estácio de sá ciências da saúde

Propaganda
ISSN: 1984 - 2848
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
Revista da Faculdade Estácio de Sá de
Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, . Jan. 2010 / . Jun. 2010
Ficha Catalográfica da Revista
LOPES, Edmar Aparecido de Barra e.
Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de
Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº03, . Jan. 2010/.Jun. 2010.
Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
I.Ciências da Saúde. II‐ Título: Revista de Ciências da
Saúde.
III.Publicações Cientificas.
CDD 600
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI)
Faculdade Estácio de Sá de Goiás
Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO
Jacqueline R.Yoshida – Bibliotecária – CRB 1901
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO
VOLUME 1-1, N. 03, Jan. 2010 a Jun. 2010
PERIODICIDADE: SEMESTRAL.
ISSN: 1984 – 2848
______________________________________________________________________________
ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE
Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO
Cursos de: GO
Administração
Enfermagem
Farmácia
Educação Física
Fisioterapia
Recursos Humanos
Redes de Computadores
______________________________________________________________________________
ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE
Editor Cientifico:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Conselho Editorial Executivo:
Adriano Luis Fonseca
Ana Claudia Camargo Campos
Claudio Maranhão Pereira
Edson Sidião de Souza Júnior
Patrícia de Sá Barros
Guilherme Nobre Lima do Nascimento
Conselho Editorial Consultivo:
Adriano Luís Fonseca
Andréia Magalhães de Oliveira
Denise Gonçalves Pereira
Elder Sales da Silva
Jaqueline Gleice Aparecida de Freitas
Karolina Kellen Matias
Marc Alexandre Duarte Gigonzac
Marco Túlio Antonio Garcia-Zapata
Marise Ramos de Souza
Marizane Almeida de Oliveira
Sandro Marlos Moreira
Equipe Técnica:
Editoração Eletrônica , Coordenação Gráfica e Capa e Ltda e Revisão de Texto em Inglês:
Edclio Consultoria: Editoria, Pesquisa e Comunicação Ltda
Revisão Técnica:
Josiane dos Santos Lima
Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral e Capa:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Endereço para correspondência/Address for correspondence:
Rua, 67-A, número 216 – Setor Norte Ferroviário,
Goiânia-GO,
CEP: 74.063-331.
Coordenação do Núcleo de Pesquisa.
Informações:
Tel.: (62) 3212-0088
Email:
[email protected]
edmar.lopesgo.estacio.br
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS-FESGO
Diretora Geral:
Sirle Maria dos Santos Vieira
Diretor Acadêmico:
Adriano Luís Fonseca
Diretor Financeiro:
Vicente de Paula
Secretária Geral de Cursos:
Auricele Siqueira Ferreira
Coordenadores de Cursos
Administração/RH
Ana Cristina Pacheco Veríssimo
Enfermagem
Cristina Galdino de Alencar
Farmácia
Edson Sidião Souza Junior
Fisioterapia
Patrícia de Sá Barros
Redes de Computadores
Samir Youssif Wehbi Arabi
Educação Física
Adriano Luis Fonseca
COORDENADORES DE NÚCLEOS
Coordenação do Núcleo de Pesquisa:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Coordenação do Núcleo de EAD:
Mara Silvia dos Santos
SUMÁRIO
09 - 20
Traumatismo raquimedular um processo epidêmico revisão da literatura
Letícia Santos De Aquino
Adriano Luis Fonseca
21 - 33
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da
equipe multidisciplinar
Larisse Rodrigues de Melo
Jânia Oliveira Santos
Jorleide Lyra Pereira Bernardes
34 - 39
Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos
Marc Alexandre Gigonzac
Ricardo Carvalho
Elder Sales
Stephanie Rodrigues
Viviane Arauj
40 - 45
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil
Marc Alexandre Duarte Gigonza
Elder Sales
Thais Cidália Vieira
47 - 59
A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru
Eleuza do Rosário de Mello Brandão
Lourena Ferreira de Oliveira
Marli Vilarins Brito
60 - 72
O uso dos medicamentos anaboli zantes e os impactos à saúde:
revisão sistemática da literatura
Déborah De Oliveira F. Chaves
Dhaiane M. Neves
Edson Sidiao De S. Junior
Gleidson Mello
Tatiana B. Ribeiro
73 - 87
Incidência de HIV/AIDS em idosos do sexo masculino e feminino, residentes no
Brasil entre os anos de 2004 a 2008
Maria Cilene Barbosa Maranhão Rose
Ednamar Alves Franca
Elizete Vargas de Almeida Ferreira
Suzana Aparecida da Paixão
88 - 100
O transtorno bipolar: as dificuldades enfrentadas pela a enfermagem e pela
família
Shirlei Pinheiro
Shirley Caldeiras
Suzyanne Guimarães
Tarso Taveira de Morais
Edicassia Rodrigues de Morais Cardoso
101 - 111
O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de terapia intensiva
Célia Regina da Silva
Maria José Soares Santos Manso
Pollyana Pereira de Assis
Valdirene Aparecida de Miranda
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
112 - 118
A concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na
óptica da enfermagem
Adriane Bueno Ferreira
Selma Cristina Lopes da Silva Guerra
Valmira Teles de Macedo
Romero Borges Moraes
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
119 - 127
O diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão
bibliográfica
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
Andréia Ribeiro de Oliveira
128 - 136
Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estímulos ambientais
Elder Sales da Silva
137 - 143
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de
síndrome de down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás
Rodrigo Passos Del Fiaco
Cláudio Maranhão Pereira
144 - 146
Normas para publicação
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 09 – 20. Jan. 2010/Jun. 2010.
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR UM PROCESSO EPIDÊMICO
REVISÃO DA LITERATURA
Letícia Santos De Aquino
Adriano Luis Fonseca**
Resumo:
Abstract:
O Traumatismo Raquimedular (TRM) é um insulto
traumático da medula que pode resultar em
alterações das funções motoras, sensoriais e
autonômicas normais. Tem como principal etiologia
a lesão traumática, devido à agressão mecânica, na
medula espinal. Em torno de 20% dos casos ocorre
por lesão não traumática. Apresenta incidência,
preferencialmente, no sexo masculino, na proporção
de 4:1, acometendo em maior proporcionalidade a
faixa etária compreendida entre 15 e 40 anos e a
incidência desse tipo de lesão varia de país para país.
O grande número de acidentes por arma de fogo tem
relação direta com o aumento do nível de violência
nos grandes centros urbanos e os estudos de perícia
técnica realizados, após acidentes automobilísticos,
nos mostram a relação entre estes e a velocidade dos
veículos no momento da colisão. No Brasil o
Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o
diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505
óbitos e 15.700 internações. O estudo teve por
objetivo fazer uma revisão bibliográfica do assunto,
envolvendo
aspectos
epidemiológicos
e
fisiopatológicos quanto ao gênero e idade dos
pacientes que desenvolveram TRM.
The Spinal Cord Trauma (TRM) is an insult traumatic
spinal cord that can result in changes in motor
function, sensory and autonomic normal. Its main
cause an injury due to mechanical aggression, the
spinal cord. Around 20% of cases occur in nontraumatic injury. Incidence preferentially in males, a
ratio of 4:1, affecting greater proportionality in the
age group between 15 and 40 years and the incidence
of this type of injury varies from country to country.
The large number of accidents with firearms is
directly related to the increased level of violence in
large urban centers and studies of technical expertise
held after car accidents, show us the relationship
between them and the speed of vehicles during the
impact. In Brazil, the Unified Health System (SUS) in
2004, for the diagnosis of spine fractures, recorded
505 deaths and 15,700 hospital admissions. The study
aimed to review existing literature on the subject,
involving epidemiological and pathophysiological
aspects regarding gender and age of the patients who
developed spinal cord injury.
Palavras-chave:
Key-words:
Epidemiologia, traumatismo, fisioterapia.
Epidemiology, trauma, physical therapy.
INTRODUÇÃO
Conforme Israel e Pardo (2000), o corpo humano exerce suas funções por meio da
adequada passagem dos estímulos nervosos pelos receptores sensoriais da superfície até o
sistema nervoso central (SNC), o qual é constituído pela medula espinhal e pelo conjunto
encefálico:

cérebro,
cerebelo
e
tronco
Aluna da FESGO- Faculdade Estácio de Sá de Goiás. email: [email protected].
**Mestre Professor da Faculdade Estácio de Sá de Goiás e orientador do presente trabalho.
encefálico.
10
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
O SNC envia sinais aos músculos que formam o sistema motor, para que se
controle a postura e o movimento. Para tanto, os componentes muscular e neural devem
funcionar como uma unidade, melhorando a resposta muscular, tornando-a mais adequada à
função (CÓPIA e PAVANI, 2003). Portanto a lesão dessa estrutura irá resultar na perda
parcial ou total da capacidade motora, sensibilidade, controle vaso-motor, esfincteriano, e
função sexual. Tal dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas
uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um
centro regulador que controla importantes funções como a respiração, circulação, a bexiga,
intestino, o controle térmico e a atividade sexual (LIANZA, 1995).
De acordo com
(DELISA, 2002) o TRM é um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações
das funções motoras, sensoriais e autonômicas normais. Segundo Adriana (2005) o TRM tem
como principal etiologia a lesão traumática, devido à agressão mecânica, na medula espinal.
O traumatismo da medula espinhal é um grande problema de saúde no Brasil e no
mundo em razão dos danos neurológicos freqüentemente associados. O TRM tem sido
identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige tremendas alterações no estilo
de vida do paciente (Schmitz,1993). Estima-se que o custo de um paciente com lesão
medular, ao longo do resto de sua vida, possa chegar a meio milhão de reais. No Brasil o
Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou
505 óbitos e 15.700 internações (MS, 2006). Casalis ( apud TEIXEIRA et al, 2003) diz que o
tratamento de reabilitação é o caminho que facilita e estimula o paciente a reaprender a
controlar suas funções e a obter a maior independência possível.. A Fisioterapia tem por
objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e a melhoria da qualidade de vida
através da promoção da independência funcional, além da melhora da auto-estima e inclusão
social desses pacientes (VALL, BRAGA e ALMEIDA, 2006).
LESÃO MEDULAR
DEFINIÇÃO
Umas das doenças que levam à desordem do controle neurológico é o TRM, o
qual é decorrente de uma lesão causada mais comumente por acidentes automobilísticos,
quedas de altura, acidente por mergulho, agressões e ferimentos por arma branca ou arma de
fogo, resultando em danos à medula espinhal (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998). Segundo
11
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
Umphred (2004), o TRM ocorre quando a medula espinhal é danificada como resultado de um
trauma, processo de doença ou defeitos congênitos. De acordo com (DELISA, 2002) o TRM é
um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações das funções motoras,
sensoriais e autonômicas normais. A lesão medular é aguda e inesperada, alterando de
maneira dramática o curso da vida de uma pessoa. As conseqüências sociais e econômicas
para o paciente e para a família podem ser catastróficas (MAROTTA, 2002). Tal dificuldade
decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma via de comunicação entre
as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um centro regulador que controla
importantes funções como a respiração, circulação, a bexiga, intestino, o controle térmico e a
atividade sexual (LIANZA, 1995). A lesão medular pode ser provocada por diversas causas e
ocorre como conseqüência pela perda de neurônios da medula espinal e das conexões axonais
entre a região encefálica e os efetores periféricos, determinando várias alterações clínicas
motoras, sensitivas e autonômicas (VENTURINI et al.,2006).
O TRM tem sido identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige
tremendas alterações no estilo de vida do paciente (SCHMITZ,1993). Estima-se que o custo
de um paciente com lesão medular, ao longo do resto de sua vida, possa chegar a meio milhão
de reais. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, para o diagnóstico de fraturas
de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações (MS, 2006).
Segundo DELISA (2002) a expectativa de vida para os portadores de TRM tem
aumentado nas ultimas décadas, mas ainda se mantém de alguma forma, abaixo do normal, a
expectativa de vida diminui conforme a gravidade da lesão. Diante das mudanças ocorridas na
vida do indivíduo vítima de TRM, a sua reintegração familiar e comunitária dentro das
maiores possibilidades físicas e funcionais é fundamental (LIANZA et al, 1993). Casalis
(TEIXEIRA et al, 2003) diz que o tratamento de reabilitação é o caminho que facilita e
estimula o paciente a reaprender a controlar suas funções e a obter a maior independência
possível. A Fisioterapia tem por objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e a
melhoria da qualidade de vida através da promoção da independência funcional, além da
melhora da auto-estima e inclusão social desses pacientes (VALL, BRAGA e ALMEIDA,
2006).
12
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
1.1 ANATOMIA E FUNÇÃO DA MEDULA ESPINHAL
De acordo com Machado (2002) a medula espinhal constitui-se numa massa
cinlidróide de tecido nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem ocupá-lo completamente
e ligeiramente achatada ântero-posteriormente. Mede aproximadamente 45 centímetros no
homem e um pouco menos na mulher. Tem calibre não uniforme porque possuem duas
dilatações as intumescências cervical e lombar, de onde partem as raízes nervosas que
formam os plexos braquiais e lombossacral que inervam os membros superiores e inferiores
respectivamente. A coluna vertebral é a estrutura que promove sustentação para a postura
ereta, constituindo uma manga protetora, porém flexível para a delicada medula espinhal,
além de assegurar locais para a fixação de músculos e servir para transferir e atenuar cargas
da cabeça e tronco e para os membros inferiores e vice-versa.
A região medular compreende todas as estruturas neurais contidas no interior do
canal vertebral: medula espinhal, raízes dorsais e ventrais, nervos espinhais e meninges. A
medula espinhal é contínua com o bulbo e se estende até o espaço intervertebral L1-L2.
Abaixo deste nível o canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos
últimos nervos espinhais, que dispostas em torno do cone medular e filamento terminal,
constituem a chamada cauda eqüina. Segundo Fritz, Paholsky, Grosenbach (2002) contém 12
pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinhais. Os nervos sensoriais levam o
impulso para o sistema nervoso central e os nervos periféricos motores levam o impulso
nervoso do cérebro para o corpo (músculo). Na medula espinhal, as fibras se separam em
corno anterior e posterior. No corno posterior encontram-se as fibras sensoriais e no corno
anterior ás fibras motoras. As estruturas neurais podem ser visualizadas na figura 1.
A medula espinhal tem duas funções principais. (1) os tractos da substância
branca na medula espinhal são vias expressas para a condução de impulsos nervosos. Ao
longo destas vias expressas, os impulsos sensitivos fluem da periferia ao encéfalo, e os
impulsos motores fluem do encéfalo à periferia.
(2) A substância cinzenta da medula espinhal recebe e integra a informação que
chega e sai. Ambas as funções da medula espinhal são essenciais para manter a homeostase
(TORTORA, 2003, p.222,). Freqüentemente, as vértebras mais envolvidas são a 5ª e a 7ª
cervicais, a 12ª torácica e a 1ª lombar. Tais vértebras são as mais suscetíveis, pois há uma
grande faixa de mobilidade nestas áreas da coluna.
13
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
Figura 1: A região medular e suas estruturas neurais
Fonte: Netter (1998).
1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES
Segundo o raciocínio de Guyton (1977), quando a medula espinhal é
transeccionada todas as funções medulares incluindo os reflexos, tornam-se deprimidas, a um
ponto de esquecimento, tal reação é denominada choque medular, que representa uma
repentina perda da atividade reflexa na medula espinhal (arreflexia) abaixo do nível do
trauma. Depois de alguns dias ou meses, aos poucos os neurônios espinhais voltam a ganhar
sua excitabilidade. O retorno da excitabilidade dos centros medulares com freqüência é
demorado e às vezes, nunca é completo. Após perderem sua fonte de impulsos facilitadores os
14
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
neurônios aumentam seu grau natural de excitabilidade para suprimir a perda, portanto não é
raro, após a recuperação, uma hiperexcitabilidade resultante de todas ou da maior parte das
funções medulares. Entre as causas de lesão medular encontram-se as traumáticas e não
traumáticas. As lesões traumáticas são provocadas por ferimentos com arma de fogo,
acidentes automobilísticos, mergulhos e quedas. Entre as causas não traumáticas, destacam-se
os tumores, infecciosas, vasculares e degenerativas. As lesões medulares podem ainda ser
classificadas da seguinte maneira:
 Tetraplegia (refere-se a ―quadriplegia‖) — Este termo descreve diminuição ou perda
da função motora e/ou sensitiva dos segmentos cervicais devida a lesão dos elementos
neurais dentro do canal medular. A tetraplegia resulta em diminuição da função dos
membros superiores, tronco, membros inferiores e dos músculos que compõem a
cintura pelvica.
 Paraplegia — Este termo descreve diminuição ou perda da função motora e/ou
sensitiva dos segmentos toracicos, lombares ou sacrais (porem não cervicais),
secundários a danos dos elementos neurais dentro do canal vertebral. A paraplegia
deixa íntegros os membros superiores; dependendo do nível, porem, pode incluir
tronco, membros inferiores e orgãos pélvicos. O termo e corretamente usado para
descrever lesões da cauda eqiiina e do cone medular.
 Tetraparesia ou paraparesia — O uso destes termos não é recomendado, já que
descrevem lesões incompletas de maneira imprecisa. No entanto este termo ainda é
empregado a fim de definir que o paciente foi acometido por lesão sensitiva parcial
acompanhada de déficit motor incompleto, embora este termo encontra-se em desuso
ainda observamos escalas de avaliação sugerir o uso deste, podemos observar as
definições da escala da ASIA que atualmente é muito utilizada por profissionais que
prestam assistências aos portadores de TRM.
As lesões medulares podem também ser classificadas com relação ao grau em
completas e incompletas. Segundo Casalis (TEIXEIRA et al., 2003) considera-se uma lesão
medular incompleta quando se constata a presença de função sensitiva e/ou motora abaixo do
nível da lesão, e uma lesão completa quando não há função motora e sensitiva abaixo do nível
da lesão. Porém as lesões incompletas podem ser ainda subdividas em:
15
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
 Síndrome centro-medular: esta lesão ocorre quase que exclusivamente na região
cervical, sendo preservada a sensibilidade sacral e uma debilidade maior nos membros
superiores do que nos inferiores.
 Síndrome de Brown-Séquard: esta lesão ocasiona uma maior perda motora e
proprioceptiva ipsilateral e também uma perda contralateral da sensibilidade, da dor e
da temperatura.
 Síndrome medular anterior: neste tipo de lesão é preservada a propriocepção e ocorre
uma perda da função motora, da sensibilidade, da dor e da temperatura.
 Síndrome do cone-medular: esta lesão ocorre na região sacral (cone medular) e nas
raízes lombares, ocasionando arreflexia da bexiga, intestino e membros inferiores.
 Síndrome da cauda eqüina: esta lesão ocorre nas raízes nervosas lombosacrais,
resultando em arreflexia da bexiga, intestino e membros inferiores (BARROS et al.,
1994).
1.4
ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA
O número de pessoas tetraplégicas ou paraplégicas por lesão de medula espinal
vem aumentando significativamente nas últimas décadas e atualmente estima-se que de 30 a
40 pessoas / milhão / ano sofrem lesão, o que equivale no Brasil a aproximadamente 6.000
novos casos por ano. Este dramático aumento é devido principalmente a lesões traumáticas
(80%) provocadas por ferimentos por arma de fogo (FAF), acidentes automobilísticos,
mergulhos e quedas. Entre as causas não traumáticas (20%) destacam-se as tumorais,
infecciosas, vasculares e degenerativas (EGUÍA, 2004). Segundo Cunha et al (2000), as
principais causas de TRM são: queda de altura (57,5%), acidentes de trânsito (27,6%), queda
da própria altura (8,5%), ferimento por arma de fogo (FAF) (2,1%) e outros (4,3%).
De acordo com Defino (1999) apresenta incidência, preferencialmente, no sexo
masculino, na proporção de 4:1, acometendo em maior proporcionalidade a faixa etária
compreendida entre 15 e 40 anos e a incidência desse tipo de lesão varia de país para país. O
autor afirma que, o grande número de acidentes por arma de fogo tem relação direta com o
aumento do nível de violência nos grandes centros urbanos e os estudos de perícia técnica
realizados, após acidentes automobilísticos, nos mostram a relação entre estes e a velocidade
dos veículos no momento da colisão. No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004,
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
16
para o diagnóstico de fraturas de coluna, registrou 505 óbitos e 15.700 internações
(MS,2006).
Defino (1999) ainda argumenta que a lesão da medula espinhal (LME) ocorre em
cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta
variações nos diferentes países corroborando desta forma com . Estima-se que, na Alemanha,
ocorram anualmente dezessete (17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra
varia de trinta e dois (32) a cinqüenta e dois (52) casos novos anuais por milhão de habitantes
e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo
um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano, cujo custo aproximado é de U$
300.000.000,00 por ano.
Os autores Bacco & Rotter (1997) descreve que a expectativa de vida de um
paciente com paraplegia é de 40 anos, quando a lesão ocorre aos 20 anos de idade. Quando a
lesão ocorre aos 50 anos, a expectativa é de 15 anos de sobrevida.
2. CLASSIFICAÇÃO PADRONIZADA DAS LESÕES MEDULARES
A importância do emprego de classificações padronizadas para a avaliação inicial
e seguimento dos pacientes que apresentam déficit neurológico decorrente de lesões
traumáticas da coluna vertebral é fato aceito por todas as sociedades médicas e grupos
especializados que trabalham com este tipo de paciente (BARROS et al., 1994, p.99).
O dano à medula espinhal varia de uma concussão transitória, até uma transecção
completa da mesma. O que resultará em uma lesão completa ou incompleta da medula
espinhal, cauda eqüina, ou raízes de nervos periféricos.
A avaliação da função motora é realizada pela avaliação da força muscular:

0 (paralisia total); 1 (contração palpável ou visível);

2(movimento ativo eliminado pela força da gravidade);

3(movimento ativo que vence a força da gravidade);

4( movimento ativo contra alguma resistência);

5( normal);

e NT( não testadas) (Masry et al, 1996).
17
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
Segundo Greve e Amatuzzi (1999) o exame sensitivo é realizado em cada um dos
28 dermátomos do lado direito e esquerdo do corpo através do teste de pontos chave, e
classificado da seguinte maneira: ¨[...] em uma escala de três pontos:

0 – Inexistente;

1-Sensibilidade parcial ou alterada, incluindo hiperestesia;

2- Normal;

NT- não testável¨ (GREVE; AMATUZZI, 1999, p. 329).
2.1 AMERICA SPINAL INJURY ASSOCIATION (ASIA)
A escala de deficiência da American Spinal Injury Association (ASIA) classifica
a função neurológica das lesões medulares em uma escala de A a E:
A. Completa: Nenhuma função motora ou sensitiva está preservada nos segmentos
sacros S4 e S5.
B. Incompleta: A função sensitiva, mas não motora, está preservada abaixo do nível
neurológico e se estende até os segmentos sacros S4 e S5.
C. Incompleta: A função motora está preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos
músculos importantes abaixo do nível neurológico tem uma graduação muscular menor que 3.
D. Incompleta: a função motora está preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos
músculos importantes abaixo do nível neurológico tem uma graduação de 3 ou mais.
E.
Normal/Recuperação:
A
função
motora
e
sensitiva
está
normal
(FREED,
1994;MAROTTA, 2002).
2.2 MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF)
Para descrever plenamente o impacto de uma lesão medular sobre o individuo e
monitorar e avaliar o progresso associado com o tratamento é necessário uma medida
padronizada das atividades de vida diária. A medida de independência funcional (MIF) é um
meio para avaliar o grau de função [...] (BARROS et al., 1994, p. 105).
A Medida de Independência Funcional (MIF) foi desenvolvida sob o patrocínio da
American Academy of Physical Medicine and Rehabilitation e da Organização Mundial da
Saúde (OMS) e sua utilização tem sido recomendada para avaliar os resultados dos programas
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
18
de reabilitação (Riberto et al., 2001; Warschausky et al., 2001). A MIF mede 18 itens
distribuídos em seis categorias de atividades como: cuidados pessoais; controle de esfíncter;
mobilidade e transferências; locomoção; comunicação e cognição social.
Segundo Barros et al. (1994) cada um dos dezoito elementos são avaliados de
acordo com a independência funcional, utilizando uma escala de sete pontos:
 Independente: 7 (Independência total: atividade realizada com segurança, sem
modificação, sem uso de órtese ou assistência em tempo razoável); 6
(Independência modificada: requer assistência e/ou não um maior tempo para sua
execução e/ou se realiza com segurança).
 Dependente: 5 (Supervisão: não necessita de assistência, mas sim de estímulos e
disposição); 4 (Assistência mínima: não necessita mais do que contato físico e
utiliza 75% ou mais do esforço necessário); 3 (Assistência moderada: necessita
mais do que contato físico e utiliza de 50 a 75% do esforço necessário); 1
(Assistência total: utiliza de 0 a 25% do esforço necessário) (BARROS et al.,
1994).
A MIF é usada para avaliação de pacientes com lesão medular e pode ser
comparada com o prognóstico funcional dado pelo nível de lesão, possibilitando a correlação
entre os valores da MIF e o grau de incapacidade definido pelo nível da lesão (RIBERTO et
al., 2004).
CONCLUSÃO
O Traumatismo Raquimedular vem ao longo dos tempos tornando-se uma
epidemia mundial, diversos estudos relatam a importância do desenvolvimento de uma
política publica qualificada a fim de evitar os processos secundários adjacentes em
decorrência a lesão.
Evidencia-se que a população mais acometida por TRM é a jovem, com
predominância ao gênero masculino e que os transtornos acarretados a estes os remetem a
uma vida fadada a superações pessoais, emocionais e profissionais, muitos dos jovens
acometidos se entregam a própria sorte e não se adaptam a sua nova condição de vida.
O traumatismo da medula espinhal é um grande problema de saúde no Brasil e no
mundo em razão dos danos neurológicos freqüentemente associados. O TRM tem sido
identificado como uma incapacitação de alto custo, que exige tremendas alterações no estilo
de vida do paciente.
19
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
O número de pessoas tetraplégicas ou paraplégicas por lesão de medula espinal
vem aumentando signitivamente nas últimas décadas e atualmente estima-se que de 30 a 40
pessoas / milhão / ano sofrem lesão, o que equivale no Brasil a aproximadamente 6.000 novos
casos por ano. Este dramático aumento é devido principalmente a lesões traumáticas (80%)
provocadas por ferimentos por arma de fogo.
A Fisioterapia tem por objetivo principal a reinserção do indivíduo na sociedade e
a melhoria da qualidade de vida através da promoção da independência funcional, além da
melhora da auto-estima e inclusão social desses pacientes.
Portanto, esperamos que a presente revisão auxilie os demais pesquisadores no
intuito de colaborar em futuras pesquisas.
REFERÊNCIA
ADRIANA R.L.C. Fisioterapia – Aspectos clínicos e práticos da reabilitação. ed. São Paulo: Ed,
Artes Médica, 2005.
BACCO JL, Rotter K. Complicações Tardias em Lesionado Medular. Revista Hosp. Clinico Universid
Chile. 1997; 8, 192-203.
BARROS FILHO, T.E.P. et al. Avaliação Padronizada nos traumatismos Raquimedulares. Revista
Brasileira de Ortopedia, Vol. 29, N. 3: p. 99-106, Março, 1994.
CASALIS, Maria, Eugênia Pebe. Lessão Medular. In: Teixeira, Érika. et al. Terapia Ocupacional em
reabilitação física. São Paulo: Roca, 2003.
DELISA, J. A.; Tratado de Medicina de Reabilitação. vol 2. Ed. Manole. 2002. SP. capt. 51. pags.
1340.
DEFINO. HLA. Trauma raquimedular. Méd Rib Pret 1999.
ÉGUIA, Carina. 51% dos Pacientes Lesados Medulares de até 16 anos da AACD foram vítimas de
arma de fogo . _AACD. São Paulo. 2004.
FREED, M. M. Lesões traumáticas e congênitas da medula espinhal. In: KOTTKE, F. J.; LEHMANN,
J. F. (Org.). Tratado de medicina física e reabilitação de Krusen. 4ª ed. São Paulo: Manole, 1994.
FRITZ,Sandy; PAHOLSKY, Kathleen; GROSENBACH, James; Terapia peloMovimento. Barueri,
SP: Manole, 2002. UMPHRED, Darcy A.; Reabilitação Neurológica. 4.ed. Barueri: Manole, 2004.
pág 507 558.
GREVE JMA, Ares MJ. Reabilitação da lesão da medula espinhal. In: Greve JMA, Amatezzi MM.
Medicina de reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia. São Paulo: Roca; 1999. p.323-24.
GUYTON, Arthur C. Anatomia e fisiologia do sistema nervoso. Tradução de René Dattor leibingev. 2.
ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1977.
ISRAEL, Vera Lúcia. PARDO, Maria Benedita Lima. Hidroterapia:Proposta de um Programa de
Ensino no Trabalho com o Lesado Medular em Piscina Térmica. Revista Fisioterapia Brasil. v. XII, n.
1, abril/setembro 2000.
LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
20
AQUINO, Letícia Santos de e FONSECA, Adriano Luis – Traumatismo raquimedular um
processo epidêmico: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 09-20. Jan. 2010/Jun. 2010.
LUNDY – EKMAN, L. Neurociência: fundamentos para a reabilitação.s/ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1998.
MACHADO, Ângelo B. M. Neuroanatomia Funcional. 2.ed. São Paulo; Atheneu, 2002.
MAROTTA, J. T. Lesões Medulares. In: ROWLAND, L. P. Merrit Tratado de Neurologia.10ª ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. s/ed. Porto Alegre: Art Méd, 1998.
RASH, P. J. Cinesiologia e Anatomia Aplicada. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
RIBERTO M, Miyazaki MH, Jorge Filho D, Sakamoto H, Battistella LR. Reprodutibilidade da versão
brasileira da medida de independência funcional. Acta Fisiatr 2001;.
SCHMITZ, T. J. Lesão traumática da medula espinhal. In: O’ SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J.
(Org.). Fisioterapia: Avaliação e tratamento. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1993.
TORTORA, Gerard J. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 4.ed. porto Alegre:
Artmed,2003.
UMPHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4º edição. São Paulo: Manole, 2004.
VALL, Janaina. BRAGA, Violante Augusta Batista. ALMEIDA, Paulo César. Estudo da Qualidade de
Vida em Pessoas com Lesão Medular Traumática. Revista de neuropsiquiatria. Jun 2006, vol.64,
no.2b Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 26/03/2007.
VENTURINI DA, Dercesaro MN, Marcom_SS. Conhecendo a Historia e as Condições devida de
Indivíduos com Lesão Medular. Rev Gaúcha Enferm. 2006; 27, .2.
WARCHAUSKY S, Kay JB, Kewan DG. Hrerarchical Linear Modeling of FIM Instrument Growth
Curve Chara Phys MED Rehabil. 2001; vol 82; 329-33.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
SEXUALIDADE DO PORTADOR DE TRANSTORNO MENTAL
INSTITUCIONALIZADO: PERCEPÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Larisse Rodrigues de Melo
Jânia Oliveira Santos*
Jorleide Lyra Pereira Bernardes**
Resumo:
Abstract:
Pesquisa descritiva, exploratória com abordagem
qualitativa realizada com 6 profissionais de saúde de
um Hospital Psiquiátrico privado do interior de
Goiás, que presta assistência ao Sistema Único de
Saúde, com o objetivo de conhecer a visão da equipe
multidisciplinar face à sexualidade do portador de
transtorno mentais. Foram entrevistados 6 membros
da equipe multiprofissional no período de julho de
2006. Os entrevistados relataram que o doente
mental tem a sua sexualidade exacerbada e que esta
se manifesta como sintoma da doença; também foi
evidenciado
descaso,
falta
de
interesse,
discriminação, preconceito e superproteção dos
familiares. No que se refere à abordagem da
sexualidade no ambiente institucional verificou-se
que os profissionais buscam dividir esta
responsabilidade e são orientados a interromper o ato
explícito e adverti-los de alguma forma e orientar.
Foi possível concluir que mesmo após anos de
reforma psiquiátrica, mudança na maneira de tratar o
doente mental e tanto se falar em assistência
humanizada, ainda existe a negação da sexualidade
do portador de transtorno mental.
This descriptive, exploratory qualitative approach
performed with 6 healthcare professionals from a
private psychiatric hospital in the state of Goiás,
which provides assistance to Health System, in order
to meet the vision of the multidisciplinary team
towards sexuality of patients with mental disorder .
Interviews were conducted with 6 members of the
multidisciplinary team from July 2006. Respondents
reported that the mentally ill has exacerbated their
sexuality and that this manifests as a symptom of
disease, was also evident neglect, lack of interest,
discrimination, prejudice and overprotection of the
family. As regards the approach to sexuality in the
institutional environment was found that professionals
seek to divide this responsibility and are instructed to
stop the explicit act and warn them in any way and
guide. It was concluded that even after years of
psychiatric reform, change in the way of treating the
mentally ill and so much talk of humanized, there is
still denial of the sexuality of the mentally ill.
Palavras-chave:
Key-words:
Saúde
mental;
Transtorno mental.
Sexualidade;
Enfermagem;
Mental Health, Sexuality, nursing, mental disorder.
INTRODUÇÃO
As atuais mudanças na maneira de se abordar o usuário portador de transtorno
mental vem se modificando ao longo dos anos, de modo similar a atuação dos diversos

Enfermeira. Especialista em Enfermagem do trabalho. E - mail: [email protected].
*Enfermeira. Especialista em Enfermagem do trabalho. Docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. E - mail:
<[email protected]>.

**Psicóloga. Mestre em Psicologia. Professora adjunta - Centro Universitário de Anápolis - UniEvangélica.
Professora assistente da Universidade Estadual de Goiás.

22
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
profissionais de saúde deveria se adaptar a estas mudanças, mais o que se percebe é que estas
ações ainda seguem um paradigma; algumas mudanças já são visíveis, mais no que se diz
respeito à assistência ao cliente com transtornos mentais institucionalizados ainda existem
alguns tabus a serem quebrado, um deles é como lidar com a sexualidade destes clientes.
O que vemos nós últimos anos no Brasil e no mundo é uma revolução no modelo
de assistência psiquiátrica, tais mudanças vem influenciando a maneira com que a sociedade
ver o ser com doença mental.
Transtorno mental ou doença mental pode ser entendido como sendo um
momento de crise onde há uma total identidade do indivíduo que o retira de sua cultura geral
impedindo-o de tomar suas próprias decisões e gerir sua vida. Alguns autores consideram
doença mental um tema amplo é difícil de ser conceituado, já que este conceito sofre
influência direta da cultura, filosofia, outros campos teóricos, além do subjetivo de cada
indivíduo (1).
É possível considerar que a representação da doença mental está diretamente
relacionada com uma determinada visão de mundo, de ciência e de ética, constituindo-se
como indicador do grau de desenvolvimento do pensamento crítico e científico de grupos e
categorias profissionais (2).
Vale destacar que as transformações no modelo assistencial e sociocultural das
últimas décadas têm favorecido uma expressão mais livre da sexualidade. Embora o estudo da
sexualidade venha tomando um novo e crescente impulso acredita-se que atitudes
conservadoras tradicionais contribuam para a falta de pesquisas relativas á sexualidade do
doente mental.
Segundo a organização mundial de saúde (OMS), sexualidade é um aspecto
central do ser humano presente em todo o ciclo da vida e circunda sexo, identidade de gênero
e papel, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A Sexualidade é vivida
e expressa em nosso cotidiano por meio de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes,
valores, comportamentos, práticas, papéis, relacionamentos; e sofre influencia da interação de
fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais,
históricos, religiosos e espirituais (3).
A declaração dos direitos sexuais aprovada durante o XV Congresso Mundial de
Sexologia ocorrido em Hong Kong – China – entre 21 e 27 de agosto de 1999, diz que todos
têm direito a saúde mental e o cuidado com a saúde deveria estar disponível para a prevenção
e tratamento do todos os problemas sexuais, preocupações e desordens (4).
23
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
A partir dos estudos de Freud foi possível observar que a sexualidade desempenha
um papel central na evolução da doença mental. Contudo, cem anos após sua contribuição à
psicodinâmica das neuroses e psicoses, pouco tem sido acrescentado em relação à sexualidade
do doente mental e, praticamente nada, quanto ao manejo das dificuldades sexuais desses
doentes(5).
O advento da reforma psiquiátrica a assistência ao portador de doença mental tem
sido foco de discussão entre vários profissionais de saúde; entre estes, os enfermeiros, pois
considerando toda a subjetividade humana, e os vários tipos de doenças mentais, o enfoque
atual de assistência humanizada tudo isso tem contribuído para quebrar o paradigma da
assistência ao cliente com doença mental ou transtorno mental.
Uma abordagem biopsicossocial da sexualidade na formação universitária, além
de cursos, treinamento específico poderá contribuir para atitudes adequadas frente a temas
sexuais. Conquanto a maioria dos profissionais de saúde se sinta profissionalmente
incompetente e em situação embaraçosa pela falta de preparo, os pacientes depositam nesses
profissionais sua confiança e crença, considerando-os autorizados a resolverem seus
problemas sexuais (5).
Estudos indicam que a assistência de enfermagem dentro das instituições tem
mudado de acordo com a evolução da medicina psiquiátrica, no entanto, a formação
acadêmica tem ainda mostra uma clara resistência a transformações, assim ocorre uma
contradição entre a teoria adotada pelo órgão formador e o modelo de produção de serviços (6).
O contexto atual de mudanças no trabalho de enfermagem em saúde mental
caracteriza-se pela transição entre uma prática de cuidado hospitalar que visava a contenção
do comportamento dos ―doentes mentais‖ e a incorporação novos saberes a fim de buscar
adequar-se a uma prática interdisciplinar, aberta às diversidades dos sujeitos envolvidos em
cada momento e em cada contexto, este período pode ser favorável para o conhecimento,
reflexão e análise do processo de trabalho nessa área e assim assegurar uma assistência plena
a esta clientela (7).
Neste estudo foi abordada a dimensão da conduta sexual humana partindo do
pressuposto que a sexualidade vai muito além da genitalidade e reprodução, mas envolvendo
também o contato, o desejo, o prazer e o sofrimento vivido pelo corpo, levando em
consideração a doença/transtorno mental.
Considerando todo o contexto que envolve a sexualidade este estudo teve como
objetivos conhecer a visão da equipe multidisciplinar face à sexualidade do portador de
24
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
transtorno mentais e quais são características predominantes da sexualidade do doente mental
institucionalizado.
Acreditamos que este assunto ainda pouco discutido e até mesmo evitado pela
sociedade, sobretudo quando se trata de um portador de transtorno mental seja de grande
importância a fim de formar conhecimento e instrumentar os profissionais de saúde para que
estes possam oferecer uma assistência mais humanizada ao doente mental.
METODOLOGIA
Pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa realizada em um
Hospital Psiquiátrico privado do interior do Estado de Goiás, que presta assistência ao
Sistema Único de Saúde (SUS), tendo sua abrangência todos os setores de internação do
Hospital. A escolha desta instituição ocorreu devido ao fato de ser um hospital de referência
regional em tratamento psiquiátrico.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA (Protocolo nº 062 /07); Vale ressaltar que os
profissionais que concordaram em participar foram devidamente informados sobre o tema e
objetivos do estudo, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido conforme as
normas vigentes(8).
Os entrevistados deveriam atender os critérios de inclusão que eram: trabalhar
diretamente com clientes institucionalizados e atuar na instituição por um período mínimo de
1 ano.
Fizeram parte deste estudo os sujeitos da equipe multidisciplinar que atuavam na
instituição nó período, assim a amostra totalizou-se em 6 profissionais um representante de
cada grupo profissional.
Os dados foram coletados no mês de julho de 2007 através de entrevistas, guiadas
por um roteiro semi-estruturado que foram gravadas ou não segundo a aceitação do
participante. Os sujeitos entrevistados estavam distribuídos na unidade de internação
hospitalar: enfermarias: masculinas e femininas, pronto socorro e apartamentos.
As entrevistas foram realizadas no local de trabalho, observando sempre a escolha
de um local a fim de garantir privacidade e ausência de interrupções; os profissionais
entrevistados estavam distribuídos nos turnos matutino, vespertino e noturno.
O roteiro era composto por 4 questões norteadoras que visava obter os relatos e
entender o contexto associado a expressão da sexualidade dos sujeitos institucionalizados
25
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
questões norteadoras: Considerando toda a sua experiência de atuação com clientes que
apresentam transtorno mental institucionalizados em ambiente hospitalar: 1) Como membro
da equipe multidisciplinar qual é a sua visão sobre a sexualidade do doente mental
institucionalizado; 2) Como a instituição orienta a abordagem do cliente no que diz respeito a
expressão da sexualidade; 3) Como você vê a reação da família diante da expressão da
sexualidade do cliente; 4) Quais são as características que no seu ponto de vista são
predominantes do comportamento sexual do doente mental. As entrevistas foram gravadas e
transcritas na íntegra, seu conteúdo submetido à análise temática de conteúdo proposta por
Bardin (9). Seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados e
interpretação. A análise dos dados, organizados em unidades temáticas permitiu a
identificação das categorias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 6 membros da equipe multiprofissional: 1 enfermeira,1
Médica Psiquiatra, 1 assistente social, 1 pedagogo, 1 educador físico e 1 Técnico em
Enfermagem; com idades entre 31 e 56 anos; com tempo de trabalho na instituição entre 5 e
35 anos .
Após a análise de conteúdo os dados foram divididos em 4 categorias: sexualidade
do doente mental, visão do profissional; sexualidade do doente mental, ação da família; a
abordagem da sexualidade no ambiente institucional, e a equipe multidisciplinar e o cliente
sexuado.
1. Sexualidade do doente mental, visão do profissional
Os profissionais ao serem questionados sobre a sua visão frente à sexualidade do
portador de transtorno mental institucionalizado alegam a exacerbação da sexualidade do
doente mental. A sexualidade aparece também como sintoma da doença e a manifestação da
sexualidade podem variar de acordo com o transtorno mental. Como mostra a categoria a
seguir.
1.1 - Sexualidades exacerbadas como sintoma de doenças
A manifestação da sexualidade ficou evidente na fala dos entrevistados o que
pode indicar que este é um sinal freqüentemente nos portadores de transtorno mental.
26
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
“[...] não sei se pela própria doença mesmo, eles já tem uma sexualidade meio
exacerbada...” (Pérola).
“[...] é comum que o portador de transtorno mental tenha sua sexualidade exacerbada...”
(Vi).
“[...] a sexualidade só é mais um sintoma da doença...” (Zeus).
“[...] na maioria dos casos, a sexualidade exacerbada pode ser apresentada como sintoma da
doença...” (Vi).
Esta sexualidade exacerbada presente no relato dos entrevistados não é um sinal
recentemente observado, Brenner Filho et al(5)
afirma que desde o século XVIII já se
observava uma exacerbação da sexualidade nos doentes mentais e a potencialidade energética
se manifesta através dos cinco sentidos e por todo o corpo, de maneira similar é unânime os
profissionais afirmarem o que a literatura relata, até mesmo porque a exacerbação da
sexualidade é algo que pode ou não ser mascarada, mas apesar de tudo é evidente.
Freud em seus estudos afirmava que a sexualidade desempenha papel fundamental
na evolução da doença mental, assim a sexualidade pode se manifestar de diferentes formas
no percurso de evolução do transtorno mental, e isso se torna evidente nos indivíduos
institucionalizados. Considerando esta uma realidade é visível que os profissionais precisam
estar preparados para lidar tanto com uma exacerbação descontrolada quanto com um
embotamento da sexualidade (5).
Acredita-se que seja preferencialmente no espaço das instituições psiquiátricas,
por meio da argumentação de conforto, segurança e proteção, que o profissional enfermeiro
controla e domina as manifestações psicopatológicas, como também da sexualidade do doente
mental(10).
É nos espaços da instituição que podemos observar melhor o comportamento dos
indivíduos, o que possibilita identificar como se manifesta a sexualidade do doente mental,
fato que nos remete a próxima categoria.
1.2 A sexualidade variando conforme a evolução e o tipo de doença mental
As falas de alguns entrevistados indicam que a sexualidade se manifesta como
sintoma da doença, é possível ainda reconhecer a fase de evolução da doença de acordo com a
manifestação da sexualidade.
“A sexualidade só é mais um sintoma da doença”... (Pérola)
27
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
“Não sei se pela própria doença mesmo, eles já tem uma sexualidade meio exacerbada...”
(Zeus)
Existe uma grande tendência a perturbação da sexualidade nos pacientes com
distúrbios psiquiátricos, e os profissionais, ao conviverem diariamente com os doentes
mentais nos espaços das instituições, relatam a oscilação da manifestação da sexualidade
como uma rotina.
Para os profissionais de modo geral, é visível que os portadores de transtorno
mental tenham sexualidade, que oscila entre o extravasamento selvagem e irreprimível,
inibição e o embotamento (11).
As falas evidenciam ainda que os entrevistados consideram que seja possível
identificar o estágio da doença em que se encontra o paciente através da manifestação da sua
sexualidade, podendo estar na fase maníaca apresentando exacerbação ou depressiva
apresentando embotamento.
2. A sexualidade do doente mental, ação da família
No que se refere a esta categoria foi possível identificar 2 subcategorias, os relatos
evidenciam a omissão da familiar frente à sexualidade do doente mental institucionalizado, foi
possível ainda perceber a existência de discriminação, preconceito e superproteção dos
familiares em relação ao doente.
2.1 Omissão da família frente à sexualidade do portador de transtorno mental
“[...] É muito tabu... são muitos mitos... A tendência... é de reprimir...” (Mariana)
“[...] No paciente internado... toda e qualquer responsabilidade... é jogada para a equipe do
hospital... a família não ouve, não dá muita atenção...” (Zeus)
Estudos indicam que os pais de portadores de transtornos mentais tendem a
negligenciar a sexualidade de seus filhos, ou até mesmo considerar que estes são assexuados
Segundo Félix (12), a associação do transtorno mental e sexualidade faz surgir um
conjunto de atitudes por parte dos pais, e não somente dos pais, e dos familiares que
convivem diretamente com o doente mental o que favorece muito mais à repressão do que
estímulo à sua vivência saudável.
28
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
Não se deve negar que a família desempenha papel fundamental na constituição
de uma sexualidade saudável para esse portador de transtorno mental, mas se esse paciente
não encontra o apoio necessário ele não vê nenhum sentido em se preocupar com sua própria
sexualidade, fato esse que dificulta ainda mais o trabalho da equipe multidisciplinar.
2.2- Discriminação, preconceito e superproteção dos familiares com o portador de
transtorno mental
É natural que os pais busquem proteger seus filhos, e no que se referem aos
portadores de transtorno mental a tendência é que esta proteção seja mais acirrada, visto que
nem sempre estes clientes estão em condições de responderem por seus atos.
“[...] na questão... das mulheres, o preconceito, a discriminação ainda falam muito forte...”
(Verinha).
“[...] em alguns casos é notado a superproteção da mulher...” (Vi).
Os pais enfatizam muito mais a afetividade dos seus filhos, manifestada como
eternas ―crianças‖ dessexualizadas e dessa forma se defendem, ou até mesmo, adquirem um
escudo para lidar com questões como a autonomia, a gravidez e o exercício da
maternidade/paternidade pelos deficientes(11).
A descriminaçõa e o preconceito com o portador de transtorno mental é um
problema histórico alguns autores sugerem que pessoas portadoras de transtorno mental são
merecedoras de piedade e devem ser receber tratamento diferenciado, partindo desse
pressuposto considera-se que a sexualidade nos doentes mentais institucionalizados
simplesmente não existe, e se existe, deve-se negá-la e sublimá-la (11).
Para os pais ou familiares que convivem com o doente mental se torna mais fácil
negar a sexualidade desse paciente, pois assim, eles adquirem uma forma de se ausentarem de
toda e qualquer responsabilidade, transferindo-a para a instituição e para os profissionais que
lá se encontram (12).
Este comportamento omisso da família no que se refere à sexualidade de seus
doentes faz aumentar a responsabilidade da instituição na abordagem do tema entre os
portadores de transtorno mental, o que discutimos a seguir.
29
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
3. Abordagem da sexualidade no ambiente institucional
Aqui foi evidenciado como a instituição orienta a abordagem do cliente no que diz
respeito à expressão da sexualidade e de que maneira ocorre a qualificação da equipe para
trabalhar com esta temática.
3.1 Interrupção do ato e punição ao paciente
A fala dos profissionais evidenciou que diante de uma expressão da sexualidade
ou sexo propriamente dito a conduta e advertir o cliente e reprimir a ação.
“[...] os nossos funcionários... eles já são orientados, é... a interromper, a impedir que isso
aconteça...” (Pérola).
“[...] quando a gente percebe que... o usuário/paciente apresenta interesse sexual... a gente
adverte o paciente...” (Zeus).
“[...] Chamar o casal, e adverti-los verbalmente...”. (Zeus)
“[...] a gente chama os recreadores e eles descem eles, e eles são suspensos das nossas
atividades...” (Marcos).
A negação da sexualidade em instituições representa um fragmento de nossa
sociedade, a atitude sexual solitária que era mantida no isolamento das antigas instituições era
bem mais fácil de ser negada; e manter o doente mental confinado é negar seus sentimentos e
afetos(5,13).
Em estudo similar Miranda
(14)
, concluiu que o enfermeiro através de sua
manifestação discursiva nega a sexualidade do doente mental e que ao negar esta e por meio
desta atitude ora repressiva, ora não repressiva e/ou defensiva, tal posicionamento revela a
estratégia adotada a fim de cumprir com as determinações do seu estatuto profissional ou
mesmo de suprir expectativas institucionais e sociais.
Na maioria das instituições, a única expressão de sexualidade permitida é a
masturbação e todos os outros comportamentos sexuais são recusados, mascarados e
inaceitáveis (12).
Nos dias atuais não é mais aceitável negar a sexualidade dos portadores de
transtornos mentais e nesse contexto de ato sexual propriamente dito o mais importante e
orientar para prevenir a gravidez indesejada ou até mesmo uma doença sexualmente
transmissível, assim o profissional de saúde pode desempenhar um importante papel como
educador.
30
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
3.2 Orientando o cliente
Foi possível verificar uma preocupação da equipe em orientar o cliente sobre o
comportamento destes no que se refere à sexualidade.
“[...] orientá-los... que a instituição existe para auxiliá-lo em seu tratamento... realizar
conversa formal...” (Vi).
“[...] vai depender muito do estado em que o paciente esteja... é muito importante o
esclarecimento, a orientação...” (Verinha).
“[...] o hospital tem uma semana... seguindo orientações do Ministério da Saúde... sobre a
prevenção da AIDS...” (Verinha).
A instituição assume o papel de educação em saúde, o enfermeiro é também um
educador e pode assumir esta função nas instituições.
Brenner Filho (5), diz que vários autores preconizam a necessidade de informações
sexuais e ressalta a importância de se enfatizam a prevenção de comportamento de risco para
DST e HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
No espaço institucional é possível implementar uma assistência mais
comprometida com o ser humano considerando a individualidade de cada paciente, seus
valores, cultura, sentimento, etc. de modo a garantir uma assistência holística (15).
Percebe-se uma falta de preparo dos profissionais para realizar a abordagem da
sexualidade do doente mental no ambiente, fato que se reflete na qualidade da assistência
oferecida ao portador de transtorno mental institucionalizado.
4. A equipe multiprofissional e o cliente sexuado
Nesta categoria observou-se a equipe multiprofissional e sua percepção para
trabalhar a sexualidade do doente mental institucionalizado.
4.1 Percepção do profissional para abordar a sexualidade do doente mental
institucionalizado
Percebe-se que estes profissionais compreendem a complexidade inerente a
abordagem deste tema, assim estes buscam dividir esta responsabilidade.
31
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
“[...] você vai dividir responsabilidades... a nossa postura, realmente é de não abafar...”
(Mariana).
É possível visualizar que cada profissional da equipe possui uma parcela de
contribuição no controle institucional sobre a sexualidade do portador de transtorno mental,
visto que o mesmo é feito sem a devida consciência por parte desses profissionais, mas que
mesmo assim eles ainda o fazem, para que as normas e rotinas institucionais sejam
asseguradas e mantidas (13). É visível que o enfermeiro assume uma posição de neutralidade
quando o assunto é a sexualidade do doente mental (14).
Apesar de todos os estudos acerca da sexualidade humana e sexualidade do
portador de transtorno mental, ainda nota-se a falta de preparo dos profissionais para lidar
com tal situação, e por falta desse conhecimento, muitas das vezes o profissional assume uma
postura errada perante o paciente. Os educadores ainda deixam transparecer suas próprias
crenças e isso influencia diretamente na atitude desse profissional ao ter o manejo da
sexualidade do doente mental como uma rotina (13).
Vale ressaltar que apesar de dos profissionais apresentarem falta de preparo em
relação à sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado, os pacientes ainda
sim depositam sua confiança e sua crença nesses educadores, considerando-os aptos a
resolverem seus problemas sexuais (5).
A experiência que o profissional adquiriu ao longo da vida talvez faça com que
esses se acomodem e não busquem uma qualificação a fim de se prepararem melhor para lidar
com uma sexualidade tão evidente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo evidenciou que o profissional tem dificuldade para abordar a
sexualidade do portador de transtorno mental; observamos ainda que mesmo após anos de
reforma psiquiátrica, mudança na maneira de tratar o doente mental e tanto se falar em
assistência humanizada, ainda existe a negação da sexualidade do portador de transtorno
mental.
Os resultados evidenciaram que a abordagem diante da sexualidade do cliente
ainda segue um paradigma que acreditávamos que já tinha sido superado, assim ficam
32
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
algumas sugestões, como: o investimento na qualificação profissional e reformulação da
grade curricular dos cursos de formação profissional em todos os níveis a fim de se formar
profissionais mais comprometidos com a assistência em saúde mental.
Diante desse contexto, é importante que a instituição melhore sua maneira de
abordar o cliente e busque tratá-lo não mais de maneira isolada e sim como um ser que pensa,
sente, tem desejos, família e vida social, e possui uma cultura pré-institucionalização que não
precisa ser desconsiderada.
REFERÊNCIAS
1.
Cautella, W. J. (1999). Plantão psicológico em hospital psiquiátrico. In H. T. P. Moratto (Ed.),
Aconselhamento psicológico centrado na pessoa (pp. 159- 173). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.
2.
Vietta Edna Paciência, Kodato Sérgio. Representações sociais de doença mental em
enfermeiros psiquiátricos. 2001 Rev. Psiq. Clín. 28 (5):233-242
3.
Organização mundial de saúde (WHO). Declaração dos direitos sexuais; 1999. Disponível
em:< http:/www.who.int/reproductive-health/gender/index.html.htm> Acessado em 27 Mar. 2009.
4.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Brasília : Ministério da Saúde, 2006
5.
Brenner FilhoJ P, Brenner, Maria J M; Rivero N E E, Brenner, G M. Oficina de sexualidade
humana: relato de uma experiência com doentes mentais Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul;19(3):181-7,
set.-dez. 1997. Disponível em: < http://www.bireme.br> Acesso em 14 jun. 2008
6.
Barros S. O louco, a loucura e a alienação institucional: o ensino de enfermagem psiquiátrica
sub judice. São Paulo, 1996. 202p. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São
Paulo.
7.
Oliveira AGB, Alessi NP. O trabalho de enfermagem em saúde mental: contradições e
potencialidades atuais. Rev Latino-am Enfermagem 2003 maio-junho; 11(3):333-40.
8.
Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196 de 10 de outubro de
1996. Diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, 1996.
26 p.
9.
Bardin L. Análise de conteúdo. 3ª edição. Lisboa (POR): Edições 70, 2004.
10.
Miranda F A N, Furegato, A R F. Estigma e preconceito no cotidiano do enfermeiro
psiquiátrico: a negação da sexualidade do doente Rev. enferm. UERJ, 2006 Dez; 14 (4): 558-565.
11.
Giami A. O anjo e a fera: Sexualidade, deficiência mental, instituição 1ª edição São Paulo,
2004 Edições: Casa dos Psicólogos.
12.
Félix ID. As atitudes dos profissionais face à sexualidade das pessoas portadoras de
deficiência mental. Sexualidade e planejamento familiar. Lisboa, Portugal, n.37, p. 18-23, maio/dez.
2003. Disponível em:< http://www.apf.pt/revista > Acesso em 10 fev. 2007
13.
Miranda FAN, Furegato ARF. Percepções da sexualidade do doente mental pelo enfermeiro.
Rev Latino-am Enfermagem 2002 março-abril; 10(2):207-13.
33
MELO, Larisse Rodrigues de; SANTOS, Jânia Oliveira e BERNARDES, Jorleide Lyra Pereira
Sexualidade do portador de transtorno mental institucionalizado: percepção da equipe
multidisciplinar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 21-33. Jan. 2010/Jun. 2010.
14. Miranda FAN. Doente mental: sexualidade negada? [dissertação de mestrado]. Ribeirão Preto
(SP): Universidade de São Paulo; 1996.
15.
Rodrigues RM, Schneider JF. A enfermagem na assistência ao indivíduo em sofrimento
psíquico. Rev Lat Am Enferm 1999 jul; 7(3): 33-40.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO MÉTODO DE DIAGNOSTICO
LABORATORIAL DE ENTEROPARASITOS
Marc Alexandre Gigonzac
Ricardo Carvalho*
Elder Sales**
Stephanie Rodrigues***
Viviane Araujo****
Resumo:
Abstract:
As parasitoses intestinais representam um problema
de saúde publica, sendo freqüentes em toda a
população mundial. Para se diagnosticar as doenças
entéricas causadas por protozoários, as metodologias
mais comuns são as técnicas direto a fresco, de
sedimentação espontânea e de centrífugo-flutuação.
A OMS preconiza que sejam realizas ao menos três
técnicas para cada amostra analisada, a fim de se
elevar a probabilidade de encontro de parasitos. Por
outro lado, o desenvolvimento de técnicas
alternativas vem se mostrando importante no sentido
de se aumentar a sensibilidade e de se reduzir custos.
Desta forma, foi padronizada uma metodologia de
fácil realização e de baixo custo, com índices
equivalentes às técnicas utilizadas na rotina dos
laboratórios.
The intestinal parasatisms represent a health problem
publish, being frequent in all the world-wide
population. To diagnosis the enteric illnesses caused
by protozoarians, the methodologies most common
are the techniques direct, the spontaneous
sedimentation and the centrifugal-fluctuation. The
OMS praises that are carry through the least three
techniques for each analyzed sample, in order to raise
the probability of meeting of parasites. On the other
hand, the development of alternative techniques
comes if showing important in the direction of if
increasing the sensitivity and if reducing costs. In
such a way, a methodology of easy accomplishment
and low cost was standardized, with indices
equivalents to the techniques used in the routine of
the laboratories.
Palavras-chave:
Key-words:
Enteroparasitos. Diagnóstico. Técnicas.
Enteroparasits. Diagnosis. Tecniques.
INTRODUÇÃO
As parasitoses intestinais apresentam ampla distribuição geográfica tanto no
Brasil quanto nos demais países em desenvolvimento, sofrendo variações de acordo com as
condições de saneamento básico, nível sócio-econômico, grau de escolaridade, idade e hábitos
higiênicos (MACHADO et al. 1999; ROCHA et al. 2000; MARIANO et al., 2005). No Brasil,

Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás.
* Docente da Universidade Estadual de Goiás.

** Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás.

*** Aluna do curso de Farmácia da Universidade Estadual de Goiás.

**** Aluna do curso de Farmácia da Universidade Estadual de Goiás.

35
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie
e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
130 milhões de habitantes são acometidos por alguma espécie de parasito (MARIANO et al.,
2005).
As parasitoses intestinais constituem-se num grave problema de saúde pública,
sobretudo em países em desenvolvimento, sendo um dos principais fatores debilitantes da
população, associando-se freqüentemente a quadros de diarréia crônica e desnutrição,
comprometendo, como conseqüência o desenvolvimento físico e intelectual, particularmente
em crianças (LUDWIGES, 1999).
Destas parasitoses intestinais, destacam-se as causadas por protozoários por serem
comuns em crianças, sobretudo de baixa idade (CRUA, 2004; FERREIRA, 2000). Entre os
protozoários, destacam-se a Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. Os danos que estes
enteroparasitos podem causar aos seus portadores incluem, entre outros agravos, a
desnutrição, a anemia, quadros de diarréia e de má absorção e, às vezes, até a morte, sendo
que as manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo
indivíduo (FERREIRA, 2000).
A giardíase é uma parasitose de distribuição cosmopolita, sendo a infecção
intestinal mais comum causada por protozoário. Na maioria dos estados do Brasil sua
prevalência supera os 20% entre pré-escolares e escolares (CRUA, 2004). A transmissão é
fecal-oral e pode tornar-se um grave problema em instituições e creches pela transmissão
pessoa-pessoa. A G. lamblia alterna-se sob duas formas: cistos e trofozoítos. Os cistos
excretados nas fezes sobrevivem por várias semanas no ambiente, podendo ser ingeridos
através da água ou alimentos contaminados. No duodeno transformam-se em trofozoítos, onde
se multiplicam e se fixam à mucosa (CRUA, 2004).
Para o diagnóstico laboratorial, o método mais empregado é o exame
microscópico de amostras fecais. O método imunoenzimático (ELISA) também pode ser
utilizado, porém é um método caro (VIDAL e CATAPANI, 2005). O exame de fezes constitui
a forma padrão de diagnóstico laboratorial desta parasitose. Os métodos de diagnósticos mais
utilizados são os métodos diretos a fresco e os de concentração de Hoffman e Faust, sendo
este último mais sensível (MACHADO, 2001).
Atualmente o tratamento das parasitoses intestinais é relativamente simples
existindo uma gama razoável de medicamentos, que são administrados por via oral em dose
única e com poucos efeitos colaterais, diminuindo as agressões ao indivíduo no tratamento
parasitário (GOMES, 2002). A erradicação desses parasitos requer melhorias das condições
sócio-ecônomicas, no saneamento básico e na educação sanitária, além de mudanças de certos
hábitos culturais (DIAS e GRANDINI, 1999).
36
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie
e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
O diagnóstico laboratorial, usualmente com fezes, soros e exsudatos, é cansativo,
caro, consuma muito tempo na sua execução e ainda depende da competência do
microscopista. Mesmo assim é, sem dúvida, o mais utilizado. Outros métodos empregados
são: ELISA, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta, além da contraimunoeletroforese, imunodifusão em gel de agar e radioimunoensaio (NEVES,1991). Para
facilitar a realização dos exames parasitológicos de fezes, agilizar, baratear e/ou melhorar a
eficiência do diagnóstico parasitológico, pode-se estabelecer alterações nas atuais
metodologias ou desenvolver novas técnicas.
MATERIAL E METODOS
Foram utilizados somente materiais comuns em laboratórios de analises clínicas,
visto a necessidade de não ser uma técnica onerosa. Assim, para cada amostra a ser analisada,
foi necessário apenas um tubo cônico, tipo falcon, de 15ml, uma dobra de gaze, uma pipeta
Pasteur e uma centrífuga convencional. Todos os protocolos de experimentação utilizaram
amostras controle positivo e negativo, e foram realizadas no Laboratório de Análises Clínicas
da Universidade Estadual de Goiás – UEG.
Foram preparadas cinco amostras positivas e cinco negativas, sendo que cada
amostra foi devidamente identificada e alicotada para a realização das diferentes técnicas de
diagnostico parasitológico de fezes. Assim, foram processadas e examinadas pelas técnicas
direto a fresco, de centrífugo-flutuação e de sedimentação espontânea, e em seguido,
comparadas em rendimento com a nova tecnica.
A metodologia consistiu basicamente na centrifugação, em um tubo falcon de
15ml, a 1500rpm, de 5 gramas da amostra biológica, envolta por uma dobra de gaze em água
filtrada. Após este procedimento, deve-se realizar a coleta do final do centrifugado com
auxilio de uma pipeta Pasteur.
Cada uma das dez amostras (cinco positivas e cinco negativas) foram
diagnosticadas em microscopia otica pelas quatro metodologias (direto a fresco, sedimentaçao
espontânea, centrifugo flutuação e a nova tecnica, denominada aqui por centrífugosedimentação). Os dados foram organizados em tabelas e gráficos pelos programas de análise
e visualização de dados do Excel© 2002 da Microsoft®, e posteriormente analizados quanto à
significância estatística pelo Teste de Qui-quadrado (X2) para um nível de 0,05.
37
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie
e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A sensibilidade das quatro técnicas para o encontro de protozoários entéricos foi
diretamente avaliada pela freqüência de parasitos encontrados nas laminas (todas em
duplicatas). Assim, foi possível constatar uma certa semelhança nos valores encontrados entre
a nova técnica (centrífugo-sedimentação) e a sedimentação espontânea. Por outro lado, podese observar que ambas são melhores que a centrifugo-flutuação; porém, é importante destacar
que a técnica de análise direta a fresco revelou ser significativamente inferior às demais
(figura 1).
Numero de Protozoários
80
70
60
50
40
30
20
10
0
o
ao
sc o
nea
tuaça
entaç
ont a
a fre
p
s
e
go flu
edi m
o
u
s
if
a
r
ç
o
t
a
g
Cen
ent
rifu
Cent
Sed im
o
Diret
Figura 1 – Freqüência de encontro de parasitos entre técnicas.
Os resultados observados demonstram uma capacidade equivalente de detecção
para a técnica de centrífugo-sedimentação em relação à de sedimentação espontanea, sendo
maior significativamente maior que as demais técnicas. Quanto aos aspectos temporais, foi
avaliado o tempo médio de realização de cada técnica, sendo que a nova metodologia se
apresentou igualmente rápida quanto à técnica de centrifugo-flutuação (figura 2). O ganho de
tempo em relação à metodologia de sedimentação espontânea, no entanto, se revela
importante, visto que a referida técnica é a única equivalente quanto à capacidade de encontro
de protozoários em relação às demais.
38
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie
e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
Tempo (min.)
140
120
100
80
60
40
20
0
o
o
ea
re sc o
ntaç a
tuaça
nt an
oa f
di me
e spo
go flu
e
o
u
s
Diret
if
a
r
ç
o
t
Cen
ent a
rifu g
Cent
Sed im
Figura 2 – Tempo de realização media das técnicas.
.
CONCLUSÃO
Apesar da técnica experimental apresentar bons valores relativos quando
comparado às técnicas tradicionais, a OMS preconiza que as técnicas em diagnósticos de
parasitos entéricos devem ser realizadas sempre em conjunto de ao menos três metodologias
distintas. O presente artigo possibilita a abertura de uma nova metodologia com sensibilidade
para protozoários, com a vantagem de poder ser realizada com matérias existentes no
laboratório, com tempo relativamente reduzido.
Por outro lado, a presente metodologia deve ser ainda avaliada quanto à detecção
de helmintos, visto que os procedimentos podem indicar um bom índice no encontro de
protozoários, sem necessariamente ser adequado para helmintos.
REFERÊNCIAS
AQUINO JL. Amebíase. In: Ferreira AW, Ávila SLM. Diagnóstico laboratorial das principais
doenças infecciosas e autoimunes. 2 ed. Guanabara Koogan. 2001. 232-240.
CARDOSO, G.S; SANTANA, A.D.C.; AGUIAR, C.P. Prevalência e aspectos epidemiológicos da
giardíase em creches no Município de Aracajú, SE, Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 28:25-31,
1995.
COLLEY DG. Parasitic diseases: opportunities and challenges in the 21 century. Memórias do
Instituto Oswaldo Cruz 95 (supl 1): 79-87, 2000.
39
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder; RODRIGUES, Stephanie
e ARAUJO, Viviane. Desenvolvimento de um novo método de diagnostico laboratorial de
enteroparasitos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 34-39. Jan. 2010/Jun. 2010.
DE CARLI GA. Parasitologia Clínica – Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o
Diagnóstico das Parasitoses Humanas. Editora Atheneu - São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte,
2001.
DOMINGUES L, SILVEIRA M, VANDERLEI MI, KELNER S. Possíveis fatores que alteram os
resultados da Coproscopia Quantitativa de Ovos de S. mansoni pelo método de Kato-Katz. Revista do
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 22 (supl 3): 114-117, 2000.
FAUST, E.C. et al. A critical study of clinical laboratory technics of the diagnosis of protozoan cysts
and helminth eggs in feces. I – Preliminary communication. Am. J. Trop. Med., 18:169, 1938.
FERREIRA MV, FERREIRA CS & MONTEIRO CA 2000. Tendência secular das parasitoses
intestinais na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). Revista de Saúde Pública 34(6):73-82.
GARCIA LS. Diagnostic Medical Parasitology. Fourth Edition. ASM Press. Washington, DC. 2001,
GIRALDI N, VIDOTTO O, NAVARGO, TEODORICO I, GARCIA JL. Enteroparasites prevalence
among day care and elementaury school children of Municipal schools, Rolândia, PR. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 34: 385-387, 2001.
GIRALDI N, VIDOTTO O, NAVARRO IT, GARCIA JL. Enteroparasitoses prevalence among
daycare and elementary school children of municipal schools, Rolândia, PR, Brazil. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 34:385-387, 2001.
HENRY JB. Diagnósticos clínicos e tratamentos por métodos laboratoriais. 18 edition. Mande, São
Paulo, 1995.
LEE MB, KEYSTONE JS, KAIN KC. Nonpathogenic protozoa: laboratory reporting practices in
Canada and the UnitedStates. Lab Med. 2001; 8: 455-6.
MUNIZ-JUNQUEIRA MI, QUEIROZ EFO. Relação entre desnutrição energético – protéica, vitamina
A e parasitoses em crianças vivendo em Brasília. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical 35:133-142, 2002.
RITCHIE LS. An ether sedimentation technique for routine stool examination. Bulletin of the United
States Army Medical Deparment 8: 326, 1948.
ZIMMERMAN SK, NEEDHAM CA. Comparasion of convencional stool concentration and preserved
- smear methods with merifluor cryptosporidium/giardia direct immunofluorescence assay and
prospect giardia EZ microplate assay for detection of Giardia lamblia. Journal of Clinical
Microbiology 33:1942-1943, 1995.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 40-45. Jan. 2010/Jun. 2010.
AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES EM IDOSOS DE GOIÂNIA, GO,
BRASIL
Marc Alexandre Duarte Gigonza
Elder Sales
Thais Cidália Vieira
Resumo:
Abstract:
O envelhecimento traz uma íntima relação com a
perda progressiva de funções orgânicas e
metabólicas, favorecendo o estabelecimento de
alterações patológicas. Destas alterações, algumas
são caracterizadas por uma determinação genética,
enquanto as demais se caracterizem por uma
predisposição
de
participação
ambiental
extremamente variável. Dos 472 idosos avaliados,
92,79% apresentaram algum tipo de patologia, não
sendo observada uma diferença significativa entre os
sexos (47% dos homens e 53% nas mulheres).
Dentre as situações observadas, a mais freqüente foi
a hipertensão arterial (71,2%), seguido de
cardiopatias e diabetes. O presente estudo ainda pôde
relatar que a maior parte das patologias analisadas
depende de fatores ambientais para seu aparecimento
e desenvolvimento.
The aging brings a close relation with the gradual loss
of organic and metabolic functions, favoring the
establishment of pathological alterations. Of these
alterations, some are characterized by a genetic
determination,
while
excessively
they
are
characterized for a predisposition of extremely
changeable ambient participation. Of the 472 aged
ones evaluated, 92,79% had presented some type of
pathology, being observed a significant difference it
does not enter the sex (47% of men and 53% in the
women). Amongst the observed situations, most
frequent it was the arterial hipertention (71,2%),
followed of cardiopathies and diabets. The present
study still it could tell that most of the analyzed
pathologies depends on ambient factors for its
appearance and development.
Palavras-chave:
Key-words:
Envelhecimento.
Predisposição.
Patologias.
Gerontologia.
Aging. Pathologies. Gerontology. Predisposition.
INTRODUÇÃO
Biologicamente, o envelhecimento é um fenômeno caracterizado pela perda
progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos. O envelhecimento é sinônimo de
modificações fisiológicas e não diretamente de situação patológica. As características
observadas em uma pessoa senil podem ser classificadas em três tipos, as alterações senis

Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás.
[email protected]

Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás.

Docente da Universidade Estadual de Goiás.
e-mail: [email protected] ;
41
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália.
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45.
Jan. 2010/Jun. 2010.
essenciais, alterações conseqüentes da acumulação de fenômenos patológicos e alterações
prováveis (TURKER e MARTIN, 1999; PRADO, 2006; PRADO, 2007).
Os três fenômenos que caracterizam a finitude da vida ocorrem na célula, sendo
eles a longevidade, o envelhecimento orgânico (perda de funções metabólicas) e o colapso do
sistema orgânico. Nos pacientes idosos, apresentam-se modificações no sistema de regulação
da temperatura corporal, no declínio da imunidade celular, na prevalência de neoplasias, no
aumento de infecções e do risco de doenças auto-imunes (GOLDSTEIN, 1990; MILLER,
1999; FARINATTI, 2002).
Dentre os conceitos mais aceitos para explicar o envelhecimento celular,
destacam-se o relógio geneticamente determinado, a exposição contínua a influências
exógenas e as alterações do DNA por agentes externos e internos, tais como radiação,
componentes do meio ambiente e dos produtos do metabolismo celular (BARZILAI &
GUPTA,1999; MASORO, 2000).
O envelhecimento é caracterizado por alterações da constituição corporal, tais
como a diminuição da massa óssea, a atrofia da musculatura esquelética, a redução da água
intracelular, o aumento com redistribuição da gordura corporal, a diminuição progressiva da
força muscular, sendo que a partir de 40 anos, a estatura diminui cerca de 1 cm por década,
alem da diminuição da taxa de metabolismo (CALKINS, 1999; FARINATTI, 2002; FROES
et al., 2005).
Nas modificações fisiológicas determinadas pelo envelhecimento variam de órgão
para órgão e de indivíduo para indivíduo, sofrem alterações a pele e fâneros, o tecido ósseo,
com diminuição da espessura do osso compacto e redução das lâminas do osso trabecular,
anquilose das articulações costocondrais, atrofia muscular, a calcificação das articulações
entre o martelo e a bigorna e entre a bigorna e o estribo, a diminuição dos receptores
olfatórios,a opacificação do cristalino, as artérias ficam enrijecidas e tortursas, alem da atrofia
da tireóide, hipófise, paratireóides e supra-renais (SHEPHARD, 1997; GODINHO, 2003;
FROES et al., 2005).
O fenótipo determinado pelo processo de envelhecimento é o resultado de
fenômenos intrínsecos ao organismo (genes) (35%) associados a fatores ambientais
(extrínsecos) (65%). A genética do envelhecimento estuda o papel dos genes (e sua interação
com o ambiente) nos processos biológicos associados com o período pós-reprodutivo, que
levam a um estado de fragilidade e morte do indivíduo. Esta genética do envelhecimento é
dividida em diversas abordagens inter-relacionadas, como a investigação sobre herança
42
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália.
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45.
Jan. 2010/Jun. 2010.
genética familiar (genética herdável) associada ao envelhecimento e à longevidade, a
investigação sobre modificações epigenéticas associadas ao envelhecimento e a investigação
sobre a expressão de genes associados ao envelhecimento (BELLAMY, 1991; PUCA et al.,
2001).
A compreensão dos fatores ligados ao envelhecimento e de fundamental
importância para o idoso e para a comunidade cientifica, pois permite avaliar riscos e,
principalmente, possíveis tratamentos específicos para cada tipo de alteração, além de
especulações quantos as técnicas envolvendo os conceitos de anti-envelhecimento e
rejuvenescimento (PRADO et al., 2004). O presente estudo teve por objetivo verificar a
prevalência das patologias geneticamente associadas e correlacionadas em idosos de Goiânia,
Goiás, e comparar as freqüências com outras cidades.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram aplicados questionários em 472 idosos residentes na grande Goiânia,
Goiás, entre agosto de 2007 e abril de 2008, avaliando idade, sexo, estilo de vida
(sedentarismo, fumo, etilismo e hábitos alimentares) e patologias clinicamente e/ou
laboratorialmente diagnosticadas. Para poder participar da pesquisa, era necessária uma idade
mínima de 60 anos, sem haver restrição quanto à idade máxima. Todos os participantes foram
esclarecidos da finalidade da pesquisa e confidencialidade dos dados pessoais, assinando um
termo de consentimento livre esclarecido.
Os dados foram plotados em planilhas do Excel© (Microsoft© Office© 2007),
organizados em tabelas e gráficos, e a significância estatística foi determinada pelo Teste de
Qui-quadrado (X2) para um nível de 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os idosos que participaram da pesquisa tiveram idade variando de 60 anos a 92
anos (figura 1), com idade media de 68,5 anos. Quanto ao sexo, 221 eram do sexo masculino
(46,82) e 251 do sexo feminino (53,18%), não apresentando diferença significativa (p<0,05)
(figura 2).
43
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália.
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Figura 1 – Histograma por faixa de idade.
Figura 2 – Sexo dos participantes da
pesquisas.
Entre os 472 idosos avaliados, observou-se que 438 (92,79%) estavam com algum
tipo de patologia. Foi destacado um conjunto de 14 patologias ou grupos patológicos
distintos, sendo que as mais freqüentes foram para a hipertensão arterial (71,23%), seguido de
artrite/artrose (52,28%) e das cardiopatias (45,89%) (figura 3). Tais valores são condizentes
com outros autores, que relatam a hipertensão como uma das principais patologias comum aos
idosos por estar associada a diferentes situações (alterações circulatórias, cardíacas ou renais,
entre outras) também típicas do envelhecimento (BELLAMY, 1991; MILLER, 1999; PRADO
& SAYD, 2007).
Figura 3 – Tipos e freqüências das patologias encontradas.
44
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália.
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Dentre as patologias observadas, somente a doença de chagas (0,91%) depende
apenas de agente exógeno, sendo que as demais alterações apresentam um grau variado de
participação genética (99,08%). Esta caracterização se torna importante quanto às referidas
patologias são classificadas como sendo multifatoriais, dependendo assim de fatores
ambientais desencadeadores ou potencializadores. Dentre estes, destacam-se o fumo, o álcool,
o sedentarismo e os maus hábitos alimentares (figura 4). De acordo com Turker e Martin
(1999), tais fatores são considerados como importantes contribuintes nas patologias presentes
em varias idades e principalmente no envelhecimento.
Figura 4 – Freqüência dos fatores exógenos.
CONCLUSÃO
O aumento no número e na expectativa de vida dos idosos destaca a necessidade
de informações adequada sobre esta população. O conhecimento das patologias típicas
presentes na população idosa, além da sua correlação com fatores exógenos diretos e/ou
indiretos se faz relevante para um efetivo direcionamento de prevenções e tratamentos. Por
outro lado, se deve ter em mente que a velhice não pode ser caracterizada como sinônimo de
processo patológico.
Como a reversão de quadros clínicos em que a patologia já está instaurada é mais
complexa, a abordagem da prevenção se torna essencial para a promoção da saúde e do bemestar, aumentando assim a qualidade de vida do idoso. A prevenção destas alterações da saúde
e esforços no favorecimento de um envelhecimento saudável deve ser esforço de todos,
lembrando da importância dos que ajudaram a construir as melhorias e avanços conquistados.
45
GIGONZAC, Marc Alexandre; CARVALHO, Ricardo; SALES, Elder e VIEIRA, Thais Cidália.
Avaliação das patologias presentes em idosos de Goiânia, GO, Brasil. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 40-45.
Jan. 2010/Jun. 2010.
REFERÊNCIAS
Barzilai N, Gupta G. Revisiting the role of fat mass in the life extension induced by caloric restriction.
J Gerontol Biol Sci 1999;54A:B89-69.
Bellamy D. Mechanisms of ageing. In: Pathy MSJ, editor. Principles and practice of geriatric
medicine. 2nd ed. Chichester: Wiley, 1991:13-30.
Calkins E. Management of rheumatoid arthritis and the other autoimmune rheumatic diseases. In:
Hazzard WR, Blass JP, Ettinger WH, Halter JB, Ouslander JG, editors. Principles of geriatric
medicine and gerontology. 4th ed. New York: McGraw-Hill, 1999;1135-54.
Farinatti, Paulo de Tarso Veras. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico.
Rev Bras Med Esporte, Ago 2002, vol.8, no.4, p.129-138
Froes, Nívea Dulce Tedeschi Conforti, Nunes, Francine Teresa Brioni and Negrelli, Wilson Fábio
Influência genética na degeneração do disco intervertebral. Acta ortop. bras., 2005, vol.13, no.5,
p.255-257
Godinho, Ricardo; KEOGH, Ivan; EAVEY, Roland. Genetic hearing loss. Rev. Bras.
Otorrinolaringol., São Paulo, v. 69, n. 1, 2003.
Goldstein S. Replicative senescence: the human fibroblast comes of age. Science;249:1129-33. 1990.
Masoro EJ. Caloric restriction and aging: an update. Exp Gerontol 2000; 35:199-305.
Miller RA. The biology of aging and longevity. In: Murasko DM, Bernstein ED. Immunology of
aging. In: Hazzard WR, Blass JP, Ettinger WH, Halter JB, Ouslander JG, editors. Principles of
geriatric medicine and gerontology. 4th ed. New York: McGraw Hill, 1999:3-19.
Prado, Shirley Donizete, Sayd, Jane Dutra. Gerontology as a field of scientific knowledge: concept,
interests and political project. , Ciênc. saúde coletiva , 2006, vol.11, no.2, ISSN 1413-81232.
Prado, Shirley Donizete, Sayd, Jane Dutra. The research about human aging in Brazil: researchers,
themes, and tendencies. , Ciênc. saúde coletiva , vol.9, no.3., 2004.
PRADO, Shirley Donizete; SAYD, Jane Dutra. The being that ages: technique, science and
knowledge. Ciênc. saúde coletiva., Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, 2007.
Puca AA, Daly MJ, Brewster SJ, Matise TC, Barret J, Shea-Drinkwater M, et al. A genome-wide scan
for linkage to human exceptional longevity identifies a locus on chromosome 4. Proc Natl Acad Sci
USA 2001; 98:10505-8.
Shephard RJ. Aging, physical activity, and health. Champaign: Human Kinetics, 1997.
Turker MS, Martin GM. Genetics of human disease, longevity, and aging. In: Hazzard WR, Blass JP,
Ettinger WH, Halter JB, Ouslander JG, editors. Principles of geriatric medicine and gerontology. New
York: McGraw-Hill, 1999:21-44.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 47- 59. Jan. 2010/Jun. 2010.
A MANUTENÇÃO DO VÍNCULO ENTRE MÃE E FILHO NA APLICAÇÃO DO MÉTODO
CANGURU
Eleuza do Rosário de Mello Brandão
Lourena Ferreira de Oliveira
Marli Vilarins Brito
Resumo:
Abstract:
O método Mãe Canguru tem por objetivo fortalecer o
vínculo entre mãe e filho após o parto; aumentar a
competência e a confiança dos pais no cuidado do
bebê de baixo peso e o estímulo à prática de
amamentação, favorecendo a diminuição de infecção
hospitalar e de permanência do bebê no hospital
(ALVES, 2007).O ―Método Canguru‖ é um tipo de
assistência neonatal que implica o contato pele a pele
precoce entre mãe e recém-nascido de baixo peso, de
forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem
ser prazeroso e suficiente (CAMPOS, 2004).
Kangaroo Mother Care is intended to strengthen the
bond between mother and child after delivery,
enhancing the competence and confidence of parents
in the care of low birth weight baby and encouraging
the practice of breastfeeding, helping reduce infection
and hospital stay of baby the hospital (ALVES,
2007).The "Kangaroo" is a kind of neonatal care that
involves skin to skin contact between mother and
premature baby of low birth weight, incrementally
and by the time they both understand and be
enjoyable enough (CAMPOS, 2004).
Palavras-chave:
Key-words:
Método mãe Canguru,Unidade de terapia intensiva
neonatal (UTI),recém-nascido.
Kangaroo mother care unit, neonatal intensive care
unit (NICU), infants born underweight and bond
between mother and child.
INTRODUÇÃO
A taxa de natalidade de crianças prematuras e com baixo peso em todo o mundo
anualmente, gira em torno de 20 milhões de crianças, sendo que um terço destas morre antes
de completar um ano de vida. Percebemos ainda, que no Brasil as afecções perinatais, é a
primeira causa de mortalidade infantil de crianças de baixo peso, normalmente associadas a
problemas respiratórios, a asfixia ao nascer e a processos infecciosos; podendo identificar
ainda distúrbios metabólicos, hipotermia e dificuldades em alimentar-se.
O Brasil tem realizado trabalhos na área da saúde, visando desenvolver uma
assistência humanizada à criança, à mãe e à família, respeitando-as em suas características e
individualidades. Para isto, o Ministério da Saúde aprovou em 2000 a Norma de Atenção

Formanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Goiânia/GO – 2009 Dezembro
Docente da Faculdade Estácio de Sá – Goiás e orientadora do presente trabalho.

Formanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás –Goiânia/GO – 2009 Dezembro

48
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
Humanizada ao recém-nascido de baixo peso, denominado de método mãe canguru (MMC),
recomendando-o e definindo as diretrizes para sua implantação nas unidades médico
assistencial integrante do Sistema Único de Saúde (SUS). Propondo a aplicação do método
em três etapas, iniciando nas unidades neonatais, passando para as unidades canguru e, após a
alta hospitalar, nos ambulatórios de seguimentos. (VENTURINI, 2004)
Estas etapas favorecem a realização do método mãe canguru, o qual tem como
característica principal o fortalecimento do vínculo mãe e filho, que pode ter sido
interrompido de forma abrupta pelo processo do nascimento precoce.
O ―Método Canguru‖ é um tipo de assistência neonatal que implica o contato pele
a pele precoce entre mãe e recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que
ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo, dessa forma, uma maior
participação dos pais no cuidado a seu recém-nascido. A posição canguru consiste em manter
o recém-nascido de baixo peso, ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical,
contra o peito do adulto. Só serão considerados como método canguru os sistemas que
permitam o contato precoce, realizado de maneira orientada, por livre escolha da família, de
forma crescente, segura e acompanhado de suporte assistencial por uma equipe de saúde
adequadamente treinada (SERRA, 2004).
Essa metodologia de assistência foi uma alternativa, ao método tradicional
disponível e dispendioso de tratamento dos bebês pré-termos, assistidos e tratados em
incubadoras (MARTINS, 2008). Em 1978, Edgar Rey Sanabria e posteriormente Hector
Martínez Gómez, médicos do Instituto Médico Infantil (IMI) de Bogotá, Colômbia,
elaboraram um programa denominado Mãe Canguru. Tal nome foi adotado em referência as
espécies dos marsupiais, cujos cangurus fêmeas possuem uma bolsa onde as suas crias
prematuras completam o tempo de gestação, sendo aquecidas e alimentadas até se
fortalecerem e amadurecerem. A proposta do método Mãe-Canguru é que, da mesma forma
que os cangurus, as mães de bebês prematuros irão carregar os seus filhos, quando esses se
encontrarem em condições clínicas, gástricas e respiratórias que viabilizem uma situação
estável. (ANDRADE, 2005).
VÍNCULO
De acordo com (ANDRADE, 2005) formação do vinculo é o investimento
emocional dos pais em seu filho. É um processo que é formado e cresce com repetidas
experiências significativas e prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de
49
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
apego, desenvolve-se na criança em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar
dela. É a partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um
sentimento do que eles são, é a partir daí que uma criança pode evoluir e ser capaz de
aventurar-se no mundo.
(KLAUS e KENNELL 2000) indicam que a formação do vínculo inicia-se
durante a gestação, particularmente no período posterior ao aparecimento dos movimentos
fetais.
Neste período, a mulher começa a sonhar com a aparência do bebê e atribuir-lhe
algumas características de personalidade. No entanto, o nascimento de um bebê pré-termo
representa para os pais uma situação nova que pode comprometer o processo de vinculação. A
realidade do bebê imaginário, na barriga da mãe não é a mesma realidade do bebê recémnascido. Muitas mães tendem a negar antecipadamente a realidade do seu bebê nas primeiras
semanas de vida, sentindo-se assustadas e confusas diante dos primeiros cuidados (BORSA,
2007). Um sistema importante que serve para ligar a mãe e o bebê é o interesse desta em
tocá-lo (SCORTEGAGNA, 2005).
O apego é construído a partir do processo de ligação entre o bebê e a mãe; o
recém-nascido reage à atenção do cuidador com interesse especial, permitindo que se
desenvolva o apego com aquele que lhe responde com aprovação, gratificação, proteção e
estimulação adequada. A estimulação adequada conduz a uma reação positiva, e o bebê passa
a buscá-la ativamente e a interagir com ela o que traz conseqüências importantes para o seu
desenvolvimento emocional e para sua socialização (SCORTEGAGNA, 2005). Esta
interação precoce contribuirá para dar continuidade e fortalecimento ao vínculo pré-existente.
KLAUS e KENNEL (2000) salientam que a necessidade de cuidados intensivos pode retardar
o contato inicial entre pais e filhos, mas lembram que os seres humanos são adaptáveis a
diferentes situações e muitos caminhos para as ligações afetivas são possíveis. A promoção do
vínculo mãe-bebê é fundamental e a presença da mãe envolve uma ação terapêutica e
psicoprofilática (SCORTEGAGNA, 2005).
O vínculo da mãe com seu bebê aumentam ao longo do tempo e é fortalecido
pelo contato. O contato com a pele do tórax da mãe durante a amamentação, imediatamente
após seu nascimento, promove além do aquecimento e do conforto, um ambiente ideal para a
adaptação do recém-nascido à vida extra-uterina (MENDES, 2006). Há evidências de que um
contato íntimo da mãe com seu bebê prematuro podem interferir positivamente na relação
desse bebê com o mundo. Além disso, bebês prematuros que realizam contato pele a pele
50
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
apresentam melhor desenvolvimento mental e melhores índices em testes de motricidade, uma
diferença significantemente menor no tempo de duração do choro e no padrão de
consolabilidade e períodos de sono mais profundos (VENÂNCIO, 2004).
Há relatos de mães-canguru, que o método possibilita o aumento do vínculo e
sentimento de proximidade permitindo que mães se sintam mais eficazes, melhorando sua
auto-estima, fiquem mais relaxadas, alegres e competentes para levar seus bebês pré-termo
para casa. Além disso, foram mais capazes de reconhecer suas perdas e falar sobre seus
sentimentos positivos e negativos. (CRUVINEL, 2007).
FURLAN 2003, reafirma citando que uma das contribuições do cuidado Canguru
é a de aumentar a confiança dos pais, principalmente das mães, para o cuidado com o bebê,
pois se sentem mais tranqüilos, apresentando sentimentos mais positivos relativos ao filho e a
preparação para alta.
Porém, o estabelecimento do vínculo pode ser prejudicado pela falta de
oportunidades da mãe de interagir com seu filho, gerando desordens no relacionamento futuro
de ambos. Neste sentido, a enfermagem das unidades neonatais deve facilitar as
oportunidades de contato precoce entre pais e bebês prematuros, visando estabelecer vínculo e
apego, tendo em vista que esse é um processo gradual que pode levar mais tempo do que os
primeiros dias ou semanas do período pós-natal (SCOCHI, 2003).
O fato de não poder pegar o bebê no colo, aconchegá-lo e embalá-lo é bastante
frustrante para a mãe. Mesmo quando é possível tocá-lo e acariciá-lo dentro da incubadora,
muitas mães se amedrontam diante dessa situação. Esse medo se justifica pela auto-estima
afetada, pelo ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e pela falta de
autoconfiança na capacidade de criar o filho (SCOCHI, 2003). É importante ressaltar que a
saúde do bebê depende do equilíbrio emocional da mãe e que o sucesso da formação de um
vínculo saudável e consistente entre mãe e filho, depende, em grande parte, da assistência de
enfermagem prestada a ambos (MENDES, 2006).
OBJETIVOS
O método mãe-canguru tem por objetivo fortalecer o vínculo entre mãe e filho
após o parto; aumentar a competência e a confiança dos pais no cuidado do bebê de baixo
peso e o estímulo à prática de amamentação, favorecendo a diminuição de infecção hospitalar
e de permanência do bebê no hospital (ALVES, 2007).
51
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
Destacamos ainda que um dos principais objetivos do método seja suprir a
insuficiência de recursos materiais, usando-se como alternativa a substituição de incubadoras
e evitando a separação prolongada entre a mãe e seu bebê (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
O nascimento precoce implica a retirada antecipada do neonato do ambiente
uterino, o que pode ser traumático para o seu desenvolvimento, tanto sob o aspecto físico
como emocional. Esta situação é agravada pelas constantes manipulações e intervenções a que
fica sujeito o neonato.
O método mãe-canguru, preconizado pelo Ministério da Saúde, foi concebido
como um meio para amenizar esta situação, restaurando o vínculo mãe-filho.
FURLAN (2003) aponta que o Cuidado Canguru, recentemente, passou a fazer
parte das diretrizes políticas de atenção à saúde dos bebês de baixo peso ao nascer e
prematuros, estando incluído no Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento.
Portanto, com a Portaria nº 693, de 05 de julho de 2000, o Ministério da Saúde normatiza a
implantação do Método Mãe-Canguru, definindo no documento como assistência neonatal
que implica no contato pele a pele precoce entre o binômio mãe/filho (recém-nascido de
baixo peso, prematuro).
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO MÉTODO MÃE CANGURU
Os critérios de inclusão de um recém-nascido no Método Canguru são a
estabilidade clínica, nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo), peso mínimo de
1.250 kg. e o ganho de peso diário maior que 15g. Para que se obtenha ganho de peso, deve-se
garantir a amamentação a cada duas horas no período diurno e a cada três horas no período
noturno; as crianças que não apresentarem ganho adequado de peso devem realizar
complementação láctea com leite da própria mãe, via sonda gástrica ou copo (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2000).
HENNIG (2006) ainda estabelece como critérios de inclusão dos recém-nascidos
no método canguru a estabilidade clínica, respiratória e circulatória; e para a equipe de saúde
pede-se a orientação aos pais sobre o Método, a estimulação quanto à manutenção do contato
tátil com a criança, apoio e intervenção para a manutenção da produção láctea.
O Ministério da Saúde preconiza o desenvolvimento do método em três
etapas.Cada etapa requer subsídios que assegurem à puérpera e ao bebê condições para o
aprimoramento do vínculo, a promoção do aleitamento e a capacitação materna do cuidado
52
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
com o filho. Entre os subsídios estão à vinda diária à unidade de internação, o auxílio para o
transporte coletivo às mães que necessitem o oferecimento de refeições durante a
permanência diurna e de espaço para o descanso, a realização de palestras e o livre acesso dos
pais à unidade neonatal (FURLAN, 2003).
Na primeira etapa, preconiza-se acesso precoce e livre dos pais à UTIN, estímulo
à amamentação e participação da mãe nos cuidados dos bebês, bem como início do contato
pele a pele logo que as condições clínicas do bebê permitam.
Na segunda etapa, mãe e bebê permanecem em enfermaria conjunta, e a posição
canguru deve ser realizada pelo maior tempo possível. (VENÂNCIO, 2004).
O enfoque desta etapa é para a efetiva participação da mãe nos cuidados do bebê e
no seu desenvolvimento psicoafetivo, base das interações entre a criança e seus pais. A
formação do vínculo não é um acontecimento imediato ocorre por meio de interações
sucessivas. Quanto mais oportunidades de interação entre mãe e bebê mais forte será o
vínculo e, conseqüentemente, melhor a resposta materna às necessidades do filho e menor a
probabilidade de negligência, maus-tratos e abandono. (LAMY. 2005).
Os critérios de elegibilidade para permanência necessária nessa enfermaria são
disponibilidade materna, capacidade materna de reconhecer as situações de risco do RN e
habilidade para colocação da criança em posição canguru.
A terceira etapa refere-se ao ambulatório de acompanhamento, após a alta, para
avaliar os benefícios e corrigir situações de risco. (NEVES, 2006).
Para o bom desenvolvimento do MMC, se faz necessário o emprego de três
componentes básicos, sendo eles: 1) posição canguru, 2) política de aleitamento materno; e 3)
política de alta precoce na posição canguru.
A posição canguru consiste em manter o bebê pré-termo, ou de baixo peso,
sustentado por uma faixa ou manta amarrada ao redor do tórax da mãe em posição vertical. O
tempo de permanência na posição canguru é determinado pelo sentimento de bem-estar da
mãe ou do bebê (CRUVINEL, 2007). No MMC a mãe substitui à incubadora,
progressivamente, mantendo o bebê aquecido por meio do contato da criança com sua pele. A
prática se inicia dentro do hospital e continua em casa, mediante estreito acompanhamento da
equipe de saúde.
Os benefícios do método incluem redução da morbidade e do período de
internação dos bebês, melhoria na incidência e duração da amamentação e contribui para o
senso de competência dos pais (TOMA, 2003).
53
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
E segundo (MILTERSTEINER 2005), o posicionamento canguru pode beneficiar
a dupla mãe-bebê em vários aspectos, como diminuição do índice de abandono, melhora na
relação e integração familiar. Observa-se a melhoria da qualidade de vida da mãe e de seu
bebê e a possibilidade de redução considerável nos custos com a racionalização do uso de
equipamentos hospitalares e com a diminuição no tempo de internação e redução de infecções
nosocomiais.
O aleitamento materno é recomendado e incentivado para os prematuros através
de estratégias, dentre as quais a implantação do método canguru onde se evidencia o impacto
positivo no método, sendo destacados as propriedades nutritivas e imunológicas do leite
humano, seu papel na maturação gastrintestinal e formação do vínculo mãe-filho, aumento do
desempenho neurocomportamental, menor incidência de infecção, melhor desenvolvimento
cognitivo e psicomotor e menor incidência de reospitalização. O leite da própria mãe é o mais
indicado para o prematuro, contendo, nas primeiras quatro semanas, alta concentração de
nitrogênio, proteínas com funções imunológicas, lipídeos totais, ácidos graxos, vitaminas A,
D, e E, cálcio e energia, quando comparado ao leite de mães de neonatos a termo (SERRA,
2004).
Esta prática inicia-se dentro do hospital e continua em casa mediante o
acompanhamento da equipe de saúde (COSTA, 2006). A política de alta hospitalar, com
transferência para a terceira etapa deve ser bem empregada, utilizando-se de critérios que
permitam a segurança materna quanto aos cuidados do bebê; motivação e compromisso para
realização do método por 24 horas/dia; garantia de retorno à unidade de saúde de maneira
freqüente; peso mínimo de 1.500 kg; criança com sucção exclusiva ao seio; ganho de peso
adequado nos três dias que antecedem a alta hospitalar; e condição de recorrer à unidade de
origem a qualquer momento enquanto estiver na terceira etapa, que se encerra, em geral,
quando o peso do bebê atinge 2.500 kg (VENÂNCIO, 2004).
A adoção do método estimula a formação dos laços afetivos; favorece a
produção do leite materno, beneficiando assim a lactação e a amamentação; ajuda no
desenvolvimento físico e emocional do bebê; reduz o estresse e o choro do RN; estabiliza o
batimento cardíaco, a oxigenação e a temperatura do corpo do bebê; possibilita lembrar o
som do coração materno, da voz da mãe, o que transmite calma e serenidade; desenvolve, no
bebê, sentimento de segurança e tranqüilidade; diminui riscos de infecção cruzada e
hospitalar; reduz o número de abandono desses bebês e contribui para o apego entre
mãe/filho (NEVES, 2006).
54
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
Além disso, estudos afirmam que a presença da mãe/pai favorece a estabilidade
clínica do prematuro e seu processo de crescimento e desenvolvimento; a participação
possibilita a interação mãe-filho e o estabelecimento do vínculo afetivo, ressaltando ainda que
a mãe deva ser treinada para a alta do filho com a ajuda da enfermeira nos cuidados do
recém-nascido hospitalizado e a presença dos pais modifica o ambiente da unidade neonatal
(MARTÍNEZ, 2007).
O MMC traz muitos benefícios ao bebê prematuro e/ou de baixo peso ao nascer, e
às famílias. A oportunidade de uma participação efetiva dos pais, desde o início da vida,
favorece a criação e o fortalecimento do vínculo, bem como a possibilidade de elaborar
arranjos mais favoráveis para o cuidado da criança. Entretanto, o sucesso do programa
canguru depende não só da vontade da mãe, como também do apoio de sua rede familiar e de
uma equipe de saúde compreensiva e capacitada. O pai, por sua vez, cada vez mais instigado a
participar do cuidado dos filhos, pode não ser capaz de corresponder a essa expectativa,
devido aos papéis de gênero que ainda prevalecem na maioria dos casos. Nesse sentido, a rede
familiar, em especial os parentes consangüíneos, tem função importante na prática do MMC.
Conseqüentemente, o papel da equipe de saúde poderia ser aprimorado por meio do
conhecimento da rede familiar relacionada à mãe canguru, planejando em conjunto com ela, a
organização necessária para que a criança receba o cuidado apropriado (TOMA, 2007).
E segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2002), as vantagens do MMC são: o
aumento do vínculo e menor tempo de separação mãe-filho, evitando longos períodos sem
estimulação sensorial; estímulo ao aleitamento materno, favorecendo maior freqüência,
precocidade e duração; maior competência e confiança dos pais no manuseio de seu filho de
baixo peso, mesmo após a alta hospitalar; menor controle térmico; menor número de recémnascidos em unidades de cuidados intermediários, devido à maior rotatividade de leitos;
melhor relacionamento da família com a equipe de saúde; diminuição da infecção hospitalar;
menor permanência hospitalar. Portanto a equipe de saúde ―deverá dar suporte tanto às mães
como pais no estímulo ao contato com seu filho o mais breve possível e receber adequada
orientação para participar do programa‖.
Assim, os pais e a família de um recém-nascido prematuro de alto risco, assistido
em UTIN merecem atenção especial dos profissionais que atuam nessa área, particularmente
da equipe de enfermagem que tem maior oportunidade de contato com os pais e a família
(SCOCHI, 2003).
55
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
ATRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM DIANTE DO MMC
A implementação das diretrizes preconizadas pelo ministério da saúde pressupõe
equipes de saúde com habilidades não só para orientar a prática do MMC nas unidades
neonatais, mais também para lidar com os aspectos que podem influenciar o ato de cuidar no
âmbito da família (LAMY, 2005). A integração entre enfermeiras e pais pode minimizar a
ausências de uma pessoa de referência para o casal e criar laços de confiança para a
cooperação mútua entre as partes e por ocasião da alta hospitalar, prevenir danos à saúde do
bebê e possibilitar acompanhamento de seu desenvolvimento e de possíveis seqüelas, gerando
tranqüilidade em toda a equipe neonatal (FURLAN, 2003).
Portanto, são atribuições da equipe de saúde neste processo; orientar a mãe e a
família em todas as etapas do método; oferecer suporte emocional e estimular os pais em
todos os momentos; encorajar o aleitamento materno; desenvolver ações educativas
abordando conceitos de higiene, controle de saúde e nutrição; desenvolver atividades
recreativas para as mães durante o período de permanência hospitalar; participar de
treinamento em serviço como condição básica para garantir a qualidade da atenção; orientar a
família na hora da alta hospitalar, criando condições de comunicação com a equipe, e garantir
todas as possibilidades já enumeradas de atendimento continuado (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2000).
Diante da responsabilidade da manutenção do vínculo mãe-filho observa-se a
necessidade do preparo e envolvimento da equipe de enfermagem, a qual deve ser capacitada
e habilitada a incentivar e promover a implantação do MMC.
Percebemos que a equipe de enfermagem/multidisciplinar tem papel fundamental
na apresentação do método à mãe para formação e manutenção do vínculo afetivo mãe-filho.
Esses pais precisam ser acolhidos e aceitos nas UTINs e não serem vistos como empecilho na
recuperação da saúde de seus filhos ou nas atividades desenvolvidas no dia a dia desses
profissionais.
Além disso, é necessária a promoção da integralidade das ações dos profissionais
da equipe para que esta proposta de atenção não sofra descontinuidades. Entendemos que o
cuidado ainda está muito focado no RN, prejudicando a inserção da família na unidade
neonatal e reduzindo a participação efetiva dos pais no cuidado ao seu filho (COSTA, 2006).
Há necessidade de que o profissional da equipe seja estimulado a reconhecer as
características individuais de cada RN e família, para atuar de maneira particularizada, assim
56
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
como é fundamental, na prática do dia-a-dia, que sejam encontradas estratégias apropriadas
para a valorização das participação dos pais nos cuidados com seu filho. A valorização destas
mudanças de atitude e a reflexão sobre os benefícios desta prática contribuirão para uma
assistência qualitativamente diferenciada. Além disso, é necessária a promoção da
integralidade das ações dos profissionais da equipe, uma vez que os integrantes concordam
que é fundamental a formação de uma equipe multiprofissional que conheça toda a extensão
do método, que atue de maneira harmoniosa e sincrônica para que a proposta de atenção
humanizada não sofra descontinuidades (COSTA, 2006).
A Enfermagem tem papel relevante na manutenção das condições da vitalidade
dos recém nascidos, devendo fundamentar suas ações em conhecimentos científicos. Cabendo
ao enfermeiro da UTIN organizar o ambiente, planejar e executar os cuidados de enfermagem
de acordo com a necessidade individualizada e resposta de cada criança, exercendo assim,
uma assistência integral, de qualidade e humanizada (SCOCHI, 2001).
A enfermagem no contexto deste estudo é a ciência e arte articulando ações no
método mãe canguru para que o ser humano possa perceber e reagir aos estímulos das
situações, circunstâncias ou influências da desospitalizaçao de forma adaptativa e efetiva,
compreendendo os momentos vivenciados, tendo sensibilidade, interação e solidariedade
como atributos para facilitar a transição do novo ambiente. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002).
A alta do recém-nascido pré-termo do método canguru baseia-se nos critérios de
maturidade, do ganho de peso, quando o bebê atinge 2.500g, o método pode ser abandonado.
METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido pelo método qualitativo a partir das referências
bibliográficas da área da saúde sobre o Método Mãe Canguru (MMC). Foi realizada uma
incursão pela literatura cujo tema era bebês pré-termos submetidos ao método mãe canguru, e
para a busca bibliográfica foram adotadas as palavras-chave: método mãe canguru, unidade de
terapia intensiva neonatal (UTIN), recém-nascido baixo peso e vínculo entre mãe/filho e foi
procedida a leitura dos artigos e seu fichamento para posterior estudo.
Neste trabalho, elegemos como objeto de estudo a análise da manutenção do
vínculo, tendo como base de pesquisa os artigos científicos constantes dos arquivos Scielo,
Lilacs e Medline, elaborados de março de 2003 a março de 2008, bem como as etapas de
57
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
implementação do método, segundo as diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde, e a
análise dos benefícios trazidos para o bebê pré-termo.
RESULTADOS
No que se refere ao trabalho da equipe de enfermagem é importante destacar que
os pais de um bebê prematuro necessitam de orientação adequada e de apoio emocional, de
sorte que devem lhe ser oferecidos cuidados e suporte para que possam se sentir seguros e
amparados no trato com o bebê. Desta forma, diante de um ambiente seguro e adequado é que
se pode falar em minimizar riscos e promover condições apropriadas para o desenvolvimento
físico e emocional do bebê prematuro.
CONCLUSÃO
O Método Mãe Canguru, em plena expansão em países de todo o mundo, cumpre
função que vai além do aleitamento materno ao se estabelecer como um instrumento essencial
na formação do vínculo entre mãe e filho.
Desta forma, o vínculo que se cria na relação entre mãe e bebê tem uma dimensão
maior do que o simples ato de alimentar, cuidar ou tomar conta do recém-nascido. Na
verdade, o vínculo afetivo, iniciado durante a gestação e influenciado pelas diversas fases em
que esta se desenvolve, apresenta a característica de suprimento emocional para o bebê.
Com efeito, o vínculo afetivo tem a natureza de um relacionamento formativo, a
partir do qual a criança desenvolve um sentimento de si mesma, criando uma auto-imagem
segura e apropriada.
Neste estudo buscamos enfatizar a importância do método mãe canguru, por meio
do qual se tornam possíveis as manifestações corporais, visuais, vocais e faciais através das
quais se estabelece a trama dos vínculos afetivos. Além disso, é claro, o contato mãe e filho
ajuda a prevenir os riscos decorrentes do nascimento prematuro.
58
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
REFERÊNCIAS
ALVES, A. M. L. et al. Desmame precoce em prematuros participantes do Método Mãe Canguru.
Revista Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo,vol.12, no.1, p.2. Jan./Mar. 2007.
ANDRADE, I. S. N. de; GUEDES Z. C. F. Sucção do recém-nascido prematuro: comparação do
método Mãe-Caguru com os Cuidados tradicionais. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,
Recife, Vol. 05, no. 01, p.2. Jan./Mar. 2005.
BORSA, J. C., Considerações acerca da relação Mãe-Bêbe da Gestação ao Puerpério. Contemporânea
– Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.02, Abr./Jun. 2007.
Brasil, Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do SUS Coordenação de Sistemas
de Informação Sistema Único de Saúde – Legislação Federal, Recém-Nato-Método Canguru, Brasília,
Portaria n. 693, 2000.
Brasil, Ministério da Saúde. Secretário de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança. Atenção
Humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método mãe-canguru: manual do curso / Secretaria de
Políticas de Saúde, Área da Saúde da Criança. – 1 edição.-Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
COSTA, R.; MONTICELLI, M. O Método mãe – canguru sob o olhar problematizador de uma equipe
neonatal. Revista Brasileira de enfermagem Brasília, v.59, n.4, p.6-7. Jul./ago. 2006.
COSTA, R.; MONTICELLI, M., Método Mãe – Canguru. Acta Paulista de Enfermagem, São
Paulo,V.18, n.4, p.2-5. out./dez. 2005.
CRUVINEL, F. G.; MACEDO, de E. C. Interação mãe–bebê pré- termo e mudança no estado de
humor: comparação do Método Mãe-Canguru com visita na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal,
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, V.7, n.4, p.2-5. out./dez. 2007.
FURLAN, C. E. F. B. et al. Percepção dos pais sobre a vivência no método mãe-canguru. Revista
Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.11, n. 4, p.3-10. Jul./Ago. 2003.
HENNIG, de A e S. et al., Conhecimentos e práticas dos profissionais de saúde sobre a ―atenção
humanizada ao recém-nascido de baixo peso – método canguru‖. Revista Brasileira de Saúde
Materno Infantil, Recife, Vol.6, no.4, p. 2-3. outubro 2006.
Klaus M. H., Kennell J.H., Klaus P.H. Vínculo.Construindo as bases para um apego seguro e para a
independência. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
LAMY, Z. C. et al., Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso – Método Canguru: a
proposta brasileira, Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, vol.10, n. 3, p.2-12. Jul./Set. 2005.
MARTÍNEZ, J .G. et al., Participação das mães/pais no cuidado ao filho prematuro em unidade
neonatal: significados atribuídos pela equipe de saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem,
Ribeirão Preto, vol.15, no.2,p.3. Mar./abr. 2007.
MARTINS, A. J. V .S., SANTOS, I. M. M. dos, Vivendo do outro lado do método canguru: a
experiência materna. Revista Eletrônica de Enfermagem, Rio de Janeiro, Vol.10, n.3, p.2-5. 2008.
MENDES, A. P. D. , GALDEANO L. E. Percepção dos Enfermeiros quanto aos fatores de risco para
vínculo Mãe-Bêbe prejudicado, Revista Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, V. 5, n. 03, p.3-6.
Set/Dez. 2006.
MILTERSTEINER, A. R. et al. Tempo de internação hospitalar de bebês pré-termos observados na
Posição Mãe-Canguru e na Posição Prona na incubadora.revista. Revista da AMRIGS, Rio de Janeiro,
Vol. 49, n. 1:1-68, p.2-4. Jan./Mar.2005.
59
BRANDÃO, Eleuza do Rosário de Mello; OLIVEIRA, Lourena Ferreira de e BRITO, Marli
Vilarins. A manutenção do vínculo entre mãe e filho na aplicação do método canguru. Estácio de
Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01,
Nº 03, 47-59. Jan. 2010/Jun. 2010.
MORSCH, D. S. e Cols. Quando a vida é prematura: a interface entre o desenvolvimento afetivo e
cognitivo em bebês pré-Termo. Tese de doutorado, Instituto Fernandes Figueira, Fiocruz, Rio de
Janeiro, 2004.
NEVES, F. A. M., et al., Assistência humanizada ao neonato prematuro e/ou de baixo peso:
implantação do Método Mãe Canguru em Hospital Universitário. Acta Paulista de Enfermagem, São
Paulo, vol. 19, no.3, p.3-5. Jul./Set. 2006.
NEVES, J. L. Pesquisa Qualitativa - Características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em
administração, São Paulo, v.1, n.3, 2.Sem./1996.
SCOCHI CGS et al. Cuidado Individualizado ao pequeno prematuro: o ambiente sensorial em unidade
de terapia intensiva neonatal. Revista Paulista de Enfermagem 2001 jan/dez.
SCOCHI. C.G.S. et. al., Incentivando o vínculo mãe-filho em situação de prematuridade: as
intervenções de enfermagem no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Revista Lat.Am.Enfermagem, Ribeirão Preto, vol. 11, n. 4, p.3. Jul./ago. 2003.
SCORTEGAGNA S. A., et .al., O processo interativo Mãe-Bebê pré-termo. Revista de Psicologia da
Vetor. Editora, Passo Fundo, V. 6, n.02, p.2-5. Jul./Dez. 2005.
SERRA, S. O. A., SCOCH I,C. G. S. Dificuldades maternos no processo de aleitamento materno de
prematuros em uma UTI neonatal. Revista Latino Americana de Enfermagem, vol. 112, n. 4, Ribeirão
Preto, jul./ago. 2004.
SEVERINO, A. J., Metodologia do Trabalho Científico.22 edição, São Paulo SP: editora.Cortez
Editora, Julho 2002.
TOMA, T. S. M. Método Mãe Canguru: o papel dos serviços de saúde e das redes familiares no
sucesso do programa. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, Vol. 19, suppl. 2, p.2-3. 2003.
VENÂNCIO, S. I.; Almeida de H. Método Mãe Canguru: Aplicação no Brasil, evidências científicas e
impacto sobre o aleitamento materno. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, Vol. 80, no. 5, p.2-5. Nov.
2004.
VENTURINI, D. A.; MARTINS, D. A . Cuidando e Conformando a dor dos neonatos: Relato de
experiência da enfermagem. Universidade Estadual de Maringá (UEM) 2004.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 3, 60-72. Jan. 2010/Jun. 2010.
O USO DOS MEDICAMENTOS ANABOLIZANTES E OS
IMPACTOS À SAÚDE: RE VISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Déborah De Oliveira F. Chaves
Dhaiane M. Neves
Edson Sidiao De S. Junior
Gleidson Mello
Tatiana B. Ribeiro
Resumo:
Abstract:
Esteróides são hormônios produzidos pelo córtex da
supra-renal ou pelas gônadas, por sua vez
responsáveis por diversas funções como controle
metabólico e características sexuais. Já os esteróides
anabolizantes
são
sintéticos
derivados
da
testosterona e sua estrutura química serve como base
para todos os anabolizantes. Estes Esteróides
Androgênicos Anabólicos (EAA) quando usados
indiscriminadamente podem causar vários efeitos
maléficos como problemas cardiovasculares,
imunológicos, reprodutivos, dentre outros levando
ate a morte súbita. Portanto o objetivo do presente
estudo foi realizar uma revisão sistemática para
enfatizar os danos à saúde, causados pelo uso
indiscriminado de anabolizantes. No Brasil, ainda
são escassos estudos específicos sobre o assunto. Os
resultados indicam a necessidade de mais pesquisas
voltadas ao abuso de EAA responsável por grandes
prejuízos à população atleta ou não, tornando um
problema de saúde publica.
Steroids are hormones produced by the cortex of the
adrenal gland or the gonads, in turn responsible for
various functions such as metabolic control and
sexual characteristics. Since anabolic steroids are
synthetic derivatives of testosterone and its chemical
structure serves as the basis for all anabolic steroids.
These Anabolic Androgenic Steroids (AAS) when
used indiscriminately can cause various harmful
effects such as cardiovascular, immune, reproductive,
and others leading up to sudden death. Therefore, the
purpose of this study was to conduct a systematic
review to emphasize the harm caused by the
indiscriminate use of steroids. In Brazil, there are few
specific studies on the subject. The results indicate the
need for more research focused on the abuse of AAS
responsible for great harm to the population athlete or
not, becoming a public health problem.
Palavras-chave:
Key-words:
Anabolizantes, toxicidade.
Anabolic, toxicity.
INTRODUÇÃO
Os esteróides são hormônios produzidos pelo córtex da supra-renal, ou pelas
gônadas, os quais são responsáveis por diversas funções no organismo, tais como controle

Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.

Coordenador do Curso de Farmácia da Faculdade Estácio de
([email protected].

Professor da Faculdade Estácio de Sá de Goiás- Co-orientador.

Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.

Sá
de
Goiás-
Orientador
61
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
metabólico e características sexuais (ROCHA et al, 2007). Os hormônios esteróides
apresentam um núcleo básico derivado da estrutura química do colesterol, portanto, são
hormônios de natureza lipídica (FORTUNATO, et al 2007).
Os esteróides são classificados em corticosteróides, andrógenos, estrógenos e
progestágenos (SANTOS et al, 2006). Andrógenos e estrógenos são esteróides sexuais.
Estrógenos e progesterona (hormônios femininos) produzidos principalmente no ovário e
encarregados de controlar funções reprodutivas, e desenvolver e manter as características
sexuais femininas. Andrógenos (hormônio masculino) são produzidos principalmente pelos
testículos e em menores proporções, pelas adrenais. O principal hormônio produzido no
testículo e a testosterona. Os andrógenos são responsáveis pelo desenvolvimento e
manutenção das características sexuais masculinas, além de efeitos metabólicos diverso
(anabolismo protéico e crescimento). A testosterona exerce efeitos designados como
andrógenos e anabólicos em uma extensa variedade de tecidos alvo andrógeno-dependentes,
incluindo o sistema reprodutor, o sistema nervoso central, a glândula pituitária anterior, o rim,
o fígado, os músculos e o coração entre outros (SILVA; MOREAL, 2003). A atividade
anabólica da testosterona e de seus derivdos é manifestada primariamente em sua ação
miotrófica, que resulta em aumento da massa muscular, por aumentar a síntese protéica no
músculo e por controlar os níveis de gordura corporal. A secreção de testosterona é regulada
por ―feedback‖ negativo. Quando há deficiência de testosterona, ocorre estímulo no
hipotálamo que, através da secreção de hormônio liberador de gonodotrofinas, estimula a
glândula pituitária a liberar LH e FSH aumentando a síntese de testosterona. O excesso de
testosterona suprime a secreção de ambas as gonadotrofinas, diminuindo a produção
endógena do hormônio e da espermatogênese (FORTUNATO, et al 2007).
O potencial valor terapêutico da atividade anabólica da testosterona em varias
condições catabólicas tem levado a síntese de muitos derivados objetivando prolongar a sua
atividade biológica, desenvolvendo produtos que são menos androgênicos e mais anabólicos,
chamados esteróides androgênicos anabólicos (EAA). (IRIART e ANDRADE, 2002).
Os esteróides anabolizantes, ou seja, sintéticos derivados da testosterona, o qual
quimicamente sua formula estrutural serve como base para todos os anabolizantes. Como o
hormônio testosterona tem aproximadamente a mesma ação androgênica e anabólica, os
esteróides anabolizantes são desenvolvidos por meio de variação dos grupos funcionais em
diversas regiões na cadeia do esteróide na tentativa de dissociar a ação androgênica da ação
anabólica (Estanozolol, Decanoato de Nandrolona, Propionato de Testosterona, Cipionato de
62
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Testosterona, Mesterolona, entre outros). Estas substâncias podem atuar diretamente em
receptores específicos, sendo que, uma vez na circulação, elas são transportadas pela corrente
sanguínea como mensageiros, na forma livre ou combinada às moléculas transportadoras, mas
somente na sua forma livre difundem-se diretamente através da membrana plasmática de
células-alvo ligando-se a receptores protéicos intracelulares. Este processo de entrada na
célula, por si só, gera maior produção de AMPc (Adenosina monofosfato cíclico),
aumentando o metabolismo celular. Dentro da célula (citoplasma), a molécula de esteróide
ligada ao receptor androgênico específico migra para o núcleo celular, onde inicia o processo
de transcrição gênica e, conseqüentemente, de transdução protéica, a qual modula as ações
celulares dependentes de andrógeno (SANTOS et al, 2006).
Possuem alguns usos terapêuticos (deficiência no crescimento, desordens
sanguíneas, osteoporoses, síndrome de Turner, Câncer de mama, entre outras), mas
apresentam muitos efeitos tóxicos: alguns reversíveis, como diminuiçäo na produçäo de
espermatozóides e impotência; outros irreversíveis, como ginecomastia e calvície. Essas
substâncias säo utilizadas por jovens e atletas, em dosagens muito elevadas, na busca de uma
melhora no desempenho e aparência física. Laboratorialmente, é possível observar alteraçöes
bioquímicas e hematológicas, entre elas diminuiçäo do HDL colesterol, aumento de enzimas
hepáticas, glicose e hematócrito, causadas pelo uso destas substâncias.
O primeiro relato da utilização de EAA com objetivos não terapêuticos, como
auxílio na estética corporal, ocorreu em 1954, na Austrália. Desde então, seu consumo vem
aumentando sendo considerado um problema de saúde publica. (IRIART e ANDRADE,
2002).
Uma das facetas que tem caracterizado a sociedade de consumo contemporânea é
a crescente importância atribuída à aparência corporal. Nas últimas décadas, o corpo tornouse alvo de uma atenção redobrada com a proliferação de técnicas de cuidado e gerenciamento
dos corpos, tais como dietas, musculação e cirurgias estéticas, assim como o consumo das
chamadas "drogas da imagem corporal", entre as quais se incluem os esteróides anabólicos
androgênicos ou anabolizantes. Embora seja possível destacar vários benefícios de uso de
anabolizantes como: aumento da massa muscular, da força física, deposição de cálcio nos
ossos, diminuição de gordura no corpo, inibição dos efeitos catabólicos na massa muscular
esquelética, os efeitos maléficos são numerosos e variam desde comportamentais ate
alterações no fenótipo.
63
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Os efeitos adversos mais comuns relacionados ao uso dos EAA são alterações
hepáticas (hepatite, hiperplasia e adenoma hepatocelular), endócrina, músculo esqueléticas,
cardiovasculares (hipertrofia ventricular, arritmia, infarto do miocárdio) imunológicas,
reprodutivas (atrofia testicular infertilidade), psicológicas, trombose, ginecomastia acnes e
morte súbita, efeitos virilizantes e feminilizantes, mediados pelos metabolitos estrogênicos; e
efeitos tóxicos (ROCHA et al, 2007). Dentre os efeitos virilizantes, salientam-se o aumento
da libido aumento do pênis, tom de voz mais grave, distribuição masculina dos pelos
pubianos, aumento de secreção das glândulas sebáceas e aumento dos pelos faciais. Nas
mulheres, destaca-se irreversibilidade do aumento do clitóris e alteração da voz. A
administração do hormônio exógeno, a partir de 15 a 150mg/dia, já causa significativa
diminuição da testosterona plasmática, intensificando os efeitos feminilizantes, como atrofia
testicular e azoospermia por inibição da secreção de gonodotrofina e pela conversão de
andrógenos em estrógenos (SILVA e MOREAL, 2003).
A aparência de um corpo saudável com os anabolizantes é apenas superficial, uma
vez que diversas pesquisas já destacaram os efeitos adversos causados pelo uso inadequado
dos esteróides anabolizantes (Quadro 1). Entre os problemas de saúde já estudados, observouse que no sistema cardiovascular pode ocorrer a elevação da pressão arterial, redução do
HDL, trombose e arritmia. No fígado, constatou-se hepatotoxidade e câncer. Entre os
problemas dermatológicos detectados estão as acnes e as estrias. Os anabolizantes podem
alterar o sistema reprodutor, causando, por exemplo, hipertrofia da próstata, ginecomastia e
impotência sexual nos homens e, nas mulheres, excesso de pêlos, engrossamento da voz,
hipertrofia do clitóris e irregularidades no ciclo menstrual. Em nível psicológico são relatados
mudanças de humor, comportamento agressivo, depressão, hostilidade, surtos psicóticos e
adições, ocorrendo, por vezes, um quadro semelhante à síndrome de abstinência. Na literatura
existem relatos de casos de morte súbita resultante da utilização de anabolizantes que possam
ter sido decorrentes do uso contínuo ou doses abusivas dessa droga. Os anabolizantes
aparecem como indicadores do aumento do risco para morte prematura em diversos tipos de
pacientes (drogaditos, transtornos psiquiátricos, dor torácica e com convulsões por motivo
inespecífico), quando comparados aos que não fazem uso destas substâncias (SANTOS et al.,
2006).
64
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Quadro 1-Efeitos colaterais dos Anabolizantes:
Efeitos colaterais leves






Efeitos colaterais graves
Virilizantes, femininizantes e tóxicos
Distúrbios do crescimento e
desenvolvimento ósseo
Diminuição do HDL e aumento do
LDL, favorecendo atenogênese
Em homens causa azoospermia,
diminuição dos testículos, impotência;
ginecomastia; estreitamento de uretra
Em mulheres causa excessiva
pilosidade corporal, calvície de
padrão masculino, hipertofia do
clitóris, irregularidade ou ausência do
ciclo menstrual, voz rouca e acne






Cardiovascular: cardiopatia, infarto
agudo do miocárdio,
acidente vascular cerebral, embolia
pulmonar
Fígado: icterícia, adenoma e
carcinoma
Próstata: complicações na próstata e
carcinoma
Psicológico: aumento da
agressividade; psicose; disforia;
depressão
METODOLOGIA
Objetiva-se com esta revisão sistemática da literatura identificar possíveis
problemas relacionados aos medicamentos (PRMs) do grupo dos anabolizantes. Definimos
como anabolizantes aqueles compostos sintéticos semelhantes à testosterona e que apresentam
efeitos anabolizantes e androgênicos.
A Revisão Sistemática da Literatura foi constituída pelas seguintes fases:
FASE 1 – Elaboração do Teste de Relevância e Seleção da Base de Dados
Os testes de relevância foram definidos (fig.1 e fig.2) e abordam questões a
respeito da clareza e coerência com o objetivo do estudo, uso de anabolizantes
correlacionados a PRMs: seleção inadequada; dosagem subterapêutica; sobre-dosagem;
reações adversas a medicamentos (RAM); interação medicamentosa; medicamento sem
indicação. Definiu-se como Base de Dados a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): MEDLINE
(Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e LILACS (Literatura Latino-americana e do
Caribe em Ciências da Saúde). Estas bases foram escolhidas pelo fato de serem comumente
consultadas como fontes de literatura qualificada dentro das Ciências da Saúde.
65
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
TESTE DE RELEVÂNCIA 1
Identificação do estudo:
Critérios de Inclusão
Sim
Não
1. O estudo envolve o uso de medicamentos
anabolizantes em humanos?
2. O estudo relata problemas relacionados ao
uso de medicamentos do grupo dos
anabolizantes?
3. O estudo correlaciona a toxicidade com o
uso de anabolizantes?
Critérios de Exclusão
1. É editorial ou revisão?
2. A linguagem do artigo não é dominada pelo
pesquisador?
3. Fora do período estudado (1999-2009)?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador: ____________________________________________________
Fig 1- Teste de relevância I
TESTE DE RELEVÂNCIA 2
Identificação do estudo
Critérios de Inclusão
Sim
Não
1. O estudo descreve ou cita problemas
relacionados
ao
uso
dos
anabolizantes?
2. O estudo correlaciona o uso dos
anabolizantes e o efeitos colaterais?
Critérios de Exclusão
1. O estudo se trata ensaios clínicos?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador: ____________________________________________________
66
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Fig 2- Teste de relevância II
FASE 2 – Definição dos Descritores
A busca na base de dados na BVS foi realizada no dia 08 de setembro de 2009,
consultando o Dicionário de Descritores da BVS foram levantados pelos pesquisadores um
conjunto de descritores coerentes com o objetivo da revisão: anabolizantes, andrógenos,
androgênios, agentes anabolizantes, esteróides, reações adversas, efeitos adversos, toxicidade.
Dentre os mesmos foram selecionados o termo anabolizantes e toxicidade, como os mais
coerentes com o objetivo do estudo e pelo levantamento no DeCS.
A língua inglesa foi a selecionada para os descritores. Os pesquisadores avaliando
a abrangência dos descritores decidiram realizar a pesquisa com: ANABOLIZANTES e
TOXICIDADE. Tais descritores foram cruzados e optamos por selecionar os trabalhos
publicados entre os anos de 1999 e 2009.
FASE 3- Seleção e análise dos resumos para o levantamento de artigos
A literatura apresentou trabalhos em diversos idiomas. Entretanto para um melhor
desempenho, só foram incluídos trabalhos escritos em línguas dominadas pelos pesquisadores
(inglês, espanhol, francês, português). Foram excluídos automaticamente trabalhos repetidos.
Os artigos foram selecionados por meio da aplicação do teste de relevância I. Este
teste foi realizado por dois pesquisadores de forma independente, sendo observado o índice de
confiabilidade (IC) entre os pesquisadores. Este índice foi calculado dividindo-se o número de
artigos aceitos pelos dois pesquisadores de forma unânime, por este mesmo número somado
ao número de artigos aceitos em desacordo pelos dois pesquisadores. Este valor deve ser
multiplicado por 100 e expresso em porcentagem. Considerou-se aceitável IC maior ou igual
a 80%.
FASE 4- Seleção de artigos para inclusão na análise
Em cada artigo selecionado após a aplicação do teste de relevância I foi aplicado o
teste de relevância II, após a leitura completa do artigo.
67
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Os pesquisadores fizeram a análise de forma independente. Foram identificados
os trabalhos onde havia desacordo quanto à inclusão ou exclusão do mesmo. Após discussão e
análise crítica dos fatores que levavam a discordância, se a mesma permanecesse, um terceiro
pesquisador consultava de forma independente o trabalho (consultor ad hoc).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A quantidade total de artigos encontrados em nossa busca, realizada no dia 25 de
outubro de 2008 foi igual a 6128, nas bases consultadas e para os descritores e seus
cruzamentos (tabela 1). Observa-se também uma predominância de artigos na base LILACS.
Apesar disso a relevância da base na contribuição cientifica não pode ser avaliada pela
quantidade de literatura indexada.
Tabela 1- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) de acordo com a Base De
Dados E Descritores* (25/10/2008)
Base de
A*
B*
A+B*
TOTAL
SCIELO
50
972
997
2019
LILACS
196
1926
1987
4109
TOTAL
246
2898
Dados
2984
6128
*descritores: a-ANABOLIZANTES , b-TOXICIDADE ,
Na aplicação do teste de relevância I, observamos o índice de confiabilidade variou
variando entre 90% e 100%. Após este primeiro estudos incluídos pelos diferentes
pesquisadores foram organizados em ordem alfabética, visando excluir possíveis resumos
repetidos, resultando assim em um total de 9 artigos incluídos (tabela 2).
68
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Tabela 2- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois
pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos (com total de artigos inclusos pelos diferentes
pesquisadores em concordância).
A*
Base de
B*
A+B*
Total em
concordância
Dados
P1
P2
P1
P2
P1
P2
SCIELO
03
02
00
00
00
00
2
LILACS
06
07
00
00
00
7
Total em
concordância
8
01
1
0
09
*descritores: a-ANABOLIZANTES, b-TOXICIDADE.
Estes artigos estão listados na (Tabela 3). Foram então excluídos 6117 artigos. A
problemática do desacordo entre os pesquisadores foi facilmente resolvida pelo dialógo, já
que as dificuldades se deviam a tradução, ou de uma leitura mais atenciosa ou sobre
informações mais detalhadas a despeito da técnica de diagnóstico ou população avaliada.
Percebemos a repetição de artigos, em diferentes bases de dados, ou com diferente ordem de
autores.
Tabela 3- Artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após
aplicação do Teste de relevância I nos resumos
Referências
Iriart JAB, Andrade TM.
Musculação uso de esteróides
anabolizantes e percepção de
risco entre jovens fisiculturista de
um bairro popular de Salvador.
Análise Crítica
O artigo aponta o aumento do consumo de esteróides
anabolizantes entre jovens fisiculturistas e atletas e os danos à
saúde causados pelo seu uso indiscriminado, percepção de risco
à saúde descrevendo as principais substâncias utilizadas e os
padrões de uso, e apontam a falta de informação dos jovens
69
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Bahia, Brasil. Caderno de Saúde
Pública. 2002; 18(3): 1379-1387.
entrevistados sobre a extensão dos danos à saúde decorrentes do
consumo de anabolizantes, mostrando que o desejo de
desenvolver massa muscular e alcançar o corpo ideal se
sobrepõe ao risco de efeitos colaterais.
Silva LSMF, Moreau RLM. Uso
de
esteróides
anabólicos
androgênios por praticantes de
musculação
de
grandes
academias da cidade de São
Paulo. Revista Brasileira de
Ciência Farmacêutica. 2003.
O objetivo desta pesquisa foi estimar o consumo e traçar o perfil
dos usuários de esteróides anabólicos androgênicos entre
praticantes de musculação mostrando a necessidade de
investigações mais abrangentes e aprofundadas, bem como a
adoção de ações preventivas e educativas junto à população
exposta aos EAA.
Santos AF, Mendonça PMH, Santos
LA, Silva NF, Tavares JKL.
Anabolizantes: conceito segundo
praticantes de musculação em
Aracaju (SE). Psicologia em Estado,
Maringá. 2006; 11(2): 371-380.
Esse artigo apresenta a prevalência da utilização destas
substâncias na amostra selecionada. Como resultados, detectouse que a concepção prevalente quanto aos anabolizantes e aos
seus malefícios corresponde ao que é divulgado quanto à sua
utilização sem a prescrição médica: o perigo do abuso. Já
quanto aos benefícios observados, constatou-se que há a
percepção de que estas substâncias podem gerar resultados
imediatos. Percebeu-se um consumo elevado na população
pesquisada, que geralmente adquire as drogas nas farmácias e
utiliza doses acima do recomendado.
Fortunato
RS,
Rosenthal
D,
Carvalho DP. Abuso de Esteróides
Anabolizantes e seu Impacto sobre a
função Tireóidea. Arq. Bras.
Endocrinol Matabolica. 2007; 51-9
O artigo mostra que a utilização de esteróides anabolizantes por
indivíduos que desejam aumentar sua performance física, ou
simplesmente para fins estéticos, tem atingido índices
alarmantes nas últimas três décadas. Além dos efeitos
desejados, uma infinidade de efeitos colaterais já foi bem
descrita na literatura, como vários tipos de câncer, ginecomastia,
peliosis hepatis, insuficiência renal, virilização, dentre outros.
Visa também rever os dados publicados acerca dos efeitos de
doses suprafisiológicas de esteróides anabolizantes sobre a
função tireóidea, reforçando o perigo que a utilização
indiscriminada dessas drogas pode causar à saúde.
Ribeiro PCP. O uso indevido de
substâncias:
esteróides
anabolizantes
e
energéticos.
Adolescencia
Latinoamericana.
2001; 2(2): 97-101.
O artigo faz considerações sobre o abuso de esteróides
anabolizantes mostrando as razões que levam os jovens e
adultos a esse uso indiscriminado. Define as substâncias,
descreve os mecanismos de ação, os efeitos colaterais das mais
comuns, desmistifica seus efeitos benéficos e acentua os
malefícios. Faz referências às demais substâncias consideradas
suplementos, verdadeiros benefícios e efeitos indesejáveis.
70
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
Após a aplicação do teste de relevância II os 9 artigos incluídos na primeira
avaliação foram todos excluídos, o que não permitiu a realização de uma metanálise.
Tabela 4- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois
pesquisadores após aplicação do Teste de relevância II no artigo completo (com total de artigos inclusos pelos
diferentes pesquisadores em concordância).
A*
Base de
B*
A+B*
Total em
concordância
Dados
P1
P2
P1
P2
P1
P2
SCIELO
0
0
0
0
0
0
0
LILACS
0
0
0
0
0
0
0
Total em
concordância
0
0
0
0
*descritores: a-ANABOLIZANTES , b-TOXICIDADE ,
CONCLUSÃO
A escassez de publicações que evidenciam o uso de anabolizantes e como
conseqüência seus efeitos colaterais é clara e demonstrada nos resultados desta revisão
sistemática da literatura. Ao pesquisarmos na BVS, abrangendo LILACS e SCIELO, foram
encontrados 6.128 artigos que, ao passarem pelo teste de relevância reduziram-se a 7 em
seguida passando pelo teste de exclusão não sendo utilizados para a revisão sistemática.
Todos os artigos encontrados discutem em meio o assunto, os efeitos colaterais do
anabolizante, mas não em especificidade. Complicações, tais como a aterosclerose e o infarto
agudo do miocárdio (IAM) em usuários de esteróides anabolizantes podem ocorrer devido a
alterações no metabolismo de lipoproteínas e presença de disfunção endotelial. A participação
71
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
do endotélio na produção de substâncias vasodilatadoras pode estar comprometida. O uso de
esteróides anabólicos androgênicos também está normalmente relacionado com as influências
sobre a resposta hipertrófica do ventrículo esquerdo. Avaliando atletas de elite levantadores
de peso, verificaram que os usuários de esteróides anabolizantes apresentavam maior aumento
na espessura da parede ventricular esquerda do que os atletas não-usuário. Além disso, um
estudo bem delineado, realizado em atletas de força, demonstrou com exame de
ecocardiografia que o remodelamento cardíaco que ocorre como efeito do uso de esteróides
anabolizantes não é reversível (ROCHA et al, 2007).
Os efeitos adversos físicos e psicológicos dos EAA permanecem incompletamente
documentados, havendo mais comumente envolvimento hepático, endócrino, músculoesquelético, cardiovascular, imunológico, reprodutivo e psicológico, que podem ser divididos
em três tipos: efeitos virilizantes; efeitos feminilizantes, mediados pelos metabólitos
estrogênicos do esteróide; e efeitos tóxicos, geralmente mediados por mecanismos incertos.
Dentre os efeitos virilizantes, salientam-se o aumento da libido, aumento do pênis, tom de voz
mais grave, distribuição masculina dos pêlos pubianos, aumenta de secreção das glândulas
sebáceas e aumento dos pêlos faciais. A acne, comum em usuários, está relacionada ao
aumento das glândulas sebáceas e a maior secreção por estas. Dentre os efeitos virilizantes em
mulheres, salienta-se a irreversibilidade do aumento do clitóris e da alteração da voz para um
tom mais grave. (BARROS et al, 1999).
Os efeitos mais observados relatados pelo total de usuários do sexo masculino foram:
aumento da libido, alteração do humor, agressividade e o aparecimento de acne e
ginecomastia. No caso do sexo feminino, não houve quantificação confiável em virtude do
número muito pequeno. Todavia, todas relataram pelo menos alguns dos seguintes efeitos:
atrofia das mamas, aumento do clitóris, aumento da quantidade de pêlos, engrossamento da
voz ou rouquidão, irregularidades no ciclo menstrual, aumento da libido e aparecimento de
acne (SILVA e MOREAU, 2003)
A necessidade de se obter informações seguras sobre a toxicidade dos anabolizantes
cresce a cada ano, pois o uso indiscriminado da droga aumenta intensamente tornando-se um
problema de saúde pública.
72
CHAVES, Déborah De Oliveira F.; NEVES, Dhaiane M.; SOUZA JUNIOR, Edson Sidiao De;
MELLO, Gleidson e RIBEIRO, Tatiana B. O uso d o s m ed ica me nto s a n ab o l iza n t es e o s
i mp ac to s à s a úd e: r e v is ão s i st e mát ic a d a l iter a tu ra . Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 60-72. Jan.
2010/Jun. 2010.
REFERÊNCIAS
AQUINO Neto F.R. O papel do atleta na sociedade e o controle de dopagem no esporte. Revista
Brasileira Med Esporte. 2001;7(4).
FORTUNATO R.S., ROSENTHAL D.; Carvalho D.P. Abuso de Esteróides Anabolizantes e seu
Impacto sobre a função Tireóidea. Arquivo Brasileiro Endocrinol Matabolica. 2007; 51-9.
IRIART J.A.B.; ANDRADE T.M. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco
entre jovens fisiculturista de um bairro popular de Salvador. Bahia, Brasil. Caderno de Saúde Pública.
2002; 18(3): 1379-1387.
SANTOS A.F.; MENDONÇA P.M.H.; Santos L.A.; Silva N.F.; Tavares J.K.L. Anabolizantes:
conceito segundo praticantes de musculação em Aracaju (SE). Psicologia em Estado, Maringá. 2006;
11(2): 371-380.
SILVA L.S.M.F.; MOREAU R.L.M. Uso de esteróides anabólicos androgênios por praticantes de
musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência
Farmacêutica. 2003.
LISE M.L.Z. Game; SILVA T.S., FERIGOLO M; BARROS H.M.T. O abuso de esteróides anabólico
androgênicos em atletismo. Revista da Associação Medica Brasil 1999; 45(4): 364-370.
ROCHA F.L., ROQUE F.R.; OLIVEIRA E.M. Esteróides anabolizantes: mecanismos de ação e
efeitos sobre o sistema cardiovascular. O Mundo da Saúde São Paulo. 2007; 31(4): 470-477.
RIBEIRO P.C.P. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos. Adolescencia
Latinoamericana. 2001; 2(2): 97-101.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan. 2010/Jun. 2010.
INCIDÊNCIA DE HIV/AIDS EM IDOSOS DO SEXO MASCULINO E FEMININO,
RESIDENTES NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2004 A 2008
Maria Cilene Barbosa Maranhão Rose
Ednamar Alves Franca
Elizete Vargas de Almeida Ferreira
Suzana Aparecida da Paixão
Resumo:
Abstract:
Desde o seu surgimento na década de 80 a AIDS,
vem sendo como uma sombra para todos os
seguimentos
populacionais,
seguindo
de
questionamentos e de grande impacto de mudanças
comportamentais para a sociedade, causados pelo
medo de uma doença que nessa época ainda era tida
como uma maldição dos homossexuais, isso por
serem os primeiros à manifestarem a patologia.
Segundo dados do Ministério da Saúde (2007), entre
os anos de 1996 e 2006, houve um aumento da taxa
de incidência de AIDS entre indivíduos com mais de
60 anos de idade, nos homens, a taxa de incidência
passou de 5,8 para 9,4, e nas mulheres, cresceu de
1,7 para 5,1 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2006).
A epidemia da infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS) em idoso
representa dentro dos estudos realizados, um
fenômeno global, dinâmico e instável. Este estudo
consiste em uma revisão bibliográfica, com o
objetivo de descrever a incidência de AIDS nos
idosos e seus respectivos fatores de risco e
prevenção, no período de 2004 a 2008. Os resultados
encontrados demonstraram informações insuficientes
dos profissionais de saúde relacionada à AIDS em
idosos; Taxa de incidência com predomínio
heterossexual; ser velho e ter AIDS e ser duplamente
discriminado; prevalece o preconceito; práticas
sexuais desprotegidas e falsa crença de que estes não
se encontram em risco de contrair o HIV. Conclui-se
ser relevante a realização de campanhas de política
de saúde e nas unidades básicas de saúde dentre
outras, bem como a capacitação dos profissionais de
saúde, a fim de que aprimorem seu conhecimento
sobre o tema, possibilitando a orientação a um maior
número de idosos sobre o assunto, diminuindo assim
a crescente disseminação desta doença, favorecendo
promoção, prevenção e reabilitação nesta faixa
etária.
AIDS appears in the 80's as a shadow for all segments
of the population. Hardest hit in the beginning of the
epidemic showed a significant decline over time.
Currently, however, are notable changes in incidences
of AIDS by age group, showing stabilization with
some declines in all tracks except the age group 50 to
70an. The epidemic of infection with human
immunodeficiency virus (HIV) and acquired
immunodeficiency syndrome (AIDS) is a global
phenomenon, dynamic and unstable; the form
occurring in different regions of the world depends,
among other factors, human behavior and individual
collective. This study consists of a literature review,
in order to describe the incidence of AIDS in the
elderly. The results showed that HIV infection is
often diagnosed in the elderly only after an extensive
investigation and exclusion of other diseases,
delaying diagnosis and treatment. One of the
challenges for the prevention of HIV / AIDS among
the elderly is the mistaken belief that they are not at
risk of contracting HIV. The lack of awareness of
health professionals is also a barrier to educating
seniors about the risks of disease. For the year 2050,
life expectancy in Brazil and around the world, is that
there will be older than children under 15 years, this
phenomenon never observed. It would be important to
carry out activities such as training of health
professionals, including the clinic, which would
enable a greater number of older people, should be
focused on the subject, thereby reducing the
increasing spread of the disease, favoring a
promotion, prevention in this age grow.

Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de SÁ. E-mail: [email protected]. Fone: (62)
39420793;

Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá.

Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá.

Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá.
74
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
Palavras-chave:
Idoso, Síndrome da Imunodeficiência Humana e
Incidência
Key-words:
Elderly, Human Immunodeficiency Syndrome and
Incidence
INTRODUÇÃO
Segundo Stephenson (1998) o caso mais antigo confirmado de infecção por HIV
foi encontrado no sangue coletado de um homem africano em 1959 (BRUNNER &
SURDDARTH, 2005). A AIDS surge no Brasil na década de 80 como uma sombra para todos
os seguimentos populacionais (BRASILEIRO 2005). As principais formas de transmissão
eram a sexual, entre homens que fazem sexo com homens, transfusão de sangue e o uso de
drogas injetáveis; no início dos anos 90, predominava o heterossexual com aumento de
incidência no sexo feminino (ministério da saúde, 2002 campanha). A epidemia da infecção
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da AIDS representa um fenômeno global,
dinâmico e instável, cuja forma de ocorrência nas diferentes regiões do mundo depende, entre
outros determinantes, do comportamento humano individual e coletivo (BRITO;
CASTILHOS; SZWARCWALD, 2001).
Durante a década de 80 no século XX ocorreu à pandemia da AIDS, (M.S, 2007).
Sua disseminação entre 1980 até 2000 foi de 190.949 casos registrados na coordenação
nacional de DST e AIDS (M.S, 2000); conseqüentemente o índice está cada vez mais elevado
apresentando de 2000 a 2007, 283.324 casos notificados de AIDS no Brasil (BRASIL, 2006).
Desde o início da epidemia, o grupo etário, mas atingido, em ambos os sexos, tem
sido de 20 a 39 anos com 70% de casos de AIDS notificados até 03/06/2000 (MS, 2000). O
número de casos de aids, em pessoas idosas, notificados ao Ministério da Saúde, na década de
80, eram apenas 240 em homens e 47 em mulheres. Na década de 90, verifica-se um total de
2.681 homens e 945 mulheres. Do primeiro caso, nessa população até junho de 2005, o total
de casos passou para 4.446 em homens e 2.489em mulheres. (BRASIL, 2006).
Atualmente são notórias as mudanças na incidência da AIDS por faixa etária, o
que demonstra uma estabilização com alguns declínios em todas as faixas com exceção da
faixa etária de 50 a 70 anos (FEITOSA, 2004, apud CHAIMOWICZ, 1998). Entre os anos de
1996 e 2006, houve um aumento da taxa de incidência de AIDS entre indivíduos com mais de
60 anos de idade, nos homens, a taxa de incidência passou de 5,8 para 9,4, e nas mulheres,
cresceu de 1,7 para 5,1 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2006). No Brasil, a incidência da
75
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
AIDS na faixa etária de 60 a 69 anos em 1990 subiu de 6, 84 casos/100.000 habitantes para
18, 74 casos em 1998 (SOUSA, apud MATSUSHITA, 2001).
Dados exposto na literatura, estimam para o ano de 2020 que a população idosa
no mundo poderá exceder a 30 milhões de pessoas, representando 13% da população (IBGE,
2006) e conseqüentemente no ano de 2025 as pessoas idosas representarão um quinto da
população mundial (Brasil, 2002); a expectativa de vida no Brasil, no ano de 2050 e que
existam cerca de dois bilhões de pessoas com 60 anos ou mais em todo mundo, é de que
existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenômeno esse nunca observado.
Juntamente com esta mudança, ocorrem alterações na incidência e prevalência das doenças
(M.S, 2006). Comparativamente o Brasil poderá situar-se entre as seis maiores população de
idosos no mundo (SOUSA, 2008 apud CHAIMOWICZ, 1998).
O fenômeno de crescimento da AIDS entre os idosos não ocorre só no Brasil, mas
de acordo com um relato do Centers for Disease Control and Prevetion, entre 1981 a 1989,
3% dos pacientes com AIDS nos Estados Unidos tinham 60 anos de idade ou mais
(BRUNNER e SURDDARTH, 2005). Desde 1970 a população de idoso cresce em termos
proporcionais, mais do que qualquer outra faixa etária no Brasil. (LIMA, 2009 apud BRASIL,
2002; ARAÚJO, et al 2003). Entre 1950 á 2025 a população idosa crescerá 16 vezes,
enquanto que a população total crescerá cinco vezes, com isto é provável em que 2025 o
Brasil seja a 6ª maior população de idoso no mundo com aproximadamente 32 milhões de
pessoas (LIMA, 2009 apud BRASIL, 2002).
A Política Nacional do Idoso foi instituída através da Lei n.º 8.842, de 04/01/94 e
regulamentada através do Decreto n.º 1.948, de 03/07/96, com o objetivo de garantir ao idoso
a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde, além de
prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas
profiláticas (BRASIL, 1996). No Estatuto do Idoso a Lei 10.741, de 1º de Outubro de 2003
consideram como idosos todos os que compõem a população de 60 anos ou mais (Brasil. MS,
2006).
Enganoso pensar, porém, que as pessoas idosas não fazem sexo e não usam
drogas, a despeito de poucas campanhas de prevenção dirigidas a essa população. Este grupo
etário está menos informado sobre HIV e pouco consciente de como se protegerem.
(ARAUJO, et al,2007 apud SSE CEARÁ, 2005) .O vírus da Imunodeficiência humana (HIV)
responsável pela Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença complexa,
infecciosa causada pela destruição dos linfócitos T CD4+ responsável pela a defesa do
76
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
organismo (M.S, 2006); quando a pessoa com HIV estiver apresentando algum sintoma, seu
sistema imunológico já está debilitado, com contagens de TCD4+ abaixo de 500 células/uL
(LAZZAROTO, 2008 apud ABBAS, 2005). Entrevista feita entre 2001 a junho de 2008 no
interior de São Paulo em 191 prontuários de diagnóstico com HIV/AIDS com idade média de
60,6 anos, 45,5% sexo feminino e 54,5 do sexo masculino e 83,8% apresentavam escolaridade
de primeiro grau e 49,2% tinha o TCD$+ menor que 200cel/mm3, com taxa de mortalidade
46,6%.( ULTRAMARI, et al, 2008).
Velhice sem sexualidade é um mito (ARAÚJO, et al, 2007). Com o avanço das
grandes inovações científicas, tecnológica e a chegada da modernidade, houve melhorias nas
condições de vida da população, aumentando assim a longevidade do idoso, porém, os
costumes foram mudados, com relacionamentos pouco duradouros. Com estas mudanças de
valores, de atitudes e de comportamentos, fica ainda mais evidente ao constatar que as taxas
de infecções por (DST) doenças sexualmente transmissíveis inclusive HIV/AIDS estão
aumentando rapidamente entre pessoas com mais de 50 anos (ZORNITTA, 2008), implicando
assim na necessidade do desenvolvimento de política pública de ações especificas sobre
idoso, para promoção de seu bem estar físico, social, econômico e psicológico (ARAÚJO, et
al, 2003 apud Nascimento et al, 1998).
O avanço das tecnologias de diagnóstico e assistência em HIV/AIDS, associada à
política brasileira de acesso universal à terapia anti-retroviral e a implementação de uma rede
de serviços qualificada para o acompanhamento, promove o aumento da sobrevida e da
qualidade de vida das pessoas que vivem com o HIV ou com a AIDS (BRASIL, 2006). Em
2004, pesquisa de abrangência nacional estimou que no Brasil, vivem o HIV/AIDS, 208 mil
são mulheres (0,42%) e 385 mil são homens (o,80%) (Saúde, M.S, olhar o ano).
A
incidência de AIDS no idoso tem passado despercebida pelas políticas de saúde e de
desigualdade, sendo excluídas da política de proteção e de prevenção ás doenças sexualmente
transmissíveis DST e AIDS (ARAÚJO, 2007). A transmissibilidade é através de transfusão de
sangue, sexo oral, vaginal, anal, seringas compartilhadas, liquido seminal e amniótico, leite
materno e outras (BRUNNER & SURDDARTH, 2005).
Trazendo dois fatores emergentes: o incremento da notificação de transmissão do
HIV após os 60 anos de idade e o envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV (BRASIL,
2006). O impacto da AIDS nesse grupo etário não representa apenas o diagnóstico da doença,
mas o fato de se tratar certos hábitos, até então não revelados, como a sexualidade, escondida
77
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
na pele enrugada e nos cabelos brancos onde há libido é traduzida pelo preconceito
(GORINCHTEYN, 2005).
Mais de vinte anos após o início das notificações de casos de AIDS, emerge um
novo perfil da epidemia - uma ―nova geração‖ de idosos com AIDS, expondo uma
sexualidade, até então, negada/ignorada e, a vulnerabilidade desse segmento populacional ás
DST e AIDS (ZORNITTA, 2008). As manifestações dessa infecção incluem cefaléia, tosse,
diarréia, gânglios inflamados, imunidade reduzida, diminuição do apetite e do peso, apatia,
fadiga e cansaço (LEITEA, 2007). O médico não acredita que o idoso possa está infectado
com HIV e, por isso, não pede o exame imediatamente diante dos primeiros sintomas
(LAZZAROTTO, 2008).
Segundo um estudo realizado no Rio Grande do Sul, no vale dos sinos entre
novembro e dezembro de 2008, com amostragem de 510 integrantes acima de 60 anos, em
questão relativa a transmissão pelo HIV, 41,4%, acreditavam que a picada de mosquito
poderia transmitir AIDS, 80% referiram não usar preservativo durante as relações sexuais
(LAZZAROTTO, 2008).
A longevidade é sem dúvida um triunfo, pois idoso é, todo
indivíduo com sessenta anos em países desenvolvidos e 65 em países subdesenvolvidos
(BRASIL, 2006).
Frente aos avanços da tecnologia e da atenção á saúde, as pessoas da terceira
idade vivem uma nova realidade nunca antes experimentada em outras épocas,
desinformação, preconceitos, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que
provavelmente contribui para o aumento dos casos de HIV/AIDS, principalmente indivíduos
de baixa escolaridade. (BRASILEIRO, 2006). Estudo realizado sobre prevenção, no rio
Grande do Sul mostra que, mesmo sabendo que o preservativo evita a transmissão do HIV, as
mulheres não utilizava durante as relações sexuais, como já estão na menopausa, sem risco de
engravidar, acreditam que não necessita de proteção, sem insistência do parceiro no uso de
preservativo. (LAZZAROTTO, 2008 apud, IBGE, 2006).
O enfoque da promoção da saúde o possibilita princípios relativos á saúde do
idoso, entre os quais: velhice não é uma doença, mas sim uma etapa evolutiva da vida; a
maioria das pessoas de 60 anos ou mais apresentam boas condições de saúde, mas ao
envelhecer perde a capacidade de se recuperar das doenças rapidamente e de forma completa
(MONTENEGRO, 2007). A não inclusão do idoso em campanhas de prevenção, fez com que
se sentissem a margem dos riscos de serem contaminados pelo o HIV e assim expondo
desprotegidos em suas relações sexuais (GORINCHTEYN, 2005)
78
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
Segundo OLIVEIRA, (1999) ―não está preocupado com longevidade hoje
experimentada por muitos, mas com a boa qualidade de vida, sonhada por todos, que é
privilégio de alguns‖ (BRASILEIRO 2005).
Munk e Jenison (2004) relatam que os idosos se contaminam da mesma maneira
que os jovens, entretanto, os idosos podem não estar conscientes de estarem em risco de
infecção pelo HIV ou não sabem como se proteger (ZORNITTA, 2008). Fator preocupante
que, na maioria das vezes, só se descobre a soro positividade de um idoso quando este já se
encontra em estágios avançados da AIDS, dificultando assim o tratamento com antiretrovirais e diminuindo assim a sobrevida dessas pessoas (Feitosa, 2004).
Estudo feito no interior de São Paulo ilustra fala de paciente:
“ninguem discofia que velho tem aids, tava com sintomas de diarréia...o médico não achava nada. Fui
num, fui noutro, o remédio parecia errado...disseram que era herpes e que precisava de otorrino, ai
fui no otorrino e indicou outro que pediu exame desse trem qui oceis fala. Fiquei onze dias internada,
não vi o exame, também nem podia imaginar que tinha”. (VITALLE)
A AIDS ainda não tem cura, porém a profilaxia pós-exposição não deve ser
considerada um método aceitável para evitar a infecção por HIV, mas para tratar infecção
estabelecida, sendo o ideal começar imediatamente após a exposição, até que uma vacina
efetiva seja desenvolvida é essencial à prevenção do HIV por meio da eliminação ou redução
dos componentes de risco.
O esforço de prevenção primaria por meio de programas educativos efetivos são
vitais para o controle e prevenção (BRUNER & SURDDARTH, 2005). No entanto, as
pessoas com idade acima de 50 anos e com baixa escolaridade, quando infectadas pelo HIV,
tendem a manifestar os efeitos da imunodepressão de forma mais acelerada que as pessoas
jovens, porque têm acrescidos à AIDS os efeitos de outras doenças que freqüentemente
aparecem com a aproximação da terceira idade. Em se tratando de pessoas com 65 anos ou
mais, os efeitos são ainda mais graves (BRASILEIRO, 2006).
O profissional de enfermagem torna-se relevante para prestar assistência aos
idosos diagnosticados por AIDS, visto que sua essência é cuidar de forma eficiente,
sistematizado e holístico, a fim de promover a assistência eficaz (DEJOURS et al., 2004). Há
uma carência de informações que os idosos necessitam, visto que o número da população
idosa infectada pelo vírus da AIDS aumentou consideravelmente no mundo (SILVA, et al,
2007).
79
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
Estudos realizados sobre a terceira idade demonstram mudanças significativas na
pirâmide populacional. Casos de AIDS em população idosa acima de 60 anos em Goiás entre
1980 a 2008, total de 848 casos notificados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação), taxa de incidência por 100.000 hab. em 1996 representou 4,1 em 2007 8,7.
Quanto
á
sexualidade
em
2008:
masculino
426
e
feminino
274
(BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO, 2007).
Parte de dados extraídos do Boletim Epidemiológico ilustra nos gráficos e tabelas
abaixo:
GRÁFICO 1: Taxas de incidência de AIDS (por 100 mil hab.) segundo região de residência e ano de
diagnostico em pessoas com 50 anos e mais. Brasil, 2004 a 2007.
Nordeste
Incidencia de AIDS por 100.000
hab
Norte
Centro Oeste
25
Sudeste
20
Sul
15
10
5
0
2004
2005
2006
2007
FONTE: MS/SVS/PN-DST/AIDS
GRÁFICO 2 : Taxas de incidências de AIDS (por 100 mil hab.) do sexo masculino e feminino segundo faixa
etária acima de 60 anos e ano de diagnostico. Brasil, 2004 a 2007.
80
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
16
60 a 69 M
60 A 69 F
Incidênicia de AIDS
14
>70 M
12
>70 F
10
8
6
4
2
0
2004
2005
2006
2007
Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.
A taxa de incidência na faixa etária de 60 a 70 anos no sexo masculino representa
um índice bem elevado em relação ao sexo feminino na mesma faixa etária mantendo um
índice instável. Portanto no sexo feminino de 60 a 70 anos sofre um leve aumento, 70 anos
acima, mantém a incidência estável. Esse gráfico ilustra que as áreas em ambos o sexo de 60 a
70 anos, são mais ativos que os acima de 70 anos.
Tabela 1: Casos de AIDS notificados em indivíduos >50 anos, categoria de exposição do Masculino e ano de
diagnóstico no Brasil de 2004 a junho de 2008.
Exposição
Masc.
2004
N
2005
%
2006
N
%
2007
N
%
N
%
2008
N
%
Homossexual
194
9,4
215
11,4
192
10,4
164
10,4
32
10,9
Bissexual
187
9,4
166
8,8
167
9,0
113
7,2
23
7,8
Heterossexual 1059 53,1
994
52,7
960
51,5
854
54,3
155
52,7
Total:
1996 100,0
1886 100,0
1850 100,0
1576 100,0
294 100,0
Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.- Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 30/06/2008 e no
SIM de 1980 a 2008( Boletim Epidemiológico, 2008).
81
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
Dentro do perfil de incidência da AIDS em idoso >50 anos no Brasil a tabela 1
revela a incidência de AIDS na exposição heterossexual mantendo média quase que instável;
o homossexual instável e o bissexual nos dois últimos anos uma leve queda.
TABELA 2: Casos de AIDS notificados em indivíduos >50 anos, categoria de exposição Feminino e ano de
diagnóstico no Brasil de 2004 a junho de 2008.
Exposição
2004
Feminina
N
Heterossexual 1133
2005
%
N
2006
%
98,4
1189
98,4
N
2007
%
1085 97,4
N
2008
%
913
97,9 163
Transfusão
3
0,3
1
0,1
4
0,4
1
0,1
Ignorado
5
0,4
0
0,0
2
0,2
8
0,1
Total:
1151 100,0
1208 100,0
1114 100,0
N
993 100,0
1
1
%
97,0
0,6
0,6
168 100,0
Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS - Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 30/06/2008 e no
SIM de 1980 a 2008( Boletim Epidemiológico, 2008).
A via de transmissão heterossexual constitui a mais importante
característica da dinâmica da epidemia, em 1984 6,6% para o ano 1988 39,2% com
predomínio masculino (BRITO 2001 apud BRASIL, 1982-2000). A tabela ilustra parte de
dados retirados segundo o (Boletim Epidemiológico, 2008) o número de práticas sexuais de
2004 a 2008 identificando predominância relevante na categoria feminino, porém em patamar
decrescente a partir de 2006.
As campanhas veiculadas pela mídia para conscientização da necessidade de sexo
protegido foram de fundamental importância na modificação de práticas sexuais nas várias
categorias de pessoas especialmente para os homossexuais, que modificaram seus hábitos, não
só com uso de preservativo, com redução de números de parceiros nas suas relações, tendo
como conseqüência o declínio no número de pacientes com HIV/AIDS deste grupo
(GORINCHTEYN, 2005).
E crescente o número de pesquisas que mostram o indivíduo acima de 50 anos
está cada vez mais ativo sexualmente, fato observado após a liberação do uso de
medicamentos que melhora o desempenho sexual do homem, principalmente o Viagra
(Feitosa, 2004 apud chaimowicz, 1998). Enquanto a AIDS é percebida como uma doença de
pessoas na idade reprodutiva, indivíduos acima dos 60 anos de idade de idade tem sua
82
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
representação no total das epidemias da AIDS, em provável crescimento, a partir da
estimativa de que a pessoa com essa faixa etária tem, no mínimo, o sexo desprotegido como
um fator de risco para contrair o HIV (SOUSA, 2008 apud STALL, 1994).
Segundo o relatório UNAIDS, 2007, estima-se atualmente no mundo, 32,2
milhões de pessoas infectados pelo o HIV/AIDS, e já matou desde seu surgimento25 milhões
de pessoas (BRASIL, 2007)
Estudos descrevem fatores relacionados com a incidência do HIV e da AIDS neste
grupo etário, justificando, a necessidade de discutir a disfunção indiscriminada dos
medicamentos para a disfunção erétil em uma parcela cada vez mais crescente e que não teve
o hábito de lidar com métodos preservativos em décadas passadas e não se sente vulnerável as
DST e pela possibilidade de direcionamento de campanhas preventivas específica a este
grupo, até então excluída das discussões de vulnerabilidade ao HIV e AIDS (SOUSA, 2008).
Os profissionais de saúde, e em especial os médicos, do clínico geral ao geriatra,
não valorizam as queixas sexuais do paciente idoso. Evitam tocar nesse assunto, seja por
medo de não saberem lidar com ele, seja por não saberem o que fazer com as respostas que as
pessoas podem dar. (BRASIL,2006).
Conhecer sobre a AIDS implica em saber sobre aspectos clínicos da patologia,
mecanismo de ação, cuidados técnicos ao paciente e a adesão do conhecimento acerca dos
respectivos cuidados tangentes aos idosos, provendo o auto cuidado e até mesmo priorizando
a estes a vida sexual ativa e sua independência. A categoria médica apresenta suas
dificuldades em lidar com as disfunções sexuais no idoso, portanto, não está acostumada a
investigar a questão ligada a esfera da sexualidade (SOUSA, 2008 apud BERG, 2000;
CERQUEIRA, 2002).
OBJETIVOS
Apresentar uma revisão de literatura científica caracterizando o tema incidência
de HIV/AIDS nos idosos, masculino e feminino a partir de 60 anos no Brasil, entre o ano
2004 a 2008; A partir das informações analisadas, decidiu-se estudar esse novo contexto, com
o objetivo de descrever a incidência de HIV/AIDS nos idosos, relatando os riscos expostos a
AIDS, o impacto desta sobre os idosos, bem como a importância da prevenção, visando a
83
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
fornecer as bases para nortear essa categoria e auxiliar na orientação dos profissionais que os
atendem, com a expectativa de diminuir a incidência gritante da AIDS nesta faixa etária.
MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e retrospectivo com
análise sistematizada e quantiqualitativo. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas
estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais
e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o
fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e
apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno
MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).
A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego da quantificação na coleta
e tratamento das informações, por meio de técnicas estatísticas, a fim de evitar distorções na
análise e interpretação de dados. E o estudo retrospectivo consiste na obtenção de dados
compreendidos num espaço de tempo para análise e discussão (MINAYO, 2007; LAKATOS
et al, 1986.
Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em
saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Birene. Foram utilizados os
descritores: Incidência, vírus da imunodeficiência humana e Idoso. O passo seguinte foi uma
leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe
de informação em Ciências da Saúde - LILACS, National Library of Medicine – MEDLINE e
Bancos de Dados em Enfermagem – BDENF, no período de Fevereiro a Novembro de 2009,
Caracterizando assim o estudo retrospectivo, em todos os idiomas, buscando as fontes
virtuais, os anos, os periódicos, os idiomas, os métodos e os resultados comuns.
Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que abordassem o
tema e possibilitasse um breve relato da evolução do assunto o relacionado à enfermagem.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura
analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias
por ordem de importância e a sinterização destas que visou a fixação das idéias essenciais
para a solução do problema da pesquisa. (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário
feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos
84
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o
problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de
apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa,
ressalvando as idéias principais e dados mais importantes (MINAYO, 2007; LAKATOS et al,
1986) .
A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados
fichamentos, em fichas estruturadas, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o
registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos
registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na
coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e
análise possibilitou a criação de três categorias. Os resultados foram submetidos às leituras
por professores da Universidade que concordaram com o ponto de vista dos pesquisadores.
A seguir, os dados apresentados foram submetidos a análise estatística simples e
convertidos em tabelas do Word (tipo clássica 1), levando-se em consideração uma margem
de erro de 0,05%. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros
estudos provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do relatório final e
publicação do trabalho no formato Vancouver. A partir das informações disponibilizadas,
decidiu-se estudar esse novo contexto, com o objetivo de descrever a incidência de HIV/AIDS
nos idosos, relatando os riscos expostos a AIDS, o impacto desta sobre os idosos, bem como a
importância da prevenção, visando a fornecer as bases para nortear essa categoria e auxiliar na
orientação dos profissionais que os atendem, com a expectativa de diminuir a incidência
gritante da AIDS nesta faixa etária.
DISCUSSÃO
Percebe-se neste estudo que o aumento da expectativa de vida nesta faixa etária é
excelente, devido os avanços da tecnologia para melhora da qualidade de vida, mas por outro
lado torna-se preocupante pelas práticas sexuais sem preservativo, tabu e a idéia que estes têm
não ser vulnerável de contrair o HIV, e desenvolver a AIDS, uma vez que a maioria dos
idosos são portadores de alguma doença crônica, deixando seu sistema imunocomprometido.
Seria relevante a políticas de saúde investir através da mídia campanhas que abrangesse este
segmento populacional, não esquecendo as outras faixas etárias, que também necessitam que
esse número de incidência sofra um declive importante.
85
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos últimos, dez anos, ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais
como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, (ou outras revistas tais como FEN, REBEN, etc.)
utilizando-se as palavras-chave: incidência, Vírus da Imunodeficiência Humana e Idoso.
Encontrou-se 38 artigos publicados entre 2000 e 2009. Foram excluídos 17, sendo, portanto,
incluídos neste estudo 20 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível
identificar a visão de 90%diversos autores a respeito da incidência de AIDS no idoso, 100%
risco e prevenção de AIDS no idoso.
Em decorrência do progressivo aumento do número de casos de HIV/AIDS nessa
faixa etária, observa-se a necessidade de estudar este novo contexto, com o intuito de fornecer
subsídios para avaliação do desempenho profissional no atendimento prestado e para a
elaboração de medidas efetivas visando a promover melhor atendimento a essa população.
Um dos desafios para a prevenção da incidência pelo HIV/AIDS entre os idosos é a quebra do
tabu da falsa crença de que estes não se encontram em risco de contrair o HIV.
A utilização de jovens nas campanhas impede ao idoso a percepção de estar,
também ele, de risco de contrair o vírus do HIV, afastando-o assim dessa realidade. É
importante lembrar que a realização de ações de prevenção nas Unidades Básicas de Saúde,
assim como a capacitação de seus profissionais, possibilitará que um maior número de
pessoas idosas seja orientado sobre o assunto. Deve-se enfatizar que o idoso deve ser acolhido
sem discriminação, independente de sua condição, atividade profissional, orientação sexual ou
estilo de vida. Uma vez que o idoso tem dificuldade de tocar publicamente em questões de
sexualidade, até então silenciosa, com suas preferências e práticas sexuais, carrega um grande
tabu que esbarra no preconceito geral e do próprio idoso.
Esperamos que esse estudo possa vir a contribuir com ações de promoção,
prevenção e de esclarecimento HIV/AIDS/DST, voltada para esse segmento populacional,
visando diminuir a incidência de HIV/AIDS; bem esclarecimento quanto a sexualidade nos
idosos, a fim de diminuir o preconceito e estigma familiares e população geral, contribuindo
assim para uma melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIA
86
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
ARAÚJO, M. A. S, et al. Perfil do Idoso Atendido por um Programa de Saúde da Família em
Aparecida de Goiânia. Revista UFG. Vol. 5, No.2, dez. 2003. Acesso 10/08/09.
ARAÚJO, V. L. B et al. Características da AIDS na Terceira Idade em um Hospital de Referencia do
Estado do Ceará, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. São Paulo: 2007. vol. 10 nº. 4
BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO
AIDS
2007.
Disponível
em:
http://www.aids.gov.br/data/documents/storedDOCUMENTS/%7BB8EF5DAF-23AE-4891AD36-%7B72157B6-FE7A-40DF-91C4-Boletim 2008. Acesso em 14 de agosto de 2009.
BRASIL. Estatuto do Idoso (1996). Lei n. 8.842, de 4 de novembro de 1994. Brasília: Senado Federal.
BRASIL. Ministério da saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Relatório UNAIDS, 2007.
Disponívelem:
<http:
www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISE77B47C8ITEMID4DF22DCA39924ABF940A9D67111BDFF6
PTBRIE.htm>.Acesso em: 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa
idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. n. 19. p.116-119.
BRASILEIRO, Marislei. Enfermagem na Saúde do Idoso. Goiânia: AB, 2005. p 33.
BRASILEIRO, Marislei; FREITAS, Mª. I. Fátima. Representações Sociais sobre AIDS de Pessoas
acima de 5ª anos de Idade, infectados pelo HIV. Minas Gerais, 2006.
BRITO, A. M.; CASTILHOS, E; SZWARCWALD, C. L. AIDS e infecção pelo HIV no Brasil: uma
epidemia multifacetada. In: Revista da sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.34, n.2, p.207217, mar - abr, 2001.
BRUNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica / Suzanne C. Smeltzer, Brenda
G. Bare, e mais 50 colaboradores; [revisão técnica Isabel Cristina Fonseca da Cruz, Ivone Evangelista
Cabral, Márcia Teresa Luz Lisboa; trad. José Eduardo Ferreira de Figueiredo]. Rio de Janeiro;
Guanabara koogan 10ª edição vol.3.p.1638, 1639, 1641. 2005.
CHAIMOWICZ, L, F. Os Idosos brasileiros no século XXI – Demografia, saúde e sociedade. Belo
horizonte: Postgraduate, Brasil. 1998.[
DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET C. Psicodinâmica do trabalho: Contribuição da escola
Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
FEITOZA, A. R.; SOUZA, A. R.; ARAÚJO, M. F. M. A magnitude da infecção pelo HIV/AIDS em
maiores de 50 anos no município de Fortaleza-CE. J Brasil. Doenças Sex. Transm. v. 6, n. 4, p. 3237, 2004.
GORINCHTEYN, J. C. Revista Prática Hospitalar. São Paulo, 2005. Entrevista concedida a revista
prática hospitalar. Ano VI.No36. mar/Abr. 2005.
LAZZAROTTO, R. A. et al. O Conhecimento de HIV/aids na terceira idade: Estudo Epidemiológico
no Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciências & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro: 2008 vol.
13 nº.6
LEITEA, M.T;MOURA, C; BERLEZ, E.M. Doenças Sexualmente Transmissíveis E Hiv/Aids Na
Opinião De Idosos Que Participam De Grupos De Terceira Idade.Rev. Brás. Geriatr. Gerontol.v.10 n.
3 Rio de Janeiro, 2007.
_______. Ministério da Saúde. Programa Saúde do Idoso. Brasília, DF, 2006a. Capturado em
21/08/2008, no site: http://www.saude.gov.br/programas/idosos.htm
Ministério da Saúde. Sexo não Tem Idade, Proteção Também Não. Goiânia: agosto 2009.
w.aids.gov.br. acesso: 28/08/09.
87
ROSE, Maria Cilene Barbosa Maranhão; FRANCA, Ednamar Alves; FERREIRA, Elizete Vargas
de Almeida e PAIXÃO, Suzana Aparecida da. Incidência de hiv/aids em idosos do sexo
masculino e feminino, residentes no brasil entre os anos de 2004 a 2008. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 73-87. Jan.
2010/Jun. 2010.
MONTENEGRO, S M R S; SILVA, C A B. Os Efeitos de um programa de fisioterapia com promotor
de Saúde na Capacidade Funcional de Mulheres Idosas Institucionalizadas. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia. v.10 n.2 Rio de Janeiro, 2007.
Secretaria Estadual de Saúde de Goiás – Sexo não tem Idade, Proteção também não - Campanha de
luta contra a Aids. Goiânia, 2008. ww.mp.qo.gov.br/potalweb/imq/conteúdo/final.
SILVA, R.C.R; REZENDE, R.M, COTTA, LG. O papel da enfermagem na sexualidade da 3° idade:
informar para prevenir. Ver. Cientifica da Faminas. 2007, v.3: p57. Disponível em:
<http://www.faminas.edu.br/muriae/editora/enic3/CBS-057.pdf> Acesso em: 03 mar. 2008.
SOUSA, Janilson L. Sexualidade na Terceira Idade: Uma Discussão da AIDS, Envelhecimento e
Medicamentos par Disfunção Erétil. Recife-PE: 2008.
ULTRAMARI, L.; MORETTO, P. B.; CANINI, S.R. M.S.; MACHADO, A. A.; GLI, E. Perfil Clínico
e Epidemiológico da infecção pelo HIV/AIDS em Idosos. São Paulo, 2008.
ZORNITTA, Marlene. Novos idosos com Aids e Desigualdade a Luz da Bioética. Apostila(Dissertação apresentada com vista à obtenção do título de Mestre em ciências na área da saúde
pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca ENSP. Rio de Janeiro, 2008.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun. 2010.
O TRANSTORNO BIPOLAR:
AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA A ENFERMAGEM E PELA FAMÍLIA
Shirlei Pinheiro
Shirley Caldeiras
Suzyanne Guimarães
Tarso Taveira de Morais 
Edicassia Rodrigues de Morais Cardoso
Resumo:
Abstract:
Trata-se de um estudo utilizando revisão
bibliográfica de citações de artigo no período de
1994 a 2009, que teve como objetivo entender o
transtorno
bipolar,
etiologia,
tratamento,
prognósticos, e como reage a equipe de enfermagem
e os familiares envolvidos com o cliente, como
motivadores de recuperação e inserção do mesmo no
contexto social. O estudo tem como objetivo
conhecer as dificuldades da enfermagem e contribuir
para o melhoramento e esclarecimento de algumas
duvida sobre a patologia em questão e as ações da
equipe diante do cliente em tratamento e em relação
ao questionamento familiar sobre a describilidade em
relação à cura.
This is a study using literature review article citations
from 1994 to 2009, which aimed to understand the
disorder, etiology, treatment, prognosis, and how you
react to the nursing staff and family members
involved with the client, as motivators of recovery
and reintegration of the same social context. The
study have the objective understand the difficulties of
nursing and help to improve and clarify some doubts
about the pathology in question and the team's actions
on the client's treatment and in relation to questioning
about family describilidade for curing.
Palavras-chave:
Key-words:
Transtorno Bipolar, Enfermagem, Saúde da Família.
Bipolar disorder, Nursing, Family Health.
INTRODUÇÃO
O estado emocional interno mais constante de cada pessoa é conhecido como
humor. Pessoas sadias possuem ampla faixa de humores e de expressões afetivas e possuem
certo controle sobre seus humores e afetos. Os transtornos do humor são alterações desse
estado, provocando elevações ou diminuições desse, com perda da sensação de controle e

Shirlei Pinheiro, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. email:
[email protected]

Shirley Caldeiras, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. email:
[email protected]

Suzyanne Guimarães, Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás. Fone: email:
[email protected]

Tarso Taveira de Morais. Graduando em enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás,
[email protected]

Orientadora: MS. Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso, Profª. da Faculdade Estácio de Sá Goiás. email:
[email protected]
89
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
provocando sofrimento, comprometimento ocupacional social e interpessoal. Deve-se levar
em consideração que a “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e
não apenas a ausência de doença” (OMS).
―A pessoa apresentando o quadro de mania mostra um humor anormal e
persistentemente elevado, expansivo, excessivamente eufórico e alegre, às vezes
com períodos de irritação e explosões de raiva, contrastando com um período de
normalidade, antes de a doença manifestar-se. Além disto, há uma auto-estima
grandiosa (com a pessoa sentindo-se poderosa e capaz de tudo), com necessidade
reduzida de dormir (a pessoa dorme pouco e sente-se descansada), apresentando-se
muito falante, às vezes dizendo coisas incompreensíveis (pela rapidez com que fala),
não se fixando a um mesmo assunto ou a uma mesma tarefa a ser feita.‖ (ABC DA
SAÚDE, 2001).
O humor segundo AURÉLIO 1994, é a capacidade de expressar o que é cômico
ou divertido, qualquer expressão verbal é diagnosticada de acordo com o que traduz, seja dor,
seja sono, ou qualquer outra expressão verbal, o corpo fala.
O enfermeiro trabalha muito no sentido de traduzir essas expressões verbais, pois
permanece muito tempo com o paciente e o avalia aplicando na sistematização do cuidar.
Quando o humor da pessoa fica anormal por um tempo prolongado, é necessário
que observe essa pessoa para ver como ela se sente se depois não apresenta quadro de tristeza
com tentativas de suicídio, o mais preconiza esse tipo de transtorno.
A divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a
forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os
depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases
depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais
uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro,
há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimido que só
tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II
caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com
depressão (BENAZZI, 2001).
Benazzi (2001) cita que o transtorno afetivo bipolar era denominado até bem
pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente
porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na
maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua
classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de
90
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos
compreender o que vem a ser o transtorno afetivo bipolar.
Para Cruz, (2007) é freqüente que pacientes com transtorno bipolar procurarem os
serviços de emergência. Pode vir para obter um primeiro contato com o serviço de psiquiatria,
iniciar tratamento medicamentoso, ser encaminhado para o serviço ambulatorial, referir
retorno dos sintomas, solicitar receitas de medicamentos que já utilizaram e por vários
motivos estão esses. Enfim existem várias e diferentes motivações para a procura desses ao
serviço. Cada situação deve seguir o bom senso e não se devem ter protocolos uniformes no
serviço. O melhor è tratar cada caso isoladamente e decidir especificamente para cada caso,
qual a melhor conduta a ser estabelecida.
Pessoas que tinham mudanças de comportamento em curto prazo eram
denominadas como psicótico isto para CRUZ leva muito a terem que buscar um serviço de
emergência, porque as características do bipolar no período depressivo podem levar muitas
vezes ao suicídio e a um surto equivalente a um psicótico.
Com a mudança de nome o transtorno deixou de ser considerada uma perturbação
psicótica para ser considerada uma perturbação afetiva. Os transtornos de humor constituem
um grupo de condições clínicas caracterizadas pela perda deste senso de controle e uma
experiência subjetiva de grande sofrimento. O humor pode ser normal, elevado ou deprimido.
As pessoas normais experimentam uma ampla faixa dos humores e têm um repertório
igualmente variado de expressões afetivas; elas sentem-se no controle, mais ou menos, de
seus humores e afetos. Pacientes com humor elevado, isto é, mania, mostra espansividade,
fuga de idéias, sono diminuído, auto-estima elevada, e idéias grandiosas. Pacientes com
humor deprimido, isto é, depressão, tem perda do apetite, e pensamentos sobre morte e
suicídio. (KAPLAN, 1997).
O período que se encontra em momento de estabilidade mental é normal, elevado
momento de euforia excessiva e o deprimido consideram-se em momento depressivo;
podendo ocorrer em períodos elevados ou deprimidos pode ocasionar que ocorra suicídio.
Para KAPLAN (1997) e CRUZ (2000), os episódios maníacos, hipomaníacos ou
mistos habitualmente aparecem durante um período de dias até semanas. A natureza e a
severidade da sintomatologia (especialmente episódios maníacos) podem impedir efetiva
intervenção pelo paciente sozinho. Para algumas pessoas, há uma seqüência típica da
progressão dos sintomas a um estado maníaco ou hipomaníaco, iniciando com um sintoma
(insônia) e progredindo a outros (aumento do interesse sexual, sentimento de euforia).
91
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
Mudanças nos padrões de pensamento, processo cognitivo ou preocupação com certas idéias
pode ser parte dessa progressão. Alguns são conscientes dessas mudanças cognitivas e podem
dizer: "Aqui vou eu de novo. Eu sempre começo pensando dessa maneira quando eu estou
ficando maníaco". Esse reconhecimento pode ser um passo importante em agir apropriada e
precocemente para controlar os sintomas.
Alguns pacientes têm consciência da sua mudança repentina de humor, mas
outros não têm essa mesma consciência de conseguir distinguir seu episódio-maníaco ou
eufórico.
OBJETIVO GERAL
Observar as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro e pela família ao lidar com
paciente com transtorno bipolar.
JUSTIFICATIVA
O
Transtorno
Afetivo
bipolar
(TAB)
é
considerado
uma
doença
psiquiátrica muito bem definida e, embora tenha um quadro clínico variado, nos despertou
interesse junto com a convivência de uma acadêmica do grupo, com relação a seus familiares,
e suas variações cíclicas.
O processo de cuidar envolve preocupações, dedicação, envolvimento, respeito e
responsabilidade de quem cuida para quem é cuidado. A demonstração de tais sentimentos da
equipe de enfermagem transmite segurança e confiança ao paciente, principalmente em
pacientes portadores de doenças psiquiátricas.
Mostrar ao paciente que há o lado profissional, mas tentar aliviar as dores
psicológicas, ouvindo, participando do seu dia, dando importância as suas palavras,
mostrando qual a importância da medicação e a relação em sua volta para casa.
DISCUSSÕES
Segundo Porto (2002), estudos epidemiológicos (como o ―National Comorbidity
Survey‖, nos Estados Unidos) indicam que o transtorno bipolar é relativamente freqüente
(prevalência de 1,6% para o tipo I, e de 0,5% para o tipo II). Transtorno Bipolar I é um curso
92
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
clínico caracterizado pela ocorrência de um ou mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos.
Com freqüência, os indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores.
Por outro lado, a característica essencial do Transtorno Bipolar II é um curso clínico marcado
pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores, acompanhados por pelo
menos um Episódio Hipomaníaco. A idade média de início dos quadros bipolares situa-se
logo após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na adolescência e outros possam
começar mais tardiamente (após os 50 anos). Os episódios maníacos costumam ter início
súbito, com rápida progressão dos sintomas; freqüentemente os primeiros episódios ocorrem
associados a estressores psicossociais. Com a evolução da doença, os episódios podem se
tornar mais freqüentes, e os intervalos livres podem se encurtar. Para algumas mulheres, o
primeiro episódio maníaco pode acontecer no período puerperal.
A incidência de casos de transtorno bipolar pode ocorrer, devido a grande stress
mental, devido a grandes percas ou mudanças repentinas.
Segundo Benazzi (2001) refere que o início desse transtorno geralmente se dá em
torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser
tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de
semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas
vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há
também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas
vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.
Nos últimos anos, tem-se reconhecido à importância dos quadros de ―hipomania‖
(quadros de mania mitigados, que não se apresentam com a gravidade dos quadros de mania
propriamente ditam). Os quadros caracterizados por hipomania e pela ocorrência de episódios
depressivos maiores têm sido chamados de ―transtorno visto que o uso de antidepressivos
pode agravar seu curso, assim como também ocorre na doença bipolar com fases maníacas
típicas (tipo I)‖. No transtorno bipolar (tipos I ou II) são recomendados os estabilizadores do
humor.
Nas fases mais agudas, é recomendado o uso de neurolépticos (antipsicóticos)
atípicos (como a olanzapina é um antipsicótico atípico utilizado no tratamento de
esquzofrenia episódio depressivo associados a distúrbio bipolar e episódios agudos de mania;
ou a risperidona antipsicotico atípico usa-se em psicose delirante ) ou, por razões práticas, os
neurolépticos clássicos (como o haloperidol é um fármaco utilizado pela medicina como
93
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
neuroléptico para evitar enjôos e vômitos; ou a clorpromazina é uma substância antipsicótica
clássica ou típica em pacientes esquizofrênicos), em que pese o perfil de efeitos colaterais.
Os transtornos geralmente manifestam-se dos 20-30 anos, podendo surgir na
terceira idade ou pode ocorrer em qualquer faixa etária. É preciso avaliar cada caso em suas
particularidades para dar início ao tratamento mais apropriado para cada paciente.
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que
precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes
ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de
pessoa querida. Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum
parente na família com transtorno bipolar. Tem sido muito relevante a sugestão de
hereditariedade. Segundo Cardno (1999), a concordância de TAB (Transtorno Afetivo
Bipolar) entre gêmeos idênticos (monozigóticos) varia de 60% a 80%, e o risco de
desenvolver TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) em parentes de primeiro grau de um portador
de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) situa-se entre 2% e 15%. A quantidade de gêmeos
monozigóticos onde não há concordância de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) reflete a
importância dos fatores ambientais.
Sobre os fatores ambientais associados ao Transtorno Bipolar do Humor (também
conhecido como transtorno afetivo bipolar, antigamente era conhecida como psicose maníaca
depressiva). Leandro Michelon e Homero Vallada (2005) citam Tsuchiya e colaboradores,
que investigaram a possível associação entre TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) e fatores
variados, tais como, demográficos (sexo, etnia), relacionados às complicações da gestação ou
do parto, estação do ano no nascimento, nascimento em área urbana ou rural, antecedentes de
lateralidade, ajustamento pré-mórbido, padrão socioeconômico, eventos estressantes de vida,
disfunção familiar, perda de parente e história de epilepsia, trauma crânio encefálico,
esclerose múltipla.
De relevante ocorreu, nessa revisão da literatura, uma associação entre o TAB
(Transtorno Afetivo Bipolar) e a condição socioeconômica desfavorável, bem como com o
desemprego, baixa renda e estado civil solteiro. Também houve associação da TAB
(Transtorno Afetivo Bipolar) com mulheres nos três primeiros meses do pós-parto.
Inúmeras alterações na função cerebral têm sido descritas em pacientes
apresentando quadros de depressão e mania. Pesquisas utilizando modelos genéticos,
neuroanatômicos, neuroquímicos e de neuroimagem no TAB (Transtorno Afetivo Bipolar)
têm trazido importantes hipóteses teóricas e conceituais para o melhor entendimento de como
94
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
certos mecanismos biológicos podem afetar a manifestação clínica da doença, seu curso e sua
resposta aos tratamentos. As classificações mais utilizadas em psiquiatria enfatizam o quadro
clássico da mania. O diagnóstico pelo DSM-IV (classificação (e descrição) das Doenças
Mentais da Associação Norte-Americana de Psiquiatria) requer humor persistente e
anormalmente elevado, expansivo ou irritável durando pelo menos uma semana.
De acordo com BENAZZI (2001), refere ainda que o transtorno bipolar
caracteriza-se pela ocorrência de episódios de ―mania‖ (caracterizados por exaltação do
humor, euforia, hiperatividade,( pode ser descrita como um estado físico em que uma pessoa
fica facilmente agitada) loquacidade exagerada, diminuição da necessidade de sono,
exacerbação da sexualidade e comprometimento da crítica) comumente alternados com
períodos de depressão e de normalidade. Com certa freqüência, os episódios maníacos
incluem também irritabilidade, agressividade e incapacidade de controlar adequadamente os
impulsos.
A pessoa apresentando o quadro de mania mostra um humor anormal e
persistentemente elevado, expansivo, excessivamente eufórico e alegre, às vezes com
períodos de irritação e explosões de raiva, contrastando com um período de normalidade,
antes de a doença manifestar-se. Além disto, há uma auto-estima grandiosa (com a pessoa
sentindo-se poderosa e capaz de tudo), com necessidade reduzida de dormir (a pessoa dorme
pouco e sente-se descansada), apresentando-se muito falante, às vezes dizendo coisas
incompreensíveis (pela rapidez com que fala), não se fixando a um mesmo assunto ou a uma
mesma tarefa a ser feita. (ABC DA SAÚDE, 2001). Os distúrbios bipolares são caracterizados
por oscilações do humor da mais profunda depressão à extrema euforia (mania), com períodos
intervenientes de normalidade. (TOWNSEND, 2000 p.398)
AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO ENFERMEIRO COM O PACIENTE
DE TRANSTORNO BIPOLAR
Durante a assistência de enfermagem ao paciente psiquiátrico, a interação
enfermeira-paciente é de vital importância e esta depende das características próprias de cada
enfermeiro, o qual deverá usar sua própria personalidade, compreensão e habilidade para
desenvolver com o paciente, atitudes mais positivas para lidar com situações difíceis e com o
stress o qual o profissional acaba acumulando. O enfermeiro deve ser útil para o paciente
95
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
psiquiátrico e ter em mente que este teve uma história anterior em sua vida, de fracasso. As
condições em que o paciente passa durante a patologia que em momentos de euforia e
momentos de depressão, faz com que essa interação do enfermeiro seja extremamente útil
para perceber sinais de piora do quadro do paciente, principalmente durante as tentativas de
suicídio (MARTINS, 1999).
Segundo TEIXEIRA (1999 apud MARTINS, 1999), durante a fase depressiva, a
assistência de enfermagem consiste em assumir responsabilidades pela segurança do paciente,
dado o risco de suicídio e para isto, o enfermeiro deve estimulá-lo a falar, para que possa
verbalizar seus sentimentos e idéias de auto - depreciação, ruína e inutilidade e assim, avaliar
seu nível de perspectiva e de esperança. O enfermeiro deve usar frases curtas e claras e
lembrar da demora que o paciente depressivo possui para elaborar respostas. O uso do
silêncio, ouvir reflexivamente e. imposição de limites são também técnicas terapêuticas de
comunicação importantes. Ocupar e socializar o paciente são formas de elevar a auto-estima
na fase depressiva, desde que sejam dadas atividades fáceis e importantes para que o paciente
se sinta útil, para que ele veja resultados rapidamente, não esquecendo de comentar
positivamente suas conquistas. O enfermeiro deve estar atento ao auto-cuidado com a higiene
e aparência do paciente, verificando seu grau de dependência; verificar e estimular
alimentação, hidratação, eliminações; observar sono e verificar problemas somáticos.
Os cientistas estão aprendendo a respeito das possíveis causas do transtorno
bipolar através de vários tipos de estudos. Muitos cientistas concordam agora em que não há
uma causa única para o transtorno bipolar, ao invés disso, muitos fatores atuam juntos
produzindo a doença. Como o transtorno bipolar tende a ocorrer em famílias, os
pesquisadores vêm procurando genes específicos os ―tijolos‖ microscópicos de DNA dentro
de todas as células, que influenciam a maneira pela qual o corpo e a mente trabalham e
crescem passados por gerações, que possam aumentar a chance de uma pessoa vir a ter a
doença.
Contudo, os genes não são toda a estória. Estudos de gêmeos idênticos, que
compartilham de todos os mesmos genes, indicam que tanto genes como outros fatores
contribuem para o transtorno bipolar. Se o transtorno bipolar fosse causado unicamente por
genes, então o gêmeo idêntico de alguém portador da doença sempre teria a doença e as
pesquisas demonstraram que isso não ocorre. Se um dos gêmeos apresenta o transtorno
bipolar, porém, o outro gêmeo tem maior probabilidade de desenvolver a doença que outro
irmão. Além disso, achados da pesquisa genética sugerem que o transtorno bipolar, assim
96
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
como outras doenças mentais, não ocorre devido a um gene único. Parece provável que
muitos genes diferentes atuem juntos, e em combinação a outros fatores da pessoa ou de seu
ambiente, para causar o transtorno bipolar (KAPLAN 1997)
É bastante difícil o diagnóstico de transtorno de personalidade comórbido (referese a ocorrência de duas doenças distintas em um mesmo indivíduo) com TBH(transtorno
bipolar de humor), particularmente durante as fases de depressão ou de hipomania/mania(é
uma alteração de humor semelhante à mania, porém com menor intensidade). A pessoa se
sente muito bem, com bastante energia. Normalmente a necessidade do sono diminui e o
libido aumenta. Ocorre no distúrbio bipolar Por outro lado, sua identificação tem importantes
implicações em termos de prognóstico. Assim sendo, recomenda-se que essa dúvida seja
esclarecida quando o TBH (Transtorno Bipolar de Humor) estiver controlado, se possível
contando com informações de familiares (HILTY et al., 1999).
De modo geral, o tratamento dos casos de comorbidade (é um termo que
refere-se à ocorrência de duas doenças distintas em um mesmo indivíduo) é mais trabalhoso,
exige conhecimento mais aprofundado de psicofarmacologia(é o estudo
de alterações
induzidas por drogas no humor, pensamento e comportamento) , com resultados muitas vezes
frustrantes. A adesão dos pacientes é menor, sua resposta ao tratamento não é tão boa e,
conseqüentemente, a remissão é mais difícil de ser atingida.
O princípio geral do tratamento de qualquer paciente com transtorno bipolar, com
ou sem comorbidade, está baseado no uso dos estabilizadores do humor. Isso implica risco de
interações com antidepressivos, antipsicóticos(se caracterizam por sua ação psicotrópica, com
efeitos sedativos e psicomotores.) e benzodiazepínas (são um grupo de fármacos ansiolíticos
utilizados como sedativos,hipnóticos, relaxante muscular e atividades anticonvulsionante.),
necessários em várias situações.
As
variadas
modalidades
psicoterapêuticas(favorece
sobretudo
um
autoconhecimento), bem como grupos de apoio e de auto-ajuda, também podem contribuir de
modo significativo na melhoria da qualidade de vida desses pacientes, porém não dispensam a
necessidade do uso dos medicamentos. Todos os componentes de uma comorbidade devem
ser alvos de tratamento. Mesmo que seja possível estabelecer seqüência cronológica para seu
aparecimento, por exemplo, que num determinado paciente o transtorno de ansiedade social
tenha precedido o surgimento do TBH e que ambos foram agravados por abuso de álcool, não
é correto imaginar que, resolvendo o que apareceu primeiro, o resto melhore naturalmente.
(SCIELO, 2009)
97
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
Muitos portadores destas doenças sofrem desnecessariamente por serem mal
compreendidos, incorretamente diagnosticados ou por falta de um tratamento
adequado. Hoje, um tratamento adequado com acompanhamento correto pode ajudar
qualquer pessoa portadora dessas doenças a ter uma vida produtiva, com qualidade e
satisfação (ABRATA 2009)
A FAMÍLIA NO CONTEXTO DO TRATAMENTO
A Terapia com foco na família foi a que apresentou melhor resultado, a
importância suprema, em qualquer transtorno mental, da participação efetiva, solidária e
afetiva de todos os familiares no processo de recuperação e reabilitação psicossocial dos
pacientes. Cabe ao médico também orientar sobre as maneiras corretas de realizar tal
participação. Grupos de auto-ajuda, também são super importantes neste sentido. O
tratamento mais indicado atualmente é uma combinação de medicamentos com psicoterapia.
O diagnóstico precoce aliado a uma terapêutica adequada é um bom caminho para a melhoria
e manutenção da qualidade de vida do portador desse distúrbio. A participação da família
também é muito importante. Para auxiliar o paciente, a família precisa saber o que é e como
se trata o transtorno bipolar. Esse entendimento trará ao paciente a sensação de apoio e
compreensão que serão importantes atitudes no relacionamento familiar. Um bom
conhecimento da doença e do seu tratamento pelo paciente, pelos seus familiares e amigos,
aumenta a possibilidade de uma vida produtiva, com qualidade e satisfação. (ABRATA,
2009).
O tratamento medicamentoso é fundamental - com ele você poderá ter uma vida
normal. Os membros da família ou outras pessoas próximas aos pacientes podem ajudá-los a
reconhecer quando sintomas maníacos ou hipomaníacos estão retornando. Os familiares
podem freqüentemente reconhecer o começo dos sintomas hipomaníacos em pacientes antes
que estes estejam conscientes de suas próprias mudanças no humor ou ações. Se os familiares
apóiam e ajudam, mais do que criticam, os pacientes podem contar com suas observações
para ajudar a determinar se as progressões dos sintomas estão de acordo com o
desenvolvimento de um episódio maníaco ou hipomaníaco e se uma intervenção adicional é
necessária. (KAPLAN, 1997), o mesmo autor refere ainda que enquanto isso parece simples,
há freqüentemente considerável tensão entre o paciente e outros familiares em torno do
aparecimento dos sintomas maníacos. Para a pessoa que tem estado deprimida por algum
tempo, uma alteração fora da depressão pode ser confundida com hipomania pelos outros.
98
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
Benazzi (2001) refere que o tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve
ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando
o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Quando
há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes
pode-se usar com muita cautela antidepressiva. Há pesquisadores que condenam o uso de
antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por
causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão
diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pacientes com diagnostico de transtorno de humor, que apresentam repetidos
episódios de piora e freqüentam o pronto socorro com regularidade, muitas vezes é aqueles
com resistência a medicação ou com uma adesão ao tratamento. Em muitos casos a falta de
conhecimento sobre o transtorno e o principal fator dessas ocorrências. Não e raro que
pacientes recebam atendimento em pronto socorro e deixem de procurar o tratamento
ambulatorial por simplesmente acreditarem que tomarem a medicação por um curto prazo de
tempo (em geral um mês) será suficiente para resolução do problema. Também é freqüente a
presença de familiares que acreditam que o transtorno não precise de tratamento e sim de
força de vontade. Associações que esclareçam o problema são fundamentais para um bom
prognostico; pacientes e familiares que tenham maior conhecimento podem aderir melhor ao
tratamento e reconhecer mais rapidamente as recaídas, intervindo precocemente evitando-se
assim quadros mais graves que necessitem de internação (CRUZ, 2007).
Segundo NANDA (2007-2008) TRISTEZA crônica que tem seus fatores
relacionados: crise no controle da doença, crise relativa aos estágios do desenvolvimento,
experiência de doença crônica (física ou mental), experiência de incapacidade crônica (física
ou mental), marcos não vivenciados, morte de uma pessoa amada, oportunidades perdidas,
prestação de cuidados ininterrupta, e suas características definidoras são: que expressa
sentimento de tristeza, expressa sentimentos negativos (raiva, mal interpretados, confusão,
depressão, desapontamento, vazio, frustração, culpa, desamparo, desesperança, solidão, baixa
auto-estima, perda recorrente e opressão), expressa sentimentos que pode interferir na
capacidade do paciente de atingir seu mais alto nível de bem estar social.
99
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
O enfermeiro é um dos profissionais da saúde que tem contato direto, prolongado
e constante com os clientes dos serviços de saúde. Está em posição de identificar os sinais
indicativos de transtorno bipolar fazer o levantamento das possíveis dificuldades desse
portador (BARROS, 1996).
STUART, 2001 refere também a sistematização da assistência para prestação de
cuidados de enfermagem. Usa-se uma abordagem de resolução de problemas que passou a ser
aceita como a metodologia para o cuidado de enfermagem. É um processo contínuo, onde a
enfermeira e a pessoa sob seus cuidados devem ter interações dirigidas à modificação das
respostas físicas ou comportamentais, atendendo as suas necessidades e melhorando sua
qualidade de vida.
Segundo Cerveny (1994) A terapia com a família é de grande valia para o
conhecimento do sistema familiar, pois nos dá a possibilidade de visualizar todo o sistema
familiar nuclear e a família extensa, permitindo-nos uma compreensão mais profunda do
desenvolvimento da família diante do problema e será ela que irá ajudar a identificar e
acompanhar os sintomas da síndrome específicos das fases de depressão e mania,
diferenciando os estados de humor normais dos patológicos, ajudando o paciente tomar
consciência de sua situação clínica e lidar com conflitos familiares onde o problema é
atribuído à doença do paciente, saber o que muda em sua vida durante a depressão ou a mania,
o que muda no modo como vê a si e aos outros, e o futuro. Procedimentos simples como
ensinar a ouvir ou repetir o que entendeu pedir confirmação, falar claramente e de modo
específico podem ser valiosos.
RFERÊNCIAS
ABC DA SAÚDE. Transtorno Bipolar Do Humor - Psicose Maníaco-Depressiva. Disponível em :
<http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?419>. Acesso em: 07 set 2009
BARROS S. O louco, a loucura e a alienação institucional: o ensino de enfermagem subjudice. [Tese]
- São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1996.
BENAZZI,
F.
Transtorno
afetivo
Bipolar.
<http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm>. Acesso em: 07set 2009.
Disponível
em:
CERVENY, C. M. O. (1994). A família como modelo descostruindo a patologia. São Paulo: Editorial
Psy II.
CORDEIRO, Daniel Cruz.Emergências Psiquiátricas -Manuais, guias,etc 1ed SP Roca,2007..p81-90.
DALLY, Peter.Psicologia e psiquiatria na enfermagem SP EPU 2005.
EL-Mallakh. Depressão bipolar: 1ed Porto Alegre;Artes medicas :2007.
100
PINHEIRO , Shirlei; MORAIS, Tarso Taveira de; CARDOSO, Edicassia Rodrigues de Morais;
CALDEIRAS, Shirley e GUIMARÃES, Suzyanne . O Transtorno Bipolar: as dificuldades
enfrentadas pela a enfermagem e pela família.Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 88-100. Jan. 2010/Jun.
2010.
MOOTa NETO,mrt;wang,y.;ELKIS,H. Psiquiatria Basica.Porto Alegre:Artes medica,2007 p219-233
MORENO,R.A.;MORENO,DH Transtorno Bipolar do Humor.Sao Paulo:Lemos,2002.
Michelon L, Vallada H – Fatores Genéticos e Ambientais na Manifestação do Transtorno Bipolar. Rev
Psiq Clínica 32(Sup. Esp.) 1;21-27, 2005.
Diagnósticos de Enfermagem da NANDA, definições e classificações, 2007-2008
Psiquiatria
e
Psicologia,
Transtorno
Bipolar
Disponível
<http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/18916>acesso em: 15 out 2009
Bipolares Transtornos relacionados por semelhança ou classificação
<http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm acesso> em 15 de out 2009
Disponível
em:
em
Impacto da comorbidade no diagnóstico e tratamento do transtorno bipolar Disponível em
<http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/s1/pdf/71.pdf> acesso em: 24 out 2009
Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtorno Afetivo Disponível em:
<http://www.abrata.org.br/> acesso em: 24 out 2009.
Transtorno Bipolar, Disponível em <http://www.alppsicologa.hpg.ig.com.br/bipolar.htm> acesso em:
30 out 2009
EL-Mallakh. Depressão bipolar: 1ed Porto Alegre;Artes medicas :2007.
FUREGATO ARF. Relações interpessoais terapêuticas na enfermagem. Ribeirão Preto (SP): Scala;
1999.
JURUENA MF. Terapia cognitiva: abordagem para o transtorno afetivo bipolar. Rev Psiquiatr Clín
(São Paulo). 2001;28(6):322-30.
KAPLAN, H.I. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7ª ed.
Porto Alegre; Artes Médicas: 1997. P.493-544.
MARTIN, Alda. Rev. Transtorno bipolar. Bras. Psiquiatr. vol.21 s.2 São Paulo Oct. 1999.
MICHELON L, Vallada H – Fatores Genéticos e Ambientais na Manifestação do Transtorno Bipolar.
Rev Psiq Clínica 32(Sup. Esp.) 1;21-27, 2005.
MOOTa NETO,mrt;wang,y.;ELKIS,H. Psiquiatria Basica.Porto Alegre:Artes medica,2007 p219-233
MORENO,R.A.;MORENO,DH Transtorno Bipolar do Humor.Sao Paulo:Lemos,2002.
PORTO,
J.
A.
D.
Transtorno
bipolar
do
humor.
Disponível
em:
<http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu3_07.htm>. Acesso em: 17 julho 2009. TARANTO, G
(tradutor)
STUART GW, Laraia MT. Respostas de autoproteção e comportamento suicida. In: Enfermagem
Psiquiátrica: princípios e prática. 6 ed. Porto Alegre (RS): Artemd; 2001. p. 417-37.
Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de
enfermagem: estudo de caso MARTINS, L.M.M. Assistência de enfermagem a pacientes com
desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: Estudo de Caso. Rev. Esc. Enf. USP, v.
33, n. 4, p. 421-7, dez. 1999.
Impacto da comorbidade no diagnóstico e tratamento do transtorno bipolar Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000700011> Acesso em 21
de setembro 2009.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
O TRABALHO HUMANIZADO DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
Célia Regina da Silva
Maria José Soares Santos Manso
Pollyana Pereira de Assis
Valdirene Aparecida de Miranda
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
Resumo:
Abstract:
Os profissionais de enfermagem que atuam em
Unidade de Tratamento Intensivo são normalmente
os responsáveis pelo acolhimento do cliente em sua
unidade, e em muitos casos estes profissionais agem
de forma mecânica, automatizada, e o cliente passa a
ser visto como uma extensão dos equipamentos. Em
vários momentos os profissionais confundem os
clientes com as máquinas, e na visão de muitos
deles, é por estarem em um papel onde a vida de
cada cliente está diante dele. Mas muitos não
observam que a enfermagem tem se dedicado a
gestos de carinho para com o cliente, e também para
os acompanhantes, por entender que esse momento é
complicado para todos. O estudo pretende reunir
informações sobre a humanização no atendimento na
UTI no intuito de despertar um senso crítico sobre a
assistência humanizada de enfermagem.
The nurses who work in the ICU are usually
responsible for the reception of the client in its unity,
and in many cases these professionals act in a
mechanical, automated, and the client is seen as an
extension of the equipment. At various times
professionals confuse customers with machines, and
in the view of many, is by being in a role where the
life of each customer is before him. But many do not
notice that nursing has been engaged in acts of
affection towards the client, and also for spouses,
understanding that this timing is tricky for
everyone.To collect information about the
humanization of the ICU care in order to awaken a
critical sense about humanized care.
Palavras-chave:
Key-words:
Enfermeiro, Humanização,
Tratamento humanizado.
UTI
humanizada,
Nurse, Humanization,
treatment.
ICU
humane,
humane
INTRODUÇÃO
O tema humanização é bastante relevante na conjuntura atual, uma vez que a
construção de um atendimento baseado em princípios como a integralidade da assistência, a
eqüidade, a participação social do usuário, dentre outros, nos remete à revisão dos métodos

Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás.
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás.

Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás.

Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás.

Orientadora: MS.Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso.e-mail:[email protected].

102
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
habituais, com destaque na concepção de ambiente de trabalho menos estressante que
valorizem a dignidade do trabalhador e do usuário. (CASATE, 2005)
Atualmente, buscam-se maneiras eficazes para humanizar a prática em saúde que
provoque a aproximação crítica, que admita compreender a temática e as suas dimensões
político-filosóficas que lhe transmitem um significado.
O código de ética dos profissionais de enfermagem em seu artigo 3º ressalta que o
profissional de enfermagem deve respeitar a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana
em todo o ciclo vital, sem discriminação de qualquer natureza. O artigo 32 traz como
princípio fundamental, como um dever, o respeito ao ser humano durante o de tratamento.
Os profissionais de enfermagem que atuam nas Unidades de tratamento Intensivo
– UTI são geralmente os responsáveis pelo acolhimento do cliente na sua respectiva unidade.
O profissional deve ser cortês e compreensivo, deve buscar entender e considerar as
condições do cliente, que normalmente já se encontra sob efeito dos medicamentos préanestésicos, outro fator importante é que deve ser respeitada a individualidade do cliente.
(FIGUEIREDO, 2002)
Até alguns anos atrás a função do enfermeiro era dirigida para os aspectos
gerenciais, o que o afastava do contato com o cliente, mas com algumas modificações na
sistematização da assistência. (BEDIN, 2004)
Este aprendizado é solitário e, geralmente, vem acompanhado de muito
sofrimento, e acaba por mecanizar as ações do profissional. Diante da soma destes fatores,
objetiva-se como esta pesquisa bibliográfica reunir conteúdos sobre o fenômeno da
humanização em diversos aspectos teóricos e culturais envolvidos, no intuito de despertar um
senso crítico sobre a assistência de enfermagem e de demais profissionais de saúde ao cliente.
(AZEVEDO, 2002)
OBJETIVOS
Reunir informações sobre a humanização no atendimento na UTI no intuito de
despertar um senso crítico sobre a assistência humanizada de enfermagem.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória, com aspecto quantitativo
sobre a humanização no atendimento na Unidade de Tratamento Intensivo. Os dados
103
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
utilizados para a realização deste trabalho foram extraídos da base de dados da Biblioteca
Virtual de Saúde (BVS). Posteriormente, foi realizada a leitura exploratória dos artigos,
monografias e demais publicações encontradas, foi possível identificar vários textos e livros
bibliográficos que abordavam o tema proposto.
Foram pesquisados diversos textos científicos publicados entre 1980 e 2009, onde
foram empregados os seguintes descritores: Enfermagem, UTI e humanização.
RESULTADOS
Ficou evidenciado que o convívio dos enfermeiros com os clientes que inspiram
cuidados na UTI é intenso, e que os enfermeiros aplicam o tratamento adequado, contudo, de
forma mecânica e automatizada.
HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA UNIDADE DE TRATAMENTO
INTENSIVO
Durante o final da década de 50 e ao longo dos anos 60, 70, 80 e 90 do século
passado e nos primeiros anos deste século, emergiram diversas idéias sobre a humanização do
atendimento em saúde.A maioria dos documentos teve como autores enfermeiros que
atuavam na docência, outros por psicólogos, sociólogos, médicos, economistas, arquitetos,
administradores e uma pequena minoria de alunos de cursos de graduação. (CASATE, 2005)
As situações desumanas que podem ser encontradas nos serviços de saúde
justificam a análise do tema, visto que vários aspectos apontados relacionam-se a falhas no
atendimento e nas condições de trabalho em que o profissional se encontra.
De acordo com Hayashi (2000) quando não se dá conta de onde termina a
máquina e começa o cliente, deve o profissional de enfermagem tomar cuidado com sua
relação com a máquina, pois o seu trabalho já pode estar sendo um ato mecânico e o cliente
sendo visto como uma extensão do aparato tecnológico.
O que impede os enfermeiros de exercer suas funções de forma humanizada, em
grande maioria dos casos são as condições de trabalho, os baixos salários, a dificuldade de
conciliar a vida familiar e profissional, as duplas ou triplas jornadas de trabalho, o que causa
sobrecarga e cansaço, e ainda, aliada a falta de ambiente adequado, de recursos humanos e
materiais suficientes, e até mesmo a soma de todos esses fatores. (BOM SUCESSO, 1998)
104
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
A humanização ressurge como obrigação no contexto da civilização técnica, para
contrapor as situações desumanas presentes nas instituições de saúde. Ao tratar a relação
tecnologia/humanização de forma crítica e contextualizada, Casate (2005), aponta a
possibilidade de conciliar a humanização na enfermagem:
[...] Talvez devêssemos investir em teorizações que, ao invés de representarem a
Enfermagem como interface de humanização, explorassem a potencialidade de
pensar a Enfermagem com um [...] saber/fazer híbrido onde as fronteiras entre
natureza e cultura, entre ciência e vida cotidiana [...] entre humano e máquina
fossem deslocadas de tal forma que estas oposições não pudessem ser mais
acionadas para a hierarquização e a dominação [...] (CASATE, 2005)
O entendimento da humanização está relacionado a uma maneira de compreender
o cliente na totalidade dos serviços prestados na UTI. Pois, o mesmo se encontra frágil e
vulnerável, afastado de suas atividades profissionais e familiares, com dor física e psicológica,
como explica Mandú (2004):
[...] O doente que já está à margem da vida da comunidade, da atividade profissional
e da vida de família, sofre a dor física, o medo da morte, inquietude pelos entes
queridos, preocupação pelo futuro, sentimentos de inferioridade (MANDÚ, 2004)
Desse modo, a instituição de serviço, ao admitir o cliente deve perceber que ele
mantém toda sua história de vida, com a necessidade de permanecer o elo com o seu meio
familiar e social como um todo.
Humanização na organização do serviço na UTI supõe investimento na estrutura
física da instituição e na revisão de estrutura e procedimentos administrativos, e também no
profissional em relação às condições de trabalho.
Alguns textos das décadas de 60, 70 e do início da década de 80 destacam
algumas características dos profissionais da UTI devem ser como cita Angerami-Camon
(1998):
[...] Por sua presença, sua doçura, pela repetição de pequenos atos infinitamente
delicados, por sua compaixão e seu sorriso [...] a enfermeira reconforta, acalma ou
estimula o doente trazendo-lhe esse calor humano insubstituível [...] (ANGERAMICAMON, 1998)
A abordagem da humanização no processo de formação é insuficiente, até mesmo
por parte daqueles que escreveram sobre o tema, que fazem apenas referência. Percebe-se que
há a dificuldade em ensinar "humanização" nas relações interpessoais, visto que envolve
questões subjetivas como a sensibilidade.
105
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
Na UTI, a partir dos anos 90 a humanização passou a ser abordada como um
projeto político de saúde, em que para assegurar o atendimento humano é fundamental a
construção de um sistema de saúde que visualize o profissional e o usuário como cidadãos.
(ANGERAMI-CAMON, 1998)
O Ministério da Saúde (2000) por meio do Programa Nacional de Humanização
da Assistência Hospitalar, explica que o desenvolvimento científico e tecnológico tem
ocasionado uma série de benefícios, mas tem como resultado contrário o acréscimo à
desumanização. Ele define ainda que ―Humanizar em Saúde é resgatar o respeito à vida
humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas,
presentes em todo o relacionamento humano.”
De acordo com Belluomine, et al. (2003) e o processo de humanizar deve
considerar as dimensões física, psíquica, sócio-cultural e espiritual, onde deixar de atender
uma dessas realidades da vida humana provocará num desacerto quanto à humanização.
Pode-se assegurar que durante esta última década, tem-se discorrido sobre a
humanização das Unidades de Terapia Intensiva, especialmente por esta ser considerada lugar
de alta tensão, com dúvidas no tocante à sobrevivência, o que causa ansiedade, com facilidade
manifestada em estresse para o cliente e seus familiares (ORLANDO, 2002).
Pode-se garantir que quando as necessidades do cliente não são acolhidas
adequadamente, podem levar ao desconforto, que dilatado, agravam sua doença. As
características de uma UTI contribuem para que os trabalhadores desta unidade atuem de
modo impessoal ante os clientes, e isto carece de mais atenção.
Conforme Orlando (2002):
[...] o desempenho da equipe estará vinculado à: compreensão clara de seus
objetivos, colaboração entre os vários membros da equipe interdisciplinar,
percepção dos próprios papéis e a habilidade de comunicação entre os diferentes
membros. (ORLANDO, 2002)
Nesse mesmo sentido Silva (2003) expõe que para um ambiente mais humano nas
UTIs, necessitamos aprender a nos indagar o que almejamos, estabelecendo fins realistas e
aprender, ainda que com os erros. Anota também que só é possível humanizar UTIs partindo
da nossa própria humanização.
Não obstante o grande empenho que os enfermeiros possam estar desempenhando
no sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa complexo, pois demanda
atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico predominante.
106
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
Quinto et al. (2001) avalia que a relação do enfermeiro com seu cliente está
intrinsecamente atrelada à atenção e à eficácia das seus atos, e destaca que três fatores que
estreitam esse relacionamento: atenção específica, afabilidade da equipe de enfermagem e
solução dos problemas.
Para Matsuda et al. (2003) o tema da humanização embora consiste num desafio
para a profissão, que necessita se adaptar às demandas tecnológicas, econômicas e sociais,
todas elas com forte intenção à desumanização.
Neste sentido, concorda Souza (2004) que:
A humanização é um processo que envolve todos os membros da equipe da UTI,
onde a responsabilidade da equipe se estende para além das intervenções
tecnológicas e farmacológicas focalizadas no cliente, inclui a avaliação das
necessidades dos familiares, grau de satisfação destes sobre os cuidados realizados,
além da preservação da integridade do cliente como ser humano. (SOUZA, 2004)
De acordo com Moraes (2004) certos profissionais que atuam na UTI vem
entendendo a obrigação de alterar o enfoque predominantemente técnico, cliente-doença, para
uma abordagem mais humanista que conglomera o cliente, enquanto indivíduo, com
necessidades próprias.
Relata Santos et al (1999) que os familiares tem um desempenho essencial na
internação do cliente, e em se tratando de recinto de terapia intensiva, esta participação se
torna ainda mais acentuado no processo de recuperação.
Todos devem estar cautelosos aos aspectos mecânicos e técnicos da assistência de
enfermagem, mas, principalmente, a todos os sinais provindos do cliente/familiares e também
da equipe atuante neste ambiente, conduzindo cada vez mais a uma assistência digna e
otimizada.
Comenta Hoga (2004) que as dimensões envolvidas na humanização da
assistência, assinalam que a participação dos diversos profissionais na assistência à saúde,
onde exista o envolvimento de todos, beneficia a melhor disponibilidade desses profissionais
perante de seus clientes.
Deve-se ter em pensamento que trabalhar numa UTI e tentar mantê-la mais
humanizada, é aceitar que o estresse existe e que o recinto é favorável à ansiedade e emersão
de conflitos, onde o enfermeiro deve distinguir que sua presença é tão importante quanto os
processos técnicos.
107
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
RESULTADOS
Na busca por dados para esta pesquisa, foram encontrados 219.197 arquivos que
abordavam a enfermagem, 16.693 abordavam a UTI e 329 arquivos que abordavam o tema
humanização. Salienta-se que somente os documentos encontrados no campo das Ciências da
Saúde em Geral serão considerados. As publicações encontradas estavam dispostas conforme
a tabela abaixo:
a)
Tabela 1: Por tipos de banco de dados
Banco de dados
Enfermagem
UTI
Humanização
214.986
16.368
264
Tese
2082
176
47
Monografia
1781
117
17
Não Convencional
348
32
01
219.197
16.693
329
Artigo
Total
Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
Na tabela acima se pode notar o aumento da quantidade de publicações entre os
anos de 1990 e 2009, nos temas relacionados à enfermagem e humanização, o que demonstra
uma maior preocupação com as situações que ligam esses dois assuntos.
b)
Tabela 2: Por ano de publicação
Ano de Publicação
Enfermagem
UTI
Humanização
De 1960 a 1979
10.590
1.976
-
De 1980 a 1989
70.076
4.326
09
De 1990 a 2000
72.987
5.733
36
De 2001 a 2009
65.544
4.658
284
Total
219.197
16.693
329
Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
108
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
Dentro da pesquisa demonstrada anteriormente, foram publicados arquivos em
vários idiomas, conforme tabela abaixo:
c)
Tabela 2: Por idioma de publicação
Banco de dados
Enfermagem
UTI
Humanização
Inglês
156698
11731
08
Português
11391
1193
292
Espanhol
5228
1084
29
Italiano
987
260
-
Alemão
7449
1191
-
Francês
03
206
-
Demais idiomas
37441
1028
-
Total
219197
16693
329
Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
Para melhor visualização dos dados obtidos na pesquisa realizada por idioma veja
o gráfico abaixo:
Gráfico 1:
Por idioma de publicação
Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
109
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
Quando foi pesquisada a humanização na UTI somente um arquivo foi
encontrado, o que demonstra que os assuntos ainda são estudados em separado, e que ainda há
a necessidade de se estimular a pesquisa e o estudo sobre o tema. Outro termo pesquisado foi
humanização da assistência, onde foram encontradas 259 publicações, distribuídas da
seguinte maneira:
Tipo de Publicação
Artigos
Teses
Monografias
Não convencional
0%
14%
5%
81%
Fonte: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
De acordo com os ensinamentos de Paduan apud Santana (2004), durante a
graduação, os alunos aprendem certa obstinação em cuidar das necessidades fisiológicas do
cliente. Podendo em muitos casos, fazer com que o profissional esqueça que a morte é a única
certeza do viver.
É imperioso salientar que o cuidar não se refere somente às necessidades físicas,
mas também às carências emocionais do cliente, ao simples ato de ouvir, tocar, acatar os
limites do outro, ficar ao lado do cliente mesmo que este não tenha mais possibilidades
terapêuticas, confortar o cliente garantindo-lhe uma morte mais tranqüila e digna. E é nessa
hora que fica evidenciada a necessidade da humanização não só na enfermagem, mas em
todos os campos da saúde.
110
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa não teve a pretensão de esgotar o tema, menos ainda de apresentar
conclusões definitivas, visa unicamente, apresentar dados para melhor compreensão de como
deve ser a postura do profissional de enfermagem atuante na UTI.
O Código de Ética dos profissionais de enfermagem ressalta que os enfermeiros
devem respeitar a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana em todo o ciclo de vida,
sem discriminação de qualquer natureza. Determina ainda como regra fundamental, o respeito
ao ser humano durante o tratamento, o processo de morte e pós-morte.
A ausência de discussões acerca do tema durante a formação dos profissionais que
atuam na área de saúde pode trazer implicações, e ainda comprometer o auxílio integral e
humanizado ao cliente. A formação do enfermeiro tem o ato de cuidar como uma
característica basilar da enfermagem, e para tanto, deve estar presente ao lado do cliente em
todas as horas do dia.
O convívio dos enfermeiros com os clientes que inspiram cuidados na Unidade de
Tratamento Intensivo é intenso, contudo, a frustração e o sofrimento são ocultados pelo
cumprimento de regras e rotinas.
Mas a dificuldade em ensinar como lidar de forma humanizada com o cliente
advém da formação dos professores, uma vez que estes também foram alunos e também não
aprenderam essa difícil lição.
Cabe aos profissionais de enfermagem adotar uma postura compreensiva,
confortante, e o que é mais importante, não encarar o cliente em tratamento como um risco ao
seu sucesso profissional.
Mas, para que isto ocorra, é imperioso que se repense e reformule o padrão de
formação dos profissionais da enfermagem, para que estes tenham inteligência emocional
diante do tratamento e do processo de morte.
REFERÊNCIAS
ANGERAMI-CAMON, VA. Urgências psicológicas no hospital. São Paulo: Pioneira; 1998.
AZEVEDO, R. C. de S. A comunicação como instrumento do processo de cuidar. Visão do aluno de
graduação. In: Rev. Nursing. nº 45, p. 19-23, 2002.
BEDIN,E.; et al. - Humanização da assistência de enfermagem em centro cirúrgico. Revista Eletrônica
de Enfermagem, v. 06, n. 03, p. 400-409, 2004.
111
MIRANDA, Valdirene Aparecida de; MANSO, Maria José Soares Santos; ASSIS, Pollyana
Pereira de e SILVA, Célia Regina da. O trabalho humanizado de enfermagem na unidade de
terapia intensiva. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 101-111. Jan. 2010/Jun. 2010.
BELLUOMINE, A.S. ;TANAKA, L.H. Assistência de enfermagem no pré-operatório de cirurgia
cardíaca: percepção dos enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Revista Nursing, v. 65, n.6. p.21-25,
2003.
BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymack/ Dunya, p. 34-42.
1998.
BVS. Biblioteca Virtual de Saúde. Disponível em <http://regional.bvsalud.org/php /index. php> .
CASATE JC, Corrêa AK. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na
literatura brasileira de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem. p. 105-111. 2005.
FIGUEIREDO, N. M. A. de. Ensinando a cuidar de clientes em situações clínicas e cirúrgicas. São
Paulo. Ed. Difusão Paulista de Enfermagem. p. 256-261.2002.
HAYASHI AAM, Gisi ML. O cuidado de enfermagem no CTI: da ação-reflexão à conscientização.
Texto & Contexto Enfermagem maio/agosto. p. 24-37. 2000.
HOGA, L. A. K. A dimensão subjetiva do profissional na humanização da assistência à saúde: uma
reflexão. Revista da Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo. Journal of São Paulo
University School of Nursing. São Paulo, 1 v. 38, p. 13-20. 2004.
MANDÚ, ENT. Intersubjetividade na qualificação do cuidado em saúde. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, p. 665-675. 2004.
MATSUDA, L. M., SILVA, N., TISOLIN, A. M. Humanização da assistência de enfermagem: estudo
com clientes no período pós-internação de uma UTI - adulto. Disponível em <www.ppg.uem.br>
2003. Acesso em 8 set. 2009.
MEZZOMO, A. A., et al. Fundamentos da Humanização Hospitalar. Uma visão multiprofissional.
São Paulo: Local Editora, 2003.
MORAES, J.C.; GARCIA, V. G. L.; FONSECA, A. Assistência Prestada na Unidade de Terapia
Intensiva Adulto: visão dos clientes. Nursing Revista Técnico-Científica de Enfermagem, São Paulo,
nº 79, ano 7, p. 29-35. 2004.
ORLANDO, J. M. UTI: muito além da técnica. A humanização e a arte do intensivismo. São Paulo:
Ed. Atheneu, 2002.
QUINTO, S.; CASTRO, J. O.; FALLEIROS, A.; ANDRADE, L. Relação Enfermeiro X Cliente: a que
devemos estar atentos. Nursing Revista Técnico-Científica de Enfermagem, São Paulo, nº 42, ano 4, p.
11-14. 2001.
SANTANA, L. R. O vivenciar a morte como uma possibilidade no cotidiano da Enfermagem: uma
visão dos docentes. Monografia (Graduação em Enfermagem). Universidade Católica de Goiás, 2004.
SANTOS, C. R., TOLEDO, N. N., SILVA, S.C. A humanização em unidade de terapia intensiva:
cliente-equipe de enfermagem-família. Terapia Intensiva Nursing, São Paulo, nº 17, ano 2, p. 26-29.
1999.
SILVA, M. J. P. Humanização em Unidade de Terapia Intensiva. 2ª ed. São Paulo: Ed. Atheneu, p.
10-26. 2003.
SOUZA, R. P. Manual rotinas de humanização em medicina intensiva. Curitiba: Ed. Do Autor, p. 1015. 2004.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
A CONCEPÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE PREVENÇÃO NO PÉ
DIABÉTICO: NA ÓPTICA DA ENFERMAGEM E O NO ENVOLVIMENTO
FAMILIAR
Adriane Bueno Ferreira
Selma Cristina Lopes da Silva Guerra
Valmira Teles de Macedo
Romero Borges Moraes
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
Resumo:
Abstract:
O pé diabético surge como uma das complicações
tardias do diabetes, sendo caracterizado pela
presença de lesões nos pés decorrentes de alterações
vasculares. Uma intervenção rápida pode ser capaz
de prevenir seu aparecimento ou atenuar a sua
evolução. A enfermagem busca prevenir e orientar os
pacientes sobre os cuidados e o tratamento do pé
diabético. A prevenção é fator determinante para
diminuir os riscos de amputações. De acordo com
estudos, o pé diabético é responsável por grande
parte das internações hospitalares dos pacientes
diabéticos, sendo também causa importante das
amputações não traumáticas dos membros inferiores,
o que leva à invalidez, aposentadoria precoce ou até
mesmo à morte. Acarreta prejuízos sociais e
econômicos. O artigo trata a importância da
educação do paciente e do familiar como forma de
prevenção do pé diabético e exemplifica de forma
detalhada os cuidados a serem implementados.
The diabetic foot appears as one of the late
complications of diabetes, characterized by the
presence of foot lesions due to vascular changes.
Rapid intervention may be able to prevent its
occurrence or mitigate its evolution. Prevention is the
determining factor to reduce the risk of amputations.
According to studies, the diabetic foot is responsible
for most of the hospitalizations of diabetic patients
and is also an important cause of nontraumatic
amputations of lower limbs, leading to disability,
early retirement or even death. Brings social and
economic damage. The article discusses the
importance of patient education and family as a
prevention of diabetic foot and illustrates in detail the
care to be implemented.
Palavras-chave:
Key-words:
Enfermagem, pé diabético, diabetes, prevenção.
Nursing, diabetic foot, diabetes, prevention.
INTRODUÇÃO
Os vários estudos registrados sobre o pé diabéticos e a sua prevenção, nos leva a
observar o quanto as concepções de tratamento tem evoluído com o decorrer dos anos, isso
cabe em grande parte a dedicação do enfermeiro no cuidar, e ensinar através de palestras

Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás.
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás.

Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás.

Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá, Goiânia-Goiás.

Mestre em Ciências da Religião, área de concentração; movimentos sociais. PUC (Pontifica Universidade
Católica) [email protected].

113
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
educativas principalmente em programas dirigidos à comunidade e aos tratamentos
específicos ao portador de pé diabético.
O diabetes mellitus é um conjunto de doenças metabólicas que provocam
hiperglicemia por deficiência á insulina e com isto, leva a um aumento de distúrbios
heterogêneos caracterizados por níveis elevados de glicose no sangue (PEDROSO e
OLIVEIRA, 2007; SPIRE, 2004).
Segundo VIGO (et al, 2006), ―os diabéticos, muitas vezes, por desconhecerem as
patologias que podem atingir o pé do diabético não dão à devida importância para aos seus
cuidados‖. Conseqüentemente, só procuram orientação após o quadro do mesmo se encontrar
bem avançado, sendo assim de difícil tratamento, e muitas vezes o paciente tendo que arcar
com as conseqüências, que podem chegar a amputações generalizadas.
No Brasil, estima-se que existem cinco milhões de habitantes com diabetes e metade
deles desconhece o diagnóstico. O estudo multicêntrico sobre prevalência do
diabetes, realizado na faixa etária de 30 a 69 anos de idade, encontrou uma
referência de 7,6%, e, na cidade de Ribeirão Preto – SP foi de 12,1%; a doença
atinge homens e mulheres da mesma forma, e é a quarta causa de morte. No Estado
de São Paulo, a mortalidade por diabetes em maiores de 40 anos é superada apenas
pelas doenças cardiovasculares. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
No geral, conforme o autor acima os diabetes são assintomáticos e macros
vasculares, nos quais se destacam as doenças coronarianas, acidentes vasculares cerebrais e
doenças vasculares periféricas, concomitante a maior probabilidade de desenvolver
dislipidemia, hipertensão e obesidade.
Esta enfermidade quando mal controlada favorece o desenvolvimento de
complicações que acarretará prejuízos a saúde do cliente, principalmente, pé diabético,
cegueira e insuficiência renal crônica, impossibilitando os clientes de continuarem realizando
suas atividades diárias, aumentando o número de leitos hospitalares e o absenteísmo ao
trabalho, pelas internações prolongadas e recorrentes. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
Esta patologia representa um estado fisiopatológico multifacetado; caracterizado
por úlceras que surgem nos pés do cliente com diabetes e ocorrem como conseqüência de
neuropatia em 90% dos casos. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
No Brasil, o diabetes se tornou uma enfermidade considerada crônica, deixando
de ser um problema de saúde particular e passando a ser um problema de saúde publica.
Sabemos que as úlceras decorrem geralmente de traumas, e se complicam com gangrena e
114
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
infecção, ocasionados por falhas na cicatrização e podem resultar em amputação, quando não
se institui tratamento precoce e adequado. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
Anualmente, de 2% a 3% das pessoas com diabetes podem desenvolver úlceras
nos membros inferiores, e este percentual se eleva a 15% no transcurso de toda a sua vida.
Pessoas com úlcera e/ou amputação prévia possuem importantes fatores de risco para
recidivas. As úlceras são responsáveis por grande percentual de morbimortalidade e
hospitalização entre pessoas com diabetes, ocasionando um período de internação 59% mais
prolongado que naquelas sem processos ulcerativos. Em geral, as hospitalizações por pé
diabético são recorrentes e sua presença exige maior número de consultas ambulatórias e
cuidados domiciliares. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
Entre os casos graves hospitalizados, 85% são causados por úlceras superficiais,
as quais apresentam comprometimento da sensibilidade protetora plantar, devido à neuropatia
periférica, comumente associada a pequenos traumas, originados por objetos cortantes ao
andar descalço, uso de calçados impróprios, dermatoses comuns, ou manipulações incorretas
dos pés e unhas por pessoas não habilitadas. (OCHOA- VIGO, et al, 2006)
Este estudo tem como objetivo descrever como o enfermeiro deverá intervir na
prevenção e no cuidado do pé diabético visando à assistência do profissional enfermeiro com
o cliente para a orientação e o autocuidado e também como estratégias e evolução no cuidado
assistencial.
OBJETIVO
O objetivo deste artigo é descrever as prevenções e a importância da enfermagem
nos cuidados e acompanhamento do pé diabético prevenindo futuras seqüelas e esclarecendo a
melhor maneira de evitar complicações.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico qualitativo, exploratório e retrospectivo com
análise sistematizada. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de
livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo
descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da
pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e
115
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno (MINAYO, 2007;
LAKATOS et al, 1986).
Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em
saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme; foram utilizados os
descritores: diabetes, prevenção e pé diabético. Em seguida foi feita uma leitura exploratória
das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde - LILACS, SCIELO - Scientific Eletronic Library Online- ScIELO , no
período de 2000 a 2009, caracterizando assim o estudo retrospectivo, buscando nas fontes
virtuais, os anos, os periódicos, os idiomas, os métodos e os resultados comuns.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura
analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias
por ordem de importância e a síntese destas que visou à fixação das idéias essenciais para a
solução do problema da pesquisa (LAKATOS et al, 1986.).
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário
feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos
prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o
problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de
apontamentos que se referiram a anotação que consideravam o problema da pesquisa,
ressalvando as idéias principais e dados mais importantes (LAKATOS et al, 1986).
A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados
fichamentos, em fichas estruturadas, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o
registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos
registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na
coordenação das idéias que acataram o objetivo da pesquisa. Todo o processo de leitura e
análise possibilitou a criação das categorias temáticas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em buscas realizadas nas Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a
LILACS, SCIELO e BEDEnf, no período de 2000 a 2009, utilizando os descritores: diabetes
prevenção e pé diabético enfermagem e cuidados, no qual resultou-se
num acumulo
significativo de 56 suportes literários, sendo que foram encontrados 29 artigos no LILACS,
07 na BDENF e 15 no SCIELO, totalizando um acervo de 51 artigos pesquisados, nos quais
116
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
foram relevantes para nosso estudo 16 artigos e 08 livros. As demais fontes utilizadas estão
vinculadas ao Site do Ministério da Saúde, sendo eles os dados do IBGE e a revista do
Sistema Único de Saúde. Após levantamentos submetidos à análise sobre a prevenção do pé
diabete nos artigos publicados no Bireme, observou-se que os dados indicam que a continua
crescente entre a população.
A ENFERMAGEM E A PREVENÇÃO NO PÉ DIABÉTICO
Segundo (NETTINA 2001, p.820-829 e SMELTZER; BARE, pp. 933-981).
Ensinar aos pacientes que os devidos cuidados com os pés são uma prescrição de
enfermagem, e que pode evitar muitas complicações, problemas e possível perda dos
membros.
Dicas de enfermagem para os cuidados dos pés:
Inspecionar diariamente os pés
- usar um espelho para visualizar a sola dos pés;
- verificar sinais de rubor, bolha, fissura, calosidades ou ulcerações;
Lavar os pés diariamente
- usar sabão neutro e água morna
- enxugar os pés com toalha macia e seca
- enxugar entre os dedos;
Manter a pele dos dedos macia
- lubrificar os pés com óleos ou solução, exceto em fissuras, calorias ou feridas;
Usar sapatos fechados, macios e bem ajustados aos pés
- usar meias sem costuras e de algodão;
- amaciar os sapatos novos lentamente;
Evitar andar descalço usar sapatos abertos e compressos com aquecimento elétrico
Cortar e lixar as unha, respeitando o formato de cada uma
- cortar as unhas em local iluminado ou peça ajuda, caso consiga cortá-las sozinho.
Evitar cruzar as pernas, quando estiver sentado ou deitado para não comprometer o
retorno venoso.
- caso apresente lesão aberta, bolha nos pés, pernas frias, dormências e dores do tipo cãibras,
procure o serviço de saúde mais próximo da sua residência.
117
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CUIDADO DO CLIENTE PORTADOR DE PÉ
DIABÉTICO
Conforme caderno de atenção básica nº 16
A família tem sido uma grande contribuinte para o cuidado do cliente, orientá-la é
um dos pontos relevantes da enfermagem. (O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua
família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a
mudar seu modo de viver, o que está diretamente ligado á vida de sua família e amigos. Aos
poucos ele deverá aprender gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise
qualidade de vida e autonomia.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme pesquisas realizadas, sobre diabetes mellitus, enforcando em pé
diabético, considera-se que se trata de uma doença de grande importância no contexto dos
problemas de saúde publica em virtude de morbidade e mortalidade. Onde o não controle da
doença acarreta uma serie de complicações agudas e crônicas.
O portador de diabetes mellitus, necessita de um planejamento que e de grande
importância na organização e na execução das atividades, sabendo-se que esse planejamento
tem que ser executado pelo enfermeiro e juntamente com a família.
É de extrema relevância dizer que nas ultimas décadas o enfermeiro tem ampliado
sua área de atuação nas instituições, tanto no âmbito assistencial quanto no administrativo e
precisa associar ao conhecimento a flexibilidade e habilidade na abordagem de problemas
com o cliente no núcleo da familiar e no contexto social.
A atuação da equipe de enfermagem do ambulatório do pé diabético, que com
base em evidencias, tem demonstrado que vem colaborando para prevenir e impedir as
complicações, como internações, amputações e reiterações. Esse fato favorece a diminuição
de gastos, a melhora de auto-estima à qualidade de vida e a reintegração social e familiar.
118
FERREIRA, Adriane Bueno, GUERRA, Selma Cristina Lopes da Silva, MACEDO Valmira
Teles de; MORAES, Romero Borges e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. A
concepção e as consequências da falta de prevenção no pé diabético: na óptica da enfermagem e
o no envolvimento familiar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 112-118. Jan. 2010/Jun. 2010.
Referências
Brasil. Ministério da saúde. Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção á
Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Manual de hipertensão arterial e diabetes. Brasília; 2002.
NETTINA, S.M; Prática de Enfermagem, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001. p.820 – 839.
SMELTZER, S.C, BARE, B.G.; Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico, Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan.p.933 – 981.
Ochoa-Vigo, Kattia et al. Caracterização de pessoas com diabetes em unidades de atenção primária e
secundária em relação a fatores desencadeantes do pé diabético. Acta paul. enferm., Set 2006, vol.19,
no.3,
p.296-303.
ISSN
0103-2100
disponivel
em:
http://www.scielo.org/cgibin/wxis.exe/applications/scielo-org/iah/ acesso em: 20 agos. 2009
Departamento de Atenção Básica. DIABETES MELLITUS. Cadernos de Atenção Básica - n.º 16 ,
2006; p.10. Disponível em: http://www.saude.gov.br/diabetes acesso em: 21 agos. 2009
MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1990.
__________ Metodologia de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco;
2007.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 119-127. Jan. 2010/Jun. 2010.
O DIAGNOSTICO PRECOCE DA NEOPLASIA MALIGNA NOS PULMÕES: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
Andréia Ribeiro de Oliveira
Resumo:
Abstract:
Dentre as doenças crônicas degenerativas que
acomete o ser humano, uma que vem se destacando
como importante problema de Saúde Pública e o
câncer de pulmão é, atualmente, o tumor maligno
com a maior taxa de mortalidade mundial no homem
e o segundo na mulher, só perdendo para o câncer de
mama. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica,
exploratória,
com
abordagem
qualitativa.
Evidenciamos que profissional de enfermagem
acompanha as etapas do tratamento de câncer, como
também realiza um planejamento de tratamento
adequado, através de métodos terapêuticos que
podem ser aplicados juntamente com uma equipe
multidisciplinar nas neoplasias que geralmente estão
em estagio avançado, com finalidade de amenizar
maiores complicações tendo como foco principal a
prevenção do agravo desta doença. A orientação,
intervenção e assistência de enfermagem são
importantes como prevenções.
Among the chronic degenerative diseases affecting
human, one which has stood as a major public health
problem and lung cancer is now the malignant tumor
with the highest rate of global mortality in men and
second in women only lost to breast cancer. This is a
literature review and exploratory with a qualitative
approach. We demonstrated that nursing staff
monitors the stages of cancer treatment, but also
performs an appropriate treatment plan, using
therapeutic methods that can be applied together with
a multidisciplinary team in tumors that are usually in
advanced stages, aiming to ease major complications
with the main focus of injury prevention of this
disease. The guidance, intervention and nursing care
are important as preventions.
Palavras-chave:
Key-words:
Neoplasias Pulmonares,
enfermagem e tabagismo.
câncer
de
pulmão,
Lung neoplasms, lung cancer, cancer and nursing,
smoking.
INTRODUÇÃO
O câncer de pulmão é, atualmente, o tumor maligno com a maior taxa de
mortalidade mundial no homem e o segundo na mulher, só perdendo para o câncer de mama
(NOVAES, 2008). A neoplasia maligna que surge no pulmão é o câncer, mas não se trata de
um único tipo de tumor. A maior parte dos casos acomete indivíduos entre 50 e 70 anos de
idade e, embora fosse inicialmente uma doença epidêmica entre homens em nações
industrializadas, o câncer de pulmão tornou-se uma doença cada vez mais comum entre as
mulheres. O principal fator de risco é o tabagismo, que aumenta o risco de desenvolvimento
de neoplasia pulmonar de 10 a 30 vezes. Outros fatores tradicionalmente aceitos são: presença

Orientadora: Ms. Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso,e-mail: [email protected]
Graduando em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá Goiás, e-mail: [email protected]

120
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
de doença pulmonar preexistente, exposição ocupacional (asbesto, urânio, cromo, agentes
alquilantes, entre outros), história familiar de câncer de pulmão e neoplasia pulmonar prévia
(BRAS. PNEUMOL, 2006).
Há vários tipos histológicos são os quatros tipos principais abrangem 95% dos
casos: carcinoma espinocelular, adenocarcinoma, carcinoma indiferenciado de pequenas
células e carcinoma indiferenciado de grandes células (DESTRO, 2006).
O câncer é a multiplicação descontrolada de células defeituosas ou atípicas, que
escapam do controle do sistema imunológico humano por algum motivo até hoje
desconhecido. Estas células se dividem rapidamente e tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores, ou seja, acumulo de células cancerosas
(DESTRO, 2006).
Estima-se que no ano de 2010 apareçam 500.000 novos casos de câncer no Brasil,
com destaque para a mama, próstata, melanomas, pulmão, colorretal e ovário, sendo o
tabagismo o grande vilão. O perfil epidemiológico brasileiro aponta as neoplasias como a
segunda causa de mortalidade, passando nos últimos vinte e cinco, as projeções da
Organização Mundial da Saúde estimam que em 2030, o número de mortes por câncer chegue
a 23,4 milhões (CALIL, 2009).
A maioria dos pacientes, na ocasião do diagnóstico, apresenta se com a doença em
estágio avançado o que dificulta o tratamento (SALVADORI 2008). Na qual dependera do
tipo celular específico do câncer para começar o tratamento,diagnosticando o quanto ele se
espalhou e o estado do paciente, no tratamento e incluído os principais tratamentos: cirurgia,
quimioterapia e radioterapia. Dos seis tipos de câncer com maior índice de mortalidade no
Brasil, metade (pulmão, colo de útero e esôfago) tem o cigarro como um de seus fatores de
risco.
Nesse enfoque, a assistência de enfermagem em oncologia possibilita a
intervenção em diversos níveis: na prevenção primária e na prevenção secundária; no
tratamento do câncer; na reabilitação; e na doença avançada. Nesse sentido, a assistência de
enfermagem em oncologia evoluiu como um assistir que tem foco no paciente, família e
comunidade, visando a educação, provendo suporte psicossocial, possibilitando a terapia
recomendada, selecionando e administrando intervenções que diminuam os efeitos colaterais
da terapia proposta, participando na reabilitação e provendo conforto e cuidado (MENEZES,
2007).
121
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivos analisar o diagnostico precoce para a neoplasia
maligna nos pulmões, verificando a atuação da Enfermagem, através da literatura, frente aos
portadores de câncer.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de aspecto quantitativo sobre o
diagnostico precoce da neoplasia maligna nos pulmões. As coletas de dados utilizadas para a
confecção desse trabalho foram na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Bi
Reme, MEDLINE, LILACS. Após a leitura exploratória dos artigos e resumos encontrados
foi possível identificar vários textos, livros bibliográficos entre outros que abordava o tema
proposto.
Foram pesquisados 13 artigos científicos publicados
no período de 2002 a
2009, nos quais Foram utilizados os seguintes descritores: Neoplasias Pulmonares, câncer de
pulmão, neoplasias e enfermagem, tabagismo.
RESULTADOS
Após a análise dos artigos pesquisados dividimos os resultados encontrados em
três categorias diferentes, de acordo com a importância de cada um e segundo os tópicos que
se faziam mais presentes em cada artigo, sendo assim, destacamos os seguintes: Tipos de
câncer de pulmão, Orientações de enfermagem quanto ao tabagismo, Tratamento do câncer de
pulmão, cuidados de enfermagem aos portadores e Participação da família ao tratamento.
Tipos de câncer de pulmão
Há dois tipos principais de câncer de pulmão, nos quais exigem os tratamentos
diferenciados tais como: câncer de pulmão de células pequenas e câncer de pulmão de nãocélulas pequenas. Se o câncer tem características de ambos é chamado de câncer misto de
células grandes e pequenas (BODANESE, 2002).
122
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Sabe-se que 85% dos cânceres de pulmão são do tipo não-pequenas células, que
se divide em três subtipos, de acordo com a forma e características das células: Carcinoma
epidermóide ou de células escamosas: representa entre 25% e 30% dos cânceres de pulmão.
Estão associados ao fumo e tendem a aparecer perto dos brônquios. Adenocarcinoma:
responde por 40% dos cânceres de pulmão e geralmente surge na parte periférica do pulmão.
Carcinoma de células grandes: representam entre 10% e 15% dos casos, podem aparecer em
qualquer parte do pulmão e tende a crescer e se disseminar depressa.
Conforme a literatura, 15% dos casos de câncer de pulmão são do tipo de célula
pequena, que geralmente começa nos brônquios, perto do centro do peito. Embora essas
células cancerosas sejam pequenas, elas se multiplicam rapidamente e formam tumores
grandes que se espalham por várias partes do corpo significando que o tratamento do
carcinoma pulmonar de células pequenas precisa incluir drogas capazes de matar células
cancerosas em várias partes do organismo. Esse é basicamente um câncer de fumantes,
raríssimo em pessoas que nunca fumaram (ZAMBONI, 2007).
Percebe-se que os sinais e sintomas que sugerem o câncer de pulmão podem ainda
variar os sintomas que dependendo da localização do tumor no pulmão, a localização central
provocam tosse, sibilos, dor no tórax, escarros com sangue, falta de ar, e pneumonite, os
tumores de localização periférica dificilmente apresentam sintomas, mas no momento em que
eles invadem a pleura ou a parede torácica, causam dor, tosse e dispnéia (falta de ar), devido a
pouca expansibilidade dos pulmões. Uma pneumonia de repetição também pode ser um
indicativo de câncer de pulmão (CAPELOZZI, 2002).
Diagnostico precoce de câncer
Outras causas responsabilizadas pelo aparecimento dessa neoplasia são: fatores
genéticos, a poluição atmosférica e a exposição às radiações ionizantes, ao asbesto e a outras
fibras minerais, à sílica, ao cromo, ao níquel, ao arsênico, aos hidrocarbonetos policíclicos.
Entretanto, estes são responsáveis por menos de 10% dos casos. O câncer de
pulmão é uma doença incomum em quem não fuma. É a neoplasia com relação causa-efeito
mais bem estabelecida: praticamente só quem fuma tem câncer de pulmão e, portanto, o
melhor tratamento para esta doença é a sua prevenção. Por isso a luta anti-tabágica deve ser
uma responsabilidade continuada entre todos os profissionais da área da saúde. Segundo
Zamboni, o que causa o câncer é: a má alimentação, consumo excessivo de álcool, exposição
123
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
excessiva ao sol, exposição ocupacional e comportamento sexual e reprodutivo inadequado
concorrem também como importantes fatores de risco de câncer e necessitam de ações
específicas para o seu controle (ZAMBONI, 2007).
O câncer de pulmão é classificado em dois tipos principais: pequenas células e
não-pequenas células, o que corresponde a 85% dos casos. As mulheres parecem ser mais
vulneráveis do que os homens às substâncias cancerígenas dos derivados do tabaco. Este tipo
de câncer era raro em mulheres, mas a partir da década de 1960, a doença tem alcançado
proporções epidêmicas se tornando a principal causa de morte entre mulheres nos Estados
Unidos.
As principais técnicas de diagnostico são: radiografia de tórax; tomografia
computadorizada de tórax; ressonância magnética; citologia de escarro; broncofibroscopia;
biópsia por agulha transcutânea; mediastinoscopio; biópsia a céu aberto; toracocentese
(ZAMBONI, 2002).
Orientações de enfermagem quanto ao tabagismo
O tabagismo é de longe o maior fator contribuinte para o câncer de pulmão. A
mortalidade pelo câncer exibe uma relação inversa com a idade do início do tabagismo.
Aqueles que começaram a fumar na adolescência têm maior risco de desenvolver a neoplasia
do que aqueles que iniciaram com mais de 25 anos.
O papel esmagador do tabagismo como principal causa do câncer do pulmão vem
sendo demonstrado exaustivamente nos últimos 60 anos. Cerca de 90% dos tumores do
pulmão poderiam ser evitados simplesmente abandonando-se o fumo. Mais de 90% dos
pacientes com câncer do pulmão são fumantes, incluindo aí aqueles não fumantes, mas
expostos continuadamente à fumaça do tabaco – os fumantes passivos (FERNANDEZ, 2002).
Os enfermeiros são vistos pela população e pelas autoridades públicas em câncer,
como líderes nesse tipo de ação ao informar e educar a população, ao avaliar indivíduos, ao
identificar grupos de risco para a doença e ao sugerir intervenções que modifiquem
comportamentos de risco (CAMARGO, 2007).
O tabagismo continua sendo um grave e critico problema de saúde pública que
compromete diversos segmentos da nação e do mundo, o enfermeiro devera atuar na saúde do
individuo, com os conhecimentos a respeito do tabaco incentivando o fumante a abandonar o
vício, sempre educando e esclarecendo sobre o tratamento, tendo como eixo fundamental a
124
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
abordagem cognitivo-comportamental com a finalidade de informar o fumante sobre os riscos
de fumar e benefícios de parar de fumar, motivando-os, no processo de cessação de fumar,
fornecendo informações para que possa lidar com a síndrome de abstinência, com a
dependência psicológica e os condicionantes associados ao hábito de fumar (FERNANDEZ,
2002).
Na associação de causa-efeito entre o tabagismo e o câncer de pulmão um fator
importante em relação dose resposta, isto é: quanto maior a carga tabágica, maior a
probabilidade do aparecimento do câncer. Uma em cada duas pessoas que fumam morre de
doença relacionada com o tabagismo (PNEUMOL, 2002).
O fumante que não demonstra desejo de parar de fumar também deve ser
abordado tanto pelos profissionais de enfermagem quanto pela equipe toda pois há vários
motivos para esta atitude, tais como: a falta de informações sobre os efeitos nocivos do
tabagismo, a falta de recursos financeiros, crenças e receios a respeito do processo de
cessação, insegurança devido a tentativas anteriores sem sucesso ou mesmo recaídas e por não
desejar realmente cessar o tabagismo. Qualquer que seja a razão pode-se mudar seu nível de
motivação através de intervenções motivacionais, que podem ser sistematicamente feitas por
profissionais de saúde em suas consultas de rotina (DESTRO, 2006).
Participação da família ao tratamento
Sabe-se que educar o paciente e sua família é parte integrante e fundamental do
tratamento do câncer, em especial considerando-se os bolsões de pobreza, acompanhados de
níveis precários de educação escolar, que levam à desinformação e à dificuldade de acesso a
serviços de saúde em muitas regiões do Brasil, mas essa doença pode atingir qualquer nível
da sociedade.
Pesquisas atuais indicam que o fator com o maior impacto no risco de se ter um
câncer de pulmão é a exposição em longo prazo de carcinógenos. O termo carcinógeno referese a qualquer forma de substância ou radiação que é um agente que promove ou tem
envolvimento direto com a facilitação do câncer ou instabilidade genômica devido à
destruição das mudanças metabólicas celulares. O meio mais comum de exposição aos
carcinógenos é o tabagismo. O tratamento depende do tipo do câncer, o estágio ou estádio
(grau de dispersão), entre outros fatores. Os tratamentos incluem: cirurgia, quimioterapia, e
terapia radioativa entre outros (MENEZES, 2002).
125
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Cuidados de enfermagem diante a prevenção
A enfermagem é responsável por assegurar aos pacientes, familiares e
comunidade a compreensão e o entendimento do processo da doença com a prevenção e seu
tratamento, capacitando-os para tomar a decisão de cuidar da própria saúde e permitindo-lhes,
então, desenvolver estratégias de enfrentamento da doença. Neste sentido, o enfermeiro ocupa
um lugar importante junto à clientela no dia-a-dia da trajetória terapêutica, diferentemente de
outros profissionais da equipe multidisciplinar, pois é ele quem recebe esse paciente, avalia-o,
realiza procedimentos e encaminha os problemas que não são de sua alçada. Por ser o
profissional acessível para conversar ou esclarecer dúvidas, muitas vezes é reconhecido como
o principal elo entre os membros da equipe de saúde.
Sabe-se que a enfermagem no sentido da exigência de um conhecimento amplo,
tecnológico e humano, sobre os cuidados necessários a esses pacientes terá que persistir no
saber, apresentando lacunas no que tange aos conteúdos teóricos específicos relacionados ao
câncer, bem como à brecha existente entre a preparação técnica/ científica e a prática do
cuidar (GUEDES, 2007). A educação em saúde neste domínio assenta, assim, em três áreas
basilares: promoção da saúde; prevenção (fatores de risco e medidas preventivas) e rastreio e
diagnóstico precoce.
Percebe-se que o enfermeiro na sua atuação devera ter em conta estes
aspectos e utilizara estratégias educativas adequadas, podendo ajudar os indivíduos a adaptar
ou a alterar comportamentos que melhorem a sua saúde e previnam problemas como o câncer,
a educação em saúde como processo orientado para a utilização de estratégias que ajudem o
indivíduo a adaptar ou modificar condutas que permitam um estado saudável, continua a ser
objeto de reflexão crescente por parte de políticos, instituições, grupos profissionais e mesmo
de autores isolados em artigos de literatura específica (BRANCO, 2005).
A prevenção se dá também através da detecção precoce das doenças, do seu
tratamento adequado e nas ações destinadas a minimizar as suas conseqüências. O termo
prevenção tem sido intensamente utilizado no âmbito da saúde, entretanto, na prática tem sido
tão pouco efetivado.
A enfermagem deverá reconhecer e valorizar os aspectos culturais. Visto que,
qualquer ação de prevenção deveria estar atenta aos valores, atitudes e crenças dos grupos
126
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
sociais a quem a ação se dirige, ou seja, aos seus aspectos culturais (CESTARI, 2005). Em
virtude disso o INCA desenvolve o Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de
Risco de Câncer, que utiliza as três instâncias governamentais: federal, estadual e
municipal, para treinar e apoiar os 5.527 municípios brasileiros no gerenciamento e
desenvolvimento de ações do Programa nas áreas da educação legislação e economia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O profissional de enfermagem está diretamente ligado ao paciente, tanto nos
cuidados a serem tomados baseado no respeito à dignidade humana, a compaixão, a
responsabilidade, a justiça, a autonomia e as inter relações.
Sabe-se que o enfermeiro lida com a realidade freqüente da assistência em
oncologia, na qual desenvolve uma prática resolutiva que deve esclarecer, orientar e adaptar
condutas terapêuticas às situações emergentes inerentes à pessoa com câncer.
Compreende-se que são determinantes a qualidade do cuidado profissional
enfermeiro, incluindo: ouvir, observar, refletir e agir, de maneira que inclua o indivíduo,
programando os cuidados em conjunto com os clientes, respeitando seu querer, seus valores e
seus hábitos, expandindo sua capacidade de se cuidar, resgatar ou manter sua saúde.
Vivenciando seu processo saúde-doença, com enfoque na promoção do bem estar e da saúde.
Dessa forma, o enfermeiro resgata as origens de sua profissão, que está direcionada ao ser
humano e não à patologia.
Propõe-se então que a realização de novas pesquisas na área da promoção da
saúde e prevenção do câncer, bem como, mudanças na educação formal da população e no
ensino específico dos profissionais da área de saúde, uma vez que, estes podem proporcionar
uma maior adesão aos programas de promoção da saúde e prevenção do câncer pelos
indivíduos que esta sendo um desafio para o Século XXI.
Concluísse que a enfermagem precisa estar capacitada para prestar uma
assistência de qualidade focando sempre do cuidado e bem estar do paciente, motivando-os a
participar ativamente do tratamento e principalmente na prevenção para que o processo de
recuperação e melhora tenha bons resultados.
REFERÊNCIAS
127
CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais e OLIVEIRA, Andréia Ribeiro de. O diagnostico
precoce da neoplasia maligna nos pulmões: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 119-127.
Jan. 2010/Jun. 2010.
BRANCO, Isaura Maria BHP. Prevenção do câncer e educação em saúde: opiniões e perspectivas de
enfermagem. Texto contexto – enferm, v.14, n.2, p. 246-249, 2005.
CLAUDINEI, Destro. Gerenciamento para o diagnóstico precoce das neoplasias malignas de maior
incidência no cbmerj
escola superior de comando de bombeiro militar, Rio de
Janeiro, 2006.
CAPELOZZI, Vera Luiza, Requisitos mínimos para o laudo de anatomia patológica em câncer de
pulmão: justificativas na patogênese J. Pneumologia v. 28, n. 4, p. 201-218. 2002.
CESTARI, Maria Elisa Wotzasek and Zago, Márcia Maria Fontão. A prevenção do câncer e a
promoção da saúde: um desafio para o Século XXI. Rev. bras. enferm., v.58, n. 2, p. 218-221. 2005.
CALIL, Ana Maria and PRADO, Cláudia. O ensino de oncologia na formação do enfermeiro. Rev.
bras. Enferm, v.62, n.3, p. 467-470, 2009.
FERNANDEZ, angelo, Jatene, Fabio B. and Zamboni, Mauro. Diagnóstico e estadiamento do câncer
de pulmão. J. Pneumologia, v. 28, n. 4, p. 219-228. 2002.
MAURO Zamboni1, Câncer de pulmão Publicação: Ago-2000 Revisão: Jul-2007
MENEZES, Batalha MF, Camargo, Guedes CT, Santos MT and Alcantara, Câncer, pobreza e
desenvolvimento humano: desafios para a assistência de enfermagem em oncologia. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, n.15, p. 780-785, 2007.
MENEZES Mfb, Camargo Tc, Guedes Mts, Alcântara Lffl. Câncer, pobreza e desenvolvimento. Rev
Latino-am Enfermagem, v. 15, set-out. 2007.
NOVARES Trocoli F, Câncer de pulmão: histologia, estádio, tratamento e sobrevida. J. bras.
Pneumol. São Paulo, v. 34, n. 8, p. 595-600, 2008.
PNEUMOL, Fernandez A, Jatene FB, Zamboni M Diagnóstico e estadiamento do câncer de pulmão,
v. 28, n. 4, jul-ago de 2002.
RADIOL, Larissa Bodanese, Ana Luiza Telles de Miranda Gutierrez1, Domenico Capone, Edson
Marchiori, metástases pulmonares atípicas: apresentações tomográficas. Bras, v.35, n. 3, p. 99-103,
2002.
SALVADORI AM, Lamas JLT, Zanon C, Instrumento para pacientes com câncer de pulmão, Esc
Anna Nery Rev Enferm, v. 12, mar, n. 1, p. 130 – 5. 2008.
ZAMBONI, Mauro. Epidemiologia do câncer do pulmão. J. Pneumolog. v.28, n.1, p. 41-47, jan-fev.
2002.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 128-136. Jan. 2010/Jun. 2010.
PERFIL BIOPSICOSSOCIAL DA NEUROPLASTICIDADE E A EVOLUÇÃO
NEUROFUNCIONAL HUMANA COMO FENÔMENO REFLEXIVO DOS
ASPECTOS E ESTIMULOS AMBIENTAIS
Elder Sales da Silva
Resumo:
Abstract:
A neuroplasticidade apresenta vários conceitos que
podem ser resumidos na capacidade de adaptação
morfofuncional frentes aos estímulos do ambiente
interno e externo ao organismo. Esse evento está
relacionado a condições que, evolutivamente,
permitiram ao homem uma grande vantagem na
elaboração de estratégia de sobrevivência conforme
o sistema nervoso captava, processava e respondia as
condições do meio. Os fatores biopsicossociais
mostram que a plasticidade do sistema nervoso
depende de condições extrabiológicas tanto para o
desenvolvimento normal quanto para a reorganização
nos casos patológicos. Neste caso, muito se tem
avançado sobre a capacidade que o sistema nervoso
apresenta para reagir frente a distúrbios neurais.
The neuroplasticity presents several concepts that can
be summarized in the adaptability morphofunctional
fronts to environmental stimuli internal and external
to the body. This event is related to conditions that, in
evolutionary terms, allowed the man a great
advantage in developing a survival strategy as
captured nervous system, process and respond to
environmental conditions. The biopsychosocial
factors show that the plasticity of the nervous system
depends on conditions extrabiológicas both normal
development and for the reorganization in
pathological cases. In this case, progress has been on
the ability of the nervous system has to react to neural
disorders.
Palavras-chave:
Key-words:
Neuroplasticidade, reorganização, reabilitação e
fisioterapia.
Neuroplasticity, reorganization, rehabilitation and
physiotherapy.
INTRODUÇÃO
O entendimento dos mecanismos neurais que vinculam a mera existência
anatômica e material ás condições que estabelecem alto nível de complexidade
comportamental que eleva a espécie humana como uma entidade não apenas biológica, mas e,
sobretudo, psíquica e social representa o maior dos desafios da nossa época. Foi-se o tempo
em que às explicações para as condutas da humanidade eram fundamentadas em observações
e indagações desvinculadas da experimentação e do método científico.
Muitas idéias como a dos fluidos de Galeno em que o liquor era à base das
funções neurológicas e pelos ventrículos cerebrais fluíam emoções como amor, ódio e alegria

Docente da Faculdade Estácio de Sá e da Universidade Estadual de Goiás.
129
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
até o desconhecimento dos fenômenos bioelétricos e a hipótese da natureza ―sincicial‖ da
massa encefálica prévia aos estudos de Ramon Y Cajal, foram importantes para impulsionar
dúvidas e inúmeros trabalhos neurocintificos apesar delas se assentarem nas trevas do
empirismo .
Entender os fundamentos da função do sistema nervoso é estar em contato com
a evolução da espécie humana. É fazer uma ponte com o passado e as estratégias que
tornaram o homem diferente dos outros animais, é entender os avanços nas relações sociais e
a teia de interdependência dos sistemas econômicos na atualidade. É especular sobre as
transformações e os rumos que a mente humana, utilizando as mãos, determinará no ambiente
natural e psíquico que tornará a vida mais ou menos viável no futuro.
Nestas perspectivas se justifica a realização deste trabalho que utiliza os
conceitos envolvidos com a neuroplasticidade, suas implicações e dependência dos vários
aspectos da vida (biopsicossocial) para debater o conhecimento que se tem do sistema nervoso
e a possibilidade de recuperação.
METODOLOGIA
Levantamento analítico de artigos científicos e revisão sistematizada dessa
literatura a partir de bases de dados da Pubmed, Sciencedirect, Bireme, Scielo e Medline no
periodo de 2001 a 2009.
PERFIL BIOPSICOSSOCIAL DA NEUROPLASTICIDADE
Os antecedentes históricos associados à descoberta e a definição da
neuroplasticidade (NP) são diversificados conforme os autores estudados. Não existe um
consenso, mas alguns autores consideram que algumas das investigações sobre o tema
começaram próximas a 1890 em que, dentre outros trabalhos, estava o texto ―Princípios da
psicologia‖ de James William que abordava, de forma controversa, a plasticidade nervosa
(JOHANSON, 2007).
Já em 1906, Ernesto Lugano, um psiquiátra italiano também cria um dos
primeiros conceitos da NP sendo seguidos por Konorski em 1948 e Donald Hebb que em
1949 vincula a organização neural com reação a estímulos patológicos e a situações
ambientais. Na década de 60 o contexto é amplificado por várias experiências e no ano de
130
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
1980, Albert Aguayo investiga com sucesso a regeneração de neurônios vinculados ao sistema
nervoso periféfico a partir da transecção do nervo óptico (BORELLA e SACCHELLI, 2008 e
MONTEIRO et al., 2002). Durante a década do cérebro (1990) muito se foi investigado sobre
a NP e o contexto sináptico e dos neurotransmissores.
Para Borella e Sacchelli (2008) as modificações apresentadas pelo sistema
nervoso (SN) por um período maior que 1 segundo e ligada a adaptações do cotidiano em
resposta tanto a patologias quando ao mecanismo naturais de aprendizagem define a NP. Ela
pode englobar diversos eventos estruturais como a remodelação dendrítica e sináptica, o
desenvolvimento neural, a sinaptogênese e a neurogênese pelas quais o cérebro promove o
feedback a estímulos internos e externos (GONÇALVES e COELHO, 2006). A modificação
evolutiva, funcional e estrutural de receptores dolorosos em decorrência de lesão tecidual
define a plasticidade neural para muitos autores.
Silva e Kleinhas (2006), Oliveira (et al., 2004) e Arribas (et al., 2006) consideram
a inércia terapêutica em neurologia, no passado, um reflexo do desconhecimento dos
princípios da NP que representava o conjunto de alterações morfofuncionais do SN perante
aos estímulos ambientais. Viera e Soares (2007) referem à possibilidade da criação de novas
conexões neurais amplificando as redes neurais em resposta a diversidade de estímulos, sua
qualidade e quantidade. Borrelli (2009) e Sarmiento (et al., 2008) aprofundam este conceito
levando em conta as modificações da maquinaria genética e bioquímica que possibilita os
rearranjos neurais.
A NP pode, então, ser considerada um evento natural em resposta a agentes
endógenos e exógenos experienciados pelo SN mostrando sua capacidade de se modificar
para determinar a homeostasia dentro de qualquer estágio ontogenético, ou seja, dentro da
evolução intraespecífica (ANDRADE e JÚNIOR, 2005; LEVIN, 2006; SALOWSKI, 2008 e
FERRARI et al., 2001).
EVOLUÇÃO E ESTÍMULOS AMBIENTAIS
O sistema nervoso, com sua condição de aferência, associação e eferência
consegue ―ler‖ uma gama de estímulos de ordem físico-química e biológica decidindo o papel
dos seres vivos perante os contextos ambientais que propelem aos ajustes e impõem a criação
de estratégias de sobrevivência. O SN humano, em termos de complexidade biológica,
configura o maior produto da evolução. As diversidades de redes neurais, através de conexões
131
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
sinápticas, integram todo o organismo em si e com o meio em que se dá a sobrevivência
(FERRARI et al., 2001).
Embora tenha atingido esse grau na escala evolutiva, o sistema em questão
apresenta uma capacidade neuroplástica ainda menosprezada em muitos casos. Os
mecanismos que a determinam ainda estão por sofrer elucidações e se vinculam ao contexto
sináptico e os receptores de membrana bem como os elementos neuroquímicos.
Esses fatores neurotróficos são decisivos na reorganização das células neurais e na
glia e podem sofrer alterações positivas (aprendizado e reabilitação) ou negativas (distúrbios)
conforme a natureza dos estímulos. Os mediadores químicos apresentam respostas constantes
em vários estágios da vida e se tornam mais lentos com o avançar da idade (ANDRADE e
JÚNIOR, 2005).
Com o advento real das modificações sinápticas relacionadas à NP, mostrou-se
que as idéias associacionistas estão mais coerentes do que as idéias iniciais localizacionistas
ou frenológicas do passado. Diversos estudos têm mostrado a reorganização das
representações corticais ou mapas corticais sensoriomotores em humanos e primatas em
decorrência de ajustes a lesões ou ao aprendizado. Neste caso, ocorrem alterações plásticas
como o crescimento de novos terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas
dendríticas, estreitamento da fenda sináptica, mudança na conformação de proteínas
receptoras e na quantidade de neurotransmissores (OLIVEIRA et al., 2004).
A plasticidade pode se caracterizar conforme cada segmento do neurônio
(BORELLA e SACCHELLI, 2008 e GUEDES et al., 2006). A lei de Hebb, já em 1949,
revelava uma espécie de ―musculação sináptica‖ em que o tipo de estimulo pode reforçar os
elos entre as sinapses e a estabilização de circuitos neurais (HAASE e LACERDA, 2004).
No caso de indivíduos com lesão neural estes estímulos podem ser elaborados por
fisioterapeutas conforme o tipo de conexões ou redes neurais que se queira potencializar. Há
situações em que os estímulos são induzidos por práticas mentais em relação ao tipo de
movimentos e sua execução mesmo quando o individuo não consegue realizar essa tarefa
(BUTLER e PAGE, 2006 e BARATO et al., 2008).
O tecido neural, aparentemente, paga um preço alto pelo seu alto grau de
desempenho, pois sua evolução é marcada por fatores tróficos muito sensíveis que induzem a
proliferação, diferenciação e migração neural (ALSPECTOR, 2007). Neste contexto, deve-se
determinar um limite do patrimônio celular sendo realizada uma ―poda neuroquímica‖ que
passará a limitar a neurogênese e a plasticidade. Talvez esse mecanismo de controle para
132
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
estabilização estrutural e funcional nos períodos iniciais da formação neural deixe, nos
adultos, uma dificuldade para os eventos neurogênicos principalmente pós lesão.
É importante ainda, diferenciar a maior capacidade de regeneração do SN
periférico em relação ao SN central conforme o tipo de mielinização e os fatores de
crescimento ou inibição dos mesmos por células neurogliais. Embora em diferentes graus de
capacidade reorganizacional, a NP está relacionada a todos os segmentos do SN abrangendo
desde o córtex a medula espinhal (LEVIN, 2006; SILVA e KLEINHANS, 2006).
MAQUINÁRIA E DETERMINANTES CELULARES
Não há dúvida no que se refere às dificuldades e limites de recuperação das
células do sistema nervoso em relação aos outros tipos. Os neurônios e a glia são originados a
partir de células precursoras da ectoderme com exceção da micróglia originária da
mesoderme. Já foram descritos em torno de 32 tipos diferentes de neurônios que variam
conforme a estrutura e função. Ao atingirem uma alta especificidade essas células perdem a
condição de se dividir e formar os mesmos caminhos e redes neurais, pois estas compõem um
leque único de estímulos que depende de cada momento da vida (OTERO et al., 2009). Isso
cria a especulação sobre o alcance do ―determinismo genético‖ e a pergunta: ―Se o individuo
adulto pudesse nascer de novo, em outro período temporal, ele teria e seria da mesma forma
em relação ao aspecto neurofuncional ? (OTERO et al., 2009).
As idéias de Godfrey-Smith em que refe-se os genes como canais por onde o
ambiente se manifesta ilustra o aspecto não determinístico das condições genéticas e mostra
que as representações biológicas são decorrentes da equilibração entre genótipo e ambiente
revelando o que se conhece como fenótipo (HAASE e LACERDA, 2004).
Estudos antigos já mostraram que animais criados isolados e com pobreza de
estímulos apresentam menos riqueza na complexidade das redes neurais com mapas corticais
menos densos que a mesma espécie quando criada com maiores estímulos ambientais.
Deste modo, vários fatores teciduais devem ser transformados conforme o tipo e a
quantidade de excitação que é captada pelo SN. Johansson, 2007 sugere que a neurogênese
pode ser alterada por doenças enquanto que Monteiro et al., 2002 revela o papel da nutrição
como um dos elementos decisivos tanto para formação quanto para reorganização do aparato
neurofuncional uma vez que o processo é dependente do metabolismo protéico.
133
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Neste sentido, estudos com suplementação alimentar protéica em ratos
demonstram que estes animais são mais interativos e adaptáveis aos estímulos em relação ao
outro grupo suplementado com dieta rica em lipídios (MONTEIRO et al., 2002).
CONDIÇÕES AMBIENTAIS E FATORES BIOPSICOSSOCIAIS
Existem várias reações neurogênicas do organismo exposto a condições
estressoras. No que se refere a repercusões morfológicas foi percebido em investigações post
morten a diminuição dos volumes de áreas do córtex frontal e dos núcleos da base.
Histologicamente foi revelado alteração trófica neuronal e glial e nos quadros associados a
depressão uma grande alteração neuronal no hipocampo, conhecida região de memória que
junto com a degeneração das amigdalas (importante centro das emoções) ilustram a clinica
depresiva. Muitas vezes esses eventos podem ativar o eixo hipotálamo hipófise adrenal e
desencadear situações deletérias como excitotoxiciade glutamatérgica que pode estar ligadas
ao processo apoptótico, infecção viral ou bacteriana e isquemia-hipoxia entre outras
vulnerabilidades orgânicas (GONÇALVES e COELHO, 2006).
Em outro panorama encontram-se os diversos fatores ambientais que podem
agregar maior estabilidade estrutural e eficácia ao contexto neurofuncional por implicarem
positivamente na neurogênese e, consequentemente, na neuroplasticidade. No decurso da
organização do SN, como já exposto, podem ocorrer distúrbios que mudam o rumo da
homeostasia e serão descritos na seqüência do texto. Nestes casos patológicos, as situações
clínicas podem sofrer influencias de variáveis do ambiente e do organismo. A tabela 1 abaixo
resume algumas dessas variáveis.
Tabela 1– Algumas das principais condições que interferem na formação e na recuperação neural
Fonte: Adaptado Haase e Lacerda, 2004.
134
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Oliveira (et al., 2004) descreve alguns fatores ambientais que devem ser levados
em consideração em condições patológicas como as características da lesão, a biografia do
paciente e sua idade, o diagnóstico, a freqüência e intensidade dos estímulos de reabilitação,
os estados emocionais (depressão-motivação), as condições físicas e seu grau de cognição
além do vinculo criado com o cuidador em relação a capacidade de comunicação para melhor
montagem de estratégia e programas de tratamento que busquem os estimulos ambientais e
cognitivos adequados para a reorganização nervosa.
Obviamente, alguns dos antídotos contra os impedimentos da neurogênese normal
estariam ligados às condições de dieta adequadas, atividades estimulantes e desafiadoras que
mantenham a motivação vital, a melhora interindividual de lidar com o estresse enfim,
situações que regulam favoravelmente a estrutura e função do SN.
Aqui se esclarece uma das abordagens mais interessantes em neurociências que é
a capacidade comportamento humano influenciar nos mecanismos de plasticidade neural.
Inúmeros estudos revelam a interferência das emoções e da personalidade sobre o
desencadeamento de patologias do coração e do SN (ARGANAZ et al., 2008 e VOLCHAN et
al., 2003).
Dessa forma, os mecanismos de aprendizagem e memória e a forma como o
individuo integra essas propriedades para forma sua identidade e se relacionar socialmente
também pode alterar os padrões sinaptogênicos refletindo positiva ou negativamente na
integridade neurológica.
O conjunto de experiência no meio social e ambiental aos quais os individuos se
desenvolvem molda a citoarquitetura da massa encefálica e o torna mais ou menos adaptável
conforme a qualidade de integração sensório motora, sinestésica e cognitiva. Foi assim que o
SN se responsabilizou evolutivamente para manter o organismo em continuidade com o
ambiente e tornar a vida um fenômeno histórico e espiritual para a espécie humana
(FERRARI et al., 2001; ANDRADE e JUNIOR, 2005).
Como exposto tem-se a composição multifatorial dos eventos que permeiam a NP
e a importância da visão biológica, psíquica e social na tentativa de estabelecer um
conhecimento mais completo do comportamento neurológico e o seu significado. Percebe-se
que a NP como um evento natural e limitado, pode ser potencializado por condições
ambientais favoráveis como estímulos programados por profissionais da reabilitação.
135
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
Por outro lado, a pobreza de estímulos, principalmente em casos de
neuropatologias, pode ser gravemente desfavorável a reorganização neural e causar a o
aumento da desconfiguração das estruturas neurológicas que foram preservadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os fenômenos relacionados à capacidade de reorganização do SN definem a
condição exposta neste trabalho que é a neuroplasticidade. Vários conceitos e abordagens
revelam que ainda se encontram em crescimento os estudos e o conhecimento do assunto e
que, felizmente, tem-se diminuído muito a inércia terapêutica frente a lesões do SN.
Especificamente, os estudos das diversas técnicas de terapia física mostraram que
o fisioterapeuta funciona como um grande veiculador de estímulos programados que podem
contribuir e decidir a recuperação de pacientes através da reprogramação sinápticas, a criação
de novos circuitos em áreas silenciosas e a respostas que façam os pacientes, usando
caminhos diferentes, conseguirem executar como maior independência possível suas
atividades diárias com dignidade.
Portanto, muito ainda se tem para caminhar no campo da reabilitação neurológica.
No entanto, este texto teve o objetivo de propor uma visão panorâmica da NP, seu caráter
extrabiológico e a magnitude da terapia física relacionada sem pretender exaurir o tema que se
mostra ainda em estágio embrionário de conhecimento.
Referências
ALSPECTOR, E. 2007. The relationship between neurogenesis and pain behavior. V.1: 1-54.
ANDRADE, A.L.M. e Junior, A.L. 2005. A plasticidade neural e suas implicações nos processos de
memória e aprendizado. RUBS, Curitiba. V.1 n.3 : 12-16.
ARGANAZ, A.G., SANABRIA, Y.C.G., LIMA, E., PRIEL, M.R., TRINDADE, E.S. 2008.
Neurogenesis induced by seizures in the dentate gyrus is not related to mossy fiber sprouting but is age
dependent in developin rats. Arq Neuropsiquiatr. 66 : 853-860.
ARRIBAS, M.J.D., HERVAZ, P.P., LAVADO, M.T. , LAGO, M.R. e MAESTÚ, F. 2006. Plasticidad
de sistema nervioso central y estratégias de tratamiento para la reprogramación sensoriomotora:
Comparación de dos casos de accidente cerebrovascular isquêmico en el território de la artéria cerebral
média. R Neurol 42 : 153-158.
BARATO, G., FERNANDES, T., PACHECO, M., BASTOS, V.H., MACHADO, S., MELLO, M.P.,
SILVA, J.G. e ORSINI, M. 2008. Plasticidade cortical e técnicas de fisioterapia neurológica na ótica
da neuroimagem. R Neurocienc. 2008 : inpress.
136
SILVA, Elder Sales da. Perfil biopsicossocial da neuroplasticidade e a evolução neurofuncional
humana como fenômeno reflexivo dos aspectos e estimulos ambientais. Estácio de Sá – Ciências
da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 128-136.
Jan. 2010/Jun. 2010.
BORELLA, M.P. e SACCHELLI, T. 2008. Os efeitos da prática de atividades motoras sobre a
neuroplasticidade. Rev Neurocienc 2009 17 (2): 161-9.
BORRELLI, E., NESTLER, E.J., ALLIS, C.D. e CORSI, P.S. 2009. Decoding the epigenetic language
of neuronal plasticity. Neuron 1 : 3-29.
BUTLER, J.A. e PAGE, S.J. 2006. Mental practice with motor imagery: Evidence for motor recovery
and cortical reorganization after stroke. Arch Phys Méd Rehabil 87 : 2-11.
FERRARI, E.A.M., TOYODA, M.S.S. e FALEIROS, L. 2001. Plasticidade neural: Relações com o
comportamento e abordagens experimentais. Psicologia: Teoria e pesquisa. V.17 n.2 : 187-194.
GUEDES, F.A., ALONSO, O.Y.G. e LEITE, J.P. 2006. Plasticidade neural associada a epilepsia do
lobo temporal mesial: Insights a partir de estudos em modelos humanos e modelos animais. J Epilepsy
Clin. 12 : 10-17.
GONÇALVES, F.A. e COELHO, 2006. Depressão e tratamento, apoptose, neuroplasticidade e
antidepressivos. Acta Med Port 19 : 9-20.
HAASE, V.G. e LACERDA, S.S. 2004. Neuroplasticidade, variação interindividual e recuperação
funcional em neuropsicologia. Temas em Psicologia da SBP. Vol.12 n.1 : 28-41.
JOHANSSON, B.B. 2007. Regeneration and plasticity in the brain and spinal cord. Journal of
Cerebral Blood Flow e Metabolism. 27, 1417-1430.
LEVIN, H.S. 2006. Neuroplasticity and brain imaging research: Implications for rehabilitation. Arch
Phys Med Rehabilit. 87.
MONTEIRO, J.S., GUEDES, R.C.A., CASTRO, R.M. e FILHO, J.E.C. Estimulação psicossocial e
plasticidade cerebral em desnutridos. 2002. Rev bras. Saúde matern. Infant. Recife (1): 15-22.
OLIVEIRA, C.E.N., SALINA, M.E. e ANNUNCIATO, N.F. 2001. Fatores ambientais que
influenciam a plasticidade do SNC. Acta Fisiátrica 8 : 6-13.
SADOWSKI, B. 2008. Plasticity of the cortical motor system. Journal of human kinetics v.20 : 5-21.
SARMIENTO, F.E.L., PRIETO, J.B. e CADENA, Y. 2008. Plasticidad neuronal, neurorehabilitación
y transtornos del movimento: el cambio es ahora. Acta Neurol. Colomb. V.24 n.1 : 42-44.
SILVA, M.F.M.P. e KLEINHAS, A.C.S. 2006. Processos cognitivos e plasticidade neural na
síndrome de Down. Rev Bras. Ed. Esp. Marilia, v.12, n.1 : 123-138.
VIEIRA, R.M. e Soares, J.C. 2007. Transtornos de humor refratários a tratamento. R Bras Psiquitr. 29
: 48-54.
VIEIRA, M.R., BRESSAN, R.A. FREY, B. e SOARES, J.C. 2005. As bases neurobiológicas do
transtorno bipolar. Rev Psiq. Clin. 32 : 28-33.
VOLCHAN, E., PEREIRA, M.G., OLIVEIRA, L., VARGA, C., MIRANDA, J.M., AZEVEDO, T.M.,
PINHEIRO, W.M. e Pessoa, L. 2003. Rev Bras Psiquiatria. 25 : 29-32.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS E SISTÊMICAS DE PACIENTES
PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN INSTITUCIONALIZADOS NA APAEGOIÂNIA/GOIÁS
Rodrigo Passos del Fiaco
Cláudio Maranhão Pereira
Resumo:
Abstract:
A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo
21, é a aberração cromossômica mais comum que
acomete os seres humanos. Dentre as manifestações
bucais mais comuns destacam-se as anomalias
dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato
ogival e a má oclusão, além de um menor número de
cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a
doença periodontal. Material e Método: o presente
trabalho visa avaliar a condição de saúde bucal,
identificando a prevalência da cárie em crianças
portadoras da síndrome de Down em uma instituição
especializada de Goiânia-Goiás (APAE). Foram
avaliados quanto a presença de dentes cariados,
índice de inflamação gengival, além da presença de
fatores locais ou sistêmicos que pudessem
influenciar os achados. Resultados: Quanto a
condição sistêmica dos pacientes, foi observado que
dos 25 pacientes, 7 apresentavam cardiopatias e 6
pneumonia.. Em relação às alterações intra-bucais,
dos 25 pacientes, 14 apresentavam gengivite, 8 cáries
e 6 língua geográfica. Quando os pacientes foram
avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se
que em 10 (40%) estava ausente e que, dos 14 que
apresentavam, apenas 4 tinham a doença de forma
grave. Conclusões: o pequeno índice de doença
periodontal, assim como o índice de cárie
encontrados, provavelmente ocorreram em virtude
do esclarecimento e conscientização dos pais e da
assistência médica e odontológica que estes
pacientes apresentam e não em decorrência de algum
fator inerente à própria síndrome.
Down syndrome, or trisomy of chromosome 21, is the
chromosomic aberration more common of the human.
Amongst the more common oral manifestations the
dental anomalies are distinguished, the macroglossia,
the fissure tongue, the ogival palate and bad
occlusion, beyond a lesser number of dental caries
and a bigger susceptibility the periodontal illness.
Material and Method: the present work aims at to
evaluate the condition of oral health, identifying the
prevalence of the caries in carrying Down syndrome
children of in a specialized institution of GoiâniaGoiás (APAE). They had been evaluated how much
the caries tooth, index of gum inflammation, beyond
the presence of local or systemic factors that could
influence the findings. Results: How much the
systemic condition of the patients, was observed that
of the 25 patients, 7 presented 6 cardiopathies and
pneumonia. In relation to the intra-oral alterations, of
the 25 patients, 14 presented gingivitis, 8 caries and 6
geographic tongues. When the patients had been
evaluated how much to the gingivitis degree, she was
observed that in 10 (40%) she was absent and that, of
the 14 that they presented; only 4 had the illness of
severe form.
Palavras-chave:
Key-words:
Síndrome de Down, doença periodontal, cárie

Conclusions: the small index of periodontal illness, as
well as the caries index found, had probably occurred
in virtue of the clarification and awareness of the
parents and the medical and dental assistance that
these patients present and not in result of some
inherent factor to the proper syndrome.
Down syndrome, periodontal illness, caries
Aluno do 8º período de graduação de Odontologia, UNIP, campus Flamboyant, Goiânia-Goiás
Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil;
Departamento de Patologia, Universidade Estácio de Sá, Goiânia/GO-Brasil e Brasília/DF-Brasil. Correspondase com o autor: Cláudio Maranhão Pereira. Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista, Campus
Flamboyant, Patologia Oral -Diagnóstico Oral,BR-153, sn, Chácaras Alto da Glória - CEP: 74000-00,
Goiania/GO – Brazil, + 55 62 32394000. e-mail: [email protected]; [email protected]

138
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração
cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Primeiramente descrita por John
Langdon Hatdon Down, em 1866, foi a primeira síndrome de malformação cromossômica
encontrada no homem. A anormalidade cromossômica foi observada por Lejeune (1959), por
meio do estudo do cariótipo, caracterizado por um cromossomo 21 extra, do grupo G2, 3, 6.
A razão pela qual ocorre essa desfiguração cromossômica ainda é questionável.
Contudo alguns fatores como a idade materna avançada, a tendência familiar a não disjunção
cromossômica e a exposição repetida ao mesmo agente ambiental têm sido especulados como
eventuais fatores causais2, 3, 6, 12.
Ocorre uma vez em aproximadamente 600 a 800 nascimentos com vida, sendo
encontrada em 10 a 18% dos indivíduos institucionalizados por déficit intelectual. Tal
condição independe de classe social ou raça acomete igualmente ambos os sexos3, 6, 9.
Diversas são as manifestações clínicas que caracterizam o portador da Síndrome
de Down, dentre as quais cita-se, rosto arredondado com bochechas salientes, nariz em sela,
olhos pequenos e oblíquos com pregas epicantais, extremidades curtas, deficiência intelectual,
crescimento retardado, envelhecimento precoce, hipotonia muscular e cardiopatia congênita,
entre outras alterações. Os pacientes apresentam ainda o sistema imunológico bastante
debilitado7, 9, 12.
O indivíduo portador da Síndrome de Down apresenta uma série de alterações
sistêmicas e buco-faciais que o cirurgião-dentista precisa conhecer para executar com êxito
um atendimento de qualidade3,
10, 11
. Dentre as manifestações bucais mais comuns na
Síndrome destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato
ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior
susceptibilidade a doença periodontal1, 3, 4, 7, 8.
Crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam piores condições de
higiene bucal, possivelmente, devido ao fato de as próprias crianças realizarem a sua higiene e
a permissividade por parte dos pais. Não se pode deixar de ressaltar o trabalho conjunto que
deve ser exercido entre os responsáveis e os profissionais da área de odontologia, para que se
evite agravamento da condição bucal do portador da referida síndrome1, 5, 9, 11.
Considerando-se que o portador da Síndrome de Down, não se encontra em
condições de exercer uma limpeza bucal adequada, de apresentar normalmente hiposalivação,
de apresentar o sistema imunológico alterado e de se alimentar por uma dieta excessivamente
139
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
rica em açúcares e carboidratos, era de se esperar que este apresentasse um maior índice da
doença cárie1, 3, 5, 8, 12. Em virtude da relevância do controle de saúde bucal desses pacientes,
torna-se necessário um estudo da prevalência da doença cárie destes pacientes
institucionalizados em Goiânia-Goiás.
MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi realizado em pacientes matriculados na APAE (Associação dos Pais
e Amigos dos excepcionais), na clínica odontológica da própria instituição, com o apoio e
colaboração da coordenadoria e corpo técnico local. Todo o trabalho teve o consentimento
dos pais ou responsáveis, e acompanhamento da profissional da área de saúde responsável
pelo tratamento a essas crianças. Os mesmo foram informados do caráter não obrigatório e
não oneroso da pesquisa e a não participação no estudo não atribuirá nenhuma perda ao
paciente.
Todos os pacientes foram submetidos a exame físico criterioso e os dados clínicos
sistêmicos e bucais foram anotados em um prontuário clínico padronizado para tal finalidade.
Foram avaliados quanto a presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da
presença de fatores locais ou sistêmicos que poderiam influenciar nos resultados. Todos
pacientes foram também avaliados por exames de imagens (radiografias periapicais e
interproximais) para ratificarem a presença ou não de lesões cariosas.
RESULTADOS
Dos 25 pacientes portadores de Síndrome de Down, 14 (56%) eram do gênero
feminino e 11 (44%) do gênero masculino. Os pacientes apresentavam média de idade de 16,8
anos variando de 2 a 41 anos. Quanto a condição sistêmica dos pacientes, foi observado que
dos 25 pacientes, 7 (28%) apresentavam cardiopatias e 6 (24%) pneumonia. Também foi
observado tuberculose, bronquite, infecções recorrentes e diabetes. Em relação as alterações
encontradas no corpo do paciente durante o exame físico geral, pode-se observar que a boca
entre aberta (10 pacientes) e o nariz hipoplásico (8 pacientes) foram as alterações mais
freqüentes, de um total de 13 alterações diferentes encontradas (Tabelas 1 e 2).
Em relação às alterações intra-bucais, dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentavam
gengivite, 8 (32%) cáries, 6 (24%) língua geográfica e 5 (20%) língua fissurada (Tabela 3).
140
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
Quando os pacientes foram avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se que em 10
(40%) estava ausente e que, dos 14 que apresentavam, apenas 4 (28,5%) tinham a doença de
forma grave (tabela 4).
Ainda quanto avaliados quanto a frequência em procuravam atendimento
odontológico, dos 25 pacientes, 7 foram ao dentista no último mês, 6 nos 6 últimos meses, 6
há cerca de 1 ano e 6 há de mais de 2 anos.
DISCUSSÃO
Com relação á cárie dentária e doença periodontal, a maioria dos autores são
unânimes em afirmar a baixa prevalência de cárie e alta prevalência da doença periodontal
nestes pacientes, quando comparada a outros indivíduos com ou sem déficit mental1, 3, 4, 5, 8, 12.
Dos 25 pacientes avaliados neste estudo, 14 apresentavam alterações gengivais e 8 cáries
dentárias, corroborando com os achados descritos na literatura.
A baixa prevalência de cárie pode ser atribuída ao padrão de erupção retardado e
composição salivar diferente das outras crianças, à morfologia dentária com fóssulas e
fissuras menos acentuadas e superfície oclusal menos acidentada devido ao bruxismo, à
diferença da composição da flora bacteriana associada à placa dentária1, 3, 8, 12. Todos estes
fatores publicados na literatura são apenas especulações visto que nenhum destes ainda foi
comprovado. Nos pacientes avaliados nesta pesquisa nenhum destes fatores foram detectados.
Frente literatura pertinente consultada e ao detectado na prática, ressalta-se a
importância do conhecimento pelo cirurgião-dentista das manifestações orais que acometem
os pacientes portadores de Síndrome de Down, dentre as quais destaca-se a doença cárie. Esta,
ao contrário do que seria esperado, já que esses pacientes apresentam maior dificuldade de
higienizam bucal, apresenta menor prevalência neste indivíduos em relação aos demais
pacientes. Contudo, a higienização bucal na maioria dos casos é realizada pelos pais ou
responsáveis7,
9, 12
, logo o resultado encontrado nos pacientes avaliados correspondem aos
achados na literatura presente, ou seja, estes pacientes apresentam pequeno índice de cárie
dentária.
Apesar dos achados da literatura em que pacientes portadores de Síndrome de
Down apresentam maior índice de doença periodontal, os resultados encontrados não
comprovam estes dados. Dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentam gengivite, sendo que destes
apenas 4 (28,5%) apresentam esta em forma grave. Logo, este pequeno índice de doença
141
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude
do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes
pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome.
Fica evidente neste estudo a importância de uma atenção especial por parte de
família a estes pacientes, pois é ela que está sempre presente no dia a dia destes indivíduos,
cabendo ao clínico instruir e acompanhar os pacientes com Síndrome de Down e a sua
respectiva família sobre a importância da higienização bucal.
Referências
1.
ARAUJO, N. C. B. I. Prevalência de cárie dentária em crianças portadoras de síndrome de
Down na faixa etária de 0 a 60 meses. 11p. JBP: J. Bras. Odontop. Odont.
2.
BENATTI, A.M.; OLIVEIRA, M.C.S.; CAMPOS, M.T.G.R.; ZANGIROLAMI, T.R. O que é
Cariótipo. Projeto Down. Impressão : LCK Gráfica e Editora. 1a edição, 1985.
3.
BERTHOLD, T.B; ARAUJO, V.P; ROBINSON, W.M. Síndrome de Down: aspectos gerais e
odontológicos/ DownÆs Syndrome: aspects of general and dental. Rev. ciênc. méd. biol; 3(2): 252260, jul.-dez. 2004.
4.
FOURNIOL, A .; FACION, J. R. Excepcionais. In: FOURNIOL FILHO. Pacientes Especiais
e a Odontologia. São Paulo: Santos, 1998, 472p. cap.viii, p.339 -405.
5.
GALLARRETA, FW.M; TURSSI, C.P; PALMA-DIBB, R.G; SERRA, M.C. Histórico de
saúde: atenção a condições sistêmicas e suas implicações, sobretudo nos fatores de risco de cárie:
[revisão]/ History taking: attention to systemic conditions and their implications with emphasis on
caries risk: [review] Rev. odonto ciênc; 23(2): 192-196, abr.-jun. 2008.
6.
MILSTEIN, M.I; BEÇAK, W. A síndrome de Down: aspectos etiológicos/ Down's syndrome:
etiological aspects Rev. bras. genét; 3(1): 53-78, Mar. 1980.
7.
PUESCHEL, S. M. C. Clinical Aspects of Down Syndrome From Infancy to Adulthood.
American Journal of Medical Genetics Supplement, v.7, p. 52-53, 1990.
8.
SANTOS, L.M; MOREIRA, E.A.M; ALMEIDA, I.C.S; BOSCO, V.L. Aspectos bucais da
Síndrome de Down: revisão da literatura/ Oral aspects of Down Syndrome: a review of the literature.
Rev. ABO nac; 12(5): 278-282, out.-nov. 2004.
9.
SILVA, N.LP; DESSEN, M.A. Síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na
família/ Down Syndrome: etiology, characteristics, and its effects on family. Interaçäo psicol; 6(2):
167-176, jul.-dez. 2002.
10.
TOLEDO, G. A. de; BEZERRA, A. C. B.. Atendimento Odontológico para Pacientes
Especiais. In: Toledo, O. A. de. Odontopediatria – Fundamentos para a Prática Clínica. 2ed São Paulo:
Panamericana, p.221-239. 1996.
11.
WALDMAN, H.B. Sepecial Pediatric Population Grups and Their Use of Dental Services,
Journal of Dentistry for Children, v. 56, p. 211-15, may/ june, 1989.
12.
WISEMAN FK; ALFORD KA; TYBULEWICZ VL; FISHER EM. Down syndrome--recent
progress and future prospects. Hum Mol Genet; 18(R1): R75-83, 2009 Apr 15.
142
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
ANEXOS
Tabelas
Tabela 1: Avaliação de alterações sistêmicas dos 25 pacientes portadores da síndrome de Down:
Alteração
Infecções
Tuberculose Pneumonia
Bronquite Cardiopatia
recorrentes
Nº pac.
3
4
6
4
7
Diabete
2
Tabela 2: Avaliação de alterações sistêmicas características da Síndrome de Down:
Grande espaço entre os dedos do pé
3
Aumento do tec. subcutâneo do pescoço
6
Anomalia palatina
5
Nariz hipoplásico
8
Boca aberta
10
Língua em protusão
4
Epicanto
3
Fenda única palmar
4
Braquiclinodactilia
1
Aumento da distância interpupilar
3
Mãos curtas e grosseiras
6
Implantação baixa dos pavilhões auriculares
3
Forma atípica do pavilhão auricular
5
143
FIACO, Rodrigo Passos del e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e
sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de down institucionalizados na APAEGoiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 03, 137-143. Jan. 2010/Jun. 2010.
Tabela 3: Avaliação intra-bucal dos pacientes portadores da Síndrome de Down:
Alteração
Gengivite Cárie Macroglossia
Língua
Língua
Queilite
Geográfica Fissurada Angular
Quant.
14
8
1
6
5
1
Tabela 4: Avaliação do grau de gengivite nos pacientes com Síndrome de Down:
Gengivite
Ausente
Leve
Moderada
Grave
Quant.
10
7
3
4
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
Editor Responsável
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
[email protected]
1 – Os trabalhos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida
sua apresentação simultânea em outro periódico. De preferência redigidos em português, a
REVISTA publicar eventualmente textos em língua estrangeira (inglês, francês, espanhol).
2 – Os originais serão submetidos apreciação do Conselho Editorial, após prévia
avaliação do Conselho Consultivo, o qual poder aceitar, recusar ou reapresentar o original ao
autor com sugestões para alterações. Os nomes dos relatores permanecerão em sigilo,
omitindo-se também os nomes dos autores perante os relatores.
3 – Os artigos e comentários críticos devem ser apresentados com original e cópia e
devem conter entre 10 (dez) e 18 (dezoito) laudas e 70 (setenta) toques de 30 (trinta) linhas.
As resenhas devem conter 05 (cinco), os resumos de TCC 03 (três) e a entrevistas até 15
(quinze) laudas.
4 – Os originais devem ser encaminhados através do email: [email protected]
(fonte Times New Roman, tamanho 12, entrelinha 1,5).
5 – Cada artigo deve vir acompanhado de seu título e resumo em português e inglês
(abstract), com aproximadamente 80 palavras e título em inglês; e de, no máximo cinco
palavras-chave em português e inglês.
6 – No cabeçalho do original serão indicados o título (e subtítulo se houver) e o nome
do(s) autores, com indicação, em nota de rodapé, dos títulos universitários ou cargos que
indiquem sua autoridade em relação ao assunto do artigo.
7 – As notas do rodapé, quando existirem, deverão ser de natureza substantiva, e
indicadas por algarismos arábicos em ordem crescente. As menções a autores, no decorrer do
texto, devem subordinar-se ao esquema (Sobrenome do autor, data) ou (Sobrenome do autor,
data, página). Ex.: (ADORNO, 1968) ou o ano serão identificados por uma letra depois da
data. Ex.: (PARSONS, 1967ª), (PARSONS, 1964b).
8 – A bibliografia (ou referências bibliográficas) ser apresentada no final do trabalho,
listada em ordem alfabética, obedecendo aos seguintes esquemas:
a) No caso de livro: SOBRENOME, nome. Título sublinhado. Local de publicação,
Editora, data. Ex.: GIDDENS, Anthony. Novas regras do método sociológico. Rio de
Janeiro, Zahar, 1978. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
b) No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título não sublinhado. In:
SOBRENOME, Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora,
data, p. ii-ii. Ex.: FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In:
KRINSKY, S., org. A criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93.
Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do Periódico
Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página
inicial-página final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors
influencing the retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy,
Oxford, 24(2): 151-9. 1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a
pontuação.
d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local,
data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em
que foi defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e
capitalismo: a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese
(Doutorado). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
GUANICUNS III 2006 24-09-06.pmd 294 24/9/2006, 20:20
9 – Uma vez publicados os artigos remetidos e aprovados pelo Conselho Consultivo e
pelo Conselho Editorial, A REVISTA, se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de
tradução, permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução com transcrição e com devida
citação da fonte.
10 – Os conceitos emitidos nos trabalhos serão de responsabilidades exclusiva dos
autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Conselho Consultivo e do Conselho
Editorial.
11 – A REVISTA de caráter interdisciplinar e pretende se consolidar como um
instrumento de reflexão crítica, contribuindo para dar visibilidade produção técnico-científica
do corpo docente e discente da instituição.
12 – A REVISTA aceita colaborações, sugestões e críticas, que podem ser
encaminhadas ao Editor, através do e-mail supracitado.
13 – Originais não aproveitados serão devolvidos, mas fica resguardado o direito do
autor(a) em divulgá-los em outros espaços editoriais. Naturalmente toda a responsabilidade
pelos artigos a seus respectivos autores.
Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 1140, Setor Leste,
CEP: 76.170-000/Caixa Postal: 07
Dúvidas:Tel/Fax: 62-81259000
E-mail: [email protected]
Solicita-se permuta/Exchange desired.
Download