A mortalidade pelo câncer exibe uma relação inversa com a idade do início do tabagismo. Aqueles que começaram a fumar na adolescência têm maior risco de desenvolver a neoplasia do que aqueles que iniciaram com mais de 25 anos. O papel esmagador do tabagismo como principal causa do câncer do pulmão vem sendo demonstrado exaustivamente nos últimos 60 anos. Cerca de 90% dos tumores do pulmão poderiam ser evitados simplesmente abandonando-se o fumo. Mais de 90% dos pacientes com câncer do pulmão são fumantes, incluindo aí aqueles não fumantes, mas expostos continuadamente à fumaça do tabaco – os fumantes passivos (FERNANDEZ, 2002). Os enfermeiros são vistos pela população e pelas autoridades públicas em câncer, como líderes nesse tipo de ação ao informar e educar a população, ao avaliar indivíduos, ao identificar grupos de risco para a doença e ao sugerir intervenções que modifiquem comportamentos de risco (CAMARGO, 2007). O tabagismo continua sendo um grave e critico problema de saúde pública que compromete diversos segmentos da nação e do mundo, o enfermeiro devera atuar na saúde do individuo, com os conhecimentos a respeito do tabaco incentivando o fumante a abandonar o vício, sempre educando e esclarecendo sobre o tratamento, tendo como eixo fundamental a 124 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. abordagem cognitivo-comportamental com a finalidade de informar o fumante sobre os riscos de fumar e benefícios de parar de fumar, motivando-os, no processo de cessação de fumar, fornecendo informações para que possa lidar com a síndrome de abstinência, com a dependência psicológica e os condicionantes associados ao hábito de fumar (FERNANDEZ, 2002). Na associação de causa-efeito entre o tabagismo e o câncer de pulmão um fator importante em relação dose resposta, isto é: quanto maior a carga tabágica, maior a probabilidade do aparecimento do câncer. Uma em cada duas pessoas que fumam morre de doença relacionada com o tabagismo (PNEUMOL, 2002). O fumante que não demonstra desejo de parar de fumar também deve ser abordado tanto pelos profissionais de enfermagem quanto pela equipe toda pois há vários motivos para esta atitude, tais como: a falta de informações sobre os efeitos nocivos do tabagismo, a falta de recursos financeiros, crenças e receios a respeito do processo de cessação, insegurança devido a tentativas anteriores sem sucesso ou mesmo recaídas e por não desejar realmente cessar o tabagismo. Qualquer que seja a razão pode-se mudar seu nível de motivação através de intervenções motivacionais, que podem ser sistematicamente feitas por profissionais de saúde em suas consultas de rotina (DESTRO, 2006). Participação da família ao tratamento Sabe-se que educar o paciente e sua família é parte integrante e fundamental do tratamento do câncer, em especial considerando-se os bolsões de pobreza, acompanhados de níveis precários de educação escolar, que levam à desinformação e à dificuldade de acesso a serviços de saúde em muitas regiões do Brasil, mas essa doença pode atingir qualquer nível da sociedade. Pesquisas atuais indicam que o fator com o maior impacto no risco de se ter um câncer de pulmão é a exposição em longo prazo de carcinógenos. O termo carcinógeno referese a qualquer forma de substância ou radiação que é um agente que promove ou tem envolvimento direto com a facilitação do câncer ou instabilidade genômica devido à destruição das mudanças metabólicas celulares. O meio mais comum de exposição aos carcinógenos é o tabagismo. O tratamento depende do tipo do câncer, o estágio ou estádio (grau de dispersão), entre outros fatores. Os tratamentos incluem: cirurgia, quimioterapia, e terapia radioativa entre outros (MENEZES, 2002). 125 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. Cuidados de enfermagem diante a prevenção A enfermagem é responsável por assegurar aos pacientes, familiares e comunidade a compreensão e o entendimento do processo da doença com a prevenção e seu tratamento, capacitando-os para tomar a decisão de cuidar da própria saúde e permitindo-lhes, então, desenvolver estratégias de enfrentamento da doença. Neste sentido, o enfermeiro ocupa um lugar importante junto à clientela no dia-a-dia da trajetória terapêutica, diferentemente de outros profissionais da equipe multidisciplinar, pois é ele quem recebe esse paciente, avalia-o, realiza procedimentos e encaminha os problemas que não são de sua alçada. Por ser o profissional acessível para conversar ou esclarecer dúvidas, muitas vezes é reconhecido como o principal elo entre os membros da equipe de saúde. Sabe-se que a enfermagem no sentido da exigência de um conhecimento amplo, tecnológico e humano, sobre os cuidados necessários a esses pacientes terá que persistir no saber, apresentando lacunas no que tange aos conteúdos teóricos específicos relacionados ao câncer, bem como à brecha existente entre a preparação técnica/ científica e a prática do cuidar (GUEDES, 2007). A educação em saúde neste domínio assenta, assim, em três áreas basilares: promoção da saúde; prevenção (fatores de risco e medidas preventivas) e rastreio e diagnóstico precoce. Percebe-se que o enfermeiro na sua atuação devera ter em conta estes aspectos e utilizara estratégias educativas adequadas, podendo ajudar os indivíduos a adaptar ou a alterar comportamentos que melhorem a sua saúde e previnam problemas como o câncer, a educação em saúde como processo orientado para a utilização de estratégias que ajudem o indivíduo a adaptar ou modificar condutas que permitam um estado saudável, continua a ser objeto de reflexão crescente por parte de políticos, instituições, grupos profissionais e mesmo de autores isolados em artigos de literatura específica (BRANCO, 2005). A prevenção se dá também através da detecção precoce das doenças, do seu tratamento adequado e nas ações destinadas a minimizar as suas conseqüências. O termo prevenção tem sido intensamente utilizado no âmbito da saúde, entretanto, na prática tem sido tão pouco efetivado. A enfermagem deverá reconhecer e valorizar os aspectos culturais. Visto que, qualquer ação de prevenção deveria estar atenta aos valores, atitudes e crenças dos grupos 126 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. sociais a quem a ação se dirige, ou seja, aos seus aspectos culturais (CESTARI, 2005). Em virtude disso o INCA desenvolve o Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, que utiliza as três instâncias governamentais: federal, estadual e municipal, para treinar e apoiar os 5.527 municípios brasileiros no gerenciamento e desenvolvimento de ações do Programa nas áreas da educação legislação e economia. CONSIDERAÇÕES FINAIS O profissional de enfermagem está diretamente ligado ao paciente, tanto nos cuidados a serem tomados baseado no respeito à dignidade humana, a compaixão, a responsabilidade, a justiça, a autonomia e as inter relações. Sabe-se que o enfermeiro lida com a realidade freqüente da assistência em oncologia, na qual desenvolve uma prática resolutiva que deve esclarecer, orientar e adaptar condutas terapêuticas às situações emergentes inerentes à pessoa com câncer. Compreende-se que são determinantes a qualidade do cuidado profissional enfermeiro, incluindo: ouvir, observar, refletir e agir, de maneira que inclua o indivíduo, programando os cuidados em conjunto com os clientes, respeitando seu querer, seus valores e seus hábitos, expandindo sua capacidade de se cuidar, resgatar ou manter sua saúde. Vivenciando seu processo saúde-doença, com enfoque na promoção do bem estar e da saúde. Dessa forma, o enfermeiro resgata as origens de sua profissão, que está direcionada ao ser humano e não à patologia. Propõe-se então que a realização de novas pesquisas na área da promoção da saúde e prevenção do câncer, bem como, mudanças na educação formal da população e no ensino específico dos profissionais da área de saúde, uma vez que, estes podem proporcionar uma maior adesão aos programas de promoção da saúde e prevenção do câncer pelos indivíduos que esta sendo um desafio para o Século XXI. Concluísse que a enfermagem precisa estar capacitada para prestar uma assistência de qualidade focando sempre do cuidado e bem estar do paciente, motivando-os a participar ativamente do tratamento e principalmente na prevenção para que o processo de recuperação e melhora tenha bons resultados. REFERÊNCIAS 127 CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010. BRANCO, Isaura Maria BHP. Prevenção do câncer e educação em saúde: opiniões e perspectivas de enfermagem. Texto contexto – enferm, v.14, n.2, p. 246-249, 2005. CLAUDINEI, Destro. Gerenciamento para o diagnóstico precoce das neoplasias malignas de maior incidência no cbmerj escola superior de comando de bombeiro militar, Rio de Janeiro, 2006. CAPELOZZI, Vera Luiza, Requisitos mínimos para o laudo de anatomia patológica em câncer de pulmão: justificativas na patogênese J. Pneumologia v. 28, n. 4, p. 201-218. 2002. CESTARI, Maria Elisa Wotzasek and Zago, Márcia Maria Fontão. A prevenção do câncer e a promoção da saúde: um desafio para o Século XXI. Rev. bras. enferm., v.58, n. 2, p. 218-221. 2005. CALIL, Ana Maria and PRADO, Cláudia. O ensino de oncologia na formação do enfermeiro. Rev. bras. Enferm, v.62, n.3, p. 467-470, 2009. FERNANDEZ, angelo, Jatene, Fabio B. and Zamboni, Mauro. Diagnóstico e estadiamento do câncer de pulmão. J. Pneumologia, v. 28, n. 4, p. 219-228. 2002. MAURO Zamboni1, Câncer de pulmão Publicação: Ago-2000 Revisão: Jul-2007 MENEZES, Batalha MF, Camargo, Guedes CT, Santos MT and Alcantara, Câncer, pobreza e desenvolvimento humano: desafios para a assistência de enfermagem em oncologia. Rev. Latino-Am. Enfermagem, n.15, p. 780-785, 2007. MENEZES Mfb, Camargo Tc, Guedes Mts, Alcântara Lffl. Câncer, pobreza e desenvolvimento. Rev Latino-am Enfermagem, v. 15, set-out. 2007. NOVARES Trocoli F, Câncer de pulmão: histologia, estádio, tratamento e sobrevida. J. bras. Pneumol. São Paulo, v. 34, n. 8, p. 595-600, 2008. PNEUMOL, Fernandez A, Jatene FB, Zamboni M Diagnóstico e estadiamento do câncer de pulmão, v. 28, n. 4, jul-ago de 2002. RADIOL, Larissa Bodanese, Ana Luiza Telles de Miranda Gutierrez1, Domenico Capone, Edson Marchiori, metástases pulmonares atípicas: apresentações tomográficas. Bras, v.35, n. 3, p. 99-103, 2002. SALVADORI AM, Lamas JLT, Zanon C, Instrumento para pacientes com câncer de pulmão, Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 12, mar, n. 1, p. 130 – 5. 2008. ZAMBONI, Mauro. Epidemiologia do câncer do pulmão. J. Pneumolog. v.28, n.1, p. 41-47, jan-fev. 2002. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. PERFIL BIOPSICOSSOCIAL DA NEUROPLASTICIDADE E A EVOLUÇÃO NEUROFUNCIONAL HUMANA COMO FENÔMENO REFLEXIVO DOS ASPECTOS E ESTIMULOS AMBIENTAIS Elder Sales da Silva Resumo: Abstract: A neuroplasticidade apresenta vários conceitos que podem ser resumidos na capacidade de adaptação morfofuncional frentes aos estímulos do ambiente interno e externo ao organismo. Esse evento está relacionado a condições que, evolutivamente, permitiram ao homem uma grande vantagem na elaboração de estratégia de sobrevivência conforme o sistema nervoso captava, processava e respondia as condições do meio. Os fatores biopsicossociais mostram que a plasticidade do sistema nervoso depende de condições extrabiológicas tanto para o desenvolvimento normal quanto para a reorganização nos casos patológicos. Neste caso, muito se tem avançado sobre a capacidade que o sistema nervoso apresenta para reagir frente a distúrbios neurais. The neuroplasticity presents several concepts that can be summarized in the adaptability morphofunctional fronts to environmental stimuli internal and external to the body. This event is related to conditions that, in evolutionary terms, allowed the man a great advantage in developing a survival strategy as captured nervous system, process and respond to environmental conditions. The biopsychosocial factors show that the plasticity of the nervous system depends on conditions extrabiológicas both normal development and for the reorganization in pathological cases. In this case, progress has been on the ability of the nervous system has to react to neural disorders. Palavras-chave: Key-words: Neuroplasticidade, reorganização, reabilitação e fisioterapia. Neuroplasticity, reorganization, rehabilitation and physiotherapy. INTRODUÇÃO O entendimento dos mecanismos neurais que vinculam a mera existência anatômica e material ás condições que estabelecem alto nível de complexidade comportamental que eleva a espécie humana como uma entidade não apenas biológica, mas e, sobretudo, psíquica e social representa o maior dos desafios da nossa época. Foi-se o tempo em que às explicações para as condutas da humanidade eram fundamentadas em observações e indagações desvinculadas da experimentação e do método científico. Muitas idéias como a dos fluidos de Galeno em que o liquor era à base das funções neurológicas e pelos ventrículos cerebrais fluíam emoções como amor, ódio e alegria Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás. 129 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. até o desconhecimento dos fenômenos bioelétricos e a hipótese da natureza ―sincicial‖ da massa encefálica prévia aos estudos de Ramon Y Cajal, foram importantes para impulsionar dúvidas e inúmeros trabalhos neurocintificos apesar delas se assentarem nas trevas do empirismo . Entender os fundamentos da função do sistema nervoso é estar em contato com a evolução da espécie humana. É fazer uma ponte com o passado e as estratégias que tornaram o homem diferente dos outros animais, é entender os avanços nas relações sociais e a teia de interdependência dos sistemas econômicos na atualidade. É especular sobre as transformações e os rumos que a mente humana, utilizando as mãos, determinará no ambiente natural e psíquico que tornará a vida mais ou menos viável no futuro. Nestas perspectivas se justifica a realização deste trabalho que utiliza os conceitos envolvidos com a neuroplasticidade, suas implicações e dependência dos vários aspectos da vida (biopsicossocial) para debater o conhecimento que se tem do sistema nervoso e a possibilidade de recuperação. METODOLOGIA Levantamento analítico de artigos científicos e revisão sistematizada dessa literatura a partir de bases de dados da Pubmed, Sciencedirect, Bireme, Scielo e Medline no periodo de 2001 a 2009. PERFIL BIOPSICOSSOCIAL DA NEUROPLASTICIDADE Os antecedentes históricos associados à descoberta e a definição da neuroplasticidade (NP) são diversificados conforme os autores estudados. Não existe um consenso, mas alguns autores consideram que algumas das investigações sobre o tema começaram próximas a 1890 em que, dentre outros trabalhos, estava o texto ―Princípios da psicologia‖ de James William que abordava, de forma controversa, a plasticidade nervosa (JOHANSON, 2007). Já em 1906, Ernesto Lugano, um psiquiátra italiano também cria um dos primeiros conceitos da NP sendo seguidos por Konorski em 1948 e Donald Hebb que em 1949 vincula a organização neural com reação a estímulos patológicos e a situações ambientais. Na década de 60 o contexto é amplificado por várias experiências e no ano de 130 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. 1980, Albert Aguayo investiga com sucesso a regeneração de neurônios vinculados ao sistema nervoso periféfico a partir da transecção do nervo óptico (BORELLA e SACCHELLI, 2008 e MONTEIRO et al., 2002). Durante a década do cérebro (1990) muito se foi investigado sobre a NP e o contexto sináptico e dos neurotransmissores. Para Borella e Sacchelli (2008) as modificações apresentadas pelo sistema nervoso (SN) por um período maior que 1 segundo e ligada a adaptações do cotidiano em resposta tanto a patologias quando ao mecanismo naturais de aprendizagem define a NP. Ela pode englobar diversos eventos estruturais como a remodelação dendrítica e sináptica, o desenvolvimento neural, a sinaptogênese e a neurogênese pelas quais o cérebro promove o feedback a estímulos internos e externos (GONÇALVES e COELHO, 2006). A modificação evolutiva, funcional e estrutural de receptores dolorosos em decorrência de lesão tecidual define a plasticidade neural para muitos autores. Silva e Kleinhas (2006), Oliveira (et al., 2004) e Arribas (et al., 2006) consideram a inércia terapêutica em neurologia, no passado, um reflexo do desconhecimento dos princípios da NP que representava o conjunto de alterações morfofuncionais do SN perante aos estímulos ambientais. Viera e Soares (2007) referem à possibilidade da criação de novas conexões neurais amplificando as redes neurais em resposta a diversidade de estímulos, sua qualidade e quantidade. Borrelli (2009) e Sarmiento (et al., 2008) aprofundam este conceito levando em conta as modificações da maquinaria genética e bioquímica que possibilita os rearranjos neurais. A NP pode, então, ser considerada um evento natural em resposta a agentes endógenos e exógenos experienciados pelo SN mostrando sua capacidade de se modificar para determinar a homeostasia dentro de qualquer estágio ontogenético, ou seja, dentro da evolução intraespecífica (ANDRADE e JÚNIOR, 2005; LEVIN, 2006; SALOWSKI, 2008 e FERRARI et al., 2001). EVOLUÇÃO E ESTÍMULOS AMBIENTAIS O sistema nervoso, com sua condição de aferência, associação e eferência consegue ―ler‖ uma gama de estímulos de ordem físico-química e biológica decidindo o papel dos seres vivos perante os contextos ambientais que propelem aos ajustes e impõem a criação de estratégias de sobrevivência. O SN humano, em termos de complexidade biológica, configura o maior produto da evolução. As diversidades de redes neurais, através de conexões 131 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. sinápticas, integram todo o organismo em si e com o meio em que se dá a sobrevivência (FERRARI et al., 2001). Embora tenha atingido esse grau na escala evolutiva, o sistema em questão apresenta uma capacidade neuroplástica ainda menosprezada em muitos casos. Os mecanismos que a determinam ainda estão por sofrer elucidações e se vinculam ao contexto sináptico e os receptores de membrana bem como os elementos neuroquímicos. Esses fatores neurotróficos são decisivos na reorganização das células neurais e na glia e podem sofrer alterações positivas (aprendizado e reabilitação) ou negativas (distúrbios) conforme a natureza dos estímulos. Os mediadores químicos apresentam respostas constantes em vários estágios da vida e se tornam mais lentos com o avançar da idade (ANDRADE e JÚNIOR, 2005). Com o advento real das modificações sinápticas relacionadas à NP, mostrou-se que as idéias associacionistas estão mais coerentes do que as idéias iniciais localizacionistas ou frenológicas do passado. Diversos estudos têm mostrado a reorganização das representações corticais ou mapas corticais sensoriomotores em humanos e primatas em decorrência de ajustes a lesões ou ao aprendizado. Neste caso, ocorrem alterações plásticas como o crescimento de novos terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, estreitamento da fenda sináptica, mudança na conformação de proteínas receptoras e na quantidade de neurotransmissores (OLIVEIRA et al., 2004). A plasticidade pode se caracterizar conforme cada segmento do neurônio (BORELLA e SACCHELLI, 2008 e GUEDES et al., 2006). A lei de Hebb, já em 1949, revelava uma espécie de ―musculação sináptica‖ em que o tipo de estimulo pode reforçar os elos entre as sinapses e a estabilização de circuitos neurais (HAASE e LACERDA, 2004). No caso de indivíduos com lesão neural estes estímulos podem ser elaborados por fisioterapeutas conforme o tipo de conexões ou redes neurais que se queira potencializar. Há situações em que os estímulos são induzidos por práticas mentais em relação ao tipo de movimentos e sua execução mesmo quando o individuo não consegue realizar essa tarefa (BUTLER e PAGE, 2006 e BARATO et al., 2008). O tecido neural, aparentemente, paga um preço alto pelo seu alto grau de desempenho, pois sua evolução é marcada por fatores tróficos muito sensíveis que induzem a proliferação, diferenciação e migração neural (ALSPECTOR, 2007). Neste contexto, deve-se determinar um limite do patrimônio celular sendo realizada uma ―poda neuroquímica‖ que passará a limitar a neurogênese e a plasticidade. Talvez esse mecanismo de controle para 132 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. estabilização estrutural e funcional nos períodos iniciais da formação neural deixe, nos adultos, uma dificuldade para os eventos neurogênicos principalmente pós lesão. É importante ainda, diferenciar a maior capacidade de regeneração do SN periférico em relação ao SN central conforme o tipo de mielinização e os fatores de crescimento ou inibição dos mesmos por células neurogliais. Embora em diferentes graus de capacidade reorganizacional, a NP está relacionada a todos os segmentos do SN abrangendo desde o córtex a medula espinhal (LEVIN, 2006; SILVA e KLEINHANS, 2006). MAQUINÁRIA E DETERMINANTES CELULARES Não há dúvida no que se refere às dificuldades e limites de recuperação das células do sistema nervoso em relação aos outros tipos. Os neurônios e a glia são originados a partir de células precursoras da ectoderme com exceção da micróglia originária da mesoderme. Já foram descritos em torno de 32 tipos diferentes de neurônios que variam conforme a estrutura e função. Ao atingirem uma alta especificidade essas células perdem a condição de se dividir e formar os mesmos caminhos e redes neurais, pois estas compõem um leque único de estímulos que depende de cada momento da vida (OTERO et al., 2009). Isso cria a especulação sobre o alcance do ―determinismo genético‖ e a pergunta: ―Se o individuo adulto pudesse nascer de novo, em outro período temporal, ele teria e seria da mesma forma em relação ao aspecto neurofuncional ? (OTERO et al., 2009). As idéias de Godfrey-Smith em que refe-se os genes como canais por onde o ambiente se manifesta ilustra o aspecto não determinístico das condições genéticas e mostra que as representações biológicas são decorrentes da equilibração entre genótipo e ambiente revelando o que se conhece como fenótipo (HAASE e LACERDA, 2004). Estudos antigos já mostraram que animais criados isolados e com pobreza de estímulos apresentam menos riqueza na complexidade das redes neurais com mapas corticais menos densos que a mesma espécie quando criada com maiores estímulos ambientais. Deste modo, vários fatores teciduais devem ser transformados conforme o tipo e a quantidade de excitação que é captada pelo SN. Johansson, 2007 sugere que a neurogênese pode ser alterada por doenças enquanto que Monteiro et al., 2002 revela o papel da nutrição como um dos elementos decisivos tanto para formação quanto para reorganização do aparato neurofuncional uma vez que o processo é dependente do metabolismo protéico. 133 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. Neste sentido, estudos com suplementação alimentar protéica em ratos demonstram que estes animais são mais interativos e adaptáveis aos estímulos em relação ao outro grupo suplementado com dieta rica em lipídios (MONTEIRO et al., 2002). CONDIÇÕES AMBIENTAIS E FATORES BIOPSICOSSOCIAIS Existem várias reações neurogênicas do organismo exposto a condições estressoras. No que se refere a repercusões morfológicas foi percebido em investigações post morten a diminuição dos volumes de áreas do córtex frontal e dos núcleos da base. Histologicamente foi revelado alteração trófica neuronal e glial e nos quadros associados a depressão uma grande alteração neuronal no hipocampo, conhecida região de memória que junto com a degeneração das amigdalas (importante centro das emoções) ilustram a clinica depresiva. Muitas vezes esses eventos podem ativar o eixo hipotálamo hipófise adrenal e desencadear situações deletérias como excitotoxiciade glutamatérgica que pode estar ligadas ao processo apoptótico, infecção viral ou bacteriana e isquemia-hipoxia entre outras vulnerabilidades orgânicas (GONÇALVES e COELHO, 2006). Em outro panorama encontram-se os diversos fatores ambientais que podem agregar maior estabilidade estrutural e eficácia ao contexto neurofuncional por implicarem positivamente na neurogênese e, consequentemente, na neuroplasticidade. No decurso da organização do SN, como já exposto, podem ocorrer distúrbios que mudam o rumo da homeostasia e serão descritos na seqüência do texto. Nestes casos patológicos, as situações clínicas podem sofrer influencias de variáveis do ambiente e do organismo. A tabela 1 abaixo resume algumas dessas variáveis. Tabela 1– Algumas das principais condições que interferem na formação e na recuperação neural Fonte: Adaptado Haase e Lacerda, 2004. 134 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. Oliveira (et al., 2004) descreve alguns fatores ambientais que devem ser levados em consideração em condições patológicas como as características da lesão, a biografia do paciente e sua idade, o diagnóstico, a freqüência e intensidade dos estímulos de reabilitação, os estados emocionais (depressão-motivação), as condições físicas e seu grau de cognição além do vinculo criado com o cuidador em relação a capacidade de comunicação para melhor montagem de estratégia e programas de tratamento que busquem os estimulos ambientais e cognitivos adequados para a reorganização nervosa. Obviamente, alguns dos antídotos contra os impedimentos da neurogênese normal estariam ligados às condições de dieta adequadas, atividades estimulantes e desafiadoras que mantenham a motivação vital, a melhora interindividual de lidar com o estresse enfim, situações que regulam favoravelmente a estrutura e função do SN. Aqui se esclarece uma das abordagens mais interessantes em neurociências que é a capacidade comportamento humano influenciar nos mecanismos de plasticidade neural. Inúmeros estudos revelam a interferência das emoções e da personalidade sobre o desencadeamento de patologias do coração e do SN (ARGANAZ et al., 2008 e VOLCHAN et al., 2003). Dessa forma, os mecanismos de aprendizagem e memória e a forma como o individuo integra essas propriedades para forma sua identidade e se relacionar socialmente também pode alterar os padrões sinaptogênicos refletindo positiva ou negativamente na integridade neurológica. O conjunto de experiência no meio social e ambiental aos quais os individuos se desenvolvem molda a citoarquitetura da massa encefálica e o torna mais ou menos adaptável conforme a qualidade de integração sensório motora, sinestésica e cognitiva. Foi assim que o SN se responsabilizou evolutivamente para manter o organismo em continuidade com o ambiente e tornar a vida um fenômeno histórico e espiritual para a espécie humana (FERRARI et al., 2001; ANDRADE e JUNIOR, 2005). Como exposto tem-se a composição multifatorial dos eventos que permeiam a NP e a importância da visão biológica, psíquica e social na tentativa de estabelecer um conhecimento mais completo do comportamento neurológico e o seu significado. Percebe-se que a NP como um evento natural e limitado, pode ser potencializado por condições ambientais favoráveis como estímulos programados por profissionais da reabilitação. 135 SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. Por outro lado, a pobreza de estímulos, principalmente em casos de neuropatologias, pode ser gravemente desfavorável a reorganização neural e causar a o aumento da desconfiguração das estruturas neurológicas que foram preservadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os fenômenos relacionados à capacidade de reorganização do SN definem a condição exposta neste trabalho que é a neuroplasticidade. Vários conceitos e abordagens revelam que ainda se encontram em crescimento os estudos e o conhecimento do assunto e que, felizmente, tem-se diminuído muito a inércia terapêutica frente a lesões do SN. Especificamente, os estudos das diversas técnicas de terapia física mostraram que o fisioterapeuta funciona como um grande veiculador de estímulos programados que podem contribuir e decidir a recuperação de pacientes através da reprogramação sinápticas, a criação de novos circuitos em áreas silenciosas e a respostas que façam os pacientes, usando caminhos diferentes, conseguirem executar como maior independência possível suas atividades diárias com dignidade. Portanto, muito ainda se tem para caminhar no campo da reabilitação neurológica. No entanto, este texto teve o objetivo de propor uma visão panorâmica da NP, seu caráter extrabiológico e a magnitude da terapia física relacionada sem pretender exaurir o tema que se mostra ainda em estágio embrionário de conhecimento. Referências ALSPECTOR, E. 2007. The relationship between neurogenesis and pain behavior. V.1: 1-54. ANDRADE, A.L.M. e Junior, A.L. 2005. A plasticidade neural e suas implicações nos processos de memória e aprendizado. 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Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010. BORELLA, M.P. e SACCHELLI, T. 2008. Os efeitos da prática de atividades motoras sobre a neuroplasticidade. Rev Neurocienc 2009 17 (2): 161-9. BORRELLI, E., NESTLER, E.J., ALLIS, C.D. e CORSI, P.S. 2009. Decoding the epigenetic language of neuronal plasticity. Neuron 1 : 3-29. BUTLER, J.A. e PAGE, S.J. 2006. Mental practice with motor imagery: Evidence for motor recovery and cortical reorganization after stroke. Arch Phys Méd Rehabil 87 : 2-11. FERRARI, E.A.M., TOYODA, M.S.S. e FALEIROS, L. 2001. Plasticidade neural: Relações com o comportamento e abordagens experimentais. Psicologia: Teoria e pesquisa. V.17 n.2 : 187-194. GUEDES, F.A., ALONSO, O.Y.G. e LEITE, J.P. 2006. Plasticidade neural associada a epilepsia do lobo temporal mesial: Insights a partir de estudos em modelos humanos e modelos animais. J Epilepsy Clin. 12 : 10-17. 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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS E SISTÊMICAS DE PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN INSTITUCIONALIZADOS NA APAEGOIÂNIA/GOIÁS Rodrigo Passos del Fiaco Cláudio Maranhão Pereira Resumo: Abstract: A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Dentre as manifestações bucais mais comuns destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a doença periodontal. Material e Método: o presente trabalho visa avaliar a condição de saúde bucal, identificando a prevalência da cárie em crianças portadoras da síndrome de Down em uma instituição especializada de Goiânia-Goiás (APAE). Foram avaliados quanto a presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da presença de fatores locais ou sistêmicos que pudessem influenciar os achados. Resultados: Quanto a condição sistêmica dos pacientes, foi observado que dos 25 pacientes, 7 apresentavam cardiopatias e 6 pneumonia.. Em relação às alterações intra-bucais, dos 25 pacientes, 14 apresentavam gengivite, 8 cáries e 6 língua geográfica. Quando os pacientes foram avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se que em 10 (40%) estava ausente e que, dos 14 que apresentavam, apenas 4 tinham a doença de forma grave. Conclusões: o pequeno índice de doença periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome. Down syndrome, or trisomy of chromosome 21, is the chromosomic aberration more common of the human. Amongst the more common oral manifestations the dental anomalies are distinguished, the macroglossia, the fissure tongue, the ogival palate and bad occlusion, beyond a lesser number of dental caries and a bigger susceptibility the periodontal illness. Material and Method: the present work aims at to evaluate the condition of oral health, identifying the prevalence of the caries in carrying Down syndrome children of in a specialized institution of GoiâniaGoiás (APAE). They had been evaluated how much the caries tooth, index of gum inflammation, beyond the presence of local or systemic factors that could influence the findings. Results: How much the systemic condition of the patients, was observed that of the 25 patients, 7 presented 6 cardiopathies and pneumonia. In relation to the intra-oral alterations, of the 25 patients, 14 presented gingivitis, 8 caries and 6 geographic tongues. When the patients had been evaluated how much to the gingivitis degree, she was observed that in 10 (40%) she was absent and that, of the 14 that they presented; only 4 had the illness of severe form. Palavras-chave: Key-words: Síndrome de Down, doença periodontal, cárie Conclusions: the small index of periodontal illness, as well as the caries index found, had probably occurred in virtue of the clarification and awareness of the parents and the medical and dental assistance that these patients present and not in result of some inherent factor to the proper syndrome. Down syndrome, periodontal illness, caries Aluno do 8º período de graduação de Odontologia, UNIP, campus Flamboyant, Goiânia-Goiás Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil; Departamento de Patologia, Universidade Estácio de Sá, Goiânia/GO-Brasil e Brasília/DF-Brasil. Correspondase com o autor: Cláudio Maranhão Pereira. Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Patologia Oral -Diagnóstico Oral,BR-153, sn, Chácaras Alto da Glória - CEP: 74000-00, Goiania/GO – Brazil, + 55 62 32394000. e-mail: [email protected]; [email protected] 138 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. INTRODUÇÃO A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Primeiramente descrita por John Langdon Hatdon Down, em 1866, foi a primeira síndrome de malformação cromossômica encontrada no homem. A anormalidade cromossômica foi observada por Lejeune (1959), por meio do estudo do cariótipo, caracterizado por um cromossomo 21 extra, do grupo G2, 3, 6. A razão pela qual ocorre essa desfiguração cromossômica ainda é questionável. Contudo alguns fatores como a idade materna avançada, a tendência familiar a não disjunção cromossômica e a exposição repetida ao mesmo agente ambiental têm sido especulados como eventuais fatores causais2, 3, 6, 12. Ocorre uma vez em aproximadamente 600 a 800 nascimentos com vida, sendo encontrada em 10 a 18% dos indivíduos institucionalizados por déficit intelectual. Tal condição independe de classe social ou raça acomete igualmente ambos os sexos3, 6, 9. Diversas são as manifestações clínicas que caracterizam o portador da Síndrome de Down, dentre as quais cita-se, rosto arredondado com bochechas salientes, nariz em sela, olhos pequenos e oblíquos com pregas epicantais, extremidades curtas, deficiência intelectual, crescimento retardado, envelhecimento precoce, hipotonia muscular e cardiopatia congênita, entre outras alterações. Os pacientes apresentam ainda o sistema imunológico bastante debilitado7, 9, 12. O indivíduo portador da Síndrome de Down apresenta uma série de alterações sistêmicas e buco-faciais que o cirurgião-dentista precisa conhecer para executar com êxito um atendimento de qualidade3, 10, 11 . Dentre as manifestações bucais mais comuns na Síndrome destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a doença periodontal1, 3, 4, 7, 8. Crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam piores condições de higiene bucal, possivelmente, devido ao fato de as próprias crianças realizarem a sua higiene e a permissividade por parte dos pais. Não se pode deixar de ressaltar o trabalho conjunto que deve ser exercido entre os responsáveis e os profissionais da área de odontologia, para que se evite agravamento da condição bucal do portador da referida síndrome1, 5, 9, 11. Considerando-se que o portador da Síndrome de Down, não se encontra em condições de exercer uma limpeza bucal adequada, de apresentar normalmente hiposalivação, de apresentar o sistema imunológico alterado e de se alimentar por uma dieta excessivamente 139 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. rica em açúcares e carboidratos, era de se esperar que este apresentasse um maior índice da doença cárie1, 3, 5, 8, 12. Em virtude da relevância do controle de saúde bucal desses pacientes, torna-se necessário um estudo da prevalência da doença cárie destes pacientes institucionalizados em Goiânia-Goiás. MATERIAL E MÉTODO O estudo foi realizado em pacientes matriculados na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos excepcionais), na clínica odontológica da própria instituição, com o apoio e colaboração da coordenadoria e corpo técnico local. Todo o trabalho teve o consentimento dos pais ou responsáveis, e acompanhamento da profissional da área de saúde responsável pelo tratamento a essas crianças. Os mesmo foram informados do caráter não obrigatório e não oneroso da pesquisa e a não participação no estudo não atribuirá nenhuma perda ao paciente. Todos os pacientes foram submetidos a exame físico criterioso e os dados clínicos sistêmicos e bucais foram anotados em um prontuário clínico padronizado para tal finalidade. Foram avaliados quanto a presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da presença de fatores locais ou sistêmicos que poderiam influenciar nos resultados. Todos pacientes foram também avaliados por exames de imagens (radiografias periapicais e interproximais) para ratificarem a presença ou não de lesões cariosas. RESULTADOS Dos 25 pacientes portadores de Síndrome de Down, 14 (56%) eram do gênero feminino e 11 (44%) do gênero masculino. Os pacientes apresentavam média de idade de 16,8 anos variando de 2 a 41 anos. Quanto a condição sistêmica dos pacientes, foi observado que dos 25 pacientes, 7 (28%) apresentavam cardiopatias e 6 (24%) pneumonia. Também foi observado tuberculose, bronquite, infecções recorrentes e diabetes. Em relação as alterações encontradas no corpo do paciente durante o exame físico geral, pode-se observar que a boca entre aberta (10 pacientes) e o nariz hipoplásico (8 pacientes) foram as alterações mais freqüentes, de um total de 13 alterações diferentes encontradas (Tabelas 1 e 2). Em relação às alterações intra-bucais, dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentavam gengivite, 8 (32%) cáries, 6 (24%) língua geográfica e 5 (20%) língua fissurada (Tabela 3). 140 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. Quando os pacientes foram avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se que em 10 (40%) estava ausente e que, dos 14 que apresentavam, apenas 4 (28,5%) tinham a doença de forma grave (tabela 4). Ainda quanto avaliados quanto a frequência em procuravam atendimento odontológico, dos 25 pacientes, 7 foram ao dentista no último mês, 6 nos 6 últimos meses, 6 há cerca de 1 ano e 6 há de mais de 2 anos. DISCUSSÃO Com relação á cárie dentária e doença periodontal, a maioria dos autores são unânimes em afirmar a baixa prevalência de cárie e alta prevalência da doença periodontal nestes pacientes, quando comparada a outros indivíduos com ou sem déficit mental1, 3, 4, 5, 8, 12. Dos 25 pacientes avaliados neste estudo, 14 apresentavam alterações gengivais e 8 cáries dentárias, corroborando com os achados descritos na literatura. A baixa prevalência de cárie pode ser atribuída ao padrão de erupção retardado e composição salivar diferente das outras crianças, à morfologia dentária com fóssulas e fissuras menos acentuadas e superfície oclusal menos acidentada devido ao bruxismo, à diferença da composição da flora bacteriana associada à placa dentária1, 3, 8, 12. Todos estes fatores publicados na literatura são apenas especulações visto que nenhum destes ainda foi comprovado. Nos pacientes avaliados nesta pesquisa nenhum destes fatores foram detectados. Frente literatura pertinente consultada e ao detectado na prática, ressalta-se a importância do conhecimento pelo cirurgião-dentista das manifestações orais que acometem os pacientes portadores de Síndrome de Down, dentre as quais destaca-se a doença cárie. Esta, ao contrário do que seria esperado, já que esses pacientes apresentam maior dificuldade de higienizam bucal, apresenta menor prevalência neste indivíduos em relação aos demais pacientes. Contudo, a higienização bucal na maioria dos casos é realizada pelos pais ou responsáveis7, 9, 12 , logo o resultado encontrado nos pacientes avaliados correspondem aos achados na literatura presente, ou seja, estes pacientes apresentam pequeno índice de cárie dentária. Apesar dos achados da literatura em que pacientes portadores de Síndrome de Down apresentam maior índice de doença periodontal, os resultados encontrados não comprovam estes dados. Dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentam gengivite, sendo que destes apenas 4 (28,5%) apresentam esta em forma grave. Logo, este pequeno índice de doença 141 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome. Fica evidente neste estudo a importância de uma atenção especial por parte de família a estes pacientes, pois é ela que está sempre presente no dia a dia destes indivíduos, cabendo ao clínico instruir e acompanhar os pacientes com Síndrome de Down e a sua respectiva família sobre a importância da higienização bucal. Referências 1. ARAUJO, N. C. B. I. Prevalência de cárie dentária em crianças portadoras de síndrome de Down na faixa etária de 0 a 60 meses. 11p. JBP: J. Bras. Odontop. Odont. 2. BENATTI, A.M.; OLIVEIRA, M.C.S.; CAMPOS, M.T.G.R.; ZANGIROLAMI, T.R. O que é Cariótipo. Projeto Down. Impressão : LCK Gráfica e Editora. 1a edição, 1985. 3. BERTHOLD, T.B; ARAUJO, V.P; ROBINSON, W.M. Síndrome de Down: aspectos gerais e odontológicos/ DownÆs Syndrome: aspects of general and dental. Rev. ciênc. méd. biol; 3(2): 252260, jul.-dez. 2004. 4. FOURNIOL, A .; FACION, J. R. Excepcionais. In: FOURNIOL FILHO. Pacientes Especiais e a Odontologia. São Paulo: Santos, 1998, 472p. cap.viii, p.339 -405. 5. GALLARRETA, FW.M; TURSSI, C.P; PALMA-DIBB, R.G; SERRA, M.C. Histórico de saúde: atenção a condições sistêmicas e suas implicações, sobretudo nos fatores de risco de cárie: [revisão]/ History taking: attention to systemic conditions and their implications with emphasis on caries risk: [review] Rev. odonto ciênc; 23(2): 192-196, abr.-jun. 2008. 6. MILSTEIN, M.I; BEÇAK, W. A síndrome de Down: aspectos etiológicos/ Down's syndrome: etiological aspects Rev. bras. genét; 3(1): 53-78, Mar. 1980. 7. PUESCHEL, S. M. C. Clinical Aspects of Down Syndrome From Infancy to Adulthood. American Journal of Medical Genetics Supplement, v.7, p. 52-53, 1990. 8. SANTOS, L.M; MOREIRA, E.A.M; ALMEIDA, I.C.S; BOSCO, V.L. Aspectos bucais da Síndrome de Down: revisão da literatura/ Oral aspects of Down Syndrome: a review of the literature. Rev. ABO nac; 12(5): 278-282, out.-nov. 2004. 9. SILVA, N.LP; DESSEN, M.A. Síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na família/ Down Syndrome: etiology, characteristics, and its effects on family. Interaçäo psicol; 6(2): 167-176, jul.-dez. 2002. 10. TOLEDO, G. A. de; BEZERRA, A. C. B.. Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais. In: Toledo, O. A. de. Odontopediatria – Fundamentos para a Prática Clínica. 2ed São Paulo: Panamericana, p.221-239. 1996. 11. WALDMAN, H.B. Sepecial Pediatric Population Grups and Their Use of Dental Services, Journal of Dentistry for Children, v. 56, p. 211-15, may/ june, 1989. 12. WISEMAN FK; ALFORD KA; TYBULEWICZ VL; FISHER EM. Down syndrome--recent progress and future prospects. Hum Mol Genet; 18(R1): R75-83, 2009 Apr 15. 142 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. ANEXOS Tabelas Tabela 1: Avaliação de alterações sistêmicas dos 25 pacientes portadores da síndrome de Down: Alteração Infecções Tuberculose Pneumonia Bronquite Cardiopatia recorrentes Nº pac. 3 4 6 4 7 Diabete 2 Tabela 2: Avaliação de alterações sistêmicas características da Síndrome de Down: Grande espaço entre os dedos do pé 3 Aumento do tec. subcutâneo do pescoço 6 Anomalia palatina 5 Nariz hipoplásico 8 Boca aberta 10 Língua em protusão 4 Epicanto 3 Fenda única palmar 4 Braquiclinodactilia 1 Aumento da distância interpupilar 3 Mãos curtas e grosseiras 6 Implantação baixa dos pavilhões auriculares 3 Forma atípica do pavilhão auricular 5 143 FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010. Tabela 3: Avaliação intra-bucal dos pacientes portadores da Síndrome de Down: Alteração Gengivite Cárie Macroglossia Língua Língua Queilite Geográfica Fissurada Angular Quant. 14 8 1 6 5 1 Tabela 4: Avaliação do grau de gengivite nos pacientes com Síndrome de Down: Gengivite Ausente Leve Moderada Grave Quant. 10 7 3 4 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Editor Responsável Edmar Aparecido de Barra e Lopes [email protected] 1 – Os trabalhos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida sua apresentação simultânea em outro periódico. De preferência redigidos em português, a REVISTA publicar eventualmente textos em língua estrangeira (inglês, francês, espanhol). 2 – Os originais serão submetidos apreciação do Conselho Editorial, após prévia avaliação do Conselho Consultivo, o qual poder aceitar, recusar ou reapresentar o original ao autor com sugestões para alterações. Os nomes dos relatores permanecerão em sigilo, omitindo-se também os nomes dos autores perante os relatores. 3 – Os artigos e comentários críticos devem ser apresentados com original e cópia e devem conter entre 10 (dez) e 18 (dezoito) laudas e 70 (setenta) toques de 30 (trinta) linhas. As resenhas devem conter 05 (cinco), os resumos de TCC 03 (três) e a entrevistas até 15 (quinze) laudas. 4 – Os originais devem ser encaminhados através do email: [email protected] (fonte Times New Roman, tamanho 12, entrelinha 1,5). 5 – Cada artigo deve vir acompanhado de seu título e resumo em português e inglês (abstract), com aproximadamente 80 palavras e título em inglês; e de, no máximo cinco palavras-chave em português e inglês. 6 – No cabeçalho do original serão indicados o título (e subtítulo se houver) e o nome do(s) autores, com indicação, em nota de rodapé, dos títulos universitários ou cargos que indiquem sua autoridade em relação ao assunto do artigo. 7 – As notas do rodapé, quando existirem, deverão ser de natureza substantiva, e indicadas por algarismos arábicos em ordem crescente. As menções a autores, no decorrer do texto, devem subordinar-se ao esquema (Sobrenome do autor, data) ou (Sobrenome do autor, data, página). Ex.: (ADORNO, 1968) ou o ano serão identificados por uma letra depois da data. Ex.: (PARSONS, 1967ª), (PARSONS, 1964b). 8 – A bibliografia (ou referências bibliográficas) ser apresentada no final do trabalho, listada em ordem alfabética, obedecendo aos seguintes esquemas: a) No caso de livro: SOBRENOME, nome. Título sublinhado. Local de publicação, Editora, data. Ex.: GIDDENS, Anthony. Novas regras do método sociológico. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. b) No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título não sublinhado. In: SOBRENOME, Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora, data, p. ii-ii. Ex.: FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In: KRINSKY, S., org. A criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do Periódico Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página inicial-página final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors influencing the retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy, Oxford, 24(2): 151-9. 1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local, data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em que foi defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e capitalismo: a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. GUANICUNS III 2006 24-09-06.pmd 294 24/9/2006, 20:20 9 – Uma vez publicados os artigos remetidos e aprovados pelo Conselho Consultivo e pelo Conselho Editorial, A REVISTA, se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução, permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução com transcrição e com devida citação da fonte. 10 – Os conceitos emitidos nos trabalhos serão de responsabilidades exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Conselho Consultivo e do Conselho Editorial. 11 – A REVISTA de caráter interdisciplinar e pretende se consolidar como um instrumento de reflexão crítica, contribuindo para dar visibilidade produção técnico-científica do corpo docente e discente da instituição. 12 – A REVISTA aceita colaborações, sugestões e críticas, que podem ser encaminhadas ao Editor, através do e-mail supracitado. 13 – Originais não aproveitados serão devolvidos, mas fica resguardado o direito do autor(a) em divulgá-los em outros espaços editoriais. Naturalmente toda a responsabilidade pelos artigos a seus respectivos autores. Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 1140, Setor Leste, CEP: 76.170-000/Caixa Postal: 07 Dúvidas:Tel/Fax: 62-81259000 E-mail: [email protected] Solicita-se permuta/Exchange desired.