Economias periféricas em teto de zinco quente

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Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP
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CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
EDIÇÃO Nº 1191 – Ano 28; 3ª Semana Maio 2014.
Economias periféricas em teto de zinco quente
.
As economias dominantes já resolveram a maior parte dos seus problemas
do último período de crise; as dominadas os acumulam cada vez mais.
JOSÉ MARTINS.
O ministro brasileiro da Economia, Guido Mantega, é um economista que entende de
economia. Isso é uma raridade. Bem diferente dos seus antecessores no comando da
economia do país; e muito mais que os eunucos do FMI, Banco Mundial, etc. Talvez
por isso a mídia imperialista não canse de pedir sua cabeça. Um homem que pensa é um
homem perigoso. O problema é que ele comanda uma economia dominada na ordem
imperialista mundial. Um piloto de fórmula 1 competindo com um fusquinha.
Mas vamos aos fatos. Mantega declarou recentemente que o crescimento
econômico deve ser retomado, porém de forma lenta. E que a crise internacional que
afetou vários países desde 2008 “está arrefecendo”, e os efeitos da melhora desse
cenário que “sinaliza o início de um novo ciclo de expansão da economia mundial,
principalmente para os países emergentes”, deve ocorrer a passos lentos. “Isso é um
processo lento porque os países, principalmente os avançados - onde foi o epicentro da
crise -, têm vários problemas para resolver. É por isso que nossas projeções para os
próximos anos ainda são moderadas”, disse ele. 1
O competente ministro faz um discurso politicamente bem articulado, mas
distante da dura realidade econômica mundial dos próximos seis meses. É importante
esse horizonte de curto prazo, pois dele depende as pretensões do seu governo na
disputa eleitoral no mês de Outubro e, portanto, sua própria permanência no seu cargo
de ministro que ocupa há mais de seis anos. Porém, mais importante que as escaramuças
eleitorais das diferentes fações das classes dominantes, das quais ele é um servo fiel, são
as convulsões sociais que já começam a explodir no país, como que anunciando as dores
do parto de uma depressão econômica dentro de 18 a 24 meses.
Vejamos, então, importantes indicadores para uma avaliação séria dessa atual
conjuntura econômica mundial e brasileira. Os indicadores antecedentes calculados
mensalmente pela Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), por exemplo, são importantes para antecipar a evolução da atividade
econômica das principais economias mundiais. Seu conhecido relatório mensal
Composite Leading Indicators foi divulgado nesta terça-feira 13 de Maio.2 Seus
números indicam aceleração contínua do crescimento para todas as economias
dominantes, como EUA, Alemanha, Japão, etc. Para as maiores economias dominadas –
China, Brasil, Índia e Rússia – indica enfraquecimento do crescimento econômico.
1
Agência Brasil – “Mantega prevê recuperação lenta do aquecimento econômico global” – 29/04/2014
http://agenciabrasil.ebc.com.br
2
OECD – “Composite Leading Indicators (CLI), OECD, May 2014” http://www.oecd.org/
1
Economias OCDE (dominantes).
Economia chinesa.
Economia brasileira.
Revela-se nas radiografias acima que as economias dominantes devem acelerar acima
da tendência nos próximos seis meses. As dominadas devem desacelerar abaixo.
Portanto, o primeiro pecado do ministro brasileiro da Economia é não separar as
diferentes perspectivas das economias dominantes e das economias dominadas. Mas,
como confirmam os números da OCDE, a realidade do desenvolvimento desigual e
combinado do mercado mundial se desdobra em dois blocos rigidamente organizados –
o bloco das economias dominantes crescendo como uma disciplinada franco-maçonaria;
o bloco das dominadas caindo como um empesteado exército de Branca Leone.
Detalhando um pouco mais a evolução para os próximos seis meses: no bloco
das economias dominantes, o relatório indica estável aceleração do crescimento (stable
growth momentum) para a totalidade das economias. Céu de brigadeiro! Uma
excepcional aceleração mais intensa (positive change in momentum) no mesmo
período é apontada apenas para a Zona do Euro e Itália.
No bloco das economias dominadas, ao contrário, registra-se um crescimento
abaixo da tendência (growth below trend) para a totalidade das economias. Apertem os
cintos, vamos passar zonas de alta turbulência! A mais atingida será a economia
brasileira do ministro Mantega, seguida, pela ordem de turbulências, a China, a Índia e,
finalmente, a Rússia. O seguindo pecado de Mantega, portanto, é não perceber que as
economias dominantes já resolveram a maior parte dos seus problemas do último
período de crise, enquanto as dominadas só fazem acumulá-los cada vez mais. E que as
projeções para os próximos anos não são moderadas, são catastróficas.
Em 2014, estamos completando 27 ANOS DE VIDA.
Vinte e sete anos informando
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