por Daniel Jorge* por José Antonio Bico-de-papagaio é mais comum nas vértebras que se movimentam mais Essa doença se caracteriza pelo surgimento de um ossinho em forma de bico de ave em qualquer articulação humana onde haja curva e mobilidade. Mas é mais comum na parte da frente e dos lados da coluna lombar. Ocorre mais em homens com mais de 50 anos. O primeiro sintoma em geral é dor localizada. O ideal é consultar um ortopedista, porque a doença tem tratamento eficaz. O bico-de-papagaio, ou osteofitose, caracteriza-se pela formação de um osso em forma de gancho ou bico de ave em qualquer articulação humana onde haja uma curva e mobilidade, como na coluna vertebral, no quadril e nos pés. Mas é mais comum, por isso mesmo, na parte da frente e dos lados da coluna lombar. É possível surgir apenas um ou vários ao mesmo tempo em locais diferentes. Também podem crescer em qualquer direção. Quando se formam dois ou mais em uma área, tendem a se encontrar, numa tentativa de devolver a estabilidade ao segmento. O fenômeno pode manifestar-se em qualquer adulto. Mas, pelo fato de em geral suportarem mais peso, é mais comum nos homens a partir dos 50 anos e raro em crianças. Ele se forma, como sugerido no parágrafo inicial, a partir de uma instabilidade que pode resultar de hérnia de disco, isto é, do desgaste e da soltura de um disco intervertebral; de artrose, ou seja, do desgaste da cartilagem pelo envelhecimento natural ou por um acidente não tratado ou tratado incorretamente; de um desvio no plano frontal da coluna, doença conhecida como escoliose; de lesões nos ligamentos e também de fraturas não tratadas ou tratadas incorretamente; de doenças autoimunes, como espondilite anquilosante e artrite reumatoide, que agridem os ligamentos; e de postura incorreta. O processo de formação do-bico-de papagaio é este: diante de uma situação de instabilidade, o organismo reage levando a uma deposição óssea nas margens das vértebras ou articulações acometidas, numa tentativa de tornar a área mais estável. Favorecem a formação da doença o sedentarismo, a obesidade, posturas inadequadas e esforços indevidos de forma corriqueira. O primeiro sintoma em geral é dor localizada sobretudo ao se movimentar. Quando o osteófito se localiza na área de trás da coluna, onde ficam os nervos e os ligamentos, a dor pode irradiar-se para as pernas. Pode ocorrer de a dor resultar de uma hérnia de disco em conjunto com um ou mais bicos-de-papagaio. Outros sintomas são: formigamento e dormência nas pernas, quando o bico-de-papagaio é na coluna lombar, ou nos braços, se se localiza na coluna cervical. Se a pessoa não consulta um médico, faz o diagnóstico e se trata, pode até perder a capacidade de se movimentar bem. É possível evitar a formação da osteofitose praticando atividades físicas e controlando o peso e as doenças citadas. Pessoas com sintomas, de outro lado, devem consultar um ortopedista. O diagnóstico é clínico. O médico pode comprovar a doença com um raios X de boa qualidade, mas em alguns casos pode ser preciso fazer tomografia computadorizada e, nas situações em que há dores nevrálgicas e irradiadas, até ressonância magnética pode ser imprescindível. O tratamento inicial consiste em controlar a dor e eventuais doenças com remédios e fazer com que o paciente diminua ou deixe de fazer a atividade que causou o problema. O passo seguinte pode ser tratar do processo inflamatório com remédio e fazer reforço muscular com fisioterapia, em especial reeducação postural global, pilates e acupuntura. Mas, nos quadros mais graves, às vezes só com a colocação, por cirurgia, de uma haste presa com parafusos para reforçar a coluna pode livrar a pessoa da doença. * Daniel Jorge (CRM 113 108), médico ortopedista e traumatologista na capital paulista, é especialista em coluna vertebral pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e membro titular da Sociedade Brasileira da Coluna (SBC) e da Sociedade Norte-Americana da Coluna (NASS). E-mail: [email protected]